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(LAMPIÃO põe o assunto na berlinda. Leia as opiniões de11^ '
FRANCO MONTORO.-
BRUNA L ELICE MUNERATO,
FERNANDA MONTENEGRO'-. HELIO FERNANDES,,
ROBERTO MOURA, HELENA SANGIRARDI,
JOSÉ CARLOS AVELAR, MACKSEN LUIZ,
SÔNIA COUTINHO, e donas de casa, bancários,
operários da-constn.ição civil, etc., etc., etc. .
Neste número
*JOSÉ LOUZE1R0 • JOÃO ANTÔNIO
À1
•
• AGUINALDO SILVA ANTÔNIO CHRYSOSTOMO
• PETER FRY • JOÀO SILVERIO TREVISAN
o visual de Mansa Caveira.
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Prof. D Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
ESOLJINA 1
À procura de um emprego
,Será que os homossexuais brasileiros vão sabe que não são bem aqueles motivos, mas o
chegar um dia ao ponto de brigar por uma lei que melhor é partir para outra. madoporestadantes de Psicologia inexperientes e Nos Estados Unidos a briga começou com
os proteja da discriminação no emprego ou na ob- reacionários, que vetam o acesso de qualquer in- de escolas públicas, nas quais os pais
Depois, tem aquele velho clichê: bicha tem ulzviduo que fuja ao que os teses psicológicos Ia professores
tenção de moradia? .4 pergunta é válida, porque que ser cabeleireiro, costureiro, maquiador, ou dos alunos consideram perniciosa a influência de
parece que o movimento guiei norte-americano es- maioria importada dos Estados Unidos, um pais homossexuais confessos no ensino, isso deu mar-
então fazer parte dos trabalhos intelectuais _ ar- ocidental e cristão 1 considerem normalidade.
tá entrando pelo cano de tanto exigir junto ao tistas plásticos, escritores, jornalistas - ou estar gem a um processo jurídico que, pelo menos é a
Congresso a aprrn' 4'ào de leis especificas nesse infalivelmente ligado ao meio teatral, seja ator ou Emfim, a questão do emprego, e como os impressão, levará a um debate amplo da dis-
sentido. simples bilheteiro. Na verdade, o homossexual homossexuais farão para evitar mais esse tipo de criminação no campo de trabalho daquele país.
Explica-se: obtendo algumas vitórias nesse itiuvra essas atividades pos instinto de sobrevi- discriminação, está em aberto. E trata-se de um E nós, nesse capitalismo selvagem onde o devem.
campo, o (zay Iib acabou perdendo a simpatia vência. Como são, na sua maioria, seres de gran- assunto de vital importância, porque é preciso prego é mu ito maior, e o precvnceirro atinge a
da maioria s:te,r cruza que vinha apoiando diz- trabalhar para se poder viver, seja o trabalhador todo mundo, o que faremos arespeito' jEduardo
de sensibilidade e inteligência, geralmente com
cri-lamente a liberaçào bicha e até alguns grupos talento invejava!, "enclausuram-se" nessas es-
homo ou herero.ssexaal, Dais ias)
minoritários igualmente oprimidos começaram a• pécies de guetos profissionais onde as a ptas ha-
achar que os homossexuais estão querendo o bilidades são aceitas com razoável grau de liber-
status de minoria privilegiada, segundo um eis- dade. Mesmo porque esse tipo de trabalho reforça
saio que o semanário conservador lime publicou a imagem de margina/idade - trata-se de
na edição de 8 dejaneiro. "atividades não produtivas", de acordo com os
Bom, e daí' .4 primeira impressão é que nós padrões vigentes- que a sociedade faz questão de
brasileiros pouco temos a ver com tudo isso: atribuirá condição do homossexual,
afinal , se por aqui não se çm nem as garantias .4k, mas existem muitos executivos bichas
mínimas de cidadão, a tudo futuristica de um
grupo de companh ei ras formando
um lobby no
Cngrexsi, nacional para aprova, uma lei em
dirão alguns. E claro que existem, está cheio.
Mas desafio a que me apontem um executivo que
tenha pedido o emprego sem dar uma tremenda
ANTIGUIDADES
defesa do professor-bicha parece simplesmente Galeria Ypiranga
rida-ala.
disfarçada nas suas características pessoais. Bas-
ta dizer que para esse tipo de emprego o can-
Molduras
Mas é um engano. Para começar, sair a pena didato deve se apresentar invariavelmente dentro Feitas com arte, carinho e sensibilidade
discutir esse lema porque esse recurso foi um dos dos padrões "normais" até na vestimenta, isto é,
utilizados pelos gueis dos EUA para lutar contra de terno e gravara. E enquanto não termina o
a opressão. Se é bom ou mau, se adiantará ai' período de experiência, nada de dar bandeira. Só Máscaras decorativas
gama coisa, não sei. No entanto, a parti, dessa com o tempo, e as amizades que irão se foro, an-
discussão poderão surgir natos caminhos para a do. será possível sentir-se um pouco mais à von- De inspiração africana. Más-
luta que as bichas brasileiras, que ao agora co- tade do que os judeus nos campos de concentração caras para teatro e dança exe-
meçam a se organizar, tão ter de realizar mais nazistas. A grande decepção, conforme o caso,
cedo ou mais tarde para defender seus meios de cutadas por artista especiali-
vai surgir na primeira oportunidade de promoção
sobre viuência e moradia. para um cargo melhor. Pessoalmente, conheço zado
Senão vejamos.' a discrirnrn ação nesse campo diversos caras inteligentes e esforçados que foram
está mais do que na cara. E lógico que ela não se preteridos para posições de chefia por serem
Temos artista de longa experiência que restaura
apresenta viSível. E mascarada, fingida, e por isso homossexuais, "Não haveria res p eita às suas or- quadros a óleo, imagens, estatuetas e objetos de arte em
mesmo mais perceptível. lt'psho certeza de que dens"_supõe . se que seja o raciocínio do patrão. geral. Alta responsabilidade e competência.
todo homo.s,çexual sente uma dorzjnha no coração Para operários e técnicos então a barra é ain-
cada vez que s'aj' procurar um emprego. Se a sua da mais pesada. Existe uma série de esquemas
solicitação é rejeitada, o patrão não diz que ele "cata-anormais" para evitar que esses indivíduos.
Galeria Ypiranga de Decorações Ltda.
simplesmente não quer um u'iado, un, indivíduo desde homossexuais e alcoólatras, venham a
"anormal", na sua organização. No máxima in- prejudicar o clima de produção desenfreada da Rua Ipiranga, 46 (Laranjeiras). Rio de Janeiro - 22-0484
forma que o candidato não foi aprovado no teste empresa. O mais manjado desses dispositivos é o
ou que a vaga já foi preenchida. No fundo abicha
tal Departamento de Seleção, muitas vezes for.
LAMPIÃO da Esquina Pàhti 3
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da parada da tliserudcids
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
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ESOUINA 1
MARIOCHAVES
oe v r:; Mário Chaves, a Mariza
Caveira, é, na crônica
sub m'rndística do Rio, um
dos últimos sobreviventes de
1 1: )
Mariza tem servido até de
inspiração a artistas, como
aconteceu, recentemente, na
exposição Ritos de Passagem.
Frederico Guilherme Pontes
de Souza, um dos
expositores, utilizou fotos
1 suas, registrando "a sua
r? — passagem, na transformação
de homem para mulher". A
seqüência de fotos, que aqui
reproduzimos, é magistral, e
deixa bem claro tudo o que
dissemos de Mariza. Ele nos
lembra (atenção, libertárias)
aquele trecho do poema de
Brecht: "o que é certo não é
certo. As coisas nunca ficam
como estão".
Foloí:IUeber R. R. Gumaraes
Nas bancas o
Mulheres do mundo inteiro...
Cada ano que passa novos latos acontecem.
N,pvas esperanças surgem, antigos sonhos
sexual - seja ele homo ou hetero - sem trau-
mas, frustrações, conflitos, etc.. Quanto tempo
dela, Entretanto, de uma certa forma é aceitável a
ignorância da mulher quanto ao sexo, pois agora
"Gay News"
morrem. Muitas vezes na árdua batalha diária, já levará para que elas se conscientizem de que já é que ela começa a se libertar. Mas o que dizer O antigo Jornal do Gsy, publicação
meio descrentes, vamos nos tornando apáticos, passa da hora de mergulharem em si mesmas e dos homens, maus amantes, que só procuram o
acomodados, alheios. 1978 chegou com uma car- tentarem se compreender sem o falso moralismo, ato sexual com o objetivo do prazer próprio? paulista destinada aos entendidos, mudou de
ga muito grande sobre os ombros era a expec- sem os dogmas incutidos no mais fundo de suas O Homem desde sempre praticou o sexo com nome: agora chama-se Gay News, e apresen
tativa da sucessão presidencial. eram as eleições mentes? total liberdade, e entretanto, nunca deu-se ao ta-se aos seus leitores mais á gil, com uma
de IS de novembro, etc. Também o Ano Inter- Existe entre o povo o conceito de que a trabalho de tentar descobrir o que era melhor paginação mais simpática, e como represen-
nacional da Mulher - Ano 1 da Mulher Brasi- mulher quando chego na faixa doa trinta anos é para a sua parceira. Abordem um homem qual- tante de "um grupo gay internacional". Num
leira. que "este no ponto — . E por que isso? No'llvro A quer sobre o aparelho sexual feminino. Ele nada editorial, seu novo editor, David Wallace
1978 chegou ao fim, fala-se agora nas expec- Mulher - Enigma Palco-sexual, de Pierre Va- sabe! Não sabe sequer do seu, quanto mais do das
Brown. conclama todos os editores da im-
tativas, pos sonhos, nos planos para 1979, que é o chet, encontramos: "Antes dos trinta anos não mulheres.
