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JOGOS OCULTOS
ESCOLHA RACIONAL NO CAMPO DA POLÍTICA COMPARADA
C o p y r ig h t © 1 9 9 0 b y T h e R e g e n ts o f th e U n iv e rs ity o f C a lif o r n i
D a d o s I n te r n a c io n a is d e C a ta lo g a ç ã o n a P u b l ic a ç ã o ( C I P )
( C â m a r a B r a s i l e i r a d o L iv r a , S P , B r a s il)
T s c b e lis , G e o r g e
J o g o s O c u l to s : E s c o lh a R a c io n a l n o C a m p o d a P o l ític a C o m
p a ra d a / G e o r g e T se b e Jis ; tr a d u ç ã o L u i z P a u Jo R o u a n e l. - S ã o P a u
lo: E d ito r a d a U n iv e r s i d a d e d e S ã o P a u lo , 1 9 9 8 . ( P o n ta , 17).
T ítu l o o r ig in a l: N e s te d G a m e s .
B ib lio g r a f ia .
IS B N : 8 5 -3 1 4 -0 4 2 5 -8
I. E s c o lh a S o c ia l 2 . I n s titu i ç õ e s P o l ític a s C o m p a r a d a s
3. T e o ria d o s Jo g o s I. T ítu l o II. S é r ie .
9 7 -5 4 8 5 C D D - 3 2 0 . 0 1 13
ín d ic e s p a ra c a tá lo g o s is te m á tic o :
I . P o l ític a C o m p a r a d a : C i ê n c ia s P o l ític a s 3 2 0 .0 1 1 3
D ir e ito s e m lín g u a p o r tu g u e s a r e s e r v a d o s à
E d u s p - E d ito r a d a U n iv e r s i d a d e d e S ã o P a u lo
A v . P r o f . L u c ia n o G u a l b e r to , T r a v e s s a J, 3 7 4
6 o a n d a r - E d . d a A n tig a R e ito r ia - C i d a d e U n iv e rs itá r ia
0 5 5 0 8 - 9 0 0 - S ã o P a u lo - S P - B r a s il F ax (0 1 1 )8 1 8 -4 1 5 1
T e l. ( 0 1 1) 8 1 8 - 4 0 0 8 / 8 1 8 - 4 1 5 0 - e -m a il: e d u s p @ e d u .u s p .b r
P r in te d in B r a z il 1998
F o i f e ito o d e p ó s ito le g a l
BSC SH
SUMÁRIO
L ista de F ig u r a s ...................................................................................................... 11
L ista de T a b e la s ...................................................................................................... 13
A g ra d e c im e n to s ...................................................................................................... 15
Estive trabalhando neste livro por vários anos. A o longo desse p erío
do tive o privilégio de estar em universidades d iferentes: W ashington U n i
versity, S tanford, D uke e a U niversity o f C alifórnia, em Los A ngeles. E sta
ú ltim a (UCLA) pro p o rcio n o u -m e o tem po n ecessário para te rm in a r o p ro
je to , e o A cadem ic S enate e o International S tudies and O verseas P rogram
rne fo rn ece ram valioso au x ílio fin an ceiro , q u e to rn o u m in h a ta refa bem
m ais fácil.
D u ran te esses anos, e em todas essas universidades, tive a boa sorte
d e u su fru ir da ajuda, dos desafios e dos com entários convergentes ou diver
g entes de num erosos colegas. Sem essa ajuda, este livro não existiria (pelo
m enos em sua form a atual).
R o bert B ates, com o editor, colega e am igo, detém o recorde m undial
d e su g estõ es b em -su ced id as (ou seja, sugestões feitas e aceitas) p ara um
m anuscrito. E le leu e releu incansavelm ente Jogos O c u lto s *, fazendo a cada
vez im p o rtan tes o b serv açõ e s. N o que m e co n c ern e, c o n stitu iu um a c o la
boração m uito proveitosa. Sou grato a ele por seus conselhos e apoio.
G ostaria de agradecer a Jam es D eN ardo, M iriam G olden, Peter Lange e
M ichael W allerstein por lerem , de form a continuada, sucessivos esboços, e p o r
me aconselharem (às vezes de form a contínua, tam bém ) com infinita tolerância.
Jam es Booth, John Freem an, Jeffry Friden, G eoffrey G arrett, H erbeit Kit-
c h e lte R obert Putnam leram o que diversas vezes considerei o rascunho final do
m anuscrito e me persuadiram de que era necessário mais um a correção.
* A e x pressão “jo g o s o c u lto s" procura v e rter a ex p ressão iw xia tfiiim c x, que pode se r m ais bem co m p reend ida num a
referên c ia às céle b re s bon ecas russas, e m b u tid as um as nas outras, c m o rd em c re scen te d e lam anho. (N . d o T.)
16 GEORGE TSE B E U S
E ste livro analisa casos em que um ator, con fro n tad o com um a série
dc csco lh as, não seg u e a altern ativ a que p arec e ser a m elhor. A o longo
deste livro, o leitor verificará que os m ilitantes do Partido T rabalhista b ri
tân ico q ue consideram os seus MPs (m em bros do P arlam ento) m oderados
dem ais podem votar para substituí-los, em bora a sua esco lh a p o ssa levar à
p erd a de um a cadeira para o Partido Trabalhista. V erá com o as elites b el
gas, q ue na bibliografia consociacional são consideradas de caráter acom o
dad o e contem porizador, às vezes iniciam um co n flito político. F in alm en
te, co n statará que os partidos políticos franceses, em certas circunstâncias,
não ap o iam o seu p arce iro de co lig açã o , levando a p ró p ria co lig açã o ao
fracasso.
P o r que despertam curiosidade situações em que um ator escolhe um a
alternativa que parece ir contra os seus próprios interesses, ou que pode não
ser a m elhor a escolher nas circunstâncias existentes? P or que elas neces
sitam de explicação? As escolhas que parecem não ser as m elhores que um
ato r po d e adotar são intrigantes porque a m aioria dos intérpretes sustenta
(pelo m enos im plicitam ente) que as pessoas tentam co m p o rtar-se de um a
m an eira que prom ova ao m áxim o a realização de seus objetivos im plícitos,
ou seja, fazem escolhas ólim as. O objetivo deste livro é fornecer um a e x
po sição sistem ática, em piricam ente precisa e teo ricam en te coerente das e s
colhas aparentem ente subótim as, isto é, aquelas que não são as m elhores.
O s ex em plos seguintes ilu stram a im p o rtân c ia c freq ü ên c ia das esco lh as
ap aren tem en te subótim as no cam po da política.
G E O R G E TSE U E LIS
I . S istem as eleitora is reso lu to s são aqueles q u e e x clu em em p ates. Para um a p rova sim ilar q u e não req u er reso lu
ç ão , nesse se n tid o , v e r Selnvarz { 1982).
70 G E O R G E T S IÍIIE U S
2. N este pon to , p o d er-se-ia perg u n tar por q u e os d o is p artid o s são o rg an izad o s de m odo d ifere n te e ten tar e x p li
c ar a sua o rg an ização c om o unia resp o sta ó tim a a o b jetiv o s d iv erso s, ou um a a d ap tação ó tim a a c o n d içõ es d i
versas. Fazer isso , porem , esl;í ulcin d o e scop o cio p resen te livro.
J O G O S O C U LT O S 21
*. O ptam os p o r m an ter n o o rig in al o term o p u x o jf, q u e neste c o n tex to sig n ific a o g an h o , o p ag am en to , o p rêm io
ou a .sanção u um a certa ação. (N. do T.)
3. E xplico essa.s e x ig ên c ias tle esco lh a racional 110 C ap ítu lo 2.
J O G O S O C U LTO S
4 . 0 m otivo p ulo qu;il uso a e x p ressão p ro je to in stitu cion al, em vez de jo% o in stitu c io n a l se to m ar,í e lm o no
C ap ítu lo 4.
G E O R G E T S E IIE U S
B S C S H / UFRGS
G E O R G E T S E B E L IS
* P uckuge dca ls, (ermo d a prática eo n g ressu al am ericana, cm q u e v ário s ite n s são ju n ta d o s num a ún ica unitlade
para facilitar a aprovação. (N. d o T.)
G E O R G E T S E B E L IS
Podem -se distinguir duas am plas categorias de teorias que não assum em
qualquer correspondência entre meios e fins. A prim eira não tem qualquer pre
ocupação com os atores com o unidades de análise. A segunda estuda os atores,
mas não assum e que sejam racionais.
( I) Teorias sem atores. Análises sistêm icas (Easton 1957), estruturalism o
(H olt 1967), funcionalism o da direita (Parsons 1951) ou da esquerda (H ollo-
way e Picciotto 1978) e teorias da m odernização (A pter 1965) são representantes
proem inentes dessa abordagem . Explicações dos fenôm enos sociais ou políti
cos são fornecidas em termos holísticos, em referência ao sistem a com o um todo.
E m bora a existência de atores racionais não seja negada, o estudo de seus pro
cessos de tom ada de decisão é considerado secundário ou desim portante. E xpli
cações válidas são ou causais ou funcionais. Em outros term os, os processos ou
estruturas podem ser explicados ou pelos processos e estruturas antecedentes, ou
por suas conseqüências benéficas para os processos subseqüentes, para as estru
turas e para o próprio sistem a.
Tais teorias têm por objeto dc atenção algo diferente da abordagem da
escolha racional. Contudo, às vezes é possível um a tradução de um program a
dc pesquisa para outro. P or exem plo, a m odernização econôm ica tem co n se
qüências políticas (K autsky 1971), porque gera interesses econôm icos expres
sos por coligações políticas. Essas coligações podem ou não alcançar seus ob
jetivos, devido às necessidades contidas nas estruturas existentes, ou devido às
ações de outras coligações. Ou a necessidade de ordem política nos países do
T erceiro M undo (H untington 1968) pode ser atribuída a um grupo específico
de atores (geralm ente elites) e a seus interesses em determ inadas form as de or
ganização política.
Tais exem plos indicam que existe um a tradução entre o nível individual
e o agregado. U m exam e mais atento do processo de tom ada de decisão do ator
pode indicar p o rq u e situações com condições antecedentes sim ilares evoluem
d e m aneira diferente, e dem onstrar ainda o caráter fecundo de tal tradução.
Existem casos, porém , em que essas traduções específicas entre progra
mas de pesquisa não são possíveis. Considerem os o argum ento de Coser (1971):
“O conflito dentro das estruturas burocráticas e entre essas estruturas fornece
os meios para evitar a ossificação e o ritualism o que am eaçam as suas form as
de organização” 1. H á dois sentidos possíveis: a prim eira interpretação é um a
proposição de estática com parada, na qua! sistem as com estruturas burocráti
cas conflitantes dem onstram graus mais baixos de ossificação e ritualism o do
que sistem as dotados dc estruturas burocráticas não-conflitantes; a segunda in
terpretação tenta explicar a existência de conflito por sua função. O prim eiro
argum ento pode ser testado em piricam ente e revelado verdadeiro ou falso. Tal
interpretação não pretende ser explicativa. A frase “fornece os m eios para evi
tar” p oderia ser substituída por “tem o efeito de reduzir” , e pode-se procurar
um a explicação em term os de escolha racional para essa regularidade em pírica.
A segunda interpretação não pode ser traduzida em term os de escolha racio
nal, porque não existe ator com o objetivo im plícito de evitar a ossificação e o
ritualism o; “o sistem a” é um a abstração para um conjunto de indivíduos com
interesses e objetivos diversos ou conflitantes. R esulta q u e o surgim ento do
conflito não pode ser explicado nos term os de suas conseqüências benéficas
p ara as estruturas burocráticas; tem de ser explicado com o um a agregação de
com portam entos adotados para prom over objetivos particularísticos.
R efiro-m e a um a explicação tipo “ atalho” ou “caixa-preta” sem pre que
pode ser feita um a tradução de teorias que não levam em conta o ator para o en
foque da escolha racional. N esse caso, a fim de enfatizar o quadro m acro, o m e
canism o de um fenôm eno social ou político não será descrito com pletam ente.
O nde um a tal tradução é im possível, não é possível en contrar q uaisquer mi-
crom ecanism os com patíveis com os resultados agregados observados, dando
a entender que nenhum processo causai pode explicar o fenôm eno. A ssim , de-
frontam o-nos com um caso do que é conhecido com o correlação espúria.
A razão pela qual tal tradução entre program as de pesquisa é im portante se
deve ao princípio do individualismo m etodológico, que estabelece que todos os
fenôm enos sociais podem e devem ser explicados em termos das ações dos indi
víduos que operam sob determ inadas coerções. Elster (1983) sustenta que esse
princípio é um caso especial do reducionism o existente em qualquer ciência.
Situadas entre as teorias do ator racional e aquelas que não levam em conta
o ator estão aquelas teorias que derivam os resultados políticos das ações de
agregados sociais inform ais: classes ou grupos. Esses agregados são conside
rados racionais (no sentido de m eios/fins que defini no início deste capítulo),
mas a sua própria existência perm anece inexplicada cm term os de racionalida
de. A nalisem os o conflito econôm ico e social. Poder-se-ia centrar a análise no
conflito entre grupos diferentes de trabalhadores, ou no conflito entre ram os di
ferentes da indústria (trabalhadores e capitalistas tom ados em conjunto). Em
vez disso, M arx julgava que os trabalhadores e o capital são atores unificados
na tentativa de m axim izar as suas respectivas prosperidades (salários agrega
dos para os trabalhadores e lucros agregados para os capitalistas). Segundo esse
enfoque, a luta de classes, m otor da história, resulta do fato de que o produto
é fixo em qualquer época e deve ser dividido entre capitalistas e trabalhadores.
O bservem os que, segundo esse enfoque, tanto o trabalho quanto o capital são
considerados atores unitários e que a com petição entre capitalistas por m erca
dos ou entre trabalhadores por em pregos é descartada pelo modelo em sua form a
mais sim plificada2. Tam bém está ausente o conflito entre ram os da indústria.
2. Rm outras purles d c siui obni, M arx trata d o problem a dc m últiplos jo g ad o res (capitalistas e tr;iballnidores) sem .
contudo, abordar ;is interações entre eles. O exem plo m ais lam oso é a taxa decrescente de lucro, discutida cm Das
G E O R G E TSEBELIS
K íi/iintl, que pode .ser repiüsentada nu form a de um jo g o dc dilem a do prisio n eiro entre capitalistas. Ver Boudon
(1977).
3. Para um exam e crílico de algum as d essas teorias, ver B arry (1978).
4. Ver Popkin (1979), Bales (1983) e Seoll (1976). U m a interpretação d iferente d a obra d e Scolt p oderia .ser qu e ela
fornece as razões eslruiuiais para o com portam ento a verso ao risco dos cam poneses. A questão da aversão ao risco
é discutida no apêndice ao presente capítulo.
JO G O S O CU LTO S
110 , são sem elhantes aos jovens eleitores, nesse enfoque7. Conseqüentem ente,
as d escrições de eventos históricos ou explicações de escolha não-racional
podem ser traduzidas para o esquem a apropriado de escolha racional.
R ecapitulando, o enfoque da escolha racional não é o único possível na
abordagem dos fenôm enos políticos; enfoques alternativos ou estudam fenôm e
nos sociais e políticos utilizando atores que não tentam otim izar o alcance de seus
objetivos, ou sim plesm ente excluem os atores com o unidades de análise.
N em sem pre é possível traduzir as relações postuladas pelos diferentes
program as de pesquisa. Se for possível, em bora não seja realizada, um a tradu
ção de algum a agenda de pesquisas para um a abordagem da escolha racional,
será feita um a referência a um a explicação tipo atalho (ou caixa-preta). Se for
im possível, com o no caso de Coser, o resultado será um a correlação espúria.
7. Para um a exposição an álo ga dc cseolha racional .sobre o conccilo <lo identificação partidária, ver Fiorina (1981) c
Calvert e M cK uen (1985).
JO G O S OCU LTO S 39
cias, mais persuasivo será o argum ento. N as dem onstrações que seguem , u ti
lizo o dinheiro para dem onstrar conseqüências indesejáveis ou catastróficas. A
vantagem de utilizar dinheiro para m edir a desejabilidade das conseqüências
é a co m preensão im ediata de que as escolhas possuem conseqüências “ob je
tivas” para a prosperidade dos indivíduos. N o entanto, todos os m eus argum en
tos podem ser reconstituídos com as unidades abstratas de utilidade {útiles), ou
algum outro m uneraire não-m onetário satisfatório.
(1) A im possibilidade de crenças ou preferências contraditórias. Em ló
gica form al há duas proposições relevantes. A prim eira afirm a que a conjun
ção entre um a proposição e sua negação é um a contradição8. A segunda su s
tenta q ue se pode derivar qualquer coisa de um antecedente falso. Se um a
p roposição é urna crença, essas duas leis da lógica indicam que qualquer coi
sa decorre de crenças contraditórias. Portanto, se um ator tem crenças contra
ditó rias, ele não pode raciocinar9. Se um a proposição é um a preferência, a
co m binação das duas leis indica que qualquer coisa decorre de preferências
contraditórias. A ssim , se um ator tem preferências contraditórias, ele pode es
colher q ualquer opção.
N ote-se aqui que a contradição se refere a crenças ou preferências num
dado m om ento de tempo. A im possibilidade de crenças ou preferências contra
ditórias não exclui nem a m udança de crenças ou preferências ao longo do tem
po nem a m anutenção de um a preferência num contexto e de outra num con
texto diferente. E, portanto, mais fraca do que o axiom a da “independência de
alternativas irrelevantes” , no qual se assum e que o ator faz a m esm a escolha
entre duas alternativas, existam ou não outras alternativas (A rrow 1951).
(2) A im possibilidade de preferências intransitivas. O axiom a da “transi-
tividade das preferências” estabelece que, se um ator prefere a alternativa a à
alternativa b , t b a c , então necessariam ente ele prefere a a c 111. D em onstrou-se
que se pode criar um a “ m áquina de dinheiro” (fazer um m onte dc dinheiro) a
partir de um a pessoa com preferências intransitivas (D avidson, M cLinsey, e
Suppes 1954). Isso é dem onstrado corno segue: suponham os que um a pessoa
prefira a a b, b a c e c a a. Se ela detém a, alguém poderia persuadi-la a trocá-
lo p o rc , desde que ela pague um a quantia (digam os um dólar). Alguém poderia
persuadi-la tam bém a trocar c por b, m ediante o pagam ento de outra quantia
(digam os outro dólar). D epois, alguém poderia persuadi-la a trocar/; p o r« , com
um pagam ento adicional (outro dólar). O bserve-se que ela está exatam ente na
m esm a situação inicial (ela detém a)\ só que está três dólares mais pobre. Em
cada transação, ela m elhorou suas posses de acordo com as suas preferências.
D evido à intransitividade de suas preferências, porém , encontra-se monetaria-
8. É, de lato, a le i de A ristóteles do terceiro excluído, que pode ser estabelecida tom ial m ente com o /'&(-/>) = F. onde
/•' corresponde a “ falso".
9. Popper (1962) utiliza esse aigumento para rejeitar o raciocínio dialético (que aceita contradições) com o im possível.
10. Um princípio análogo de transitividade em lógica assegura a possibilidade do raciocínio.
40 G E O R G E TSE B E L IS
m ente pior do que antes. Se essa m áquina dc lazer dinheiro continua em opera
ção, ela pode “m elhorar” a sua situação até chegar ao ponto dc m orrer dc fome.
Essas duas exigências de racionalidade fazem parte de qualquer exposi
ção de tipo escolha racional, porque garantem a capacidade dos atores de m a
xim izarem . A terceira exigência da racionalidade fraca tem a ver com a função
objetiva que os atores racionais procuram m axim izar.
(3) O bediência aos axiom as do cálculo de probabilidade. E ssa proposi
ção é a mais contra-intuitiva e a mais difícil de sustentar; a prova é apresenta
da no apêndice deste capítulo. É preciso introduzir a função objetiva que um
ator racional m axim iza. N este livro, assum o que os atores racionais m axim i
zam a sua utilidade esperada, isto é, o produto da utilidade que derivam de um
evento, m ultiplicada pela probabilidade de que esse evento o c o rra".
A proposição estabelece que, sc um a pessoa quiser apostar, na crença
dc que a probabilidade de ganhar m ultiplicada pelo prêm io é igual à proba
b ilid ad e de perder m ultiplicada pelo preço da a p o sta12, e se, em seus cá lcu
los, ela não obedecer às regras do cálcido de probabilidades, certam ente per
d erá dinheiro'*.
N o que nos concerne, essa proposição indica que qualquer indivíduo cujo
cálculo não obedece aos axiom as do cálculo de probabilidades certam ente paga
um preço (independente de certos eventos se produzirem ou não) pela falta de
consistência de suas crenças. P or ora, não im porta saber até que ponto as pro
babilidades estim adas pelo indivíduo correspondem ou não a freqüências ob
jetivas. E le pode superestim ar ou subestim ar as probabilidades; pode ser otim is
ta ou pessim ista. A única restrição da prova é que queira aceitar apostas justas,
isto é, apostas com utilidade esperada igual a zero.
N os casos anteriores, os indivíduos foram penalizados por desvios das
regras de coerência. A lgum as dessas regras, dc não-contradição e de transiti-
vidade, por exem plo, podem parecer intuitivam ente agradáveis c claras. O u
tras, com o a obediência aos axiom as do cálculo de probabilidades, podem pa
recer contra-intuitivas e/ou irrealistas. N ão obstante, qualquer desvio dessas
1 I. Falando estritam ente, não liá ra/ã o paru que a regra de decisão faça parle da definição de racionalidade. Com efeilo,
pode-.se m ili/a r regras diferentes de decisão e derivar previsões diferentes. Por exem plo, i-crejohn c l iurina ( 1074)
ulilizum o crilério m inim ax de a rrependim ento para explicar por q u e as pessoas votam ív e r A m erica n Poiiiicai
Science Review 11975, 69: 908-960] sobre um a d iscussão extensa gerada pelo artigo). O utros critérios .seriam o
e riiúno m axim ini (L u ce e R ailía 1957), ou o misto (Tsebelis 1986), ou o critério de m últiplos estágios (Levi 1980).
C ontudo, agran d o m aioria dos estudos no cam po da escolha racional assum em que os atores racionais m axim izam
a sua utilidade esperada, e este livro não constitui uma exceção a isso.
11. Em term os técnicos, apostas com utilidade esperada igual a 7.ero. Q uem aposta ganha 1 dólar se um a m oeda der
cara e perde 1 se der coroa, ou ganha 5 se adivinhar corretam ente o resultado do la nçam ento dc um dado não-vi-
ciado. e paga 1 dólar se perder. N ote-se que as chances de unia ap o sta ju sta são bem maiores d o que as chances
que as pessoas aceitam ao participar em loterias ou jo g a r em cassinos.
I 3. No apêndice deste capítulo, dem onstro que, se um indivíduo está querendo fazer um a série de apostas justas (Juii
heis) e os seus valores de plausibilidade não obedecem ãs regras do cálculo de probabilidades, um a “aposta cega"
(Dních lio o k ) pode ser feita contra ela. O s term os aposta ju sta (Jiiir bet) e “aposta cega” (Dtiich liaok) são delini-
dos 110 apêndice deste capítulo.
J O G O S O CU LTO S 41
2. E x ig ê n c ia s fo r te s cie r a c io n a lid a d e
14. Em jo g o s ilerativos. é possível q u e uma ou m ais trajetórias de eq u ilíb rio sejam com putadas d e m odo qu e os suo
res m udem o seu eom poruunenio ao longo d o tempo, mas tecnicam ente e stão sem pre em equilíbrio.
15. N ash ( 1 9 5 1). John N ash é um dos fundadores da te oria dos jogos.
16. liste é o problem a dos relinam enios d o conceilo de equilíbrio de N ash. D iversas soluções foram propostas: eq u i
líbrios perfeitos (SeIten 1975). equilíbrio propriam ente dito (M yerson 1978), equilíbrios seqüenciais (Kreps eW il-
42 G E O R G E TSE B E U S
son 1982b) «eq u ilíb rio * estáveis (K ohlberg e M ertcns 1986). A lguns desses conceitos são discutidos no C apítulo
3. Contudo, o leitor interessado deve consultar os artigos originais, assim com o V an D a m m e ( 1984) noquc.se relere
ao reliicioiianictilo entre e ssas subespécies dc equilíbrios de Nash.
17. Um exem p lo sim ples é um jo g o do galinha, cm qu e am bos os jo g ad o res dirigem um carro d iretam ente um para
o outro porque acreditam que o o ponente irá capitular, ou am bos capitulam porque acreditam que o o ponente co n
firmará em frente. O C up/tulo 3 e x p iica alguma* das propriedades d o jo g o do g alinha (c h u k en gum e).
18. lilc não seria recom pensado por esse desvio. N esse caso, a posição original não teria sid o um equilíbrio; haveria
apenas um a indiferença por parte d o jo g ad o r en tre a estratégia de equilíbrio e algum a outra estratégia. Em jo g o s
com equilíbrios baseados em estratégias m istas, a regra é a indifeiença entre as estratégias.
19. E ssa ó a posição predominante entre os estudiosos d a teoria dos jogos. Para unia prova de que somente os equilíbrios de
Nash podem ser soluções racionais para jo g o s sim ultâneos, ver Uacharach (1987). Para visões divergentes concernentes
a jogos seqüenciais, ver Heriiheim (1984), Peaive (1984) e particularm ente líonamio (1988). A razão para a
discordância é que, nos jogos seqüenciais, o cálculo dos equilíbrios envolve evidências ccmtrufnctuuis que, p o rdetini-
ção, não têm condições de verdade. Paru um a posição intermediária relativa ao conceito de equilíbrio perfeito, ver
Binmore (1987).
20. E ssa asserção é sim ilar àquilo que, nos escritos econôm icos, é conhecido co m o e xpectativas racionais (ver M utli
1961; Lucas 1982).
JO G O S O CU LTO S 4.1
evidente que as perdas são mais freqüentes do que os ganhos, o jo g a d o r irá re
ver a sua estim ativa de probabilidade c alterar suas apostas.
(3) A s crenças aproxim ar-se-iam da realidade. O argum ento que apóia
essa exigência é tam bém um argum ento de equilíbrio. Todas as crenças dos jo
gadores racionais num a conduta de equilíbrio são atualizadas de acordo com
a regra de B ayes. A ssim , o ator pode escolher em qualquer ponto a sua estra
tégia ótim a em conform idade com suas crenças. A otim idade m útua das estra
tégias dos jogadores (dadas as suas crenças) fornece a cada um deles inform a
ção sobre as crenças de seu oponente. Se no processo do jo g o um participante
não atualiza a sua inform ação, ele pode ficar vulnerável e o seu oponente en
tão pode explorar esse fato: o oponente pode se dar conta de que a sua situa
ção pode ser m elhorada dadas as crenças equivocadas do prim eiro ator. Em tal
situação, ou um dos jogadores m odificaria as suas crenças, ou o outro m udaria
a sua estratégia. D e modo que um a tal situação não é um equilíbrio21.
Em conseqüência, de acordo com as exigências fortes de racionalidade,
as crenças e o com portam ento não apenas têm de ser com patíveis com o têm
tam bém de corresponder ao m undo real (em equilíbrio). A penalidade para des
vios da racionalidade forte será um nível reduzido de bem -estar22.
Todos os argum entos concernentes seja à racionalidade fraca seja a for
te são norm ativos. Sustentam que o com portam ento deve refletir as prescrições
da utilidade esperada ou da teoria dos jogos; em caso contrário, o ator pagará
um preço. Pode-se concordar com o valor norm ativo desses argum entos e ain
da assim não acreditar que a escolha racional possui qualquer valor descritivo.
O argum ento tom aria a seguinte forma: é verdade que, num m undo idealm en
te racional, as pessoas deveriam com portar-se, e o fariam , de acordo com as
prescrições da escolha racional, mas o m undo real é bem diferente de tal m un
do de escolha racional. N o m undo real as pessoas estão dispostas a pagar o preço
de seus erros ou de suas crenças; m esm o que as pessoas reais quisessem obe
decer a tais prescrições, elas seriam sim plesm ente incapazes de efetuar todos
os cálculos e côm putos requeridos; calcular os equilíbrios de N ash m esm o para
jo g o s sim ples não é fácil, e o nível de com plexidade aum enta de m aneira as
tro n ô m ica quando nos aproxim am os de situações realistas23.
Existe algum a razão para acreditar que o enfoque da escolha racional seja,
na term inologia de Kcynes, não apenas normativo, m as tam bém positivo?24 Em
2 1. Hxiste outra situação, caracterizada pelas crenças que não causam im pacto sobre o com portam ento; desse modo,
não liá razão para m odilicá-las. Considero lais crenças inócuas e não a s abordo. A crença em D eus (sem .suple
m entos de im perativo m oral) chega tão perto quanto possível de tais crenças.
22. I.em bro ao leitor c|ue todas as provas podem ser repetidas substituindo-se dinheiro por útiles. Nesse caso. poder-
se-ia falar de um a redução d a utilidade em vez de redução do bem-estar.
23. A q uestão da com plexidade dos cálculos estratégicos apenas recentem ente tornou-se objeto de investigações sé
rias. Ver Kalai e Stanford (1988), R ubinstein (1986) e A breu (1986).
24. Kcynes (1891, 34-35) distingue entre "U nia ciência positiva | ...| um corpo de conhecim ento .sistemático concer
nente ao q u e é; lim a ciência norm ativa ou regulativa |...| um corpo de conhecim ento sistem atizado que discute os
critérios d o que deve ser”.
44 G E O R G E TSEI1EU S
outros term os, devemos acreditar que as pessoas reais não apenas devem com -
portar-se, mas tam bém se com portam de acordo com as exigências da escolha
racional? Exam ino essas questões na próxim a seção.
L id a m o s a q u i c o m a e s s ê n c ia d a p r e v is ib ilid a d e n a s q u e s tõ e s s o c ia i s . S e s a b e m o s q u e o jo g o
q u e e s tá s e n d o jo g a d o é b e is e b o l e q u e X c o h o m e m tia te rc e ira b a s e , p e lo fa lo d e c o n h e c e r m o s a s u a
p o s iç ã o e o jo g o q u e e s tá s e n d o j o g a d o p o d e m o s d iz e r m a is a te s p e i lo tia s a tiv id a d e s d c X n o c a m p o
d o q u e p o d e r ía m o s s e o e x a m in á s s e m o s e n q u a n to p s ic ó lo g o s o u p s iq u ia tr a s . S e e s le n ã o Ib s s e o c a s o ,
X p o d e r ia s e r p a rte d e u m h o s p íc io , e n ã o d e u m c a m p o d e b e is e b o l. O c o m p o r t a m e n to d c X n ã o é u m a
ra c io n a l id a d e d e s e n c a r n a d a , m a s u m c o m p o r t a m e n lo d e n tro d c u m a a tiv id a d e g r u p a i o r g a n iz a d a q u e
p o s s u i m e ta s , n o r m a s , e s tr a té g ia s e p a p é is q u e f o rn e c e m o te r r e n o p a ra a r a c io n a l id a d e . O b e is e b o l e s
t r u tu r a a s itu a ç ã o .
de pagar um preço). E ssa tendência varia em proporção direta com a dim en
são das paradas do jogo: por exem plo, candidatos tentam obter mais inform a
ção sobre as escolhas das pessoas num distrito em que há um a disputa acirra
da do que num distrito “ seguro” ; os partidos gastam mais recursos tentando
ca lcu la r as conseqüências de um a m udança constitucional do que as co n se
qüências de um a lei sim ples.
A lém disso, se a inform ação estiver disponível, as pessoas estarão mais
aptas a aproxim ar-se dos cálculos requeridos pela escolha racional do que se
os p a yo jfs não forem bem conhecidos ou apenas aproxim ados25. Com efeito, al
gum as das mais bem -sucedidas aplicações do enfoque da escolha racional di
zem respeito a instituições, norm as e com portam entos do C ongresso e da bu
rocracia dos Estados U nidos (ou seja, o estudo de situações bem estruturadas)
(F enno 1978; Ferejohn 1974; F iorina 1974; H am m ond e M iller 1 9 8 7 ;M ille re
M oe 1983; Shepsle e W eingast 1981).
A rgum ento 2. A prendizado. As propriedades norm ativas do m odelo de
esco lh a racional sugerem que as pessoas envolvidas em atividades repetidas
aproxi m am -se do com portam ento ótimo pelo m étodo de tentativa e erro. De fato,
probabilidades subjetivas convergirão para freqüências objetivas à m edida que
a inform ação adicional se tornar disponível pela iteração. P o r conseguinte, quase
não se pode mais distinguir o resultado final dos cálculos de escolha racional.
Esse caso é descrito num dos exemplos de Friedm an: o dos hábeis jogadores de
bilhar. O s jogadores de bilhar não com preendem as leis da óptica geom étrica,
mas são m uito receptivos às im plicações de tais leis para o seu jogo. D e modo
similar, os eleitores conseguem utilizar avaliações retrospectivas c colocar para
fora políticos incom petentes, em sistem as de eleição em dois turnos, m esm o que
não lem brem as plataform as dos diversos candidatos, ou não consigam discri
m inar entre eles (Fiorina 1981; Key 1968).
O aprendizado não é independente da relevância das questões e da infor
mação. P oder-se-ia esperar um a correlação entre a velocidade do aprendizado
e a relevância da questão, conform e indica o argum ento 1. A lém disso, a co n
vergência para o com portam ento ótim o é m ais rápida à m edida que aum enta a
freqüência do problem a da tom ada de decisões.
O aprendizado é um a atividade consciente; pressupõe que aquele que
tom a a decisão seja capaz de detectar erros do passado. U m a explicação baseada
no conceito do aprendizado produz os m esm os resultados que a abordagem da
escolha racional, mas utiliza pressupostos bem mais frágeis.
Argum ento 3. A heterogeneidade dos indivíduos. Suponham os que, em vez
de sustentar o pressuposto de que todos os indivíduos podem efetuar cálculos
de escolha racional, ou de que todos os indivíduos são capazes de aprender em
tentativas repetidas, adotem os o pressuposto mais realista de que a m aioria dos
25. No Capítulo 3, apresento o teorem a popular (fulk ilw orem ) üos jo g o s repetidos, o qual e stab elece q u e em jogos
com inform ação incom pleta é possível um;i am pla gania d e resultados.
JO G O S O CU LTO S 47
26. 0 caso oposto , no qual c ad a agente f ia i cm m elhor situ ação quan to m ais v e /c s outros agentes e sco lh erem o
m esm o com p o rtam en to que o seu (com o com prar p rogram as de c om putador), é ch am ado de ifc iln xinéruico.
H altiw anger e W aldm an (1 985) provaram que, nesse caso, os a g en tes so fisticad o s im itam o co m p o rtam en to
do s não-sollsticailos, de m odo que os últim os têm um efe ito desp ro p o rcio n al so b re o equilíbrio.
27. 0 resultado se apro x im a d a e sco lh a ó tim a desde que a p opulação com a esco lh a ó iim a ex ista n o início d o e x
perim ento.
G E O R G E TSE15EUS
longo do tem po e/ou ideologia), políticos que tentam m axim izai- os seus votos
terão um a laxa de sobrevivência m aior do que aqueles que não o fazem . A lon
go prazo, a população do últim o tipo será elim inada.
E sse enfoque evolucionista adota os pressupostos mais frágeis sobre as
m otivações e cálculos dos indivíduos. N a verdade, atribui toda a explicação a
fatores am bientais. P or esse motivo, a explicação c passível da seguinte críti
ca: um com portam ento particular não é necessariam ente ótim o porque a razão
para a sua seleção natural pode não ter sido o com portam ento sob investigação,
mas algum a outra característica. Portanto, os argum entos evolucionistas podem
ser utilizados para apoiar a otim ização dos com portam entos som ente após ter
elim inado explicações alternativas.
A rgum ento 5. Estatística. E sse argum ento diz respeito à m édia da popu
lação. A dm itam os o seguinte: apenas um a pequena proporção de um a popula
ção em prega cálculos racionais; apenas um a pequena proporção é capaz de
ap ren d izado; argum entos evolucionistas aplicam -se som ente a um segm ento
restrito da população. Suponhanos, além disso, que a m aioria restante da p o
pulação tom e decisões ao acaso ou por algum processo equivalente. Suponha
m os, por exem plo, que alguns são otim istas e outros pessim istas, alguns estão
dispostos a assum ir riscos c outros são avessos a riscos, e alguns são influen
ciados positiva ou negativam ente em suas decisões pelos líderes de opinião (por
exem plo, Ronald Reagan ou Jane Fonda).
Para tornar as coisas mais concretas, suponham os que a racionalidade seja
um com ponente pequeno mas sistem ático de qualquer indivíduo, e que todas as
outras influências sejam distribuídas aleatoriam ente. O com ponente sistem áti
co possui um a m agnitude x , e o elem ento aleatório é norm alm ente distribuído
com um a variância s2. Sob tais pressupostos, cada indivíduo da população exe
cutará um a decisão no intervalo [.v - (2s), x + (2^)] em 95% do tem po. Se con
siderarm os, porém , um a am ostragem de um m ilhão de indivíduos, a m édia in
dividual tom ará um a decisão no intervalo [x- (2^/1000), x + (2 s /1000)] em 95%
do tem po. Isso pode ser com provado por propriedades estatísticas da m édia: a
decisão racional que adm itim os ser apenas um “com ponente pequeno mas sis
tem ático” aproxim ou-se, pelo indivíduo m édio de nossa am ostra, a um fator de
mil vezes, da do indivíduo aleatório. Portanto, a análise da escolha racional pode
ser totalm ente im precisa no que se refere a indivíduos específicos, mas bastante
exata no que concerne à m édia individual2*.
H á duas objeções possíveis a esse argum ento estatístico. Em prim eiro lu
gar, adm itim os que não existe o problem a da agregação, isto é, adm itim os que a
agregação é equivalente a um a som a aritm ética. Todavia, conform e dem onstra
28. A diíeren ça en tre esse argum ento e o argum ento 3 c que. aqui, agentes são decididam ente independentes; no ar
gum ento 3, algutis agentes er;im capazes de antecipar o com portam ento de outros c trocar a sua escolha de acor
d o com isso. A lém disso, 110 argum ento 3, supunha-se que os agentes não solisticíidos tinham visões parciais; aqui.
todos os agentes são norm alm ente d istribuídos em to m o d e ulgm n valor ceuUnl.
J O G O S OCU LTO S 49
29. E nfatizo :i palavra sislenuíiico porque, (le oulro modo, teorias dc cultura nacional ou d e so cialização política cons-
liiuiriam exceções. A d isputa sistem ática .sobre a questão chi racionalidade tom ou d uas direções. A prim eira está
a ssociada a T v c rsk y e K ah n e m a n (1 9 8 l), e a Kalmeman cTvcrsky (1979). e a Kalineman, Slovic eT v ersk y (19S4),
e diz respeito ao enquadram ento das decisõcs. E xperim entos indicaram im portantes desvios das legrns da mnxi-
m ização esperada da utilidade q uando as probabilidades são m uito p equenas ou as utilidades m uito abrangentes
(tais com o as questõ es de vida ou dc morte). A segunda é a abordagem d a satisfação (xaiisliu itx a p p n x id i) asso
ciada a Sim on ( 1957), M arch ( 1978) e a Nelson cW inter ( 19S2), a qual supõe que as pessoas escolhem não a melhor
o pção entre alternativas diferentes, m as um a q u e é "suficientem cntc boa", ou e steja acim a de algum lim ite do
aceitabilidade. A ijucstão crucial no que diz respeito a esse segundo enfoque c a dc sab er sc as pessoas irão ater-
se à sua escolha se algum a alternativa melhor se apresentar. No prim eiro caso, h á um a correspondência entre a e s
c olha racional e a da satisfação: a otim ização se refere ao total das alternativas, e a satisfação relerc-se a um co n
ju n to restrito. A m bos os métodos, porém , produ/.em os m esm os resultados quando aplicados ao m esm o conjunto
de alternativas (Kiker e O rdeshook 1973). N o segundo caso, porém , o s resultados são diferentes, c não há possi
bilidade de tradução dc um program a de pesquisa para o outro. Esses dois program as (enquadram ento e satisfa
ção) têm a vantagem de um a precisão em pírica, mas foram apresentados até agora com o objeções a defesas espe-
cílicas de program as de escolha racional, e não com o alternativas teóricas.
50 G E O R G E TSE H E U S
M esm o que adm itam os que sob dadas circunstâncias os atores tentam
fazer o m elhor que podem , por que levar o argum ento até as suas últim as co n
seqüências lógicas e pressupor a racionalidade? Por que tentar evitar a qualquer
custo explicações que incluam fatores irracionais ou erros?
Em particular, no que concerne ao tem a deste livro, por que se su rp re
ender quando as pessoas fazem escolhas subótim as, e tentar explicar tais e s
colhas por interm édio dos jo g o s ocultos? P or que, sem pre que o observador
d iscorda dele a respeito do curso ótim o da ação, não concluir sim plesm ente
q u e o ato r é não-racional, ou que com eteu um erro? Q ual a razão por trás
dessa obsessão pelo enfoque da escolha racional? P or que não realizar um ex
perim ento crucial concernente ao pressuposto de racionalidade e rejeitar a ra
cio nalidade se os atores escolherem de m aneira subótim a, com o é feito na
psicologia experim ental? A final de contas, esse é o tratam ento usual de q u al
q u er hipótese nas ciências sociais. E xpondo dc m aneira clara: “por que abor-
B S C S H / UFRGS
J O G O S O CU LTO S 51
30. Foram inventados c o n tin u am en te e p iciclo s para ex p licar a s a n o m alias d o sistem a p tolom aico. Um fenôm eno
análogo ocorreu antes d a invenção da te oria da relatividade. A strônom os tentavam explicar as anom alias inven
tando ‘‘planetas ocultos", ou seja, planetas cuja existência explicariam as anom alias observadas.
