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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

Departamento de Estruturas e Construção Civil


ECC 1008 – Estruturas de Concreto

CONCEPÇÃO ESTRUTURAL E PRÉ-FORMAS


Aulas 5-8

Gerson Moacyr Sisniegas Alva


DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE UMA ESTRUTURA

ETAPA PRELIMINAR
DADOS NECESSÁRIOS PARA DEFINIR O PRODUTO
(ESTRUTURA)

Projeto Arquitetônico

⇒ Plantas dos pavimentos tipos/subsolo/cobertura/ático


Número de pavimentos.
Pavimentos diferentes
Garagens. Subsolos.
Elevadores. Escadas.
Reservatório.

⇒ Croquis do terreno. Restrições de vizinhança


Estruturas de contenção / Muros de arrimo
Posição das fundações. Divisa
⇒ Local da edificação
Ações do vento. Ações sísmicas.
Variações de temperatura
Agressividade ambiental (durabilidade do concreto)
Facilidade de acesso (materiais, equipamentos, concretagem)
⇒ Uso (finalidade) da edificação
Ações variáveis: sobrecargas mínimas (ambientes), vento, térmicas
Definição dos coeficientes de segurança (ações)
Deslocamentos limites
Vibrações (academias, ginásios de esportes, laboratórios, pontes )
Padrão da edificação
Empreendedor / Construtor

⇒ Prazos de obra
Início e duração da obra
⇒ Custos e Desembolso
Exemplos: Estrutura de aço ou estrutura de concreto (ou mista)
Moldagem no local ou pré-fabricação
⇒Tecnologias de construção
Construtor
Cultura Construtiva
Limitações da região
⇒ Equipamentos disponíveis
Exemplo: equipamentos de içamento para pré-fabricados
Geotecnia

⇒ Escolha do tipo de fundação e contenções


Exemplo: fundação superficial ou fundação profunda
⇒ Parâmetros do solo necessários à análise e dimensionamento estrutural
Exemplos:
Tensão admissível do solo
Coeficientes de mola nas fundações (correlações com SPT)
Previsão de recalques
DEFINIÇÃO DA SOLUÇÃO CONSTRUTIVA
(PROJETISTA ESTRUTURAL)
Concepção do sistema estrutural
Exemplos:
Pórticos Rígidos: Contraventados em diagonais. Com nós deslocáveis.
Pórticos com ligações articulados. Pórticos com ligações semi-rígidas.
Treliças. Associação entre Pórtico e Treliças.
Sistema Convencional (laje-viga-pilar)
Sistema Lajes sem vigas (laje-pilar)

(As possibilidades são diversas: exige conhecimentos sobre as


vantagens e aplicações dos diversos sistemas estruturais)
Análise comparativa das alternativas estruturais
Exemplos:
Moldada no local ou Pré-Moldada (Pré-fabricada) ou combinação
Concreto Armado ou Concreto Protendido
Estrutura de aço
Estrutura mista aço-concreto

Exemplos para sistemas estruturas de piso:


Laje maciça
Lajes nervuradas
Lajes com vigotas pré-moldadas e enchimento com blocos e CML
Exemplos de alternativas usuais para pavimentos
1) Convencional Lajes maciças apoiadas em vigas
2) Laje plana - pilar

Lajes maciças apoiadas


em pilares

3) Laje nervurada - pilar

Lajes moldadas no local


Lajes nervuradas com vigas-faixa

Lajes nervuradas pré-moldadas

A alternativa (tipologia) construtiva afeta a escolha do modelo estrutural


CONCEPÇÃO ESTRUTURAL E PRÉ-FORMAS

Lançamento da estrutura
Posição dos elementos estruturais (pilares, vigas, lajes, etc)
Base principal: projeto arquitetônico

Pré-dimensionamento dos elementos estruturais

Definição preliminar das seções dos elementos

Análise estrutural
Levantamento das ações atuantes
Ações verticais e horizontais
Deformações impostas
Análise estrutural (cont.)
Obtenção dos esforços e deslocamentos
Montagem das combinações de acões (ELU e ELS)
Uso de recurso computacional na análise estrutural
Verificação da estabilidade global
Efeitos globais de segunda ordem
Dimensionamento dos elementos estruturais