Ano Internacional da Criança - Ano 1 da Crian- acontece nada de especial. Até ai, no amor, é Também, e principalmente, no sexo homo as prensa gay brasileira "a lazer do Gay News a
ça Brasileira. Inegavelmente, surge em nossos sobretudo zelosa e gentil. Depois disso ela gosta mulheres estão ainda presas a traumas, com- arena dos seus debates-, numa demonstração,
lábios a pergunta: o que foi realizado de bom em realmente do amor e torna-se requintada". E, plexos, conflitos, etc.. Acredito inceramente de que o novo jornal veio para somar, o que é
1978? Quais foram as vitórias que as mulheres citando Mathews Duncan, no mesmo parágrafo. que, quanto mais solto, saudável e completo é o ótimo.
conseguiram neste ano que lhe foi dedicado in- temos: "que é entre os trinta e os trinta e quatro âto sexual, mais livre, seguro e tranqüilo torna-se Partindo dessa conclarnação, lemos ojor.
teirinho 9 Principalmente, quais foram as vitórias que a mulher descobre ou atinge o desejo e o o ser que o realiza. Em Outras palavras, quanto nal com a maior simpatia, mas nos achamos
que as mulheres homossexuais conseguiram? prazer sexual em todo o seu esplendor". mais livre é o ser na cama, mais livre é no convívio na obrigação de esclarecer um equívoco
Posso dizer, que, na minha opiniAo, os fatos Além de toda uma carga de "linha moral" que social. cometido por um dos seus colunistas. O Sr.
mais significativos foram o criaçáo do nosso já jogaram sobre seus ombros para ela seguir, agora LAMPIÃO, inelizmente, está meio oco- \'alentina Guerra, responsável pela seção in-
muito querido LAMPIÃO e a publicação do também exige-se da mulher o gozo. Se ela não snodado. Ele chega todo mas, preeh,he o espaço) titulada Ci Ti Ho*, Nêa?, Ele reclama que
Relatório Hite, que, embora censurado, foi lido consegue atingi-lo, seu parceiro não procura, com e acabou. Ele não provoca brigas (no bom sen- Darcy Penteado, no LAMPIÃO n 6. ao es-
: por muitos. A mulher brasileira, em sua grande ela, descobrir o porquê. Ela logo é rotulada d tido), não nos traz debates, participações mais crever sobre eleições, chamou os homosse-
maioria, ainda não parou para pensar sobre sua anormal. Inclusive pelos "especialistas". He ativas... As mulheres, no Lampa chegaram uma xuais de anormal.. Ora, Sr, Valentina, a ex-
condição inferior - por mais que falem, ela ain- virou moda exigir isso da mulher. No a deixam vez, deixaram seu cheiro e foram embora. Pre. pressão não está no artigo de Darcy , mas sim
da é vista como inferior. Ela ainda não se cons- senti-lo como ela bem o quiser e quando qui- cisamos de algo que nos mexa por dentro,nos faça no de Aguinaldo Silva. E está colocada entre
) cientizou da importância de uma Liberdade pes- ser puder. Traçam para ela uma espécie de "Guia parar para pensar, nos sacuda mesmo. Ë um aspas, gritada, para que fique bem claro que
soal Prático de Como- As Mulheres Devem Sentir o tema, creio, muito valioso para este ano que mal
6 Relatório Hite, mesmo baseado em dados Gozo" - isso foi fartamente demonstrado pelo se iniciou.
se trata de uma referência ao modo costu-
meiro como a palavra é empregada, e com o
sobre a mulher americana, fornece um vu*o Relatório lUte,
material para debatermos. As mulheres sofrem
Rita Foster'Brother qual o autor do artigo absolutamente não con-
Aos homens, é muito mais fácil colocârem a (Atenção, leitores: o artigo deRita Foster Brother corda. Quanto às considerações finais do Sr,
terrivelmente por não terem ainda tentado enten- culpa nas mulheres. Contudo, esquecem que, se a foi o escolhido para publicação neste nómero. Valentina sobre 'a orientação ideológica" de
der seu próprio sexo. Ë quase um milagre encon- mulher não consegue sair bem na relação, a Mandem suas colaborações, entrem na fila; Esta
trarmos u rna mulher que aceite o sexo, o ato LAMPIÃO, e a sua declarada preferência
culpa, ao contrário do que eles pensam, não é Seção éde vocês). pelo programa do Chacrinha, preferimos
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. . ...............«.t*Ss\s k.<:.;**as,.,... nada comentar. Afinal, gosto não se discute.
Pi1.s 4 LAMPIÃO da Esquina
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REPORTAGEM
A difícil batalha dos censores contra a realidade
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REPORTAGEM
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Não há nada a discutir e modifica,. MeUi.» contra a realidade", vamos todos dar as mãos e
apagar tudo e fazer de novo. Fase Código de Cm' aterrisar - Com ou pés solidamente no chio a
sura, com 33 anos de existência, se se tratasse de
realidade terá de alforaj'. Não é só a liberdade
uma pessoa, Já teria vivido uma vida inteira. dada aos programas humorísticos com relação à
Teria atingido a maioridade, feito ser, iço militar poIlca e aos políticos que vale. Eu sou uma pci'
e, na idade de Cristo, estaria cana um panorama soa que sé novela, e assunto isso. Então • gente
totalmente diferente do mundo, a menos que fica sabendo: tiveram que matar Ccliii., a
Quem não conhece Helena Sangirardi há lon- crescesse numa prisão de pensamentos tacanhos. mulher do FrankJjn, para que ele pudesse ter um
Oswald de Andrade. Tarsila, Alvaro Moreyra.
go tempo? ['ara dar um único exemplo, um an- Durante esse, 33 anos de vida aconteceram o.
Flávio de Carvalho. Mas então você começou romance com a Carmtnha, como se essa não Fos-
tigo amigo meu colecionou durante toda a segun- Beaties, vieram e acabaram os hippks. O mundo se a receita normal. A Censura com Isso não es-
muito nova ou é muito antiga, me espanto, Res-
da metade da década de 40— ele era uma criança deu uma reviravolta tio grande que culminou
posta: "Hoje o pessoal diminui tanto a idade que tava em 1946, mas selos em 1900, quando se
então, naturalmente - as receitas aue Helena com a revolução do sexo, com a aceitação do ter- Faziam as mesmas coisas, só que mais escondido
todos começaram sua carreira engatinhando. Eu
publicava semanalmente na O Cruzeiro. Jor- ceiro sexo. Houve uma abertura no Rádio, naTV,
me iniciei no jornalismo antes de nascer..." Para do que em 1946, e em 1946 mal; escondido do
nalista tcarteira da ABI de 1945), mestre-cuca no Teatro, no Cinema e na Imprensa mais soltada que em 1979.
o seu excelente aspecto físico ela dá Logo uma ex-
coiiiç&u a lazer culinária na TV em 1952), para o sexo: piadas mais livres, a pimenta mala Não estou discutindo Dancin' Da y s nem
plicação: "É que eu fiz uma plástica em 1962. O
animadora cultural com um programa na Tupi sohs, menoa preocupação em conter os seus pô, outras novelas, mas a inlerferência doa censores
médico só cobrou a barriga, mas acabou fazendo
pelo qual passaram artistas de todas as gerações e como nas novelas, onde multas vezes eu ouço as no trabalho dos noveliat.a eteatriúogos, impondo
tudo: peitos. papada, cara. Acho que está na
escolas, feminista, liberta e libertária, espírito hora de fazer outra". duas siialsaa em vez de uma só... Até o flâvio uma morai e bons costumes que Já era... Feliz'
generoso e atento. ela é, enfim, uma dessas pes- Casalcanti - que é tio circunspecto em sua lin- mal. nunca tive problerrim mm a Cessatxa em nwu
soas que não se fazem mais. Mesmo assim Helena Teve uma época em que Helena foi também guagem - Já disse, em 1979: "Eu já não tenho trabalho, mas quando me refiro à Censura, estou
é modesta: "Nunca consegui ser brilhante es- dona de restaurante, o Suhway. Existe até hoje, mais saco para esse tipo de música! Não tenho reclamando dos critérios usados Já sob o falso
na Avenida Rio Branco, 14, no Rio, mas não é mais saco!"
crevendo, só dando entrevistas". Apesar disso. título de Moral e Bons Costume.. Esse rótulo nos
tem II livros publicados, sobre culinária e assun- mais dela. "Era um luxo, freqüentado por se- Eu acho ótimas essas coisas, não vai nenhuma leva a crer que serve para esconder Imoralidades e
tos femininos. nadores e deputados. As mesas ficavam numas censura nisso. Estou só Falando na Abertura que maus costumes do; que ditaram as normas.
espécies de baias, cada uma delas tinha telefone e vem engaíinhando. Gosto até quando meu neto
Qual a razão de seu sucesso como criadora de Confesso que estou muito feliz com a no-
os fregueses s entavam-se em sofás. Um amigo de 5 anos me ensina algum novo palavrão. Chico
receitas, pergunto. "Eu enlouqueci a culinária. meação de Eudardo Poridia, que é um sujeito
pz » ili.sla chegou lá uma vez, ficou espantado com Buarque de Hollanda, dia destes falando a um
dei á cebola o seu lugar ao sol, ousei coisas que brilhante e Inteligente, e que deveria ser ouvido
a parafernália e não se agüentou: "Só faltam os jornal sobre suas musicas re'censursdas, se per-
nin guém OUSOU, com exceção naturalmente de bidês!" na hora em que fossem elaborar um novo Código
Salvador Dali que, no seu livro Dtnners de Gata guntava se o seu Espéclal da TV Bandeirantes de Eiicsj. Moral e Bons Costumes pais Rádio,
apresentou uma receita de sopa de feijão com Helena Sangirardi já estava na nossa alça de não o seria também, Nesse Especial ele se referis TV, Imprensa, Cinema etc. Por que dissociar o
orelha de porco como hori'd'oeuvre. Imagina 1 suspensão da censura e afirmava que não se Ministério da Educação desse novo código, se é
mira há algum tempo para uma entrevista. Para
você o que não vinha depois". Mas ela criou tam- este número do Lampião, em que debatemos e poderia receber Isso como um favor, mas usai que ele tem de acontecer? Mas pergunto ainda: lá
bém uma "imagem" para a cozinha brasileira, como uma coisa natural, que não se precisa fora, em outros pa inel, como Inglaterra, França,
Pedimos a tantas personalidades sua opinião
deu-lhe o toque estético. Sua preocupação com o agradecer. existe este tipo de código que reage as chamadas
sobre "Moral e bons costumes", achamos que
aspecto dos pratos tornou-se uma obsessão desde seria ideal obter de Helena uma receita sobre o O Presidente João Baptista de figuelredo dlversóea? Seremos obrigados a ele? Então que
que soube que o poeta francês Blaise Cendras, ao assunto, É o que os leitores terão a seguir, como jurou que faria do Brasil uma democracia. Agora venha com a mares de um Intelectual que saiba
visitar o Brasil nos anos 20 e ao ver uma feijoada nos velhos tempos da O Cruzeiro, mas só qua eu pergunto ao Lampião: Diante disso, uma cen- avaliar o quanto dói um corte no seu trabalho
teria gritado: "Mon Dieu, mais c'est de Ia mer- sura de 1946 pode prevalecer ainda? A devolução literário. Numa Democracia é necessária a Cen-
mais bem condimentada. Que façam bom
proveito. do Brasil à democracia deve começar em todas u sura? Respondam-me os que souberem. E viva a
Helena foi amiga de quase todo o pessoal frentes onde algum dia ela deixou de existir. Se o liberdade de Imprensa!
pioneiro da arte moderna: ,Mário de Andrade, próprio diretor da Censura reconhece que o
Francisco flhltencourt trabalho doa censores "é uma constante batalha Helena Sangirardi
** Centro de Documentação
APPAD i( e
da parada da cliversidadi.'
*1r
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trangido, sem saber exatamente que tipo de de costumes e moral que não podem ter uns código
[REPORTAGEM] declaração não poderá ser manipulada pelo
"outro lado". Arrisco, ainda assim: o único tipo
fixo. O que era bom para o felicidade humana há
23 anos não é mais, A própria instituição familiar
admissível de censura é aquele que regulo a está arcaica em relação ao capitalismo industrial
idade. Saiu daí é autoritarismo. moderno, sendo inclusive prejudicial à circulação
de mercadorias: as instituições do casamento e da
HÉLIO FERNANDES
ROBERTO MOURA
quLndo artifícios de violência são usados contra você está fazendo isso?" A resposta: "porque ele é
- Se o próprio diretor da Divisão de Censura bicha". Isso não imoral?