31. F.m alguns textos teóricos so b re os jo g o s, os "erro s'' ou pequenas perturbações sã o utilizados c om o m eios para
descob rir propriedades estáveis dos eq u ilíb rio s d c Nash (Selten 1975).
52 GEORGE TSEBEU S
34. A s pessoas se surpreenderam eom o te orem a d a possibilidade de A rrow (1951), porque elas jam ais haviam im a
ginado a incom patibilidade de cinco restrições que pareciam tão triv iaise inócuas. O resultado de M cKelvey (1976),
que indica a onipresença de ciclo s em regras m ajoritárias, teve um im p acto sim ilar. M uitas d escobertas d a te oria
dos jo g o s possuem um im portante valor de surpresa devido ao fato d e que as interações entre os jog ad o res racio
nais geram resultados im previstos.
35. Ver Arrow (1951) e M cK elvey (1976). Para trabalhos m ais recentes sobre as instituições, ver S h ep sle (1979) e
W eingast (1984), Riker (1980) e Schw artz (1985).
54 G E O R G E TSE B E LIS
cedim ento com um entre os especialistas de ciência política tem sido observar
um a regularidade em pírica, depois estabelecê-la m ediante m étodos estatísticos
e finalm ente produzir um argum ento plausível com patível com a regularidade
o bservada. O s argum entos dedutivos da esco lh a racional d em onstraram de
m aneira conclusiva que a últim a parte desse procedim ento (a apresentação de
argum entos plausíveis em apoio às regularidades em píricas) não é equivalente
à argum entação teórica. C ada passo dc um argum ento indutivo plausível não
preserva inteiram ente a verdade, de m odo que, por volta do final do argum en
to, o que é deixado de fora pode ser tão im portante quanto o que foi preserva
do ou até mais im portante.
(4) Intercambialidade de indivíduos. Com o o único pressuposto dos atores
é a sua racionalidade, eles carecem de qualquer outra característica ou identi
dade. São intercam biáveis36. C om o pode um com unista francês ser considera
do intercam biável com um dem ocrata cristão italiano? O que aconteceu com a
história? O que aconteceu com a cultura? O que aconteceu com a tradição lo
cal? Q ue tipo de explicação é essa que parece excluir tudo o q u e é im portante?
É verdade que qualificativos históricos, tem porais, culturais, raciais ou
outros não entram diretam ente em qualquer explicação de tipo da escolha ra
cional. C ontudo, “A ponte entre as observações históricas e a teoria reside na
substituição de variáveis por nom es próprios dos sistem as sociais ao longo da
pesquisa com parativa” (Przew orski e Teune 1970, 25). O program a de pesqui
sa tipo escolha racional não é o único que tenta substituir características ou com
portam entos étnicos ou raciais pelos objetivos dos atores ou das instituições que
os produzem . Se os italianos são cínicos, os alem ães obedientes e os m exica
nos descrentes do governo, conform e indica C ivic C ulture (A lm ond e Verba
1963), isso não se deve ao fato de serem italianos, alem ães ou m exicanos. A
S eção III forneceu exem plos de com o algum as das descobertas de A lm ond e
Verba podem ser explicadas em term os das instituições existentes e do pressu
posto da racionalidade.
D etenho-m e agora num ator intercam biável particular: o leitor. Segundo
o enfoque da escolha racional, os resultados são explicados com o as escolhas
ótim as dos atores num a dada situação. U m a explicação bem -sucedida de esco
lha racional descreve as instituições dom inantes e o contexto no qual os atores
36. São intercam biáveis desde que possuam os mesmos gnsios. Conform e já li vc oportunidade do argumentar, os gostos
são considerados exógenos íis explicações no cam po dsi escolha racional. Poder-sc-ia utilizar os graus de liberda
de gerados pela exogeneidade dos gostos, e fornecer um a ex plicação de qualcjuer fenôm eno cm term o s do “esco
lha racio n al”. Por exem plo, pode-se apresentar um a ex p licação tipo e sco lh a racional da votação argum entando
cjue existe um a satisfação intrínseca ao ato de volar (R iker c O rdeshook 1968). Para um argum ento sobre o cará
ter tautológico desse enfoque, ver Barry (1978). Tem o evitar a arm adilha de d edicar a parte essencial de m inha
exposição aos gostos a lrib u in d o “g ostos-padrão” aos meus agentes. Sem elhante “goslo-padrão” para os atores po
líticos e ti reeleição, pois ela é um a co ndição necessária para a tin g ir q u alq u er outro objetivo político. Por exem
plo, n o Capítulo 5, considera-se que os m ilitantes d o Partido T rabalhista b ritânico possuem p referências ideoló
gicas, m us nfvon po nto de sacrificar o candidato d o pu n id o ; as elites b elgas têm p referências sobre os resultados,
mas não a ponto de lhes custar a sua reeleição; e os partidos franceses querem m elhorar as suas próprias posições
eleitor,lis sem afe tar as chances eleitorais de suas coligações.
J O G O S OCU LTO S 55
* De prceinpção, que na lei internacional e o d ireito de um beligerante de apoderar-se de b ens de um país neutro
com a devida com pensação ao proprietário. (N. do T.)
37. Par.) um a análise sim ilar do con ceito de Verstehen, ver S d i a r p íe Ryll (J98S).
56 G EORGE TSEBEU S
1. C ontudo, visões d e atitu d es e m relação ao risco q u e são d efin id as co m o n ão -lin carid ad cs no c álcu lo individual
de probab ilid ad e s (Cliew 1983; E dw ards 1954; Fishburn 1983; K alinem an e T v ersk i 1979; K arm ark ar 1978;
M acliimt 1982) vio lam os p ressu p o sto s d a m inha con cep ção de racionalidade.
2. A ndrci N ikolaievitch K olm ógorov, um m atem ático russo, fundou o c álcu lo a x io m ático d e pro b ab ilid ad es.
G E O R G E T S E B E L IS
São necessárias duas definições para a prova. P rim eiro, um a aposta ju sta
(fair bet) é definida com o um a aposta que tem a seguinte propriedade: se al
guém qu er apostar um a som a de dinheiro (digam os a) e receber um som a de
dinheiro (digam os b), se ele ganhar a aposta, então a razão ctl(a + b) (o quo-
ciente da aposta) é igual à probabilidade de ganhar. U m a aposta ju s ta é por
d efinição aquela na qual o quociente de aposta é igual à probabilidade de ga
nhar, ou, o que é equivalente, um a aposta justa é um a aposta com um a utilida
d e esperada igual a zero.
U m a aposta ce g a foi feita contra alguém q u an d o a som a da aposta,
não im p orta o que aconteça no m undo real, é perdida.
A p ro v a p ro ced e em três etap as e d em o n stra as c o n se q ü ê n c ia s de
v io lar ca d a ax io m a (S kyrm s 1986).
/. VIOLAÇÃO DO AXIOMA A l
2. VIOLAÇÃO DO AXIOMA A2
3. N ote-se q u e o quo cien te d c aposta é negativo enquunto o valor abso lu to dos ganhos for m en o r do q u e ns perdas.
JO G O S O C U LTO S 59
3. VIOLAÇAO DO AXIOMA A3
5. O s leitores sc lem bram de que, se gundo a defin ição dc um a aposta justa, p o d e-se ace itar um a ap o sta a favor ou
c o n tra um ev en to , q u an d o a ap o sta é ju sta.
JOGOS DE DUAS PESSOAS COM PAYOFFS VARIÁVEIS
F i g u r a 3 .1 J o g o d c tr ê s p e s s o a s .
1. Nii S e ç ão II. e x p lico co m o são calc u lad a s e ssas cscolluis m utu am en te ótim as.
64 G E O R G E T S E B E L IS
F i g u r a 3 .2 R e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a d e u m j o g o cie n p e s s o a s .
3. Para um a e xce çã o notável, ver A usten -S m ilh e Banks (19SS). em que um jo g o d e m últiplos e stág io s e n tre e le i
tores, p a rtido s e c o lig aç õ es é e stu d ad o detalhadam ente. 0 arligo é ex tre m a m en te inovador, pelo tato de tratar
a form ação d e colig ação c om o uni jo g o n ão-eooperativo, ao m esm o tem p o em q u e e x am in a a aren a legislativa
e a eleitoral e, co n tra riam e n te às c ren ças pred o m in an tes (as leis de D uverger), d em o n stra a p o ssib ilid a d e de
voto estraté g ico e m sistem as e leito rais prop o rcio n ais. Contudo, o e n fo q u e ad o tad o é c o m p lic ad o d o p o m o de
vista a n alítico , a d esp eito d o falo de que. c om o eles adm iiem , d escartem a "g en e ra lid a d e em favor d a p o ssi
bilidade de tratam en to analítico".
66 G E O R G E T S E IJE U S
F i g u r a 3 .3 R e p re s e n ta ç ã o g rá fic a d e u m s u b jo g o d e d u a s p e s s o a s .
4. Um jo g o pode possuir diversos subjogos, c Ciida subjogo pode, p o r sua vez, c o n tcr vários subjogos. A lém d isso,
dois a lo re s pod em e sln r env o lv id o s em d iversos subjogos. A l;ig u ra 3.2 n ão p reten d e ap re sen tar e ssas c o m
plicações. Por c lareza de e x p o sição , apresen to aqui apen as um subjogo.
J O G O S O C U LT O S 67
í - 2
N atureza
2 | Coligação
i 3 t* } Coligação
e s s a s v a ria ç õ e s n o s payoffs a fe ta m o c o m p o r ta m e n to d o s jo g a d o r e s n a a re n a
p r in c ip a l c q u a is as c o n s e q ü ê n c ia s d e s s a s v a ria ç õ e s p a ra o s e q u ilíb rio s (o u
se ja , as p re v is õ e s e m p ír ic a s ) d e jo g o s d ife r e n te s . E s ta s e ç ã o e s tu d a q u a tr o
jo g o s s im p le s d o is - p o r -d o is d e u m a só j o g a d a : o d ile m a d o p r is io n e ir o , o
j o g o d o s e g u ro , o j o g o d o g a lin h a * e o j o g o d o im p a s s e .
A T a b e la 3.1 a p re s e n ta a m a triz g e n é ric a d e p a yo ffs d e s s e s q u a tr o j o
g o s . C a d a jo g a d o r te m u m a c s c o lh a e n tr e d u a s e s tr a té g ia s . P a ra s im p lif ic a r
as c o is a s , s u p o n h o q u e , n o s q u a tro jo g o s , o s j o g a d o r e s p o d e m e s c o lh e r e n tre
as m e s m a s d u a s e s tr a té g ia s : c o o p e ra ç ã o o u d e s e r ç ã o . A e s c o lh a d e u m a e s
tra té g ia p o r c a d a jo g a d o r lev a a u m r e s u lta d o d e te r m in a d o e m c o n ju n to q u e
im p lic a um p a y o ff p a r a c a d a u m d o s jo g a d o r e s . P o r q u e s tã o d e s im p lic id a
de, o s p a yo jfs e m to d o s o s jo g o s s ã o s im b o liz a d o s p e la s m e s m a s le tr a s (T,
R , P e O ); o q u e d ife r e é a o rd e m d e s s e s p ayojfs e m c a d a j o g o . N o c a s o d c
c o o p e r a ç ã o m ú tu a , c a d a jo g a d o r re c e b e u m a r e c o m p e n s a R. ( R é u m a le
tra m n e m ô n ic a p a ra R e c o m p e n s a , e i é a in d e x a ç ã o d o j o g a d o r , o u s e ja ,
p o d e s e r I o u 2). N o c a s o d e d e s e r ç ã o m ú tu a , c a d a j o g a d o r r c c e b e u m a p e
n a lid a d e P.t (P d e n o ta P e n a lid a d e ). S e u m c o o p e ra e n q u a n to o o u tro é d e r
ro ta d o , o jo g a d o r c o o p e ra tiv o r e c e b e o p a y o ff d e o tá r io (O d e O tá rio ) e o
jo g a d o r d e r r o ta d o rc c e b e o p a y o ff d e te n ta ç ã o T (T d e T e n ta ç ã o ).
A a p re s e n ta ç ã o in ic ia c o m o j o g o d c d u a s p e s s o a s m a is f re q ü e n te e
fa m ilia r: o d ile m a d o s p r is io n e ir o s . O j o g o foi in v e n ta d o p o r F lo o d (1 9 5 2 ),
e T u c k e r (1 9 5 0 ), q u e in v e n to u a h is tó r ia d e a p o io , lh e d e u o n o m e p e lo q u a l
é c o n h e c id o 5. O j o g o fo i u s a d o p a ra e s tu d a r o p r o b le m a d a o c o r r ê n c ia d e
c o o p e ra ç ã o e n tr e a to re s r a c io n a is c o m in te r e s s e s p ró p rio s . A o c o rr ê n c ia d c
P o d e - s e v e rif ic a r q u e , s o b a c o n d iç ã o (3 .1 ) , c a d a jo g a d o r fic a n u m a
p o s iç ã o m a is v a n ta jo s a d o q u e q u a n d o d e s e r ta , n ã o im p o r ta o q u e o o u tro
f a ç a (d o m in â n c ia ). C o m e fe ito , s e o o p o n e n te e s c o lh e c o o p e ra r , a d e s e r ç ã o
p r o p ic ia u m p a y o ff m a io r ( T ) d o q u e a c o o p e ra ç ã o (R .). D e m o d o s im ila r,
s e o o p o n e n te e s c o l h e d e s e r ta r , a d e s e r ç ã o é a in d a m e l h o r (Pj) d o q u e a
c o o p e r a ç ã o ( O j ) . O r e s u lta d o é q u e a m b o s o s jo g a d o r e s s e v ê e m c o m u m
r e s u lta d o s u b ó tim o p o r q u e c a d a u m re c e b e P n o lu g a r d e R .
E s s a re la ç ã o d e d o m in â n c ia e n tr e as d u a s e s tr a té g ia s d i s p o n ív e is fo r
n e c e u m f o rte in c e n tiv o p a ra c a d a jo g a d o r d e s e r ta r . D e fa to , n ã o só u m a
e s p e r a d a m a x im iz a ç ã o d e u tilid a d e , m a s ta m b é m u m a a m p la g a m a d e r e
g ra s d e d e c is ã o (o c rité r io m a x im in c o c rité rio m in im a x d e a rr e p e n d im e n to ,
p a ra m e n c io n a r a p e n a s d o is ) r e q u e r q u e , s e e x is te u m a e s c o lh a e n tr e u m a
e s tr a té g ia d o m in a n te e u m a d o m in a d a , a d o m in a n te é m elh o r.
O d ile m a d o s p r is io n e ir o s r e s id e n o s e g u in te : e le s p r e f e r ir ia m p o d e r
c o m u n ic a r- s e e c o m b in a r a s u a d e fe s a d e u m m o d o ta l q u e a m b o s f ic a s s e m
c m m e lh o r s itu a ç ã o . C o n tu d o , n a a u s ê n c ia d e c o m u n ic a ç ã o , c a d a u m p o d e
e s c o lh e r o u a e s tr a té g ia d o m in a n te , q u e c o lo c a r á a a m b o s e m p io r s itu a ç ã o ,
o u a e s tr a té g ia d o m in a d a , e r e c e b e r o p a y o ff d e o tá r io , O r
S e in v e r te r m o s , p a r a c a d a jo g a d o r , a o r d e m d a p e n a lid a d e Pj e d a r e
c o m p e n s a R ., e n tã o é g e ra d o u m j o g o d ife r e n te : o d o im p a s s e . O o r d e n a
m e n to d o s d ife re n te s p a yo ffs n u m j o g o d o im p a s s e é o s e g u in te :
O j o g o d o im p a s s e te m s id o e m p r e g a d o e x te n s iv a m e n te n a lite ra tu ra
e s p e c i a li z a d a e m r e la ç õ e s in te r n a c io n a is ( O y e 1 9 8 6 ; S n y d e r e D i e s in g
19 7 7 ). C o m p a r tilh a c o m o d ile m a d o s p r is io n e ir o s a c a r a c te r í s t ic a d e te r
u m a e s tr a té g ia d o m in a n te ( d e s e r ç ã o ) . D if e r e , c o n tu d o , p e lo fa to d e q u e a
d e s e r ç ã o n ã o p r o d u z u m re s u lta d o su b ó tim o : a m b o s o s jo g a d o r e s fic a m em
m e lh o r s itu a ç ã o c o m a d e s e r ç ã o m ú tu a d o q u e c o m a c o o p e ra ç ã o .
O s d o is jo g o s r e s ta n te s , o d o g a lin h a e o d o s e g u ro , p o s s u e m a c a r a c
te r í s t i c a c o m u m d e n ã o c o n te r e m u m a e s tr a té g i a d o m in a n te . N o j o g o d o
g a lin h a , a d e s e r ç ã o m ú tu a é o p io r r e s u lta d o p o s s ív e l p a ra a m b o s o s j o g a
d o re s . A c o n d iç ã o ( 3 .3 ) re p r e s e n ta o s p a yo ffs p a ra o j o g o d o g a lin h a .
O m e d o d e c h e g a r a e s s e p io r r e s u lta d o p o s s ív e l, n o q u a l o p a y o ff p a ra c a d a
jo g a d o r é P., p o d e ( s o b c o n d iç õ e s a s e re m e s p e c ific a d a s s u b s e q ü e n te m e n
te ) le v a r a m b o s o s jo g a d o r e s a c o o p e ra r.
N o j o g o d o s e g u ro , a c o o p e r a ç ã o m ú tu a é o r e s u lta d o p r e f e r id o . O s
p a yo ffs d o j o g o s e g u e m a c o n d iç ã o (3 .4 ).
— l----------i----------1----------i—
Jo g o do dile m a d o s p risio n eiro s
T > R> P> O
F i g u r a 3 .5 A R e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a d o s p a y o ffs n o j o g o d o d i l e m a d o s p r i s i o n e i r o s .
Jo g o d o im passe
T >R >P >O
F i g u r a 3 .5 B R e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a d o s p a y o ffs n o j o g o d o im p a s s e .
Jo go d o galinha
T> R > O > P
F i g u r a 3 .5 C R e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a d o s p a y o ffs n o j o g o d o g a l i n h a
—I---------- 1—
Jo g o d o seg u ro
R >T>P> O
F i g u r a 3 .5 D R e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a d o s p a y o ffs n o j o g o d o s e g u r o .
JO G O S O C U LT O S 73
U m a f o n te a d ic io n a l de in s ta b ilid a d e d e riv a d a q u e s tã o d e s a b e r se o
r e s u lta d o c r a ó tim o p a ra a m b o s o s jo g a d o r e s o u p o d e ria s e r m e lh o r a d o : a
q u e s tã o d o ó tim o d e P a re to , T e c n ic a m e n te , u m re s u lta d o é c h a m a d o d e ó ti
m o de Pareto q u a n d o é im p o s s ív e l m e lh o r a r o p a y o ff de u m jo g a d o r se m r e
d u z ir o d o o u tro . U m r e s u lta d o q u e n ã o é u m ó tim o d c P a r e to a p re s e n ta a
s e g u in te f o n te d c in s ta b ilid a d e : o s jo g a d o r e s s a b e m q u e , se a g ire m ju n to s ,
p o d e rã o m e lh o r a r o s p a yo ffs d e a lg u n s d e le s (o u d e to d o s ) . J á q u e a c o m u
n ic a ç ã o é p r o ib id a , p o r é m , n ã o é p o s s ív e l e s s e a c o rd o . A s F ig u ra s 3 .5 e 3 .6
r e p r e s e n ta m a r e la ç ã o e n tr e os p a yo ffs d o s d if e r e n te s j o g o s e o p r o b le m a
d o ó tim o d e P a re to .
A F ig u r a 3 .5 é u m a re p r e s e n ta ç ã o g r á f ic a d o s pa yo ffs d e u m jo g a d o r
e m c a d a jo g o . A F ig u ra 3 .5 A m o s tra o s payoffs n u m j o g o d o d ile m a d o s p r i
s io n e iro s a o lo n g o d e um e ix o . A F ig u ra 3 .5 B m o s tr a q u e o im p a s s e p o d e
s e r g e ra d o se a o r d e m d e P e R f o r in v e rtid a . A F ig u r a 3 .5 C d e m o n s tra q u e
u m a in v e rs ã o d e P e O. tra n s fo r m a u m jo g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s n u m
jo g o d o g a lin h a . A F ig u ra 3 .5 D d e m o n s tra q u e u m a in v e rs ã o d c R ; e T p r o
d u z u m j o g o d o s e g u ro . S e r e p r e s e n ta r m o s o s p a yo ffs d e c a d a jo g a d o r d e
um j o g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s ao lo n g o d e c a d a u m d o s d o is e ix o s d a
F ig u ra 3 .6 , t e r e m o s um g r á f ic o d o jo g o .
A F ig u ra 3 .6 re p r e s e n ta u m jo g o d o d ile m a d o s p ris io n e iro s p o r q u e a
o r d e m d o s payojfs d e c a d a jo g a d o r é a n á lo g a à d a F ig u ra 3 .5 A . N o C a p ítu
lo 6 , u tiliz o u m a re p re s e n ta ç ã o s im ila r d o jo g o d o g a lin h a p a ra a n a lis a r a m a
n e ir a c o m o as in s titu iç õ e s b e lg a s p ro d u z e m re s u lta d o s ó tim o s d e P a re to . O s
le ito re s p o d e m c o m p r o v a r q u e n e s sa f ig u r a trê s p o n to s re p r e s e n ta m o s r e
s u lta d o s ó tim o s d e P a re to : ( T |t 0 2), ( R ,, R 2) e ( 0 |5 T 2). P a ra c a d a re s u lta -
F i g u r a 3 .6 R e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a d o s p a y o ffs n o j o g o d o d i l e m a d o s p r i s i o n e i r o s n u m p la n o .
74 GEORG E TSEH EU S
d o , é im p o s s ív e l m e lh o ra r o p a y o ff d e u m jo g a d o r se m p r e ju d ic a r o o u tro .
D e m o d o in v e rs o , h á u m re s u lta d o q u e , se f o r e s c o lh id o , p ro d u z r e s u lta d o s
in s a tis f a tó r io s p a ra a m b o s o s jo g a d o r e s : (P , P ). E s s e é e x a ta m e n te o e q u i
líb r io d o j o g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s . P o r ta n to , q u a n d o o s jo g a d o r e s
d e s s e j o g o e s c o lh e m s u a s e s tr a té g ia s d o m in a n te s , p r o d u z e m u m r e s u lta d o
q u e n ã o é ó tim o d e P a re to . N o te -s e , to d a v ia , q u e , p a ra re a lm e n te m e lh o r a r
e s s e r e s u lta d o , e le s p re c is a m v io la r as re g ra s d o j o g o , as q u a is e s p e c ific a m
q u e n ã o d e v e h a v e r c o m u n ic a ç ã o e d e a lg u m m o d o “ g a n h a r ju n to s ” .
O s e q u ilíb r io s d o s trê s jo g o s re s ta n te s e s tã o in c lu íd o s n o c o n ju n to d c
P a r e to . N o j o g o d o im p a s s e , o r e s u lta d o ( P l , P ) é a s e g u n d a p r e f e r ê n c ia
p a ra c a d a jo g a d o r , e a m b o s n ã o p o d e m m e lh o r a r o s se u s p a yo ffs q u e r u n i-
la te ra lm e n te ( p o rq u e [ P (, P 2] é u m e q u ilíb rio ), q u e r c o le tiv a m e n te ( p o rq u e
a c o m b in a ç ã o d c p a yo ffs é o ó tim o d e P a r e to ) 6. N o j o g o d o s e g u ro , o e q u i
líb r io ra z o á v e l é o r e s u lta d o q u e c a d a j o g a d o r p r e f e r e e m p r im e ir o lu g ar.
A s s im , n ã o h á d ú v id a s s o b re a s u a o tim id a d e d e P a re to . F in a lm e n te , n o j o g o
d o g a lin h a , o ú n ic o r e s u lta d o q u e n ã o c o r r e s p o n d e a o ó tim o d e P a r e to é
a n á lo g o a o r e s u lta d o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s ( P |5 P 2); c o n tu d o , e s s e r e
s u lta d o n ã o é u m e q u ilíb rio .
D ile m a d o s p r is io n e ir o s P ,P 2 N ão
Im p asse P .P . S im
G a lin h a ° , t 2, t , o 2 S im
S e g u ro R l R 2- P l P 2 S im
A T a b e la 3 .2 re s u m e as c a ra c te r ís tic a s d o s q u a tr o jo g o s e as fo n te s d e
i n s ta b ilid a d e de c a d a u m . R e s u m in d o o a rg u m e n to : o s e q u ilíb rio s d e N a s h
s ã o re s u lta d o s q u e sã o e s tá v e is em re la ç ã o a d e s v io s u n ila te r a is , p o r q u e n e
n h u m jo g a d o r re c e b e in c e n tiv o p a ra d e s v ia r -s e ; o s p o n to s ó tim o s d e P a r e
to sã o e s tá v e is cm re la ç ã o a c o lig a ç õ e s u n iv e rs a is p o r q u e n ã o é p o s s ív e l d e s
v ia r - s e d e ta is p o n to s se m p r e ju d ic a r a lg u n s jo g a d o r e s . S e g u e -s e q u e , n u m
j o g o d e d u a s p e s s o a s , um r e s u lta d o q u e é u m e q u ilíb r io d e N a s h e é u m ó t i
m o d e P a re to n ã o p o d e s e r m o d ific a d o u n ila te r a lm e n te ou c o le tiv a m e n te . O
j o g o d o im p a s s e e o d o s e g u ro a p re s e n ta m re s u lta d o s e s tá v e is p o r q u e a m
6. O s leitores podem com provar e sses po n to s se inverterem os nom es dos p o n to s (P,, P J e <R,, R.) na Fig u ra 3.5,
e transform arem o jo g o d o dilem a dos p risio n eiro s num jo g o do im passe.
JO G O S O C U LT O S 75
N a p r e s e n te s e ç ã o s u s te n to q u e , q u a n d o s ã o i n tr o d u z id a s e s tr a té g ia s
c o n tin g e n te s o u c o rr e la c io n a d a s , as p r o p rie d a d e s d o s q u a tr o jo g o s m u d a m
d e m a n e ira s u b s ta n c ia l. E m p a rtic u la r, so b c e rta s c o n d iç õ e s q u e e s p e c ifiq u e i,
a c o o p e r a ç ã o p o d e d e s e n v o lv e r- s e n u m j o g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s .
A lé m d iss o , q u a n d o sc p e rm ite m e s tra té g ia s c o rr e la c io n a d a s , a p ro b a b ilid a d e
d a e s c o lh a d e c a d a e s tr a té g ia p a rtic u la r v a ria d e a c o rd o c o m o s payoffs d o
jo g o . C o n f o r m e a firm e i na in tro d u ç ã o d e s te c a p ítu lo , a p re s e n to a q u i o a rg u
m e n to d e m a n e ira in fo r m a l. N o a p ê n d ic e , re p ito d e m a n e ira f o rm a l e p r e
c is a o a rg u m e n to p rin c ip a l, a s sim c o m o p o n to s r e le v a n te s a d ic io n a is .
C o n s id e r e m o s a s e g u in te s itu a ç ã o : d o is j o g a d o r e s j o g a m o j o g o d o
d ile m a d o s p r is io n e ir o s ; q u a n d o o p r im e ir o ( o j o g a d o r d a lin h a ) e s c o lh e
c o o p e ra r, o s e g u n d o e s c o lh e c o o p e ra r c o m p r o b a b ilid a d e p. D o r a v a n te d e
n o m in a - s e p a p r o b a b ilid a d e d e in s tr u ç ã o 7. A lé m d is s o , a d m ita m o s q u e , se
o jo g a d o r d a lin h a e s c o lh e r d e s e rta r, o jo g a d o r d a c o lu n a e s c o lh e r á d e s e r
t a r ta m b é m c o m p ro b a b ilid a d e q. D o r a v a n te , q é a p r o b a b ilid a d e d e r e t a
l ia ç ã o 8. E s s e e n f o q u e u s a o c o n c e ito d e e s tr a té g ia s c o r r e la c io n a d a s ( c a d a
j o g a d o r e m p r e g a u m a e s tr a té g i a d ife r e n te , d e a c o rd o c o m a e s tr a té g i a d o
o p o n e n te ) . O e n fo q u e e c o n g ru e n te c o m as e x ig ê n c ia s fra c a s d e r a c io n a li
d a d e in tr o d u z id a s n o C a p ítu lo 2 y. D e fa to , e s s e e n fo q u e r e q u e r a c re n ç a em
ta is p r o b a b ilid a d e s , in d e p e n d e n te m e n te d o f u n d a m e n to d e s s a c re n ç a . P a ra
g e ra r ta is e s tr a té g ia s c o rr e la c io n a d a s A u m a n n ( 1 9 7 4 ) e m p r e g a u m a rtifíc io
7. E m prego esse te rm o p orque um jo g a d o r pode p e n sar qu e pode in stru ir o seu o p o n en te a c o o p erar se fornecer
um exem plo.
8. E m prego o te rm o para in d ic ar q u e a esco lh a d a d eserção pode provocar um a reação p o r p arte d o o ponente.
9. M ais p recisam en te, d e n tro d a teoria .subjetiva dos jo g o s d efen d id a p o r Bayes. Ver K adane e L nrkey (1982).
B S C S H UFRGSI
GEORGE TSE B E U S
c o m u m d e a le a to rie d a d e . Im a g in e m o s , p o r e x e m p lo , q u e se a tire u m a m o e d a
p a ra o a lto e , s e e la d e r c a ra , o jo g a d o r 1 j o g a C , e o jo g a d o r 2 jo g a C c o m
p r o b a b ilid a d e p. S c d e r c o ro a , o jo g a d o r 1 j o g a D c o jo g a d o r 2 jo g a D c o m
p ro b a b ilid a d e q.
A u m a n n (1 9 7 4 ) ta m b é m e m p r e g a p r o b a b ilid a d e s s u b je tiv a s ( d if e re n
te s ) d e o c o r r ê n c ia d o m e s m o e v e n to c o m o u m s in a l p a ra g e ra r a c o o r d e n a
ç ã o d e e s tr a té g ia s . M o u lin (1 9 8 2 ) e s ta b e le c e a d is tin ç ã o e n tr e e s tr a té g ia s
c o rr e la c io n a d a s a u to - im p o s ta s (is to é, c a d a jo g a d o r m e lh o r a a su a s itu a ç ã o
se as s e g u ir), e c e n á rio s in ib id o re s , q u e to le ra m r e s u lta d o s q u e n ã o sã o a u to -
im p o s to s e r e q u e r e m a m e a ç a s p a ra s e re m m a n tid o s . M o u lin u tiliz a jo g o s
in fin ito s p a ra g e ra r o s s e u s c e n á r io s in ib id o re s : p r o m e te - s e a u m jo g a d o r
q u e q u a lq u e r d e s v io d o r e s u lta d o c o m b in a d o s e rá s e v e r a m e n te p u n id o n o
r e s ta n te d e um j o g o in fin ito . E m g e ra l, o s jo g a d o r e s p o d e rã o d e s e n v o lv e r
e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s se p u d e re m se c o m u n ic a r, s e p u d e re m e s ta b e lc c c r
c o n tr a to s p o r e s c r ito , o u se p u d e re m in g r e s s a r n u m a in te r a ç ã o ite ra tiv a . E m
c a d a u m d e s s e s c a s o s , p a r a c o o r d e n a r o u c o r r e la c i o n a r s u a s e s tr a té g ia s
p o d e m u til iz a r a s u a c o m u n ic a ç ã o a n te r io r , s e u s c o n tr a to s o u o se u c o m
p o r ta m e n to em r o d a d a s a n te r io r e s d o jo g o .
E c la r o q u e a r e a lid a d e é m ais c o m p lic a d a d o q u e e s s a s s im p lific a ç õ e s.
P o r e x e m p lo , a c o m u n ic a ç ã o p o d e s e r lim ita d a , o s s in a is p o d e m s e r m ais ou
m e n o s c la r o s , a s p r o m e s s a s p o d e m s e r fe ita s , m a s o s e u c u m p r im e n to p o d e
n ã o s e r t o ta lm e n te o b r ig a tó rio , e p o d e e s ta r p r e s e n te o o p o rtu n is m o . A p e
n a s r e c e n te m e n te ta is f e n ô m e n o s fo ra m in v e s tig a d o s p e lo e s tu d o d e jo g o s
ite r a tiv o s ( B e n d o r e M o o k h e r je e 1 9 8 7 ). D e v id o à i m p o r tâ n c ia d o s j o g o s
ite ra tiv o s, b e m c o m o a o seu u s o fre q ü e n te n a s e q ü ê n c ia d e s te liv ro , tra to do
a s s u n to c m s e p a r a d o na S e ç ã o IV. É n e c e s s á r io a p ro f u n d a r a in v e s tig a ç ã o
s o b re a p o s s ib ilid a d e d a s e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s o u c o rr e la c io n a d a s e s o
b re a fo rm a c o m o sã o g e ra d a s e m a n tid a s as p r o b a b ilid a d e s p e q. E n q u a n
to iss o , p a ra g e ra r p ro p o s iç õ e s p a ra j o g o s e m q u e e s s a s e s tr a té g ia s sã o p o s
s ív e is u tiliz o o s c o n c e ito s d e e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s e c o rr e la c io n a d a s .
A u m a n n ( 1 9 7 4 , 68 ) p ro v a q u e o u s o d e e s tr a té g ia s c o rr e la c io n a d a s e m
jo g o s n ã o -c o o p e ra tiv o s p o d e p ro d u z ir u m a a m p la v a rie d a d e d e e q u ilíb r io s " ’.
A q u i, u s o e s s e te o re m a p a ra d e s c o b r ir as c o n d iç õ e s n e c e s s á r ia s e s u fic ie n te s
p a ra a e s c o lh a d a c o o p e ra ç ã o p o r c a d a jo g a d o r. E m p a rtic u la r, a u tiliz a ç ã o
d a s p r o b a b ilid a d e s de in s tr u ç ã o (jy) e re ta lia ç ã o (q) to rn a p o s s ív e l o e x a m e
d o s q u a tr o jo g o s n o m e s m o q u a d ro a n a lític o .
A p o s s ib ilid a d e d e e s tr a té g ia s c o r r e la c io n a d a s c m q u a lq u e r u m d o s
q u a tr o jo g o s leva c a d a j o g a d o r a e s c o lh e r a e s tr a té g ia q u e m a x im iz a su a u ti
10. A distin çã o entre jo g o s c ooperativos e n ã o -cooperativos baseia-.se na p o ssib ilid ad e de estab e le ce r contratos
e ntre os jo g a d o re s: em jo g o s cooperativos, tais contratos são possíveis; c m jo g o s n ão-coopcrativos, não o são.
A im iam i (1 974J p rova a ex istê n cia <le eq u ilíb rio s para o s q u ais o v eto r p a y o ff não e stá c o n tid o d e n tro do
invólucro conv ex o dos eq u ilíb rio s d e estratég ia m istos.
J O G O S O C U LTO S 77
lid a d e e s p e r a d a . A s e q u a ç õ e s (3 .5 ) e ( 3 .6 ) d ã o as u tilid a d e s e s p e r a d a s d e
c a d a e s tr a té g i a . P o r m o tiv o s d e s im p lic id a d e , o ín d ic e i é r e tir a d o d o s
p a yo jfs.
E U (D ) = T ( I - q ) + P q ( 3 .5 )
E U (C ) = R p + 0 ( 1 - p ) ( 3 .6 )
E m te rm o s d e u tilid a d e e s p e r a d a , a c o o p e ra ç ã o s e rá e s c o lh id a sc:
E U (C ) - E U (D ) > 0 (3 .7 )
R e o r d e n a n d o o s te r m o s , ( 3 .7 ) é e q u iv a le n te a:
(R - 0 ) p + ( T - P )q > ( T - O ) ( 3 .8 )
A s s im , q u a n d o ( 3 .8 ) f o r v e r d a d e ir a p a r a u m jo g a d o r , e le e s c o l h e r á
c o o p e ra r. D e m o d o in v e rs o , p o r m e io d e (3 .8 ), o s le ito re s p o d e m f a z e r m e
lh o re s p r e v is õ e s s o b re o m o m e n to em q u e é p ro v á v e l q u e o c o rr a a c o o p e
ra ç ã o . A r e f e r ê n c ia às in e q u a ç õ e s ( 3 .1 ) a ( 3 .4 ) m o s tra q u e to d a s as q u a n ti
d a d e s e n tr e p a r ê n te s e s n a in e q u a ç ã o ( 3 .8 ) sã o p o s itiv a s p a ra to d o s o s j o g o s .
Is s o in d ic a q u e , à m e d id a q u e a u m e n ta m as p r o b a b ilid a d e s p e q, é m a is p r o
v á v e l a e s c o lh a d a c o o p e ra ç ã o .
U m e x a m e d e (3 .8 ) ta m b é m c o n d u z a a lg u m a s o b s e rv a ç õ e s a re s p e ito
d o im p a c to d a s v a ria ç õ e s d e payoffs so b re a p ro b a b ilid a d e d e c o o p e ra ç ã o n o s
q u a tr o j o g o s . P o r e x e m p lo , q u a n d o R (o p a y o ff para c o o p e r a ç ã o m ú tu a )
a u m e n ta , o v a lo r d c (R - S ) n o la d o e s q u e rd o d e ( 3 .8 ) c re s c e , e, p o rta n to , é
m a is p ro v á v e l q u e ( 3 .8 ) s e ja v e rd a d e ira e é m a is p ro v á v e l p o r ta n to q u e se
e s c o lh a c o o p e ra r. Q u a n d o P (o p a y o ff p a ra d e s e r ç ã o m u tu a ) a u m e n ta , o la d o
e s q u e r d o d c (3 .8 ) d im in u i, e é m e n o s p ro v á v e l q u e ( 3 .8 ) s e ja v e rd a d e ira , e
e n tã o é m e n o s p ro v á v e l q u e s e ja e s c o lh id a a c o o p e ra ç ã o . Q u a n d o T (o p a y o ff
p a ra d e s e r ç ã o u n ila te ra l) a u m e n ta , ta n to o la d o e s q u e r d o q u a n to o d ire ito d e
(3 .8 ) a u m e n ta m , m a s o la d o e s q u e rd o a u m e n ta m a is le n ta m e n te p o rq u e T é
m u ltip lic a d o p o r um n ú m e ro m e n o r q u e 1. A s s im , c m e n o s p ro v áv e l q u e (3 .8 )
s e ja v e rd a d e ira , c , p o r ta n to , a c o o p e ra ç ã o s e t o rn a m e n o s p ro v á v e l. F in a l
m e n te , q u a n d o O (o p a y o ff p o r te r s id o lev a d o à c o o p e ra ç ã o e n g a n o s a p e lo
o p o n e n te ) a u m e n ta , ta n to o la d o d ire ito q u a n to o e s q u e r d o d e ( 3 .8 ) d im i
n u e m , m as o la d o e s q u e r d o d e c rc s c e m a is le n ta m e n te p o r q u e O é m u ltip li
c a d o p o r um n ú m e ro m e n o r q u e I . A s s im , c m a is p ro v á v e l q u e (3 .8 ) s e ja v e r
d a d e ira , e a c o o p e ra ç ã o s e to rn a m a is p ro v á v e l.
O le ito r e n c o n tr a rá , nos A p ê n d ic e s A c B d e s te c a p ítu lo , u m n ú m e ro
m a io r d e o b s e rv a ç õ e s e d e p ro v a s fo rm a is . A q u i a p e n a s r e a firm o d u a s d a s
p r o p o s iç õ e s p ro v a d a s n o s a p ê n d ic e s .
GEORGE TSE B E U S
II. A lógica das am eaças acreditáveis e não-acreditáveis é usada dc m aneira extensa no Capítulo 6, e m q u e os m i
litantes do P artid o T rab alh ista britânico nm caçam substituir os seus representantes se não forem sufieietilem en-
J O G O S O C U LT O S 79
d a n ç a n a e s tr a té g i a e s tá c o m p l e ta m e n te e r r a d a s e o j o g o f o r d e u m a só
jo g a d a e s e n ã o fo re m p e rm itid a s e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s ( c o n f o r m e in d i
c a a S e ç ã o II).
A s p r o p o s iç õ e s 3 .6 c 3 .7 s e m a n tê m ta m b é m p a r a o j o g o d o s e g u ro e
p a ra o d o g a lin h a . A o b s e rv a ç ã o é m u ito im p o r ta n te : c o n fo r m e a firm e i no
C a p ítu lo 1 e n o v a m e n te n a in tr o d u ç ã o d e s te c a p ítu lo , j o g o s e m m ú ltip la s
a re n a s p o s s u e m p a yo jfs v a riá v e is , e as v a ria ç õ e s d o s pa yo ffs n o s j o g o s em
q u e s ã o p e rm itid a s e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s p r o d u z e m o s m e s m o s r e s u l ta
do s in d ep endentem ente da natureza do jo g o \ o s re s u lta d o s d e p e n d e m a p e
n a s d o ta m a n h o d o s payoffs.
N o s C a p ítu lo s 5 , 6 e 7 d e s c re v o s itu a ç õ e s e m q u e o s a to r e s e s tã o e n
v o lv id o s e m jo g o s e m v á ria s a re n a s , e as c o n d iç õ e s p r e d o m in a n te s e m o u
tr a s a r e n a s d e te r m in a m o s p a yo jfs n a a r e n a p r in c ip a l. E m c o n s e q ü ê n c i a ,
q u a n d o m u d a m as c o n d iç õ e s n u m a a re n a , variam os p a y o ffs n a a re n a p r in
c ip a l. S e fo re m p o s s ív e is e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s , e s s a v a ria ç ã o i n d u z ir á os
a to r e s a m u d a re m s u a s e s tr a té g ia s n a a re n a p r in c ip a l. D e s s e m o d o , a s p r o
p o s iç õ e s 3 .6 e 3 .7 s ã o u s a d a s c o m f re q ü ê n c ia p a r a in v e s tig a r o im p a c to d a s
c o n d iç õ e s p r e d o m in a n te s n u m a a re n a s o b re as e s tr a té g ia s d o s a to r e s p o lí
tic o s n a a re n a p rin c ip a l.
