Você está na página 1de 23

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFG

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ESTRUTURAS DE MADEIRA
2019.1

DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS COMPRIMIDAS

Eng. Civil Humberto Laranjeira de Souza Filho, M.Sc.


• Em peças de madeira podem ocorrer três solicitações
distintas quanto ao esforço de compressão: normal,
paralela ou inclinada em relação às fibras;

Ritter (1990)
Compressão Paralela: encurtamento
das células da madeira ao longo do eixo
longitudinal da peça.

Compressão Normal: compressão das


células da madeira perpendicularmente
ao eixo longitudinal da peça.

Compressão Inclinada: compressão


simultânea paralela e perpendicular
às fibras.
• Na compressão paralela às fibras, devido ao sentido
de ação das forças, as células em conjunto conferem
grande resistência à peça.

• Na compressão normal às fibras, também devido ao


sentido de aplicação das forças (menor resistência das
células), a resistência torna-se menor quando
comparada ao caso de compressão paralela (em torno
de 25% da compressão paralela).
• Na compressão inclinada às fibras, utiliza-se valores
intermediários entre os anteriores, adotando-se os
valores obtidos pela expressão de Hankinson.

𝑓𝑐0 . 𝑓𝑐90
𝑓𝑐,𝜃 =
𝑓𝑐0 . 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 + 𝑓𝑐90 . 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃

Inclinação 𝜃 ≥ 6°
• Em peças de madeira sujeitas a esforços normais de
compressão, para os estados limites últimos,
considera-se o esmagamento das fibras em peças
curtas, ou instabilidade devido à flambagem em peças
esbeltas e medianamente esbeltas.

• Para a caracterização das dimensões da peça,


considera-se o índice de esbeltez (𝜆) como:

𝐿0
𝜆=
𝑟𝑚í𝑛
Onde,
𝐿0 𝐿0 - comprimento de
𝜆= flambagem
𝑟𝑚í𝑛
𝑟𝑚í𝑛 - raio de giração mínimo

• Em peças de comprimento efetivo L, engastadas em


uma extremidade e livre na outra, 𝐿0 = 2L

• Em peças de comprimento efetivo L, em que ambas as


extremidades são consideradas como indeslocáveis por
flexão, 𝐿0 = L
COMPRIMENTO DE FLAMBAGEM

Gesualdo (2003)
PEÇAS CURTAS (𝜆 ≤ 40)

• Em peças curtas, considera-se o esmagamento da peça


e a condição de segurança adotada pela NBR 7190 é
expressa por meio de:

𝜎𝑐0,𝑑 ≤ 𝑓𝑐0,𝑑

𝑁𝑠𝑑
𝜎𝑐0,𝑑 = ≤ 𝑓𝑐0,𝑑
𝐴𝑤
𝑁𝑠𝑑
𝜎𝑐0,𝑑 = ≤ 𝑓𝑐0,𝑑
𝐴𝑤

Onde,
𝜎𝑐0,𝑑 - tensão de compressão solicitante de cálculo;
𝑁𝑠𝑑 - esforço normal de compressão solicitante de cálculo
𝐴𝑤 - área bruta da seção
𝑓𝑐0,𝑑 - resistência de cálculo à compressão paralela às fibras;
PEÇAS MEDIANAMENTE ESBELTAS (40 < 𝜆 ≤ 80)

• Em peças medianamente esbeltas, considera-se a


instabilidade da peça devido à flambagem e a
condição de segurança adotada pela NBR 7190 para o
ponto mais comprimido da seção é expressa por meio
de:
𝜎𝑁𝑑 𝜎𝑀𝑑
+ ≤1
𝑓𝑐0,𝑑 𝑓𝑐0,𝑑
𝜎𝑁𝑑 𝜎𝑀𝑑
+ ≤1
𝑓𝑐0,𝑑 𝑓𝑐0,𝑑

Onde,
𝜎𝑁𝑑 - tensão de cálculo de compressão devido à força normal de
compressão;
𝜎𝑀𝑑 - tensão de cálculo de compressão devido ao momento fletor
Md