(crítico de música) as manifestações da vida, o teatro sobrevive.
da Policia Federal conclui que manter esse código Patédca (ou Sangra Picadeira) foi confiscada, e
de 1946 é uma "constante batalha contra a GILBERTO MONTEIRO
- O ideal é não haver censura, nenhuma es- mesmo depois de homologada continua proibida.
realidade", o que nos resta? Perguntar a quem Mas ainda assim, o espisódio Wladimir Herzog
(comerciante)
Interessa o crime, Às instituições? Moral e bons pécie de censura. Este, porém, soa como um es- - O que vocês querem de verdade é saber se
tágio utópico dentro de um sistema imperfeito não conseguiu ser abafado. Um juiz consciente
costumes, no fundo, variam e se modificam como reabriu o caso. A realidade pulsa, o teatro a está há alguma justiça nessa perseguição ao jornal de
saia e decote de mulher, de acordo com os in- como o nosso. Fala-se agora na regionalização vocês, não é? Eu acho que não, e por uma razão
resgistrando. Isto não é um desejo, é a História,
teresses criados, são levantados ou abaixados, dos critérios, o que teoricamente me parece bem simples: a perseguição põe a nu uma coisa
arregaçados ou arrebentados. Muitas vezes es- aceitável mas na prática pode causar uma avalan- ARNALDO JABOR que sempre existiu, só que em estado latente: a
traçalhados. Ou simplesmente arrancados. As che burocrático-administrativa mais deplorável (cineasta) discriminação contra os homossexuais. Só essa
instituições então ai pra garantir, não estio? que o que já se vê por ai. No fundo, no fundo, as - As mudanças econômicas e políticas do discriminação já justifica a existência de um jor-
discussões desse ti p o sempre rue deixam cons- Pais, a industrialização,: provocaram mudancas nal como LAMPIÃO.
LAMPIÃO da Esquina Pégina 7
* li Centro de Documentação
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da parada da tlisvri (Ia dr'
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[REPORTAGEM]
Copacabana, a enganadora
Uma entrevista com Iodo Antônio
Durante o mês de janeiro que passou, e neste deixando a minha pele e pagando para ver.
fevereiro, milhares de pessoas estarão desembar- Quando vejo, o trabalho sobre Copa está se tor-
cando no Rio em busca do tesouro que, segundo nando muito pessoal, passional mesmo.
as coloridas e anuais reportagens da revista Mais-
ebste, a cidade tem a oferecer: muito sol, muita LAMPIÃO - Mas em seu livro aio há ne-
beleza natural e muito calor humano (quanto a
nhuma declaração de amor ao bairro...
este último Item, entenda-se: calor humano, a
julgar pelas reportagens de Manchete, é uma João Antônio - Claro que não. Eu falava de
coisa somente proprocionável por moças que um bairro sendo ocupado pelos múltiplos espi-
usem tangas e que estejam, de preferência, de gões, por esta coisa indecente em que transfor-
costas). A maioria destes turistas, evidentemente, maram a praia, que é o resultado de um aterro.
vai parar em Copacabana. A eles, recomenda- Há uma Copacabana que vai decaindo, vai per-
To: em vez dos guias turísticos habituais, leiam dendo todas as características do lugar mara-
O Copacabana, o livro de João Antônio que a vilhoso que já foi, vitima de toda sorte de espe-
Editora Civilização Brasileira acaba de lançar: culação. Mas embora eu veja isso e outras pessoas
neste universo de falsas impressões que é o turis- que aqui estão enfiadas também vejam, o fato é
mo, ele é o verdadeiro caminho através do qual se que Copacabana é um mito. No entanto, eu en-
pode descobrir a verdadeira Copa, fascinante xergo nesse mito, que é urna atração nacional e
sim, mas também "injuriada, mal lambida, internacional, uma velhice precoce. Eu vejo
prejudicada, velha antes do tempo, achincalhada Copacabana velha antes do tempo, usada, mal-
até pelos cachorros, marafona lanada
tratada, vilipendiada, aviltada, especulada
João Antônio, ele mesmo morador do bairro e violentamente. Uma falsa classe média mora em
frequentador dos seus buracos, traça uma geral Copacabana, você abre os jornais de domingo e vê
do bairro que vai desde o Leme, das senhoras iodo mundo sublocando, aluga-se e subaluga-se
matriculadas em matinais cursos de ginástica na de tudo: desde perucas a telefones, só falta alugar
a mulher e o cachorro. Ê uma mistura de Hong-
praia, até esse "pasto de energúmenos" que é ai
Galeria Alsski: um roteiro turístico que a Pre- Kong com Chicago, um amontoado de pingentes
humanos.
feitura jamais endossarla, e que é ilustrado pelas
lotos excelentes de Carlos Jurandir e Ubirajara
LAMPIÃO —: Voes acha, eutio, que está
Detmar.
arsateceado uma Iremeada ed.nigesn nem a ia-
Aos leitores do LAMPIÃO - e not sabemos figa Prineesinha do Mar,..
que vindos de todos os Estados, eles invadem o que eu não esperava, determinada mente, escrever
Rio nesta época -. João António, nessa entrevis- melhor, daquilo que é hoje chamado milagre
um livro sobre Copacabana. Não esperava de for- brasileiro. Como é que o homem do povo está
ta, dá uma palinha sobre a antiga Prlaaissl.ha do ma nenhuma. A coisa começou com um material bá. Aatânlo - Esta acontecendo e já acon-
Mas. vendo isso, o que está havendo atrás deste mi- teceu. A Princesinha do Mar dançou há mais de
que tenho sobre a Bahia, um material grande, lagre, se é que ele existe (pelo que estamos vendo, 14 anos. E quem vive nela está profundamente
LAMPIÃO — Como iwglu a Idála de voei, mais de 40 laudas, que seria publicado pela revis- milagre não existe, e sim, um pais que marcha envolvido pela sua decadência que, afinal, reflete
tido e havido ne 'assado esamarMáIIs paulis- ta Repórter-3. AI a revista acabou (aliás, não há para o ano 2000 correndo o sério risco de possuir a própria decadência carioca, uma cidade in-
ta, sntreut*r a sahacopacabaacnse? nada para acabar com tanta rapidez neste pais do toda a tecnologia do mundo e um povo feio, anal- teiramente despreparada diante da superpopu.
que revista que se detém sobre realidades bra- (abeto, desdentado, doente, faminto).
laçio. Assim, o meu texto reflete esse envolvi-
sileiras. Sem dúvida, é um sinal dos tempos). Aí Assim, acabei percebendo que teria que
João Antônio - Primeiro tem que vivo, moro, manto de quem está aqui, sofrendo as coisas por
eu peguei o material e mostrei a Ênio Silveira, começar este painel por alguma região anterior £
ema escondo em Copacabana pelo menos nos út- dentro. E as lotos que acompanham o livro mos-
Então, ele me sugeriu a idéia de fizer um painel Bahia. Quando comecei a trabalhar, parti do Rio, tram com crueza, pela imagem, o que eu retrate
timos onze anos. Depois, marglnMia por mar- brasileiro, uma tentativa de localizar, em várias de Copacabana, uma realidade mais próxima do
ginália. a essência é a mesma. Mas vamos dizer pela palavra: a ilusão perdida que é Copa, c
cidades, o lado de lá do milagre brasileiro, ou alcance de minhas mãos. Afinal, é aqui que estou sonho caldo e a baleia.
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da parada da dit'r,uladc
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
REPORTAGEM
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Copacabana esta além do bem e do mal. Nem Éa meca brasileira do amor, da liberdade, da
a chuva consegue estragar seu verão. Ao con- alegria. Nela se vive anonimamente, harulhen-
•. trário, nunca a vi mais cheia, mais esalêndida, tamente, acotovelantemente.
com sua população jovem e ezihicionis, do que
durante alguns dias de janeiro, quando uma que somos muitos, somos milhares existindo
chuva continua transformou a Avenida Atlântica
num cenário surreal e as areias molhadas da praia com urgencia e ezaltaçio numa faixa de terra es.
no livre campo de pouso e exercício para os mais premida entre as montanhas e o mar. Somos
corajosos. E o que dizer entio dos audazes ra- milhões: donas-de-casa, aposentados, cachorros,
pares do surf caiu suas pranchas maravilhosas, gatos, travestis, comerciantes, pivetes, hincio.
que se aventuravam ondas afora, como se estives. nárjos de hotéis de luxo, esmoleiros, ricos e
sem dançando, e que surgiam como deuses das pobres g disseram que se descéssemos todos de
águas e iam se sentar (sob a chuva) nos bares do uma vez de nossas casas, as ruas não poderia
calçadão, para fascínio doa turistas que espiavam receber tanta gente; que se as whulaçes reben-
de dentro dos ônibus?
tassem seríamos afogados num mar de fezes.
Um verão maluco esse, sem sol e calor, que Mas somos os sábios do caos. Empilhados nos
conseguiu extinguir toda a itividade de Ipanema nossos edifícios olhamos da janela a confusão do
' . e Leblon, mas não a de Copacabana, Em Copa, a trânsito; vamos ao sanitário em ordem para rio
vida nunca se extingue. £ como uma chama os esgotos.
votiva em homenagem à vitalidade, à cordiah-
dade e ao prazer. Enqaunto os outros bairros A decad5ncia em Copa ética. As fases da vida
cariocas dormem e ressonam. Copacabana se es- se sucedem harmoniosamente, fio há melancolia
• preguiça e ronrona. Ipanema vive em função do suspensa, na constante surpresa da beleza do ser
- Sol; se chove, perde o charme, à noite é uma vila humano que se renova a cada esquina. Quanto
interiorana com alguns pontos de animação, ar- esforço se fez para transferir essa espécie de en-
_______________________________ tificiais e grã-finos. Copacabana é do povo, nunca trevisio da imortalidade para outros bairros. In-
descansa. Com Sol ou Lua, com chuva ou tempo ventaram a Garota de Ipanema (que, aliás, era de
bom, ela está sempre viva, febricitante, se dando. copacabana), a gerado pier, a banda de
Se a desfiguram, renasce mais vigorosa e bonita. Ipanema, os inocentes do L,eboin e a nova toémia
do Baixo Lehlon. Frágeis quimeras. Quando os
- trâsfugas voltam dessas aventuras, Copacabana.
eterna, os recebe de braços abertos no banho
quente da vida e embala-os ao som furioso dos
motores dos carros e dos -apitos dos guardas, a
música do bairro. Ao fundo, o tique-taque
É con-
le— - tínuo da passagem do tempo. verão, janeiro.
ÀS
I
- -
-.
APPAD
i GRUPODIGNIDADE
da parada da diversidade
REPORTAGEM]
Atenção, guem do Brasil: '•t; , •
pelo
do Globo, ainda repete, a cada co~ de dezem- sinal vermelho, ele - literalmente - rosna de aquele ser especlalhaimo cantado por tantos sam- que separa a pérgola do hotel do resto da.ddsde;
bro. com tocante penitência, que "no verio impaclêncl,g, geralmente não resiste e se lança por bas se deixasse levar de modo tio sistematico,. é preciso que eles não vmn para a monumental
Pele
carioca tudo é diferente, o tempo se reflete no in- entre os carros numa correria louca, alugando os ponto de permitir que sua cidade fosse voraz- Ma de b,ã— que brigam direito de entrar
terior das pessoas". Mas já sino é Isso o que anun- motorista, qust não diminuem a velocidade para mente devorada pelas piranha, do boom imo- num ônibus, à altura do Leme, á necessário que
cia o Inicio da grande temporada no Rio. deixá-lo passai' e, ao mesmo *esao, ouvindo biliário? (Beiremos o absurdo: como acreditar eles continuem a construir, ~valiosamente,
contrário, nos ultimo, três ano., quando a tem- alugamento.; •mpre multo apressado, ele não que o mais opo.ionlsta de todo, os povos sua cidade encastelada em sonho., e que dispensa
peratura começa a subir, e as encostas passam a tem, no en*lØo, aquela pressa de ganhar di- brasileiro@ acabasse por dar, a cada eleição, aexla*énclade pelo meno,99 da população —
sofrer incêndios que os bombeiros invanlavelmen- nheiro do paulista que - pelo menos',,nunkl maioria ao mais situaclonlsta de todos oe partidos 9S$ % , se lembrarmos que essas pessoas não
te declaram ser causados por "combustão espon- sociedade capitalista como anima - não chega a - o de Chagas Fecham? i, podem dlspeuaar a presença dos criadas. Paras,-
lnea", o mesmo tipo de acontecimento vem mar- ser uma coisa doentia; o carioca, hoje, está sem- Hyram de Afiem, quiroiksnclata, adivinho, e te. bem nascidos, os aladulos, as moradas do
cando o início da antigamente mágica estaçio pre correndo para lugar nenhum, através de certamente não carioca, disse numa de tuas céu, as icafklanas e desoladas ruas de arranha-
carioca: é sempre uma violenta, Inusitada oco- elevados, túneis ou auto-estradas que o conduzem profecias que uma espécie de maldição pesava céus da Barra são sinais de progresso ou, pelo
rrêncl. policial. Foi assim em 1975, quando os sempre a inevitáveis engarrafamentos. sobre o Rio. A Cauandra que a lançou e s susten- menos, do dinheiro que fatalmente cairá em seus
crimes de Barra - supostamente praticados por Mas, dirão o que não vl,itam a cidade há al- ta pode ser vista por todos, basta ir até o Leblon: bolsos.