IV. JO G O S ITERATIVOS
q u e j a m a is a lc a n ç a rã o (d ig a m o s 1 0 0 100). S c o j o g o f o r d e u m a só jo g a d a ,
a m b o s irã o d e s e r ta r . S e o j o g o f o r d e d u a s p a r tid a s , iria m a d o ta r A L LD
(c o m o s u g e re o a rg u m e n to d e in d u ç ã o re tro a tiv a ); a m e s m a e s tr a té g ia é a d o
ta d a se o n ú m e r o d e ite ra ç õ e s fo r trê s o u q u a tro , e a ssim p o r d ia n te . D e fa to ,
p o d e -s e d e s e n v o lv e r um a rg u m e n to in d u tiv o : p a ra u m n ú m e r o fin ito d e r o
d a d a s , A L LD s e rá a m e lh o r r e s p o s ta d e u m jo g a d o r p a ra o o u tro . N ã o im
p o rta , p o r ta n to , q u a l é o n ú m e r o e x a to d e ite r a ç õ e s , c a d a j o g a d o r c o n tin u a rá
jo g a n d o A L L D 12.
O a rg u m e n to é g e n é ric o ; s e ja o u n ã o d o c o n h e c im e n to d o s jo g a d o r e s
o n ú m e r o d e ro d a d a s , se e le s s o u b e re m q u e é fin ito , irã o j o g a r A LLD . A lé m
d is s o , c o m o o b s e rv a C a r ro ll ( 1 9 8 5 ), c o m o o s h u m a n o s n ã o jo g a m j o g o s
in fin ito s ( p o rq u e “ o s h u m a n o s n ã o to m a m d e c is õ e s s o b re q u a lq u e r c o is a
p a ra s e m p r e ! ” ), a im p o r tâ n c ia d a e x is tê n c ia d c e q u ilíb r io s c o o p e ra tiv o s e m
ite r a ç õ e s in fin ita s é p ro b le m á tic o .
E s s a lin h a d e ra c io c ín io e lim in a d e u m a v e z p o r to d a s a c o o p e ra ç ã o :
em to d o s o s c a s o s , a m b o s o s jo g a d o r e s s a b e m q u e o se u o p o n e n te irá u ti
liz a r a in d u ç ã o r e tr o a tiv a . P o r ta n to , a m b o s jo g a r ã o A L L D . I n d e p e n d e n t e
m e n te d c s c r o n ú m e r o d c ite ra ç õ e s 10 o u 1 m ilh ã o , d e s a b e re m o u n ã o e s s e
n ú m e ro , n a m e d id a e m q u e e le é fin ito ( e e s s e é u m c o n h e c im e n to c o m u m ) ,
a m b o s o s j o g a d o r e s jo g a r ã o A LLD .
N ã o o b s ta n te , e s s e é a p e n a s u m c a s o e s p e c ia l em q u e A L LD é a e s
c o lh a ó tim a . S e o s e u a d v e rs á r io j o g a r A LLC ( c o o p e r a ç ã o em to d a s as r o
d a d a s d o jo g o ) , para você ainda será preferível A L LD . A lé m d is s o , s e e le la n
ç a r u m a m o e d a p a ra o a lto a n te s d e c a d a r o d a d a e c o o p e r a r se d e r c a ra ,
d e s e r ta n d o e m c a s o c o n tr á rio , ALLD a in d a s e rá o m e lh o r p a ra v o c ê . S c o
s e u a d v e r s á r io e m p r e g a r o u tr o a r tif íc io a le a tó r io e c o o p e r a r e m 6 0 % d o
te m p o , A L LD a in d a p r o d u z ir á o m e lh o r r e s u lta d o p a ra v o c ê . F in a lm e n te , se
o se u a d v e rs á r io a lte rn a r C e D a c a d a c in c o v e z e s , a in d a d e v e ria s e r a d o
ta d o A LLD . F a la n d o d e m o d o g e ra l, se u m jo g a d o r s o u b e r q u e o s e u o p o
n e n te u s a rá algum a e s tr a té g ia q u e n ã o s e ja d e p e n d e n te d e su a p r ó p ria e s
tra té g ia , e le irá p r e f e r ir j o g a r A LLD . V o c ê d e v e a b a n d o n a r ALLD a p e n a s se
a c re d ita r q u e o seu a d v e rs á r io irá u tiliz a r a lg u m a fo rm a d e e s tr a té g ia c o n
tin g e n te . E s ta a n á lis e re p r o d u z e x a ta m e n te a p r o p o s iç ã o 3.5 d o A p ê n d ic e
A d e s te c a p ítu lo : n o j o g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s , e n q u a n to o s j o g a d o
re s n ã o u tiliz a r e m e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s , n ã o p o d e d e s e n v o lv e r- s e a c o
o p e ra ç ã o e n tr e a d v e rs á r io s r a c io n a is , c o m i n te r e s s e s p ró p rio s .
F u n d a m e n t a lm e n te , a in d u ç ã o re tr o a tiv a e li m in a a p o s s ib ilid a d e d e
e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s p o r q u e e la d á a c a d a jo g a d o r u m a in fo r m a ç ã o s o
b re a c s c o lh a in c o n d ic io n a l d e e s tr a té g ia d o a d v e rs á rio : A LLD . D e fa to , se
12. í: íáeil m o strar q u e, nu lógica form al, a sen ten ça “(/)(I ) = > </) e (/;(2) = > q) e (/j(3) = > q ) e... e = >
</)" é e quivalente à sen ten ça “( /j(I) ou i>(2 ) ou /j(3 ) ou... ou />(")) = > </”- Podem os tirar a p rova se pensarm os
que /;(/) é a sentença "sc o núm ero de iterações to r i", e </ é a sentença “jo g o ALLD”.
H2 G E O R G E T S E B E L IS
v o c ê s o u b e r q u e s e u o p o n e n te jo g a r á A L L D , in d e p e n d e n t e m e n te d e s u a
p r ó p ria e s tr a té g ia , v o c ê irá p r e f e r ir j o g a r A L LD ta m b é m . O b s e r v e m o s q u e
a in d u ç ã o r e tr o a tiv a é u m a r a z ã o p o s s ív e l p a ra q u e se u o p o n e n te p o s s a e s
c o lh e r A L LD . O u tr a s r a z õ e s sã o ta m b é m p o s s ív e is : e le p o d e te r u m a in te
lig ê n c ia lim ita d a o u s e r b e lic o s o ; n e s s e c a s o a m e lh o r e s tr a té g ia s e ria ta m
b é m A L LD . E le p o d e a in d a s e r g e n til e e s ta r d is p o s to a j o g a r A L L C ; tam bém
neste caso A L LD s e ria a m e lh o r re s p o s ta . A s s im , A L LD r e v e la -s e u m a e s tr a
té g ia q u e p o d e s e r u s a d a n ã o a p e n a s c o n tr a u m o p o n e n te ra c io n a l (u m o p o
n e n te q u e u s a in d u ç ã o re tro a tiv a ) , m a s ta m b é m s e m p r e q u e s e u o p o n e n te
n ã o u s a r e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s .
T o d a v ia , to d o s o s e x p e rim e n to s in d ic a m q u e jo g a d o r e s s o f is tic a d o s
ig n o ra m as p r e s c r iç õ e s d a in d u ç ã o r e tro a tiv a . C o m e fe ito , n o s “ to rn e io s d e
A x e lro d ” , n o s q u a is p a rtic ip a m c ie n tis ta s p o lític o s , p s ic ó lo g o s , c ie n tis ta s d a
c o m p u t a ç ã o e e c o n o m i s ta s , a s e s tr a té g i a s m a is b e m - s u c e d i d a s f o ra m a s
“ b o a z in h a s ” , isto é, a q u e la s q u e ja m a is p r e s c r e v ia m a d e s e r ç ã o em p r im e ir o
lu g ar. A e s c o lh a d e e s tr a té g ia s “ b o a z in h a s ” e r a c o m u m m e s m o q u a n d o o s
j o g a d o r e s s a b ia m d e a n te m ã o o n ú m e r o e x a to d e ro d a d a s .
E s s a d is c r e p â n c ia e n tr e p re s c riç õ e s d a te o ria d o s jo g o s e o c o m p o r ta
m e n to e fe tiv o fo i e x p lic a d a p o r F u d e n b e rg e M a s k in (1 9 8 6 ), q u e p ro v a ra m
um “ t e o r e m a p o p u l a r ” (folk theorem ) s o b re jo g o s i te r a t i v o s 13. O t e o r e m a
p o p u la r e s ta b e le c e q u e “ q u a lq u e r r e s u lta d o r a c io n a l in d iv id u a l p o d e s u rg ir
c o m o u m e q u ilíb rio d e N a s h em jo g o s re p e tid o s in fin ita m e n te c o m u m fa
to r d e d e s c o n to s u fic ie n te m e n te p e q u e n o ” (F u d e n b e r g e M a s k in 1 9 8 6 , 5 3 3 ).
E m te rm o s n ã o -té c n ic o s , o te o r e m a s ig n ific a q u e algum r e s u lta d o q u e d á a
c a d a jo g a d o r n ã o m e n o s d o q u e e le p o d e ria e s p e ra r re c e b e r p o r s u a p ró p ria
c o n ta p o d e s e r e s tá v e l. F u d e n b e rg e M a s k in p ro v a ra m q u e a p r o p o s iç ã o é
v e rd a d e ira n ã o a p e n a s p a ra jo g o s re p e tid o s in fin ita m e n te , m a s p a ra j o g o s d e
ite r a ç õ e s f in ita s (d e s d e q u e e s s e n ú m e r o s e ja s u f ic ie n te m e n te g r a n d e ) se
h o u v e r in fo r m a ç ã o in c o m p le ta , o u se ja , in c e rte z a s o b re o s payoffs d o o p o
n e n te . S e o p r im e iro jo g a d o r n ã o c o n h e c e r o s payoffs d e seu a d v e rs á rio , e n tã o
p o d e a c re d ita r q u e h á u m a p e q u e n a p ro b a b ilid a d e d e q u e tais p ayoffs to rn e m
ra c io n a l p a ra o s e g u n d o a c o o p e ra ç ã o m ú tu a . N e s s e c a s o , e le p o d e e s c o lh e r
c o o p e ra r, e a c o o p e ra ç ã o m ú tu a s e rá o r e s u lta d o d e c a d a ite r a ç ã o d o jo g o .
I n fo r m a ç ã o in c o m p le ta é s u fic ie n te p a ra e lim in a r a d is tin ç ã o e n tr e u m n ú
m e ro fin ito e u m n ú m e r o in fin ito d e r o d a d a s 14, F u d e n b e rg e M a s k in p r o v a
ram q u e u m a e s tr a té g ia c o o p e ra tiv a p o d e ria s e r o re s u lta d o d e e q u ilíb rio d e
u m jo g o ite ra tiv o q u a n d o o n ú m e r o d e ite ra ç õ e s é fin ito ( se h á in fo r m a ç ã o
in c o m p le ta ) o u in fin ito .
13. Tcmvimis populares (Jiilk ilwoivms) são proposições pressupostas como verdadeiras bem antes tle sim prova formal.
14. Ver tam b ém K reps ei al. (1 9 8 2), em qu e é apresen tado o seguinte a rgum ento: a in certe za so b re o co n h ec i
m ento q u e seu o p o n en te tem d e que você sabe q u e e le sabe... q u e um d o s d o is é racio n al é su ficien te para
gerar estraté g ias coop erativ as e m eq u ilíb rio .
JO G O S O C U LT O S
15. M uis p recisam en te, co m o eq u ilíb rio perfeito. O s eq u ilíb rio s p erfeito s sã o eq u ilíb rio s d c N ash q u e não são
m antid o s por a m eaças não -acred itáv eis ( S d te n 1975).
G EO RG H TSE IIE LIS
n e n te s s ã o ( T = 6 , R = 4 , P = 3, O = 1). P o r c o n s e g u in te , s e e le d e s e rta r,
irá g a n h a r 2 u n id a d e s ; d a í e m d ia n te , re c e b e r á 3 e m v e z d e 4 ( u m a p e rd a
líq u id a d e 1 ) e m c a d a i te r a ç ã o d o jo g o .
Q u a l é o o p o n e n te m a is v u ln e rá v e l à a m e a ç a d e r e ta lia ç ã o p e rm a n e n te
(A L L D )? O b v ia m e n te , a p e rd a n o p r im e ir o c a s o é m u ito m a is a lta d o q u e
n o s e g u n d o , e o p r im e ir o o p o n e n te te m m a is p ro b a b ilid a d e d o q u e o s e g u n
d o d e r e s p e ita r o a c o rd o . N a v e rd a d e , u m a i te r a ç ã o a m a is é s u fic ie n te p a ra
f a z e r o p r im e ir o a d v e rs á r io r e s p e ita r o a c o rd o , p o r é m n o s e g u n d o s ã o n e
c e s s á r ia s m a is d e d u a s ite r a ç õ e s . D e s s a f o rm a , q u a n d o o s g a n h o s p o r c o o
p e ra ç ã o a u m e n ta m , ou o s g a n h o s p o r d e s e r ç ã o d im in u e m , s ã o e x ig id o s h o
riz o n te s d e te m p o m e n o r e s p a r a q u e sc d e s e n v o lv a a c o o p e r a ç ã o . N e s s e
s e n tid o , q u a n d o o s p a yo jfs p a ra c o o p e ra ç ã o a u m e n ta m o u o s pa yo ffs p a ra
d e s e r ç ã o d im in u e m , a c o o p e ra ç ã o s e t o m a m a is p ro v á v e l (o d e s e n v o lv im e n
to d a c o o p e ra ç ã o r e q u e r h o r iz o n te s d e te m p o m a is c u rto s ).
D e ta lh a r a p ro v a d e F u d e n b e rg e M a s k in s e ria u m e x e rc íc io m a te m a
t ic a m e n te c o m p lic a d o . N o e n ta n to , a e s s ê n c ia d e se u a rg u m e n to n ã o é d i
f e r e n te d o s a rg u m e n to s q u e a p re s e n te i n e m d a p ro p o s iç ã o q u e p ro v e i n a S e
çã o III e n o s A p ê n d ic e s A e B d e s te c a p ítu lo . A r a z ã o m a is p r o fu n d a p a ra
e s s a c o in c id ê n c ia é q u e o s j o g o s r e p e tid o s p e rm ite m o d e s e n v o lv im e n to d c
e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s o u c o rr e la c io n a d o s ; lo g o , to d a s as p r o p o s iç õ e s p r o
v a d a s n o c a s o g e ra l ta m b é m se s u s te n ta m n o c a s o e s p e c ia l.
V. CONCLUSÕES
N a S e ç ã o I, e x p u s o s m o tiv o s p e lo s q u a is o s jo g o s e m m ú ltip la s a r e
n a s s ã o jo g o s c o m payoffs v a riá v e is , e p e lo s q u a is e v e n to s o u m o v im e n to s
d e o u tro s jo g a d o r e s em o u tra s a re n a s a fe ta m o s p a yo ffs n a a re n a p rin c ip a l.
N a s s e ç õ e s s u b s e q ü e n te s , a p re s e n te i q u a tr o jo g o s d ife r e n te s d e d o is j o g a
d o r e s ( d ile m a d o s p r is io n e ir o s , j o g o d o im p a s s e , d o g a lin h a e d o s e g u ro ),
p rim e ir a m e n te c o m o jo g o s d e u m a só j o g a d a , se m e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s ,
d e p o is o s m e s m o s j o g o s c o m e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s , e f in a lm e n te u m a r
r a n jo d e jo g o s ite r a tiv o s . E m jo g o s d e u m a ú n ic a p a rtid a se m e s tr a té g ia s
c o n tin g e n te s o o r d e n a m e n to d o s p a yo ffs é s u fic ie n te p a r a c a lc u la r o s e q u i
líb rio s . O n ú m e r o d e e q u ilíb rio s d e n tr o d e u m j o g o te m i m p o r tâ n c ia p a r ti
c u la r p o r q u e a e x is tê n c ia d e v á rio s e q u ilíb rio s p o d e p r o d u z ir re s u lta d o s in s
t á v e is . H á a p e n a s u m j o g o e m q u e o n ú m e r o d e e q u ilíb r io s r a z o á v e is é
m a io r q u e um : o j o g o d o g a lin h a . D o s j o g o s r e s ta n te s , o d ile m a d o s p r is io
n e iro s p r o d u z u m tip o d ife r e n te d e in s ta b ilid a d e : o e q u ilíb rio ú n ic o é i n fe
r io r d e P a r e to . E m j o g o s d e u m a ú n ic a p a rtid a , o s jo g a d o r e s n ã o p o d e m
m e lh o r a r o s s e u s re s u lta d o s .
O e s tu d o d e jo g o s d e u m a só jo g a d a se m e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s c o n
f ir m a o q u e se a firm o u n o C a p ítu lo 1 d a s e g u in te f o rm a : fic a a im p r e s s ã o
JO G O S O C U LT O S
d e q u e a r a c io n a lid a d e e u m a e x ig ê n c ia re s tritiv a . U m a v e z im p o s ta a e x i
g ê n c ia , o n ú m e r o d e e q u ilíb rio s p o s s ív e is é re s trito e a lg u m a s v e z e s in s a
tis f a tó r io ( c o m o n o c a s o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s ) . A s itu a ç ã o m u d a d r a s
tic a m e n te , p o ré m , q u a n d o s e p e rm ite m e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s : o n ú m e ro
d e e q u ilíb rio s to rn a - s e in fin ito . N o c a s o d a s e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s , a ra
c io n a lid a d e (e a te o r ia d o s j o g o s ) , lo n g e d e s e r r e s tritiv a d e m a is , to rn a - s e
in s u f ic ie n te m e n te r e s tritiv a .
E s s a im p o rta n te d e s c o b e r ta s o la p a o s a rg u m e n to s c o n tr a a r a c io n a lid a
de. N ã o é v e rd a d e q u e o c o m p o r ta m e n to e fe tiv o d o h o m e m é m ais v a ria d o
do q u e o q u e p o d e m p ro d u z ir o s m o d e lo s q u e p re s s u p õ e m ra c io n a lid a d e . A o
c o n tr á rio , o p r e s s u p o s to d e r a c io n a lid a d e p o d e p r o d u z ir u m a v a ria b ilid a d e
m a io r d e r e s u lta d o s d o q u e e x is te m n a re a lid a d e . D e fa to , a v a ria b ilid a d e dc
r e s u lta d o s p ro d u z id o s p e lo s m o d e lo s d e e s c o lh a r a c io n a l é tão a m p la q u e é
p re c is o im p o r re s triç õ e s a d ic io n a is d e m o d o a p r o d u z ir u m a c o rr e s p o n d ê n
c ia e n tr e o s m o d e lo s e a re a lid a d e .
D e n tre o n ú m e ro in fin ito d e re s u lta d o s , a q u e le s e m q u e a e s tr a té g ia d e
c o o p e r a ç ã o é e s c o l h i d a c o m m a io r f r e q ü ê n c ia to r n a m - s e m a is p r o v á v e is
q u a n d o o s payoffs R e O a u m e n ta m e o s payoffs T c P d im in u e m , indepen
d entem ente da natureza do jogo. R e s u lta d o s a n á lo g o s sã o p ro d u z id o s n o c a so
d e jo g o s ite ra tiv o s. E s s a s im ila rid a d e s e d e v e a o falo d e q u e as ite r a ç õ e s p e r
m ite m o d e s e n v o lv im e n to d e e s tra té g ia s c o n tin g e n te s o u c o rr e la c io n a d a s .
A re la ç ã o e n tre a d im e n s ã o d o s payojfs e a p ro b a b ilid a d e d as d ife re n te s
e s tra té g ia s em jo g o s c o m e s tra té g ia s c o n tin g e n te s é f o rn e c id a p e la s p ro p o s i
ç õ e s 3 .6 e 3.7: a p ro b a b ilid a d e d e c o o p e ra ç ã o a u m e n ta q u a n d o a u m e n ta m os
p a yo jfs r e s u lta n te s de c o o p e ra ç ã o (R e O ), e d im in u i q u a n d o a u m e n ta m os
p ayoffs r e s u lta n te s d a d e s e r ç ã o (T e P). E m p re g o ta is p r o p o s iç õ e s a o lo n g o
d e s te livro p a ra e s tu d a r jo g o s em m ú ltip la s a re n a s , ou seja, jo g o s c o m payoffs
v a riá v e is , em q u e a s itu a ç ã o p re v a le c e n te n u m a a re n a a fe ta o s payoffs d e um
jo g o na a re n a p rin c ip al.
APÊNDICE AO CAPÍTULO 3: A
I re i p r o v a r u m a s é rie d e p r o p o s iç õ e s q u e re la c io n a m a p r o b a b ilid a d e
d e c o o p e ra ç ã o c o m o s p a yo ffs d ife r e n te s e c o m as p r o b a b ilid a d e s d e i n s
tr u ç ã o e r e ta lia ç ã o e m u m j o g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s .
A r e p r e s e n ta ç ã o g r á f i c a d e ( 3 .8 ) n o p la n o (/;, q) é d a d a n a F ig u r a
3 .7 , e f o rn e c e i n te r e s s a n te s insights s o b re a s it u a ç ã o 1. N a F ig u r a 3 .7 , a p r o
b a b ilid a d e d e in s tr u ç ã o p e s tá r e p r e s e n ta d a ao lo n g o d o e ix o h o r iz o n ta l, e
a p r o b a b ilid a d e d e r e ta lia ç ã o q e s tá r e p r e s e n ta d a a o lo n g o d o e ix o v e r t i
c a l. E s s a s p r o b a b ilid a d e s p o d e m to m a r q u a lq u e r v a lo r n o in te r v a lo [0, 1],
d e m o d o q u e a m b a s p o d e m s e r r e p r e s e n ta d a s p o r q u a lq u e r p o n to d e n tr o
d o q u a d r a d o d e f in id o p e lo s p o n to s 0 , 1 , ( 1 , 1) e 1. C h a m o e s s e q u a d ra d o
d e q u a d r a d o d a u n id a d e . A F ig u r a 3 .7 a ju d a a r e s p o n d e r à q u e s tã o : “q u e
c o m b in a ç õ e s d e p e q p r o d u z ir ã o a e s c o lh a d a c o o p e r a ç ã o n o j o g o d o d i
le m a d o s p r is io n e ir o s ? ” A E q u a ç ã o ( 3 .8 ) f o r n e c e as c o n d iç õ e s n e c e s s á r ia s
e s u fic ie n te s p a ra a e s c o lh a d e c o o p e ra ç ã o p o r p a rte d e u m jo g a d o r r a c io
n a l, c o m in te r e s s e s p r ó p rio s .
A lin h a r e ta E = 0 r e p r e s e n ta o c a s o d e i n d if e re n ç a e n tr e c o o p e ra ç ã o
e d e s e r ç ã o . C o m e fe ito , q u a n d o E = 0 , a u tilid a d e e s p e r a d a p a r a c a d a e s
tr a té g ia é a m e s m a . E = 0 c o rta o e ix o p n o p o n to p i = ( T - 0 ) / ( R - O ) e
o e ix o q n o p o n to <r/, = ( T - 0 ) / ( T - P ) 2. D e ( 3 .1 ) s e g u e - s e q u e c a d a u m a
]. A rigor, a Fig u ra 3.7 d e v eria rep rese n ta r o pro b lem a d a e sco lh a p a ra am b o s os jo g a d o re s. Seria necessário,
portanto, um e sp aç o q u ad rid im en sio n al. Sem elh an te represen tação , p o rém , n ão é possív el g e o m etricam en te, e
o e spaç o b id im en sio n al d a figura é su ficiente para p ro d u zir to d as as c o n clu sõ es req u erid as para os capítulos
su b se q ü en tes d o livro.
2. Para c a lc u lar o v alo r />, o n d e a lin h a E = 0 c o rta o eixo/> é p reciso u sa r (3.8) e estab e le ce r o lado d ireito igual
a zero e q igual a zero. O resultado desse procedim ento é />, = (T - 0 ) /( R - O ). A nalogam ente, se estabelecerm os
G E O R G E T S E B E L IS
d e s s a s q u a n tid a d e s c m a io r q u e 1. A lin h a p + q = 1 r e p r e s e n ta o c a s o em
q u e d o is j o g a d o r e s d e c id e m s u a s e s tr a té g ia s d e m a n e ira in d e p e n d e n te um
d o o u t r o 3. E s s a d e fin iç ã o d e in d e p e n d ê n c ia é e q u iv a le n te à d e fin iç ã o m ais
f a m ilia r d a in d e p e n d ê n c ia e s ta tís tic a '1. S e g u e -s e q u e a lin h a p + q = 1 fic a
sem p re a s u d o e s te d e E = 0 n a F ig u ra 3 .7 .
F ig u ra 3 .7 R c p r c s c n t a ç a o g r á f i c a d c u m j o g o d o d i l e m a d o s p r i s i o n e i r o s n o p l a n o (/?, q).
P a r a c o m p r e e n d e r o s ig n if ic a d o p r á tic o d e s s a s o b s e rv a ç õ e s , p r e c is a
m o s v o lta r a n o s s o s p r e s s u p o s to s : q u e a m b o s o s j o g a d o r e s s ã o r a c io n a is no
s e n tid o d e q u e p ro c u r a m m a x im iz a r as su a s u t ilid a d e s e s p e r a d a s , e q u e têm
in te r e s s e s p r ó p rio s n o s e n tid o d e q u e as s u a s f u n ç õ e s d e u tilid a d e n ã o in
c lu e m o p a y o ff d a o u t r a p a rte c o m o u m a r g u m e n to d a fu n ç ã o . C o n f o r m e
loi o b s e rv a d o , n u m j o g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s , a lin h a E = 0 ja m a is
c o r ta a lin h a d a in d e p e n d ê n c ia (p + q = 1). E x p r e s s o f o rm a lm e n te :
P roposição 3.1. N u m j o g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s , o s jo g a d o r e s
r a c io n a is , in d e p e n d e n te s e c o m in te r e s s e s p r ó p r io s ja m a is irã o c o o p e ra r.
E s s a p r o p o s iç ã o é u m m e r a r e f o r m u la ç ã o d o q u e a fir m a m o s n a S e
ç ã o I, o u s e ja , q u e a d e s e r ç ã o é a e s tr a té g ia d o m in a n te d c u m j o g o d o di-
o lado direito dc (3.8J cm zero c p cm zero, podem os calcular o pom o t/[ = ('I' - S )/(T - PJ d a iiitersecção dc F. = 0
3. De fato, ao lo ngo d a lin h a />-*-</= 1. />, isto é. ;i p ro b ab ilid ad e c o nd icion al d c co o p eração q u an d o o o u tro coo
pera, é igual a 1 • q, ou seja, ;i p ro b ab ilid ad e c ondicional d e co o p eraç ão q u an d o o outro d eserta. D esse modo.
o ou tro jo g a d o r c o o p era ou d e serta com a m esm a p ro b ab ilidade, in d e p en d en tem ente d o q n c ía z o o u tro jo g a
dor. E m outras p alavras, cada um dos do is jo g a d o re s decide sobre o .sen cu rso d c a ção in d e p en d en tem en te di>
outro. Rstc é ex atam en te o caso que investiguei na S eção 1.
4. A independência e statística c d efinida com o o caso em que a prob ab ilid ad e c o ndicional d c c o o p eração (quando
o outro c o o p era) é igual à p ro b ab ilid ad e inco n d icio n al de c o o p eração . C o ntud o , um a vez q u e a prob ab ilidade
incondicio n al de co o p eraç ão é a m édia po n d erad a da.s p ro b abilid ad es co n d icio n a is de c o o p eração q u an do o
o p onen te c o o p era e q u an d o o op o n en te deserta, q u an d o e.ssas d uas p ro b ab ilid ad es c o n dicio n ais são iguais, a
sua m éd ia (a p ro b ab ilid ad e in co n d icio n al) é tam bém igual.
J O G O S O CU LTO S
le m a d o s p r is io n e ir o s , e o e q u ilíb rio d e N a s h d e s s e jo g o é a d e s e rç ã o m ú tu a .
N o e n ta n to , a i n tr o d u ç ã o d a s p r o b a b ilid a d e s d e in s tr u ç ã o (/?) e r e ta lia ç ã o
(q) to rn a m p o s s ív e l i n tr o d u z ir e x p lic ita m e n te a c o n d iç ã o d e j o g a d o r e s in
d e p e n d e n te s . A lé m d iss o , c o n fo r m e fic a rá c la r o n o A p ê n d ic e B , a i n tr o d u
ç ã o d a s p r o b a b ilid a d e s d c in s tr u ç ã o (/;) e d e r e ta lia ç ã o (q) t o rn a p o s s ív e l
u m tr a ta m e n to u n ific a d o d o s q u a tr o j o g o s .
A F ig u ra 3 .7 p o d e s e r u s a d a p a ra c a lc u la r as p r o b a b ilid a d e s m ín im a s
d a i n s tr u ç ã o ( / r i!) e d a r e ta lia ç ã o (<?*) r e q u e r id a s p a r a q u e s e d e s e n v o lv a
c o o p e ra ç ã o . O le ito r p o d e c o m p r o v a r a p a rtir d e s s a f ig u r a q u e a c o o p e ra ç ã o
é p o s s ív e l a p e n a s q u a n d o p > p* ( to d o s o s p o n to s n a á re a s o m b r e a d a r e s p e i
ta m e s s a c o n d iç ã o ) . D e m o d o s im ila r , p a ra to d o s o s p o n to s d a á re a s o m
b r e a d a , o u s e ja , p a ra to d o s o s p o n to s p a ra o s q u a is a c o o p e ra ç ã o é p o s s ív e l,
q > g * 5. A p a rtir d a F ig u ra 3.7 é fác il c a lc u la r p* = (P - 0 ) / ( R - O ) e q * =
( T - R ) /( T - P ) f'. T a n to /?* q u a n to q* sã o p o s itiv o s p o r c a u s a d e (3 .1 ).
P ro p o siçã o 3.2. N o j o g o d o d ile m a d o s p r is i o n e i r o s , só é p o s s ív e l
c o o p e ra ç ã o se a p r o b a b ilid a d e d e in s tr u ç ã o p fo r m a io r q u e p* = (P - O )/
(R - O ).
P ro posição 3.3. N o j o g o d o d ile m a d o s p r is i o n e i r o s , s o m e n te é
p o s s ív e l c o o p e ra ç ã o se a p ro b a b ilid a d e d e r e ta lia ç ã o q fo r m a io r q u e q * =
(T - R)/(T - P ).
A c o m b in a ç ã o d a s p r o p o s iç õ e s 3.1 a 3 .3 c o m a in e q u a ç ã o ( 3 .8 ) f o r
n e c e u m a e x p re s s ã o s im p le s d a s c o n d iç õ e s n e c e s s á r ia s c s u fic ie n te s p a ra o
d e s e n v o lv im e n to d e c o o p e r a ç ã o n u m j o g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s .
P ro posição 3.4. A s c o n d iç õ e s n e c e s s á r ia s e s u f ic ie n te s p a ra c o o p e
r a ç ã o n u m j o g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s s ã o p > (P - 0 ) / ( R - O ) e q >
(T - 0)/(T - P ) - ( R - S)/j /(T - P ).
T o d a s e s s a s p r o p o s iç õ e s in d ic a m u m f a lo f u n d a m e n ta l: n ã o s u rg ir á
c o o p e r a ç ã o s e s e d e s e n v o lv e r o t ip o e rr a d o d e d e p e n d ê n c i a e n tr e o s d o is
a to r e s . S e u m d e le s a c r e d i ta q u e o seu c o m p o r t a m e n to c o o p e r a l iv o s e rá
e x p lo r a d o , e n q u a n to a s u a d e s e r ç ã o in d u z ir á o seu o p o n e n te a c o o p e ra r , os
j o g a d o r e s a c a b a m p o r e s ta b e le c e r o tip o e rr a d o d e c o m u n ic a ç ã o p a ra c o o
p e r a ç ã o m ú tu a .
O u tr a i m p lic a ç ã o d e s s a s p r o p o s iç õ e s é a s e g u in te :
P roposição 3.5. Q u a lq u e r s o lu ç ã o c o o p e ra tiv a p a r a o j o g o d o d ile m a
d o s p r is io n e ir o s v io la p e lo m e n o s u m a d a s trê s c o n d iç õ e s s e g u in te s - a ra
c io n a lid a d e , o in te r e s s e p r ó p rio o u a in d e p e n d ê n c ia d e d e c is õ e s .
A p r o p o s iç ã o 3 .5 c o n s titu i u m a lg o r itm o p a ra g e ra r s o lu ç õ e s c o o p e
r a tiv a s n u m j o g o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s . C o n f o r m e m o s tr o n o C a p ítu
lo 4 , a lg u m a s i n s titu iç õ e s s ã o c o n c e b id a s p a ra r e s o lv e r a c o o rd e n a ç ã o d o s
5. O s valores de p* c «y* sfio calcu lad o s com o segue: estab eleça o lado d ireito de (3.8) igual a zero, e </ = I, e c a l
cule p*. R siabclcça o halo d ireilo de (3.8) em zero e p - I e c alcu le </*.
6. />* pode se r c alc u lad o se, e m (3.S), su b stitu irm o s </ p o r I . D esse m udo c n co u iram o s o v alo r m ín im o de p para
o qual í 3.8) se é v erd ad eira. Pela m esm a razão , p odem os calc u lar </* se sub stitu irm o s p p o r 1 cm (3.8).
90 G E O R G E T S E B E L IS
F pii = (R - P ) 2/ [ 2 ( T - P>(R - O ) ] (3 . IA )
P o d e - s e c a lc u l a r a g o ra o im p a c to d a v a ria ç ã o d e d ife r e n te s p a r â m e
tro s d a m a triz d e p a yo ffs d e c a d a j o g o s o b re a s u p e rf íc ie d a á re a s o m b r e
a d a . À m e d id a q u e a u m e n ta a s u p e rf íc ie d e s s a s á re a s , m a is c o m b in a ç õ e s
de p e q (a in te r d e p e n d ê n c ia d o s d o is jo g a d o r e s d e s e n v o lv id a n o c a s o e s
p e c íf ic o ) s ã o s u fic ie n te s p a ra p r o d u z ir c o o p e ra ç ã o . Is s o n ã o s ig n if ic a , p o
ré m , q u e o s v a lo re s e fe tiv o s de /; e q d e s e n v o lv id o s n u m a i n te r a ç ã o e s p e
c íf ic a irã o e x c e d e r as c o m b in a ç õ e s c rític a s e s p e c ific a d a s p e la s p r o p o s iç õ e s
3 .2 e 3 .3 . P o r c o n s e g u in te , n o m e lh o r d o s c a s o s , e s s a in v e s tig a ç ã o p o d e
p r o d u z i r r e s u lta d o s m é d io s r e la tiv o s à p r o b a b i l id a d e d e c o o p e r a ç ã o em
s itu a ç õ e s d iv ersa s* . A e x p re s s ã o p ro b a b ilid a d e de co o p e ra çã o é u tiliz a d a
7. A área sombre;id;i é um triângulo retân g u lo com lados (I - />*) e (I - </*). A su b stitu iç ão de p* e </* a p artir das
proposiçõ es 3.2 c 3.3 p roduz o resu ltad o d e (3,9).
8. Para apro fu n d ar ainda m ais o arg u m en to , seria preciso fazer su p o siçõ es so b re a d istrib u ição de p e </ em situ a
çõ es d iferen tes. No e n tan to , c o n fo rm e e stab eleci nu S eção III, tais co n jec tu ras não ex istem . O pressu p o sto im
p líc ito do restan te d este ap ên dice é q u e a d istrib u ição é u n ifo rm e ao lo ngo d o q u a d rad o unitário.
J O G O S O C U LT O S 91
te r v a lo d e v a lo re s d e p q u e in d u z e m c o o p e ra ç ã o c m a io r d o q u e o in te r v a
lo c o rr e s p o n d e n te d e q. E m o u tro s te rm o s , h a v e rá a lg u n s p a re s d e v a lo re s
p e q c o m p < q ta is q u e o s p a re s in v e rs o s d c íy e /? n ã o s ã o s u f ic ie n te s
p a r a o s u rg im e n to d e c o o p e ra ç ã o .
D iz -s e q u e u m a m a triz d c p a yo ffs é sen síve l a instrução q u a n d o v a
lo re s a lto s d e p cm r e la ç ã o a q (o u se ja , /;* a lto cm re la ç ã o a q *) s ã o n e
c e s s á r io s p a ra in d u z ir c o o p e ra ç ã o . D iz - s e q u e u m a m a tr iz d e p a yo ffs é s e n
s ív e l a reta lia çã o q u a n d o v a lo re s a lto s d e q e m r e la ç ã o a p {q* a lto e m
r e la ç ã o a /?*) s ã o r e q u e r id o s p a ra in d u z ir c o o p e ra ç ã o . Q u a l a d i fe r e n ç a d e
p a yo ffs e n tr e a s m a tr iz e s s e n s ív e is a in s tr u ç ã o e a r e t a li a ç ã o , r e s p e c ti v a
m e n te ? D e m o d o in v e rs o , d a d a u m a m a tr iz d e p a y o ffs , é m e l h o r te n ta r
in s tr u ir o s e u o p o n e n te o u a m e a ç á -lo ? I n v e s tig a n d o as c o n d iç õ e s d a d e s i
g u a ld a d e p* > q*, o b te m o s :
P roposição 3.8. A c o n d iç ã o n e c e s s á r ia e s u fic ie n te p a ra a m a tr iz d e
p a y o ffs s e n s ív e l a in s tr u ç ã o (p* > q*) é
R + P > T + O ( 3 .2 A )
A s p r o p o s iç õ e s 3 .6 , 3 .7 e 3 .8 in d ic a m o im p a c to d c q u a lq u e r m o d if ic a ç ã o
d e p a r â m e tr o s d a m a tr iz d c p a yo ffs. E m p a r tic u la r , as p r o p o s iç õ e s 3 .6 e
3 .7 lid a m c o m a probabilidade d e c o o p e ra ç ã o , e a p ro p o s iç ã o 3 .8 , c o m as
razões p a ra c o o p e ra ç ã o . E m te r m o s lig e ira m e n te d ife r e n te s , as p r o p o s iç õ e s
3 .6 e 3 .7 a p re s e n ta m im p lic a ç õ e s c o m p o r ta m e n ta is , e a p r o p o s iç ã o 3 .8 te m
u m c o n te ú d o m o tiv a c io n a l. P o r e x e m p lo , é p r o v á v e l q u e u m a u m e n to d e
T o u d e O ( p ro p o s iç ã o 3 .8 ) tra n s fo r m e u m a m a tr iz d o d ile m a d o s p r is i o
n e ir o s d e s e n s ív e l a in s tr u ç ã o e m s e n s ív e l a re ta lia ç ã o .
APÊNDICE AO CAPÍTULO 3: B
A p r e s e n to a r e p r e s e n ta ç ã o g r á f ic a d c ( 3 .8 ) p a ra o s trê s j o g o s r e s ta n
te s (d o im p a s s e , d o g a lin h a e d o s e g u ro ) , e d e p o is p r o v o q u e as p r o p o s i
ç õ e s 3 .6 e 3 .7 s e s u s te n ta m i n d e p e n d e n te m e n te d a n a tu r e z a d o jo g o .
O s v a lo re s d e p , q , p * c <7 * s ã o c a lc u la d o s a p a r tir d e (3 .8 ) , o q u e
se m a n té m p a ra to d o s o s jo g o s ; s e g u e - s e q u e to d o s o s j o g o s te r ã o a m e s m a
e x p re s s ã o p a ra m é tr ic a d e p r q , /;* e q* c o m o f u n ç õ e s d o s p a yo jfs (T, R ,
P, O ). D e fa to , p a r a to d o s o s jo g o s :
/>, = ( T - 0 ) / ( R - O ) ( 3 .1 B )
ç , = (T - 0 ) /( T - P) ( 3 .2 B )
p * = (P - 0 ) / ( R - O ) ( 3 .3 B )
q * = ( T - R ) /( T - P) ( 3 .4 B )
A F ig u r a 3 .8 a p re s e n ta u m a r e p r e s e n ta ç ã o g r á f ic a d o j o g o d o im p a s
s e 110 p la n o (j), q). P e lo f a to d e ta n to p* q u a n to q* s e re m m a io r e s q u e 1,
a lin h a E = 0 d e f i n i d a p e la ( 3 .8 ) e s tá s e m p r e f o r a d o q u a d r a d o u n itá r io .
94 G E O R G E T S E B E L IS
q,>q’ >i
F i g u r a 3 .8 R e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a d c u m j o g o d o i m p a s s e n o p l a n o (/>, q).
D e s s e m o d o , n ã o h á v a lo re s p o s s ív e is p a ra p e q q u e p r o d u z a m c o o p e r a
ç ã o n u m j o g o d o im p a s s e .
