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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA

FACULDADE DE MEDICINA

BIANCA BRINQUES DA SILVA


CAROLINA BUENO LUZARDO
SHERON AMANDA PRILL

HISTOBOOK

CANOAS – RS
DEZEMBRO DE 2018
BIANCA BRINQUES DA SILVA
CAROLINA BUENO LUZARDO
SHERON AMANDA PRILL

HISTOBOOK

Trabalho apresentado à disciplina de


Morfologia Aplicada I com ênfase em Histologia
Humana.

ORIENTADORA: PROFESSORA LÍGIA RITA PONS

CANOAS – RS
DEZEMBRO DE 2018

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................5
2. TECIDO EPITELIAL..........................................................................................6
2.1 TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO..................................................7
2.1.1 Traqueia.............................................................................................8
2.1.2 Epidídimo.........................................................................................10
2.1.3 Pele..................................................................................................12
2.1.3.1 Pele Fina...............................................................................12
2.1.3.2 Pele Grossa...........................................................................13
2.1.4 Ovário..............................................................................................15
2.1.5 Bexiga..............................................................................................17
2.1.6 Intestino Grosso...............................................................................19
2.2 TECIDO EPITELIAL DE SECREÇÃO........................................................21
2.2.1 Tireoide............................................................................................22
2.2.2 Paratireoide.....................................................................................24
2.2.3 Língua..............................................................................................26
2.2.4 Glândula Sudorípara........................................................................28
2.2.4.1 Glândula Sudorípara Merócrina............................................28
2.2.4.2 Glândula Sudorípara Apócrina..............................................29
2.2.5 Glândula Sebácea...........................................................................31
3. TECIDO CONJUNTIVO...................................................................................32
3.1 CORDÃO UMBILICAL...............................................................................34
3.2 TECIDO ADIPOSO....................................................................................36
3.2.1 Tecido Adiposo Amarelo..................................................................36
3.2.2 Tecido Adiposo Pardo......................................................................37
3.3 TENDÃO....................................................................................................39
3.4 TECIDO CARTILAGINOSO.......................................................................41
3.4.1 Cartilagem Hialina............................................................................41
3.4.2 Cartilagem Elástica..........................................................................42
3.5 TECIDO ÓSSEO........................................................................................44
4. TECIDO SANGUÍNEO.....................................................................................46
4.1 HEMÁCIAS................................................................................................47
4.2 LEUCÓCITOS...........................................................................................49
4.2.1 Neutrófilos........................................................................................49

3
4.2.2 Eosinófilos.......................................................................................50
4.2.3 Basófilos..........................................................................................50
4.2.4 Linfócitos..........................................................................................50
4.2.5 Monócitos........................................................................................51
4.3 PLAQUETAS.............................................................................................53
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................54

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1. INTRODUÇÃO
A realização deste trabalho, o Histobook, foi proposto pela professora Lígia da
disciplina de Histologia Humana de Morfologia Aplicada I. Semanalmente, durante as
aulas práticas, estudamos os tecidos humanos e seus respectivos componentes
através de lâminas histológicas coradas, majoritariamente, por Hematoxilina e Eosina
(HE). Neste trabalho, apresentamos fotomicrografias associadas a uma pesquisa
teórica sobre os tecidos estudados em aula e suas principais características.

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2. TECIDO EPITELIAL
O tecido epitelial é formado por células que revestem superfícies e que
secretram moléculas, tendo pouca matriz extracelular (MEC).
Funções de tecido epitelial: revestimento de superfícies internas ou externas
dos órgãos ou do corpo; proteção, absorção de íons e de moléculas, percepção de
estímulos; secreção.
Os epitélios são constituídos por células poliédricas, ou seja, células com
muitas faces, formando folhetos ou aglomerados tridimensionais. As células são
justapostas com pouca substância extracelular entre elas. As células aderem-se umas
às outras por junções intercelulares. A forma dos núcleos acompanha a forma das
células. As células cuboides costumam ter núcleos esféricos e as células
pavimentosas têm núcleos achatados.
Abaixo da camada de células epiteliais, encontramos a lâmina basal, uma
estrutura acelular subjacente que é secretada pelas células epiteliais e que faz a
divisão entre o tecido epitelial e o tecido conjuntivo subjacente. A lâmina basal e a
camada subjacente fibrorreticular formam a membrana basal.
Todos os epitélios estão apoiados sobre o tecido conjuntivo, o qual faz sua
sustentação e sua nutrição, visto que o tecido epitelial é desprovido de vascularização.

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2.1 TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO
Nos epitélios de revestimento, as células se dispõem em folhetos que cobrem
a superfície externa do corpo ou que revestem as cavidades internas, as grandes
cavidades do corpo, o lúmen dos vasos sanguíneos, o lúmen de todos os órgãos ocos
e de tubos de diversos calibres.
O epitélio simples é formado por apenas uma camada de células. O epitélio
simples pavimentoso / achatado é formado por células achatadas com núcleos
alongados, pode ser classificado em endotélio, quando reveste o lúmen dos vasos
sanguíneos e linfáticos, ou em mesotélio, quando reveste as cavidades pleural,
pericárdio e peritoneal. No epitélio simples cúbico, as células são cuboides e os
núcleos são arredondado, sendo encontrado na superfície do ovário e formando a
parede de pequenos ductos excretores de muitas glândulas. O epitélio simples
prismático / colunar / cilíndrico possui células alongadas, constituindo o revestimento
o lúmen do intestino e da vesícula biliar.
O epitélio estratificado é formado por mais de uma camada de células. O
epitélio estratificado cúbico é encontrado em curtos trechos de ductos excretores de
glândulas e o epitélio estratificado prismático é encontrado na conjuntiva do olho. O
epitélio estratificado pavimentoso é subdividido em não queratinizado, quando reveste
cavidades úmidas que estão sujeitas a atrito e a forças mecânicas, e em
queratinizado, quando é encontrado em superfícies secas, como a pele, visto que as
células das camadas mais superficiais morrem e seu citoplasma é ocupado por
queratina. O epitélio estratificado de transição reveste a bexiga urinária, o ureter e a
porção inicial da uretra, a forma das células varia conforme o estado de distensão ou
de relaxamento do órgão.
O epitélio pseudoestratificado é formado por apenas uma camada de células
com núcleos em diferentes alturas.

