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“Meu corpo fez um contato inédito com o chão; senti que o chão se adequava ao meu
temperatura fria tivesse mudado de textura, enquanto eu reconhecia cada parte do meu
Outro contato inédito foi o que eu percebi entre minha pele e o tecido das minhas
roupas. O toque da toalha pelo seu lado mais macio, nos meus braços, mãos e dedos,
até as orelhas, acordou toda minha pele. A partir deste despertar, senti meu corpo
Momentos curiosos nos meus sentidos, no instante em que, na formação das duplas,
era guiada enquanto segurava uma das extremidades da toalha, que estava torcida. Eu
era guiada por uma outra pessoa, que subia e descia minhas mãos, em movimentos não
programados. Estava de olhos fechados. Parecia que estava segurando um giz, e que
desenhava em um quadro mágico, que levava minhas mãos em movimentos que eu não
previa. Estava a ser guiada. Realmente estava? Até o presente momento, não sei dizer
As experiências vividas nesta disciplina foram inéditas para mim em múltiplos sentidos.
Um deles é que, em todo meu percurso acadêmico (que já se encaminha para uma reta
final), nunca tinha passado por uma disciplina de conteúdo prático como esta. Foi
“(…) ter um corpo é aprender a ser afetado. Significando “efetuado”, movido, posto em
movimento por outras entidades humanas ou não-humanas. Se você não está engajado
nesta aprendizagem você se torna insensível, tolo, você cai morto. (…)”.Latour (2002)
Refletindo esta citação pude observar ou até mesmo me dar conta de que sem este “ser
afetado”, não há corpo. Quando tento imaginar isto, vem à mente a imagem das
estátuas descritas por Serres, quando nos ilustra sobre o banquete. Uma falta de
potência para vivenciar e partilhar algo, um endurecimento, uma rigidez que não permite
espaço para “degustação”, comemoração, e por que não dizer “co-labor-ação” (como
insensibilidade, rigidez, me fizeram lembrar muito das questões da própria clínica. Não
são poucos os encontros que temos, dentro ou fora da universidade, com pessoas que
de afecções...
Trazendo de volta a experiência para mais perto do meu próprio corpo, descobri neste
meu “território” muitos desconhecidos. Lembro que em uma das aulas, ouvi que a pele
delimita o corpo sem isolá-lo. Incrível pensar nesta superfície corporal como algo que
“Da nossa pele para dentro, tudo tende à colaboração. Justamente em Eutonia nos
cooperação.” (Feitosa, M.T). A partir desta ideia, notei que minha percepção sobre mim
quando uso minhas mãos, ou ainda o modo como me levanto e ando, os ossos que se
mobilizam para tornar um movimento possível, por mais simples que este seja.
movimentos encobertos pelo automatismo do dia a dia, movimentos que pediam pouco a
Estar neste espaço foi uma oportunidade de experimentar, tanto na teoria quanto na
encontro, seja nos textos ou no chão. Posso afirmar que minha experiência foi uma
expansão de conhecimento distinta de todas que tive até aqui, um “acontecimento raro”