A F ig u ra 3 .9 m o s tra u m a re p re s e n ta ç ã o g r á f ic a d o j o g o d o g a lin h a no
p la n o (]}, q). P e lo fa to d e p * s e r n e g a tiv o , q u a lq u e r v a lo r d a p ro b a b ilid a d e
d e in s tr u ç ã o p o d e in d u z ir c o o p e ra ç ã o . A lin h a E = 0 c o rta a lin h a d e in d e
p e n d ê n c ia (p + q = 1 ), o q u e s ig n ific a q u e o s jo g a d o r e s in d e p e n d e n te s p o
d e m e s c o lh e r c o o p e ra r n u m jo g o d o g a lin h a . A s u p e rf íc ie d a á re a s o m b r e a
d a d a F ig u ra 3 .9 p o d e s e r c a lc u la d a c o m o a d ife r e n ç a n a s s u p e rfíc ie s d e d o is
triâ n g u lo s re tâ n g u lo s : o p r im e iro triâ n g u lo p o s s u i la d o s (1 - p *) e (1 - <?*);
o s e g u n d o p o ssu i la d o s - p* c (1 - t?,)1. D e p o is d e m a n ip u la ç õ e s a lg é b ric a s ,
a s u p e rf íc ie d a á re a s o m b re a d a é c a lc u la d a :
= (O + R - 2 P ) /2 ( T - P ) ( 3 .5 B )
É f á c il c o m p r o v a r q u e F a u m e n ta q u a n d o S o u R a u m e n ta m ( p o r
q u e S c R a p a r e c e m a p e n a s n o n u m e r a d o r d e ( 3 .5 B ) . É fá c il c o m p r o v a r
ta m b é m q u e F „ d e c re s c e q u a n d o T a u m e n ta , p o is T a p a re c e a p e n a s n o d e
n o m in a d o r d e ( 3 .5 B ). É m a is d ifíc il c o m p r o v a r q u e F d e c re s c e q u a n d o P
a u m e n ta , p o is P a p a re c e c o m u m s in a l n e g a tiv o ta n to n o n u m e r a d o r q u a n
to n o d e n o m irfa d o r. T o d a v ia , a p r im e ir a d e riv a d a d c F c o m r e s p e ito a P
F i g u r a 3 .9 R e p r e s e n i a ç ã o g r á f i c a d c u m j o g o d o g a l i n h a n o p l a n o (p , q ).
F c = ( 2 R - P - T ) /2 ( R - O ) ( 3 .6 B )
É f á c il c o m p r o v a r q u e F sc a u m e n ta q u a n d o P o u T d im in u e m ( p o r
q u e T e P a p a re c e m a p e n a s n o n u m e r a d o r d c 3 .6 B c o m s in a l n e g a tiv o ). E
fá c il c o m p r o v a r ta m b é m q u e F a u m e n ta q u a n d o O a u m e n ta , p o is O s u r
g e a p e n a s n o d e n o m in a d o r d c ( 3 .6 B ) c o m u m s in a l n e g a tiv o . U m te s te d a
p r im e ir a d e riv a d a d e F c o m r e s p e ito a R in d ic a q u e F se a u m e n ta q u a n d o
2. Dc; u m a m uneira m ais sim p les, p orque F < I (l; é ap en as parle d o q u a d rad o u n itário ), d im in u ir o num erador
c o d enom inad or da m esm a q u an tid ad e (2P) dim inui o v alo r de F^.
96 G E O R G E T S E B E IJS
F i g u r a 3 . 1 0 R e p r e s e n t a ç ã o g r á l i c a cie u m j o g o d o s e g u r o n o p l a n o (/?, q ).
R a u m e n ta ( s o b as re s triç õ e s im p o s ta s p e la in e q u a ç ã o [ 3 .4 j) ?. T o d a s e s s a s
v a ria ç õ e s d c F sc s ã o e s p e c ific a d a s p e la s p r o p o s iç õ e s 3 .6 c 3.7.
D e m a n e ira a n á lo g a , as d e riv a d a s d e ( 3 .6 B ) c o m r e s p e ito a P e a T
s ã o n e g a tiv a s e c o m r e s p e ito a R e a O s ã o p o s itiv a s . E m c o n s e q ü ê n c ia , as
p r o p o s iç õ e s 3 .6 e 3 .7 s c m a n tê m p a ra o s trê s j o g o s ( d ile m a d o s p r is io n e i
ro s, j o g o d o g a lin h a c j o g o d o s e g u ro ) .
3. (ifi> iemio.v .simples, jú q u e F_ < J ( F ó «penas purie d o (ju;jdi;)clo u n iiá iio ), d im in u ir tanlo o num erador
quanto o d en o m in ad o r da m esm a quan tid ad e (2R ) dim inui o v alo r d e I7 ..
4
I . U m a a bordagem sim ilar d as in stitu içõ es que icg cm ;is rela çõ e s c n lrc trab alh ado res e e m p resário s p o d e ser e n
con tra d a em L ange (1987).
9H G E O R C E S T S E B E L IS
m ú ltip la s a re n a s e m u d a n ç a in s titu c io n a l sã o as c la s s e s m u tu a m e n te e x c lu
s iv a s e c o le tiv a m e n te e x a u s tiv a s d o s jo g o s o c u lto s .
N a te o r ia d o s jo g o s , um jo g o é d e fin id o c o m o u m trip é c o m p o s to p o r u m
c o n ju n to d e jo g a d o r e s , um c o n ju n to d e e s tr a té g ia s p a ra c a d a j o g a d o r e u m
c o n ju n to d e payojfs p a ra c a d a jo g a d o r. O s payojfs p a ra c a d a j o g a d o r sã o u m a
fu n ç ã o d a s e s tr a té g ia s q u e c a d a jo g a d o r e s c o lh e . P o r s u a v e z , as e s tr a té g ia s
d is p o n ív e is p a ra c a d a jo g a d o r d e p e n d e m d o s m o v im e n to s d i s p o n ív e is p a ra
c a d a u m d e le s , d a s e q ü ê n c ia d o s lan c e s (a o rd e m c m q u e o s jo g a d o r e s se m o
v e m ) e d a in fo r m a ç ã o d isp o n ív e l a n te s d e c a d a j o g a d a 2. C h a m o d c regras do
j o g o o c o n ju n to d c jo g a d o r e s , o c o n ju n to d e m o v im e n to s p e rm itid o s , a s e
q ü ê n c ia d e s sa s jo g a d a s e a in fo rm a ç ã o d isp o n ív e l a n te s d e c a d a jo g a d a . E s s a
d e fin iç ã o é c o n g ru e n te c o m o u s o c o m u m d a p a la v ra regra, m a s to rn a e x p líc ito
q u e as re g ra s in c lu e m to d a s as c a ra c te rístic a s d e u m jo g o , e x c e to se u s payojfs.
A s re g ra s in c lu e m s o b re tu d o o c o n ju n to d e jo g a d o r e s , b e m c o m o o c o n ju n to
d e e s tra té g ia s d isp o n ív e is p a ra c a d a jo g a d o r.
D e a c o rd o c o m m in h a d e fin iç ã o d c re g ra s , s e u m j o g o v a ria , is s o sc
d e v e a v a ria ç õ e s n o s p a yo ffs o u n a s re g r a s (o u e m a m b o s ). J o g o s e m m ú l
tip la s a re n a s c o n c e n tr a m - s e n o p r im e ir o tip o d e v a ria ç ã o ; a m u d a n ç a in s
titu c io n a l lid a c o m o s e g u n d o tip o .
D e m o d o m a is e x p líc ito , a m u d a n ç a in s titu c io n a l p o d e e n v o lv e r u m a
o u m a is d a s s e g u in te s c o is a s : ( 1 ) u m a m u d a n ç a n o c o n ju n to d e j o g a d o r e s
(im a g in e m o s um g o v e rn o q u e e s c o lh e e n tre le g is la r p o r d e c re to e a p re s e n ta r
a le g is la ç ã o p o r m e io d o P a rla m e n to ); (2 ) u m a m u d a n ç a n a s jo g a d a s p e rm i
tid a s ( im a g in e m o s u m a c o m is s ã o q u e a p re s e n ta u m p ro je to d c lei c o m b a s e
e m reg ra s a b e rta s - e m e n d a s são p e rm itid a s - ou reg ra s fe c h a d a s - se m e m e n
d a s); (3 ) u m a m u d a n ç a n a s e q ü ê n c ia d o jo g o (im a g in e m o s u m g o v e rn o q u e
p e d e u m v o to d e c o n fia n ç a à C â m a ra A lta d o P a r la m e n to a n te s d e s e a p re
s e n ta r d ia n te d a C â m a ra B a ix a )3; (4 ) u m a m u d a n ç a n a a v a lia ç ã o d is p o n ív e l
( im a g in e m o s u m g o v e rn o q u e d e c la ra ao P a r la m e n to q u e a v o ta ç ã o d e u m
p ro je to d e lei s e ria c o n s id e r a d a u m v o to d e c o n fia n ç a ) 4.
A s m u d a n ç a s n a s re g r a s s ã o às v e z e s o r d e n a d a s p o r re g r a s d e o rd e m
s u p e rio r. N e s s e c a s o , o m u n d o p o lític o e s tá a lta m e n te e s tr u tu r a d o . N o s P a r
la m e n to s , p o r e x e m p lo , r e g u la m e n to s e s tr ita m e n te c o n s titu c io n a is o u i n te r
n o s p r e s c r e v e m q u a is m u d a n ç a s d e re g ra s s ã o p o s s ív e is e s o b q u a is c o n d i
ç õ e s. P o d e - s e e s tu d a r e s s e s c a s o s c o n s id e r a n d o o j o g o in s e r id o n a s re g ra s
e s tá v e is d e o r d e m s u p e rio r. C o n tu d o , n ã o a p re s e n to e s s e s c a so s n o s c a p ítu
lo s e m p ír ic o s d e s te livro.
2. L eitores fam iliarizados c o m a teoria dos jo g o s reconhecerão qu e a trinca é um a trad u ção verbal d a definição de uni
jo g o em form a norm al. A análise subseqüente reflete a definição d e um jo g o em form a exten siv a (Selten 1975).
3. Na Itália, em m arço d e 1972, o p residente L eone d issolveu o Parlam ento após a d erro ta d o gov ern o no senado,
sem e sp erar pela v otação na câm ara (A llum 1973, p. 125).
4. lisse é p recisam en te o efeito do A rtigo 49.3 da co n stitu ição da Q u in ta R ep ú b lica francesa, con fo rm e m ostro no
C ap ítu lo 7.
J O G O S O C U LT O S 99
E m o u tra s o p o r tu n id a d e s , as re g r a s d e o r d e m s u p e r io r f o rn e c e m a p e
n a s u m q u a d ro d e n tro d o q u a l o s a to re s tê m d e m o v e r-se . A m o d if ic a ç ã o d a s
le is n o i n te r io r d e u m q u a d r o c o n s ti tu c i o n a l é u m b o m e x e m p lo d is s o . O
C a p ítu lo 7 e x ib e u m c a s o d o g ê n e ro d e m o d if ic a ç ã o d a lei e le ito r a l n a F ra n ç a .
É p o s s ív e l, e n fim , q u e n ã o h a ja u m q u a d ro e x p líc ito d a s m o d if ic a ç õ e s
p e rm itid a s , c a s o e m q u e a u m e n ta m c o n s id e r a v e lm e n te as p o s s ib ilid a d e s d e
m o d ific a ç ã o d e reg ra s. A m u d a n ç a c o n s titu c io n a l é o e x e m p lo m ais c a ra c te r ís
tic o d isso . O C a p ítu lo 5 tra ta d a m u d a n ç a n o s e s ta tu to s d o P a rtid o T ra b a lh is ta
b ritâ n ic o , e o C a p ítu lo 6 a b o rd a as m u d a n ç a s c o n s titu c io n a is n a B é lg ic a .
U m a a b o rd a g e m d a m u d a n ç a in s titu c io n a l e m q u e a s r e g r a s d o jo g o
s ã o e n d ó g e n a s a p r e s e n ta d iv e r s a s q u e s tõ e s . Q u a l a im p o r tâ n c ia d a s in s t i
tu iç õ e s ? A s in s titu iç õ e s s ã o c o n c e b id a s d e m o d o e x p líc ito o u sã o o p r o d u
to d a e v o lu ç ã o s o c ia l? A s i n s titu iç õ e s p r o m o v e m o s i n te r e s s e s d e u m a to r
ou d e u m a c o lig a ç ã o o u d e to d a a s o c ie d a d e ?
N a d is c u s s ã o a seg u ir, u tiliz o o te rm o instituição p a ra in d ic a r as re g ra s
fo rm a is d e u m jo g o p o lític o o u so cial re c o rre n te . N a d is tin ç ã o e n tr e in s titu i
ç õ e s e n o rm a s o u c o s tu m e s p re s s u p õ e -s e q u e as re g ra s sã o fo rm a is . S u p õ e -
s e q u e a s re g ra s s ã o c o n h e c id a s p e lo s jo g a d o r e s e q u e c a d a jo g a d o r e s p e ra
q u e q u a lq u e r o u tro jo g a d o r as sig a. O term o recorrente é re d u n d a n te n a d e
fin iç ã o , p o is as re g ra s , m e s m o q u e a p lic a d a s a p e n a s u m a v e z , v isa m s e m p re
c o b rir u m a g a m a m ais o u m en o s e x te n s a d e c a so s sim ila re s. N o e n ta n to , o p tei
p o r in c lu ir o te r m o e x p lic ita m e n te , p o is o e m p r e g o c o m fre q ü ê n c ia .
A s r e g r a s d o j o g o p o lític o o u s o c ia l r e g u la m a r e la ç ã o e n tre :
.s, T om o e m p re sta d o o con ceito d c investim entos d e Hates (1985). Sou g raio a R o b eri Bates p o r p ô r à n iialia dis
p osição esse in teressan te artigo.
G E O R G E S T S E B E L IS
6. A teoria dos jo g o s p oderia ter fornecido unia d escrição m ais acurada d o problem a, mas, infelizm ente, ainda não
se d esen v o lv eu a p o nto d e p oder lid ar com o problem a d o e q u ilíb rio q u a n d o o p róprio jo g o é variáv el, com o
ó o presente caso. O pequeno núm ero d e tentativas nesse .sentido indica que, a p artir de um a p revisão lim itada,
não só a e sco lh a das e stratég ias m uda em função do n úm ero d e jo g a d as que o jo g a d o r consegue a n tecipar, mas
tam b ém que au m en tar o n úm ero de jo g a d as não leva n ecessariam en te à ap ro x im ação das estraté g ias de e q u ilí
b rio (R ice 1976).
B S C S H / UFRGS
JO G O S O C U LT O S 101
b ic a m e ra is 7. S h e p s le ( 1 9 7 9 ) d e m o n s tra q u e a d iv is ã o ( c o m is s õ e s ), a e s p e
c ia liz a ç ã o d o tra b a lh o ( a lo c a ç õ e s p o r ju r is d iç õ e s ) o u m e c a n is m o s d e m o n i
to r a m e n to ( re g r a s d e c o n tr o le d a a p r e s e n ta ç ã o d e e m e n d a s ) p o d e m g e ra r
e q u ilíb r io s p o lític o s . K o r n b c r g (1 9 6 7 ) j u lg a q u e d e b a te s c ir c u n s c r ito s ou
l im ita ç õ e s d o a s s u n t o e m d e b a te to rn a m m a is p r o v á v e l a a p r o v a ç ã o d o
p r o g r a m a “ d e g o v e r n o ” . D i P a lm a ( 1 9 7 6 ) s u s te n ta q u e o p o d e r d ir e to d e
a p ro v a r a le g is la ç ã o c m c o m is s õ e s , p a rtid o s f ra c o s , f a lta d e p r io r id a d e p a ra
o s p r o je to s d o g o v e rn o e m in o ria s fo rte s p r o d u z e m le g is la tiv o s in c a p a z e s
d e e n f r e n ta r q u e s tõ e s p a s s ív e is d e p r o v o c a r d iv is ã o e c o n tr o v é rs ia , isto é,
l e g is la tiv o s q u e só a p ro v a m p r o je to s p a r tic u la r is ta s , ro tin e ir o s .
C o m r e s p e ito às leis e le ito r a is , D u v e r g e r ( 1 9 5 4 ) s u s te n to u q u e s is te m a s
e le ito r a is p lu ra is g e ra m s is te m a s b ip a rtid á rio s * . A q u e s tã o d a fo rm a d e c o n
ta g e m d o s v o to s n o P a r la m e n to p a ra a p o ia r t a n to o s p r o je to s d o g o v e r n o
q u a n to o p r ó p rio g o v e rn o é d e e n o rm e im p o r tâ n c ia p a r a a e fic á c ia e a e s ta
b ilid a d e d o g o v e rn o : o fa to d e a c o n s titu iç ã o r e q u e r e r u m a m a io r ia d e v o to s
a f a v o r o u c o n tr a o s p r o je to s d o g o v e rn o , o u o p o d e r d o P a r la m e n to d e d e
le g a r a u to r id a d e le g is la tiv a ao g o v e rn o e x e rc e m g ra n d e im p a c to s o b re a le
g is la ç ã o . A p r e s e n ç a d e g o v e rn o s d e m in o r ia s e to rn a p o s s ív e l p o r re g ra s q u e
c o n ta m as a b s te n ç õ e s e m fa v o r d o g o v e rn o (S tro m 1 9 8 4 ). A v o ta ç ã o s e c r e ta
p o d e in flu e n c ia r o s re s u lta d o s d o s v o to s, c o m o s e s a b e p e la s e le iç õ e s g e ra is .
O s e g u in te e x e m p lo in d ic a q u e m e s m o p e q u e n o s p o rm e n o re s in s titu c io
n a is p o d e m te r re s u lta d o s im p o rta n te s e p r e v is ív e is . O c a s o e s p e c ífic o p ro v é m
d a h is tó ria p o lític a d a a n tig a A le m a n h a F e d e ra l, m as e x is te m m u ita s s itu a ç õ e s
q u e r e p ro d u z iria m su as c o n d iç õ e s e s se n c ia is . E m a b ril d e 19 7 2 , o g o v e rn o de
W illy B r a n d t e n fr e n to u u m a m o ç ã o d e “ d e s c o n fia n ç a c o n s tr u tiv a ” ( A rtig o 67
d a L ei F u n d a m e n ta l d a RFA). A m a io ria q u e a p o ia v a o g o v e rn o e ra e x íg u a , e
te m ia - s e q u e h o u v e s se d e fe c ç õ e s n a v o ta ç ã o s e c re ta d e 2 7 d e a b ril. P o r e s se
m o tiv o , B ra n d t s o lic ito u ao s m e m b ro s d e su a m a io ria q u e n ã o p a rtic ip a s se m
d a v o ta ç ã o . Tsso lhe p e rm itiria m o n ito ra r o c o m p o r ta m e n to d o s d e p u ta d o s de
s u a c o lig a ç ã o . O r e s u lta d o foi q u e o s p la n o s d a o p o s iç ã o f a lh a ra m , p o rq u e n ão
c o n s e g u ir a m o b te r v o to s d is s id e n te s d o la d o d o g o v e rn o , e d e s s e m o d o n ão
o b tiv e r a m a m a io r ia e x ig id a (S c h w a r tz e n b e rg 1979).
S e re la c io n a m e n to s c a u s a is c o m o o s f o rn e c id o s p e lo e x e m p lo a c im a
s e e s ta b e le c e m e n tr e i n s titu iç õ e s e r e s u lta d o s , e n tã o u m a to r p o l ít ic o ou
u m a c o lig a ç ã o d e a to re s p o lític o s p o d e a g ir s o b re a c a u s a d e m o d o a m o
d if ic a r seu e fe ito . P o r e x e m p lo , o s a to re s p o lític o s p o d e m r e d u z ir o s lim i
te s im p o s to s à s e p a r a ç ã o e n tr e o s p o d e re s p a ra p r o d u z ir m a is le g is la ç ã o ,
p o d e m a lte r a r o s p o d e re s d a q u e le q u e d e fin e a a g e n d a p a ra m o d if ic a r os
re s u lta d o s d e u m p r o c e s s o d e lib e ra tiv o ( M c K e lv e y 1 979; S h e p s le e W c in -
g a s t 1 9 8 4 ), p o d e m m o d if ic a r as m a io r ia s r e q u e r id a s ( q u a l i f i c a d a e m v e z
d e s im p le s ) e p o d e m c o n f e r ir a d e te r m in a d o s a to r e s o p o d e r d e v e to , p o
d e m n e g a r p o d e r d e v e to a d e te r m in a d o s a to r e s e a s s im m o d if ic a r , d e
m a n e ira s ig n if ic a tiv a , o s re s u lta d o s p o lític o s , e p o d e m a in d a m u d a r o p r o
c e s s o d e v o ta ç ã o d e p ú b lic o p a ra s e c r e to , o u v ic e - v e rs a , b e m c o m o m o d i
f ic a r p o lític a s o u g o v e rn o s .
D e s s a f o rm a , o a r g u m e n to s o b re o p a p e l d a s i n s titu iç õ e s r e c e b e u m
im p u ls o a d ic io n a l. D e in íc io , d e fin i as in s titu iç õ e s c o m o c o e rç õ e s . M o s tre i
d e p o is q u e , p e lo fa to d e as in stitu iç õ e s p ro d u z ire m , s is te m a tic a m e n te , c e rto s
tip o s d e re s u lta d o s , p o d e m se r m o d ific a d a s d e m o d o a a lte ra r re s u lta d o s p o
líticos. O c o n h e c im e n to dos resultad o s o b tid o s p o r in stitu içõ e s d ife ren te s p o d e m
tra n s fo r m a r p re fe rê n c ia s p o lític a s e m p re fe rê n c ia s in s titu c io n a is . E n tã o , a to
res d ife re n te s p ro c u ra rã o e s c o lh e r in stitu iç õ e s d ife re n te s , e n e s se jo g o d e e s c o
lha in stitu c io n a l h a v e rá n o v o s e q u ilíb rio s . N a s p a la v ra s d e S h e p s le , p o d e m o s
p a s s a r d e e q u ilíb rio s in stitu c io n a is a in stitu iç õ e s d e e q u ilíb rio 9.
U m a d isc u s s ã o m u ito in te re s s a n te o c o rre u e n tr e R ik e r (1 9 8 0 ) e S h e p s le
(1 9 8 6 ) s o b re a q u e s tã o d c s a b e r se p r e f e r e n c ia s re la tiv a s a in s titu iç õ e s p o
d e m o u n ã o a lc a n ç a r um e q u ilíb rio . A m b o s c o n c o rd a m e m q u e as d e c is õ e s
s o b re p o lític a s e fe tu a d a s p e la re g ra d a m a io ria p o d e m c o n d u z ir a c ic lo s p o
lític o s , q u e as in stitu iç õ e s p o lític a s c ria m “e q u ilíb rio s in d u z id o s p e la e s tr u tu
ra ” e q u e as p re fe rê n c ia s p o lític a s p o d e m g e ra r p re fe rê n c ia s p o r in stitu iç õ e s .
R ik e r s u s te n ta q u e p r e fe rê n c ia s p o r in s titu iç õ e s le v a rã o a c ic lo s n a e s c o lh a
d a s in stitu iç õ e s . J á S h e p s le a firm a , em e s sê n c ia , q u e e s se s c ic lo s a p re s e n ta m
u m p e río d o m u ito m a is lo n g o e q u e , p o rta n to , se a s s e m e lh a m a e q u ilíb rio s .
P a r e c e - m e q u e , e m b o r a a m b o s e s te ja m c o rr e to s e m s e u s a rg u m e n to s ,
d e ix a m d e a b o rd a r, d e m o d o e x p líc ito , u m p o n to m u ito im p o rta n te : c o m o a
e x p e c ta tiv a de v id a d a s in stitu iç õ e s c m u ito m aio r d o q u e a d as p o lític a s , tan to
as c o n s e q ü ê n c ia s de u m a e s c o lh a in stitu c io n a l c o m o a in c e rte z a q u e a c e rc a
s ã o e le m e n to s m u ito m a is im p o rta n te s n o c á lc u lo . A s s im , a tra n s iç ã o d a s
p r e f e r ê n c ia s p o r p o lític a s p a ra as p r e f e r ê n c ia s p o r in s titu iç õ e s n ã o é n e m
a u to m á tic a n e m im e d ia ta . C a d a c id a d ã o , p o r e x e m p lo , é o b r ig a d o a p r e e n
c h e r u m a d e c la r a ç ã o a n u a l de ren d im e n to s . P a ra o c id a d ã o q u e d e s e ja p a g a r
m e n o s im p o s to s ao lo n g o d o te m p o , a p re s e n ta m -s e as s e g u in te s o p ç õ e s: p r e
e n c h e r u m a d e c la r a ç ã o “ h o n e s ta ” ; u tiliz a r b r e c h a s e x is te n te s ; p r e s s io n a r o
C o n g r e s s o p a ra o b te r a lg u m a s b re c h a s a d ic io n a is d e im p o r tâ n c ia p a rtic u la r
p a ra e le ; o u a in d a p re s s io n a r p o r u m a re fo rm a trib u tá ria g e ra l. C a d a p o lític a
te m c u s to s e s p e ra d o s , q u e v a ria m c o m a id e o lo g ia , a in fo rm a ç ã o e a p ro b a
b ilid a d e d c s u c e s s o d o a to r - em o u tro s term o s, v a ria m c o m a id e n tid a d e d o
ator. P a ra u m c id a d ã o in d iv id u a l q u e a c re d ita q u e o p r o b le m a é p e s s o a l, a
e s c o lh a s e lim ita , d e fa to , às d u a s p r im e ira s a lte rn a tiv a s . P a ra u m a c o m p a
9. E sse dcb ale .sobre p referên cias por in stitu içõ es pode se r su b su m id o ao debato filo só fico m ais geral sobre p re
ferên c ia s e n tre p referên cias, ou m ilitarism o d a reg ra (H arsanyi 1977; Je ffery 1974).
J O G O S O CU LTO S
n h ia o u um ra m o d a in d ú s tr ia q u e a c re d ita q u e o p r o b le m a d iz r e s p e ito a
u m a c a te g o r ia m a is a m p la d e p ú b lic o , a t e r c e ir a p o d e s e r a e s c o lh a ó tim a .
P a ra o p re s id e n te d o s E s ta d o s U n id o s , o u d e u m d o s d o is p rin c ip a is p a rtid o s,
a q u a rta e s c o lh a p o d e s e r p o s s ív e l e p re fe rív e l.
C o n tu d o , m a is im p o rta n te d o q u e a d ife r e n ç a n o s c á lc u lo s é a d ife r e n
ç a n a s c o n s e q ü ê n c ia s . O p rim e iro c a so a p re s e n ta u m a e s c o lh a in d iv id u a l c o m
c o n s e q ü ê n c ia s d c m e n o r m o n ta ; o s e g u n d o o fe re c e u m a e s c o lh a p o lític a co m
c o n s e q ü ê n c ia s d e c u rto e, p o s s iv e lm e n te , m é d io a lc a n c e ; o t e r c e ir o r e p r e
s e n ta u m a m u d a n ç a in s titu c io n a l c o m c o n s e q ü ê n c ia s d e lo n g o p raz o .
N o n ív e l te ó r ic o , a e s c o lh a e n tr e d u a s i n s titu iç õ e s p o d e s e r c o n s id e
r a d a u m a d e c is ã o a rr is c a d a q u e irá g e ra r d o is flu x o s d if e r e n te s d e r e n d a ,
p o is a s itu a ç ã o s e re p e te ao lo n g o d o te m p o " ’. S u p o n h a m o s q u e u m a m a io ria
s im p le s s e ja s u fic ie n te p a ra m o d if ic a r u m a in s titu iç ã o e q u e h a ja u m a c o
lig a ç ã o m a jo r itá ria q u e p r e f e r ir ia u m a in s titu iç ã o d ife r e n te e m d e tr im e n to
d e u m a j á e x is te n te . A m a io r ia p o d e e s c o lh e r, e n tã o , e n tr e d u a s o p ç õ e s .
E m p r im e ir o lu g a r, o s a to r e s p o d e m p r e v e r q u e u m a m u d a n ç a i n s t it u c io
na l h o je irá d e s e n c a d e a r m o d if ic a ç õ e s s u c e s s iv a s d e in s titu iç õ e s , e p r e f e r ir
e n tã o s u s te n ta r u m a in s titu iç ã o a c e itá v e l p a ra a m in o r ia em tro c a d e u m a
m a io r e s ta b ilid a d e in s titu c io n a l. O C a p ítu lo 6 a p re s e n ta u m e x e m p lo d e s s e
p r o c e d i m e n t o n a C o n s titu iç ã o b e lg a . E m s e g u n d o lu g a r, a m a io r ia p o d e
d e c id ir, c o n c e b e r e r e a l iz a r u m a m u d a n ç a i n s titu c io n a l c o n tr a a v o n ta d e
d a m in o r ia . O s C a p ítu lo s 5 e 7 e x ib e m c a so s s e m e lh a n te s e x tr a íd o s d a v id a
p o lític a d o R e in o U n id o e d a F ra n ç a .
O a s p e c to d e in v e s tim e n to d a s in s titu iç õ e s d e c o rr e d o fa to d e q u e as
p e s s o a s u tiliz a m r e c u r s o s p a ra c ria r in s titu iç õ e s ; e , u m a v e z c ria d a s , as in s
titu iç õ e s g e ra m , c o m o te m p o , u m f lu x o d e re n d a , o u s e ja , c o n s titu e m r e
c u rs o s q u e p o d e m s e r e m p r e g a d o s a q u a lq u e r m o m e n to n a a re n a p o lític a .
O d ile m a q u e s e s e g u e p a ra j o g a d o r e s d ife r e n te s é s c d e v e m te n ta r e fe tu a r
u m in v e s tim e n to d e c u rto p ra z o e a lto r e to r n o , o u u m d c lo n g o p ra z o c o m
p e q u e n a s ta x a s d e re to rn o . N a S e ç ã o III, c a ra c te riz o e s se s d o is p ro c e d im e n to s
d ife r e n te s d e f o rm a ç ã o d e in s titu iç õ e s c o m o e fic ie n te e r e d is tr ib u tiv o , m as
p r im e ir o e x p lic o c o m o s a b e m o s q u e a c o n s tr u ç ã o d e in s titu iç õ e s é o r e s u l
ta d o d e um p r o je to c o n s c ie n te .
“N ã o h a v e ria n e c e s s id a d e d e re g ra s sc o s h o m e n s c o n h e c e s s e m tu d o ” ,
s u s te n ta F r ie d r ic h H a y e k ( 1 9 7 6 , 2 1 ). M a is o u m e n o s n a m e s m a lin h a d e
ra c io c ín io , W illia m s o n ( 1 9 8 5 ) a firm a q u e as in s titu iç õ e s sã o n e c e s s á ria s ju s -
10. A siuuiçno se torna m ais c o m p licad a q uando se c o n sid era o p ro b lem a d a rep resen tação de in teresses d ifere n
tes pelo s p o lítico s e as po ssib ilid a d es de v otação sincera ou estraté g ica do ú ltim o , n um a estru tu ra instiiu-
104 G liO R G IiS T S E B E L IS
c is a se r p r o je ta d a c o n s c ie n te m e n te . S e , p o ré m , p re s s u p u s e rm o s s im e tria c n trc
o s in d iv íd u o s , d u a s p o s s ib ilid a d e s s e a p re s e n ta m : o u to d o s ju lg a m p r e f e r í
vel r e s p e ita r e s s e p a c to o u to d o s p re fe re m v io lá - lo . E s c o lh e r u m d o s la d o s
d a r u a p a ra d ir ig ir o u e s c o lh e r f u so s h o r á r io s s e ria m e x e m p lo s d a p r im e i
ra s itu a ç ã o ; p a g a r o s im p o s to s s e ria u m e x e m p lo d a s e g u n d a . N o p r im e iro
c a s o , o s p a c to s s e im p õ e m p o r fo rç a p r ó p ria . N o s e g u n d o , iss o n ã o o c o r
re , p o r q u e o s i n d iv íd u o s p r e f e r e m v io la r o p a c to , n ã o i m p o r ta n d o o q u e
o s o u tro s fa ç a m . M a is e s p e c ific a m e n te , a p r im e ir a s itu a ç ã o é u m j o g o de
m e ra c o o rd e n a ç ã o , e n q u a n to o s e g u n d o p o d e to m a r c o m o m o d e lo u m jo g o
d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s .
O ú n ic o c a s o e m q u e u m a e x p lic a ç ã o e v o lu c i o n is t a é s a ti s f a t ó r i a c
n o q u e s e re f e r e a u m j o g o d e m e r a c o o rd e n a ç ã o , o u s e ja , n o q u e se re fe re
ao p a c to q u e s e a u to - im p õ e . O m o tiv o d is s o é q u e a p e n a s p a c to s d e s s e tip o
d is p e n s a m m e c a n is m o s d c im p o s iç ã o .
O s o u tro s tip o s d e in s titu iç ã o q u e p o d e m su rg ir, d e a c o rd o c o m a b i
b lio g r a fia e v o lu c io n is ta , sã o a q u e le s q u e r e s o lv e m a lg u m p r o b le m a d o tip o
d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s . C o n tu d o , e s s e s a rg u m e n to s e v o lu c io n is ta s e x i
g e m a lg u n s m e c a n is m o s e x ó g e n o s d e im p o s iç ã o o u n e g a m a r a c io n a lid a d e
d o s a g e n te s e m a lg u m a e ta p a d o a rg u m e n to . N o q u e s e r e f e r e a o j o g o d o
d ile m a d o s p r is io n e ir o s , s u s te n to u -s e q u e as ite r a ç õ e s p o d e m to rn a r p o s s í
ve l a e s c o l h a d e c o o p e ra ç ã o m ú tu a ( A x e lr o d 1 9 8 4 ; S c h o tte r 1981; T a y lo r
1 9 7 6 ), e p o d e m le v a r o r e s u lta d o p a ra a f ro n t e ir a d e P a r e to . N o e n ta n to ,
s e , e m c a d a ite r a ç ã o , o s jo g a d o r e s c o n h e c e r e m a e s tr u tu r a d o j o g o , e le s
ta m b é m s a b e m q u e f ic a rã o e m m e lh o r s itu a ç ã o s e e s c o lh e re m d e s e rta r. N o s
te r m o s d a p r o p o s iç ã o 3 .5 , so b condições de inform ação com pleta, a c o o
p era çã o entre agentes racionais, interesseiros e independentes não pode d e
sen vo lver-se num jo g o tipo dilem a dos prisioneiros. O s a rg u m e n to s e v o lu
c io n is ta s s a c r ific a m o p r e s s u p o s to d a ra c io n a lid a d e . C o n f o r m e m o stre i na
d is c u s s ã o d e F u d e n b e rg e M a s k in , n o C a p ítu lo 3, a rg u m e n to s d e e s c o lh a
ra c io n a l s a c r ific a m o p r e s s u p o s to d e in fo r m a ç ã o c o m p le ta .
A x e lro d ( 1 9 8 4 ), p o r e x e m p lo , s u s te n ta q u e n ã o se e x ig e r a c io n a lid a d e
p a ra q u e s u rja c o o p e ra ç ã o , e q u e m esm o as e s p é c ie s a n im a is ou o s m ic ró b io s
“ c o o p e ra m ” . S e u e n fo q u e p re s s u p õ e in fo rm a ç ã o p e rfe ita . C o n tu d o , o a rg u
m e n to d c A x e lro d n e g lig e n c ia o falo d e q u e a r a c io n a lid a d e n ã o a p e n a s c
d e s n e c e s s á ria , c o m o ta m b é m é u m e m p e c ilh o ao d e s e n v o lv im e n to d e c o o p e
ra ç ã o , p o is c a d a a g e n te ra c io n a l sa b e q u e irá g a n h a r se s e d e s v ia r d as reg ra s.
A s s im , a lé m de to d a s as p o s s ív e is in s titu iç õ e s “ e m e r g e n te s ” , a p e n a s
p a c to s q u e s e a u to - im p õ e m ( p ro b le m a s p u r o s d e c o o rd e n a ç ã o ) p o d e m s o
b r e v iv e r sem m e c a n is m o s d e im p o s iç ã o . P o s tu la d o s d e q u e a e x is tê n c ia d as
in s titu iç õ e s m e lh o r a a s itu a ç ã o d e to d o s n ã o sã o s u fic ie n te s p a ra e x p lic a r
as in s t it u i ç õ e s p o l ít ic a s , p o is e la s e m g e ra l o m ite m p a r te d a h is tó r ia : a
im p o s iç ã o d c p a c to s . E m to d o s o s o u tro s c a s o s , o p la n e ja m e n to h u m a n o
c o n s c ie n te e o s in te r e s s e s q u e e m b a s a m fa z e m p a rte d o explanandum .
106 GF.ORGE S T S E B E U S
q u e s tio n a d a . M e s m o e n tã o , p o ré m , le v a te m p o p a ra q u e s c f o rm e m n o v a s
c o lig a ç õ e s p o lític a s e m to rn o d e n o v a s s o lu ç õ e s in stitu c io n a is .
M e s m o q u e n ã o h o u v e s s e v a n ta g e m n e m m e to d o ló g ic a n e m s u b s ta n
c ia l p a ra u m a e x p o s iç ã o e v o lu c io n is ta d a s in s titu iç õ e s p o lític a s , h a v e ria um
s é rio in c o n v e n ie n te : u m a tal e x p o s iç ã o d e ix a r ia n a s o m b r a o a s p e c to m a is
i m p o r ta n te d a s in s titu iç õ e s p o lític a s - o p la n e ja m e n to h u m a n o c o n s c ie n te .
N a S e ç ã o III, a b o rd o o s d ife r e n te s tip o s d e i n s titu iç õ e s q u e o p la n e ja m e n to
h u m a n o c o n s c ie n te p ro d u z .
A d a m S m ith c o n s id e r a d e s e já v e l q u e to d o s “ p e rs ig a m s e u s p r ó p rio s
in te r e s s e s d e s u a p r ó p ria m a n e ira ” ( H a y e k 19 7 6 , 153). A r a z ã o q u e f u n d a
m e n ta e s s a c r e n ç a , a lé m d o a rg u m e n to b e m c o n h e c id o d a “ m ã o in v is ív e l” ,
é q u e is s o c o n s titu i u m a r e g ra g e ra l q u e to d o s p o d e m u s a r; lo g o , n e n h u m a
p e s s o a e s p e c ífic a o u g r u p o d e p e s s o a s n a s o c ie d a d e é s is te m a tic a m e n te p r i
v ile g ia d o . S e M a rx j u lg a e s s e a rg u m e n to in a c e itá v e l, n ã o é a p e n a s p o r q u e
n ã o a c e ita o a rg u m e n to d a m ã o in v is ív e l (n a v e rd a d e , su a o b r a e s tá re p le ta
d c e x e m p lo s d e a ç õ e s q u e le v a m a o p r ó p rio f ra c a s s o d e n tr o d o s is te m a c a
p i ta l is ta ) , m a s ta m b é m p o r q u e p e r c e b e u m a d e s ig u a l d a d e f u n d a m e n ta l e
s is te m á tic a , e p o r ta n to u m a in ju s tiç a , n u m a t r o c a e m q u e a p e s s o a v e n d e
s u a p r ó p r i a f o rç a d e t r a b a lh o c o m o u m a m e r c a d o ria . P a r a S m ith , a tro c a
d o tra b a lh o p o r d in h e ir o , c o m o q u a lq u e r o u tra fo rm a d e c o m é r c io , a u m e n ta
a e f i c iê n c ia d a a lo c a ç ã o d c r e c u r s o s . P a r a M a rx , a o c o n tr á rio , a “ f u n ç ã o ”
d e s s a tro c a é a c ria ç ã o d a m a is -v a lia , a r e p r o d u ç ã o d o p r ó p rio s is te m a c a
p ita lis ta e, p o r ta n to , a r e p r o d u ç ã o d a s d e s ig u a ld a d e s s o c ia is .
N ã o c re io q u e o a rg u m e n to p o s s a s e r re s o lv id o n e s se n ív e l te ó ric o . O
e x e m p lo d a s re la ç õ e s s o c ia is c a p ita lis ta s p o d e a ju d a r-n o s a c o m p r e e n d e r q u e
a m a io r ia d a s in s titu iç õ e s c u m a c o m b in a ç ã o d e e fic iê n c ia e r e d is trib u iç ã o ,
o u p e lo m e n o s p o d e s e r e x a m in a d a c o m o tal. A s s im , fa ç o a d is tin ç ã o e n tr e
d o is tip o s id e a is d e in s titu iç õ e s , q u e c h a m o d c eficientes e redistributivas.
A d is tin ç ã o é im p o r ta n te m e to d o lo g ic a m e n te p o rq u e , e m b o ra d iv e r s a s o b ra s
n a b i b li o g r a f ia s o b re o a s s u n to e x a m in e m a p e n a s u m tip o d e in s titu iç ã o ,
r e s u lta m c o m f r e q ü ê n c ia c o n c lu s õ e s d e s a u to r iz a d a s a r e s p e ito d e to d a s as
in stitu iç õ e s .
C h a m o d e e fic ie n te s a s in s titu iç õ e s q u a n d o e la s m e lh o ra m (c o m r e s
p e ito a o status q u o ) a c o n d iç ã o d c to d o s (o u q u a s e to d o s ) o s in d iv íd u o s ou
g r u p o s n u m a s o c ie d a d e . S e m e lh a n te s in s titu iç õ e s te ria m o a p o io u n â n im e
(o u q u a s e ) d a s o c ie d a d e . O e x e m p lo m a is a c a b a d o d e tal in s titu iç ã o s e ria
u m a q u e r e s o lv e s s e p r o b le m a s d e c o o rd e n a ç ã o o u d o d ile m a d o s p r is io n e i
ro s. C h a m o as in s titu iç õ e s d e r e d is trib u tiv a s q u a n d o e la s m e lh o ra m as c o n
d iç õ e s d c um g r u p o n a s o c ie d a d e em d e trim e n to d e o u tro . T ais in stitu iç õ e s
G E O R C E S T S E liE U S
F i g u r a 4 .1 I n s t i t u i ç õ e s e f i c i e n t e s e ic c l i s t r i b u t i v a s .
s e ria m a p o ia d a s a p e n a s p o r u m a p a rte d a p o p u la ç ã o d e u m a s o c ie d a d e . O
e x e m p lo m a is p r o e m in e n te d e tal le g is la ç ã o s ã o as le is e le i to r a is 12.