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2.1.1 Traqueia
A traqueia é classificada como tecido epitelial pseudoestratificado cilíndrico
ciliado.
A traqueia faz parte do sistema respiratório, tendo como função de conduzir o
ar inspirado até os pulmões. É um órgão tubular, cartilaginoso e cilíndrico que mede
em torno de 10 a 15 cm de comprimento.
A parte interna da traqueia possui cílios e muco, que umedece e que purifica o
ar antes de levá-lo aos pulmões, protegendo contra a entrada de poluentes e
microrganismos no corpo.
A traqueia possui apenas uma camada de células, que apresenta núcleos em
diferentes alturas. Apresenta também cílios que são constituídos de axonema e de
corpúsculo basal. O axonema é formado pela união de microtúbulos, sendo a estrutura
contrátil dos flagelos e cílios. O corpúsculo basal está presente na base do cílio, sendo
responsável pela polimerização e estabilidade do axonema.
A correlação clínica mais comum relacionada com a traqueia é o melanoma de
pele, crescimento anormal e descontrolado das células que compõe a pele.
TRAQUEIA
32x
CORANTE HE

ESÔFAGO
CARTILAGEM
HIALINA

LÚMEN
TECIDO EPITELIAL
PSEUDOESTRATIFICADO TECIDO MUSCULAR
CILÍNDRICO CILIADO

TECIDO
CONJUNTIVO

8
TRAQUEIA
400x
CORANTE HE

CÍLIOS

CORPÚSCULO
AXONEMA
BASAL
TECIDO EPITELIAL
PSEUDOESTRATIFICADO
CILÍNDRICO CILIADO

9
2.1.2 Epidídimo
O epidídimo é classificado como um tecido epitelial pseudoestratificado
cilíndrico estereociliado.
O epidídimo consiste em um delgado ducto (cabeça, corpo e cauda) com
aproximadamente 4 a 6 m de comprimento, altamente contorcido, dobrado em um
espaço de somente 7 cm de comprimento, responsável pela coleta e armazenamento
dos espermatozoides.
Situa-se posteriormente ao testículo, no interior do saco escrotal. Quando os
gametas masculinos saem da rede testicular, através de 10 a 20 túbulos curtos,
conhecidos como ductos deferentes, estes acabam fundindo-se com o epidídimo. A
porção distal da cauda, local onde fica armazenado espermatozoide por um breve
período de tempo, perde as convoluções e se continua com o ducto deferente.
O ducto do epidídimo é formado por um epitélio colunar pseudoestratificado
que é composto por células colunares, as quais têm a superfície coberta por
estereocílios. Os estereocílios são microvilosidades especializadas cuja estrutura,
citoesqueleto de preenchimento e ancoragem são idênticos ao de uma
microvilosidade comum, no entanto, podem ainda revelar algumas características
distintas. Seu comprimento e seu calibre podem assemelhar-se aos cílios móveis, ou
mostrarem ramificações. Estão presentes em epitélios absortivos e secretores, como
o do epidídimo e o canal deferente do sistema reprodutor masculino. O epitélio do
epidídimo também participa da absorção e digestão dos corpos residuais das
espermátides, eliminados durante a espermatogênese.

10
EPIDÍDIMO
40x
CORANTE HE

EPIDÍDIMO

TESTÍCULO

EPIDÍDIMO
100x
CORANTE HE

TECIDO EPITELIAL
PSEUDOESTRATIFICADO
CILÍNDRICO
ESTEREOCILIADO

ESPERMATOZÓIDES

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2.1.3 Pele
A pele é classificada como tecido epitelial estratificado achatado queratinizado.
A pele é o maior órgão do corpo humano. É formado por três camadas: a
epiderme, a derme e a hipoderme. A epiderme é a camada mais externa e avascular,
suas células mais abundantes são os queratinócitos, mas também há presença de
melanócitos, de células de Langerhans e de células de Merkel. A derme é formada
por tecido conjuntivo com fibras de elastina e de colágeno, apresenta vascularização
e une a pele ao tecido subcutâneo. A hipoderme é a camada mais profunda, é formada
por tecido conjuntivo frouxo, envolve os adipócitos e une de maneira firme a derme
aos órgãos subjacentes.
Principais funções da pele: proteção contra o atrito, perda de água, invasão de
microrganismos e a radiação ultravioleta do sol, percepção sensorial e síntese e
armazenamento de vitamina D.
A camada basal da pele é uma camada germinativa com intensa atividade
mitótica, sendo responsável pela renovação constante das células da epiderme. A
camada córnea é formada por células anucleadas sem organelas e com citoplasma
preenchido por queratina.
A pele contém papilas dérmicas, que são saliências que acompanham as
reentrâncias da epiderme, fornecendo maior adesão.

2.1.3.1 Pele Fina


A pele fina é classificada como tecido epitelial estratificado achatado pouco
queratinizado.
Tecido encontrado, principalmente, na pálpebra.
O crescimento anormal e descontrolado das células que compõe a pele fina é
a correlação clínica mais comum, sendo conhecida como melanoma de pele.

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PELE FINA
40x
CORANTE HE

TECIDO EPITELIAL
TECIDO
ESTRATIFICADO
CONJUNTIVO
ACHATADO POUCO
(DERME)
QUERATINIZADO
(EPIDERME)

GLÂNDULA
SEBÁCEA

PELE FINA
400x
CORANTE HE CAMADA CÓRNEA

TECIDO EPITELIAL
ESTRATIFICADO
ACHATADO POUCO
QUERATINIZADO
(EPIDERME) TECIDO
CONJUNTIVO
(DERME)

2.1.3.2 Pele Grossa


A pele grossa é classificada como tecido epitelial estratificado achatado
queratinizado.
A pele grossa possui desmossomos, que são junções de adesão em forma de
discos na superfície celular.
Tecido encontrado, principalmente, em superfícies ao atrito, como os pés.

