Formadora:
ufcd 0563 - Legislação comercial
Índice
Introdução............................................................................................................................................ 3
Âmbito do manual........................................................................................................................... 3
Objetivos .......................................................................................................................................... 3
2.1.1.Singulares ........................................................................................................................ 24
2.1.2.Colectivas ......................................................................................................................... 27
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Bibliografia ......................................................................................................................................... 59
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Introdução
Âmbito do manual
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta
duração nº 0563 – Legislação comercial, de acordo com o Catálogo Nacional de
Qualificações.
Objetivos
Conteúdos programáticos
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- Sociedade em comandita
- Sociedade anónima
- Sociedade unipessoal
- Sociedades civis
Contratos comerciais mais usuais
o Contrato de compra e venda
o Contrato de locação
o Contrato de prestação de serviços
Carga horária
25 horas
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1.1.Fontes de direito
1.2.Características da norma jurídica
1.3.Distinção entre direito público e direito privado
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Para além de normas sociais, morais e religiosas, a sociedade humana teve necessidade de
criar normas jurídicas. Em termos muito simples, o Direito pode ser descrito como um
conjunto de normas jurídicas.
Um leigo tende a ligar o conceito de Direito a fenómenos como sentença, aplicação de penas,
tribunais, etc. Mas, o certo é que o Direito funciona, e o nosso comportamento conforma-se
com ele espontânea e naturalmente, sem que nos apercebamos.
É, então, necessário que na vida social existam regras que determinem a cada indivíduo as
suas formas de colaboração com os outros, por meio de atos ou omissões, na prossecução
dos fins sociais.
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1.1.Fontes de direito
A Lei
A Lei (em sentido amplo) pode assumir várias formas. Existe uma hierarquia destas formas:
Constituição
Lei
Decreto-Lei
Decreto Regulamentar
Portaria
Postura
Etc.
Jurisprudência
Conjunto das Decisões dos Tribunais. No nosso sistema, o juiz é independente, e por isso
não tem de respeitar as decisões anteriores dos Tribunais.
As decisões dos Tribunais não fazem precedente com exceção dos Acórdãos do Tribunal
Constitucional que declaram a inconstitucionalidade de uma Lei. Essas anulam a Lei e, por
isso, são obrigatórias para todos.
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Doutrina
Obrigatórios no sentido de que essas orientações são pacificamente seguidas, pela sapiência
revelada pelos doutrinadores e pela consistência e razoabilidade de suas tomadas de posição.
Em todo o caso, entre nós, a Doutrina não é uma fonte de Direito de carácter vinculativo.
Usos e costumes
Sendo bastante discutível a admissão do Costume como fonte de Direito, a tendência vai no
sentido de os usos e costumes relevantes na ordem social serem acolhidos pelo legislador
sob a forma de Direito escrito, posto que a efetividade deste é tanto maior quanto maior for
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Se, pelo contrário, as normas jurídicas forem totalmente alheias aos costumes prevalecentes
na sociedade, a aplicação daquelas pode engendrar conflitos e revelarem-se de difícil
aplicabilidade social.
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A ordem jurídica expressa-se através de normas jurídicas, que são regras de conduta social
gerais, abstratas e imperativas, adotadas e impostas de forma coercitiva pelo Estado, através
de órgãos ou autoridades competentes.
A norma jurídica é uma regra, uma fórmula, mas acima de tudo um modelo de
comportamento; é esta característica (entre outras, nomeadamente a da coercibilidade) que
a distingue de outras regras (matemáticas, científicas, etc.).
O Direito integra normas jurídicas. O que é que as normas jurídicas têm de peculiar que as
distingam de outras normas de conduta?
Imperatividade:
A norma jurídica conte um comando, porque impõe um certo comportamento e não se limita
a dar conselhos.
Generalidade:
Abstração:
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A norma jurídica diz respeito a um número indeterminado de casos do mesmo tipo, e não a
situações concretas ou individualizadas.
Coercibilidade:
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Uma distinção muito antiga é a que divide o Direito em DIREITO PRIVADO e DIREITO
PÚBLICO.
Direito Privado é:
O conjunto das normas reguladoras das relações entre os particulares ou entre os
particulares e o Estado, quando este intervém despido de «Imperium».
Direito Público é:
O conjunto de normas reguladoras das relações entre os Estados ou entre o Estado
e os particulares.
É Direito Público:
o Direito Constitucional
Conjunto de normas que regulam a organização fundamental do Estado e que fixam
os direitos e obrigações recíprocas do Estado e dos cidadãos.
o Direito Administrativo
Conjunto de normas que regulam a formação, competência e funcionamento dos
órgãos administrativos e disciplinam a atividade administrativa.
o Direito Criminal
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É Direito Privado:
o Direito Comercial
o Direito privado especial que regula os atos de comércio.
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O direito comercial
Noção e âmbito
O Direito Comercial regula a atividade dos sujeitos económicos mais relevantes no mercado:
os comerciantes, ou seja, empresários mercantis em nome individual ou organizados em
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O Direito Comercial não cuida, por isso, dos que exercem outras profissões, liberais
(advogados, médicos, engenheiros, arquitetos) ou manuais (pedreiros, marceneiros,
eletricistas, canalizadores, etc.), nem dos empresários civis, designadamente agrícolas ou
pequenas indústrias familiares, exceto se organizados sob a forma de sociedade comercial.
Por isso, a lei comercial exclui expressamente do âmbito do comércio a agricultura, os ofícios
mecânicos diretamente exercidos (a chamada pequena empresa) e a atividade literária, bem
como as atividades que lhes sejam acessórias, tais como empresas de transformação
acessórias de empresas agrícolas (i.é., delas primordialmente dependentes) e a edição de
obras próprias.
Mas o Direito Comercial trata também dos negócios que instrumentalizam a atividade
económica dos comerciantes e de todos aqueles que com estes se relacionam, no exercício
dessa atividade e ainda de certos negócios que, por serem típicos da vida mercantil, estão
sujeitos a um regime próprio, independentemente da qualidade dos respetivos sujeitos e da
intensidade (repetida ou esporádica) com que são praticados.
O direito comercial não é, pois, simplesmente o direito dos comerciantes, mas, sim, o direito
da matéria comercial.
Não é, apenas, o comércio propriamente dito que é disciplinado por este direito. Também,
algumas indústrias, como a transformadora e a de transportes são reguladas pelo direito
comercial.
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No âmbito do direito privado foi incluído o direito comercial, definido como direito privado
especial regulador dos atos do comércio.
Diz-se que o direito comercial é especial perante o direito civil, porque retira do âmbito do
direito comum determinadas categorias que prevê e rege através de normas, por vezes
opostas às regras comuns.
Apesar de existir atividade comercial nas sociedades antigas, só a partir da Idade Média, com
o aparecimento das corporações – associações profissionais organizados para a defesa dos
interesses comuns – se foi diferenciando do direito civil, um direito autónomo regulador do
exercício do comércio.
o Simplicidade
o Facilidade de crédito
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o Universalidade
o Uniformidade
Se as questões sobre direitos e obrigações comerciais não puderem ser resolvidos, nem
pelo texto da lei comercial, pelo seu espírito, nem pelos casos análogos (semelhantes) neles
prevenidos, serão decididos pelo direito civil».
O Direito civil é, pois, subsidiário do direito comercial, ou seja, quando determinado caso
não possa ser solucionado à luz da lei comercial (Código Comercial e todas as leis avulsas
que versem sobre matéria comercial), recorrer-se-á ao direito civil.
Direito civil é um ramo do Direito que trata do conjunto de normas reguladoras dos
direitos e obrigações de ordem privada concernente às pessoas, aos seus direitos e
obrigações, aos bens e às suas relações, enquanto membros da sociedade.
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2. A empresa e o Direito
2.1.Tipos de empresas
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A palavra «empresa» traduz um conceito atual que qualquer pessoa tende a identificar com
a ideia de negócio, estabelecimento, organização para a exploração de uma atividade, como
contraponto às antigas «oficinas», «ateliers».
Não obstante ser generalizadamente aceite a importância da «empresa», não foi ainda aceite
por todos um conceito jurídico de «empresa», que reúna as várias perspetivas por que pode
ser olhada.
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É da disposição do Código Comercial de que se acabou de transcrever uma parte que há-de
resultar o conceito de «empresa» no nosso Direito Comercial.
Os nºs 1º a 7º não aludem a um ato, mas a uma atividade, ou seja, conjunto de atos entre
si coordenados para a realização do mesmo fim.
A atividade do empresário há-de exercer-se através de uma organização que lhe sirva de
instrumento.
Resumindo, empresa é:
o Em sentido subjetivo, o comerciante;
o Em sentido objetivo, a atividade que o comerciante exerce profissionalmente,
servindo-se de uma organização que é o estabelecimento comercial.
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Todos os atos praticados pelos comerciantes, exceto se: a sua natureza for
exclusivamente civil (por exemplo, o casamento), se provar que não têm relação
com o comércio (como por exemplo, se o comerciante compra uma casa para a
habitação da sua família, este ato não terá relação com o comércio). Estes são os
atos de comércio subjetivos.
Os Comerciantes são:
As pessoas que, tendo capacidade para praticar atos do comércio, fazem desta
profissão – os comerciantes em nome individual.
As sociedades comerciais.
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Estas obrigações a que os comerciantes estão vinculados têm por objetivo geral o exercício
do comércio de uma forma segura. Especialmente, os objetivos destas obrigações são os
seguintes:
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2.1.Tipos de empresas
EMPRESAS EMPRESAS
SINGULARES COLECTIVAS
Empresas em Sociedades
nome em nome
individual colectivo
Sociedades
EIRL
por quotas
Sociedades
em
estabelecimento
individual de comandita
responsabilidade
limitada
Sociedades
anónimas
Sociedades
individuais
por quotas
Sociedades
civis
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2.1.1.Singulares
As empresas singulares são aquelas que apenas têm um indivíduo como proprietário, o qual,
para além de deter a totalidade do capital, contribui com o seu trabalho na direção da
empresa.
O empresário individual pode assumir uma responsabilidade limitada se optar pelo estatuto
de Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada (Maria Manuela E.I.R.L). Neste
caso, há uma separação entre os patrimónios particular e comercial e apenas este responderá
pelas dívidas contraídas pela empresa.
O Empresário em Nome Individual pode exercer a sua atividade na área comercial, industrial,
de serviços ou agrícola.
O Proprietário e gestor são uma e a mesma pessoa, que é pessoalmente responsável por
todas as atividades da empresa. Responde ilimitadamente perante os credores pelas dívidas
(incluindo dívidas fiscais e no caso de falência) contraídas no exercício da sua atividade.
Nem sempre estas empresas individuais assumem uma forma jurídica regular e raras as
vezes têm contabilidade organizada.
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A firma deverá ser constituída pelo nome civil completo ou abreviado do proprietário, seguido
ou não da atividade a que se dedica.
Exemplos
Maria José Abreu
M. J. Abreu
Maria José Abreu – Artesanato
VANTAGENS
• Ser proprietário único é poder manter um controlo pronto, direto e completo sobre a
empresa e as suas atividades.
DESVANTAGENS
• A dimensão da empresa fica sempre limitada ao volume de recursos que o único
proprietário pode dispor;
• O único proprietário é responsável, perante a lei, por todas as dívidas da empresa,
podendo ser citado judicialmente.
2.1.1.2. EIRL
Esta figura foi criada em Portugal em 1986 e, com a criação da figura de sociedades
unipessoais, o Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada (EIRL) passa a ser
escassa importância.
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O capital social não pode ser inferior a € 5.000 e pode ser realizado em numerário, coisas
ou direitos que possam ser alvo de penhora. Contudo, a parte em dinheiro não pode ser
inferior a 2/3 do capital mínimo.
Pelas dívidas resultantes da atividade económica respondem apenas os bens a ela afetos.
Em caso de falência do empreendedor, e caso se prove que não decorria uma separação
total dos bens, o falido responde com todo o seu património pelas dívidas contraídas.
Deverá ser destinada uma fração dos lucros anuais não inferior a 20% a um fundo de reserva,
até que este represente metade do capital do estabelecimento.
A firma deve ser composta pelo nome civil, por extenso ou abreviado, do empreendedor.
Este nome pode ser acrescido, ou não, da referência ao ramo de atividade, mais o aditamento
obrigatório Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada ou E.I.R.L.
Exemplos
R. F. Andrade, E.I.R.L.
R. F. Andrade, comércio de equipamentos, E.I.R.L.
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2.1.2.Colectivas
2.1.2.1.Sociedades comerciais
«aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o
exercício em comum de certa atividade económica, que não seja a de mera fruição, a fim de
repartirem os lucros resultantes dessa atividade».
De referir que os sócios das sociedade, tanto podem ser pessoas singulares, como pessoas
coletivas, como por exemplo outras sociedades.
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Esta noção de sociedade que nos é dada pelo Código Civil é relevante para o Direito
Comercial, pois a sociedade comercial é uma espécie de sociedade.
O contrato de sociedade para que seja válido, além dos requisitos de validade gerais, deve
conter os seguintes requisitos:
As sociedades são pessoas coletivas que, à semelhança das pessoas físicas, têm
personalidade jurídica, isto é, são sujeitos de direitos e obrigações. As sociedades compram,
vendem, intentam ações em Tribunal.
Mas, porque são pessoas fictícias, não podem, como as pessoas físicas, agir, por si.
São os seus representantes que praticam atos, que agem em nome da sociedade.
São, assim, duas as condições para que se possa qualificar a sociedade como comercial:
Este tipo de sociedade não exige um montante mínimo obrigatório para o capital social, visto
que os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais da empresa.
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O sócio para além de responder individualmente pela sua entrada, responde pelas obrigações
sociais, subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente com os outros sócios, ou
seja, o seu património pessoal pode ser afetado.
A firma pode ser composta pelo nome, completo ou abreviado, o apelido ou a firma de
todos, alguns ou, pelo menos, de um dos sócios, seguido do aditamento obrigatório por
extenso "e Companhia", abreviado e "Cia" ou qualquer outro que indicie a existência de mais
sócios, nomeadamente "e Irmãos";
Exemplos
Marques & Pereira
Marques & Cª
Marques E Companhia
Na Sociedade por Quotas o capital social está dividido em quotas e a cada sócio fica a
pertencer uma quota correspondente à sua entrada. Os sócios são solidariamente
responsáveis por todas as entradas convencionadas no contrato social.
As sociedades por quotas até 2011 eram obrigadas a apresentar um capital social superior a
5.000€. Desde esse ano deixou de haver um limite mínimo para o capital social, podendo os
sócios fixar livremente o valor do capital. O capital social é representado por quotas, que
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poderão ter ou não um valor idêntico (mas nunca inferior a € 1 cada), ou seja, na pratica o
capital social mínimo nunca será inferior a €. 2.
No caso de a realização do capital social ser superior ao mínimo legal, não tem de ser
integralmente realizado no momento da constituição, podendo ser diferidas entradas em
dinheiro que não ultrapassem 50% do capital social por um período máximo de cinco anos a
contar da data da constituição da sociedade.
Só o património social responde para com os credores pelas dívidas da sociedade, salvo
acordo em contrário, sendo que nesse caso se pode estipular que um ou mais sócios, além
de responderem para com a sociedade respondem também perante os credores sociais até
determinado montante (responsabilidade que pode ser solidária com a sociedade ou
subsidiária em relação a esta e a efetivar apenas na fase de liquidação).
Exemplos
Alves, Pereira & Freitas, Lda.
A.P.F. - Alves, Pereira & Freitas, Lda.
TexLar – Comércio de Têxteis, Lda .
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2.1.2.4.Sociedade em comandita
Cada um dos sócios comanditários responde apenas pela sua entrada. Os sócios
comanditados respondem pelas dívidas da sociedade nos termos da sociedade em nome
coletivo.
O traço distintivo reside na circunstância de terem duas espécies de sócios, com regimes de
responsabilidade diferentes:
Mas dentro deste tipo de sociedades, e pelo que toca às participações sociais, surgem-nos
dois sub-tipos:
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A firma é formada pelo nome ou firma de um, pelo menos, dos sócios comanditários e o
aditamento “ Em Comandita” ou “& Comandita” (para a comandita simples) / "Em Comandita
por Ações" ou "& Comandita por Ações".
2.1.2.5.Sociedade anónima
O elemento fundamental deste tipo de sociedades é o capital, que é o titulado por um grande
número de pequenos acionistas ou por um pequeno número de grandes acionistas com poder
financeiro. Assim, é o tipo de sociedade adequado à realização de grandes investimentos.
O capital social está dividido em ações que se caracterizam pela facilidade de transmissão.
O capital social não pode ser inferior a €. 50 000 e encontra-se dividido em ações, cujo valor
nominal não pode ser inferior a um cêntimo.
As ações têm todas o mesmo valor nominal e são representadas por títulos. Os subscritores
das ações deverão realizar, o mínimo de 30% do valor nominal das ações.
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A subscrição das ações pode ser pública ou particular. Pública quando qualquer pessoa tem
a faculdade de subscrever uma ou mais ações para o capital social e particular quando o
capital social for subscrito apenas pelos sócios fundadores.
A firma pode ser composta pelo nome (ou firma) de algum ou de todos os sócios, por uma
denominação particular ou uma reunião dos dois. Em qualquer dos casos, tem que ser
seguida do aditamento obrigatório "Sociedade Anónima" ou abreviado - "S.A.".
No caso de as ações serem todas nominativas, o contrato social pode estipular que as
convocatórias das assembleias gerais sejam feitas por carta registada.
As deliberações da assembleia geral são tomadas por maioria de votos, salvo se o contrato
ou a lei exigir maior número de votos.
Em regra, a cada ação corresponde um voto, mas o contrato pode estabelecer de modo
diferente.
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Os lucros apurados no final do exercício são distribuídos pelo número de ações. Chama-se-
lhe dividendo que é o rendimento de cada ação.
Cada ação detida dá direito a um voto na Assembleia Geral (constituída por todos os
acionistas e que reúne, pelo menos, uma vez por ano) e também à receção de um dividendo
(parcela dos lucros apurados no ano anterior).
VANTAGENS
• É encarada pela lei como uma entidade totalmente distinta dos indivíduos a quem
pertence.
• Este processo de financiamento da sociedade anónima implica normalmente que nem
os possuidores da empresa possam ser os gestores, permitindo uma certa divisão das
funções de decisão, oferta de capital e de aceitação de risco.
• Para os acionistas, o aspeto mais importante de uma sociedade por ações, é a
responsabilidade limitada que esta forma jurídica lhes assegura.
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ufcd 0563 - Legislação comercial
DESVANTAGENS
• Do ponto de vista do investidor
1. A sociedade anónima, muito embora seja uma forma alternativa de aplicação
de poupanças, pode ter as suas desvantagens. Uma delas é a influência do
acionista individual sobre a gestão da empresa ser normalmente pequena.
2. Tributação dos rendimentos da atividade empresarial. A empresa paga
impostos sobre os lucros que obtém (IRC), tal como os acionistas pagam
imposto sobre os dividendos que recebem (IRS).
É constituída por um único sócio, pessoa singular ou coletiva, que é o titular da totalidade
do capital social, sendo seu mínimo de €. 1. Apenas o património social responde pelas
dívidas da sociedade.
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A firma, para além das regras relativas às Sociedades por Quotas, deve-se ter em conta o
seguinte: antes da expressão "Limitada" ou da abreviatura "Lda." deve constar a expressão
"Sociedade Unipessoal" ou "Unipessoal".
Uma pessoa singular só pode ser sócia de uma única sociedade unipessoal por quotas.
Uma sociedade por quotas não pode ter como sócio único outra sociedade unipessoal por
quotas.
Exemplos
João José Freitas, Unipessoal, Lda
J.J.F. – João José Freitas, Comércio de Automóveis, Sociedade Unipessoal, Lda
Jocas – Comércio de Automóveis, Unipessoal
2.1.6.7.Sociedades civis
Além de sociedades comerciais, existem Sociedades civis: aquelas que não têm por fim a
prática de atos do comércio, nem adotaram um dos tipos previstos na lei comercial.
Exemplos: Associações, Órgãos de defesa do consumidor, grupos ambientalistas.
Distingue-se entre sociedades civis sob a forma comercial e sociedades civis simples:
Caracterizam-se pela circunstância de não terem por objeto a prática de atos de comércio
nem o exercício de quaisquer atividades previstas no Código Comercial. No entanto, a lei
comercial portuguesa admite a possibilidade dessas sociedades civis adotarem as formas
comerciais para efeito de estruturação das quatro formas que pode revestir a sociedade
comercial.
Neste caso, passam a chamar-se sociedades civis sob forma comercial e ficam, sujeitas às
disposições do Código das Sociedades Comerciais. No entanto, não ficam sujeitas a um
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conjunto de obrigações específicas das sociedades comerciais. São pessoas coletivas com
personalidade jurídica.
São aquelas que não têm por objeto a prática de atos comerciais e estão sujeitas ao regime
do Código Civil. Estas sociedades civis simples, distinguem-se das sociedades civis sob forma
comercial, dada a forma que revestem, que está relacionada com a sua organização formal.
Encontram-se subordinadas ao regime da lei civil (Código Civil).
No que toca à responsabilidade dos sócios, segue-se o modelo de responsabilidade dos sócios
das sociedades em nome coletivo. Para além da responsabilidade dos bens de entrada, existe
responsabilidade pessoal e solidaria pelas dívidas sociais.
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O contrato é uma das fontes as obrigações. Mais do que uma das fontes possíveis das
obrigações, o contrato, como negócio jurídico bilateral que é, pode considerar-se a fonte
natural das relações de crédito.
Sendo estas constituídas por um credor e por um devedor, é por vontade de ambos (através
do acordo contratual) que o vínculo, em princípio há-de ser constituído.
Liberdade de contratar
Mas, uma vez concluído o acordo, é negada a cada uma das partes a possibilidade de
unilateralmente se afastar desse acordo.
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Quer a liberdade de contratar quer a liberdade de fixar o conteúdo dos contratos comportam
limites.
Há situações em que as pessoas, quer tenham vontade, quer não tenham, são obrigadas a
contratar (exemplo, o seguro automóvel).
No que se refere ao conteúdo dos contratos, a liberdade de o fixar tem, desde logo, os limites
da lei (não podem estabelecer-se cláusulas contrárias à lei).
Um contrato para ser válido tem de conter elementos essenciais: as partes hão-de ter
capacidade, hão-de querer realizar o contrato e o objeto há-de ser física e legalmente
possível.
Existem alguns contratos que, para além destes elementos, têm de adotar uma forma
especial para serem válidos.
Os contratos devem ser pontualmente cumpridos. Se o não forem, quem deixa de cumprir
torna-se responsável pelo prejuízo causado à outra parte.
Não cumprindo o devedor, o seu património responde perante o credor, como atrás se
referiu. Por isso se diz que o património do devedor constitui uma garantia geral.
Muitos destes contratos civis são considerados também comerciais, verificadas certas
circunstâncias.
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Em termos gerais, a compra e venda é o contrato pelo qual um dos contraentes (vendedor)
transmite a propriedade de um bem ou de um direito para o outro contraente (comprador),
mediante um preço convencionado.
A compra e venda tem natureza comercial quando uma das partes – vendedor – transfere
para outra – comprador – mediante preço convencionado, a propriedade de qualquer coisa
que o comprador destine a revenda ou aluguer, ou que o vendedor tenha adquirido
com o fim de revender.
Quanto a natureza dos contratos compra e venda, pode-se dizer que os contratos podem ser
de:
o Natureza Comercial
o Natureza Civil
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O contrato referido percorre habitualmente quatro etapas essenciais, cada uma com
características próprias.
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ufcd 0563 - Legislação comercial
Cláusula Primeira
(Objeto)
2. A venda ora prometida será efetuada livre de quaisquer ónus, hipotecas ou quaisquer
outros encargos ou responsabilidades.
Cláusula Segunda
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ufcd 0563 - Legislação comercial
(Preço)
O preço global da prometida compra e venda das referidas frações é livremente ajustado em
€ ____________ (____________), em que € ____________, (____________) correspondem
à "Fração" e € ____________ (____________) correspondem ao "Lugar de Estacionamento".
Cláusula Terceira
(Condições de Pagamento)
1. O preço global referido na cláusula anterior será pago de forma escalonada pela
Promitente-Compradora à Promitente-Vendedora da seguinte forma:
a) € _____________ (____________), na data da outorga deste contrato-promessa, a
título de sinal (ii) e princípio de pagamento, servindo o mesmo como recibo de quitação;
b) € ____________ (____________), em ____/____/____ a título de reforço do sinal;
c) € ____________ (____________), em ____/____/____ a título de reforço do sinal;
d) O remanescente do preço, no montante de € ____________ (____________), será
liquidado pela primeira à segunda na data da outorga da competente Escritura Pública de
Compra e Venda ( ou documento particular autenticado).
2. Após a entrega dos reforços acima previstos, e sua boa cobrança, a segunda
contraente deverá emitir o respetivo recibo de quitação.
Cláusula Quarta
(Escritura Pública)
A escritura de compra e venda (ou o documento particular autenticado) será outorgada logo
que se mostrem pagos os reforços previstos na antecedente cláusula e mostre reunida toda
a documentação necessária, e em dia, hora e local a acordar pelas partes ou, na falta de
acordo, em dia, hora e local a indicar pela Promitente-Vendedora à Promitente-Compradora,
através de carta registada expedida com pelo menos 8 dias de antecedência.
Cláusula Quinta
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Cláusula Sexta
(Condições de Construção)
Cláusula Sétima
(Placas Identificadoras)
Cláusula Oitava
(Tradição da Coisa)
A tradição material das frações, a concretizar com a entrega das chaves e comando da
garagem, só terá lugar com o pagamento da totalidade do preço. (
Cláusula Nona
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(Despesas do Condomínio)
A partir da data em que se operar a tradição material das “frações” prometidas vender, a
Promitente-Compradora obriga-se a suportar e pagar todas as despesas de conservação e
manutenção das partes comuns do edifício.
Cláusula Décima
(Obras e Benfeitorias)
Sem prejuízo dos projetos aprovados e das especificações técnicas do imóvel, a Promitente-
Compradora poderá, com o consentimento prévio e por escrito da Promitente-Vendedora,
executar obras de simples adaptação na "Fração" à atividade de ____________ que nela irá
ser exercida.
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4. O incumprimento do presente contrato promessa por qualquer uma das partes, não
implica o afastamento da possibilidade de o Promitente não faltoso requerer, em alternativa,
a execução específica nos termos do artigo 830.º do Código Civil.
Este contrato-promessa e seus anexos traduzem e constitui o integral acordo celebrado entre
as partes, só podendo ser alterado por escrito assinado por ambas.
1. As eventuais notificações a efetuar pelas partes deverão ser dirigidas para as moradas
indicadas no introito.
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Em duplicado,
____________ de ____________ de ____________
Pela "PROMITENTE-VENDEDORA"______________________
Pela "PROMITENTE-COMPRADORA"
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3.2.Contrato de locação
«Locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra o gozo
temporário de uma coisa, mediante retribuição».
Se a coisa for móvel, a locação toma o nome de aluguer. Se a coisa for imóvel, a locação
diz-se arrendamento.
Quando uma pessoa compra uma coisa com o objetivo de alugar o seu uso, o aluguer terá
a natureza de comercial.
O arrendamento urbano está regulado no Código Civil e num diploma legal que aprovou o
Regime do Arrendamento Urbano.
O arrendamento para comércio, indústria ou profissão liberal tem regras diferentes das do
arrendamento para habitação:
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ufcd 0563 - Legislação comercial
Contrato pelo qual alguém cede a outrem o gozo de uma coisa mediante o pagamento de
uma retribuição a pagar periodicamente, e ao fim de determinado período, aquele a quem
foi dado o gozo da coisa tem a faculdade de a comprar pelo valor residual.
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Entre:
F1 ____________ (adiante designado Locador)
e
F2 ___________ (adiante designado Locatário)
É celebrado o presente contrato, que se rege pelos termos e condições das cláusulas
seguintes:
Cláusula 1ª
Cláusula 2ª
Cláusula 3ª
Cláusula 4ª
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Cláusula 5ª
Cláusula 6ª
Para todas as questões emergentes do presente contrato fica estipulado como competente
o tribunal da Comarca de ______, com expressa renúncia a qualquer outro.
O Locador,___________________
O Locatário,__________________
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ufcd 0563 - Legislação comercial
É o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra certo resultado do
seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem retribuição.
Contrato de Mandato
Noção
É o contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um ou mais atos jurídicos por
conta de outra.
Contrato de Empreitada
Noção
É o contrato pelo qual uma das partes se obriga em relação à outra a realizar certa obra,
mediante um preço.
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Trata-se de um contrato cujo objeto consiste num produto ou resultado e não uma atividade
ou disponibilidade da força de trabalho.
Mandato Comercial
Noção
É o contrato pelo qual uma pessoa se encarrega de praticar um ou mais atos de comércio
por mandato de outrem (art. 231.º Código Comercial). O mandato comercial, embora
contenha poderes gerais, só pode autorizar atos não mercantis por declaração expressa.
O mandatário comercial é aquele que pratica uma massa de atos mercantis, fazendo disso
sua profissão, mas atuando em nome, por conta e no interesse do mandante, que é o
comerciante.
Os atos e negócios em que intervém o mandatário são de natureza comercial, ou seja a sua
comercialidade provém do facto de se ajustarem a um tipo de atos previstos pela lei comercial
e não da qualidade de comerciante de quem os pratica.
Para além destes tipos de mandatários, que trabalham por conta e nome do mandante e
cuja situação jurídico-comercial pode ser absorvida por um contrato individual de trabalho,
outros existem que agem no interesse e por conta do mandante mas em nome próprio, como
é o caso do comissionista e do representante do comércio ou agente comercial. Esta figura
encontra-se regulada pelo D.L. nº 178/86, de 3 de Julho.
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Entre:
Cláusula Primeira
O segundo contraente obriga-se a prestar à primeira, serviços como profissional por conta
própria, compreendendo a ………………….. (atividade realizada).
Cláusula Segunda
Cláusula Terceira
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Cláusula Quarta
Cláusula Quinta
O segundo contraente tem direito ao gozo de 30 dias de férias anuais que deverão ser
comunicados à primeira contraente com antecedência não inferior a 30 dias.
Cláusula Sexta
Cláusula Sétima
Correrão por conta do segundo contraente todas as despesas que ele houver de efetuar no
desempenho das suas funções, nomeadamente, …………….. (Ex.: deslocações, alimentação
e estadias).
Cláusula Oitava
O presente contrato tem o seu início de vigência em ……………. (data) e vigorará pelo período
de um ano, tacitamente renovável.
Cláusula Nona
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Cláusula Décima
A falta de aviso prévio estabelecido na cláusula anterior obriga a parte faltosa ao pagamento,
a título de indemnização, dos honorários respeitantes ao período em falta.
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Bibliografia
AA V., Formalidades para a criação de empresas: tipos de sociedades, Ed. ANJE – Gabinete
de apoio jurídico, s/d
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