A F ig u ra 4.1 m o stra u m a re p re s e n ta ç ã o g rá fic a d a s in stitu iç õ e s e fic ie n
tes e re d is trib u tiv a s n u m jo g o c o m d o is jo g a d o r e s . S e S Q r e p re s e n ta o stcitus
q u o , a á re a s o m b re a d a r e p re s e n ta as in stitu iç õ e s e fic ie n te s, p o is as v a n ta g e n s
d e a m b o s o s jo g a d o re s a u m e n ta m e m c o m p a r a ç ã o c o m o stcitus quo. O resto
d o d ia g r a m a r e p r e s e n ta as in s titu iç õ e s re d is tr ib u tiv a s , p o is a v a n ta g e m d e
um j o g a d o r d im in u i em re la ç ã o ao status quo. É p ro v á v e l q u e as in stitu iç õ e s
p o lític a s rea is e s te ja m fo ra d o s lim ite s e n tre as d u a s c a te g o ria s . A s p e rc e p
ç õ e s d o s a to re s p o lític o s e m r e la ç ã o a o im p a c to d e u m a in s titu iç ã o v a ria m ,
c o m p lic a n d o a in d a m a is a situ a ç ã o . C o n tu d o , a m a io r fo n te d e p ro b le m a s n a
c o n c e p ç ã o d a s in stitu iç õ e s e fic ie n te s é q u e o s a to re s d isp o rã o d e p la n o s a lte r
n a tiv o s e m re la ç ã o ao r e s u lta d o d e s e ja d o . N a F ig u r a 4 .1 , p o r e x e m p lo , o s
jo g a d o r e s 1 e 2 irã o p re fe rir o s p o n to s S, c S2, re s p e c tiv a m e n te ; e , e m b o ra a
e s c o lh a e n tr e o status quo a n te r io r e q u a lq u e r u m d e s s e s p o n to s s e ja u m a
q u e s tã o d e e fic iê n c ia , a e s c o lh a e n tr e S e S , é u m a q u e s tã o d e r e d is trib u i-
çã o . A d e s p e ito d e s s a s o b je ç õ e s , in titu lo d e d is tr ib u iç ã o e fic ie n te q u a lq u e r
m o v im e n to a p a rtir d o status quo d e n tro d a á re a so m b re a d a .
A r g u m e n to s r e la tiv o s à e f ic iê n c ia d a s i n s titu iç õ e s p o d e m s e r e n c o n
tra d o s n a s o b r a s d e P la tã o , d e T h o m a s M o ru s e d o s s o c ia lis ta s u tó p ic o s ,
12. A distin çã o e n tre in stitu içõ es red istrib u tiv as e eficien tes to m a co m o base a c o ligaç ão q u e im p lem en ta a in s
tituição. e não o lu g ar o n d e sc o rig in a a iniciativa, c om o a d istin ção e n tre “d o topo para a ba.se" e “d a base
pa ra o to p o " q u e ap arece em B anting e S im eon ( 1985).
JO G O S O C U LTO S 109
/ . In s titu iç õ e s e fic ie n te s
P o r q u e a s e m a n a tem s e te d ia s ? P o r q u e o s m o to r is ta s in g le s e s d iri
g e m d o la d o d ir e ito d a r u a ? P o r q u e as le is p r o íb e m o t r a b a lh o a o s d o
m in g o s ? P o r q u e c a d a p a ís d a E u r o p a o c id e n ta l te m u m f u s o h o rá rio d i f e
r e n te ? P o r q u e te m o s h o r á r io s d e v e rã o ? P o r q u e as p e s s o a s c r ia r a m “ o
E s t a d o ” , o u s e ja , u m a in s tâ n c ia c e n tr a l c o m o m o n o p ó lio d c u m p o d e r
c o e rc iv o le g ítim o ?
A r e s p o s ta c o s tu m e ir a a e s s a s q u e s tõ e s e n v o lv e a rg u m e n to s d e e f i
c iê n c i a . E m p r im e ir o lu g a r, o s r e s u lta d o s d e u m e s ta d o d c a n a r q u i a s ã o
c o m p a r a d o s c o m o s r e s u lta d o s d e a lg u m tip o d c o r d e m . E m s e g u n d o lu
g a r, m o s tr a - s e q u e to d o s fic a m e m m e lh o r s itu a ç ã o q u a n d o é i m p o s to a l
g u m tip o d e o r d e m . E m te r c e ir o lu g ar, e o a rg u m e n to a q u i p o d e to rn a r -s e
p r e c ip ita d o e v a g o (c o rn o n a e x p lic a ç ã o c v o lu c io n is ta d a s in s titu iç õ e s ) , a
o r d e m é a c e ita p o rq u e é e f i c ie n t e n o s te r m o s d e P a r e to , o u s e ja , p o r q u e
m e lh o r a as c o n d iç õ e s d e to d o s . E x a m in e m o s e s s e s a rg u m e n to s p o r m e n o r i
z a d a m e n te .
É v e rd a d e q u e , n o q u e s e re fe re a p r o b le m a s d e c o o rd e n a ç ã o o u jo g o s
d c d ile m a d o s p r is io n e ir o s , q u a s e q u a lq u e r tip o d e o r d e m r e p r e s e n ta u m a
m e lh o r ia em re la ç ã o à a n a rq u ia 13. S e as p e s so a s s ã o in d if e re n te s e m r e la ç ã o
à s s o lu ç õ e s p o s s ív e is , te re m o s e n tã o u m a in s titu iç ã o p u r a m e n te e fic ie n te
p r o je ta d a p a ra r e s o lv e r p ro b le m a s d e c o o rd e n a ç ã o . T o d a v ia , e s s a s itu a ç ã o é
e x tr e m a m e n te im p r o v á v e l 1'1. E m a is f re q ü e n te as p e s s o a s s e c o n fr o n ta r e m
c o m p r o b le m a s d o tip o d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s . D is c u to e m d e ta lh e as
s o lu ç õ e s in s titu c io n a is p a ra o s p r o b le m a s d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s d e v i
d o à s u a f r e q ü ê n c ia e à s u a im p o r tâ n c ia c o n c e itu a i.
D igo i/iKiM’ porq u e, dc o u tro modo, p o d er-se-ia defender, co m b ase n isso, um a d ita d u ra b rutal. lim b o ra um a
ditadura possa rep rese n ta r um a m elhoria de e ficiên cia em relação íi a n aiq u ia . e la pode não ser d esejad a por
n inguém da p opulação. F.sse é um e rilério im portante para d istin g u ir e n tre e x em p lo s d ifere n tes d e in stitu i
ç ões e ficientes. M esm o q u e a a n arq u ia seja o resu ltad o q u e as p esso as p refiram em ú ltim o lugar, e las podem
ter preferên c ia s e n tre tipos d iferen tes de ordens.
M esm o um p ro b lem a a p aren tem en te inócuo, c om o cm qual lado da rua as p esso as g o stariam d e dirigir, pode
im plicar d isco rd ân cia (co m o 110 pleb iscito sueco sobre a q u estão in d icad a). Na v erdade, os p ro p rietário s de
c arros terão um in teresse velado pelo .\initis t/ito, c o.s fabrican tes dc au to m ó v eis irão p referir um a m udança
d a lei. P arece-m e que é p reciso utilizar caso s ex trem am en te triv iais (com o atra v essar a ru a co m o sinal verde
ou verm ellio) para fo rn ecer e x em p lo s de instituições de c o o rd en ação pura.
110 G E O R C E S T S E liE U S
N a b ib lio g r a f ia e s p e c ia liz a d a fo ra m p r o p o s ta s d iv e r s a s s o lu ç õ e s q u e
c o n d u z e m a c o o p e ra ç ã o n u m jo g o d e d ile m a d o s p r is io n e iro s. R e s u m o -a s to
d a s, m a s c o n c e n tro -m e n as s o lu ç õ e s in stitu c io n a is . D e a c o rd o c o m a p r o p o
s iç ã o 3.5 n o A p ê n d ic e A d o C a p ítu lo 3, e s s a s s o lu ç õ e s v io la m o p r e s s u p o s to
d a ra c io n a lid a d e , d o in te re s s e p ró p rio o u d a in d e p e n d ê n c ia d o s jo g a d o r e s .
(1 ) Violações da racionalidade. A rth u r S tin c h c o m b e (1 9 8 0 ) a p re s e n ta
a q u e s tã o : “ P o r q u e a m a io r ia d a s p e s s o a s e x e rc e m su a p r o fis s ã o ? ” . E le r e s
p o n d e q u e c o n s ta n te m e n te s ã o re s o lv id o s jo g o s d e d ile m a d o s p r is io n e ir o s
“ s e m s e q u e r te r e m s e c o lo c a d o e f e tiv a m e n te n a e x p e r iê n c ia c o ti d i a n a d a
m a io ria d e n ó s ” . S u a r e s p o s ta in d ic a q u e o s in d iv íd u o s n ã o te n ta m m a x im iz a r
s e u s o b je tiv o s e, p o rta n to , n e g a m o p r e s s u p o s to d a ra c io n a lid a d e .
(2 ) Violações do interesse próprio. S e c a d a j o g a d o r , ao j o g a r o j o g o
d o d ile m a d o s p r is io n e ir o s , te m e m m e n te c o n s id e r a ç õ e s o u tra s q u e n ã o o
in te r e s s e p r ó p r io , e n tã o o r e s u lta d o d e v e s e r c o o p e r a ç ã o m ú tu a . N o c a s o
m a is ó b v io , c a d a jo g a d o r p o d e e s ta r p r e o c u p a d o c o m o b e m - e s ta r d e seu
o p o n e n te . C o m o a lte rn a tiv a , o s jo g a d o r e s p o d e m e s ta r in te r e s s a d o s n a s o
b r e v iv ê n c ia d e s u a e s p é c ie , c o m o n a b io lo g ia e v o lu c io n is ta ( A x e lr o d e H a
m ilto n 1 9 81; M a y n a r d S m ith 19 8 2 ). N a v e rd a d e , a b i o lo g ia e v o lu c io n is ta
u tiliz a u m a f o rç a c a u sa i d e n o m in a d a adaptação reprodutiva, q u e e x p lic a a
s o b r e v iv ê n c ia d a s e s p é c ie s q u e m a x im iz a m o n ú m e r o d e su a p r o le ( E ls te r
19 8 3 ). E m to d o s e s s e s c a s o s , p o d e -s e m o s tr a r q u e o r e s u lta d o d e s s a s c o n
s id e r a ç õ e s a ltr u ís ta s é a m o d if ic a ç ã o d o s p a y o ffs d o j o g o . T a y lo r (1 9 7 6 )
m o s tro u q u e e s s a m o d if ic a ç ã o p o d e s e r s u fic ie n te p a ra tra n s f o r m a r u m jo g o
d e d ile m a d o s p r is io n e ir o s n u m j o g o d o s e g u ro ( E ls t e r 1 9 7 8 ; S e n 1 9 6 7 ).
(3 ) Violações da independência. E s s a v io la ç ã o p o d e e fe tu a r- s e d e d u a s
f o rm a s: p o r a lg u m tip o d e a r g u m e n to a u to - r e f le x iv o o u m o ra l, o u p e la c r i a
ç ã o d a s in s titu iç õ e s a p ro p r ia d a s .
(a ) A rgum entos a uto-reflexivos e m orais. A r g u m e n to s c o m o a te o r ia
d o s m e ta jo g o s d e H o w a rd ( 1 9 7 1 ) e o im p e r a t i v o c a te g ó r ic o k a n ti a n o se
in c lu e m n a p r im e ir a c a te g o r ia . S e u p o n to c o m u m é q u e e m p r e g a m a lg u m
tip o d e e x p e r im e n to m e n ta l q u e , s e f o r a c e ito , r e s o lv e r á o d ile m a e m fa
v o r d a s o lu ç ã o c o o p e ra tiv a .
H o w a rd ( 1 9 7 1 ) s o lu c io n a o p r o b le m a f a z e n d o o s a to re s e m p r e g a re m
e s tr a té g ia s c o n d ic io n a is , isto é, re s p o s ta s às e s tr a té g ia s d o o u tro . R e p e tin d o
d u a s .v e z e s e s s e e x p e rim e n to in te le c tu a l, e le o b té m u m a s itu a ç ã o e m q u e a
c o o p e ra ç ã o m ú tu a é o e q u ilíb rio d e N a s h d e u m n o v o jo g o . A s o lu ç ã o k a n -
tia n a s c b a s e ia na q u e s tã o : “o q u e o c o rr e r ia sc o m eu o p o n e n te r e a g is s e d a
m e s m a m a n e ira q u e e u ? ” . A m b a s as s o lu ç õ e s a u m e n ta m as p r o b a b ilid a d e s
d e in s tr u ç ã o e d e r e ta lia ç ã o a té seu v a lo r m á x im o ( v e r C a p ítu lo 3) c, p o r
ta n to , c ria m u m a to ta l i n te r d e p e n d ê n c ia e n tr e o s jo g a d o r e s . C o n tu d o , a m
b o s fo ra m c ritic a d o s c o m o irr a c io n a is , p o is, q u a lq u e r q u e s e ja a e x a tid ã o
d o a rg u m e n to , c a d a jo g a d o r , n o ú ltim o m o m e n to , d e c id e d e m a n e ira in d e
p e n d e n te d o ( s ) o u tro ( s ) jo g a d o r ( e s ) . D e s s e m o d o , a d e c is ã o d e c a d a j o g a
J O G O S O C U LTO S III
d o r n ã o p o d e te r e fe ito s o b re o o p o n e n te . E m o u tro s te r m o s , s e ja q u a l fo r
o r a c io c ín io , ele não exerce qualquer efeito causai s o b re o o p o n e n te .
(b ) A rranjos institucionais. H á d iv e rs a s m a n e ira s p e la s q u a is as in s ti
tu iç õ e s p o d e m p r o m o v e r a c o o p e ra ç ã o n u m jo g o d e d ile m a d o s p ris io n e iro s.
Facilitando a com unicação e o m onitoram ento. R a p o p o r t ( 1 9 7 4 , 18)
u t il iz a o e x e m p lo d a e v a c u a ç ã o o r d e n a d a d e u m te a t r o c m c h a m a s p a ra
s u s te n ta r q u e e x is te um c o n flito e n tr e a r a c io n a lid a d e in d iv id u a l e a c o le
tiv a : a r a c i o n a lid a d e c o le tiv a “ e s tá i n c o r p o r a d a e m to d o a to s o c ia l d i s c i
p lin a d o , p o r e x e m p lo , n a e v a c u a ç ã o o r d e n a d a d c u m te a t r o e m c h a m a s ,
e m q u e a g ir d e a c o rd o c o m a ‘r a c io n a lid a d e in d iv i d u a l ’ ( te n ta r s a ir o m a is
r á p id o p o s s ív e l) p o d e r e s u lta r n u m d e s a s tre p a r a to d o s , o u se ja , p a ra c a d a
a to r ‘r a c io n a l in d iv id u a l’ ” . E s s e é u m b o m e x e m p lo e m q u e a in te r d e p e n
d ê n c ia d e e s c o lh a s p o d e s e r o b s e r v a d a ( p o r u m a t e r c e ir a p e s s o a ) e c o m
p r o v a d a ( p e lo s p r ó p rio s a to re s ). A s s im , é o m o n ito ra m e n to q u e t o r n a p o s
s ív e l a e v a c u a ç ã o o r d e n a d a 15.
Perm itindo contratos de com prom isso. S e d o is jo g a d o r e s c o n f r o n t a
d o s c o m u m d ile m a d o s p r is io n e ir o s fiz e re m a fir m a ç õ e s c o m o “ E u c o o p e
ra re i s e o m e u o p o n e n te c o o p e r a r ” , e a s s in a re m c o n tr a to s d e c o m p r o m is s o
c o m e s s a f in a lid a d e , o r e s u lta d o s e rá a c o o p e ra ç ã o m ú tu a ( M y e r s o n 19 8 7 ).
N a v id a re a l, m u ita s in s titu iç õ e s s o fis tic a d a s tê m e x a ta m e n te e s s e p r o p ó s i
to: p e r m itir q u e as p e s s o a s a s s in e m c o n tr a to s d e c o m p r o m is s o , t o rn a n d o -
lh e s im p o s s ív e l r e n e g a r s u a s p r o m e s s a s 16.
M odificando a m atriz de p a y o f f do jo g o . O g o v e rn o o u a lg u m o u tro
a g e n te e x te r n o p o d e ria e s ta b e le c e r re c o m p e n s a s p a ra a c o o p e ra ç ã o o u p e
n a lid a d e s p a ra a tra iç ã o . O r e s u lta d o é a t r a n s fo r m a ç ã o d o j o g o d o d ile m a
d o s p r is io n e ir o s n u m jo g o d o s e g u ro o u d o g a lin h a . N e s s e s c a s o s , a e s tr a
té g ia n ã o - c o o p e r a tiv a n ã o é m a is d o m in a n te , c p o d e m s e r a d o ta d a s s o lu
ç õ e s c o o p e ra tiv a s .
T ransform ação do jo g o . S h e p s le e W e in g a s t (1 9 8 1 ) s u s te n ta m q u e o
m o tiv o d a e x is t ê n c i a d e ta n to s p r o je to s d e “ f u n d o s d e m e l h o r ia s ” (j?ork
ba rrei ) n o C o n g r e s s o d o s E s ta d o s U n id o s n ã o é a p r á tic a d a t r o c a d e fa v o
re s p o lític o s e n tr e p a r la m e n ta r e s ( logroU ing ), m a s o f a to d e q u e to d o s o s
p r o je to s s ã o r e u n id o s e m p r o je to s g ig a n te s c o s . C o m e fe ito , é m e n o s - p r o
v á v e l q u e a tro c a d e f a v o r e s , p o r si s ó , p r o d u z a a u n a n im id a d e s o b re p r o
j e t o s d c f u n d o s d e m e lh o r ia d o q u e e s s e a rr a n jo in s titu c io n a l, p o r q u e e s se
ú ltim o n ã o p e r m i te q u a lq u e r tip o d e c o m p o r t a m e n to o p o r tu n i s ta . C a d a
m e m b r o d o C o n g r e s s o m a n té m s u a o r d e m d e p r e f e r ê n c ia s ; e le p r e f e r ir ia
q u e o se u p r o je to f o s s e a c e ito e to d o s o s o u t r o s ( ig u a l m e n t e i n e f ic a z e s )
15. RxuTy o Hardin (1982) também sustentam que a racionalidade individual, e não a coletiva, dirige u evacuação
ordenada.
16. C onsiderem -se todos os p orm enores legais e com plicações que p erm item ao ven d ed o r c ao com p rad o r d e um a
casa e tc tu a r su a tran sação de m an eira sim ultânea.
C E O fíG E S T S E H E U S
2 . In s titu iç õ e s r e d is tr ib u tiv a s
F ig u ra 4 .2 A P o s iç õ e s d o s a to re s a n te s d a a p r e s e n ta ç ã o d e u m a q u e s tã o in s titu c io n a l.
F ig u ra 4 .2 B P o s iç õ e s d o s a to re s a p ó s a a p re s e n ta ç ã o d c u m a q u e s tã o in s titu c io n a l - in s t i
tu iç ã o d e c o n s o lid a ç ã o .
F ig u ra 4 .2 C P o s iç õ e s d o s a to re s a p ó s a a p r e s e n ta ç ã o d e u m a q u e s tã o in s titu c io n a l - in s t itu i
ç ã o re d is trib u tiv a .
F ig u ra 4 .3 R e p r e s e n ta ç ã o e s q u c m á lia i d o p r o je to in s lilu c io n a l.
17. Ver M m x, "S o b re a QucMfio Judaícíi'*. eserilo em 1843. O texto ap arece em M arx (1963).
JO G O S O C U LTO S 117
I 8. A regra de tom ada de d ecisão não c a única d iferen ça erilre R aw ls e H arsanyi. A lém d isso, o p rim eiro está
inte ressa d o em m ax im izar a riq u eza: o segu n d o , em m axim izar as u tilidades. Ver Howe e R oem er (1 9 S I).
JO C O S O C U LT O S II9
m o d o g e ra l, a m a io ria d o s a rg u m e n to s m o ra is d a lib e r a l- d e m o c ra c ia a d o ta m
a s re g ra s ( in s titu iç õ e s ) q u e sã o m ais v a n ta jo s a s p a ra u m a “ s o c ie d a d e ” , q u e
é r e p r e s e n ta d a c o m o u m c o n ju n to d c in d iv íd u o s in d if e re n c ia d o s ( G a u th ie r
1986).
P a r e c e - m e q u e o a rg u m e n to d o v éu d e ig n o râ n c ia d e R a w ls é e s s e n
c ia l p a ra a p r o je ç ã o d e i n s titu iç õ e s e fic ie n te s . E m s e u c a s o , as p e s s o a s q u e
p r o je ta m as in s titu iç õ e s n ã o d is p õ e m d c c e rte z a a lg u m a em re la ç ã o às p o
s iç õ e s q u e o c u p a rã o n a n o v a s o c ie d a d e , e é s u a p r ó p r ia ig n o râ n c ia q u e as
lev a a c o n c e b e r u m a s o c ie d a d e q u e d e ix a a to d o s e m m e lh o r s itu a ç ã o . C o n
tu d o , é p r e c is a m e n te p o r q u e n ã o o p e ra m o s s o b e s s e v éu d e ig n o râ n c ia , m as
p o s s u ím o s in fo r m a ç ã o (in c o m p le ta , se m d ú v id a ) ou e x p e c ta tiv a s o b re e v e n
to s fu tu r o s , q u e as in s titu iç õ e s r e a lm e n te e x is te n te s n ã o s ã o e x c lu s iv a m e n
te e fic ie n te s .
E m o u tro s te rm o s, o c o n h e c im e n to p re c is o d o s tip o s d e re s u lta d o s q u e
u m a in s titu iç ã o p ro d u z ir á tra n s fo rm a o v o to p e lo s r e s u lta d o s cm v o to p e la s
in stitu iç õ e s. A e s c o lh a d e in stitu iç õ e s é o e q u iv a le n te s o fis tic a d o d a e s c o lh a
d e p o lític a s o u d a e s c o lh a d e resu lta d o s. A a u s ê n c ia d e c o n h e c im e n to p r e c i
so so b re o s re s u lta d o s p ro d u z id o s p o r u m a in s titu iç ã o fará, p o ré m , c o m q u e
o s c rité rio s d e a d o ç ã o ex ante s e ja m d ife re n te s d o c a rá te r p a rtid á rio d o s re
s u lta d o s q u e e la p o d e pro d u zir.
D e s s e m o d o , a in c e rte z a o u , in v e rsa m e n te , a in fo rm a ç ã o so b re o s re s u l
ta d o s d e u m a in stitu iç ã o (q u e j o g a d o r a p e s s o a se rá , n o a rg u m e n to d e R a w ls )
é o fa to r d e d is c rim in a ç ã o e n tre p ro je to s in stitu c io n a is d ife re n te s . A in fo r m a
ç ã o p e rfe ita p ro d u z in stitu iç õ e s red istrib u tiv a s. A in c e rte z a c o m p le ta p ro d u z
in stitu iç õ e s p u r a m e n te e fic ie n te s. A m b a s as c o n d iç õ e s s ã o tip o s id e a is q u e
d ific ilm e n te e x is te m n a rea lid a d e . É p o r isso q u e as in stitu iç õ e s red istrib u tiv a s
e e fic ie n te s r a ra m e n te e x is te m em su a fo rm a p u ra.
A c la s s if ic a ç ã o d a s in s titu iç õ e s e m e fic ie n te s e r e d is trib u tiv a s c o n c lu i
a d is c u s s ã o d o p r o je to in s titu c io n a l e a a p re s e n ta ç ã o te ó r ic a d o q u a d ro d o s
jo g o s o c u lto s . É o m o m e n to , a g o ra , d e a p lic a r a te o r ia d e s e n v o lv id a n o s C a
p ítu lo s 2, 3 e 4 a s itu a ç õ e s p o lític a s em p a ís e s d a E u r o p a O c id e n ta l.
5
1. W illiam s (1983, 34). I’;ir;i um a e x p o sição p o rm en o rizad a dos a eo n iecim en io s m as d e um p o nto d e v ista par
cial, ver Taverrne (1974).
122 G E O R G E T S E B E L IS
e ra m a rg in a l* e fo i p e rd id a p a ra o s c o n s e rv a d o re s n a e le iç ã o d e 1970 (D ic k s o n
1975). E m m a rç o d e 1983, B o b M e llis h (o ex-w hip**) re n u n c io u à s u a c a d e i
ra e m B e rm o n d s e y , d e v id o à p re s s ã o d e m ilita n te s lo ca is. F o i s u b s titu íd o p e lo
líd e r d e s se s m ilita n te s , P c te r T a tch e l, q u e foi in d ic a d o p e lo P a rtid o T ra b a lh is
ta . N a e le i ç ã o s u p le m e n ta r , o s c o n s e r v a d o r e s e o s a n tig o s p a r t id á r io s d e
B e rm o n d s e y n o P a rtid o T r a b a lh ista v o tara m a fa v o r d o c a n d id a to lib e ra l, q u e
v e n c e u p o r c e rc a d e n o v e m il vo to s. U m a d a s c a d e ira s tra b a lh is ta s m ais s e g u
ra s n a á re a d e L o n d r e s fo i p e rd id a (W illia m s 1983).
T o d o s e s s e s p a rla m e n ta re s fo ra m r e je ita d o s p o r s e u s d is tr ito s tra b a lh is
ta s p o r q u e n ã o e ra m s u fic ie n te m e n te e s q u e r d is ta s 2. C o n tu d o , c a d a u m a d e s
sa s s u b s titu iç õ e s re s u lto u n a p e rd a d e u m a c a d e ir a tra b a lh is ta . O s m ilita n
te s d o P a rtid o T r a b a lh is ta p r e fe re m r e a lm e n te u m p a rla m e n ta r c o n s e r v a d o r
o u um tra b a lh is ta in d e p e n d e n te ( p ro v a v e lm e n te h o s til ao P a rtid o T r a b a lh is
ta ) a u m p a rla m e n ta r p o litic a m e n te m o d e r a d o q u e d e f e n d a a b a n d e ir a t r a
b a lh is ta ? P re fe r e m re a lm e n te q u e se u p a rtid o p e r c a c a d e ir a s n o P a r la m e n
to ? P o r q u e o s m ilita n te s d o P a rtid o T r a b a lh is ta c o m e te m s u ic íd io p o lític o ?
P o r q u e e m p u r r a m s e u p a rtid o p a ra o p r e c ip íc io ?
E s s e c o m p o rta m e n to só é e n ig m á tic o p o rq u e p r e s s u p o n h o q u e o s m ili
ta n te s p o lític o s s ã o ra c io n a is e p re fe re m u m p a rla m e n ta r d e seu p ró p rio p a r
tid o ao r e p r e s e n ta n te d e u m p a rtid o a d v e rs á rio . S e se p a rtir d o p re s s u p o s to
c o n trá rio e m a m b o s o s a s p e c to s , e n tã o n ã o h a v e rá e n ig m a a lg u m a e x p lic a r.
S e se p re s u m ir, p o r e x e m p lo , q u e o s m ilita n te s são “ fa n á tic o s , e x c ê n tric o s e
e x tre m is ta s ” , seu c o m p o rta m e n to p o d e rá se r e x p lic a d o p o r e s s e s a trib u to s 3. A
q u e s tã o p a s sa a ser, e n tã o , p o r q u e o s m ilita n te s tê m e s s e s atrib u to s.
O p r o b le m a d o c o m p o r ta m e n to a p a r e n te m e n te s u ic id a n ã o s e re f e r e
e x c lu s iv a m e n te a o s m ilita n te s d o P a rtid o T r a b a lh is ta b ritâ n ic o . U s u a lm e n te
p r e s u m im o s , p o r e x e m p lo , q u e o s p a rtid o s p o lític o s d e s e ja m c a rg o s . C o m
e fe ito , o p r e s s u p o s to é tã o triv ia l q u e a p a re c e p o r v e z e s n a d e fin iç ã o d e un i
p a rtid o p o lític o '1. P o ré m , o s re s u lta d o s d e a lg u n s e v e n to s , c o m o as c a m p a
n h a s p r e s id e n c ia is n o r te - a m e ric a n a s d e 1964 o u 1 9 7 2 , q u a n d o B a rry G o ld -
w a te r e G e o r g e M c G o v e rn fo ra m o s c a n d id a to s d o s d o is p rin c ip a is p a rtid o s ,
s u s c ita r a m q u e s tõ e s s o b re a v a lid a d e d o s p r e s s u p o s to s . D c m o d o a n á lo g o ,
a r e tira d a d o P a r tid o C o m u n is ta F r a n c ê s d o g o v e rn o e d a c o lig a ç ã o d e e s
* M cir^iiuil sc refere iiqui à m argem d a v itó ria, ind ican d o , no caso, q u e c ia foi pequ en a. F.m o p o sição a c a d e i
ras m arginais, tem os as seguras, aquelas em que o p a n id o ven ced o r o b têm larga m argem d e van tag em na e le i
ção. (N . do T.)
** W hip, chicote, term o u sad o no d ireito p arlam en tar inglês, para d esig n ar c erto s d e putados dos C om uns q u e têm
a m issão d e a rreg im en tar seus p ares 110 m o m en to da v o tação , a fim d e g ara n tir a d isc ip lin a d o v o to e im p ed ir
que c erto s m em b ro s se abstenbam . P, d iferen te d o nosso líd e r de ban cad a. (N . do T.)
2. S egundo Y oung (1983, 2 -3 ), disp u tas a n álo g as sã o relatadas por O stro g o rsk i. M iliband {1961, 26) e n co n tra
j á e m 1902 disp u tas e n tre m ilitan ies e p arlam en tares d o Partido T rabalhista.
3. A citação c d o diário de B. W cbb. Ver M cK cnzie (1964, 505).
■4. Ver SeJileviftgei' ( 1984), c m q u e se d e lh ie u m p u n id o p o lítico c o m o tim u “e q u ip o d c p erseguição d e cargos".
JO G O S O C U LT O S 123
q u e rd a e m 1 9 8 4 p o d e m lev a r a q u e s tio n a r a té q u e p o n to o s c o m u n is ta s d e
s e ja v a m d e f a to p a rtic ip a r d o g o v e rn o .
O p r e s e n te c a p ítu lo a b o rd a o s d ile m a s p o lític o s q u e lev a m a lid e r a n
ç a d o P a rtid o T r a b a lh is ta e o s se u s m ilita n te s a c o n fr o n to s , a s sim c o m o as
e s tr a té g ia s e s c o lh id a s p o r c a d a u m d o s la d o s . P r e s s u p õ e - s e q u e d irig e n te s
e m ilita n te s p o s s u a m o b je tiv o s p o lític o s d ife re n te s c o m p e lo m e n o s u m p o n to
em c o m u m : a m b o s p re fe re m q u e c a n d id a to s tra b a lh is ta s s e ja m e le ito s p a ra
o P a r la m e n to . C o m b a s e n iss o , o c a p ítu lo te n ta u rn a r e c o n s tru ç ã o ra c io n a l
d a in te r a ç ã o e n tr e m ilita n te s e líd e r e s t r a b a lh is ta s a p ó s a S e g u n d a G u e rra .
N u m a e s c a la m a is a m p la , e s te c a p ítu lo tr a ta d a r e la ç ã o e n tr e o b je tiv o s a
lo n g o p r a z o e a c u rto p ra z o , e d e p ro b le m a s d e re p u ta ç ã o e id e o lo g ia , c o m o
n o c a s o d o P a rtid o C o m u n is ta F ra n c ê s . A b o r d o e s s e p o n to n a c o n c lu s ã o .
O c a p ítu lo s e d iv id e e m trê s p a rte s . A S e ç ã o I a p re s e n ta u m m o d e lo
s im p le s d e in d ic a ç ã o de c a n d id a to s n o â m b ito d is tr ita l. O m o d e lo é u m jo g o
e n tr e o c a n d id a to o u o p a rla m e n ta r e o s m ilita n te s d o d is trito . M o s tr o q u e ,
s e o j o g o é d e u m a ú n ic a p a rtid a s o b c o n d iç õ e s d e in fo r m a ç ã o p e rfe ita , n ão
e x is tir ã o c o n flito s d e re in d ic a ç ã o d o c a n d id a to . C o n tu d o , d e s d e q u e s c to r
n e m p o s s ív e is e s tr a té g ia s c o n tin g e n te s , ou q u e o j o g o s e to rn e ite r a tiv o , o
c o m p o r ta m e n to a p a re n te m e n te s u ic id a d o s m ilita n te s to rn a - s e p a rte d e u m a
e s tr a té g ia r a c io n a l. D e s s e m o d o , a fim d e e s tu d a r as d ife r e n ç a s e n tr e as c a
d e ira s m a rg in a is e as c a d e ira s s e g u ra s n o P a rla m e n to , c o n s id e r o q u e o jo g o
ite ra tiv o e s tá in s e r id o n o jo g o c o m p e titiv o e n tr e o s p a rtid o s n o d is tr ito e le i
to ra l. N a S e ç ã o II, a m p lio o q u a d ro p a ra in c lu ir c o m o j o g a d o r e s a d ic io n a is
o C o m itê E x e c u tiv o N a c io n a l e a C o n v e n ç ã o d o P a rtid o T ra b a lh is ta . N o v a
m e n te , o j o g o é e s tu d a d o s u c e s s iv a m e n te c o m o j o g o d e u m a só jo g a d a e
c o m o u m c a s o ite ra tiv o , e c o m o s im p le s ou in s e r id o n a c o m p e tiç ã o e n tr e o s
p a rtid o s n o â m b ito n a c io n a l. A a n á lis e d a S e ç ã o I I I c o n c e n tr a - s e n a s m u d a n
ç a s d a s re g ra s d o s p a rtid o s e n tr e 1979 e 1981 e n a c ria ç ã o d o P a rtid o S o
c ia l D e m o c ra ta (S D P - S o c ia l D e m o c ra tic P a rty ). N e s s e p o n to , s u s te n to q u e
a p rin c ip a l m u d a n ç a c o n c e r n e n te ao P a rtid o T r a b a lh is ta n ã o c o n s is tiu n a re
v is ã o d e se u s e s ta tu to s , m a s n a a lte ra ç ã o d a c o m p o s iç ã o d o C o m itê E x e c u
tiv o N a c io n a l.
A o lo n g o d e to d o e s te c a p ítu lo , p e rc o r r o u m a fa ix a e s tr e ita , te n ta n d o
e v it a r o C i la q u e s e r i a d e s c a r ta r o p r o b le m a c o m a a fir m a ç ã o d c q u e o s
a tiv is ta s s ã o irr a c io n a is o u c o m e te m e rro s , e o C a r ib d e q u e é p r o d u z ir u m
m o d e lo s im p le s q u e n ã o c o rr e s p o n d a à r e a lid a d e . R e s o lv o o p r o b le m a c o m
a a p re s e n ta ç ã o d e u m a s é rie d e m o d e lo s q u e v ã o d o m a is s im p le s a o m a is
c o m p lic a d o ; a p e n a s o ú ltim o m o d e lo fo rn e c e a d e s c r iç ã o c o m p le ta d o j o g o
e n tr e m ilita n te s e p a rla m e n ta re s t r a b a lh is ta s . N o e n ta n to , o p r o p ó s ito d o s
m o d e lo s in te r m e d iá r io s n ã o é p u r a m e n te d id á tic o . C a d a u m a p re s e n ta o u
u m a p a rte im p o r ta n te d a s itu a ç ã o n o P a rtid o T r a b a lh is ta , o u u m a d e s c r iç ã o
a c u ra d a d a s itu a ç ã o n o s p a rtid o s d e o u tro s p a íse s. N e s s e s e n tid o , o s m o d e lo s
s ã o ú te is p a ra c o m p a r a ç õ e s e n tr e d ife r e n te s s itu a ç õ e s e fe tiv a s o u p o s s ív e is .
124 GEORGE TSE B E U S
I n ic io c o m d o is “f a to s e s tiliz a d o s ” , o u s e ja , e n u n c ia d o s q u e se s u s te n
ta m n ã o só n a m é d ia , m a s ta m b é m n a m a io r p a rte d o te m p o , d e m o d o q u e
p o d e m s e r c o n s id e r a d o s a p ro x im a ç õ e s le g ítim a s d a r e a lid a d e . E m p r im e i
ro lu g ar, o s m ilita n te s tra b a lh is ta s s ã o p o litic a m e n te m a is e x tr e m a d o s (o u
s e ja , e s tã o m a is à e s q u e r d a n o e s p e c tr o q u e vai d a e s q u e r d a à d ire ita ) d o
q u e ta n to o s e le ito r e s em g e ra l c o m o o s e le ito r e s d e s e u p a rtid o e m p a r t i
c u la r. P o d e - s e e n c o n tr a r a p o io p a ra e s s a te s e c m B u tle r ( 1 9 6 0 , 5 ), q u e a fir
m a q u e o d ile m a e s s e n c ia l d o s líd e re s d o p a rtid o c o n s is te e m q u e
s e u s m a is le a is c d e v o ta d o s s e g u id o r e s te n d e m a te r c o n c e p ç õ e s m a is e x tr e m a d a s d o q u e e l e s p r ó
p r io s , e a e s ta r e m a in d a m a is d is t a n te s d a m a s s a q u e e f e tiv a m e n t e f o r n e c e o s v o to s . O s líd e r e s d o
p a r ti d o tê m d e c o n c i l i a r a q u e le s q u e o s a p o ia m c o m d in h e ir o o u t r a b a lh o v o lu n tá r io , c o m o e o r p o
c o n s id e r á v e l d e e le it o r e s m o d e r a d o s c u ja s a titu d e s o s to r n a m m a is s u s c e t í v e i s d e m u d a r d e p a r ti
d o , d i v id i n d o a s s im o s v o to s d a e le iç ã o s e g u in te .
5. No cjue c o n ce rn e a te n tativ as teó rica s d e e x p lica r o fen ô m e n o d o rad ic alism o m ilita n te, ver M ay (1 9 7 3 ) e
T se belis (19SS). E ntre os que d isco rd am d a lese e sião Rose (1962), W hiteley ( 1983) e W eicli e S tu d lar (1983).
A ldrich (1 9 8 3 a, 1983b), que Iraballuni com b ase em m odelos d o w n so n ian o s d e m ilitan tes p artid ário s, adota
em e ssên c ia o m esm o p ressu p o sto , su p o n d o que os m ililan tes apóiam o c an d id ato de sua p relerêiieia d e seu
p artido ou se ab stêm de fazê-lo. A fim d e ev ilar detalh es e c ríticas d esn ec essá rias, q u an d o e m p reg o o term o
m ilitantes, refiro -m e ao C o n selh o de D ireção G eral (GMC - G eneral M an ag em en t C ouncil) d o d istrito, q u e é o
c orp o dirig e n te d o d istrito e e.stá en v o lv id o no processo de in d ic aç ão d o c and id ato . A té o n d e sei, en q u an to
e xistem m uitas q u eix as d e que esse co rp o não é rep resen tativ o d o e leito ra d o p orque é m uito id eo ló g ico , nin
g uém afirm o u q u e não é m ais e x trem ad o d o q u e os e leito res trab alh istas,
fi. D ickson (1 9 7 5 ), q u e cobriu o p erío d o m ais lo ngo (1948 -1 9 7 4 ), en co n tra trin ta e cin co casos de reindicação
uos dois p a rtid o s, d o s q u a is d e zo ito p o r d iv e rg ê n cias p o líticas. O ito d o s d o ze caso s de co nflito de re in d i
c aç ão do 1'ariido T rab a lh ista term in aram com a vilória do d istrito eleito ral.
J O G O S O C U LTO S 125
7. Outros oilo deveram-sc a falhas pessoais e à idade do parlamentar, que podem .ser considerados de natureza .similar.
8. liles p ronu n ciam um d iscurso p o lítico que não dura m ais do que q u in z e m in u to s (R an n ey 1965).
* P o r a m jlito on processo d c iv iiu lia n iio deve entender-se o processo de nova csco llia d o c andidato q u e já exer
ceu um m andato. E v itam o s c riar nm n eologism o para verter rexelectiim (N . do T ) .
126 GEORGE TSE B E U S
( m o d e r a d a o u r a d ic a l) e o s e rv iç o p re s ta d o e m fa v o r d o d is trito 9. A n a lis o em
s e g u id a a e s c o lh a d o s m ilita n te s e n tr e e s ta b e le c e r s a n ç õ e s (p e la re je iç ã o d a
re in d ic a ç ã o , o u p e la r e c u s a a tra b a lh a r p a ra e le ) o u r e c o m p e n s a s ( c o n f irm a n
d o a in d ic a ç ã o e o fe r e c e n d o se u s p ré s tim o s p e s s o a is p a ra a c a m p a n h a ).
N o q u e d iz r e s p e ito a o s s e rv iç o s a o d is tr ito e le ito r a l, n ã o h á p r o b le m a
p a r tic u la r : q u a n to m a is fiz e r, m e lh o r s e rá a s u a s itu a ç ã o . Q u a n to à lin h a
p o lític a , p o r é m , o p a rla m e n ta r e n fr e n ta o s e g u in te d ile m a : d a d o q u e o s m i
lita n te s sã o m a is e x tr e m a d o s d o q u e o s e le ito r e s c o m u n s , s e e le f o r m o d e
ra d o , irá a g ra d a r ao e le ito r a d o , m e s m o q u e p o s s a p e rd e r a in d ic a ç ã o ; s e fo r
r a d ic a l, o b te r á a in d ic a ç ã o , m a s p ro v a v e lm e n te irá p e rd e r a e le iç ã o . L o g o ,
p r e f e r e s e r m o d e r a d o s e s o u b e r q u e o s m ilita n te s n ã o irã o p u n i-lo , e p r e f e
re s e r ra d ic a l s e s o u b e r q u e o s m ilita n te s irã o p u n ir a m o d e ra ç ã o . O p io r re
s u lta d o q u e o c a n d id a to p o d e e s p e r a r é s e r m o d e r a d o e p e rd e r a i n d ic a ç ã o 10.
