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Aula 1 - Características

gerais e
Patogênicas dos fungos
REINO FUNGI
GRANDE GRUPO FORMADO POR BOLORES, COGUMELOS E LEVEDURAS

Aproximadamente 100 mil espécies de fungos, mas estima-se a existência de até 1,5 milhões

Grupo filogeneticamente distinto dos outros organismos - sendo mais relacionados aos animais.

Árvore filogenética construída com base na


análise da sequência de nucleotídeos do RNA
ribossômico de diferentes seres vivos
FUNGOS
CRESCIMENTO EM DIFERENTES SUBSTRATOS

Água doce e salgada


Madeira

Alimentos

Matéria orgânica
Solo Deterioração Toxinas em decomposição

Plantas Animais Humanos


ESTRUTURA DA CÉLULA FÚNGICA

Eucariotos

Parede Núcleo envolto


extracelular por membrana

Haploide ou
Organelas
diploide

Microtúbulos e
Cromossomos microfilamentos
PAREDE CELULAR MEMBRANA CELULAR
Atua na sua conformação, proteção ao Presença do ergosterol
ambiente externo e limitação da
captação de água Exerce funções semelhantes às do
colesterol em células animais
80-90 % de polissacarídeos com
proteínas, lipídeos, polifosfatos e íons Ausência ergosterol em membranas
de células animais - alvo útil para a
ação de drogas antifúngicas

Quitina é o polissacarídeo presente na


maioria das paredes dos fungos

Outros polissacarídeos como mananas,


galactosanas , quitosanas e glicanas
substituem a quitina em outros
NUTRIÇÃO E FISIOLOGIA

Secreção de enzimas Digestão de compostos Absorção dos monômeros liberados


extraceulares orgânicos complexos dos compostos orgânicos complexos

Quimiorganotróficos

Decompositores Parasitas Simbiontes

A maioria é aeróbica, sendo as Capazes de crescerem em substratos


leveduras, anaeróbicas facultativas com pouca disponibilidade de água

Podem crescer em ambientes extremos de pH Seu principal material de


(1,5 e 11) e altas temperaturas (até 62 °C) reserva é o glicogênio

Suportam altas concentrações de sais e açúcares


REPRODUÇÃO NOS FUNGOS

Principalmente de forma assexuada por divisão


MITOSE
celular ou produção de esporos assexuais

Produção esporos assexuais

Condições desfavoráveis – reprodução sexuada,


MEIOSE
onde células diploides produzem células haploides

Produção esporos sexuais


MORFOLOGIA CELULAR

Multicelular - formam filamentos


Células únicas
conhecidos como HIFAS

Leveduras Fungos filamentosos


FUNGOS DIMÓRFICOS
Fungo que podem existir na forma
filamentosa ou como levedura
Na natureza e nos cultivos a 25°C:
Fase filamentosa ou infectante
Fenômeno observado em fungos de
importância médica que é influenciado pela
temperatura e/ou condições nutricionais
Nos tecidos e cultivos a 37°C:
Fase leveduriforme – parasitária
Paracoccidioides brasiliensis
Filamentoso Leveduriforme

Exceção:
Candida e Cryptococcus, forma
leveduriforme é a infectante e a
filamentosa é a parasitária
23 °C 37 °C
FUNGOS DIMÓRFICOS

Mucor rouxii

Malassezia furfur
CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS LEVEDURAS
Células podem ser esféricas, ovais ou cilíndricas

Crescem abundantemente onde há muito


açúcar como frutas, flores e casca de árvores

Podem viver simbioticamente com animais, sendo


algumas espécies patogênicas oportunista - CANDIDÍASE

Formam colônias pastosas ou cremosas

Anaeróbia facultativa, realizam seu


metabolismo na presença de oxigênio
(respiração) ou de modo fermentativo

Espécies do gênero Saccharomyces possuem intensa


atividade fermentativa, sendo as principais leveduras
de interesse econômico empregadas na indústria de
panificação e produção de bebidas alcoólicas
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FUNGOS FILAMENTOSOS
Formados por hifas multicelulares

Contínuas ou
cenocíticas
MULTINUCLEADAS Septadas

Hifa cresce a partir da extremidade


por extensão da célula terminal
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FUNGOS FILAMENTOSOS

MICÉLIO - Conjunto de hifas


e suas ramificações

MICÉLIO VEGETATIVO
Ramificações de hifas que
se entrelaçam formando
uma massa compacta