Maria de Lourdes Leite de Oliveira, a Lou. e seu guns suo., ele sempre tem o conforto da paisa- ela esta diante de um edifício à beira-mar no qual Quanto ao povo carioca e seu tão decantado
noivo, Vanderiei Qulnlio - deixaram a cidade gem. Pois cite. Estes visitantes que experimentem existe - dizem - o apartamento mais caro do comportamento, terminemos com uma história,
traumatizada, foi também assim em 1976, quan- ir pelas pistas de alta velocidade do Aterro rumo a mundo (Cr$ 30 milhões; por coincidência, per- vista num dia qualquer de setembro, em plena
do lodo o movimento do veria girou em torno da Copacabana; onde estio aqueles morros que cir- tence ao Prefeito Marcos Tamo yo): trata-se de Avenida Nossa Senhora de Copacabsna: sobre a
morte violenta de Angela Diniz, a pantera de cundavam Botalogo, em cujas faldas tanto; uma estátua de mulher, sentada sobre um pedes- lama de um canteiro de obras, dois homens ir
Buril).; e a mesma coisa aconteceu cm 1977, casarões se n1nhavam? Já não se pode 5ê-loa; tal, qtie faz, para os passastes, um clássico gesto: atracam e, armadoR de paus e pedras, tentam
quando a morte de ClaudiaLenin e suas con- edifícios de vinte e mais andares coa* onaruido. a braço direito dobrado à altura do cotovelo (no nab or uni ao outro. Carro, param, paasage1ro
âeqilenclai preencheram todas ai conversas da es- revelia do gabarito oficial, em plena .praii qual repousa firmemente a mio esquerda), punho descem de ônibus, pedestres Interrompem a
tação. primeiro, e depois nas ruas adjacentes, acabaram fechado e ligeiramente Impulsionado para a fren- caminhada e, em poucos minutos, debruçada
Em 1978, no entanto alguma coisa se mo- por escondi-tos. Perto da entrada do Túnel Novo, te, ela endereça aos que passam na rua o que vul- sobre vi cerca que rodela o canteiro, a multidão
dificou. E todas as leses destinadas a provar a uma profusão de edifícios espetados na encosta, garmente se chama uma banana. está formada. A briga se arrasta, os dois conten-
sutil mudança ocorrida na Cidade Maravilhosa - um verdadeiro bairro Ironicamente chamado de
tores já cansados. Ninguém sabe o que a motivou,
ela seria hoje uma das mais violentas do mundo, Morada do Sol, conseguem esconder até mesmo Sim. é uma maldição o que faz 44'n dos
Isso Já não interessa. A multidão não estai exa•
com uma qualidade de vida à beira do Insupor- - dependendo do local de onde se olha - o automóveis da cidade estacionarem nas ruas ou
tamente entusiasmada - eis apenas presencia,
lavei - subitamente ganharam força pois a Inevitável Pio de Açúcar. E não é preciso falar sobre as calçadas; é também uma maldição que
apática, o acontecimento. De repente, alguém
violência foi desencadeada antes mesmo que sobre a definitivamente perdida Copscabsna, leva autoridades como o Ministro Blerrembach,
grita, "joga água neles que eles se separam". E a
chega~ o veria. Na verdade, os frios e insisten- nem sobre a ameaçada [panema, nem mesmo do Superior Tribunal Militar, a denunciar "uma
deixa para o funcionário de um botequim
tes ventos de agosto ainda sopravam, e Já o no- sobre os estertores do [eblon. Que se atravesse minoria depravada" existente dentro da polícia
próximo que, encarapltado sobre o balcão de
iIclírIo policial mostrava uma exacerbação que todos esses bairros da antigamente dourada orla carioca: os torturadores que cegam e aietJam pes- cafàrinho, acom panhava tudo. Ele coche um
chegava a índice, até então nunca alcançados: no marítima e se chegue á Barra da Tijuca, onde soas, algumas apenas sob suspeita (a mesma
panelio de água, sai do botequim, aproxima-se
conservador bairro da Tijuca, único reduto fileiras de edifícios vão sendo metodicamente maldição leva o Secretário de Segurança, Ge- doe uWnderta e deuieja tudo de mui vez sobre
arenisla da cidade, o médico legista Antônio construídos, uma após a outra, formando uma neral linum Negreiros, a repetir monocordica-
eles; o@ dota se separam soltando urro, de dor; aos
Olavo matou seu vizinho, o decorador Márcio da autêntica barreira entre o mar e o morro lá atrás. mente que os índica de crimInalidade baixam a
gritos, corre cada um para o seu lado: a água es-
Silva; o motivo cio crime: um- vaga na garagem Ali, o que se vende aos Incautos moradores é liso: cada mês), essa: maldição leva também uma bor-
tava fervendo. A multidão, ao dei-cobrir isso,
do prédio em que os dois moravam Do outro lado a montanha e o mar. Por causa disso os apar- da de ratos de praia a descer diariamente do.
aplaude entusiástica o rapaz do botequim;
da cidade, em Copacabana, o Juiz Jacy Nunca de tamentos chegam à casa dos três bilhões de morros - o verão é, para esses ralos, a tem-
modesto, ele agradece, e retorna ao seu posto. Os
Mirando, 65 anos, descarregou o revólver no seu cruzeirsa com uma facilidade Incompreensível posada de caça - em dos dólares de de.- brigões sumiram. A multidão se dispersou. Rio.
vizinho, o advogado Luis Mendes de Morais Neto, para quem leva a sério essas coisas de renda per contraídos turistas que - ainda - repousam ao
1979: esta sim, é uma típica cena carioca.
67 anos, matando-o e ferindo sua Ilha, CecJla; o capita e PNB; mas na verdade o que se Ti, dai aol, e que, uma vez roubados, descobrem, com
(Erre texto foi angina/mente escrito para a
surda revolta, a capacidade que os cariocas pos-
revista Singular e Plaral).
suem, nessas ocasiões, de se tranformarem em
verdadeiras estátuas de pedra: ai testemunhas de Aguinaldo Silva
Histórias de Amor
Um time completo de marginais
** Centro de Documentação
APPAD 1t c
da parada da divcridads'
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
ENSAIO
Reconquista do futuro
Este é o último de uma série de três ensaios de José A. Lutzembergpu-
blicados por LAMPIÃO. Eles foram selecionados do seu livro - Fim do
Futuro? (Manifesto Ecológico Brasileiro), publicado pela Editora Movimen-
to, em convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trata-se
de um texto básico para todos os que ivêm na ecologia um novo modo de
viver
s]dade real (to mercado. mas porque ele fortalece de coisas e serviços desnecessários escraviza como minuirá nosso impacto ambiental, aumentará
e promove poder econômico. O sabão facilmente a droga. Só quem de fato abandonou o cigarro nossa qualidade de vicia e aumentarão as chances
se fabrica em pequenos empreendimentos e com sabe como é bom não depender do fumo. A ver- para nossos filhos.
capitais modestos, mas a fabricação do detergen- dadeira riqueza não é proporcional à massa de Masé certo que não devemos ir aoextremo de
te começa no polo petroquímicoe exige tecnologia coisas que aceleramos em seu caminho do super- condenar toda tecnologia complexa e centrali-
sofisticada e concentrada que não está ao alcance mercado ao depósito de liso. A riqueza também zada. como é o caso entre certos jovens e ideó-
do pequeno. A correspondente magnitude do aumenta na proporção em que diminuem as logos da contracultura. Devemos aprender a dis-
capital em questão permite a enxurrada publi- necessidades. Sobra-nos mais tempo e mais tinguir o que hoje se tornou quase indistingiível.
citária, acompanhada de manipulações de dinheiro para atividades realmente humanas, Ciência e Tecnologia são coisas distintas. Con-
preços.. que aplastam a pequena fábrica de sabão. para a contemplação, o contato com a Natureza. denar tecnologias absurdas, ecologicamente per-
O supomercadojá quase acabou como armazém a música, a literatura e as artes plásticas, para a niciosas, escravjzantes ou alienantes, não deve im-
e se prepara para liqüidar o pequeno comércio, O ampliação de nosso horizonte científico, para os plicar à condenação de toda tecnologia' e da
agricultor se transforma cada vez mais em apên- esportes, os contatos sociais e o relacionamento própria Ciência. Ciência é disciplina, honestidão
dice da indústria de maquinárias e agroquímica. humano, para amizades profundas, para a fa- total, pensamento claro, aceitação de novos
A continuarem estas tendências, todo agricultor mília, para a vida, enfim.
p aradiizmas em substituição a paradigmas su-
acabará como aqueles av'iarjstas que são prati- Quando uma proporção significativa da perados, é autocorreção constante e sem perdão.
camente empregados da grande empresa que lhes População mudar de estilo de vida, o poder A Ciência deve voltar a ser o que era para os an-
O ecólogo é muitas vezes criticado por con- fornece o capital para as instalações, os pintos e económico terá que mudar também de atitudes e tigos Gregos - percepção de harmonias, gozo es-
siderar-se qie ele é contra um mundo tecnoló- ração. os remédios. e que recebe os frangos ou os métodos. Quando começarmos a compreender o tético, deleite espiritual, exercício intelectual,
gico. Ecologia, entretanto, apenas abre os olhos ovos, ditando o preço e as condições de compra. logro da efemerização dos objetos, quando pas- Nesta visão saberemos distinguir entre diferentes
para a diferença entre tecnologia predatória e. O criador só fica com os riscos do mercado e das sarmos a não mais comprar alimentos adulte- tipos de tecnologia sofisticada ou gigante e ve-
portanto, insustentável a longo prazo, isto é, tec- enfermidades. Sua situação é algo pior que a de rados pela manipulação excessiva e toxificados remos que nem todax são condenáveis. Um es-
nologia nefasta, e tecnologia antientrópica, que um empregado, pois, tem que pagar sua própria pelos aditivos químicos ou contaminados pelos quema ferroviário. por exemplo, pode ser gigan-
não significa custos transferidos ás gerações previdência social, quando tem. resíduos dos venenos agrícolas, quando preferir- tesco e, no entanto, ele é preferível ao transporte
futuras. A insustentabilidade da megatecnologia Para as grandes empresas não mais se trata de mos o sabão ao detergente, a roupa simples e rodoviário individualizado, tanto pelo menor mi-
em suas formas atuais não mais necessita de- atender exigências reais do mercado. Elas tem e duradoura, adequada ao clima e às condições de pacto ambiental como pela vantagens social.