N a v e rd a d e , o s p a rla m e n ta re s tra b a lh is ta s e s tã o c ie n te s d a s b a rg a n h a s
p o s s ív e is e n tr e a lin h a p o lític a e o s s e rv iç o s a o d is tr ito , e te n ta m u s a r o s
s e rv iç o s p a r a s u b s titu ir o p rim e iro , c o rn o in d ic a m as s e g u in te s a firm a ç õ e s
d e p a rla m e n ta re s , e n c o n tr a d a s e m C a in , F e re jo h n e F io rin a ( 1 9 8 7 , 86 ):
- M e u d is trito é s u f ic ie n te m e n te p e q u e n o p a ra q u e , s e v o c ê fo r a tiv o , a c o is a se e s p a
lh e . I s s o t o r n a a s u a b a s e f ir m e . Q u a n t o m a is f o r t e f o r m in h a r e p u t a ç ã o j u n t o à a s s o c i a ç ã o
d i s t r i t a l , m a is lo n g e p o s s o i r n a p o lít ic a .
- A a s s i s t ê n c i a s o c i a l m e a ju d a a o b t e r a lg u m a in d e p e n d ê n c i a e m r e l a ç ã o à te n d ê n c i a
e s q u e r d i s t a n a m á q u i n a d o p a r ti d o .
- S e a s e ç ã o d is trita l d o p a rtid o s e n tir q u e o p a rla m e n ta r é n e g lig e n te , e la p o d e rá p r e
j u d i c a r m u it o . U m a b o a r e p u t a ç ã o p o d e c o m p r a r o p e r d ã o p a r a q u a l q u e r u m .
E m c a d a d is tr ito e e m c a d a e le iç ã o , as b a rg a n h a s e n tr e o s s e rv iç o s e a
lin h a p o lític a g ra v ita m n u m a o u n o u tra d ire ç ã o ; a lg u n s d is tr ito s s e rã o m a is
s e n s ív e is à lin h a p o lític a , o u tro s ao s s e rv iç o s. N e s te c a p ítu lo , p r e s s u p o n h o
a e x is tê n c ia d a s b a rg a n h a s e c o n c e n tr o -m e p r in c ip a lm e n te n a lin h a p o lític a .
Q u a n d o a firm o q u e u m p a rla m e n ta r fo i tã o m o d e r a d o q u e foi s u b s titu íd o p o r
s e u d is tr ito e le ito r a l, e n te n d o q u e o d is trito e s ta v a m a is p r e o c u p a d o c o m p o
s iç õ e s p o lític a s , o u o p a rla m e n ta r n ã o p re s to u s e rv iç o s s u fic ie n te s a seu d is
trito p a r a c o m p e n s a r su a s p o s tu ra s m o d e ra d a s , o u a m b a s as c o is a s .
9. E sla e xpo sição ev ita q uestões d e o p o rtu n ism o (por exem p lo , o p arlam en tar p ro n u n ciar um d iscu rso d iferente
de seu co m p o rtam en to usual). A m inha apresentação tam bém e v ila qu e stõ es de voto p rospectivo e retro sp e c
tivo: os m ilitan tes a cred itam n o d iscu rso ou no c o m p o rtam en to ? lin lim , a m inha sim p lificação d e scarta a
c om petiçã o e n tre d iferen tes c an d id ato s trab a lh istas pela in d icação . C o n tu d o , e la p o d e ser d efe n d id a c om o
um a a p ro x im ação razoável d o p ro cesso de rein d icação : antes tle 1979, o p arla m e n tar e ra rein d icad o au to
m aticam ente, a m enos q u e o GMC fizesse algum a objeção ã su a atu ação ; após 1979, as regras p assaram a e x i
g ir que, a n tes d c in iciar o p ro ce sso de reindicação, um a m o ção para c o n tin u ar com o p arlam en tar em ex er
c ício fosse rejeitada pelo GMC. E x am in o os detalh es in stitu cio n ais na Seção III.
10. C a sos em q u e o c an d id ato in g ressa na co m p etição eleito ral co m o ind ep en d en te e vence a e leiç ão , a d esp eito
d c ter sid o rejeitad o pelo p artido dc seu d istrito , são m uito raros.
J O G O S O C U LT O S 127
P o r se u la d o , a o e f e tu a r u m a e s c o lh a o s m ilita n te s p re c is a m le v a r em
c o n ta d o is tip o s d e c rité r io s : p r e f e r e m g a n h a r a e le iç ã o a p e rd ê - la , m a s ao
m e s m o te m p o p r e f e r e m r e p r e s e n ta n te s r a d ic a is a m o d e r a d o s . S e o s e g u n
d o c rité r io f o r m a is f o rte q u e o p r im e ir o , a o r d e m d e p r e f e r ê n c ia d o s m ili
ta n te s s e rá a s e g u in te : ( 1 ) o re s u lta d o p re f e r id o é a v itó r ia d e u m r e p r e s e n
t a n t e r a d ic a l; ( 2 ) p r e f e r e m te r u m r e p r e s e n ta n te r a d ic a l, m e s m o q u e e le
p e r c a ; (3 ) p r e f e r e m te r u m r e p r e s e n ta n te m o d e r a d o ; (4 ) o p io r r e s u lta d o
s e ria u m p e rd e d o r m o d e ra d o .
S e fo s s e e s s a a v e rd a d e ira e s tr u tu r a d e p r e f e r ê n c ia d o s m ilita n te s , e le s
s e m p re v o ta ria m c o n tr a c a n d id a to s m o d e ra d o s , e to d o s o s re p r e s e n ta n te s d o
d is t r it o s e r ia m r a d ic a is . D e v id o a se u e x tr e m is m o , a p e n a s u m a p e q u e n a
p o r c e n ta g e m d e s s e s re p r e s e n ta n te s c o n q u is ta ria c a d e ir a s n o P a r la m e n to . O
r e s u lta d o s e ria o P a rtid o T r a b a lh is ta s e r s e m p re d e rr o ta d o , e n u n c a a lc a n ç a r
o g o v e rn o . U m a a n á lis e s im ila r le v o u a lg u n s p a rla m e n t a r e s e p o l ít ic o s a
a b a n d o n a r o P a rtid o T r a b a lh is ta e m 1981 e a c ria r o P a rtid o S o c ia l D e m o
c ra ta (B r a d le y 1981). P a r a o s q u e c o m p a r tilh a m e s s a a n á lis e , o s e x e m p lo s
d e p e rd a s d e c a d e ira s n o in íc io d e s te c a p ítu lo n ã o d e v e tê -lo s s u rp r e e n d id o .
A o c o n tr á rio , e s s e s e x e m p lo s fo rn e c e m in d íc io s em a p o io d e tal a n á lis e . O
q u e p re c is a s e r e x p lic a d o é p o r q u e a f re q ü ê n c ia d e ta is in c id e n te s é tã o b a ix a
e p o r q u e o P a rtid o T r a b a lh is ta n ã o p e rd e u s u a p o s iç ã o d e u m d o s d o is m a io
res p a rtid o s n o R e in o U n id o .
S e o s m ilita n te s p r e f e r e m c o n q u is ta r u m a c a d e ir a a te r u m r e p r e s e n
ta n te ra d ic a l, e n tã o s u a o r d e m d e p r e f e r ê n c ia é a s e g u in te : ( 1 ) u m p a rla m e n
t a r r a d ic a l; (2 ) u m p a rla m e n ta r m o d e r a d o ; (3 ) u m r e p r e s e n ta n te ra d ic a l q u e
p e rc a , e (4 ) u m p e rd e d o r m o d e ra d o . E s s a o r d e m d e p r e f e r ê n c ia p r e s s u p õ e
( c o m o t o d a a b ib lio g ra f ia s o b re o a s s u n to ) q u e o s m ilita n te s s ã o r a d ic a is ,
m a s q u e o s in te r e s s e s d o p a rtid o v ê m e m p r im e ir o lu g ar.
N e s te c a p ítu lo , e x a m in o as c o n s e q ü ê n c ia s d e a m b o s o s p e rfis d e p r e
f e rê n c ia . N o e n ta n to , a p o s iç ã o q u e d e fe n d o e q u e e x p lic a o c o m p o r ta m e n to
d o s m ilita n te s é q u e e le s tê m a s e g u n d a e s tr u tu r a d e p r e f e r ê n c ia ( p re fe re m
u m p a rl a m e n t a r m o d e r a d o a u m p e r d e d o r r a d i c a l) , e a lg u m a s v e z e s e s s a
o rd e m d e p r e f e r ê n c ia é c o n h e c id a d o p a rla m e n ta r, a lg u m a s v e z e s n ã o . N o
p r im e ir o c a s o , r e f iro - m e a u m j o g o c o m in fo r m a ç ã o c o m p le ta e, n o s e g u n
d o , a u m j o g o c o m in fo r m a ç ã o in c o m p le ta .
A F ig u r a 5.1 r e p r e s e n ta o s d ile m a s d e c a n d id a to s e m ilita n te s n a f o r
m a d e u m j o g o . O c a n d id a to ( jo g a d o r 1 ) p r e c i s a e s c o l h e r e n tr e a e s tr a té
g ia m o d e r a d a e a e s tr a té g ia e x tr e m a d a . E m s e g u id a , o s m ilita n te s (jo g a d o r
2 ) p r e c is a m e s ta b e le c e r s a n ç õ e s o u r e c o m p e n s a s . S e o p a r l a m e n t a r e m
e x e rc íc io e s c o lh e o e x tr e m is m o , o s payoffs s ã o p a ra o p a rla m e n ta r e R 2
p a ra o G M C . S e o p a r la m e n ta r é m o d e r a d o e o G M C e s ta b e le c e s a n ç õ e s ,
o s p a yo jfs s ã o P, p a ra o r e p r e s e n ta n te e P 2 p a ra o G M C . S e o p a rla m e n ta r
é m o d e r a d o e o G M C o g r a t i f i c a , o s p a yo ffs sã o T ( p a r a o p a r l a m e n t a r e
O , p a ra o GM C.
GEORGE TSE B E U S
P e n s e m o s n u m j o g o c o m in fo r m a ç ã o c o m p le ta , o u s e ja , e m q u e to d o s
os p a yo jfs sã o c o n h e c id o s p e lo s a to r e s , e te n te m o s r e p r o d u z ir o r a c io c ín io
d o p a rl a m e n t a r 1'. E le p r e f e r e s e r m o d e ra d o ; p o ré m o G M C p r e f e r e q u e e le
s e ja e x tr e m a d o . A lé m d is s o , e le s a b e q u e a m o d e r a ç ã o p o d e c o n d u z ir à
p e rd a d a in d ic a ç ã o . S e a m o d e r a ç ã o fo s s e s e r r e c o m p e n s a d a , e le d e c id iria
s e r m o d e r a d o ; c o n tu d o , se a m o d e r a ç ã o f o s s e r e c e b e r s a n ç ã o , e le e s c o lh e
ria s e r r a d ic a l.
MP
1, R,
Oj K;
F i g u r a 5 . 1 O j o g o d a r e i n d i c a ç ã o d c p a i l a m c n l a r n o n ív e l d o d i s t r i t o .
E s s a in fo rm a ç ã o e s tá p re s e n te n o s p re s s u p o s to s d e n o sso m o d elo : a p r i
m e ira o rd e m de p r e fe rê n c ia d o s m ilita n te s p r e s u m e q u e o s m ilita n te s p r e f e
rem q u e se u s re p re s e n ta n te s s e ja m id e o lo g ic a m e n te e x tre m a d o s a q u e se jam
e le ito s (fo rm a lm e n te , q u e 0 2 < P ,); a se g u n d a o rd e m d e p re fe rê n c ia d o s m ili
ta n te s p re s u m e q u e p re fe re m te r se u s re p re s e n ta n te s e le ito s a a d o ta r s a n çõ e s
c o n tra e le s (fo rm a lm e n te , q u e 0 2 > P 2). A ssim , se 0 2 < P 2, o p a rla m e n ta r em
exercício sem pre escolherá ser rad ic a l c s e r r e in d ic a d o . S e 0 2 > P ,, o p a rla
m e n ta r s e rá s e m p re m o d e ra d o , e o GM C s e m p re irá a q u ie sc e r.
N o te -s e q u e , em a m b o s o s c a so s , n ã o h á sa n ç ã o . D e s s e m o d o , e s s e m o
d e lo c o n d u z d ire ta m e n te ao C a rib d e d a im p re c is ã o e m p íric a . N ã o a p e n a s c a
re c e d e p re c is ã o , c o m o n ão c c a p a z d e e x p lic a r o e n ig m a in ic ia l d o c o m p o r
ta m e n to s u ic id a d o s m ilita n te s . N o p rim e iro c a so , a s a n ç ã o é u m a a m e a ç a
a c re d itá v e l e p o rta n to n ã o é e x e c u ta d a p o r q u e o p a rla m e n ta r t r a n s ig e 12. N o
1 I. M ais p recisam en te, e les possuem co n hecim en to m útuo, nu seja. am b o s c o nhecem os p u y u ffs um do outro,
cada um sabe q u e am bos c o nhecem os respectivos pttynjjx, cada um sa b e que am bos sabem q u e am b o s co
nhecem os resp ectiv o s p a yo jfs...
I 2. O parla m e n tar crê q u e, se os m ilitantes forem solicitados a c u m p rir sua am eaça, e les o farão, pois c tle seu
JO G O S OCULTOS 129
segundo caso, a sanção não é uma ameaça acreditável, porque não é do inte
resse dos militantes levá-la a cabo. Todavia, esse modelo simples demonstra
a lógica da interação entre parlamentares e distritos eleitorais e serve de ex
plicação para a esmagadora maioria dos distritos do Reino Unido. Afinal, o
comportamento aparentemente suicida dos militantes constitui um enigma não
por causa de sua alta freqüência, mas por sua mera existência.
Por que os resultados catastróficos apresentados na introdução deste ca
pítulo não são reproduzidos por esse modelo? Há três respostas possíveis para
isso. Em primeiro lugar, nesse modelo, pressuponho que os payoffs de ambos
os jogadores são de conhecim ento mútuo. Se presumo, porém, que o parla
mentar não conhece a ordem dos payoffs dos militantes, se ele apreende erro
neamente suas intenções, sobretudo se acredita que os militantes não irão exe
cutar suas ameaças quando, na verdade, o GMC não está disposto a aceitar um
representante m oderado, o resultado do jogo da reindicação é exatam ente
moderação e sanção. Isso conduz duplamente à boca de Cila - porque des
carta o problema quando aceita que os militantes preferem ser derrotados a
ser representados por um parlamentar moderado, e porque pressupõe erros da
parte de um ator racional (o parlamentar).
A segunda possibilidade é que são possíveis estratégias contingentes,
ou que o jogo é iterativo; logo, o com portam ento de hoje do GMC fornece
algum a inform ação sobre o seu com portam ento no futuro. Nesse caso, faz
sentido para um GMC adotar sanções mesmo que O, > P2, enviando um sinal
para futuros jogadores de que não vê a m oderação com bons olhos. A his
tória de D ick Taverne representa um exemplo perfeito de sinalização num
jog o iterativo. Conform e observei na introdução, Taverne apresentou-se
com o candidato trabalhista independente contra o candidato oficial de seu
partido e ganhou a cadeira. A eleição seguinte ocorreu oito meses mais
tarde, e os trabalhistas reconquistaram a cadeira de Lincoln. Os militantes
estavam dispostos a perder a cadeira numa eleição para deixar claro que
Taverne era inaceitável, mas conseguiram, oito meses depois, reconquistar
a cadeira com um representante mais apropriado. Essa resposta é aceitável
se se pressupuser um núm ero infinito de iterações do jo g o 13. N o entanto, o
pressuposto de iterações infinitas é questionável.
A terceira possibilidade é uma com binação de incerteza e iterações.
Esse é o caso a investigar14. Conform e observei no Capítulo 3, no caso de
jogos de iteração finita com inform ação incom pleta, pode-se dizer que
qualquer resultado racional individual constitui um equilíbrio perfeito. Além
disso, as proposições 3.6 e 3.7 indicam que a probabilidade de cscolhcr uma
das estratégias varia com a magnitude dos payojfs. Essa inform ação pode
ser usada para investigar o jogo da reindicação sob condições de inform a
ção incom pleta e iterações.
Tabela 5.1 0 jo g o da reindicação no nível do distrito.
R eco m p en sa S a n çã o
R ad ical R )t R 2 o ,, t 2
MP
M o d erad o T .’ 0 2 P r P2
M P: T , > R , = O , > P,
D istrito e leitoral: T , = R , > O , > P , ou
T , = R , > P, > O ,
Q uanto às posições políticas dos MPs, testei m inha tese com dados da
Câm ara dos Com uns na legislatura 1974-1979. A variável independente foi
a m arginalidade do distrito: a diferença de percentagem pontual entre o MP
trabalhista e o segundo candidato'5. A variável dependente foi o núm ero de
vezes que cada MP trabalhista votou com o Partido Conservador na legisla
tura de 1974-1979, causando a derrota política do governo trabalhista. Se
gundo N orton (1980), o governo trabalhista perdeu vinte e duas dessas
votações devido a dissensões; dessas votações, doze delas eram projetos de
devolução de direitos à Escócia e ao País de Gales; as dez restantes cons
tituíram derrotas políticas do governo devido a dissensões. No apêndice a
este capítulo são apresentados os porm enores relativos à construção do con
junto de dados.
Correlacionei a freqüência de dissensão em nove votações sensíveis a
razões políticas com a margem de vitória eleitoral dos MPs na eleição de
1974. O resultado é que, quanto mais m arginal for o distrito, mais prová
vel será que o MP vote com a oposição conservadora: a correlação entre a
margem de vitória eleitoral e o número de vezes em que um MP trabalhis
ta vota com a oposição é - 0,224.
A Tabela 5.2 apresenta os dados em forma resumida. Os distritos elei
torais são dicotomizados em “seguros” (se a margem de vitória for > 20 pon
tos) e “marginais” (se a margem de vitória for < 20 pontos)16. Os MPs se
dividem em “leais”, se votam com o governo, e “desleais”, se divergem pelo
menos uma vez. A Tabela 5.2 demonstra que os MPs leais provêm mais de
cadeiras seguras do que de cadeiras marginais (114 para 72); MPs desleais
provêm mais de cadeiras marginais do que de cadeiras seguras (83 para 63);
além disso, cadeiras seguras produzem mais MPs leais do que desleais (114
para 63); e as cadeiras marginais produzem mais MPs desleais do que leais
(83 para 72).
U tilizando o mesm o conjunto de dados, fiz um a regressão do núme
ro de vezes em que um MP trabalhista votou contra o governo (ou se abs
teve) em relação à margem de sua vitória eleitoral; o coeficiente padroni
zado da variável "m argem ” foi - 0,24, e era estatisticam ente significativo
no nível 0,0001 (t - estat > 4); contudo, o R2 do modelo foi baixo: 0,06.
Pode-se argum entar que a significância estatística é um a função do
número de casos e que, com um número tão alto de casos (332), a signifi
cância estatística está assegurada e portanto c irrelevante. É certo que a
significância estatística depende do número de casos observados e que, se
eu tivesse coligido dados diferentes, poderia não ter encontrado o mesmo
nível de significância. Todavia, esse argum ento atua exatam ente no senti
do oposto: o teste em pírico faz parte do projeto da pesquisa. Com o em
estudos anteriores, eu poderia ter trabalhado com um questionário de uma
amostra de MPs, o que teria limitado o número de casos, posto em dúvida
a m edida em que suas afirm ações correspondem a suas atitudes ou a seu
com portam ento, ou as três coisas conjuntam ente. Escolhi, em vez disso,
exam inar o universo de MPs (na Câmara dos Comuns na legislatura de 1974-
1979) e o universo das dissensões politicam ente significativas e instrum en
tais (aquelas que causaram a derrota do governo trabalhista, de modo que
não podem ser consideradas simbólicas).
17. E m iip o io a e s s a te s e . v e r T u rn c r (1 9 5 1 ), M a c ra e (1 9 5 8 ), M a y h e w (1 9 6 6 ), S h a n n o n (1 9 6 8 ), B ra d y (1 9 7 3 ) e
F io rin a (1 9 7 4 ).
JOG OS OCULTOS m
MP
F ig u ra 5 .2 O jo g o d a re in d ic a ç ã o no nível d o p arlid o .
Dois fatores determ inam a posição do NEC. O prim eiro é sua com po
sição política: se a ala direita do partido controla a maioria do NEC, o GMC
reconhecerá que é inútil apresentar candidatos de esquerda, porque serão
elim inados. Se a ala esquerda do partido controla o NEC, o GMC sabe que
o NEC respeitará suas escolhas.
O segundo fator que influencia o julgam ento do NEC é a questão de
saber se a cpoca é apropriada para a nacionalização de um conflito essen
cialm ente local. Esse segundo fator irá atenuar o prim eiro (a com posição
política do NEC) e aum entar a gam a de candidatos aceitáveis pelo NEC.
Esses dois fatores, conjuntam ente, indicam os motivos pelos quais os
dados empíricos apresentados na Seção I provocam tanto alarde. O primeiro
fator indica que o NEC é responsável, em últim a instância, pelas crenças,
atitudes e com portam ento políticos dos MPs; o segundo indica que o NEC
lançará mão de seus direitos para intervir de acordo com a situação políti
ca e contra posições extremistas.
O parlam entar pode raciocinar com o segue: se o NEC for dom inado
pela direita, o GMC com preenderá que opor-se a ele é inútil. C ontudo,
mesm o que o GMC não com preenda bem a situação, o NEC recusará a lis
ta, ou retirará dela todos os candidatos esquerdistas não aceitáveis. No pior
dos casos, e se a situação política for apropriada, am eaçará o distrito com
a desfiliação. Sc o NEC for dominado pela esquerda, as margens de esco
lha do candidato serão lim itadas. Se ele for rejeitado pelo GMC, disporá
de pouca ajuda. Prentice, por exemplo, recebeu uma carta de apoio de 180
MPs, mas ainda assim foi rejeitado por seu distrito c pelo NEC (Kogan c
K ogan 1982, 31).
D esse modo, se o jogo é considerado de um a só jogada com inform a
ção perfeita, não há possibilidade de discordância pública entre os MPs, os
distritos eleitorais e o NEC, assim com o não havia possibilidade de diver
gência entre um MP e o GMC no jogo sim plificado no nível distrital. A ra
zão é que ameaças acreditáveis são respeitadas e, em conseqüência, o outro
jogador capitula; ameaças não-acreditáveis não são levadas a cabo. O jogo
nesta seção difere do jogo da Seção I pelo fato de que a introdução do NEC
produz resultados que são independentes das opiniões políticas dos m ilitan
tes distritais. O NEC pode, m ediante seu poder de veto, rejeitar qualquer
candidato que julgue inaceitável por razões políticas. Se o NEC é dom ina
do pela direita, os distritos aquiescem. Se o NEC é dom inado pela esquer
da, os MPs aquiescem . Esse modelo cxplica a disciplina dos partidos polí
ticos britânicos e a esm agadora maioria dos casos de reindicação em que
não ocorrem quaisquer disputas entre o distrito, o MP e o NEC. Porém, tanto
quanto o exem plo correspondente na Seção I, não pode explicar conflitos
entre os atores.
Se, todavia, o jogo entre MPs, militantes c o NEC é considerado um
jogo iterativo com informação incompleta, a análise anterior (que supunha
informação perfeita) permanece basicamente válida, embora se tornem pos
síveis resultados que indiquem discordância entre MPs e m ilitantes, ou en
tre militantes e o NEC. Assim, e possível ver distritos eleitorais apoiando um
JO G O S OCULTOS
Janosik (1968, 132) critica Beloff, sugerindo que, para alguns escritores po
líticos, “Não importa quantas acusações se revelem sem fundamentos, aque
les que sentem que o NEC com certeza deve ter controle sobre a indicação
dos candidatos parlam entares acabam insistindo em que o pesquisador não
deveria ter ido tão fundo, c que o NEC de fato dispõe desses poderes”.
A minha análise sugere que o NEC tem esse poder, e que indícios em
píricos na forma de vetos efetivos, mem orandos internos ou cham adas te
lefônicas são irrelevantes; seu poder provém da estrutura do jogo da rein
dicação, no qual o NEC possui poder de veto sobre os indicados. Esse poder
de veto é atenuado unicam ente pela conjuntura política geral; se o NEC
julgar que as circunstâncias são inapropriadas, não intervirá. Se esse po
der de veto raram ente é exercido é porque raramente precisa ser exercido.
Contudo, está sem pre presente o poder de veto da liderança partidária cen
tral. E a liderança pode am eaçar usá-lo sem pre que sentir que tais am ea
ças são necessárias. A mal-afamada frase de Harold W ilson, em meio à crise
do M ercado Comum Europeu, resume-o de form a adm irável: “Tudo o que
eu digo é observem . Todo cão tem perm issão para m order um a vez, mas
pensa-se diferente de um cão que morde sem pre. Se houver dúvidas de
que o cão que está mordendo não é porque obedece à sua consciência, mas
porque é considerado viciado, então acontecem coisas a esse cão. Pode ser
que não tenha sua licença renovada quando isso se tornar necessário” (The
Tim es, 3 de m arço de 1967, p. 1).
O meu argum ento não difere daquele apresentado pelos autores da
C onstituição am ericana no que se refere ao poder de veto presidencial.
N o Federalist, n° 74, H am ilton (H am ilton, M adison e Jay 1961, p. 446)
argum entou que fundam entalm ente o poder de veto não precisa ser em
pregado para ser efetivo:
Um poder dessa n atureza no executivo operará de m aneira silen cio sa c im perceptível, em
bora com força. Q uando os hom ens, com prom etidos com objetivos injustificáveis, têm consciência
de que as reações podem vir de um a esfera que não controlam , eles quase sem pre, pelo m ero re
ceio de en co n trar oposição, se ab sterão de fazer aquilo que se apressariam a fazer se não tem essem
im pedim entos externos.
Com efeito, o NEC tem a opção entre aquiescer e excluir todo o distrito
c, em algum as circunstâncias, a segunda escolha pode ter um alto preço.
Enfim , esse jogo iterativo se liga ao jogo com petitivo entre os dois
partidos tanto no nível distrital quanto no plano nacional. Logo, variações na
situação com petitiva dos partidos modificam os payojfs do jogo, influencian
do a probabilidade de que cada ator vete a decisão do anterior. Em distritos
marginais, há uma maior probabilidade de que a política seja moderada por
que, em tais distritos, os payojfs dos jogadores moderados aumentarão, e os
payoffs dos jogadores radicais diminuirão, tornando mais prováveis a esco
lha de estratégias moderadas e de aquiescência.
Se o NEC vetou e puniu severam ente MPs no fina! dos anos 40, foi
porque o partido estava no auge de sua força no pós-guerra e podia per
m itir-se perder cadeiras. Além disso, MPs rebeldes sim patizavam com o
bloco com unista. O NEC teria justificativas para não agir contra Bevan e
seu grupo porque o parlido estava debilitado em 1955 e não podia permi-
tir-se perder MPs. Som e-se a isso que Bevan e seus amigos estavam forta
lecidos dentro do partido, e sua expulsão poderia ter criado sérios proble
mas na convenção anual.
Com o ocorreu com o modelo da Seção I, os testes em píricos deste
m odelo mais com plicado exigiriam dados referentes a m arginalidade, a
favores políticos e a posições políticas. Seriam necessárias também infor
m ações referentes aos diferentes grupos de MPs que foram eleitos sob
condições diferentes de com petição entre trabalhistas e conservadores e
com posições diferentes do NEC, e ainda o núm ero de vezes em que foram
reindicados. N ão testo aqui o modelo mais com plicado.
Um caso que indica com o mudanças na situação (ou seja, nos payoffs
dos jogadores) podem influenciar o resultado final é relatado por Rush
(1969). Em 1962, John Palm er foi indicado para representar Croydon
North-W est e foi aceito pelo NEC. Em 1966, foi reindicado por seu distri
to, mas o NEC recusou-se a endossá-lo. O distrito protestou na convenção
anual de 1966, mas foi derrotado. O NEC “impôs seu próprio candidato”
(The Guardian, 10 de março de 1966). Rush (1969, 140) especula: “Não
está claro se isso foi um equívoco, um reflexo da crescente ansiedade que
a séria doença de Hugh Gaitskell estava causando no Partido Trabalhista,
ou se as concepções esquerdistas de Palm er estavam em m aior evidência
durante e após a eleição de 1964”. Tudo nas explicações de Rush (com
exceção do “equívoco”, pois não há tal verbete no dicionário da escolha
racional) reflete algum a modificação dos payoffs do NEC.
Recapitulando e concluindo, há quatro jogadores relevantes no jogo da
reindicação. Se o jogo é de uma só jogada com informação perfeita, não há
possibilidade de divergência aberta entre os atores. Isso não significa que haja
uma concordância no tocante a qual solução é ótima. Significa apenas que o
ator que tem o último lance pode impor sua vontade sobre os demais. Se for
JO G O S OCULTOS
2 3 . N a é p o c a , o NHC lin h a 2 8 m e m b ro s .
2 4 . E m 19 7 0 , p o r e x e m p lo , a p re s e n to u -s c u m a re s o lu ç ã o q u e s o lic ila v a a o g o v e rn o q u e " e v ita s s e o e rro fa ta l d e
ig n o ra r o s d e s e jo s e a s v o z e s d o s d is trito s e o r g a n iz a ç õ e s a filia d a s , d c o n d e d e riv a o s u p o rte c n f o rç a d o
m o v im e n to tra b a lh is ta " (l.a b o u r P a rty 1 9 70, 17 1 ). O u tra r e s o lu ç ã o a firm a v a : " E s ta c o n v e n ç ã o a c r e d ita q u e
o s líd e re s d o P a rtid o I r a b a lh is ta P a rla m e n ta r, e s te ja m n o g o v e rn o o u n a o p o s iç ã o , d e v e m re fle tir a s c o n c e p
ç õ e s e a s p ira ç õ e s d o m o v im e n to tra b a lh is ta e s in d ic a lis ta , a d e q u a n d o s u a s p o lític a s à s d e c is õ e s d a c o n v e n
ç ã o a n u a l" (C o n fe re n c e R e p o rt 1 9 70, ISO).
JO G O S OCULTOS 145
o líder, queria elegê-lo não pelo grupo parlam entar, mas por um colégio
eleitoral diferente, no qual fosse levada em consideração a opinião da massa
de filiados. A discussão seguinte centraliza-se no primeiro alvo, a “reindica
ção referendada” aprovada na convenção de Brighton em 197926.
A CLPD utilizou “resoluções-m odelo” para coordenar o apoio do dis
trito em questões fundamentais. Uma vez que cada distrito tinha o direito
de enviar um a resolução à convenção do partido, a CLPD utilizou seu bo
letim para publicar o texto que distritos sim patizantes poderiam submeter
à convenção. A reindicação referendada foi apresentada doze vezes em 1975,
45 vezes em 1976, 79 vezes em 1977, 67 vezes em 1978, e 22 vezes em
1979 (nessã época, outras questões tam bém eram im portantes) (Kogan e
K ogan 1982, 28).
A proposta de reindicação referendada foi adotada pela Convenção
de Brighton (1979), após a derrota eleitoral do Partido T rabalhista. Se
gundo Ron H ayw ard, o secretário geral do partido, “A razão [da derrota
eleitoral] foi que, por bem ou por mal, o gabinete apoiado pelos deputa
dos ignorou as decisões do Congresso e da Convenção. Não foi outra coi
sa...” (Butler e Kavanagh 1984).
A reindicação referendada, tal como foi votada pela convenção de Brigh
ton, consistia numa reunião especial do Com itê de Direção Geral entre o 18o
e o 36° mês seguinte à eleição “para exam inar se o M em bro do Parlam ento
deve ou não ser indicado como candidato potencial ao Parlam ento” (cláusu
la XIV, seção 7, parágrafo [a]).
(e). A reu nião ex trao rd in ária a que se referiu no p arág rafo (a) acim a deve ex am in ar
um a reso lu ção p ara in d icar o M em bro do P arlam ento co m o can d id ato p o ten cial, e se a reso
lução for aprovada, o nom e do M em bro do Parlam ento deve ser subm etido ao C om itê Executivo N a
cional p ata endosso [...]
(0 - Se a resolução a que se refere o parágrafo (e) acim a não for aprovada, o m encionado
en con tro deve ex am inar um a outra resolução, a de que esse grupo deve iniciar o procedim ento para
a escolha de um candidato potencial ao Parlam ento de acordo com a seção (3) desta cláu su la27
haviam em palm ado o NEC e a convenção anual? (2) Por que não introdu
ziram uma alteração institucional mais efetiva, se o equilíbrio de forças era
tão favorável?
A resposta à prim eira questão é direta: a CLPD lutou por essas m u
danças institucionais porque elas exercem um im pacto (pequeno, mas dig
no de nota) sobre o equilíbrio de forças entre a esquerda e a direita dentro
do partido, pois a cláusula XIV, seção 7, desloca o equilíbrio de forças para
o lado dos GMCs c parece ser mais estável do que m aiorias tem porárias.
Além disso, dependendo das condições políticas reinantes, o NEC pode
achar que a intervenção no âmbito local pode ter um im pacto negativo glo
bal para o partido e pode deixar de exercer seu poder de veto.
A resposta à segunda questão é mais com plicada: a CLPD não intro
duziu m udanças mais efetivas porque não eram factíveis na época (se é que
o seriam algum dia) para o Partido Trabalhista. A m odificação m ais radi
cal teria sido derrogar de uma vez por todas o poder de veto do NEC. U m a
m odificação desse gênero elevaria o distrito ao papel de juiz final do com
portam ento do MP (ver a análise na Seção I e o jogo na Figura 5.1). Sem e
lhante alteração teria significado a am ericanização do Partido Trabalhista,
no sentido de que deixaria de existir uma autoridade central no partido. O
GMC de cada distrito estaria apto a indicar os candidatos de sua escolha sem
enfrentar qualquer obstáculo e, a longo prazo, o grupo parlam entar com -
por-se-ia de MPs sem quaisquer vínculos com uns, mas que refletiriam fiel
mente o GMC de seus distritos.
Em vez de lutar pela descentralização (distritos versus liderança cen
tral), a CLPD escolheu lutar pela questão de quem está no controle no pla
no central: a convenção e o NEC ou o grupo parlamentar. Essa escolha era
estratégica: a CLPD não podia contar com o apoio dos sindicatos na ques
tão da descentralização. Os sindicatos dispõem do voto em bloco e contro
lam a maioria da convenção anual. Um a tentativa de descentralização ter-
se-ia constituído num ataque direto ao poder político dos sindicatos. O tempo
todo a CLPD foi bastante sensível à questão das alianças com os sindicatos;
com o afirmou um de seus líderes:
As seções d istritais do Parlido T rabalhista possuem m enos de 10% dos m ais de sete m ilhões
de votos na convenção do parlido. O único m eio que a C L PD teve de co n q u istar m aioria nas su
cessivas convenções foi capturar os votos cm bloco dos sindicatos, enfatizando que estam os lutan
do pela im plem entação de políticas sindicais, e evitando a todo custo qualquer ação que nossos ad
versários pudessem caracterizar como um ataque aos sindicatos (grilo m eu) (K oelble 1987, 260).
IV. CONCLUSÕES
O capítulo foi iniciado com um enigma: por que os militantes do Parti
do Trabalhista substituem seus deputados e provocam a derrota eleitoral de
seu partido? Para investigar a resposta, desenvolvi um modelo de reindicação
de MP. Esse modelo e suas variações indicavam que, sob condições de infor
mação perfeita e num jogo de uma só partida, não há possibilidade de con
flito aberto, não só entre MPs e seus distritos, mas também entre os distritos
e o NEC, e entre o NEC e a convenção anual. Além disso, é sempre o último
ator com poder de veto que impõe sua vontade. Contudo, se o jogo é iterativo
e a informação é incompleta, torna-se racional para os militantes rejeitar seus
MPs moderados, mesmo que prefiram um outro MP trabalhista um conser
vador. A longo prazo, criam um reputação dc serem duros e podem ensinar
seus representantes a seguir mais estritamente a vontade do GMC. D e modo
similar, os conflitos entre os distritos e o NEC podem ser interpretados como
sinais de um desejo de deslocar o equilíbrio das forças políticas para a es
querda ou para a direita. Esse jogo da reindicação está inserido dentro de um
jogo competitivo entre os partidos no plano do distrito e no âmbito nacional.
Esse jogo competitivo modifica alguns dos payojfs dos atores e aumenta ou
diminui a probabilidade de certas estratégias:
• Um a disputa acirrada num distrito reforça a posição do MP moderado.
Um disputa acirrada no plano nacional fortalece a posição dos modera
dos dentro do partido, ao mesm o tempo em que reforça a im portância dc
cada distrito específico, que tem condições de chantagear a liderança cen
tral do partido.
• C ongruência política entre qualquer ator e um ator com poder de veto
aum enta o potencial de barganha do primeiro ator; é por isso que MPs que
se desviam da linha do partido para posições m oderadas são rejeitados
por seus distritos sem interferência do NEC.
• O equilíbrio de poder é influenciado por arranjos institucionais. A força
ou a influência dos diferentes atores não pode ser avaliada pela freqüência
de discrepâncias ou pela freqüência de resultados particulares, pois o con
flito aberto entre atores nesse jogo particular não indica nem fraqueza
nem força.
A análise das mudanças que a CLPD introduziu na constituição do Par
tido Trabalhista em 1979 revelou-se muito menos importante do que usual
mente sugere a bibliografia especializada. Descobriu-se que a mudança na
posição política dos sindicatos possibilitou essas mudanças, além dc ser a
causa direta do deslocamento político do Partido Trabalhista.
Enfim, os militantes escolheram a reindicação referendada no lugar de
algumas reformas institucionais mais drásticas (descentralização), por razões
152 GEORGE TSEBELIS
F s p é e ie d c “ g o v e rn o p a ra le lo ” , f o rm a d o p o r m e m b ro s d o p a rtid o q u e n ã o e s tá n o g o v e rn o m a s q u e p r e te n
d e te r s u a s o p in iõ e s re s p e ita d a s p e la s itu a ç ã o . (N . do
JOG OS OCULTOS 151
esse com portam ento contem porizador. Cameron (1978) sustenta que é mais
provável que disputas partidárias internas cessem na presença de um am
biente com petitivo internacional e num a econom ia aberta. K atzenstein
(1985) afirm a que pequenos países (inclusive aqueles de tipo consociacio-
nal) têm m elhor desem penho na econom ia internacional e m elhoram sua
perform ance econôm ica porque optam por um am biente político estável.
O utra explicação enfatizaria que as elites praticam com portam ento contem
porizador porque possuem horizontes de tem po mais am plos do que as
massas (A xelrod 1984).
Em bora essas explicações forneçam m otivações diferentes (mas não
m utuam ente excludentes), todas elas explicam o com portam ento contem
porizador das elites pela invocação de um interesse de ordem superior às
solicitações dos eleitores. O denom inador com um dessas explicações do
consociacionalism o é que os atores políticos votam contra seus interesses
imediatos para assegurar interesses mais importantes a longo prazo, ou seja,
votam de m aneira estratégica. N ão é incom um um conflito desse gênero
entre interesses a longo e a curto prazo. Na verdade, sustentou-se que a
escolha de interesses a longo prazo em detrim ento de outros a curto prazo
é a característica mais importante do com portam ento humano (Elster 1983;
Shubik 1982, 63).
Essa explicação do consociacionalism o apresenta um a série de pro
blem as. O prim eiro é que ele se concentra nas elites e ignora suas bases.
Será a acom odação um a estratégia aceitável para as bases? Se assim for,
por que elas não mudam suas posições? Se não for, por que não substituem
seus líderes? D iscrepâncias a curto prazo entre o com portam ento da elite e
as aspirações da massa não são raras. Afinal, a m aioria dos governos tem
de tom ar decisões impopulares quando a ocasião o exige. No entanto, uma
tal discrepância não pode existir por m uito tem po, especialm ente se as
questões são consideradas importantes. As elites têm de explicar seu com
portam ento e persuadir as massas, ou serão substituídas por rivais mais
com petitivos4.
O segundo problem a é que, em bora o consociacionalism o e o voto
sofisticado possam explicar a acomodação da elite, eles se concentram nas
decisões das elites, e deixam de fora a estratégia intraelites. Essa om issão
do aspecto estratégico do com portam ento das elites gera problem as tanto
no nível teórico quanto no empírico. O problem a teórico é que o com por
tam ento de uma elite é independente do das outras elites. É sem pre m e
lhor para cada elite votar de maneira sofisticada, pelo menos do ponto de
vista da adoção e implementação de políticas. Se a acom odação é o resul
tado do voto sofisticado, então o com portam ento ótim o para cada elite é a
contem porização, independentem ente do que as outras elites farão. Pode-
se im aginar casos, porém, em que a intransigência seria um a m elhor solu
ção do que a acom odação, por exem plo, se alguém souber que o seu opo
nente irá adotar um a estratégia de acomodação. A ssim , a acom odação não
pode ser, de form a incondicional, a m elhor opção para as elites.
O problem a em pírico com o voto sofisticado e com a bibliografia
consociacional é que não se espera jam ais que as elites iniciem conflitos
por si próprias, em bora possam recorrer a isso se forem forçadas por suas
bases. Contudo, outros estudos sugerem que ocasionalm ente ocorrem con
flitos iniciados pelas elites. D eRidder, Peterson e W irth (1978, 101), por
exem plo, sustentam que, para todas as fontes de divisão no sistem a políti
co belga, “mais do que as questões decorrentes das clivagens, as clivagens
são invocadas ou parcialm ente m obilizadas para gerar apoio para um a
questão oriunda de outras fontes de com petição política”3.
Na Seção II, apresento um modelo para enfrentar esses problem as e
para providenciar um quadro mais adequado para o estudo das dem ocra
cias consociacionais.
5 . V er la m b e m C o v e ll (1 9 8 1 ).