MICÉLIO AÉREO
Ramificações de hifas que
se projetam acima da massa
miceliana (REPRODUÇÃO)
REPRODUÇÃO DOS FUNGOS FILAMENTOSOS
ASSEXUADA
Esporos assexuais – CONÍDIOS

Haploides resultantes de MITOSE

Resistentes ao dessecamento

Muda o aspecto do micélio de


algodão para pulverulento

O micélio assume a cor dos conídios, que podem ser pretos, azul
esverdeados, vermelhos, amarelos ou marrons
Tipos de infecção

• Subclínina: Não apresenta sintomas clínicos


visíveis

• Clínica: Doença visível – danos celulares


provocados pela produção de metabólitos
tóxicos, replicação do fungo ou consequência da
resposta imune do hospedeiro
Vias de entrada

• Necessidade de “portas” de entrada para


infecção fúngica
– Pele, trato respiratório, gastro-intestnal, canal
vaginal, etc.
• Maior parte dos casos, os fungos conseguem
penetrar os tecidos do hospedeiro por lesão
traumática, inalação ou ingestão de esporos
Vias de entrada

• Recém nascidos:
– 1° contato com Candida albicans pela passagem
através do canal vaginal durante o nascimento
– O fungo coloniza a cavidade oral e gastro-
intestestinal do bebe onde permanecerá ao longo
da vida
– Ocasionalmente causa infecções
Candidíase oral ou “sapinho”
Fatores de virulência

Fungos desenvolvem mecanismos para escapar


do sistema de defesa do hospedeiro e/ou facilitar
sua multiplicação no hospedeiro

Exemplos:
• Fungos que causam doenças sistêmicas são
capazes de se multiplicar num ambiente a 37 °C ;
• Tamanho reduzido – facilita o acesso aos alvéolos
quando a entrada é pela via respiratória;
Fatores de virulência

• Produção de enzimas hidrolíticas que causam danos à


células dos hospedeiro:
– proteinases
– lipases (inibem ação antifúngica dos ácidos graxos da pele)
– fosfolipases
– urease (produção de amônia que inativa sistema complemento);
• Funções das proteinases:
– Romper as barreiras da pele e mucosas
– Facilitar a passagem pelo endotélio e disseminação sistêmica
– Neutralizar parcialmente as defesas do hosedeiro
– QUERATINASES – produzidas pelos dermatófitos que colonizam
a pele, cabelos e unhas;
Fatores de virulência

• Fungos dimórficos – são filamentosos na natureza


mas mudam para unicelulares a 37 °C que pode
causar doenças sistêmicas;

Histoplasma capsulatum Blastomyces dermatitidis Paracoccidioides brasiliensis


Fatores de virulência

• Candida albicans – são leveduras unicelulares naturalmente


mas tornam-se filamentosas quando invadem o tecido;
– Ajuda a penetrar as superfícies epiteliais
Fatores de virulência

• Alteração da composição da sua parede celular (antígenos)


para impedir a digestão ao serem fagocitados pelos
macrófagos (Blastomyces dermatitidis);
• MIMETISMO MOLECULAR – produção de moléculas
semelhantes as do hospedeiros, do ponto de vista estrutural,
antigênico ou funcional (Coccidioides immitis);
• Permanecer dentro das células do hospedeiro em estado de
latência (Pneumocystis jirovecii);
Fatores de virulência

• Produção de cápsula – protege o fungo de ser


fagocitado (Cryptococcus neoformans)
Fatores de virulência

• Produção de melanina – fungos dematiáceos (Fonsecaea pedrosoi)


– porção lipídica da molécula está relacionada à indução do granuloma nos
tecidos do hospedeiro
– porção peptídica tem a função de quelar cátions, competindo com proteínas
do soro
– porção de carboidratos tem um papel importante na interação célula-célula,
facilitando a interação do agente com os tecidos do hospedeiro
– tem função antioxidante, neutralizando os efeitos da descarga oxidativa dos
neutrófilos nos tecidos do hospedeiro
– permite que o fungo resista a maiores concentrações de permanganato e
hipoclorito
– Protege o fungo de radiações
Fatores de virulência

• Produção de toxinas (micotoxinas) – interferem na


atividade de células do sistema imune (macrófagos e
linfócitos)

Penicillium sp, Aspergillus sp. Fusarium sp.