monstração, mas há outros aspectos, menos usam a força de fazer e manipular seu mercado. vida, às cnações da "última moda", quando Outras tecnologias extremamente complexas e
conhecidos, que devem estar na consciência Assim surgiram o marketlng e a obsolescência preferirmos os esportes sãos e simples aos espor- avançadas têm impacto ambiental mínimo e
pública. planejada. O que realmente interessa é a am- tes com aparelhagens complexas e gastos ele- podem contrihir significativamente para o
À medida que se desenvolve e se alastra a pliação e a concentração do poder econômico. Se vados, a atividade pessoal à assiténcia maciça e enobrecimento cio espírito humano. A eletrônica
megatecoologia. aumenta a concentração eco- nas sociedades escravagistas era necessário o massificadora no estádio gigante, quando nós moderna, com seus circuitos de alta integração,
nômica e burocrática. Além da burocracia hiper- chicote para que o escravo se submetesse, hoje a mesmos soubermos ocupar-nos inteligentemente cuja fabricação já constitui processo que met"-ce o
trofiada dos gwernos, temos hoje as burocracias, megatecnologia facilmente nos domina e ainda e com criatividade, em vez de consumirmos diver- qualificativo de quase hiol5gico, pois seus dis-
igualmente gigantescas, das multinacionais ou nos inculca a crença na inevitabilidade do proces- são, passivamente sentados diante do televisor, a positivos lógicos já são montados, crescem, per-
grandes empresas nacionais. Estas são entidades so. Progressivamente nos proletarizamos todos. indústria, Como por milagre, passará a oferecer mite-nos uma extensão cerebral antes nia1agi-
públicas à parte. Elas não devem lealdade a um As profissões liberais e os pequenos empresários. nova gama de produtos e serviços. Basta ver a in- náveL. Entretanto, dentro do esquema mental
povo, nem se restringem. em geral, a um deter- comerciantes, agricultores ou criadores desa- crível variedade e inventividade dos comércios e atualren te predominante. ésta maravilha con -
minado território, mas elas não são empresas parecerão pouco a pouco ou se tranforma em artesanatos da contracuLtura nos Estados Unidos. tribui. principalmente para -a transmissão de in-
privadas. Seus executivos pouco se distinguem braço obediente dos grandes. Cada vez se torna Sofrerão, é claro, as fábricas de automóveis, os formações fúteis e irrelevantes, quando não
dos burocratas governa mentais, pois eles não menor a proporção de médicos, advogados, en- pólos petroquímicas, as centrais .amicas, os diretan*ste perniciosas. No .campo da mani-
possuem a coisa que gerem. Eles não têm garn- genheiros, arquitetos, etc., que ainda conseguem supermerea405, mas surgirão infinidaae de opor- pulação eTc dados, poderá, se não nos cuidarmos,
tida sua permanência nos postos de mando, e séus viver como profissionais liberais. A regra é que tunidades.para pequenos e médios empreendi- significar tremendos perigos para a nossa liber-
filhos nada herdam do seu poder de decisão. Os sejam todos empregados. A medida que nos tor- mentos, para indivíduos cnat'rvose autônomos. dade pessoal.
empregados destas grandes empresas são fun- namos especialistas cada vez mais estreitos, nos Na mesma proporção em que abandonarmos a
cionários como são os funcionários públicos, tornamos também cada vez mais vulneráveis às megateciologia pelas tecnologias brandas, di- José Luizemberger
Os enfoques e os fins imediatos de cada uma das imposições dos que mais alto se encontram na
grandes empresas ou dos organismos governa- hierarquia, porque nada mais sabemos fazer além
mentais podem ser distintos e pode haver grande daquilo para que fomos treinados.
variação na eficiência das operações mas. fun-
4amentalmente, toda burocracia tem como algo
primordial, ao qual tudo o demais subordina, sua
É freqüente ouvir-se argumentos de econo-
mistas. especialmente quando estes se encontram
em altos postos de governo, que o pequeno
Sem essa de amor maldito!
própria perpetuação e ampliação, o que consegue agricultor alto-suficiente não mais se justifica Oscar Wilde estava certo no seu tempo. Mas as coisas mudaram, e
com tanto mais facilidade quanto maior ela for. porque não usa insumos, não movimenta infra.
Estabelece-se, assim. um círculo vicioso entre estrutura tecnológica, não faz PNH, que ele deve estes autores mostram por que. Leia-os e aprenda: o ex-amor mal-
sofisticação e concentração tecnológica por um ceder lugar à empresa agrícola que movimenta dito agora é uma boa.
lado e poder econômico de outro. A tecnologia maquinárta, adubos, pesticidas, crédito.
mais complexa e mais integrada, mais exigente de
Igualmente o artesão familiar deveria ser subs-
capital, exige maior concentração burocrática:
tituido pela fábrica. Em linguagem mais clara e Os Solteirões Cr$ 80,00
esta, por sua vez, exige e somente promove tec-
honesta isto quer dizer que deve diminuir, tender
nologias sofisticadas e concentr-adoras de poder
a zero, o número de indivíduos independentes, Gasparino Damata
econômico. donos de si mesmo, de gente que decide seu
I claro que, do ponto-de-vista do excutivo ou próprio destino!
do administrador público, is central nuclear é
Preferível a uni esquema descentralizado de cap-
Na pirâmide hierárquica do poder político e Crescilda e Espartanos Cr$ 65,00
econômico, que no fundo São um só, o indivíduo
tação de energia solar. A central nuclear é um oh- se torna simples rodinha numa gigantesca en-
teto de centenas de milhões ou de mais de um grenagem, Mesmo quando chega a executivo ou A Meta Cr$ 80,00
bilhão de dólares, ela se concentra num lugar, administrador público. Continua extremamente
suas linhas de alta tensão, qual tentáculos de um dependente e vulnerável, praticamente não tem
polvo, se estendem a grandes distâncias e sobre opções. Darcy Penteado
imensas áreas. Sua mercadoria, a eletricidade, Devemos fazer tudo e que for possível para in-
facilmente se administra e distribui em esquema
de monopólio, com eliminação total do jogo de
verter esta tendência. O caminho que a atual for-
ma de sociedade industrial nos está impondo não
Primeira Carta aos Andróginos Cr$ 65,00
mercado. Pouco importa que este monopólio seja é uma inevitabilidade técnica ou científica. Isto é
estatal, multinacional, ou pertença a um grupo
econômico local. O usuário está fisgado na ponta
o que se nos procura lazer crer, para que docil-
mente nos submetamos. A grande maioria, por
República dos Assassinos Cr$ 70,00
da linha, tem que aceitar todas as condições im- ignorância dos fatos ou por inércia intelectual,
postas, em nada participa destas decisões.
Por outro lado, uma proliferação de cataven-
acaba submetendo-se. Devemos todos analisar
friamente o esquema em que nos encontramos
O Crime Antes da Festa Cr$ 50,00
tos ou de dispositivos de captação de energia para capacitar-nos a não mais aceitar suas im- Aguinaldo Silva
solar, de pequenos gasômetros de metano que posições teóricas e esquivar-nos na prática. Só as-
usassem a matéria orginica localmente excedente sim começarão a funcionar os freios que poderão
ao mesmo tempo que produzissem fertilizante, levar à inversão. O futuro não está na megatec- Testamento de Jônatas Deixado a Davi Cr$ 65,00
descentralizaria decisões, técnicas e capital. Isto tsologia, está tia tecnologia intermediária, não es-
contraria as ambições do executivo e do adminis. tá no consumo desenfreado, está no uso frugal. João Silvério Trevisan
trador. Não admira, portanto, que durante os úl- com sentido, dos escassos recursos do Planeta, es-
timos vinte anos tenha sido insignificante a pes- tá na descentralização das decisões e da pro- Peça pelo Reembolso Postal à
quisa no campo da energia solar e de outras for- dução, na auto-suficiência, sempre que possível. Esquina - Editora de Livros, Jornais e Revistas Ltda.
mas alternativas de energia. Certamente este fato na diversidade de estilos de vida e de culturas.
não se deve somente à abundância e ao baixo Muitos, entre os que já compreenderam a Caixa Postal 41031
preço do petróleo. O próprio petróleo centraliza o necessidade da mudança de rumo, acham ainda Cep 20241
poder econômico e cria dependências. que nada pode fazer o indivíduo. Mas o indivíduo
L por isso que o detergente desloco o sabão, muito pode fazer e verificará, surpreso e encan-
Rio de Janeiro— RJ
não porque ele venha de encontro a uma neces- tado, come se liberta pessoalmente. O consumo
LAMPIAO da Esquina Página 11
**
Centro de Documentação
APPAD ii e
da parada da davt'rvtstude
p.
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODICN IDADE
ÈÃ
Bixórdia
Gringas "pop" tio Carnaval
CARNAVAL CARIOCA - Batam na madeira. Toe, toe, toe. Elton
TENDÊNCIAS
John, o rock star, está ameaçando aparecer de novo por aqui. Dizem que
já preparou a malinha. Acontece que ele é um tremendo baixo astral. No úl-
timo carná, quando aconteceu vestido de marinheiro nos bailes da moda,
-odeado de latagões com a mesma ridícula fantasia, criou muitos problemas
para as bonecas nacionais, que de repente viam seus affaires sendo pra-
o livro
ticamente raptados para a corte do bicho (1).
"Brazil" no Gay Sunshine
Já é bem diferente o caso de Rod Stewart, outro astro pop, também
anunciado para as folias que se aproximam. Rod quase não faz charme de O último número do jornal norte-americano pretende lançar até março deste ano, e que reune
grande diva, suas companhias não precisam fingir que são guarda-costas e Gay Sunihlne, editado cm San Francisco. tem autores latino-americanos homossexuais, com
como assunto principal o Brasil, e conta com a predominância de brasileiros, devidamente se-
ele adora terminar a noite no rebuliço da Galeria Alaska. A turma da boate
participação ativíssima de vários lampiônicoa: lecionados por Leyland durante uma viagem que
Sótão diz que ele é tão magnético quanto o satânico Mick Jagger. Isso, eu Aguinaldo Silva, Darcy Penteado, João Silvério ele fez pelo continente em fins de 197 7 . Foi
não sei não. Uma coisa, porém, é certa: não é feio e desagradável como o l'revisan e Gaspariano Damasa lá estão, com his- durante esta viagem de Leyland ao Brasil. segun-
Elton John. tórias suas traduzidas por Keneth Lane e sele- do a lenda, que nasceu a idéia de se fazer, aqui.