13
A psoríase é a correlação clínica mais comum, essa provoca manchas na pele
grossa.
PELE GROSSA
32x
CORANTE HE
TECIDO EPITELIAL
PLURIESTRATIFICADO
ACHATADO
CORNIFICADO
(EPIDERME)

CAMADA CÓRNEA CAMADA BASAL

PAPILAS
DÉRMICAS

TECIDO CONJUNTIVO
(DERME)

PELE GROSSA
400x
CORANTE HE

CAMADA CÓRNEA

DESMOSSOMO

TECIDO EPITELIAL
PLURIESTRATIFICADO
ACHATADO
CORNIFICADO
(EPIDERME)

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2.1.4 Ovário
O ovário é classificado como tecido epitelial uniestratificado cúbico.
Os ovários são glândulas endócrinas do sistema reprodutor feminino. São
responsáveis pela produção de células germinativas (ovócitos), além de atuarem na
regulação hormonal, através da produção dos hormônios sexuais estrogênio e
progesterona.
O ovário é dividido em medula de tecido conjuntivo frouxo vascularizado e em
córtex, constituído por estroma de tecido conjuntivo que contém os folículos ovarianos.
É revestido por tecido epitelial uniestratificado cúbico.
As correlações clínicas mais comum são a gravidez ectópica, acúmulo de pus
na tuba uterina, e a síndrome do ovário policístico, distúrbio que interfere no processo
normal da ovulação.
OVÁRIO
40x
CORANTE HE

TUBA UTERINA

FOLÍCULOS
OVARIANOS

OVÁRIO

15
OVÁRIO
400X
CORANTE HE

TECIDO EPITELIAL
UNIESTRATIFICADO
CÚBICO

16
2.1.5 Bexiga
A bexiga é classificada como um tecido epitelial estratificado de transição.
A bexiga urinária é um órgão do sistema urinário localizada na cavidade pélvica.
Nos homens, ela está localizada diretamente na frente do reto. Já nas mulheres, está
situada abaixo do útero e na frente da vagina.
A bexiga, um órgão oco e muscular, possui a importante função de armazenar
a urina, gerada pelos rins, até ela ser expelida pelo processo de micção. Num adulto,
possui a capacidade de armazenar entre 650 e 800 mililitros de urina. Essa
capacidade de armazenamento é menor nas mulheres, pois o útero fica num espaço
acima dela. Seu formato depende muito da quantidade de urina que está
armazenando. Quando vazia, a membrana se dobra nas regiões delgadas, e as placas
espessas se invaginam e se enrolam, formando vesículas fusiformes, que
permanecem próximo a superfície celular. Ao se encher novamente, sua parede se
distende e ocorre um processo inverso, com transformação das vesículas
citoplasmáticas fusiformes em placas que se inserem na membrana, aumentando a
superfície das células.
É formada pelo epitélio de transição que possui um epitélio estratificado
formado por várias camadas de células esféricas / poliédricas, as quais possuem
capacidade de se rearranjar nos diferentes estados de preenchimento da bexiga.
Quando a bexiga está vazia ou com pouca urina, o epitélio é mais alto e formado por
maior número de camadas. Quando a bexiga contém muita urina, as células epiteliais
se rearranjam, o número de camadas pode diminuir, o epitélio fica mais delgado e as
células superficiais se tornam mais achatadas.
A patologia mais comum associada à bexiga é a cistite intersticial, que é uma
doença crônica caracterizada pela irritação ou inflamação da parede da bexiga,
podendo deixar cicatrizes e provocar espessamento da sua parede.

17
BEXIGA
40x
CORANTE HE

CÉLULAS
DESCAMANTES

TECIDO EPITELIAL LÚMEN


ESTRATIFICADO
DE TRANSIÇÃO

BEXIGA
400x
CORANTE HE

CÉLULAS GLOBOSAS
(BEXIGA VAZIA)

TECIDO EPITELIAL
ESTRATIFICADO
DE TRANSIÇÃO

TECIDO
CONJUNTIVO
(LÂMINA PRÓPRIA)

18
2.1.6 Intestino Grosso
O intestino grosso é classificado como tecido epitelial uniestratificado cilíndrico.
O intestino grosso é um órgão do sistema sigestório, sendo o local da absorção
de água, dos alimentos ingeridos e de alguns nutrientes, que não foram absorvidos
no intestino delgado. Além disso, é responsável pela fermentação, pela formação de
massa fecal e pela produção de muco.
Apresenta células caliciformes, que secretam muco, sobre uma lâmina própria
de tecido conjuntivo frouxo, contendo criptas de Lieberküh / criptas intestinais, que
são glândulas tubulares simples encontradas entre as vilosidades da parede do
intestino e que secretam diversas enzimas.
As correlações clínicas relacionadas ao intestino grosso são a doença de
Crohn, a diverticulite do colón e a colite ulcerosa.
INTESTINO GROSSO
40x
CORANTE HE

TECIDO EPITELIAL
UNIESTRATIFICADO
CILÍNDRICO

19
INTESTINO GROSSO
400x
CORANTE HE TECIDO
MUSCULAR

TECIDO
CONJUNTIVO

CÉLULA
CALICIFORME

CRIPTA

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2.2 TECIDO EPITELIAL DE SECREÇÃO
Os epitélios glandulares são constituídos por células especializadas na
secreção. As células epiteliais podem sintetizar, armazenar e eliminar proteínas,
lipídios ou complexos de carboidratos e de proteínas. As moléculas a serem
secretadas são armazenadas nas células em pequenas vesículas envolvidas por uma
membrana, chamada grânulos de secreção.
O termo glândula designa agregados multicelulares maiores e mais complexos
de células epiteliais glandulares. As glândulas são formadas a partir de epitélios de
revestimento cujas células proliferaram e invadiram o tecido conjuntivo subjacente.
As glândulas exócrinas mantêm sua conexão com o epitélio do qual se
originaram. Essa conexão forma ductos tubulares. As secreções são eliminadas,
alcançando a superfície do corpo ou uma cavidade.
As glândulas endócrinas perdem a conexão com o epitélio, ou seja, não
possuem ductos. Suas secreções são lançadas no sangue e transportadas ao seu
local de ação pela corrente sanguínea.

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2.2.1 Tireoide
A tireoide é classificada como uma glândula endócrina vesicular.
A tireoide localiza-se na base do pescoço, em ambos os lados da parte inferior
da laringe e da parte superior da traqueia. A glândula está unida pelo istmo, localizado
adiante da traqueia e apresenta coloração pardo-avermelhada e consistência mole.
Secreta hormônios, tais como T3, T4 e calcitonina, que desempenham papel
fundamental na homeostase do organismo humano. A secreção tireoidiana envolve a
reabsorção do coloide (hormônio) na luz folicular, sua liberação no espaço extracelular
circundante e subsequente difusão para a rede de capilares que circunda cada
folículo.
É formada pelo tecido epitelial glandular endócrino vesicular. É uma glândula
endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da
traqueia) unidos por um feixe de tecido delgado. As glândulas endócrinas não têm
ductos e suas secreções são lançadas no sangue e transportadas para o seu local de
ação pela circulação sanguínea. No caso da glândula tireoide, as células formam
vesículas preenchidas do material chamado de coloide.
As correlações clínicas são o hipotireoidismo, que ocorre quando a tireoide está
produzindo menos T3 e T4 do que o normal, ou seja, deixa o metabolismo lento, e o
hipertireoidismo, que ocorre quando a tireoide está produzindo mais T3 e T4 que o
normal, ou seja, deixa o metabolismo rápido.
TIREOIDE E PARATIREOIDE
40x
CORANTE HE