Desenho das formas estruturais (pré-formas)


Geração de desenhos Compatibilização com demais projetos

Eventuais correções / modificações da solução inicial


DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE UMA ESTRUTURA

PROJETO EXECUTIVO
PROJETO EXECUTIVO
Processamento da estrutura definitiva (carregamentos definitivos)
Projetos já compatibilizados

Dimensionamento e detalhamento dos elementos estruturais


Lajes
Vigas Estados Limites Últimos
Pilares Estados Limites de Serviço
Estruturas de fundações Durabilidade
Estruturas complementares
Revisões finais de projeto
Projetos não revisados podem ir incorretos para obra
Check List Controle de qualidade
Suposições para a disciplina ECC 1008 – Estruturas de Concreto

• Solução construtiva conhecida


Sistema convencional de lajes apoiadas em vigas
Lajes maciças (sem nervuras)
Estrutura de concreto armado
Elementos moldados no local
Concreto de resistência usual (20 a 50 MPa)

• Concepção estrutural a partir do projeto arquitetônico

Agilizar o andamento da disciplina


Objetivos
Aproveitar conhecimentos vistos na graduação
O ESPAÇO ARQUITETÔNICO E A CONCEPÇÃO ESTRUTURAL
Escolha da forma da estrutura : depende do projeto arquitetônico

Define demais projetos dos subsistemas restantes do edifício

Ático
Ático:
Reservatório (Caixa d´água)
Casa de máquinas
Depósitos
Pavimento tipo:
Mesma arquitetura
Pavimento tipo
Pavimento térreo:
Recepção
Sala de estar
Pavimento térreo Salão de jogos, festas.
Subsolo Subsolo
Garagens
Projeto estrutural em harmonia Arquitetônico (funcionalidade)
com todos os projetos Instalações Hidráulicas
Instalações Elétricas
Ar-condicionado
Demais sistemas

Exemplos de incompatibilidades ou conflitos:


Estrutura em conflito com aberturas (paredes, portas)

Dutos de instalações em conflito com a estrutura


Obs: aberturas em vigas devem ser verificadas no cálculo estrutural

Pilares excessivamente próximos impedindo a ocupação de


veículos nas garagens
Exemplos de conflitos Revista Téchne – junho de 2008

Compatibilização de projetos Coordenador de projetos


FLUXO DE AÇÕES E COMPORTAMENTO PRIMÁRIO DOS ELEMENTOS

Lajes
Comportamento primário
Receber e transferir cargas p/ vigas
Predominância da flexão (M,V)
Vigas
Comportamento primário
Transferir cargas verticais aos pilares
Predominância da flexão (M,V)

Comportamento primário
Pilares Transferir esforços da superestrutura às fundações
Predominância da flexo-compressão (N,M)
A transmissão de esforços (especialmente de momentos fletores)
entre viga e pilar

PÓRTICOS

Aumento de rigidez do edifício frente às ações horizontais


DIRETRIZES BÁSICAS PARA A CONCEPÇÃO ESTRUTURAL
Observações iniciais:
Não existem normas
Requer conhecimento técnico, criatividade (experiência)
Alterações na concepção inicial podem ser requeridas
Pelo cálculo estrutural
Por alterações posteriores na arquitetura
Na compatibilização de projetos
Possibilidade de várias soluções tecnicamente viáveis
Aproveitar facilidades das ferramentas computacionais

Para iniciantes diretrizes básicas que auxiliam as decisões


DIRETRIZES BÁSICAS PARA A CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

1) Posicionamento dos elementos estruturais em função


do comportamento primário dos mesmos
Ações nos pavimentos lajes Vigas pilares
apoios apoios

Não deixar os elementos “soltos” ou sem apoio

2) Transferência de cargas da forma mais direta possível


Cargas devem percorrer o menor caminho possível até as fundações

Evitar vigas apoiadas em outras vigas


Sempre que possível
Evitar pilares apoiados em vigas
(vigas de transição)
Viga de transição
Exigência da arquitetura
(espaço livre, interferências)