𝑀𝑑
𝜎𝑀𝑑 = .𝑦
𝐼
• O momento fletor de cálculo (𝑀𝑑 = 𝑁𝑑 . 𝑒𝑑 ) leva em
consideração uma excentricidade de cálculo, definida
por:

𝑁𝐸
𝑒𝑑 = 𝑒1
𝑁𝐸 − 𝑁𝑑

Onde,
𝑒1 - excentricidade de primeira ordem
𝑁𝐸 - força crítica de Euler
𝑁𝑑 - esforço normal de projeto
• E excentricidade de primeira ordem, tem valor
recomendado pela NBR 7190, expresso por:

𝑒1 = 𝑒𝑖 + 𝑒𝑎

𝒆𝒊 𝒆𝒂
Decorrente dos valores Decorrente de
de cálculo M1d e Nd imperfeições
geométricas da peça
𝑀1𝑑 ℎ 𝐿0 ℎ
𝑒𝑖 = ≥ 𝑒𝑎 = ≥
𝑁𝑑 30 300 30 Szücs et al. (2015)
• A força crítica de Euler 𝑁𝐸 pode ser expressa por:

𝜋 2 𝐸𝑐0,𝑒𝑓 𝐼
𝑁𝐸 =
𝐿0 2

Onde,
𝐸𝑐0,𝑒𝑓 - módulo de elasticidade efetivo 𝐸𝑐0,𝑒𝑓 = 𝐾𝑚𝑜𝑑 . 𝐸𝑐0,𝑚
𝐼 – momento de inércia da seção transversal da peça relativo ao
plano de flexão
𝐿0 - comprimento de flambagem
PEÇAS ESBELTAS (80 < 𝜆 ≤ 140)

• Em peças esbeltas, considera-se a flexão da peça por


perda de instabilidade lateral e a condição de
segurança adotada pela NBR 7190 para o ponto mais
comprimido da seção é expressa da mesma forma para
peças medianamente esbeltas por meio de:

𝜎𝑁𝑑 𝜎𝑀𝑑
+ ≤1
𝑓𝑐0,𝑑 𝑓𝑐0,𝑑
• O momento fletor de cálculo 𝑀𝑑 é expresso por:

𝑁𝐸
𝑀𝑑 = 𝑁𝑑 . 𝑒1,𝑒𝑓
𝑁𝐸 − 𝑁𝑑

Onde,
𝑒1,𝑒𝑓 - excentricidade efetiva de primeira ordem
𝑁𝐸 - força crítica de Euler
𝑁𝑑 - esforço normal de projeto
• A excentricidade efetiva de primeira ordem 𝑒1,𝑒𝑓 é
expressa pela soma de três parcelas:

𝑒1,𝑒𝑓 = 𝑒1 + 𝑒𝑐 = 𝑒𝑖 + 𝑒𝑎 + 𝑒𝑐

Onde,
𝑒𝑖 - excentricidade de 1ª ordem de projeto
𝑒𝑎 - excentricidade acidental mínima
𝑒𝑐 - excentricidade suplementar de 1ª ordem que representa a
fluência da madeira


30



30

Ψ1 + Ψ2 ≤ 1
Szücs et al. (2015)
• Conforme a NBR 7190/97, a condição de segurança
para solicitação de compressão normal ao sentido das
fibras é expressa por:

𝜎𝑐90,𝑑 ≤ 𝑓𝑐90,𝑑

Onde,

𝑓𝑐90,𝑑 = 0,25. 𝑓𝑐0,𝑑 . 𝛼𝑛


• A resistência 𝑓𝑐90,𝑑 é passível de ser majorada pelo coeficiente
𝛼𝑛 em casos onde a carga estiver no mínimo 7,5 cm afastada da
extremidade da peça em compressão normal, e os valores do
coeficiente de majoração são ilustrados a seguir.

Gesualdo (2003)
• A NBR 7190/97 recomenda limitar a esbeltez da peça
submetida a esforços de compressão em um valor igual
a 40 vezes a menor dimensão da seção transversal.

• Esta limitação tem o intuito de evitar vibrações


excessivas em decorrência de solicitações não previstas
em projeto.

Você também pode gostar