1(2 GEORGE TSEBE U S
(1) Informação. Temos que discrim inar entre dois casos: se as m as
sas dispõem de informação sobre o que as elites estão fazendo, e se as massas
sabem por que as elites agem da maneira que agem. O segundo é condici
onado pelo prim eiro.
Se as m assas conhecem , com preendem e com partilham as razões para
o com portam ento da elite, sua própria m atriz de p a y o ff pode ser m odifi
cada para assem elhar-se à m atriz da elite. O jogo se torna um jog o do
galinha não só para os líderes, mas também para as bases. Se, todavia, as
massas sabem o que as elites estão fazendo e discordam de suas políticas,
o grau de liberdade que as elites possuem decresce pelo menos na medida
em que as m assas controlam a ação das elites. Enfim, se os custos da in
form ação são elevados, as elites dispõem de alto grau de liberdade em
relação ao controle pelas massas. O bviam ente, a política invisível será fa
cilitada se a questão não possuir uma relevância pública, se houver outra
questão im portante que atraia a atenção das pessoas, se a questão for tão
com plicada que o público não possa com preendê-la, ou se ela for m antida
em segredo. Assim , a relevância e a visibilidade da questão limitam a li
berdade das elites, aum entando o valor de k.
(2) M onopólio de representação. A relação entre o eleitorado e as elites
políticas pode ser conceituada com o no Capítulo 5. Um pressuposto im
plícito do modelo era que havia um conjunto de representantes dentro do
qual as bases (m ilitantes) podiam escolher a substituição do seu MP. Se
não houvesse outros representantes em perspectiva (no caso de um NEC
hostil, por exem plo), rejeitar o atual MP não faria sentido para o distrito.
Em nosso modelo, não pode haver escolha alternativa para as massas, pois
as elites possuem controle m onopolístico e o eleitorado não é capaz dc
recom pensar ou punir as elites. Posto de outro modo, a com petição eleito
ral é essencial para a dem ocracia.
Estendo-m e mais sobre esse ponto porque ele é im portante para a com
preensão do modo de funcionamento das dem ocracias consociacionais. Con-
centrem o-nos num segm ento (pilar) de uma dem ocracia consociacional. De
acordo com a bibliografia sobre o assunto, esses segm entos não se comu-
nicam entre si, e as barreiras de saída paru cada um são altas. Analisemos
um espaço político unidim ensional, tal com o o apresentado na Figura 6.1.
Exam inem os, além disso, duas elites diferentes que com petem nessa di
mensão e a posição do eleitor mediano. Sob as condições especificadas por
Downs (em essência, a im possibilidade de abstenção), as duas elites con
correntes convergirão para a posição do eleitor m ediano. Isso é válido in
dependentem ente da distribuição da opinião dentro do pilar. Com efeito,
sem considerar o fato de que as opiniões políticas das bases são unimodais
ou bim odais, e independentem ente da política im plem entada anteriorm ente
(o status quo), o sucesso eleitoral dentro do pilar im plica convergência para
a posição do eleitor m ediano. Logo, a com petição entre as duas elites é
suficiente para conduzi-las às posições políticas do eleitor mediano.
Com parem os essa situação com petitiva com a Figura 6.1B, na qual
há apenas um a elite política. As massas ou aceitam as novas propostas da
elite, ou perm anecem na situação anterior. A posição do status quo torna-
se agora crucial, pois essa elite política particular está em posição dc
“chantagear” suas bases. A elite pode propor qualquer coisa no intervalo
SQ-SQ'. De vez que os eleitores precisam escolher entre essa proposição e
o status quo anterior, qualquer proposição no intervalo SQ -SQ' será acei
ta. Segue-se que, numa situação de monopólio, as massas não podem im
por sua vontade. Não têm outra escolha senão aceitar um a ampla gam a de
políticas prom ovidas pelas elites.
Os fatores que influenciam a disponibilidade de uma elite rival são a
relevância das questões, os custos de ingresso das novas elites no jogo elei
toral (geralm ente, restrições impostas pela legislação eleitoral) e os recur
sos que a elite controla (existências de sólidas organizações e endosso por
parte de outras organizações m onopolistas, com o a Igreja).
Existem indícios de que na Bélgica, até a década de 60, se m anteve
um monopólio de representação com base em fundam entos ideológicos, e
subseqüentem ente sobre bases organizacionais: B illiet (1984, 120 e 123)
afirma que “há uma predom inância católica na educação c na ação social,
dois setores que se expandiram enorm em ente nos últim os trinta anos”, e
que “os pilares organizacionais não se limitam a ser ativos como canais de
distribuição, mas também se envolvem na elaboração e im plem entação de
políticas” . Huyse (1984) explica o processo de adaptação secular dos di
ferentes pilares, assinalando que os pilares desenvolveram novos serviços
(para os idosos e os inválidos), ou ocuparam atividades que se originaram
externam ente a elas (órgãos de ajuda lega) às classes mais baixas). As eli
tes ficam assim bastante à vontade na arena eleitoral, e jogam o jogo do
galinha na arena parlam entar.
Em bora, no que se refere à sociedade belga, possam os descrever as
razões para o m onopólio dc representação dentro de cada pilar, ainda não
foi resolvido o problema teórico do monopólio de representação e das bar
JOG OS OCULTOS 167
gentes. Um exem plo de conflito iniciado pelas elites c dado pelas m obili
zações de m assa em torno de questões lingüísticas no início dos anos 60,
em particular no caso da m obilização flam enga com relação ao status de
Bruxelas, em 1961 (De Ridder e Fraga 1986, 378). Os flam engos estavam
muito mais bem organizados e mobilizados dos que os valões e consegui
ram pôr a questão na ordem do dia nacional. Teorias consociacionais, porém,
não só deixam de explicar esse tipo de com portam ento das elites, com o
ainda ignoram a sua existência (Covell 1981). Pode o modelo que desenvolvi
aqui explicar esse conflito iniciado pelas elites em moldes consociacionais?
Para aum entar a parte do segm ento que elas representam no jogo
parlam entar, as elites políticas podem m obilizar seus seguidores. Como o
jogo parlam entar é um jog o do galinha, segue-se que um dos jogadores
pode forçar o ponto de equilíbrio em (T , 0 2) se ele próprio se com pro
meter prim eiram ente com a estratégia de intransigência. Pode escolher uma
questão que seja ao mesm o tem po im portante para seus partidários (alto
T () e destituída de im portância para seus oponentes (alto 0 2). Pode então
m obilizar seus partidários para m ostrar aos outros partidos que fala a sé
rio. Ou pode usar essa manobra política para desencorajar ou elim inar ri
vais potenciais dentro de seu próprio pilar. N a verdade, nesse ponto, ele
pode explicar a suas bases que os representa fielm ente, ao mesm o tempo
em que convence seus oponentes de que perdeu o controle da situação e de
que o outro partido precisa capitular. Se a questão for bem escolhida, ele
fará o que quiser e receberá crédito dos outros jogadores. Pode usar esse
crédito na rodada seguinte, quando receber um ultim ato de seu oponente c
tiver de capitular. Se não existirem tais questões de interesse assim étrico,
o conflito conduzirá ao resultado m utuam ente tem ido (P P ).
Como alternativa, o valor de k para um segm ento da população pode
ser tão alto que a ordem de preferência da elite correspondente no jogo
oculto é o do dilem a dos prisioneiros, enquanto a ordem de preferência da
outra elite pode continuar sendo o jogo do galinha. Nesse caso, um a elite
dispõe de uma estratégia dominante de intransigência, enquanto a outra tem
de transigir e fazer concessões.
2. P rojeto in stitucion al
O projeto institucional que estudamos é um caso em que o jogo oculto
(parlam entar, com pressões por parte da arena eleitoral) é iterativo. Esse
jogo é ou o dilem a dos prisioneiros ou o do galinha, dependendo do valor
que k assumir*. Em ambos os casos, existem im portantes problem as de co-
S. O ú n ic o c a s o e m q u e e s s e e n u n c ia d o n ã o é v e rd a d e iro é q u a n d o a s m a ss a s jo g a m u m j o g o d o im p a s s e (e s lã o
c x lre m a m e n te p o la riz a d a s ), e a s e lile s n ã o lê m m a rg e n s d e m a n o b ra (e x is tê n c ia d c e lite s c o m p e titiv a s e in-
JOG OS OCULTOS 171
junto de Pareto, ou, com o alternativa, de (6.5) ser válida ou não. Porem,
não é fácil efetuar a avaliação, c os atores políticos não precisam concordar
necessariam ente com seus valores. Em segundo lugar, sobre questões de in
teresse mútuo (alto T e baixo O para ambos os jogadores), a cooperação é
altam ente necessária, mas extrem am ente improvável.
Analisemos questões que demonstram a relevância da matriz de payoff.
Na Bélgica, a com unidade flam enga tem tradicionalm ente bastante inte
resse em m anter sua autonom ia na esfera da educação e nos assuntos cul
turais; a com unidade dos valões se interessa pela descentralização econô
mica com relação tanto às decisões sobre investimento com o àquelas sobre
gastos. Em nosso jogo, questões de grande interesse para um a com unidade
(alto T) são de baixa relevância para a outra (alto O). A presentam -se duas
soluções possíveis. Se (R , R,) é parte do conjunto de Pareto, ou seja, se
a desigualdade (6.5) for válida, a melhor solução é a cooperação mútua, e
ambas as com unidades decidiriam as duas questões em conjunto, Se a de
sigualdade não for válida, a com unidade dos valões deve decidir sobre
questões de descentralização econôm ica, e a com unidade flam enga sobre
políticas culturais. Poder-se-ia im aginar um a concordância tácita na qual
os grupos diferentes se alternariam na tom ada de decisões. Tal é a análise
de B illiet (1984, 124), que afirma: “Não é a Constituição, mas um a série
de pactos que determ ina as regras, os órgãos de consulta e as técnicas de
consulta” . A exposição de Dierickx (1978, 144) sobre o conflito adm inis
trativo belga é sim ilar: “o conflito pode m uitas vezes ser regulam entado
com a ajuda de package cleals*\ é útil fazer concessões onde a relevância
é baixa para ganhar algo quando a relevância for alta” . Contudo, com o
poderiam ser im postos tais pactos e package dea lsl O que im pediria um
grupo específico e seus representantes de esquivar-se de suas obrigações,
ou de afirm ar que a situação mudou, e que sim plesm ente não podiam mais
aceitar o acordo? Tais casos são possíveis, e poderiam destruir as inten
ções cooperativas das elites.
Acordos tácitos e package deals são possíveis, e, sob certas condições,
podem fornecer soluções não-conflitivas. Todavia, não há garantia de que se
melhantes soluções funcionem, pois cada grupo ou coligação de grupos pode
ainda requerer controle sobre o processo de decisão em questões relevantes
para outros grupos. Uma condição mais eficiente para evitar o conflito em
tais situações é a institucionalização do processo de decisão. Em vez de deci
dir sobre questões controversas, os diferentes grupos podem decidir acerca de
procedimentos a respeito dos quais seus interesses coincidem. Especificamen
te, podem delegar autoridade ao grupo mais afetado pela questão.
Desse modo, podem ser projetadas instituições para fornecer uma base
perm anente para a solução de conflitos em que existe um a assim etria na
Package ilcals, v e r n o ta à p. 29 .
174 GEORGE TSEÜELIS
3. O Pacto de E gm on t (1977)
O Pacto de Egm ont foi um a tentativa dos principais partidos belgas
de criar um com prom isso institucional para solucionar o status de B ruxe
las, que cra um ponto de conflito entre a com unidade flam enga e a dos
valões. Como Bruxelas falava predom inantem ente o francês, se ela se tor
nasse um a área independente, a Bélgica sc dividiria em três regiões, duas
das quais falariam a língua francesa. De outro modo, a Bélgica se dividi
ria numa com unidade de língua francesa e outra de língua holandesa. Como
a questão era de im portância fundam ental para am bas as com unidades,
concessões feitas nesse caso não poderiam ser com pensadas por ganhos em
12. O s le ito re s p o d e ria m o b je ta r q u e e x a m in e i a p e n a s q u e s tõ e s d e o tim iz a ç ã o d e P a re to , is to é, r a c io n a lid a d e
c o le tiv a , m a s q u e o p ro b le m a e s s e n c ia l s e re fe re a o c o n f lito e n tre ra c io n a lid a d e in d iv id u a l (o u p a rtic u la riz a -
d a ) e c o le tiv a . E m o u tr o s te rin o s , e m b o ra e u te n h a m e c o n c e n tra d o 11a n e c e s s id a d e d e c r i a r in s titu iç õ e s , n ão
d e m o n s tre i c o m o é o b tid o 0 c o n s e n s o e m to rn o d a s in s titu iç õ e s , lis s u o b je ç ã o é c o rre ta . C o n tu d o , c o n fo rm e
m o s tre i 110 C a p ítu lo 3 , ite ra ç õ e s 011 c o m u n ic a ç ã o c o n d n z e m a a lg u m re s u lta d o ra c io n a l in d iv id u a l; lo g o . é
p o s s ív e l a l c a n ç a r a f ro n te ira d e P a re to . U m a v e z q u e a s e lite s e s tã o e m c o n s ta n te in te ra ç ã o , s ã o c a p a z e s de
r e c o n h e c e r q u a n d o s e e n c o n tra m n u m a s itu a ç ã o n ã o ó tim a d e (P a re to ), o u s e ja , u m a s itu a ç ã o e m q u e n e c e s s i
ta m d e in s titu iç õ e s . F.m c o n s e q ü ê n c ia , p o d e m c o rrig ir .sua aç ão .
JO G O S OCULTOS 177
13. V er m m b e m H a lp c rn (1 9 8 6 ).
GEORGE TSEBELIS
gência é a estratégia dom inante nesses dois jogos de urna única partida.
Assim , as negociações teriam falhado de saída. No entanto, está essencial
mente correta sua intuição de que é importante saber se as elites negociam
por si próprias ou se as massas estão envolvidas no processo.
Q ue intuições sobre o Pacto de Egm ont podem os obter a partir do
modelo apresentado na Seção II? As negociações ocorreram debaixo de ex
trem o segredo; portanto, o valor de k se aproxim ava de zero na fase de
negociação. D urante as três sem anas, os negociadores estiveram jogando
um jogo do galinha, em que suas decisões eram orientadas pelo tem or do
fracasso e da perpetuação do stcitus qtto de Bruxelas. Além disso, com o se
com unicavam ao longo das negociações, eles conseguiram desenvolver
estratégias contingentes e conduzir o resultado para a fronteira de Pareto.
A possibilidade de com unicação e de barganha, ou seja, a possibilidade de
estratégias contingentes, pode conduzir um jog o de uma só jogada entre as
elites ao mesm o resultado que um jogo iterativo: à fronteira de Pareto.
No estágio de im plem entação, os acordos tornaram -se públicos, e o valor
dc k aumentou violentamente. Ainda, uma vez que as massas não interagiam
entre si nem negociavam , não eram mais possíveis as estratégias contin
gentes. O jogo tornou-se um dilem a dos prisioneiros, ou um jogo do im
passe, de modo que a intransigência passou a ser a estratégia dominante.
Todavia, os presidentes dos partidos, os quais não estavam diretam ente vin
culados aos eleitores (baixo k), continuaram a ver no jogo um jogo do
galinha e utilizaram a ameaça última (para um jogo do gaiinha): derrubar
o governo. Isso, porém , não representou um a am eaça para pessoas como
Tindem ans, para quem a intransigência era a estratégia dom inante, e que
preferiu então a renúncia à ratificação do Pacto de Egmont.
O modelo apresentado na Seção II perm itiu-m e explicar importantes
aspectos da política belga: a questão do conflito iniciado pelas elites, o pro
jeto institucional e eventos históricos como o Pacto de Egmont. Explicações
alternativas não consideram, ou não podem considerar essas questões. Como
vimos, as teorias consociacionais e as teorias do voto sofisticado deixam de
reconhecer ou explicar a existência de conflito iniciado pelas elites. Além
disso, outras abordagens (como as de Dierickx e de Billiet) que tentam ex
plicar a acomodação mediante package deals e barganhas entre questões di
ferentes deixam de explicar a forma específica das instituições belgas.
4. Segm entação
O m esm o enfoque de jogos ocultos pode ser usado para entender a
importância de algumas características sociológicas das dem ocracias conso
ciacionais, como a segmentação. De acordo com as análises clássicas, a frag
m entação tende a produzir conflito político (Alm ond 1956). Contudo, se
JO G O S OCULTOS 179
as diversas com unidades não se comunicam entre si, é provável que as di
ferentes elites políticas exerçam um monopólio de representação sobre seus
segm entos respectivos. Daalder (1966, 214) descreve a sociedade holande
sa com o foi apresentada por K ruijt, “o mais antigo estadista dos estudos
Verzuiling” : as pessoas vão à escola; pertencem a sindicatos, associações de
rádio e partidos políticos; e lêem jornais e livros exclusivam ente dentro do
âmbito de seu pilar (zitilen). Se não houver com petição dentro do pilar, não
há nenhuma competição. Essa situação concede às elites políticas uma grande
liberdade de ação. Se, contudo, houver com petição interna, as elites políti
cas irão refletir fielm ente os sentim entos de seu eleitorado (ver Seção II).
N a Irlanda do N orte, onde a com petição política ocorre dentro de
cada segm ento, tentativas de com prom issos falham inevitavelm ente por
que os líderes extrem istas são capazes de mobilizar as massas (Lijphart 1977;
Schm itt 1974). Pode-se com parar o caso irlandês com a situação na H o
landa descrita por D aalder (1966), onde os partidos estabelecidos m anti
veram sua força política. Além disso, a despeito do sistem a eleitoral abso
lutam ente proporcional, candidatos concorrentes dentro de cada pilar não
receberam mais do que 16% dos votos. A situação m odificou-se com ple
tamente desde que foi descrita por Daalder: as elites políticas não usufruem
mais de privilégios m onopolísticos, pois tendências seculares da política
holandesa aum entaram o número de partidos e o grau de volatilidade elei
toral (Thung, Peelen e Kingmans 1982). Se essa tendência secular tivesse
preservado as fronteiras dos pilares, a política holandesa ter-se-ia tornado
bastante conflitiva. O que ocorreu, no entanto, foi que a im portância dos
próprios pilares declinou, de modo que as razões para conflito na socieda
de holandesa foram eliminadas.
Na Bélgica, os partidos políticos desfrutaram de um monopólio de re
presentação até que a questão étnica se tornou proem inente. Comparem os o
fracasso eleitoral da nova U nião D em ocrática Belga, em 1946, com o su
cesso subseqüente dos partidos regionalistas (Lorwin 1966, 167) e o cisma
de todos os partidos nacionais em grupos flam engos e valões (Heisler 1973).
De acordo com meu modelo, as elites políticas que perderam seu m o
nopólio irão refletir de m aneira acurada os sentim entos de seus eleitores
regionais. No entanto, esse sentim entos podem tam bém ter m udado: é
possível que as diferentes com unidades não sejam mais antagônicas. A s
sim, não se pode fazer uma previsão nesse caso.
IV. CONCLUSÕES
Teóricos pluralistas afirmaram que as sociedades fragm entadas estão
fadadas à instabilidade política. Os teóricos consociacionalistas concentram-
se no com portam ento político das elites, sustentando que, se as elites assu
GEORGE TSEBELIS
mirem com prom issos, o Estado será estável, a despeito das divisões no âm
bito das massas. Essas teorias foram criticadas por sua inconsistência con
ceituai, por seu caráter tipológico estático e pela discrepância com os fatos.
Há duas questões fundam entais. Existem discrepâncias entre as aspi
rações das massas e o com portam ento das elites? Sob que condições e com
que conseqüências? Podem os dizer que as diferenças entre as concepções
das elites e das massas são mais uma indicação de voto sofisticado que um
fenôm eno cultural.
Contudo, o voto estratégico não é capaz de dar conta das escolhas
contingentes, com o aquelas feitas pelas elites políticas. O uso da teoria dos
jogos possibilitou a distinção entre jogos de um a só jogada e jogos itera
tivos, que produziram resultados diferentes. Além disso, os jogos iterativos
foram usados para descrever duas situações diferentes: quando o com pro
m isso mútuo produz um resultado ótim o de Pareto, e quando a fronteira
de Pareto é atingida somente pela alternância entre com prom isso e intran
sigência do jogador. A prim eira é o caso mais sim ples, e, enquanto a elite
usufrui do m onopólio de representação, ela pode optar pelo com prom isso.
O segundo caso é mais com plicado e pode requerer o uso dos artifícios
constitucionais para que seja im plem entado um com prom isso ótim o de
Pareto. Com relação a questões de im portância assim étrica, as instituições
conferem jurisdições exclusivas e delegam total autoridade ao grupo en
volvido. Q uanto a questões de im portância sim étrica, as instituições mini
mizam as conseqüências da divergência pela postergação do conflito.
N a ausência de instituições específicas, as elites podem iniciar con
frontos políticos a fim dc indicar que a questão é relevante, ou para de
sencorajar rivais potenciais dentro do segmento. As teorias consociacionais
explicam esse uso estratégico do conflito e da m obilização.
Exam inei diversas questões sociológicas dentro do âmbito desse mo
delo. O que ocorre, por exem plo, se o m onopólio de representação é dis
putado dentro de um pilar, ou se um pilar se dissolve? No prim eiro caso,
o resultado é extrem am ente conflituoso; no segundo, é indeterm inado.
O modelo sim ples do ator racional tem o potencial de com binar teo
rias como o consociacionalism o c a distinção de Sartori entre política visí
vel e política invisível. Pode também explicar fenôm enos relacionados com
o surgim ento de instituições e de conflitos iniciados pelas elites, fenôm e
nos que, até hoje, só eram explicados por teorias parciais. N esse sentido,
constitui um a excelente dem onstração da tradução e síntese de teorias dife
rentes num m odelo mais sim ples, em piricam ente acurado e teoricam ente
frutífero, baseado no princípio da escolha racional.
7
I. G ro fm a n ( 1 9 8 2 , 8 6 ) a p re s e n ta u m m o d e lo d e fo rm a ç ã o d e p io to c o lig a ç ã o b a s e a d o e m p ro x im id a d e id e o ló
g ic a , s e g u n d o o q u a l a s c o lig a ç õ e s p o d e m n ã o le r u m ta m a n h o m ín im o . S e u m o d e lo , c o n tu d o , ta m b é m p r e
s u m e q u e as “ p ro to c o lig a ç õ e s . u m a v e z fo rm a d a s , p e rm a n e c e m in d is s o lú v e is " .
GEORGE TSEBELIS
anteriores são usados para estudar as recentes m odificações nas leis elei
torais francesas (1985 e 1986) e dem onstrar que foram resultado de um pla
nejam ento institucional consciente da parte dos vencedores que desejavam
consolidar suas posições.
tal em torno de C'S', com o indica a-Figura 7.3. Os resultados eleitorais que
previsivelm ente se localizarão dentro da zona vertical não dizem com cer
teza qual dos dois parceiros representará a esquerda no segundo turno. Seria
de esperar que, nessa área, o aspecto com petitivo da política partidária so
brepujasse o cooperativo. Os resultados eleitorais que, segundo a previsão,
estarão dentro da zona horizontal da Figura 7.3 não dizem com certeza qual
coligação vencerá. Assim , é provável que predom ine o aspecto cooperati
vo da política entre as coligações5. N ote-se também que a natureza da com
petição é bastante diferente se se espera que a esquerda conquiste um a
cadeira (parte inferior) ou perca urna (parte superior). No prim eiro caso,
está em jogo um a cadeira; no segundo, está em jogo apenas um título
honorífico.
D
C (o o p c ra r) D ( e s c r la r )
C (o o p cra r) R r R2 O ,, T ,
D (c s c rla r ) T,, o2 P ,. P ,
deserção são modificados pelo jogo eleitoral no plano distrital. Para deter
minar a m ecânica desses jogos embutidos particulares no âmbito do distri
to, procedo da seguinte maneira: (1) construo um a nova matriz de pa yoff que
leva em conta a utilidade dos eventos no plano distrital (como conquistar uma
cadeira ou ajudar seu parceiro a conquistar uma), e (2) avalio o impacto da
nova matriz de pa yoff sobre a probabilidade de cooperação.
C (ooperar) D (eserlar)
C (oopcrar) R = R ’ + Vpv
O
O
variações de payoffs ou distâncias das linhas RR' (em pate entre parceiros) e
C'S' (em pate entre coligações). Podemos distinguir os seguintes casos:
V é negativo. V negativo significa que é negativo o valor de ganhar
um a cadeira adicional (G) ou o valor de o parceiro ganhar um a cadeira
adicional (A). Anteriorm ente, excluím os a prim eira possibilidade, mas não
a segunda. Se A for negativo, então, quanto mais próxim o um aliado esti
ver de ganhar um a cadeira, mais alta será a probabilidade de vencer (ine-
quação [7.5]), e mais decrescerá a recom pensa para cooperação mútua (R
na Tabela 7.2). Contudo, quanto mais R decrescer, mais a traição se torna
rá um a estratégia atraente, pois a sua dom inância se torna mais acentuada.
D esse modo, sc A for negativo, ou seja, se, para um partido, o valor da ob
tenção de um a cadeira por seu parceiro for negativo, então quanto mais
próxim o estiver a coligação de disputar a cadeira, m aior será a probabili
dade de o partido sabotar seu parceiro.
V é positivo. Raciocínio análogo para V positivo indica que a coesão
de coligação aum enta quando a vitória está próxima. Particularm ente, por
que para cada partido G > A, o parceiro dom inante de um a coligação será
mais sensível à proxim idade da vitória. Podemos resum ir esses resultados
na seguinte proposição:
Proposição 7.1. Quando V é positivo, a coesão de coligação aum en
ta quanto mais próximo o resultado previsto estiver de um em pate entre as
coligações; ela decresce quando V é negativo.
U épositivo. U positivio significa que é positivo o valor de ganhar uma
cadeira (SE), ou sim plesm ente de representar a esquerda (REP). A presen
tei argum entos que mostram por que para SE o caso é sem pre esse e para
REP é verdadeiro na m aior parte do tempo. É sem pre verdade que, quanto
mais próxim o o resultado previsto estiver de um em pate entre os parceiros,
mais alta será a probabilidade dc um empate (inequação [7.6)). Assim, como
indica a Tabela 7.2, se U c positivo, o valor de T (a tentação de desertar)
aum enta, e o valor de O decresce (o medo de ser enganado aum enta). Isso
significa que a predom inância da deserção torna-se mais pronunciada, tor
nando mais provável a escolha da estratégia D.
U é negativo. Raciocínio análogo para U negativo indica que a coe
são de coligação aum enta quando os dois parceiros são aproxim adam ente
iguais. Sustentei que isso ocorrerá se um partido não quiser representar a
esquerda quando a previsão é de que ela perca (REP < 0). A seguinte pro
posição resum e esses resultados:
Proposição 7.2. Quando U é positivo, a coesão de um a coligação de
cresce quanto mais próxim o o resultado previsto estiver de um em pate en
tre os parceiros; ele aum enta quando U é negativo.
Consideradas juntas, as proposições 7.J e 7.2 indicam (1) que, na maior
parte do tem po (exceto quando o valor da obtenção de um a cadeira pelo
aliado é negativo), a coesão de coligação aum enta quando o resultado pre
194 G E 0R G E TSEHEUS
visto está próximo de um empate entre coligações; e (2) que, na maior par
le do tem po (exceto quando é negativo o valor de representar a coligação
quando a propensão é que ela perca), a coesão de um a coligação decresce
quando o resultado previsto está próximo de um empate entre parceiros.
A representação algcbrica mais sim ples dessas duas proposições é a
seguinte equação:
coesão = c + (aV) vitória - (bU) proxim idade (7 .IO)9
na qual coesão corresponde à coesão da coligação, c é um a constante, vi
tória corresponde à proxim idade do resultado previsto de um em pate en
tre coligações, proxim idade corresponde à proxim idade do resultado pre
visto de um em pate entre parceiros, V é u utilidade para um partido de uma
cadeira ganha pela coligação, e U é a utilidade para um partido de repre
sentar a coligação no segundo turno. O apêndice a este capítulo fornece a
definição algébrica exata dessas variáveis. Os coeficientes a e b são posi
tivos, com o indicam as proposições 7.1 e 7.2.
Um a com paração dessas conclusões com as intuições propostas no fi
nal da Seção I indica o seguinte:
O estatuto epistcm ológico das proposições 7.1 e 7.2 e da equação
(7.10) é diferente das conclusões da Seção I. Proposições sim ilares foram
conjecturadas no final da Seção I; são derivadas aqui do enfoque tipo jo
gos ocultos. A atenção dada a essa diferença não é um a declaração de pre
ferência epistem ológica. Derivar proposições em vez de postulá-las tem as
vantagens de generalidade, de melhor aproxim ação e de especificação das
condições sob as quais a proposição é válida. Trato cada vantagem corno
um ponto separado.
A equação (7.10) não diz respeito unicam ente à política francesa.
Pode abranger casos de coesão de coligação com o os observados nas pá
ginas 181-183, desde que possamos medir as variáveis independentes.
A equação (7.10) abrange todo o espaço de resultado. Podemos portan
to gerar c testar previsões sobre a intersecção da zona vertical e da horizon
tal, assim como sobre as áreas não abrangidas por essas zonas. Na verdade,
as dicotomias sim ples geradas pelas duas zonas são agora substituídas por
contínuos de resultados. Além disso, técnicas de cálculo permitem que subs
tituamos a fórmula linear da equação (7.10) por aproximações mais precisas.
Em bora minhas conjecturas estivessem em grande parte corretas, es-
tavam equivocadas em dois pontos. Esse é outro caso em que a mera intui
ção, que pode constituir um guia útil para a investigação, conduz a conclu
sões incorretas que o raciocínio formal mais rigoroso consegue evitar. A
coesão nem sempre aum enta quando as duas coligações têm força igual, A
condição para tal com portam ento é que o partido mais fraco na coligação
queira que seu parceiro ganhe a cadeira. Isso não é um pressuposto trivial
nem em piricam ente correto nesse caso. Além do mais, a coesão nem sem
pre decresce quando os dois parceiros possuem força igual. A condição para
tal com portam ento é que ambos os partidos queiram representar a coliga
ção m esm o quando ela está propensa a perder. Isso, novamente, não é um
pressuposto trivial, mas revela-se com o em piricam ente correto.
direita fosse muito mais fácil e mais efetiva contra um adversário com unista
do que contra um socialista. Poder-se-iam esperar resultados sem elhantes
para a coesão da esquerda quando o seu oponente de direita era o RPR e
seu líder Jacques Chirac; ambos eram considerados muito conservadores.
D e fato, Jaffré (1980) m ostra indícios que corroboram a segunda conjec
tura, mas não a primeira.
A Tabela 7.3 indica o resultado da estimativa da equação (7.11) quan
do se utiliza o procedim ento comum dos mínimos quadrados (M Q C )12. A
prim eira linha da Tabela 7.3 representa os resultados da estimativa da equa
ção (7.11) nos 141 casos em que o PCF representou a esquerda (e o PS teve
de transferir seus votos no segundo turno). A tabela tam bém apresenta a R2
da estim ativa com os valores dos coeficientes escritos em cim a de cada
célula e a estatística t em baixo entre parênteses.
Tabela 7.3. Função de diversas variáveis na coesão das coligaçoes francesas.
N ota: A s d iferen tes variáveis in clu em sua probabilidade dc vitória, a dislância entre os par
ceiros, a ex istên cia de outros aliad os e a identidade d o adversário. (C on sid era-se Adv.
o RPR para a esquerda c o PS para a direita.)
B S C S H / UFRGS
JO G O S OCULTOS 201
Tabela 7.4. Função de diversas variáveis na coesão das coligações francesas ven
cedoras no primeiro turno.
Tabela 7.5. Função de diversas variáveis na coesão das coligaçoes francesas per
dedoras no prim eiro turno.
Esquerda PCI7 43 0 ,2 2 0 ,2 2 - 0 ,1 6 - 0 ,0 6 - 0 ,0 0 - 0 ,4 6
(1,7 ) (- 1,5) (- 0 ,7 4 ) (- 0 ,41) (- 2,3)
Esquerda PS 154 0 ,0 8 0,05 - 0 ,0 4 0,01 0 ,0 0 - 0 ,1 6
(1,4 ) (- 1,4) (0,5 8 ) (0,4 2 ) (- 2 ,8 )
Direita UDF 87 0 ,2 4 0,11 0,01 - 0 ,0 8 - 0,03 - 0,29
0 ,2 ) (0 ,1 9 ) (- 2 ,3 ) (- 3 ,8 ) (- 2 ,5 )
D ireita RPR 120 0 ,4 6 0 ,2 3 - 0,13 - 0 ,0 7 - 0,01 - 0,24
(5 ,9 ) (- 3,8) (- 4 ,5 ) (- 5 ,2 ) (- 5 ,2 )
Em apenas 11,8% dos distritos o vencedor do prim eiro turno não ganhou
a cadeira.
Podemos fazer uma observação final a partir de um a com paração entre
as Tabelas 7.4 e 7.5: o com portam ento com petitivo dentro da direita é re
duzido onde existe um adversário com unista, independentem ente de ser a
política visível ou invisível. Essa conclusão é consistente com o fato de ter
o Partido Com unista estado supostam ente fora do sistem a político na maior
parte do período pós-guerra.
Para resumir, a diferença na distribuição da força eleitoral no plano lo
cal explica, em grande parte, a variação na de transferências de votos dentro
das coligações. Os partidos (todos) são mais cooperativos com seus parceiros
quando está em jogo uma cadeira, e mais competitivos quando possuem força
aproximadamente igual. No entanto, se o primeiro turno sugere a probabilida
de de uma derrota (política invisível), cada partido prejudica o seu parceiro.
Figura 7 .4 R ep resen lação gráfica d e leorias rivais da c o csã o d c co lig a ç a o num sim p lcx (tri
â n gulo) b idim ensional.
206 G EORCE TSEBELIS
para cooperação entre os dois partidos será que a coligação é mais harm ô
nica quando é menos necessária, ou seja, quando não está em jogo o êxito
de um dos dois partidos na conquista dc um a cadeira legislativa” . Os da
dos usados por Rochon e Pierce são diferentes dos apresentados neste ca
pítulo, e a análise que fazem captura características mais ao longo do tem
po que em cortes transversais. Com efeito, seus dados abrangem tanto as
eleições de 1967 quanto as de 1978. N a m edida em que generalizam seus
resultados, porém , são possíveis algumas com parações.
O argum ento de Rochon e Pierce é um argum ento de equilíbrio, uma
vez que exam inam um longo período de tem po (mais de dez anos) c sus
tentam que não existem diferenças tem porais no com portam ento do parti
d o 14. Sustentei em outro lugar que a afirmação “a coligação é harm ônica
quando não é necessária” não pode ser verdadeira em equilíbrio; nenhum
dos dois parceiros da esquerda entraria numa coligação se ela fosse falhar
no momento em que era necessária (Tsebelis 1988a). Se, por equívoco, fi
zessem isso um a vez, seu erro poderia scr corrigido em eleições subseqüen
tes. A explicação que Rochon c Piercc (1985, 447-448) fornecem para seus
achados em píricos é social-psicológica: “O partido defende seus interesses
de modo m uito sem elhante a indivíduos que defendem sua auto-im agem
quando sc defrontam com a desagradável constatação de que um amigo o.s
está passando para trás... Tentam atrapalhar o sucesso do amigo” . Essa ex
plicação tam pouco pode ser um argum ento de equilíbrio: se os candidatos
do partido agirem em ocionalm ente (Rochon e Pierce utilizam a palavra in
veja para descrever o com portam ento dos candidatos socialistas), serão
substituídos por candidatos mais racionais, que irão m axim izar os votos do
partido ou da coligação.
Podemos agora com parar o método de estática com parada da escolha
racional com a explanação social-psicológica apresentada por Rochon e
Pierce. O que é singular na abordagem da escolha racionai é que ela sus
tenta que a ação individual é uma resposta ótim a a pressões existentes e a
outras ações individuais. O com portam ento ótim o é, portanto, auto-explica-
tivo. O analista não precisa explicar por que um indivíduo fez o melhor que
podia sob dadas circunstâncias. Ao contrário, o que se precisa explicar é o
motivo pelo qual as pessoas fazem outras escolhas que não as ótim as, ou
por que têm motivos não-instrumentais com o a inveja quando as paradas do
jogo político são tão altas. Como indica a Figura 7.4B, a form ulação ori
ginal de Rochon e Pierce espera coesão mais alta na parte superior e infe
rior do triângulo quando um a cadeira não está em jogo.
próxima da vitória esteja a coligação. A segunda coluna dem onstra que, nos
distritos em que os com unistas lideram, quanto mais próxim o da vitória es
tiver a coligação, menor será a diferença entre os dois partidos no prim ei
ro turno. Assim , a razão pela qual os com unistas transferem seus votos me
lhor do que os socialistas é a distribuição de votos em distritos diferentes:
nos distritos com unistas, os com unistas e os socialistas recebem aproxim a
dam ente o mesm o número de votos; nos distritos liderados pelos socialis
tas, os socialistas estão bem à frente dos com unistas.
Tabela 7.6. Proxim idade dos dois parceiros da esquerda quando se aproxim am tia
vitória.
Vantagem socialista Vantagem com unista
G eral 0 ,9 0 8 0 ,9 1 6
(núm ero d c ca so s) (3 0 2 ) (1 4 6 )
vitória > 0 ,9 5 0 ,9 0 9 0 ,9 3 8
(nú m ero d c ca so s) (1 5 8 ) (85)
vitória > 0 ,9 7 0,9 0 7 0 ,9 4 3
(núm ero d c casos) (1 1 3 ) (53 )
vitória > 0 ,9 9 0 ,9 1 0 0 ,9 5 9
(núm ero dc casos) (38 ) cio
N oia: V itória = 1 sig n ifica um a d ivisão dc 50-50% d o s votos entre as co lig a ç õ e s.
Proxim id ad e = 1 sig n ifica d ivisã o igual d os votos entre o s parceiros.
Figura 7.5 R epresentação d os resultados eleitorais d o p rim eiro turno (PS, PCF, direita) num
sim p lex b idim ensional.
Figura 7 .6 R ep resen taçao d os resultados eleitorais d o p rim eiro turno (RPR, UDF, esquerda)
num sim plex bidim ensional.
gumentação. Hm primeiro lugar, seus dados diferem dos meus; logo, as duas
teorias explicam fenôm enos diferentes, ou, no jargão epistem ológico, são
incom ensuráveis (Kuhn 1962). Em segundo lugar, ambas as teorias discu
tem os mesmos fenôm enos e deixam para os costum eiros critérios em píri
cos de qualidade de adequação a decisão sobre a m elhor abordagem 15. Em
terceiro lugar, seria possível com binar as descobertas em píricas de ambas
as teorias num a teoria mais geral dos ciclos eleitorais (Tsebelis 1988a).
Podc-se apresentar argum entos favoráveis e contrários a cada uma dessas
três linhas de raciocínio.
Em volumosa análise das eleições francesas, Converse e Pierce (1986)
dedicam dois capítulos ao estudo da participação eleitoral e do fluxo de
votos no segundo turno, com parando suas descobertas com análises ante
riores de Rosenthal e Sen (1973, 1977). A conclusão destes últim os foi que
modelos de votação espacial explicam a participação no segundo turno, en
quanto Converse e Peircc (1986, 351) acham que a participação no segun
do turno “pode ser explicada em term os de sim patias partidárias, mas não
por um senso de distância entre direita e esquerda”. Converse e Pierce
(1986, 353) explicam a diferença nas conclusões, observando que Rosenthal
e Sen utilizam dados agregados c localizações dircita-esquerda “em feixe”
dos partidos.
Tanto Rosenthal e Sen quanto Converse e Pierce investigam anos elei
torais diferentes dos analisados pelo presente capítulo’f'. Além disso, ambos
usam tanto dados individuais quanto agregados no que se refere às posições
de direita e esquerda dos eleitores e partidos, também ausentes deste capí
tulo. Finalm ente, as variáveis dependentes em seus estudos (abstenções, vo
tos nulos ou votos por partido no segundo turno) estão relacionadas mas não
são idênticas à coesão, variável dependente neste estudo. Q ualquer com en
tário sobre seus achados, portanto, deve ser considerado um a tentativa. Já
que, na conclusão final, Converse e Pierce afirm am que há espaço para
m aiores investigações, podem ser relevantes algumas das conclusões da pre
sente investigação.
Converse e Pierce demonstram conlusivam ente que abstenções e flu
xos de voto não podem ser explicados exclusivamente por modelos de vo
tação espacial. Além disso, o melhor modelo em term os de adequação foi o
“heurístico” apresentado por Rosenthal e Sen (1973), no qual as variáveis
independentes eram a proximidade de um a disputa (medida pela diferença
entre os que estão à frente e os que estão atrás na cam panha) e a escolha
(medida pelo número de candidatos no segundo turno). São necessárias al
gumas variáveis explanatórias adicionais. Segundo parece, é exatamente isso
que Converse e Pierce capturam com uma variável “sim patia partidária”.
A sim patia partidária possui, porém, o estatuto de um a variável inde
pendente num estudo social-psicológico no qual ela pode ser m edida por
questões apropriadas de um a pesquisa de opinião; numa explicação de es
colha racional, sentim entos de sim patia ou de com petição com outros par
tidos e, o que é mais pertinente, as conseqüências com portam entais de tais
sentim entos precisam ser derivados das características do m eio político e
da racionalidade dos atores. É justam ente isso que a variável proximidade
em meu modelo captura: sentim entos de sim patia variam inversamente com
a com petição entre os parceiros durante a cam panha eleitoral, e essa com
petição é um a função da aproximação entre os parceiros. Assim , o enfoque
dos jogos ocultos dá um passo além das descobertas de Converse e Pierce:
fornece um a explicação para os sentim entos de sim patia ou com petição que
Converse e Pierce consideram dados.
