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Estruturas Betão Armado

3. TIPOS DE ESTACAS

3.1. Introdução

A estaca é um elemento estrutural esbelto que, colocado no solo por cravação ou perfuração,
tem a finalidade de transmitir cargas ao solo, seja pela sua resistência de ponta, seja pela
resistência de atrito lateral ou pela combinação das duas.

A carga admissível das estacas deve ser verificada pelos métodos de cálculo de capacidade de
carga, que consideram a interacção solo-estaca.

As estacas têm a função de transmitir as cargas da fundação para as camadas mais profundas
do solo, podem ser de:

• Madeira;

• Aço;
• Betão armado;
• Betão armado pré - tensionado;
• Betão armado pós - tensionado

Fig. III/1 - Exemplos de aplicações das estacas.

Fundações Profundas / Tipos de Estacas Cap.III / 1


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3.2. Tipos de estacas

As fundações de estacas são, genericamente, de dois tipos: pré-moldadas e cravadas no


terreno ou moldadas no mesmo no local.

3.2.1. Estacas pré-moldadas e cravadas no solo

É recomendável a sua utilização em solos arenosos pouco compactos, porque aumentam


substancialmente a densidade do solo.

Não devem ser utilizadas em condições de solo de estratos pouco espessos de seixos grossos.

3.2.1.1. Estacas cravadas por vibração

São aquelas em que a própria estaca ou molde é introduzida no terreno através de


equipamento vibratório.

3.2.1.2. Estacas cravadas por prensagem

São aquelas em que a própria estaca ou molde é introduzida no terreno através de um macaco
hidráulico. Não vibram, e devido ao pequeno porte dos seus equipamentos são bastante
utilizadas em obras de reforço de fundações.

3.2.1.3 - Estacas cravadas por percussão

São aquelas em que a própria estaca ou molde é introduzida no terreno através de golpes de
martelo de gravidade, de explosão, de vapor ou ar comprimido.

A vibração é um factor existente neste tipo de estaca, e deve ser tido em linha de conta as
condições de vizinhança e peculiaridades do local.

Dentro deste tipo podem ser encontradas as que se seguem.

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Fig. III/2 - Cravação de estacas.

3.2.1.3.1. Estacas de madeira

A estaca de madeira é o tipo mais antigo de estaca que se usou e o mais simples.

As estacas de madeira, devem ser obtidas a partir de árvores direitas e regulares para que as
solicitações sejam apenas de compressão simples.

As madeiras mais utilizadas provêm de árvores resinosas (pinheiro, lávice, pinheiro-alvar ou


ainda carvalho, olmeiro, castanheiro entre outras), por serem mais resistentes e se
conservarem melhor. São utilizadas como fundação e cimbramento.

As estacas de madeira devem ser utilizadas para pequenas cargas, e respeitando as seguintes
condições:

• diâmetro mínimo de 15cm para a ponta e 25cm para o topo;


• alinhamento entre os centros das secções do topo e ponta devem estar dentro da estaca;

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• em terrenos muito resistentes deve ser feita a protecção do topo da estaca quanto a danos
de cravação com ponteira de aço, a qual permitirá evitar o seu rebentamento e
simultaneamente facilitar a penetração;
• arrasamento do topo da estaca que deve estar abaixo do nível de água, a não ser que
recebam um tratamento com eficácia comprovada, de modo a que se conservem, pelo
que a cabeça deve ficar 50 a 60 cm abaixo do nível de água registado.
• as estacas são cravadas com bate-estacas de pequenas dimensões e martelos leves,
devendo a relação entre o peso do martelo e o peso da estaca ser a maior possível, e no
mínimo em torno de 1.0.

As suas emendas usualmente são em sambladura, anel metálico ou talas de junção


(aparafusadas).

O diâmetro médio das estacas de madeira varia entre 22cm a 30cm, sendo o seu comprimento
máximo de 20m. Os seus diâmetros extremos não devem ser muito diferentes, devendo o
extremo na ponteira não ter secção inferior a 2/3 da secção na outra extremidade (cabeça).