cionadas por Winston Leyland, o editor do jornaL. um jornal de minorias, o que nos levou a LAM-
' E da velha guarda internacional o Rio hospeda, mais uma vez, o barão Além destes. foram selecionados escritores como PIÃO. Now the Volcano será financiada pelo
Edilherto Coutinho e Caio Fernando Abreu, além Natyonai Endownment of Arts, um órgão do
alemão Turn und Tax, fã absoluto das loucuras de Momo. Há quase 20 de poetas e desenhistas brasileiros. O jornal traz Congresso norte-americano que subvenciona
anos, todos os janeiros, ele aqui aporta para se bronzear em Copacabana e ainda um suplemento fotográfico, com lotos projetos desse tipo. Logo após o lançamento do
dar sopa nos bailes da moçda. Me lembro muito bem dele, junto com o tiradas pelo próprio Levland durante o carnaval; livro, Ley land deverá vir ao Brasil, onde tentará
herdeiro da família Krupp (aquele mesmo do filme "Deuses Malditos"), as lotos mostram bem claramente a chamada contatos com editores brasileiros, visando uma
"descontração" do brasileiro, através de figuran- possível tradução. Ao mesmo tempo, ele tentará
paquerando o então estonteante e desconhecido salva-vidas Manei Maris- tes de blocos como o Cacique de Ramos e outros, interessar nossos editores em outros livros por ele
cot, nas areias escaldantes defronte do Copacabana Palace. Turn und Tax, sempre aos pares ou em grupos, a trocar caricias publicados, como o Gay Sunahlne Interslews, que
já naquele tempo, era uma figura esguia e de idade indefinível, exatamente ou afagos, que, nesta época do ano, entre nós reúne entrevistas com, entre outros, os seguintes
como hoje. Dizem que, terminado o carnaval, ele volta para a Europa, onde recebem sempre uma justificativa: "Afinal de escritores: William Burroughs, Jean Genet. AlIen
é conservado em câmara frigorífica. contas, é carnaval..." Ginsberg. Christopher lsherwood, John Rechy,
Gore \'idal e Tenessee Williams, A Esquina
Este número especial do Gay Sunubine, no en- Editora, na verdade, está namorando esse livro há
tanto, é apenas uma chamada para a antologia muito tempo. Se depender de nós, os brasileiros
Now tbe Vokrano, que a Gay Sunshine Press vão lê-]o.
Essa o Glauco Mart'oso jura que aconteceu em São Paulo: a bicha dirigia o seu) carro pela
Avenida Paulista), prestando muita atenção ao Trianon, ao MASP, aos carros que seguiam
ao seu lado e ao movimento nas calçadas. A certa altura, viu o farol avermelhado e ultrapas- Enfim um jornal antimonarquista
sou só por fechação. O guarda também viu, e apitou. A bicha frete Igesto de bicha freando,
no estilo daquele anúncio Que diz "Tão bonita... Pena que esteja cheirando igual a um
homem...). O guarda enconsta no carro, põe Õ cotovelo na janela, olha bem e pede, com
desdém meloso. Cadê acarta?" Ea bicha responde, sem se dar porachada: "E eu prometi
O Inimigo do Rei
que ia te escrever?"
Faça sua assinatura: envie cheque nominal ou vale pos-
tal em nome de Antônio Carlos C. Pacheco, no -valor de Cr$
60,00, para Caixa Postal/2540 - 40000, Salvador, Bahia.
- VIVA A GREVE - Assim que ouno meu FR UT,4 VERDE - A praça do Rio
radinho que ia haver uma greve de motoristas de ganhou mais um decorador e perdeu um ator.
A assinatura anual corresponde a seis edições bimensais.
ónibus no Rio, previ que o fato se transformaria O rapaz leio de Portugal. exportado pela
numa lesta para algumas bichas Não deu outra. revoluçõe lá deles, e aqui chegou botando a
A MflRTE_
maior banca de seus talentos. Ele se chama
iConheçre meu eleitorado, como diz Mestra
Fruta e se acha a coisa mais discreta do mun-
Marnbaba 1 Desde manhã bem cedinho as do. Até aí tudo bem. As coisas começaram a
bonecas motorizadas puseram-se a trabalhar no mudar quando Fruta, além de realizar seus
transporte solidário da população masculina e projetos de decora çJo, achou que podia fazer
lovemi da cidade. Se houvesse racionamento de umas-pontinhas nas novelas de TV. Defrsita
TRANS RENTE
genérica e sensaborona ele passou a ser visto
gasolina, teriam gasto a cota de um mês, de
corno um abacaxi espinhento pelos habituais
lanho que correram de baixo para cima, ala- repressores. "Primeiro muda o nome, fi-
radas, oferecendo carona a todo aquele que lhinho , exigiram. 'Mas como? Um dos
ihe5 satisfizesse visualmente.
Essa aconteceu nos anos 60 com um dos ad! n'res de LAMPIÃO que, naquela época, era
um enrustidão. O referido moço desceu de um avião em Lisboa e, de mala á mão, dirigia-se ã
alfândega quando ouviu uma voz de sotaque prcfundamente lusitano gritar "Olha a bicha!
Olha a bi(,, ha!" Instante de pânico "Cruzes, jP "se descobriram' pensou o rapaz; e só se
acalt/16u quando percebeu que os outros pas' .igeiros, atendendo aos gritos de tafi 'Voz
comais: a formar uma fila, que, em terras lusas, d,, endepelo simpático norvle dv bicha.
** C20
Centro de Documenta.-M w^ 1
APPAD e
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
No disco
E a MPB, sitiada, ainda resiste
A uma análise menos atenta, o ano que pas-
sou pareceria desastroso para aquilo que se con-
vencionou chamar de música popular brasileira,
ou que, mais apropriadamente, se definiria como
a música criada, produzida e gravada no Brasil,
independentemente de origens, influências ou
preconceitos diversos. Os acontecimentos e dados
infaustos não são poucos, nem de pequena im-
portincia. Primeiro, quase todas as gravadoras
inundaram o mercado, à razão de 2030 novos
LPs por mês, do apelidado oom de diacoteca a
primária batida eletrônica destinada mais aoor•
po do que, propriamente, aos ouvidos de qual-
quer pessoa com um minimo de informação
musical. Não que se tenha nada contra os exer-
lcios de narcisismo coreográfico das noites de
jábado. Pelo contrário, daqui mesmo do LAM- -
zi,
PIÃO, já me denunciei como participante - e
sacolejante travolteador - das alegres e exte-
nuantes peg.çõea ritmicas do Dancin'Days, do
Morro da Urca, Rio. Pelo que, aliás, não tenho
qualquer desculpa a apresentar a quem quer que
seja, a não ser ao meu moido esqueleto nas
manhãs de sábado e domingo. Gosto, pego e
danço e fim. Mas a questão, olhada do ângulo
da saúde da música feita no país é bem mais in- ('ae(ano Vejoso: um disco anódino iva. Lias! iaspiroçdo límpida
Ivam Led Rread&o: desprecoiucrito musical
trincada do que a mera exposição de um gosto cópias vendidas, há pouco mais de um mês do sicais trazidas ou criadas pelo negro no Brasil): do to acústico, Raimundo permanece o mais notável
pessoal pelos sacolejos e namoros discotecantes. lançamento) justa aceitação mesmo dos con- intérprete-compositcr do antigo Pessoal do
Seria bom que todos estivessem informados de compositor, tecladista, arranjados' Wagner Tiso
sumidores mais exigentes; lá Caetano 'Idoso, de (um primor fonográlico; só um pouquinho Ceará.
que, se em 77, a produção musical brasileira obra tão importante - na mesma faixa de con- Capitulo raro num tempo de compositores que
prejudicado por alguns deslizes sinfonicosos);
detinha ojá mirrado percentual de 40% dos dis- sumo estético — quanto a de Milton e Chico, cantam, as intérpretes tiveram vez neste ano que
cos lançados no Brasil, neste ano que passou, de mais "Jital Farias" (surgimento de um impecável
tese, mais uma vez, um ano infeliz, em que falou violonista e compositor nordestino, capaz de pas- passou, Duas estréias brilhantes - OlIvia e Zezé
78, viu-se reduzida ao minguado espaço de 20% demais e produziu, de menos. Seu disco anual. Motta - mostram que, quando as circunstâncias
sear, com emoção e destreza, por todos os gé-
dos suplementos das gravadoras. Pior: destes "Muito", traz a marca decrescente das coisas neros ditos nordestinos). Outros dois compo- deixam 'e as gravadoras permitem, a tradição das
80% destinados pelas fábricas ao lançamento - anódinas (em português claro: que não fedem sitores de áreas diversas, Edu Lobo e Martinho da grandes cantoras brasileiras produz continua.
ou. melhor dizendo, ao despejo de música es- nem cheiram), enquanto o autor se desfaz em doras condignamente inventivas. Icei Brandão
trangeira no mercado nacional, ris 50% foram '.ila. deram competentes voltas por cima: Edu,
declaraçôes escandalosas contra os seus inimigos após um longo tempo de hermetismo e indecisões (esta, também compositora) fixou, em "Meta-
ocupados pelos Taate o( Honey, Tavar.., Macho. reais e imaginá,rios: críticos e artistas entraram des", as proporções de seu despreconceito,
Mana etc., conjuntos tipo praga que dá e passa, formais, partiu, em "Camaleão", para soluções,
no pau das entrevistas de Veloso, mais voltado inclusive de arranjos, tão simples quanto ori- musical. Trata-se, hoje, de uma cantora capaz de
sempre rapidamente substituídos, nos para a autopromoção - de que ele é mestre - ir 10 sambão ao bolero, passar pelo choro, encon-
parades norte-americanos por novos grupos, tio ginais; Martinho, depois de um período de sofis-
do que para alguma consistência de trabalho, ticação instrumental, mostrou o que realmente é: trar caminhos próprios nas canções de sua au-
primários quanto os anteriores, numa enxurrada idéias, sentimentos ou coordenadas criadoras. toria. Excelente cantora, mulher notável dentre
destinada ao consumo, lucros e esquecimento um pagodeiro, mentor de rodas de samba. A
Uma pena, em se tratando de quem se trata. Em dupla Ivan Lins-','itor Martins reafirmou a lim- tantas que se erguem contra os dogmas de sexo e
imediatos. Certo: a discoteca é um avassalador compensação, o quarto desses quatro grandes, o cor, ela consegue misturar estas qualidades no ato
pidez de sua insp iração no LP1interpretado por
modismo mundial; mas o fato é que o Brasil, ter- controvertido, porém. coerente Gilberto Gil, teve de gerar música e poesia.