O modelo deste capítulo apresenta resultados mais parcim oniosos e de
precisão em pírica do que os enfoques anteriores. Além disso, apresenta uma
explicação para a sim patia partidária que se baseia ein forças contextuais
que atuam no plano distrital: a distribuição de votos entre partidos e entre
coligações.
Sim ulações dos resultados eleitorais indicam que, se as eleições de 1978 ti
vessem sido conduzidas sob representação proporcional, a esquerda teria
ganho (M eyer 1978).
A vitória potencial da esquerda em 1978 sob RP não é razão suficiente
para o estabelecim ento do sistem a eleitoral de RP pela esquerda em 1985.
Como a perform ance das instituições foi avaliada a longo prazo, com o mos
tra o Capítulo 4, para produzir argum entos convincentes devem os mostrar
que o SEMDT funcionou contra os interesses a longo prazo da esquerda.
Outras sim ulações dos resultados eleitorais indicam que, sob RP, a esquer
da não teria ganho em 1981 (Bon 1985). Não teria sido sido sensato, por
tanto, mudar o sistem a eleitoral por razões partidárias, dado que essa mu
dança não parece produzir resultados que tendam sistem aticam ente para um
lado ou para o outro. Além disso, pode-se afirmar que a mudança para RP
ocorreu porque a esquerda havia prom etido isso tanto no program a comum
de governo quanto na cam panha eleitoral de François M itterrand.
Sim ulações de resultados eleitorais sob sistem as eleitorais diferentes
produziram os seguintes resultados: em geral, o SEMDT, com parado à RP,
produz sub-representação da coligação perdedora, sub-representação das for
ças que recusam a polarização política17, sub-representação das forças mar
ginais da direita e da esquerda e sub-representação do menor partido dentro
de cada coligação (Parodi 1983). Tais simulações expressam, porém, apenas
um valor indicativo, pois sustentam que as pessoas votam da mesma manei
ra independentem ente do sistema eleitoral: não existe o voto estratégico.
Para com preender as estratégias que conduziram às duas modificações
sucessivas das regras, precisam os exam inar mais de perto alguns dos even
tos políticos dos anos 80, Em 1981, M itterrand disputou pela terceira vez
o segundo turno de lima eleição presidencial e venceu pela prim eira vez.
Sua eleição assinalou a prim eira vez em que a esquerda ocupou o cargo de
presidente sob a Q uinta República. Ele dissolveu im ediatam ente o Parla
mento (eleito em 1978; tinha uma maioria hostil) e conduziu a esquerda à
sua prim eira vitória legislativa sob a Quinta República. A vitória foi am plia
da a tal ponto pelo SEMDT que o Partido Socialista (com 282 cadeiras) con
trolou a m aioria absoluta na A ssem bléia N acional sem depender dos 43
votos com unistas.
Embora o apoio comunista não fosse formalmente necessário, M itter
rand convidou os com unistas a participar do governo. A coligação durou até
o verão dc 1984, quando o gabinete M auroy foi substituído pelo gabinete
Fabius, no qual não havia ministros com unistas. Durante essa época, as ten
sões entre os dois partidos aum entaram e, conseqüentem ente, os com unis
tas passaram a insinuar que não estava assegurada a disciplina republicana
17. T íií .s Ibcçíi.s fo r;» » o s p a rtid o s cio c e n tro , p r a tic a m e n te e lim in a d o s tle s d e 1 9 7 4 , e u d is p u ta p r e s id e n c ia l e in re
G is c a rd e M itte rra n d .
JO G O S OCULTOS
VIL CONCLUSÕES
No início de 1978, as pesquisas de opinião indicavam dc maneira uni
form e que a esquerda estava à frente numa disputa acirrada entre as duas
coligações. Em março, a esquerda perdeu a eleição. A situação foi habilmen
te apreendida pelo título de im portante análise sociológica dos resultados:
França dos votos da esquerda para a direita (Capdevielle et al. 1981). Por
que isso ocorreu? A explicação que apresentei indica que o rápido cresci
mento do Partido Socialista, que se esperava fosse a força condutora na vi
tória eleitoral da Esquerda, enfraqueceu a conversão à esquerda porque criou
no primeiro turno um a distribuição de votos desfavorável para a coesão da
esquerda e gerou um a má transferência de votos.
M itterrand alterou o sistema eleitoral que produziu tais resultados des
favoráveis e o substituiu pela representação proporcional. A vitória eleito
ral da direita em 1986 inverteu a situação e o sistem a eleitoral anterior foi
restabelecido.
A teoria dos jogos ocultos fornece assim não só uma descrição acura
da mas também uma explicação do funcionamento do sistem a eleitoral fran
cês c de como todos os partidos políticos se com portam da mesma forma.
A coesão das coligações (de cada coligação) aum enta quando é necessária
(quando as coligações possuem divisão igual de votos) e a política é visível.
A com petição entre os partidos (todas as quatro fam ílias políticas) aumenta
quando os parceiros dentro de cada coligação têm a mesm a força.
A teoria pode explicar variações na coesão das coligações, algo que
as teorias de votação espacial não podem. Com efeito, de acordo com a úl
tima, não há razão para tal variação. Além disso, o enfoque dos jogos ocul
tos é capaz de dem onstrar por que algumas explicações sociopsicológicas
que se baseiam em conceitos com o a inveja estão erradas, bem como o que
reside por trás de variáveis independentes, com o sentim entos de sim patia
ou de com petição entre os partidos: a distribuição de votos entre os parcei
ros e entre as coligações. Finalm ente, o enfoque dos jogos ocultos prom e
te outras aplicações, exploradas no Capítulo 8.
APÊNDICE AO CAPÍTULO 7:
DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS
rpr: núm ero de votos para os gaullistas (no prim eiro turno).
udf: núm ero dc votos para os giscardianos (no prim eiro turno).
ps: num ero de votos para os socialistas (no prim eiro turno).
pc: núm ero de votos para os com unistas (no prim eiro turno).
reg: núm ero de votos registrados.
pturno: núm ero de votos no prim eiro turno.
sturno: núm ero de votos no segundo turno.
tesq: núm ero de votos para os socialistas, os com unistas e os aliados
no prim eiro turno.
tdir: núm ero de votos para os gaullistas, os giscardianos e os aliados
no prim eiro turno.
esq: número de votos para o candidato da esquerda no segundo turno.
dir: núm ero de votos para o candidato da direita no segundo turno.
vitória: j - abs1 (pturno/2 - tcsq)/reg
proxe: 1 - abs (ps - pc)/reg
proxd: 1 - abs (udf - rpr)/reg
outresq: (tesq - ps - pc)/reg
outrdir: (tdir - udf - rpr)/reg
advesq: variável dicotôm ica com valor 0 se o adversário é socialista.
advdír: variável dicotôm ica com valor 0 se o adversário é gauilista.
coeesq: (esquerda - tesq)/reg
coedir: (direita - tdir)/reg
I. a b s = v a lo r a b s o lu to .
CONCLUSÕES
/. RACIONALIDADE
O livro partiu do pressuposto de que as pessoas são racionais, ou seja,
elas se orientam por objetivos e escolhem os meios ótim os de alcançar esses
objetivos. O pressuposto im plícito de racionalidade é o denom inador co
mum da m aioria das pesquisas em ciências sociais. O livro se distinguiu
do conjunto da pesquisa em política com parada por tornar explícito o pres
suposto de racionalidade, extraindo todas as suas conseqüências e até m es
mo utilizando as mais exigentes delas para derivar proposições testáveis
sobre países, partidos e instituições diferentes.
O pressuposto dc racionalidade e suas conseqüências (essencialm en
te, a teoria dos jogos e a estática com parada) já exerceram e continuarão a
exercer im portante impacto sobre a ciência política. São duas as razões para
222 G EORC E TSEBE U S
esse impacto. A prim eira é que a racionalidade não é uma recém -chegada
na política, nas cicncias sociais ou na filosofia. Esse pressuposto pode re
m ontar aos ideadores da constituição norte-am ericana, aos filósofos do Ilu-
m inism o ou à G récia antiga; na verdade, a maior parte da civilização oci
dental se fundam enta nele. A escolha racional sim plesm ente leva a idéia
de racionalidade a seus lim ites lógicos. N esse sentido, faz parte de um a
tradição duradoura e se aproxim a de outras abordagens correntes na ciên
cia política.
A segunda razão para o impacto do pressuposto de racionalidade, e a
mais importante, é que a racionalidade, juntam ente com suas conseqüências
(em outros term os, a teoria da escolha racional), pode evidenciar sérias
om issões ou erros do raciocínio intuitivo. Os paradoxos revelados pela es
colha racional proliferaram ao longo dos anos, indicando que nossas intui-
ções não são guias confiáveis para com preender o mundo à nossa volta. Por
exemplo, depois da obra de Olson (1965) sobre a ação coletiva, fenômenos
conhecidos como os grupos sociais, em lugar de serem aceitos como dados,
tornam -se objeto de investigação. A incompatibilidade de algumas caracte
rísticas elem entares da racionalidade e da eqüidade descobertas por Arrow
(1951) lançou nova luz sobre as instituições, dem ocráticas ou não. Votação,
abstenção, ignorância racional e informação são agora investigadas de no
vas maneiras. O denominador comum de todas essas novas abordagens é a
crença de que somente o raciocínio intuitivo não é suficiente, de que é de
sejável, sempre que possível, um raciocínio dedutivo mais rigoroso.
U tilizando um a perspectiva histórica, pode-se com parar o im pacto de
grandes program as de pesquisa como o behaviorism o e a escolha racional.
O im pacto durador da revolução com portam ental foi ter ela m odificado
nossa concepção do que constitui prova em pírica adequada. Para alcançar
conclusões em píricas, em vez de apresentar exem plos históricos que cor
roboram um a assertiva geral, é hoje amplam ente aceito que deve ser estu
dada toda um a população de eventos ou um a am ostra aleatória dela. O
im pacto duradouro do program a de pesquisa da escolha racional é que ele
muda nossa concepção do que constitui raciocínio teórico e coerente. Não
é verdade que o raciocínio teórico e coerente só pode ser encontrado em
m odelos formais, assim com o não é verdade que só se pode alcançar con
clusões em píricas corretas mediante sofisticadas técnicas estatísticas. O que
é verdadeiro, porém , é que tanto a sofisticação m etodológica do program a
behaviorista quanto o rigor dedutivo de m odelos form ais podem ajudar
pesquisadores contem porâneos a atingir conclusões que som ente os mais
potentes espíritos podem alcançar sem tais ferram entas.
A credito que o pressuposto de racionalidade terá enorm e im pacto
organizador sobre as ciências sociais. Hoje o program a da escolha racio
nal é criticado por ser ou trivial ou dem asiado exigente e restritivo. Este
livro oferece dois m otivos pelos quais essas acusações erram o alvo. O pri
JO G O S OCULTOS 223
portam exatam ente da m esm a m aneira (com variações no tam anho dos
coeficientes), e seu com portam ento é determ inado pelo mesm o fator: pa
reçam estar ganhando ou perdendo no prim eiro turno.
O pressuposto de racionalidade é responsável, portanto, pela escolha
dos tópicos de pesquisa, pelo teste dos argum entos teóricos ou em píricos e
por algum as das conclusões do livro.
A idéia não é nova. A análise m arxista salientou por muito tem po o fato
de que a “burguesia” é a classe dom inante no capitalism o. Przew orski
(1980) interpretou o conceito gram sciano de hegem onia dentro dessa li
nha, sustentando que, nas sociedades capitalistas, qualquer outra classe
depende dos detentores dos meios de produção, pois somente os capitalis
tas possuem o poder para investir3. Em term os de jogos em m últiplas are
nas, um a certa distribuição inicial da riqueza e dos meios de produção tornou
outras classes dependentes da burguesia. Para todo grupo ou classe social
em seu jogo do dilem a dos prisioneiros com as em presas, R » P, e, de
acordo com os argum entos anteriores, é provável a cooperação.
M uitos autores julgam que a ruptura do consenso social na década de
70 é o resultado da manutenção de um dólar supervalorizado que leva ao
térm ino das taxas fixas de câm bio, à súbita ascensão do preço do petróleo,
ao protecionism o crescente, à inflação, à recessão, à depressão e à crise
econôm ica (Berger 1981; Boltho 1982; Bruno e Sachs 1985; G oldthorpe
1984; Gourevitch 1986). Novam ente, no vocabulário deste livro, um cho
que exógeno modifica os payojfs dos atores de tal modo que a cooperação
se torna menos provável.
Bates (1983, 14-16) oferece outro caso de m odificação da probabili
dade de cooperação pela matriz de payojfs do jogo. Em sua reinterpretação
de The Niter, de E vans-Pritchard, Bates insiste em dizer que os vínculos
transversais existentes entre as tribos são mecanism os indutores de coope
ração. Com efeito, quando um homem possui um a esposa de outro grupo,
ele tem um interesse material na cooperação com esse grupo, pois o pa yoff
dc tentação se reduz quando ele briga com o grupo de sua esposa: “ela pode
tornar a vida bastante desagradável para ele” . M ais uma vez, a redução de
T na matriz dc p a yoff do jogo tem a conseqüência de aum entar a probabi
lidade de cooperação (proposição 3.7).
Em todos esses estudos, reaparece o m esm o tema: algum choque
exógeno ou condições diferentes explicam as diferenças na matriz de payojfs
dos jogadores, matriz que afeta a probabilidade de cooperação. Todas es
sas análises baseiam -se fortem ente num pressuposto im portante e não-de-
clarado: o de que a interação é iterativa e a inform ação, incom pleta, ou de
que os atores são capazes de desenvolver estratégias correlacionadas, por
que, com o indicou a minha análise no Capítulo 3, tais análises não sc sus
tentam em jogos de uma só jogada sem estratégias correlacionadas.
No Capítulo 6 exam inei o problem a inverso: o jogo entre as elites
estava oculto na relação principal-agente que cada líder m antinha com suas
bases, c essa relação determ inava os payoffs das elites no jogo parlam en
tar. A Figura 3.3B apresentou lima descrição sum ária do argum ento do
Capítulo 6: as bases influenciam os payojfs de seus respectivos líderes num
esquem a que lem bra a letra grega pi.
U m a explicação análoga do tipo pi pode ser encontrada na exposição
do fracasso da emenda Powell na Câmara dos Deputados dos Estados Uni
dos, tal com o foi relatada por Denzau, Riker e Shepsle (1985). Em 1956,
quando estava sendo discutido na Câmara dos Deputados um projeto de lei
sobre ajuda federal à educação, um representante negro do H arlem , Adam
Clayton Powell, apresentou uma emenda onde especificava que a ajuda fede
ral deveria scr dada somente àquelas escolas que não praticassem segrega
ção4. Existem indícios substanciais de que a liderança republicana votou a
favor da emenda para derrotar o projeto de lei na votação final no plenário.
O cx-presidente Truman advertira a liderança dem ocrata sobre a probabili
dade desse resultado e pedira aos democratas que votassem contra a emenda
Powell; desse modo, pelo menos as escolas (independentemente da segrega
ção) receberiam ajuda federal (ver Congre.ssional Record, vol. 102, Parte 9,
p. 11 758). Suas advertências não foram levadas em conta. Como antecipara
Truman, a emenda foi aceita e o projeto de lei emendado foi rejeitado. N o
venta e sete votos mudaram de “sim ” na emenda para “não” na aprovação do
projeto final, indicando uma parcela significativa de votação sofisticada.
Segundo Denzau, Riker e Shepsle (1985), os republicanos poderiam
votar estrategicam ente, enquanto os dem ocratas liberais não o podiam ,
devido h relação de cada grupo com seu distrito: os dem ocratas liberais
provinham de distritos mais sensíveis às questões raciais. Os representan
tes passariam por maus bocados se tentassem explicar aos eleitores seu voto
sofisticado contra a em enda Powell.
Putnam (1988) adotou um enfoque sim ilar no que ele cham a de jogo
em dois níveis. Ele exam ina conferências econôm icas internacionais dc
cúpula cujos acordos finais devem caracteristicam ente ratificados pelos par
lamentos nacionais. Tanto D enzau, R iker e Shepsle quanto Putnam utili
zam, cm suas explicações, jogos seqüenciais, em contraposição aos jogos
sim ultâneos deste livro: no primeiro turno, as elites interagem ; no segun
do, as bases apoiam ou desaprovam.
A xeirod (1987) estudou a interação entre política interna e política
internacional usando o que ele chama de “paradigm a gam a” . Concentrou-
se na interação entre, de um lado, a adm inistração norte-am ericana e a
liderança soviética c, de outro, a opinião pública norte-am ericana. Forne
ceu razões para não tratar da relação entre os líderes soviéticos e o públi
co soviético. O resultado é que seu esquem a explanatório assem elha-se à
letra gam a, e não à letra pi.
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2 44 GEORGE TSJ-BKLJS
Acom odação, estratégias de. Ver Estratégias dc C álculo de probabilidade: racionalidade e, 40.
acom odação. C allaghan, Jam es, 145.
A m eaças: na teoria dos jogos, 78, 7 9 , 83-84, Câmara de D eputados dos Estados Unidos: vo
128-129, 130, 138, 178. tação estratégica na, 228.
A nálise de sistem as: c cicncia política, 33, 34. Campanha pela Dem ocracia do Partido Traba
Anarquia: e orclem, 109. lhista (CLPD): estratégias eleitorais da, 145,
Aposta cega. Ver Dutc/i Book. M 9-J50; formação e crescim ento da, J45;
Aprendizado: cscolha racional e, 3 7 -3 8 ,4 6, 223. e indicação dc candidatos parlamentares,
Arena eleitoral: elites e, 158, 163, 164-165. 146, 151-152; influência da, 145-150.
Arena parlamentar: elites e, 158, 163-165, 168, Campanha pela Vitória Trabalhista (CLV): for
169-170. mação da, 150.
Arena principal: nalureza da, 22. Capitalismo: e múltiplas arenas, 227.
Atores não-racionais,: escolha racional c, 37; Centralism o democrático: os partidos com unis
teorias com , 35-38. tas e o, 20.
Atores: e escolha racional, 56, 222-223, 230; e Chirac, Jacques, 199, 215; estratégia parlamen
as instituições, 104, 105, 106, 1 13-115; re tar de, 216-218.
lação com observadores, 22, 24; e regras do C iência política: análise de sistem as e, 33, 34;
jogo, 99-100; teorias sem , 34-35. análise marxista da, 27, 35, 107, 109, 116-
Baycs: c racionalidade, 37, 42, 43. I 17, 227, 230; com atores não-racionais,
Bchaviorism o, 222. 36-38; conflito socioecon ôm ico e, 35; eco
Bélgica: consocionalism o na, 28, 29, 158, 166- nomia, 27; estruturalismo e, 33, 34; funcio
167, 169, 176, 223; constituição da, 173, nalism o e, 34; m odernização e, 34; e racio
175; educação com o questão p olílíca na, cínio dedutivo, 53-54; sem atores, 33-35.
173, 174; partidos políticos na, 169; políti C iências sociais: racionalidade e as, 222.
ca na, 17, 21, 28, 29, 68, 73, 83, 99, 106, Coligações: caráter das, 30, 106, 181, 224; co
113, 158-159, 161, 167, 168-179, 223; esão das, 192-200, 204-206, 207-208, 233;
com o sociedade segmentada, 169-170, 173, com petição na formação de, 181; coopera
174, 176-177, 178-179. ção na formação de, 181; politien francesa,
Bevan, Aneurin: e dissensão no Partido Traba 183-187, 190-195, 197-198, 201-203, 223-
lhista, 141, 142. 225; com o jogos ocultos, 181-182, 188-195,
Brandt, W illy, 101. 2 0 7 ,2 1 8 ; e instituições redistributivas, 113-
246 G EORGE TSEBELIS
115, 117-118, 215-218; e interesses parti iterativo, 79-81, 85, 105, 112-113; Pacto de
dários, 188-189, 194, 1 9 5 ,2 0 3 -2 0 4 ,3 2 1 0 - Egmont com o, 177-178; soluções institucio
2 1 1 ,2 1 2 -2 1 3 ,2 1 4 , 2 2 3 ,2 2 9 , 232; e payoffs nais para o, 109-112; solu ções para o, 87-
variáveis, 181-182, 188-192; e a teoria dos 92.
jogo s, 181. Downsianos, m odela1;. Ver M odelos espaciais de
Comitê Executivo Nacional (NEC), 123; e candi votação.
datos a MP, 136-143, 146, 148, 151-152, Dutch Book (aposta cega), 40; definição, 57-58.
J65; com prom issos com , 141-142; estraté Educação: com o questão política na Bélgica,
gias eleitorais do, 137-138; influência dos 173, 174.
sindicatos no, 144; poder de veto sobre o Elites: e arena eleitoral, 158, 163, 164, 168, 169-
GM C, 136-139, 140-142, 143, 148, 149, 170; c arena parlamentar, 158, 161-164,
224, 226, 229; recusa Pulmer, 142. 168, 169-170; e estratégias de acomodação,
Com petição: com o estratégia política, 183, 186- 159-160, 1 6 1 ,1 6 9 -1 7 0 , 173-174, 177-178,
187, 195, 204; na formação de coligações, 179, 223; iniciam conflito, 169-170, 178,
181. 180, 223, 229; interação entre, 157, 158,
Comportamento humano: racionalidade e, 43- 160, 162, 165-167, 228-229; e massas, 159,
5 0 ,5 2 , 56, 97, 110; racionalidade com o m o 165, 169-170, 180, 223; participação em
delo de, 44-45; racionalidade com o subcon m últiplas arenas, 158, 163-164; na tomada
junto de, 45. de decisões, 157-158, 163, 165, 178.
Com prom isso: e intransigência, 161-163, 164, Equilíbrio, 7 1. 74, 82, 8 9 ,2 3 0 ; definição, 41-42,
169-170, 176-177. 61; escolha racional e, 5 2 -5 3 , 6 3 -6 4 , 72,
C onflito: iniciado pelas elites, 169-170, 178, 130,222; estratégias contingentes e, 76-77,
180, 223, 230; na sociedade segm entada, 82-83, 84-85, 230; instituições e, 100-102;
178-179. ótim o de Pareto e, 7 4 , 112; e previsões, 52-
Conjuntos de inform ação, 62. 5 3 ,6 4 ; teoria dos jogos e, 41 -43, 47, 61, 80,
C onselho de Direção Geral (GM C): e candida 2 2 1 -2 2 2 .
tos parlamentares, 125-128, 130-131, 133, Escolha racional: abordagem estatística e, 48-
138, (46-148, 149, 151, 152; com prom is 50, 223; aplicabilidade da, 45, 49-50, 55-
sos por parte do, 128-129; estratégias elei 56; e aprendizado, 37, 46, 223; e argumen
torais do, 127-129, 130-131; poder de veto to “com o se”, 44; atores e, 56, 223, 230,
do NEC ao, 136-138, 140-142, 143, 148, 231; e atores não-racionais, 36-37; clareza
149, 224, 2 2 6 ,2 2 9 . c parcimônia teóricas da, 51; e equilíbrio,
C onsocionalisino, 159, 160, 161-162, 165-166, 52, 62-64, 72, 130, 222, 224; e estratégias
1 6 9 -1 70 .2 3 l;n a Bélgica, 28, 29, 158, 166, contingentes, 90; Friedman e, 4 4 ,4 5 ,4 6 ,4 7 ;
168-169, 176-177, 223; c disponibilidade inform ação disponível e, 4 5 -4 6 , 127-128,
de inform ação disponível, 165, 168; nuture- 229; c instituições, 103-107, 180; e inter-
za d o , 160, 161; e payojfs variáveis, 162;e cam bialidade de indivíduos, 5 4 -5 5 , 223,
projeto institucional, 29, 158, 169, 170-176. 224; militantes políticos e, 122-123, 151,-
Ver uunbétn Estratégias dc acomodação. 152, 223, 225-226, 229; partidos políticos
Cooperação: no dilem a dos prisioneiros Gog°)> e, 122-123; na política, 17, 21-22, 26, 35-
7 1 ,7 7 ,8 7 -9 2 , 1 10-113, 192, 227; com o es 38; e raciocínio dedutivo, 39, 53-54; e s e
tratégia ótim a, 172-173; com o estratégia leção natural, 4 7 -4 8 , 223; e a teoria dos
política, 171-175, 184, 186-187, 188-190, jog o s, 6 2 -6 4 , 71; vantagens da, 50-54;
196, 227; na formação de coligações, 181. W eber e, 55. Ver também Racionalidade.
Dem ocracia: caráter da, 157-158; consouona- Estabilidade hegemônica: e jogos iterativos, 226.
lism o numa, 159, 160, 161, 164-166, 169- Estados Unidos: eleiçõ es primárias nos, 184;
170, 231; tom ada de decisões numa, 157- processos políticos n o s,122, 135-136, 140,
158, 164-166. 226.
D ilem a dos prisioneiros (jogo), 69-70, 72-76, EsliUica comparativa. Ver Equilíbrio.
8 4 ,9 6 , 105, 107, 109, 162, 163, 168, 170, Estratégias contingentes: no dilem a dos prisio
171, 188, 225; cooperação no, 71, 78, 87- neiros (jogo), 75-76, 77, 84, 87-92; eq u ilí
92, 110-112, 192, 227; estratégias contin brio com , 76, 82-83, 84-85; escolha racio
gentes no, 7 5 -7 6 , 78, 84, 87-92, 110-111; nal e, 89; e jogos iterativos, 79-84, 123, 129-
JO G O S OCULTOS 247
131; na política. 7 8 , 123, 164, 180, 189, Ideologia,48, 164, 166, 18l;eracionalidade, 30,
227; na teoria dos jog o s, 75-79. 103, 123, 152, 232.
Estratégias corrclacionuúas. Ver Estratégias co»- Imp<asse (jogo), 69, 70, 71, 72, 74, 84, 93, 94,
tingentes. 162, 177-178, 188, 2 2 5 ,2 2 7 .
Estratégias de acom odação: elites e, 158-159, Indução retroativa: na teoria dos jog o s, 80-82.
161, 169-170, 173-174, 179, 223; e o inte Informação disponível: consocionalism o e, 165-
resse próprio, 159-160; m otivações para, 166, 168; escolha racional e, 46, 128 ,2 2 8 -
159-160. Ver tumbém Consocionalism o. 229.
Estratégias ótim as, 17, 21-22, 70; cooperação e, Instituições eficientes, 100, 107-113, 118-119,
\n -\1 3 \p a yo JJs variáveis e, 79, 8 0 -8 1, 98, 231; definição, 107-108; caráter das, 109-
127-129, 130-132, 171, 225-226; raciona 110, 116.
lidade e, 41-42, 206-207, 211. Ver também Instituições políticas, 100-101, 107, 108, 113,
Estratégias subótim as. 117-119, 230-231.
Estratégias subótim as, 17-21, 2 2 -2 3 , 2 4 , 30; Instituições redistributivas, 100, 107, 113-117,
jogos ocultos e, 5 0 -5 1, 52, 232. I 19, 231; caráter das, 113, 116, 230; co li
Estruturalismo: e ciência política, 33, 34. gações e , 113-115, I 18, 215-218; de con
Fagerholm, Karl-Auglist, 18. solidação, 27, 28, 115-117, 183, 2 1 1, 2 15,
Fatores externos: e jogos ocultos, 67-68. 217, 218, 230-231; de consolidação, d efi
Finlândia: Partido Comunista na, 18-20, 66; elei nição, 113; definição, 107-108; de new deal,
ções presidenciais na, 18-20, 52, 159; 27, 28, 115-117, 150, 230; de new deal.
Kekkonen eleito presidente da, 18-20, 159; definição, l 13; Partido Trabalhista, 23 I.
Partido Socialista na, 19-20, 52, 66. Instituições; atores e, 104-105, 106, 113-115,
França: coligações políticas na, 183-185, 223- 2 3 0 -2 3 1; definição, 99, 100, 102; equilíbrio
225; eleições de 1978 na, 182, 195,200,206, nas, 100-101, 102, 168, 206; escolha racio
2 0 9 .2 1 1 -2 1 3 ,2 1 8 ,223;eleições de 1986 na, nal e, 103-106, 180,230; com o investim en
215-216, 218; estabilidade política na, 183, tos, 99, 10 0 -103; e jogos ocultos, 115-116.
2 14; evolução do sistem a eleitoral, 211-218; 181; mudanças nas, 103, I 18, 231; origem
partidos políticos, 183-185, 195, 198-199, das, 100, 103-106; papel das, 97, 98, 101-
212-214, 224, ver também pelos nomes dos 103, 104; com o solu ções para o jo g o do
partidos ; política da Quinta República, ver dilem a dos prisioneiros, 109, 111-113.
França, política na; política na, 17, 28, 30, Interesses partidários: coligações e, 188-190,
6 8, 99, 106, 114, 123, 183-185, 195-218, 193-194, 195, 2 0 2 -2 0 3 ,2 1 0 -2 1 1 ,2 1 3 ,2 1 4 ,
2 23-224; projeto institucional na política, 223, 2 2 9 ,2 3 2 .
183; representação proporcional na, 211- Intransigência: com prom isso e, 161, 162, 163,
215; sislcm a eleitoral na, 183-187, 189-190, 164, 170, 176-177.
1 9 5 .2 1 2 -2 0 4 ,2 1 0 -2 1 1 ,2 2 2 . Investimentos: instituições com o, 99, 100-103.
Friedman, Milton: e escolha racional, 44-45, 46, Irlanda do Norte: enquanto sociedade segm en
47. tada, 179.
Funcionalism o; e ciência política, 34. Irracionalidade motivada, 152.
G aitskell, llu g h , 142, 143. Jenkins, Roy, 150.
G alinha (jogo), 6 9 ,7 1 ,7 2 ,7 4 -7 5 ,7 8 ,7 9 , 84, 93, Jogo: definição de, 6 2-64, 98.
9 5, 96, 112, 130, 162, 163, 164, 168, 170, Jogos de três pessoas: e payojfs variáveis, 62-
171, 178, 189, 192, 225, 230. 68, 226.
G aullista, partido (R PR ), 183, 195, 1 9 9 ,2 0 3 , Jogos dois-por-dois, 68-75, 79-80, 84, 130.
208, 214, 215-216, 224. Jogos em múltiplas arenas. Ver M últiplas arenas.
Giscard d ’Estaing, Valéry, 183, 195. Jogos iterativos: dilem a dos prisioneiros e, 79-
G iscardiano, partido (U D F), 183, 1 9 5 ,2 0 2 ,2 0 8 , 80, 84-85, 104-105, 1 12-113; estabilidade
214, 216, 224. hegem ônica e, 226; estratégias contingen
Goldwater, Barry: militantes políticos e, 122. tes e, 7 9 -8 2 , 84-85; 123, 129-130; 230;
Grã-Bretanha: política na, 27-28, 121-156,225- payojfs variáveis e, 79, 85, 139, 168, 225;
226. Ver também pelos nomes dos partidos. teorema popular, 82, 225.
H erestética, 26. Jogos ocultos: coligações com o, 181-182, 188-
Holanda: enquanto sociedade segm entada, 179. 195, 207, 218; e escolhas subótim as, 5 0 -5 1,
2 4H GEORGE TSEBE U S
52, 62-64, 232; fatores externos e, 67-68; Observadores: relacionam entos com atores, 22,
instituições e, I 15-116, 181; natureza dos, 24.
22-24, 26-27, 225, 227, 230; política c, 158, Ordem: anarquia e, 109.
169, 170, 1 8 1 -1 8 4 ,2 2 6 ,2 2 8 ,2 2 9 ; tipos de, Ótimo de Pareto, 72-75, 83, 105, 109, 171, 172,
23-24. 173, 174, 176, 178, 180, 2 3 1; e equilíbrio,
Jogos políticos. Ver Política. 74, I 12.
Kant, Immamiel, 110. Paasikivi, Juo Kusíi, 18, 19.
Kckkonen, Ujho: eleito presidente da Finlândia, Pacto Egmont (1977), 169, 176-178; com o jogo
18-19, 159. do dilem a dos prisioneiros, 177.
Kolm ógorov, Andrei N ikolevilch, 57. Palmer, John: recusado pelo N EC , 142.
Lógica formal. Ver R aciocínio dedutivo. Partido Comunista Francês (PCF), 122, 198-200,
M achiavelli, N iccolo, 109. 204, 2 1 3 -2 )4 , 224; estratégias eleitorais do,
Mar*, Karl, 35, 107. 109. 2 00-201, 204, 2 07-209, 2 13-214, 224.
Massas: elites e, 159-160, 164, 169-170, 180, Partido comunista: e ceturalismo dem ocrático,
223; na tomada de decisões, 157-158, 178. 20; na Finlândia, 18-20, 66; na França, ver
McGovern, George: militantes políticos e, 122. Partido C om unista Francês.
McKay, Margaret: recusada por se» disiriloelei- Partido Conservador (britânico): cadeiras mar
loial, 121. ginais do, 132-133, 226.
M ellish, Bob: recusado por seu distrito eleito Partido .Social Dem ocrata (inglês): criação do,
ral, 122, 123, 127, 158.
Militantes políticos: e escolha racional, 122-123, Partido Socialista (PS), 183, 195, 199-200,206,
152, 22 5 -2 2 6 , 229; e G oldwaler, J22; e 207, 208, 210, 217, 224; estratégias eleito
McGovern, 122; preferências dos, 127-128. rais do, 204, 213.
M ilne, Eddie: recusado por seu distrito eleito Partido socialista: na Finlândia, 19-20, 52, 66;
ral, 121. na Fi ança. Ver Partido Socialista (PS).
Mitterrand, François, 212, 213, 214, 2J5, 218. PartidoTraballiífíla (britânico), 17,28-29,99, 106,
M odelos espaciais de votação, 3 0 .2 0 4 ,2 0 7 ,2 1 0 , 115; aumento na afiliação, 147; Bevan e a
2 18, 223, 230. dissensão no, 141, 142; Com issão Executi
M odernização, teoria da: e ciência política, 34. va Nacional, ver C om issão Executiva Nacio
M onopólio da representação: criação do, 167; nal (NEC); conflito da liderança com as ba
efeitos do, 165-167, 179, 180, 216. ses, 144-145, 162-163; Conselho de Direção
M onis, Thom as, 108. Geral, ver C onselho de D ireção Geral
MPs: candidatos a e a CLPD, 146-149, 151-152; (GM C ); controle sobre os M Ps, 125-127,
candidatos a c o GM C, 125-138, 131, 133, 136-137, 138-139.140-142, 2 2 4 ;convenção
138, 145-148, 149, 151; candidatos a c o am ialdo, 141, 142, 143, 144, 145, 146, 148,
NEC, 136-143, 146, 148, 151-152, 165;con- 149; declínio na afiliação, 144, 147; defec
tiole do Partido Trabalhista sobre os, 124- ções do, 121-122, 126-127; diferenças ideo
126, 136-137, 138, 141-142,224; diferenças lógicas dos militantes com os M Ps, 121-126,
ideológicas com os militantes, 121-126,225- 225-226, 229; dissensão no, Í2 I-Í2 3, 134-
226,229; estratégias eleitorais dos, 126, 127- 135, 144-145, 150, 155-156; indicações dos
129, 130-132, l4 l;ea !in lia d o p j)H id o , J26; candidatos parlam entares, 123, 125-127,
motivações dos, 12 4 -126; reindicação dos, 131-133, 136-143, 145-148, 151-153; in
ver Partido Trabalhista: indicação dc candi fluência dos sindicatos no, 143-144, 231;
datos parlamentares; relacionamento com os militantes e “suicídio" político do, 121-123,
distritos eleitorais; serviços prestados ao dis 127, 128. 150-J5 J, 223; moderação no, 125-
trito, I25-J26, 13 3 -134. 129, 131-133, 138, 141-142, 143, 162; polí
Múltiplas arenas: capitalism o e, 226-227; natu ticas do, 125,126, 144, 145,162; posição dos
reza das, 2 3-24, 27, 2 8 , 225; participação militantes no, 124, 125, 126, 163, 2 3 1; prin
das elites nas, I58, 163-164; e payoffs va cípios políticos do, 124-125, 145; regras do,
riáveis, 63-64, 66, 79, 84-85, 158, 164,225; 136, 146; regras do, com o instituição de new
cm política, 6 6 ,6 8 , 158-166, 181-182, 232; deul, 150, 230, 231; regras do, com o insti
subjogo e, 66, 69. tuição redistribuliva, 230-231; tentativa dc
Nash, equilíbrio de. Ver Equilíbrio. descentralização, 149.
JOG OS OCULTOS 249
Partidos políticos: c escolha racional, 123; m o Realidade: racionalidade e, 43, 50, 222.
tivação dos, 122-123. R ealização dos objetivos: m axim ização da, 17,
Pasqua, Charles, 216, 217. 21, 24, 4 0 , 110, 157, 225.
Payojfs variáveis: coligações e, 181-182, 188- Regras do jogo: atores e, 99, 100; m odificação
(92; consocionalism o e, 161-162; e estra das, ver Regras variáveis; natureza das, 97-
tégias ótim as, 78-79, 80-81, 98, 127-129, 100.
130-132, 171, 225-226; falores externos e, Regras variáveis: natureza das, 97-99; e payojfs
68; jog o s de três pessoas e, 6 2-68, 226; e variáveis, 97-98, 112-113; e política, 100;
jogos ilerativos, 7 9 , 85, 139, 168, 225; e projeto institucional, 23, 25, 26, 98, 232.
múltiplas arenas e, 64, 7 9 , 84, 158, 164, Reputação, 28, 123, 126, 151, 152, 232.
225; regras variáveis e, 97-98, 112-113. Sam uelson, Paul, 44.
Payofjs, modificação dos. Ver Payojfs variáveis. Seguro (jogo do), 69, 71-74, 78, 79, 83, 84, 93,
Platão, 108. 95-96, 189, 192, 225.
Plínio, o Jovem, 19. Seleção natural: escolha racional e, 47-48, 223,
Poder de veto: natureza do, 140. Serviço ao distrito eleitoral. Ver MPs: serviços
Política: com petição com o estratégia na, 184, ao distrito eleitoral.
186-187, 195, 203; cooperação com o estra Sinal, sinalização, 76, 129, 131, 132, 141, 143,
tégia na, 171-173, 184, 186-187, 188-190, 150, 152, 180, 229.
19 6 ,2 2 7 ; escolha racional na, 17,21 -22,26, Sindicatos: deslocam ento político para a esquer
36-38; nos Estados Unidos, 122, 136; estra da dos, 143; influência no NEC, 144; in
tégias contingentes na, 79, 123, 164, 180, fluência no Partido Trabalhista, 143-144,
189, 227; na França, 1 7 ,2 8 ,3 0 , 6 8 ,9 9 , 106, 149; mudança na com posição dos, 143-144.
113, 123; na Grã-Bretanha, 28, 121-156; Sistem as eleitorais: e projeto institucional, 211-
irracionalidade motivada na, 152; e jogos 218. Ver também Fiança.
ocultos, 158, 169, 171, 181-182, 225, 228, Smith, Adam, 107, 109.
229; m últiplas arenas na, 66, 68-69, 158- Sociedade segmentada, 158, 161, 162, 165-166,
166, 181 -182, 232; regras variáveis e, 99- 167, 169-170, 178-179; Bélgica com o. 169-
100; e a teoria dos jogos, 163-164. 170, 173. 174, 176, 179; conflito na. 179;
Pow ell, Adam Clayton, 228. Holanda com o, 179; Irlanda do Norte com o,
Prentice, Reginald: recusado por seu distrito 179.
eleitoral, 121, 138. Subjogo: definição, 63; e múltiplas arenas, 66,
Previsões: equilíbrio e, 52-53, 64. 69; na política, 131.
Projeto institucional: con socion alism o e, 29, Taverne, Dick, recusado por seu distrito eleito
158-159, 169, 170-176; natureza do, 23-24, ral, 121, 129, 130.
2 7 ,2 9 , 100, 1094-105, 118,232; na política Teorema popular. Ver Jogos ilerativos.
francesa, 18 2 -183; regras variáveis e, 2 3 ,2 5 , Teoria dos jogos: ameaças na, 78, 79, 83, 128-
26, 98, 232; sistem as eleitorais e, 211-218. 129, 130, 139, 178; coligações na, 181, 184-
P sicologia social, 30, 206, 2 1 1 ,2 1 8 , 224, 230. 187, 190-194, 196-199,201-203; doininun-
R aciocínio dedutivo: ciência política e, 53; es cia na, 70; e equilíbrio, 41-44, 47, 61, 80,
colha racional e, 39, 53-54. 222; escolha racional e, 63, 7 1; estratégias
Racionalidade: Bayes e, 37, 4 2 ,4 3 ; e cálculo efe contingentes na, 75-79; indução retroativa
probabilidade, 40; e as ciências sociais, 222- na, 80-82; natureza da, 2 2 , 24, 26; política
223; e comportamento humano, 43-5 I, 52, e, 163-165; e racionalidade, 42-44, 5 1, 221 -
56, 97, 110, 222; e crenças contraditórias, 222, 234.
39; definição, 33, 38-44, 97, 221; e estra Tom ada de decisões: numa dem ocracia, 157-
tégias ótim as, 4 1-42, 62-64, 206-207, 211; 158; elites na, 157, 163, 177-178; massas
exigên cias “ fortes” (externas) de, 41-44; na, 157-158, 177-178.
exigências “fracas” (internas) dc, 38-41, 57; Tnimun, Hnrry S., 228.
e preferências intransitivas, 39-40; e proba Verstehen : conceito de, 55.
bilidades subjetivas, 42-43; e realidade, 43, Voto: estratégico ou sofisticad o, 19-20, 135,
50, 222; teoria dos jogos e, 42-44, 5 1, 2 2 1- 159,1 60, 163, 180, 230; sincero, 159.
222, 225; testabilidade, 51, 55-56, 222-223. Weber, Max: e escolha racional, 55.
Ver também Escolha racional. W ilson, Harold, 140, 144, 145.
BSCSH