Epidemiologia

Fungos podem causar infecções por três mecanismos


principais:
1. Reações alérgicas: respostas imunes após exposições a antígenos
fúngicos específicos
Ex. Aspergillus spp. – saprófita comum no ambiente. Produz alérgenos potentes
que com frequência provocam asma e outras reações de hipersensibilidade

2. Intoxicação por micotoxinas: por ingestão de exotoxinas de fungos que se


desenvolvem em alimentos armazenados inadequadamente ou de
cogumelos venenosos
Exs. Aflatoxinas (Aspergillus flavus); Amanitina (Amanita phalloides)

3. Micoses: crescimento de um fungo sobre ou no interior do corpo


Micoses

• Fungos disseminados no ambiente


– solo
– plantas
– animais
• Fungos da microbiota normal
• Micoses atingem as camadas da pele pelos,
mucosas ou disseminam-se no organismo
MICOSE - CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA

MICOSES SUPERFICIAIS

MICOSES CUTÂNEAS

MICOSES SUBCUTÂNEAS

MICOSES SISTÊMICAS

MICOSES OPORTUNISTAS
Micoses
superficiais

Pitiriase versicolor

• Afecção cutânea
assintomática que se
caracteriza por placas
descamativas de diferentes
cores: castanho-avermelhadas,
marrons ou brancas
Micoses
superficiais

• Tinha negra
• Agentes etiológicos: Hortae werneckii, Exophiala werneckii e
Phaeonnellomyces werneckii
• Lesão que se caracteriza pela formação de manchas pouco
descamativas, bordas bem delimitadas, de coloração castanha a
preta, localizada principalmente nas palmas das mãos
• Lesões vão aumentando de tamanho
durante meses ou anos
Micoses cutâneas - Dermatomicoses

• Tineas ou tinhas provocadas por fungos dermatófitos – atingem a


camada córnea e a porção extrafolicular do pelo, bem como as unhas

• Pertencem aos gêneros Microsporum, Epidermophyton e Trichophyton

• De acordo com a localização são denominadas:


• Tinea pedis
• Tinea manum
• Tinea unguium
• Tinea capitis
• Tinea barbae
• Tinea cruris
• Tinea corporis
• Tinea imbricata

• A localização da dermatofitose pode ajudar na identificação preliminar


do fungo
Dermatomicoses

Tinha corporis

Tinha pedis
Tinha barba

Tinha capitis
Micoses subcutâneas

• Fungos que habitam no solo

• Podem ocorrer quando há traumatismo por espinhos ou


outro tipo de vegetação ou materiais contaminados por
fungos
• Pode produzir infecção localizada ou se espalhar pelos
tecidos adjacentes pela via linfática ou sanguínea.
• Caracterizam-se pela presença de áreas endurecidas,
nodulares, crostosas e ulceradas que não cicatrizam e
periodicamente produzem exsudação
• Os membros inferiores, sobretudo os pés, são muitas
vezes comprometidos, visto que seu contato com
espinhos e outros vegetais é mais frequente
Esporotricose
CROMOMICOSE
• Os principais agentes envolvidos:
• Fonsecaea pedrosoi *
• F. compacta
• Phialophora verrucosa
• Cladosporium carrionii
• Rhinocadiella aquaspersa
MICOSES SISTEMICAS

• Causadas por fungos que conseguem invadir sistemas


ou órgãos do indivíduo

• A doença pode ser autolimitada ou evoluir para gravidade


• Os indivíduos podem desenvolver a doença
principalmente por inalação dos conídios
• Todos os agentes etiológicos apresentam dimorfismo
térmico (a 25C são filamentosas e a 37 C apresentam
forma leveduriforme)

• Agentes clássicos: Histoplasma capsulatum,


Paracoccidioides brasiliensis, Blastomyces dermatitidis,
Coccidioides immitis
Micoses
sistêmicas
Micoses oportunísticas
• Candidíases
• Candida de origem endógena
– Candidíase oral
– Candidíase cutânea
– Candidíase vaginal
Micoses oportunísticas
• Aspergiloses
• Indivíduos imunodeprimidos
• Aspergilose ocular
Aspergilose pulmonar ( bola fúngica)
Transmissão das micoses
• Micoses superficiais e cutâneas
– entre pessoas
– entre pessoas e animais
– disseminados pelo ambiente
• Micoses subcutâneas
– traumatismos com material contaminado
– picadas de insetos e mordeduras
• Micoses sistêmicas inalação de propágulos
fúngicos disseminados no ambiente
• Micoses oportunísticas

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