TIREOIDE

PARATIREOIDE

22
TIREOIDE
400x
CORANTE HE

COLÓIDE

CÉLULAS
FOLICULARES

GLÂNDULA
TIREOIDIANA
NÃO ROMPIDA

TECIDO EPITELIAL
UNIESTRATIFICADO
CÚBICO

GLÂNDULA ENDÓCRINA
VESICULAR

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2.2.2 Paratireoide
A paratireoide é classificada como uma glândula endócrina cordonal.
A paratireoide é formada por quatro pequenas glândulas, localizadas nos polos
inferiores e superiores da face posterior da glândula tireoide.
Cada glândula paratireoide é envolvida por uma cápsula de tecido conjuntivo,
de onde partem trabéculas para o interior da glândula, as quais são contínuas com as
fibras reticulares que sustentam os grupos de célula secretoras. O parênquima da
paratireoide é formado por células epiteliais adiposas em cordões separados por
capilares sanguíneos.
A paratireoide é a glândula que sintetiza o paratormônio, hormônio responsável
por manter as concentrações de cálcio em equilíbrio no sangue.
O hipoparatireoidismo é a correlação clínica mais comum relacionada à
paratireoide. Essa doença é resultante da falta de produção do paratormônio.
TIREOIDE E PARATIREOIDE
40x
CORANTE HE

TIREOIDE

PARATIREOIDE

24
PARATIREOIDE
400x
CORANTE HE

GLÂNDULAS
PARATIREOIDES

GLÂNDULA
ENDÓCRINA
CORDONAL

GLÂNDULA ENDÓCRINA
CORDONAL

25
2.2.3 Língua
A língua é classificada como tecido epitelial pluriestratificado achatado
cornificado.
A língua é um órgão muscular localizado no assoalho da boca, na qual, uma
parte está situada na cavidade oral e a outra na parte oral da faringe. Além disso, a
língua desempenha um importante papel na deglutição e nas articulações dos sons e
da fala.
A língua é classificada como seromucosa, pois possui glândulas serosas e
glândulas mucosas. A mucosa encontra-se fixada na musculatura, secreta mucina e
possui um citoplasma com vesículas glicoproteicas de muco e Golgi. O núcleo
apresenta-se na região basal e é uma céula rica em retículo endoplasmático granuloso
(REG). A serosa secreta enzimas ou proteínas em forma de substância aquosa. As
células possuem núcleo central e arredondado, além de complexo de Golgi bem
desenvolvido. Possuem também muitas vesículas arredondadas, chamadas de
grânulos de secreção.
Além disso, observa-se as papilas filiformes, que é o tipo de papila mais
frequente na superfície da língua, com um formato cônico e estreito. As papilas
filiformes deixam a língua com uma superfície ácida, facilitando a captação de
alimentos durante a lambedura.
A patologia associada à língua é o edema das glândulas salivares, que pode
ser causada por vírus ou por bactérias, ocasionando inchaço das glândulas salivares
principais.

26
LÍNGUA
40x
CORANTE HE

PAPILAS FILIFORMES

TECIDO EPITELIAL
ESTRATIFICADO
ACHATADO
CORNIFICADO

GLÂNDULA EXÓCRINA
GLÂNDULA EXÓCRINA
COMPOSTA
COMPOSTA
TUBULOALVEOLAR
TUBULOALVEOLAR
MERÓCRINA SEROSA
MERÓCRINA MUCOSA

LÍNGUA
400x
CORANTE HE

GLÂNDULA EXÓCRINA GLÂNDULA EXÓCRINA


COMPOSTA COMPOSTA
TUBULOALVEOLAR TUBULOALVEOLAR
MERÓCRINA MUCOSA MERÓCRINA SEROSA

27
2.2.4 Glândula Sudorípara
As glândulas sudoríparas são membranas especializadas na secreção de um
líquido transparente muito específico, denominado suor, composto, sobretudo, pela
água e pela dissolução de sais e de vários resíduos do metabolismo, que desagua no
exterior. Cada glândula é formada por duas partes: uma situada na profundidade da
pele, que se encarrega da produção do suor, e um fino canal, através do qual a
secreção é transportada para o exterior. Apesar de todas as glândulas sudoríparas
serem muito semelhantes, é possível distinguir dois tipos com estruturas e funções
diferentes: as écrinas / merócrinas e as apócrinas.
As glândulas merócrinas são mais abundantes e distribuídas por todo o corpo,
são constituídas por um glomérulo secretor localizado na hipoderme e por um canal
excretor que atravessa a derme e a epiderme de modo a desaguar as suas secreções
na superfície através de um pequeno poro, imperceptível a olho nu. O produto da
secreção destas glândulas é um líquido aquoso transparente, de gosto salgado e sem
odor.
As glândulas apócrinas são um pouco mais volumosas em relação às glândulas
merócrinas. Como o seu tubo excretor não consegue atingir os poros específicos da
superfície cutânea têm que desaguar num folículo piloso. Estas glândulas existem
apenas em algumas zonas do corpo, como nas axilas e na região genital. A secreção
produzida por estas glândulas é muito diferente do suor elaborado pelas glândulas
écrinas, já que é menos abundante, leitoso ou opalescente e tem um odor mais
intenso.

2.2.4.1 Glândula Sudorípara Merócrina


A glândula sudorípara merócrina é classificada como uma glândula exócrina
simples tubular contorcida merócina.
Nas axilas podemos encontrar glândulas sudoríparas merócrinas que
participam da termorregulação, produzindo suor hipotônico que evapora durante o
calor ou estresse emocional. São bastante numerosas e são encontradas em toda a
pele. O suor secretado por essas glândulas é uma solução extremamente diluída, que
contém pouquíssima proteína, além de sódio, potássio, cloro, ureia, amônia e ácido
úrico. O fluido encontrado no lúmen das glândulas sudoríparas é essencialmente um
ultrafiltrado do plasma sanguíneo, derivado dos abundantes capilares localizados em
volta das porções secretoras. Ao alcançar a superfície da pele, o suor evapora,