Ivan) "Nos dias de Hoje", veículo de versos como
ceiro ou quarto mercado consumidor de discos do um dos seus melhores anos: seu álbum-duplo, Para encerrar esses halancetezinho, dois cin-
mundo (não há certeza quanto à colocação, pois "Minha amiga, me visite / Pra eu ficar me en-
gravado no Festival de Montreaux. traz algumas ganando .." Pensando que'eitou vivo" ou, mais tilantes apelos à discoteca - só que desta vez
as gravadoras guardam as estatísticas de vendas a faixas antológicas, em que ficam explicitados os nacionais: as combatidas Frenéticas voltam à
adiante, na música "Aos Nossos Filhos", o pe-
quatrocentas chaves., como alma secreta do seu seus princtpios musicais afro-haiano- mesma olímpica disposição para a alegria, para a
negócio ltissimamente lucrativo) não tem uma dido de que "Perdoem por tantos perigos / Per-
internacional izantes. Ë de se ouvir e recomendar, doem a falta de abrigo ' Perdoem a falta de irreverênria, para o gozo já demonstrada. no
Lei. uma legislaçãozinha para ser driblada. Em "São João, Xangô Menlno"ele se compraz primeiro disco do grupo. A crítica malhou. sob a
amigos / Os eram assim",
sequer, que reserve uma partezinha do gigantesco em fazer a gringalhada déMontreauxse virar, alegação de que o atual LP nada acrescenta ao
mercado comprador interno para o produto aqui mexer e cantar, num autêntico vale-tsjdornusical, No samba, três outros lançamentos acima da primeiro. Confere - e já não é pouco. Aguar-
produzido. O lado menos negro deste quadro em que o seu extraordinário sentido de tempo média: a luminosa estréia da vocalista (seu tim- demos. então, o terceiro disco das meninas pra
contém, porém, um dado alentador: esses exíguos divisão e ritmo rege uma parafernália instrumen- bre é próximo ao da imensa Carmen Costa) e conclusões menos apressadas que as do tipo "é
20% de lançamentos nacionais detêm, contra tal que vai da guitarra roqueira de Pepeu à per- compositora dona Ivone Lara, sob o adequado modismo". "vai acabar logo" etc.
tudo e quase Iodos, aproximadamente 60% (isso cussão afro do super-Djalma Correia, além do título "Samba, Minha Verdade, Minha Raiz" e Outro que botou pra quebrar - ou dançar
mesmo: uns entusiasmanles 60%!) do total de coro de um público audivelmente enlaçado por produção do competente Adelzon Alves; em - em seu melhor LP até o momento foi Ney
vendas de discos em todo o território nacional. E é seu preciso balanço. outro LP, "Axé", o testamento musical do líder Matogrosso, detentor de uma primorosa recons-
nessa faixa de preferência espontânea, da ver- Mas nem só de Gil foi o ano: se houve um íris de raça Candeia, despedida (que tristeza essa tituição, em ritmo e roupagem de discoteca, do
dadeira e enraizada capacidade de resistência rumentista, compositor, arranjaclor, maestro, morte prematura de batalhador tão valoroso da "Não Existe Pecado ao Sul do Equador", de
cultural do povo brasileiro que puderam, então, multimilsico que dominou o período, este foi, música negra) irretocável de quem viveu, pensou, Chico Buarque e Ruy Guerra. Essa mistura
atuar os criadores nacionais. sem dúvida, Egherto Gismonti. Logo nos pri- (cantou e coropôs irrepreensivelmente; por fim, aparentemente incongruente (Ney + Discoteca
A partir daí é que se pode entender a meia es. meiros meses, de 78, lançou o perfeitamente in- uma confirmação. de talento ímpar, o de João + Chico + Ru y ) torna-se a prova de que o
tagnação, o passadismo da música feito aqui em crível "Darsça das Cabeças": obra-prima, esta es- Nogueira que, em "ida Boémia" canta atra- brasileiro é danado da silva quando se trata de
1978: numa faixa tão pequena de produção como pécie de súmula da música brasileira foi gravada sado. quase atravessa o fraseado do seu violão recriar, devorar para resistir - mesmo quando
poderiam atuar eficienter.iente as poucas eti- de improviso, sem arranjos escritos, em apenas torto e, como resultado de tanta esquisitice, deixa se trata da invasão branca, da guerra surda do
quetas e produtores preocupados em lançar novos dois dias, em estúdios noruegueses, tendo como a marca de um estilista sem paralelos entre os mau produto estrangeiro versus a cultura, a liber-
artistas, testar linguagens, incentivar eventuais intérpretes apenas Egberto e o vasto percusionis- sambistas de sua geração. Ainda na área autoral dade de criar de um povo desapoiado por quase
inovadores musicais? Poder-se, por exemplo. Ia pernambucano, radicado na Europa, Naná (mas agora cantando inclusive sambas de Car- tudo e todos, inclusive por uma economia pe-
falar - como se falou, em alguns artigos de '.'asconceltos. Da bossa-nova ao xote, de '.illa. tola) outra confirmação: "Eu Canto", de Fagner riclitante. Resta aguardar o desenrolar de 79 para
críticos dos mais responsáveis - em recesso pas- Lobos à música dos índios do Alto-Xingu, há de traz, de fato, um cantor maduro, sem os fáceis es- saber se, nas dobras da Abertura, há lugar para
sageiro de grandes criadores, como Chico Buar- tudo no disco - como, aliás, na obra recente do tremiliques vocais de discos anteriores; talvez por os que teimam em criar uma arte brasileira -
que e Milton Nascimento: nos LPs "Chico Buar- autor, seguramente o mais bem formado mu- isto, o menos badalado dos seus discos. Sereno, não por acaso localizada no Brasil.
que" e "Clube da Esquina 2" não há, em ver- sicalmente. mais generoso em emoção cristalina. em equilibrado encontro com o acompanhamen-
dade, qualquer passo à frente desses dois abre- dentre os criadores musicais do Brasil atual..
Antônio Chrysóstomo
alas da assim rotulada música da - para - clas-
se média urbana, embora o alto nível dearranjos,
de interpretaçóes, de acabamento industrial dos
dois discos lhes k araivan, já rias 200 nu
Como se não bastasse, em dezembro o mesmo
Egherto voltou à praça com "Nó Caipira", outro
resumo do Brasil-brasileiro, só que desta vez mais
voltado para os eternos - por vezes ternos -
temas populares das pequenas populações do in-
Histórias de Amor
terior do país. Quem quiser sacar, pra valer, a
música brasileira de todas as épocas e regiões
deve escutar, urgente, estes dois discos - mas
com cuidados auditivos à altura do que é apresen-
tado. Nada, na mistura popular-erudita. Darcy Penteado, João Silvério Trevisan, .Gasparino Damata
contemporânea de Egherto, se aproxima os
preconceitos e situações, a música brasileira se e Aguinaldo Silva abordam, juntos, um tema delicado: o amor
resume, se resumiu ou se resumirá às formm do entre pessoas do mesmo sexo. Aguardem, em maio, o pri-
maxixe, do haião, do samba carioca, da modinha meiro lançamento da
mineira, do choro, e assim por diante.
Por falar em choro, 78 serviu ao talento
inovador de bel Nascimento que, com o seu
"Pássaro", mostrou que, além de grande han-
dolinista, sabe também mexer com a harmonia,
com a divisão melódica do choro, sem lhe alterar a
essência. Ainda q1anto a discos de compositores.
houve três estréias tardias, contudo, por isso
mesmo, de perfeita concepção, produção e fi-
Esquina Editora'
nalização do produto, que foram os primeiros
LPs solos de João de Aquino ("Terreiro Grande", Com o selo de LAMPIÃO
reluzente de negritude. embora não necessa-
LAMPIÃO da Esquina
riamente preso a qualquer das estruturas mu- u-
Pa (3
** Centro de Documentação
APPAD ir'
da parada da dist'rsidrid'
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Pagina 14
LAMPIÃO da Esquina
** Centro de Documentação
APPAD Prof. Dr. Luiz Mott
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GRUPODIGNIDADE
CARTAS
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LAM'7ÃO dei iqa PA1Iaa IS
**
Centro de Documentação
Q
porque, sente-se vazia, sem vontade de prosse- O Estranho Hábito de Viver, lançado sua retirada de cena. Sala no momento exato.
guir. De repente, a impressio de ter sido iludida, - . Sempre soubera sair, antes que as Luzes apagas-
explorada, abandonada. Toninho não voltará. recentemente pela Editora Record, e no
sem. Não seria agora que iria acovardar-se.
Alguma coisa lhe diz que o perdeu. Nunca falou qual o autor de Lúcio Flávio, o Passageiro Deteve-se em fotografias com amigasquejá havia
daquele jeito e muito menos na lanchonete, com da Agonia retoma a sua linha flcdonal, esquecido, teve vontade de rir. Como era inve-
todo mundo ouvindo. Simplesmente tentou brin- embora sempre de olho na realidade. jada, como era querida. Nos restaurantes que
car, ser afetuosa, ele não compreendeu. -. freqüentava tinha mesa cativa. Depois de umas
Olha o teto sombrio, conclui que sua vida era . Homossexuala,jrostltutai, policiais
frustados ou corrupto., crimes, desamor: tantas horas os garçons encostavam as cadeiras,
um amontoado de incompreenslo. Cada dia um colocavam a plaquinha: 'reservado". Quando
desgaste, uma decepçlo. Se Toninho achava estar O Estranho lIbkide ETver, seguissio chegava era aquela festa. Os olhares concen-
preocupada apenas com sexo, enganava-se E não Louzeiro, nio é propriamente uma histá - trados nela. Marlene no auge. Vinte e dois anos,
lhe dava dinheiro simplesmente para que a satis-
fizesse. Queria que se gostassem, que um sentisse " á. de delinqüentes. "Eu preferia considerá-lo as noticias a seu respeito provocando escândalos.
como o livro dos que foram levados a Uma revista publicou as fotos e as declarações.
falta do outro, cada manhã surgisse como uma - - No dia seguinte o arcebispo rebateu-as, lembran-
descoberta e uma esperança. A principio, esteve delinquir, e de todos os outros afundados do a moral da família cristA. O teatro lotou e
certa de que correspondia. Mesmo um tanto gros- no marginalismo determinado por Id", diz havia mais gente de pé do que sentada. Entrou no
seiro, sem instrução, chegou a imaginar que se - .lsow com o pé direito. Depois da noite de estréia,
f
entenderiam. E como fez planos, baseada nessa em todas as outras a afluência foi a mesma.
possibilidade. Fot. de Ednai'. Tas.ns
Afinal, por que a prevençio com o homosse-
Agora, neste principio de madrugada, ouvin- xualismo? Quem eram eles para se atrever?
do músicas nostálgicas no rádio de pilhas, tem Quem era o senhor bispo? Ou precisava dizer que
certeza de que fora tudo em vão. Tremenda de- José Louzeiro
até o vice-prefeito a procurou uma vez, no ca
cepçio. Vinha sentindo isso há meses, não queria com ele. O motorista, sem dizer coisa alguma, to. Depois de vestida. Parècla outr. As co- me-rim, a fim de que fossem para um hotel. Como
acreditar. Tornava-se cada ver mais claro que presenciava a cena, esperando o momento de nhecidas faziam provocações , acusavam Marlene o tempo passa. Os amigos mais Intimo., acusan-
Toninho só a procurava por causa do dinheiro. Os fechar a porta. João Carlos tanto insistiu, tanto de estar descabaçando um anjo. Ela sorria com do-a de esbanjamento. Que sentido faria guardar
raros momentos em que ficavam juntos, era uma puxou Marlene pelo braço, que ela terminou in- certo orgulho. Tou criando ele a meu gosto. o dinheiro, se não se pode guardar a juventude? O
espécie de concesxlo da parte dele. Na verdade, do. Que noite estranhal O Mercedes subindo Quando crescer, silo pode reclamar minhas vice-prefeito saiu acabrunhado com a recusa.
não passavam de dois estranhos, estirados na suavemente o arrampado da casa na Barra, João exigências. Isso foi há quatro anos. Passado esse Pobrezinho. E como Lutou para chegar ao ca-
mesma cama, falando Línguas diferentes. período as coisas começaram a se complicar. marim. Foi preciso subornar uns dois ou três fun-
Os olhos se enchem de lágrimas, deixa que es- Carlos e ela no elevador atapetado.