Elevados esforços solicitantes


Viga de
transição Grandes dimensões de seção

Custo elevado
esforços elevados

Responsabilidade Colapso da viga de transição


Colapso global
3) Uniformidade dos elementos estruturais (seções, vãos)
Reduz custos com fôrmas
Melhor aproveitamento das chapas de madeira
Exemplo: padronização das alturas das vigas

Aumenta velocidade de execução


Aumento de produtividade no canteiro de obras

4) Orientação criteriosa das seções dos pilares (planta)

Rigidez frente às ações horizontais


Comportamento em serviço (ex:flechas horizontais)
Estabilidade global
PAPEL DOS PÓRTICOS FRENTE ÀS AÇÕES HORIZONTAIS

A arquitetura e a concepção estrutural

z Alinhamento entre vigas e pilares para a formação de pórticos

z Orientação criteriosa dos pilares

P1 V1 P2 P3 Pórtico 1

V1

V1

VENTO V1
P4 V2 P5 P6
V1

V1
V4

V5

V6
V1

V3 P1 P2 P3
P7 P8 P9
ARRANJO ESTRUTURAL EM PLANTA CORTE: PÓRTICO 1
z Concepção de pilares de grande inércia em lugares estratégicos

Ex: caixas de escadas, de elevadores e pilares-parede

Núcleo de rigidez

(Planta)

Caixa de
Caixa de escada
elevador
RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS: EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO
(Edifícios usuais)

1) Iniciar lançamento pelo pavimento tipo

2) Posicionar pilares preferencialmente:

Nos cantos da edificação


No encontro de vigas “importantes”
Embutidos em paredes
Estética (se o projeto arquitetônico exigir)
Distantes entre 2,5m e 7,0m
3) Verificar se as posições dos pilares do pavimento tipo são aceitáveis
ao térreo e ao subsolo (garagens)
4) Posicionar vigas preferencialmente:
Onde existam paredes de alvenaria
Obs: mais flexibilidade para paredes de gesso acartonado

Embutidas em paredes (estética)

Alinhadas com os pilares para a formação de pórticos


Vãos entre 2,5m à 7,0m

associada também a limitação do pé-direito


5) Limitar vãos das lajes
Para lajes “armadas em uma direção” Menor vão entre 2,0m à 5,0m

Para lajes “armadas em duas direções” Limitar vão até 7 m


EXERCÍCIO: Lançamento dos elementos estruturais – Pavimento tipo

2,00 x 1,20
0,90
9,70

2,00 x 1,20
SALA
0,90

3,70
2,70 2,40 1,20
0,80 x 1,00

1,40
0,90 S
A.SERV.
COZINHA 1,50 x 1,20
0,90
1,45

3,05
4,35

3,75
0,90 x 0,60
BAN.

1,35
1,40 1,50
3,70

DORM. DORM. 1,50 x 1,20


0,90

4,20 5,35
1,50 x 1,20
0,90
Lançar pilares na caixa de escada apoiar escada e reservatório

Perspectiva: escada Caixa da escada


Solução inicial

Seguindo à risca as recomendações

Sugestões e críticas a esta solução

Concepção pode ser melhorada...


Solução proposta

Vigas sobre as paredes externas


Solução proposta

Viga de apoio das paredes:


Escada - corredor
Entre dormitórios
Para reduzir vão laje da sala
(opcional)
Solução proposta

Viga de apoio das paredes:


Sala - escada
Sala – cozinha - AS

Viga de apoio das paredes:


Escada - dormitório
Dormitório – banheiro
Solução proposta

Viga sobre parede corredor

Evitar 3 paredes apoiadas


em uma só laje

Opção pelo não lançamento de


viga entre cozinha e banheiro

Passagem de tubulações (?)


Solução proposta
(final)

Observação:
Possibilidade de trazer os 2
pilares da escada para a parte
mais externa da edificação
As possibilidades são diversas na concepção da estrutura

Muitas dúvidas sobre a concepção são comprovadas posteriormente


pelo cálculo estrutural

Verificação dos estados limites


Dimensionamento das armaduras

Testar mais de uma solução e compará-las entre si

Importante para a aprendizagem e útil para a prática profissional


Tirar proveito das ferramentas computacionais

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