28
fazendo com que a temperatura corporal baixe. Os catabólitos encontrados no suor
mostram que as glândulas sudoríparas participam da excreção de substâncias inúteis
para o organismo.
É uma glândula exócrina tubulosa simples enovelada que possui seus ductos
abrindo na superfície da pele. Durante a liberação da secreção, como, por exemplo,
do suor líquido, esse tipo de glândula não perde nenhuma parte celular. A secreção
se dá por exocitose e é um processo rápido e abundante. São muito numerosas e
encontradas em toda a pele, excetuando-se certas regiões, como a glande. São
inervadas por fibras colinérgicas.
GLÂNDULA SUDORÍPARA
MERÓCRINA
400x
CORANTE HE

GLÂNDULA EXÓCRINA
SIMPLES TUBULAR
CONTORCIDA MERÓCRINA

2.2.4.2 Glândula Sudorípara Apócrina


A glândula sudorípara apócrina é classificada como uma glândula exócrina
simples tubular contorcida apócrina.
Estas glândulas apenas existem em algumas zonas do corpo, nas axilas, na
região genital. A secreção produzida por estas glândulas é muito diferente do suor
elaborado pelas glândulas écrinas, já que é menos abundante, leitoso ou opalescente
e tem um odor mais intenso. A secreção dessas glândulas é ligeiramente viscosa e
sem cheiro, mas adquirem um odor desagradável e característico, pela ação das
bactérias da pele. São estimuladas por hormônios sexuais, e, como consequência,
terminam seu desenvolvimento e começam sua excreção na puberdade.

29
Localizada na derme, esse tipo glandular é classificado como apócrina, pois
parte do citoplasma transforma-se em secreção. A parte que se desprende é a mais
apical. Como exemplos, o suor viscoso e as glândulas mamárias. São inervadas por
fibras adrenérgicas.
Uma das patologias associadas à glândula sudorípara apócrina são os cistos
de vulva, que acometem grande parte da população feminina mundial. Eles são
causados pelo acúmulo de material sebáceo (oleoso) em consequência do bloqueio
da glândula sebácea apócrina ou de seu ducto na pele. A hidradenite é outra patologia
que está associada a disfunção da glândula sebácea apócrina. Essa doença consiste
na infecção bacteriana das glândulas sudoríparas apócrinas, gerando obstrução do
ducto glandular com retenção de suor.
GLÂNDULA SUDORÍPARA
APÓCRINA
400x
CORANTE HE

GLÂNDULA EXÓCRINA
SIMPLES TUBULAR
CONTORCIDA APÓCRINA

30
2.2.5 Glândula Sebácea
A glândula sebácea é classificada como uma glândula exócrina ramificada
alveolar holócrina.
A glândula sebácea é considerada um anexo epidérmico, sendo situada na
derme. Os seus ductos desembocam nos folículos pilosos. Em algumas regiões do
corpo, como os lábios, os mamilos e os pequenos lábios da vagina, os ductos abrem-
se direto na superfície da pele. A pele das palmas da mão e das plantas do pé não
possuem glândulas sebáceas.
A atividade da glândula sebácea tem pequena atividade até a puberdade,
quando é estimulada pelos hormônios sexuais.
Devido à formação da secreção resultar na morta das células, a glândula
sebácea é classificada como glândula holócrina. A secreção sebácea é uma mistura
de lipídios, que contém triglicerídeos, ácidos graxos livres, colesterol e ésteres de
colesterol.
As correlações clínicas mais comuns envolvendo a glândula sebácea são a
acne, que ocorre quando qualquer distúrbio no fluxo da secreção sebácea para a
superfície da epiderme provoca uma inflamação crônica nos ductos obstruídos, e o
cisto sebáceo, que é caracterizado como um nódulo de tamanho variável, único ou
múltiplo, de coloração da pele, esbranquiçado ou amarelado.
GLÂNDULA SEBÁCEA
400x
CORANTE HE

GLÂNDULA EXÓCRINA
RAMIFICADA ALVEOLAR
HOLÓCRINA

31
3. TECIDO CONJUNTIVO
Os tecidos conjuntivos são responsáveis pelo estabelecimento e pela
manutenção da forma do corpo.
A matriz extracelular (MEC) conecta as células e os órgãos, sendo o principal
componente do tecido conjuntivo. Essa consiste em diferentes combinações de
proteínas fibrosas e em um conjunto de macromoléculas hidrofílicas e adesivas, que
constituem a substância fundamental. A substância fundamental amorfa (SFA) é um
complexo viscoso e altamente hidrofílico de macromoléculas aniônicas
(glicosaminoglicanos e proteoglicanos) e de glicoproteínas multiadesivas. A MEC
também serve como meio pelo qual os nutrientes e os catabólitos são trocados entre
as células e o suprimento sanguíneo.
Os tecidos conjuntivos originam-se do mesênquima, tecido embrionário
formado por células alongadas, as células mesenquimais, que são células
pluripotentes. São caracterizadas por um núcleo oval com cromatina fina e com
nucléolo proeminente, por muitos prolongamentos citoplasmáticos. As células são
imersas em MEC abundante e viscosa com poucas fibras. O mesênquima origina-se
a partir do mesoderma. As células mesenquimais migram de seu local de origem e
envolvem e penetram os órgãos em desenvolvimento.
Os tecidos conjuntivos apresentam diversos tipos de células com diferentes
origens e funções. Algumas células, como os fibroblastos, têm origem local a partir de
células mesenquimais indiferenciadas e permanecem toda a sua vida no tecido
conjuntivo. Outras células, como os mastócitos, os macrófagos e os plasmócitos,
originam-se de células-tronco hemocitopoiéticas da medula óssea, circulam no
sangue e se movem para o tecido conjuntivo, onde desempenham suas funções. Os
leucócitos também se originam na medula óssea e migram para o tecido conjuntivo,
onde permanecem por poucos dias.
As fibras do tecido conjuntivo são formadas por proteínas que se polimerizam,
formando estruturas alongadas. As fibras colágenas, reticulares e elásticas são as
principais fibras do tecido conjuntivo. As fibras colágenas e as fibras reticulares são
formadas pela proteína colágeno, enquanto as fibras elásticas são compostas pela
proteína elastina. A distribuição desses três tipos de fibras varia em diferentes tipos
de tecidos conjuntivos. As características morfológicas e funcionais dos tecidos
dependem do tipo predominante de fibra presente, que confere as propriedades
específicas ao tecido.

32
Há diversas variedades de tecidos conjuntivos. Seus nomes refletem o
componente predominante ou a organização estrutural do tecido.

33
3.1 CORDÃO UMBILICAL
O cordão umbilical é classificado como tecido conjuntivo embrionário
gelatinoso.
O cordão umbilical é um tecido pluripotente que permite a comunicação do
embrião com a mãe, garantindo os nutrientes e a troca gasosa. Todavia, o tecido
gelatinoso pode ser encontrado, também, na polpa dentária jovem.
O tecido apresenta substância fundamental amorfa (SFA), composta
predominantemente de ácido hialurônico, mas também por glicosaminoglicanos e por
proteoglicanos. Observa-se uma frouxa rede de fibras colágenas arranjadas de modo
desorganizado e aleatório.
CORDÃO UMBILICAL
VISÃO PANORÂMICA
CORANTE HE

34
CORDÃO UMBILICAL
40x
CORANTE HE

ARTÉRIA UMBILICAL

TECIDO GELATINOSO

CORDÃO UMBILICAL
400x
CORANTE HE
SUBSTÂNCIA
FUNDAMENTAL
AMORFA

FIBRAS COLÁGENAS
TIPO I E TIPO III

CÉLULA GELATINOSA

35
3.2 TECIDO ADIPOSO
O tecido adiposo é considerado um órgão difuso de grande atividade
metabólica, além de se classificado como um tecido conjuntivo de sustentação. Cerca
de 20% do peso corporal de uma pessoa adulta normal constitui-se de tecido adiposo,
o que, em consequência, representa uma importante reserva energética. Os lipídios
encontram-se, especialmente, capacitados para armazenar energia, porque tem mais
ligações de energia química por unidade de peso ou de volume do que os hidratos de
carbono e do que as proteínas.
Nos mamíferos, existem dois tipos de tecido adiposo que, entre outras
características, se diferenciam pela cor. São eles: o tecido adiposo amarelo / branco /
unilocular, que representa a maior parte do tecido adiposo no adulto, e o tecido
adiposo pardo / multilocular, presente em grande quantidade nos recém-nascidos.

3.2.1 Tecido Adiposo Amarelo


Sua cor varia entre branco e o amarelo escuro, dependendo da dieta. Essa
coloração deve-se ao acúmulo de carotenos dissolvidos nas gotículas de gordura.
Praticamente, todo o tecido adiposo encontrado em adultos é do tipo unilocular, seu
acúmulo em determinados locais é influenciado pelo sexo e pela idade do indivíduo,
ou seja, está intimamente relacionado à obesidade. Pode ser encontrado, por
exemplo, na mama.
Suas funções são de reserva energética, de secreção, de proteção
contrachoques, de isolamento térmico e de manutenção de órgãos.
Sua origem é proveniente do embrião a partir de células derivadas do
mesênquima, que é um tecido embrionário.
Células grandes e quando isoladas essas células são esféricas, tornando-se
poliédricas no tecido adiposo pelo pela compressão recíproca. Apresenta pouco
citoplasma, um núcleo excêntrico e achatado e um grande vacúolo. É circundada por
uma lâmina externa e há matriz extracelular composta por fibras reticulares. Possui
uma abundante vascularização e septos de tecido conjuntivo, que contém vasos e
nervos. Desses septos partem fibras reticulares (colágeno tipo III) que sustentam as
células adiposas. As gotículas lipídicas são inicialmente separadas umas das outras,
porém muitas se fundem, formando uma única gotícula lipídica.

36
As patologias associadas ao tecido amarelo são o lipoma, que é um tumor
benigno do adipócito, e o lipossarcoma, que é tumor maligno no tecido adiposo
amarelo.
TECIDO ADIPOSO
AMARELO
400x
CORANTE HE

NÚCLEO DO
ADIPÓCITO

TECIDO CONJUNTIVO
ADIPÓCITO

CAPILAR
SANGUÍNEO

3.2.2 Tecido Adiposo Pardo


Sua cor se deve à vascularização abundante e as numerosas mitocôndrias
encontradas em suas células. Como são muito ricas em citocromos, as mitocôndrias
possuem cor avermelhada. Sua distribuição é limitada, sendo, no adulto, bem
reduzida. Já no feto humano e no recém-nascido, o tecido multilocular apresenta
localização bem determinada. É muito presente em animais que hibernam. Entre suas
funções, estão presentes a liberação e geração de calor através do metabolismo
mitocondrial dos ácidos graxos (termogênese). É de importância fundamental aos
recém-nascidos e aos animais hibernantes, uma vez que esse tecido os protege
eficientemente contra o frio. Sua origem embrionária é mesodérmica.
Possui células pequenas, núcleo central e esférico, vários vacúolos e de
diversos tamanhos dispersos no citoplasma. Possui grande quantidade de vasos
sanguíneos e de mitocôndrias e é circundada por uma lâmina externa e há matriz
extracelular composta por fibras reticulares. Esse tecido é típico em recém-nascidos,
mas presente em pequenas quantidades nos adultos.
A patologia associada ao tecido adiposo pardo é o hibernoma, que é um tumor.

37
TECIDO ADIPOSO PARDO
400x
CORANTE HE TECIDO ADIPOSO
AMARELO
GOTÍCULA
DE LIPÍDIO

NÚCLEO DO
ADIPÓCITO ADIPÓCITO DE TECIDO
ADIPOSO AMARELO

TECIDO ADIPOSO
ADIPÓCITO DE TECIDO PARDO
ADIPOSO PARDO

38
3.3 TENDÃO
O tendão é classificado como tecido conjuntivo denso modelado.
O tendão é uma fita ou um cordão fibroso, constituído por tecido conjuntivo,
que permite a inserção dos músculos aos ossos ou a órgãos por meio de ligamentos.
Auxilia no equilíbrio do corpo e no desenvolvimento do movimento, permitindo que a
força seja distribuída por todas as partes do músculo.
Os tendões são formados por feixes de fibras colágenas do tipo I, que se
dispõem paralelamente. Entre eles existe pequena quantidade de substância
fundamental amorfa (SFA), formada, principalmente, por proteoglicanas, por ácido
hialurônico e por glicoproteínas. Em função de ser uma estrutura rica em colágeno, o
tendão é branco e inextensível. Os feixes se agregam em grupos maiores, que são
envolvidos pelo tecido conjuntivo frouxo, contendo vasos sanguíneos e nervos.
As principais correlações clínicas relacionadas ao tendão é a tendinite,
inflamação nos tendões, que causa dor e dificuldade de movimentação.
TENDÃO
40x
CORANTE HE

TECIDO CONJUNTIVO
DENSO MODELADO

39
TENDÃO
400x
CORANTE HE

TECIDO CONJUNTIVO
FROUXO

LÚMEN DO VASO
SANGUÍNEO TECIDO
MUSCULAR LISO

TECIDO CONJUNTIVO
DENSO MODELADO

TENDÃO
1.000x
CORANTE HE

TECIDO CONJUNTIVO
SUBSTÂNCIA
DENSO MODELADO
FUNDAMENTAL
AMORFA

FIBRAS COLÁGENAS
TIPO I

NÚCLEO DO
FIBROBLASTO

40
3.4 TECIDO CARTILAGINOSO
O tecido cartilaginoso é uma forma especializada de tecido conjuntivo de
consistência rígida. A cartilagem é essencial para a formação e crescimento dos ossos
longos, tanto na vida intrauterina como após o nascimento. Suas funções dependem
da estrutura da matriz, a qual é constituída por colágeno ou colágeno mais elastina,
em associação com macromoléculas de proteoglicanos, ácido hialurônico e diversas
glicoproteínas. Possui como característica a ausência de vasos sanguíneos e
terminações nervosas, sendo nutrido, então, pelo próprio pericôndrio. Como nosso
organismo é funcional e possui diversas necessidades, as cartilagens podem se
diferenciar em três tipos: cartilagem hialina, cartilagem elástica e a cartilagem fibrosa.

3.4.1 Cartilagem Hialina


A cartilagem hialina é a mais abundante e comum, aparecendo no indivíduo
adulto nas cartilagens costais, como parte do esqueleto nasal, na laringe, na traqueia,
nos brônquios e nas superfícies articulares. Assim como os demais tecidos
conjuntivos, a cartilagem se desenvolve a partir do mesênquima. Durante a
diferenciação, o tamanho das células é aumentado, uma vez que começam a segregar
a substância fundamental amorfa que se polimeriza fora da célula para formar
microfibrilas de colágeno. À medida que aumenta a quantidade de matriz, a
consistência do tecido torna-se mais elástica e firme, no qual as células se localizam
em pequenos espaços, chamados lacunas. De forma gradual, as células se
diferenciam em condrócitos e, ao mesmo tempo, se desenvolve, a partir do
mesênquima e ao redor do modelo cartilaginoso, uma camada de células achatadas
e de fibras, o pericôndrio. No centro de condrificações, ocorre o crescimento por
divisão mitótica das células cartilaginosas já diferenciadas, os condroblastos. Cada
um dos pequenos grupos formados contém células que derivam de um único
condrócito, o que leva a denominação de ninhos isógenos.
Em seu estado fresco, a cartilagem hialina possui um aspecto vítreo azulado.
Sua matriz contém delicadas fibrilas constituídas, principalmente de colágeno tipo II.
Nas preparações com hematoxilina-eosina (HE), a matriz é acidófila próximo do
pericôndrio, mas se torna basófila à medida que penetra na profundidade da
cartilagem, ao mesmo tempo em que as lacunas se tornam mais ovais. Podemos
observar uma basofilia acentuada ao redor de cada grupo isogênico, denominada
matriz territorial.

41
As correlações clínicas mais comuns associadas a cartilagem hialina é a
doença de Kartagener, o câncer de traqueia, a estenose da traqueia, a traqueia
bacteriana, entre muitas outras.
TRAQUEIA
400x MATRIZ TERRITORIAL
CORANTE HE

CÉLULA
CONDROGÊNICA

PERICÔNDRIO
CONDROBLASTO

FIBROBLASTO

NINHO
ISÓGENO

CONDRÓCITO MATRIZ
INTERTERRITORIAL

3.4.2 Cartilagem Elástica


A cartilagem elástica está presente na epiglote, em parte da laringe, na orelha
externa e nas paredes do conduto auditivo externo e da tuba auditiva. O pavilhão
auditivo é composto por uma placa de cartilagem elástica, cujo formato é irregular.
Sua matriz apresenta um entrelaçado denso de fibras elásticas, que são
basófilas nos cortes corados em HE e se coram com corantes seletivos, como a
orceína. As fibras elásticas são muito densas ao redor das lacunas e aparecem em
menor quantidade, quando comparado com as fibrilas colágenas. Em vista
panorâmica, ou seja, sem auxílio de microscópio, a cartilagem elástica é amarelada e
apresenta mais elasticidade e flexibilidade em comparação à cartilagem hialina. O
colágeno em sua maior parte é do tipo II.
As patologias associadas à cartilagem elástica são as malformações
congênitas auriculares, tais como a anotia, a microtia, a macrotia e a artresia do
conduto auditivo.

42
ORELHA
400x
CORANTE RESORCINA

PERICÔNDRIO
MATRIZ
INTERTERRITORIAL
MATRIZ TERRITORIAL
FIBRA ELÁSTICA CONDRÓCITO
CONDROBLASTO

43
3.5 TECIDO ÓSSEO
O tecido ósseo é o principal componente do esqueleto. Esse tecido serve como
suporte para os tecidos moles e para proteção dos órgãos vitais. Além disso, aloja e
protege a medula óssea, que é a formadora das células sanguíneas, proporciona
apoio aos músculos esqueléticos e constitui um sistema de alavancas que amplia as
forças originadas na contração muscular.
Os ossos funcionam como depósito de cálcio, de fosfato e de outros íons,
armazenando-os e liberando-os de maneira controlada para manter constante a sua
concentração nos líquidos corporais. São capazes, também, de absorver toxinas e
metais pesados para minimizar seus efeitos aos demais tecidos.
Os osteócitos são responsáveis por manter a matriz extracelular e situam-se
no interior da peça óssea, ocupando pequenos espaços da matriz, que são
denominados de lacunas. Os osteoblastos sintetizam a parte orgânica da matriz e
localizam-se na superfície dos ossos. Os osteoclastos são células grandes, móveis e
multinucleadas que reabsorvem tecido ósseo, participando da remodelação desses.
Todos os ossos são revestidos externamente por periósteo e internamente por
endósteo, que são tecidos conjuntivos.
As correlações clínicas mais comuns do tecido ósseo estão relacionadas a
deficiência de cálcio, visto que ocorre uma calcificação incompleta da matriz orgânica
produzida. Na criança, essa deficiência causa raquitismo, enquanto no adulto,
osteomalacia.
OSSO
100x