- Quem mora com vocé? Toninho sempre exigindo mais dinheiro, dando cionários. Marlene fecha o álbum, os olhos con-
corram pelo rosto. Chora por Toninho e pelas João Carlos ria, sacudia os braços. As pa- menos amor. Num determinado momento o tinuam rasos d'água. Nio era apenas de si, e sim,
tantas decepções já vividas: Artur, Inaldo, Joáo relacionamento parecia mera troca comercial. do tempo, das coisas, das pessoas que já não exis-
,Carlos. Henrique, Santini. Onde andariam? Que lavras eram vagas, sem sentido. Marlene não en-
tendia. Saíram no corredor de piso reluzente, Vou contigo se me der quinhentos. Fico contigo se tiam. Do Teatro de Revista que desapareceri'. das
mentiras contaram a outras bichas ou Às mu- me der mil. Marlene aceitava mas não gostava, O luzes que se apagaram para sempre. m0
lheres? Marlene sente-se tio amargurada, que chegaram ao salão de móveis de couro e pés
niquelados, limpadas sofisticadas e baixas, João garoto se tornara exatamente o contrário do que apreciaria ter tido oportunidade de falar daqueLs
tem vontade de rir, Corno João Carlos mentia imaginava. Nos dias de folga convidava -o oara ir coisas com Toninhr! impossível. Estava voltado
jol. Como Saiitinl era pouco intelite. [agido,
Carlos tu'Ml to armário de vidro a garrafa de uis-
que es- 'is, pegou com diflcuLcLte dois copos, a' cinema,'ad teatro, ele desconversava. Marlene unicamente para o que via e queria ter. Nada de
o egofimo co'. 1 Henrique, senre queren- sabia: não gostiva de ser visto ao seu lado. Tinha conversas, muito menos de lembranças.
do, mais coisas e se preocupando em que Marlene Marlene querendo recusar, ele insistindo. Vai ter
de beber comigo porque fio se tem nada melhor vergonha. Procurava convenoã-lo. Ali, na Zona - £ romântica. Vive com besteira na cabeça.
conseguisse funções mais rendosas. Artur, Sul, cada um vivia sua vida, ninguém se inco- Não iria compreender jamais. Os tempos são
provavelmente por ser o mais feio, era também o a fazer. Depois, pode olhar a casa, Moro sozinho
com uma empregada maluca e esse motorista que modava com ningifém. Toninho não aceitava. E. outros, temos de admitir; as pessoas estio tocadas
mais sensato. Por que nio foi mais paciente com geralmente, após as contrariedades, passava pelo germe do consumismo. Nio há pausa para
Artur? Vivia um tempo em que se sentia do- não fala nada. Ê uma sombra me acompanhan-
do. semanas sem aparecer. Vinha exatamente quan- reflexão. Só dinheiro interessa e quem mais tem
minadora. Marlene nos jornais por causa doa do estava necessitando de dinheiro. Nunca mais quer. Abre o envelope, na mesma caixa onde
hormônios nos selos, Marleste dos cabelos louros Para não irritar ainda mais João Carlos,
Marlene aceitou o uísque, põe-se a beber, o moço aparecia para Lhe oferecer qualquer coisa, sempre estava o álbum, de dentro dele saem algumas
no Teatro de Revista. Uma fase passageira e para pedir. Marlene com a sensação de que mur- fotografias tiradas na rua. Numa delas aparece
brilhante. Onde andaria Artur? Teria mesmo está inquieto, liga o ar refrigerado, a noite é de
profundo silêncio. Após alguns momentos chava interiormente. Toda sua satisfação, seu com Toninho. O verdadeiro Toninho. Quando
casado com a dona gorducha, a que tinha bigodes amor, o sentimento de solidariedade estavam ainda estava todo esfarelado, sapatos se rasgan-
e um bom emprego na Caixa Econômica? Difícil Marlene se encoraja, faz uma indagação corri-
queira, mais para ter o que dizer. acabando. E. por mais que se esforçasse, passou a do. Calça de brim ordinário, encolhida, uma
saber. Todos se foram, nada deixaram. Só ia- sentir-se a pessoa mais pobre do mundo, a mais camisinha de tricoline fora da moda. Um dos
varam. - Ora, bebo como quem vai Às compras,
como quem freqt?enta praia ou tem amantes. desamparada, mais infeliz. Por que enganar-se primeiros encontros. Rosto magro, cabelo liso
Pega o espelho, acende a limpada de cabe- Qu ando cansar disso, vou fazer um estágio nas tanto e tantos anos, numa busca desesperada e caldo na testa, um sorriso de quem não dizia coisa
ceira, olha os pés de galinha se formando ao redor drogas. inútil? Sentia - se exausta, sem a mlnüna possi- nenhuma. Desde o principio sabia bem com
dos olhos, covas nas bochechas. Em breve neces- - Easaúde? bilidade de prosseguir. Depois de Toninho não quem estava lidando, mas nunca tivera a preo-
sitaria de uma operação plástica. Isso custava - Saúde? Pro interno com saúde! teria mais coragem de recomeçar. cupação de modificar-lhe o caráter. Fecha a
dinheiro e pelo menos uns dez dias numa boa Acha graça. João Carlos tambem sorri. Atira- Há pouco tempo encontrou inaido. Fez que caixa, procurá em outra gaveta o pedaço de
clinica. Sabia como os médicos exploravam, se no almofadão, sobre espesso tapete, puxa-a. nio a reconheceu. Estava no volante do carro es- papel, a caneta. Tem vontade de rir, pois tinha
quando se tratava de um homossexual. Para a Marlene entende as intenções do moço, aflige-se. porte, ao lado da mulher branqueia e o cio de uma amiga que costumava dizer: suicida que não
mulher gil-fina era um preço, para qualquer um Só agora começava a perceber e riAo teria como raça. Marlene passou indignada. Quanta roupa deixa bilhete fio é suicida. Ela ruo deixaria. Es-
deles o dobro. Por que essa prevenção? Qual a enfrentá-lo. Se era aquilo que estava pretenden- dera Àquele sem-vergonha e quanto prato de creveria apenas uma nota À Sandra. Não era justo
diferença? do, enganara-se. João Carlos põe a tirar as comida. Com Toninho era igual ou até pior. Não que se fosse, sem ao menos um adeus. Mas fio
Solta o espelho, apaga a limpada. A música roupas, abraça-se com Marlene. esperava mais nada dele. Devia contar ou não começaria pela lengalenga. Abordaria em pri-
no rádio é melancólica, j'elemhra um tempo lon- - Não fica com pena de mim. Faz como se 'com suas próprias forças? Eis um momento meiro lugar a questão do aluguel, do dinheiro que
g1nqo. Marlene recusa-se a admitir mas, pouco tivesse com raiva. decisivo. Estava. Estava necessitando daquela ainda tinha no banco, do cheque no nome de
a pouco, vai sentindo que a velhice chegou. E, em Recordando essas coisas, tanto tempo depois, análise há muito tempo. Poucas vezes parara para Sandra Duarte. Com ele poderia pagar o mês
nós, é duplamente desastrosa. Arruina o corpo, ainda sente um arrepio percorrendo-lhe o corpo. refletir sobre sua própria condiçãoe o fazia no vencido e o seguinte, até encontrar outra par-
esvazia a mente. Por isso já fio linha sonhos, fio João Carlos se enganara ou ela era a enganada? momento certo. As conclusões - ohl as con- ceira. Na última linha, sim, a tentativa de ex-
fazia projetos. Sem sentir, foi se degradando. Como fora boba. Como se deixara assustavpor ciiusões - eram as piores possíveis. Mas, soman- plicação, sem que parecesse queixume.
Deixou o teatro por causa de um contrato no aquele casarão com tudo que havia de bom e do do prós e contras, não tinha nada do que se ar- "Cada um de nós tem o momento certo de
cinema. Terminado o primeiro filme fio con- melhor. Nos outros encontros entenderia repender. Chegara aos 46, coisa que na verdade parar. O meu chegou. Se alguém me procurar,
seguiu outro, os contratos foram desaparecendo. moço era homossexual perfeito, completo. AI, jamais pudera supor. Muitas outras tombaram diga que viajei. Parti com minha própria sombra.
Um belo dia estava necessitando de trabalho. quem passou a criar problemas foi Marlene. antes, numa luta desigual. E a maioria em ah- Um beijo. Marlene".
Passou dois anos num salio de manicura, o di- Quando terminava a vez de João Carlos' e ele soluta covardia. Abria os jornais, lá estava:
homossexual morto na cama; homossexual es- Põe o papel perto da luz, lê calmamente. Não
nheiro sem dar para coisa alguma. Ai conheceu exigia sua participação Marlene fraquejava. Por
mais que se esforçasse, silo conseguia. Por isso, trangulado no apartamento, no iate. Felizmente acredita tenha esquecido de nada, pois nada
Artur. Quase fio tinha nada a oferecer-lhe.
quantas vezes fora espancadal Onde andaria estava ali, recapitulando o tempo que se fora, e tinha a enumerar. Talvez merecesse apenas um
Quando se deu com Inaldo, estava como garçom
não tinha queixas quanto a violências. Sempre PS. Pega novamente o papel, coloca-o sobre a
no restaurante de luxo. A principio, como se sen- aquele maluco? Teria resolvido seu problema, ou
soubera evitar os sádicos e os masoquistas. Qu an revista, escreve: "Toda minha roupa, que por
tiu envergonhadal O que mais temia era, de ainda estava complicado? Tão rico, tio bonito e
programas recusara, exatamente para não se-tos sinal não é muita, pode enfiar num saco, dar ao
repente, servir numa mesa onde houvesse velhos terrivelmente desesperado. Com Toninho os
arriscar. Escapou pra qué? Pra ficar mirando-se primeiro pedinte."
conhecidos dos tempos artísticos. Se isso acon- problemas iniciais foram poucos. A principio
no espelho e vendo a velhice chegar? Nada disso, Suspende de um lado a colcha, enfia por baixo
tecesse, fio saberia o que dizer; como levar a apesas um garoto assustado, maltrapilho, com
o bilhete e a revista. Torna a cobrir. Olha o re-
coisa na brincadeira. No restaurante deu sorte. umavontade louca de comer. Parava na lan- Teria algo mais a fizer. Seria uma demonstração
total de renúncia e desprendimento. lógio, vê que ainda é tarde. Levantaria a Incora
Passou a ter dinheiro, dispunha do dia todo para chosete, devorava dois hamburgueses, tomava
Teve seu tempo. Bem poucos poderiam or- do seu veleiro quando estivesse para amanhecer.
dormir. Certa madrugada, quando a freguesia dois socos de laranja dos grandes. De noite
gulhar - se disso. Abre a gaveta, tira o álbum. Lá Há muito tempo silo via o amanhecer e aquele
havia saldo, ficou apenas o moço emborcado na aparecia no apartamento. Marlene dava as in-
çstavam as fotos das mil e uma noites. A pas- seria especial por ser o último. Além disso teria
mesa. Os outros garçons se recusaram a ajudar. dicações: faça primeiro assim, depois assado,
sarela luminosa, o público em desvario, fotó- uma outra irnportlncia: seria um pouco antes de
Mandaram que Marlene falasse com o mare. Deixava-se conduzir. Nos meses seguintes passou Sandra aparecer. Talvez isso a livrasse de maiores
Pouco depois ela sairia conduzindo o moço. No a exigir coisas e tinha razão. As roupas estavam se grafos brigando para conseguir os melhores Lii.
gulos, mesas de famosos bares repletas de problemas. Coitada! Cansada de uma noite de
estacionamento, a primeira surpresa: havia um acabando, os sapatos eram uma vergonha. Um
amigos. Desde o entardecer, os nomes cercados sucessivas entregas e ainda ter de aturar uma
Mercedes branco, com motorista particular. João dia saiu com ele, fez compras. Toninho cortou os
de luzes no grande painel cobrindo a fachada do bicha suicida.
Carlos parecia ter melhorado, insistia que fosse cabelos, tomou banho, trocou-se no apartamento.
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Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE