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Resumo
Este artigo tem como interesse apontar, por meio de pesquisa de campo com registro
fotográfico, juntamente com pesquisa bibliográfica, a ausência de manutenção adequada na
iluminação de fachadas e monumentos realizadas no sentido de manter a originalidade dos
projetos de iluminação. Trata-se de uma preocupação que aflige tanto os profissionais de
iluminação, quanto os usuários, arquitetos, engenheiros, paisagistas e demais profissionais
envolvidos nos projetos de iluminação. Com a pesquisa, percebe-se que a ausência da
formação de técnicos especializados nessa área para executar a manutenção dos conjuntos
de luminárias das fachadas e monumentos, provocando descaracterização dos projetos
originais. Entende-se que a causa maior desse problema está na ausência de um plano de
formação de profissionais técnicos especializados em desempenhar a função de manter e
conservar a iluminação de fachadas e monumentos. Com isto, verifica-se a prática de
introduzir soluções alternativas com materiais inadequados, promovendo “gambiarras” em
instalações elétricas e em luminárias, provocando a degradação e, por consequência, a
descaracterização do projeto original do lighting designer. Sem a capacitação de pessoal
para manutenção e reparos, o trabalho do designer de iluminação pode ser desmantelado.
1 Introdução
Iluminar fachadas e monumentos visa criar uma impressão agradável para quem os observa,
destacando aspectos arquitetônicos e valorizando os monumentos. A iluminação noturna dos
espaços urbanos, os edifícios ou o ambiente de modo geral visa atingir determinados
objetivos, compreendendo segurança, suporte ao desenvolvimento, destaque de áreas
históricas ou espaços públicos. Todavia, apesar de sua importância, a iluminação de espaço
urbano foi, até pouco tempo atrás, bastante negligenciada.
Atualmente, há a ideia de promover critérios estéticos e funcionais de iluminação adequados à
diversidade de estruturas existentes nas cidades, envolvendo inúmeras variáveis tanto das
características arquitetônicas quanto técnicas, da iluminação propriamente dita.
A iluminação artificial pode exercer uma função artística, combinando seus princípios
técnicos com suas múltiplas variáveis de cor, intensidade e foco. Essa técnica é executada por
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015
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A iluminação elétrica, no entanto, exige que sejam cumpridas diversas normas e, portanto, o
lighting designer deve observar alguns itens, como as normas da concessionária de energia,
cuidados relacionados à segurança, observar metas de sustentabilidade, selecionar
equipamentos adequados atendendo às especificações técnicas, elaborar documentação do
projeto, analisar devidamente o alvo da iluminação, proceder à análise econômica do projeto,
resolver as questões relacionadas à construção como um todo, atender aos requisitos do
cliente e acompanhar o trabalho de fornecedores e do pessoal que executa da obra
(REICHARDT, 2014).
Todos os pontos necessários têm que, necessariamente, ter sua execução realizada por um
profissional técnico capacitado, pois há, certamente, grande complexidade nisso tudo e,
portanto, se o designer de iluminação não executar essas tarefas cruciais, surge a questão
sobre quem mais poderia fazer.
Na história da iluminação, as galerias de arte foram os precursores das soluções avançadas,
pois a iluminação é necessária para valorizar os objetos de arte expostos. Durante o passar dos
anos, a arquitetura e a arte desenvolveram-se e passaram por grandes transformações. O
problema básico de iluminação continua, mas, devido à grande utilização de superfícies de
vidro, atualmente tornou-se mais grave. Os diversos aspectos do design de iluminação devem
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A iluminação pública nos centros urbanos contribui para que seus habitantes desfrutem do
espaço público também à noite, com maior segurança, prevenindo a criminalidade,
embelezando as áreas urbanas e, ainda, valorizando monumentos históricos, paisagens,
jardins, avenidas, dentre outros espaços. Certamente que, se o sistema de iluminação pública
de uma cidade receber uma manutenção correta, a própria imagem da cidade será melhorada.
A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANELL, autarquia vinculada ao Ministério das
Minas e Energia, que atua como órgão fiscalizador da produção, transmissão e
comercialização de energia elétrica, apresenta regulamentação perante os municípios no
sentido de contribuir para o desenvolvimento social (segurança, lazer e turismo) e econômico
da população (gastos excessivos com materiais incorretos nas instalações e a ausência de
manutenção periódica).
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Todas essas luminárias apagadas, como se observa nas fotografias, compõem o conjunto de
iluminação da fachada do prédio do Museu da Imagem e do Som e, a ausência do foco de luz
dessas lâmpadas descaracterizam totalmente o efeito visual que, de acordo com a proposta
original do projeto de iluminação, deveria alcançar.
Mas a situação não se restringe às lâmpadas apagadas, mas vai além, com a utilização de
arranjos alternativos sem qualquer qualidade, empregando materiais desconhecidos e fora dos
padrões técnicos, como se observa nas fotografias das figuras seguintes.
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Tanto nas luminárias colocadas na parte superior (Figura 6), com o foco direcionado para
baixo, quanto aquelas colocadas no solo, com foco direcionado para o alto (Figura 7), é
possível constatar o descaso e, pior, fios e cabos colocados displicentemente, sem proteção
alguma, apesar de ser uma iluminação não permanente, sendo refletores para eventos,
observa-se uma falta de critério com sua segurança.
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5. Conclusão
O cenário urbano modifica-se do dia para a noite. Com a iluminação artificial noturna, a
paisagem oferece situações diferentes para se apreciar e perceber o espaço urbano e, assim, há
oportunidade de criar um desenho luminoso que sirva de marco à área iluminada, passando a
fazer parte do cenário noturno.
É preciso considerar que a cidade é um produto eminentemente histórico cuja expressão liga a
estrutura social às formas espaciais, formando um todo. A ideia da iluminação deve seguir
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essa visão como orientação dos espaços urbanos, nos quais a cidade se materializa e se
expressa no conjunto de espaços privados articulados aos espaços públicos, criando múltiplas
faces.
Diante disso tudo, o papel do lighting designer se torna cada vez mais importante na
valorização dos espaços urbanos à noite. A iluminação de espaços públicos tem sido requerida
por diversos e diferentes motivos, sendo um complemento indispensável à arquitetura dos
edifícios e à concepção artística de monumentos e, ainda, à beleza natural de áreas verdes.
Entretanto, iluminar não significa colocar mais luz, mas sim de realizar uma iluminação
melhor, valorizando o espaço urbano, evitando a poluição luminosa e o ofuscamento,
colocando luminárias e equipamentos com desenho artístico agradável e eficiente em seus
objetivos. Isso tudo só pode ser realizado com um projeto adequado concebido por um
lighting designer e, claro, contando com profissionais capacitados para conservar e manter,
pois, em caso contrário, em pouco tempo tudo estará descaracterizado, como se observa na
pesquisa fotográfica aqui exposta.
Espera-se que essa situação seja superada, pois há diversos projetos de iluminação pública nos
centros urbanos do País, incluindo sistemas de trânsito, parques, praças, monumentos,
conjuntos habitacionais, hospitais, centros de compras e instalações de lazer. Essas instalações
têm recebido projetos com critérios inovadores que levam em consideração a sustentabilidade
e demais aspectos ambientais.
A capacitação do lighting designer, do arquiteto, do engenheiro e do paisagista é fato comum,
entretanto, a inexistência de capacitação dos responsáveis pela conservação e manutenção dos
locais iluminados faz com que todo o trabalho da concepção e instalação de um projeto de
iluminação seja prejudicado.
Referências
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