CANAL DE HAVERS

CANAL DE
VOLKMANN

SISTEMA
CIRCUNFERENCIAL
INTERNO

SISTEMA DE HAVERS

TÉCNICA DE DESGASTE

44
OSSO
400x

LACUNA
CANAL DE HAVERS

CANALÍCULO

TÉCNICA DE DESGASTE

OSSO
400x
CORANTE HE

OSTEÓCITO

CANAL DE HAVERS

CANAL DE
VOLKMANN

FIBRAS
COLÁGENAS TIPO I MEDULA ÓSSEA
VERMELHA

MEDULA ÓSSEA
AMARELA

TÉCNICA DE
DESCALCIFICAÇÃO

45
4. TECIDO SANGUÍNEO
O sangue é formado por glóbulos sanguíneos e pelo plasma, que é a parte
líquida. Os glóbulos sanguíneos são os eritrócitos / hemácias, as plaquetas e os
leucócitos / glóbulos brancos. As células sanguíneas são maduras e, geralmente,
muito diferenciadas, com vida média curta de semanas ou de dias, por isso não
realizam atividade proliferativa, como a mitose, com exceção dos linfócitos.
O sangue é um meio de transporte, pois transporta oxigênio, que está ligado à
hemoglobina dos eritrócitos, e gás carbônico, que também está ligado à hemoglobina
dos eritrócitos ou que está dissolvido no plasma.
O plasma transporta nutrientes e metabólitos dos locais de absorção ou de
síntese, distribuindo-os pelo organismo. Logo, o plasma é o veículo de distribuição
dos hormônios pelo corpo.

46
4.1 HEMÁCIAS
As hemácias são células anucleadas, com forma bicôncava, sendo flexíveis e
maleáveis. Essas células têm como principal função o transporte de oxigênio e de gás
carbônico pela hemoglobina.
Esses corpúsculos não saem do sistema circulatório, permanecendo sempre
no interior dos vasos.
Entre as correlações clínicas relacionadas às hemácias, está a a anemia por
deficiência de ferro, também chamada de anemia ferropriva, que é a mais comum de
todas as anemias. Instala-se a partir de carência nutricional, de parasitoses intestinais
ou durante a gravidez, o parto e a amamentação. Pode, também, ocorrer por perdas
expressivas de sangue, em virtude de hemorragias agudas ou crônicas por via
gastrintestinal ou por consequência de menstruações abundantes. É a doença
carencial mais frequente no mundo, acometendo mais de 2 bilhões de pessoas,
segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
SANGUE
1.000x
CORANTE HE

PLAQUETA

HEMÁCIA

47
SANGUE
1.000x
CORANTE HE

NEUTRÓFILOS
HEMÁCIA SEGMENTADOS
COM ANEMIA
FERROPRIVA

48
4.2 LEUCÓCITOS
Os leucócitos / glóbulos brancos são incolores e de forma esférica no sangue.
Possuem como principal função proteger o organismo contra infecções.
Esses corpúsculos são produzidos na medula óssea ou em tecidos linfoides e
permanecem no sangue de forma temporária.
Os granulócitos têm núcleo forma irregular e mostram no citoplasma grânulos
específicos, que aparecem envoltos por membrana. A presença de grânulos subdivide
os leucócitos em neutrófilos, em eosinófilos e em basófilos. O núcleo dos
agranulócitos tem forma mais irregular e o citoplasma não tem granulações
especificas, sendo assim subdivididos apenas em linfócitos e em monócitos.

4.2.1 Neutrófilos
Os neutrófilos são células arredondadas com núcleos formados por dois a cinco
lóbulos ligados entre si por finas pontes de cromatina. Realizam a fagocitose de
bactérias e de fungos, sendo assim considerados a primeira linha de defesa do corpo
humano.
SANGUE
1.000x
CORANTE HE

NEUTRÓFILOS
HEMÁCIA SEGMENTADOS
COM ANEMIA
FERROPRIVA

49
4.2.2 Eosinófilos
Os eosinófilos apresentam núcleo bilobulado com retículo endoplasmático,
mitocôndrias e complexo de Golgi pouco desenvolvidos. A principal característica para
sua identificação são as granulações ovoides, que são coradas por eosina. Secretam
citocinas e mediadores inflamatórios lipídicos, que exarcebam a resposta inflamatória.
Também apresentam, também, antígenos para linfócitos.
SANGUE
1.000x
CORANTE HE

EOSINÓFILO

4.2.3 Basófilos
Os basófilos apresentam um grande núcleo irregular, volumoso e retorcido. Seu
citoplasma é recheado de grânulos. São formados na medula óssea. Liberam seus
grânulos ao meio extracelular por ação de estímulos. Também secretam citocinas e
leucotrienos, que são mediadores inflamatórios. Possuem ação imunomodeladora,
pois modulam a função de determinados linfócitos T.

4.2.4 Linfócitos
Os linfócitos são responsáveis pela defesa imunológica, pois reconhecem
substâncias estranhas e combatem por meio da produção de imunoglobulinas e por
meio de resposta citotóxica. O linfócito tem pequeno núcleo esférico. Subdivide-se em
linfócito T, que é tímico e que desenvolve resposta específica contra um antígeno, e
em linfócito B, que está presente no fígado e na medula óssea em diferentes fases da
vida e que secreta anticorpos.

50
SANGUE
1.000x
CORANTE HE

LINFÓCITO HEMÁCIA

4.2.5 Monócitos
Os monócitos são os maiores leucócitos circulantes. Esses glóbulos
apresentam núcleo ovoide em forma de rim ou de ferradura. No sangue, representam
uma fase de maturação celular mononuclear fagocitária iniciada na medula óssea,
permanecendo nessa forma apenas por poucos dias, transformando-se em
macrófagos nos órgãos. Participam do sistema mononuclear fagocitário.
SANGUE
1.000x
CORANTE HE

MONÓCITO JOVEM

HEMÁCIA

51
SANGUE
1.000x
CORANTE HE

HEMÁCIA

MONÓCITO

52
4.3 PLAQUETAS
As plaquetas são corpúsculos anucleados, que são derivados dos
megacariócitos. Promovem a coagulação sanguínea e auxiliam na reparação dos
vasos sanguíneos, o que evita a perda de sangue. Permanecem no sangue por até
10 dias. Em lâminas, as plaquetas tendem em aparecer aglutinadas.
SANGUE
1.000x
CORANTE HE

PLAQUETA

HEMÁCIA

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARNEIRO, José; JUNQUEIRA, L.C. Histologia Básica. 11a ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2011.
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GARTNER, Leslie P.; HIATT, James L. Tratado de histologia em cores. 3a ed.
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GENESER, Finn. Histologia. 3a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
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TORQUATTO, E.F.B.; LIMA, B.; BRANCALHÃO, R.M.C.; GUEDES, N.L.K.O.
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SOBOTTA, Johannes. Sobotta atlas de anatomia humana. 23. ed. Rio de
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GUYTON AC, HALL JE. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro:
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KIERAZENBAUM AL. Histologia e Biologia Celular. Rio de Janeiro: Elsevier;
2012.

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