3.2.1.3.1.1. Capacidade de carga das estacas de madeira

A capacidade de carga depende do comprimento e da natureza dos terrenos atravessados,


tendo em consideração problemas de encurvadura.

Como ordem de grandeza, a título indicativo, uma estaca com 3 a 10m de comprimento pode
suportar de 15 a 25 tf (150 A 250 kN).

Para diâmetros médios da ordem dos 30 cm a 40cm, poderá suportar de 30 a 40tf, ou seja,
tensões de trabalho da ordem da 30kgf/cm2 a 40 kgf/cm2 (0,3 a 0,4 MPa).

3.2.1.3.2. Estacas de aço

As estacas metálicas são correntemente utilizadas em obras de reforço de fundações de


edifícios, pontes ou cais, especialmente quando se deseja atingir profundidades muito
elevadas. São formadas por troços de 2 a 4m, soldados entre si.

Por serem de aço devem ser rectilíneas e uma vez cravadas em terreno natural dispensam

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tratamento especial, independentemente do nível de água. No caso de locais com materiais


agressivos ao aço, devem se protegidas através de encamisamento de betão, pintura epoxy,
protecção catódica, etc.

Apresentam uma gama variada de perfis abertos em I, T, U ou Z. Exibem elevada esbelteza


para ter bom aproveitamento da resistência do aço, porque contêm armadura reforçada na
cabeça e na ponteira e protector na cabeça durante a cravação. Podem ainda ter ou não reforço
na sua altura.

Podem ser de perfis laminados, perfis soldados, simples ou múltiplos, tubos de aço, de chapa
dobrada e trilhos metálicos.

As emendas podem ser soldadas, talas de junção ou talas aparafusadas.

Geralmente, é usual cortar o topo danificado após o término da cravação. No caso de estacas
submetidas a tracção, deve-se soldar uma armadura de forma a transmitir os esforços à estaca.

Em casos de penetrações elevadas, dada a pequena secção das estacas metálicas, deve ser
interrompida a cravação e após alguns dias verificar o efeito de "recuperação elástica", ou se
necessário executar provas de carga.

Estes perfis devem permitir desenvolver grande atrito, permitindo contudo a cravação.

Os momentos de inércia segundo os seus eixos devem ser sensivelmente iguais e


suficientemente grandes para que a estaca possua a rigidez suficiente para resistir aos esforços
de cravação.

Para estacas de forma tubular, pode ser efectuada ou não a obturação da parte inferior com um
rolhão metálico ou em betão. Se não for efectuada a obturação da ponteira, o solo contido no
tubo é extraído através de um processo de sondagem entubada.

As estacas de perfil em I são reforçadas num determinado comprimento com peças soldadas
(nervuras de rigidez contra a encurvadura).

Este reforço absorve uma parte razoável da energia de cravação e são menores as
possibilidades da estaca se deslocar da sua posição.

A utilização destes perfis em I, deve limitar-se a 2,50 m, excepto se forem previstos recursos

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especiais.

Em caso da utilização de reforço, este deve ser previsto no cálculo da estaca.

As estacas de perfis em U, com cantos arredondados têm espessura uniforme de 10 mm e são


obtidos por laminagem a quente

3.2.1.3.2.1. Estacas com rosca, não batidas, penetrando no solo por rotação

As estacas de parafuso e rosca são correntemente aplicadas nos pilares de pontes e estacadas
dos cais (Fig. III/3).

É um processo de fundação simples e rápido.

As estacas de parafuso são constituídas por barras ocas, em aço, formadas por troços ligados e
terminados nas suas extremidades por parafusos.

A sua cravação no solo é feita por rotação, evitando o remeximento do solo e sem necessidade
de extracção de terra ou esgotamento de água.

As estacas são prolongadas para além do solo, constituindo os montantes da superestrutura.

Devem ser construídos contraventamentos e diafragmas para aumentar a rigidez do conjunto.

Os parafusos devem ter a forma apropriada à natureza do terreno:

• terrenos muito compacto, o parafuso é cónico com um diâmetro reduzido;


• terrenos pouco compactos, utilizar um passo maior de modo a aumentar a velocidade de
cravação;
• terreno muito brando, utilizam-se parafusos de filete largo, com diâmetro uniforme,
podendo os parafusos atingir o diâmetro de 2m;
• a cravação de estaca é feita utilizando uma roda montada numa barra e posta em
movimento por uma correia que se enrola mecanicamente.

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Fig. III/3 – Estacas perfuradas (rotação) em cortina descontínua ancorada.

3.2.1.3.2.2. Vantagens da utilização de estacas metálicas

A utilização de estacas metálicas permite:

• Eliminar vigas alavancas;

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• Utilizar estacas como contenção, incorporada nos muros de arrimo.


• A utilização como estrutura provisória;
• Produzir menos vibração que as estacas pré-moldadas.

3.2.1.3.3. Estacas em betão armado pré-fabricadas

As estacas pré-moldadas ou pré fabricadas podem ser de betão armado ou não, com fôrma
horizontal, vertical ou por sistema de centrifugação.

A sua secção pode ser quadrada, circular, hexagonal, tipo estrela, maciças ou ocas e sua
armação deve atender aos esforços de manuseio como cravação, transporte, e utilização.

As dimensões das secções variam de 15 cm a 70 cm, com comprimentos das peças variando
até 12.00m.

As emendas podem ser feitas através de soldadura, luvas soldadas ou luvas de simples
encaixe, desde que a emendada possa resistir a todas as solicitações que a estaca estará
submetida.

Nas duas extremidades da estaca, deve haver reforço da armação transversal, devido aos
esforços de cravação.

O recobrimento nestas áreas deverá ser de 30 a 50mm, com resistência característica do betão
de 25 a 35 MPa.

Para estacas de betão, a relação entre o peso do martelo e o peso da estaca deve ser a maior
possível, e no mínimo em torno de 0.5.

Quando a cota de arrasamento estiver abaixo do plano de cravação, pode-se utilizar um


suplemento (prolonga, noiva, etc.), que funciona como "guia" o qual é retirado após a
cravação.

O suplemento absorve parte razoável da energia de cravação mas são maiores as


possibilidades de a estaca ser deslocada de sua posição. O seu uso deve ser restrito até 2,50 m,
caso não sejam previstos recursos especiais.

No seu dimensionamento, tem de ser tido em linha de conta o facto de que durante a sua
cravação através de camadas relativamente duras, até que seja atingida a camada resistente, a

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estaca é sujeita a esforços importantes que poderão provocar roturas, caso não sejam tomadas
precauções especiais.

Estudos efectuados com base em teorias matemáticas de determinação de esforços, mostram


que a solicitação nas estacas é influenciada pela natureza do solo, condições de cravação e
pela protecção da cabeça.

A teoria ondulatória da propagação dos esforços devidos à percussão, permite concluir que a
compressão produzida por cada golpe do martelo propaga-se de alto a baixo, partindo da
cabeça da estaca, sendo reflectida, a partir do pé, sob a forma de compressão quando o terreno
é muito duro, ou sob a forma de tracção quando o terreno é pouco compacto.

O esforço em qualquer ponto da estaca é igual à soma dos esforços correspondentes ás ondas
ascendente e descendente.

Fig. III/4 - Pormenor de martelo a Diesel para cravação de estacas.

Em cravações difíceis, as tensões de compressão produzidas na cabeça da estaca podem


ultrapassar 2 KN.cm2 As situações mais difíceis, verificam-se quando a totalidade da
resistência à penetração se localiza na ponteira, podendo o esforço de compressão atingir
cerca de duas vezes o esforço máximo da cabeça.

O atrito registado sobre as paredes só tem uma pequena influência sobre os esforços na

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cabeça, podendo contudo ter grande influência no que diz respeito à redução de esforços
solicitando a estaca na parte mergulhada no solo.

Para cravações fáceis, a resistência de ponta é muito pequena e a onda de choque é reflectida
sob a forma de tracção. Esta onda combina-se com a onda de compressão obtendo-se em
resultado esforços efectivos de tracção variáveis desde um valor nulo até um valor máximo
que se verifica cerca da secção média da estaca.

O colchão ou almofada colocado na cabeça da estaca para amortecer os choques do martelo


tem um importante papel na determinação dos esforços, de acordo com a relação: quanto mais
deformável mais reduzido é o esforço.

Deste modo, deve ser utilizada uma almofada na cabeça que disponha de rigidez fraca e
constante.

As condições de cravação são conseguidas com o emprego de um martelo muito pesado,


almofada o menos dura possível e uma altura de queda relativamente fraca.

Recomenda-se que a relação entre o peso do martelo e o peso corrente de comprimento de


estaca seja de 10.

As considerações anteriores mostram que durante a cravação, as estacas estão sujeitas a


esforços consideráveis. Qualquer negligência durante a execução do betão e durante a
cravação poderá provocar roturas.

A resistência do betão ao choque deve ser tão grande quanto possível, devendo a relação entre
as tensões produzidas e a resistência ao esmagamento do betão a empregar, ser de pelo menos
o dobro.

As estacas são, em geral fabricadas horizontalmente utilizando cofragens que podem ser
retiradas rapidamente, combinadas de modo a ocupar o mínimo de espaço possível.

O betão deve ser vibrado de modo a que se consiga um bom envolvimento das armaduras.

As estacas só poderão ser utilizadas após o betão ter atingido a resistência suficiente, a qual
deverá ser controlada por ensaios.

Colocam-se as armaduras longitudinais formadas por 4 ou 8 barras, com reforço eventual na


região média da estaca.

Estas armaduras são calculadas de modo a que a estaca resista ao esforço de flexão máximo

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PL2
durante o processo de transporte, calculado pela expressão: , sendo P o peso da estaca e
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L o seu comprimento.

De forma a garantir a resistência ao impacto, sobretudo na ponteira e cabeça da estaca, devem


ser dispostas armaduras transversais ou estribos a todo o comprimento da estaca,
nomeadamente, em estacas que vão suportar esforços de compressão muito elevados durante a
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cravação. O seu diâmetro deve ser o maior entre 5cm a do diâmetro da armadura
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longitudinal, com espaçamentos entre 15 a 20 cm.

Este afastamento deve ser reduzido nas extremidades, cabeça e ponteira, para afastamentos da
ordem de 5cm a 10cm.

Devem ser colocados travamentos todos os 50 a 75 cm, destinados a manter as armaduras


longitudinais no lugar durante a cravação

Para estacas longas (15 a 30 m) deve ser verificada a resistência à encurvadura com a
colocação de armadura para resistir a este tipo de solicitação, podendo ser considerado o
travamento lateral do terreno sobre as estacas.

Para estacas colocadas em terrenos muito compressíveis com fortes pressões horizontais, deve
ser tido em linha de conta os esforços de flexão que estes produzem.

3.2.1.4. Estacas-prancha

Embora este assunto tenha sido abordado no capítulo das Paredes Moldadas, faz-se aqui uma
apresentação com uma abordagem mais próxima da temática aqui discutida (estacas).

3.2.1.4.1. Condições gerais

As estacas-prancha são elementos estruturais laminares que se cravam verticalmente no solo.

As estacas-prancha podem ser de betão armado quando devem ficar definitivamente no solo,
de madeira quando se trata de obras provisórias e de aço (aço cupro-níquel) com tratamento
especial para evitar a corrosão, quando se destinam a ambientes agressivos.

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As estacas-prancha de madeira, de aço ou pré-moldadas de betão armado constituem recursos


importantes utilizados em obras de contenção, ensecadeiras etc..

As de madeira e de betão armado são do tipo macho e fêmea e as metálicas são fabricadas
com vários tipos de desenhos e encaixes, momentos de inércia os mais variados para
execução de ensecadeiras ou valas de contenção.

Dependendo da sua utilização e características, podem ser estáveis, sem escoramento interno
ou exigir travamentos em um ou mais níveis.

Para formar estacas cortinas, colocam-se estacas–prancha uma junto da outra de modo a
formar uma parede contínua.

Estes elementos são cravados no solo por meio de um martinete que tem um martelo ou pilão
destinado a golpear a cabeça das estacas mediante a interposição de um chapéu ou capacete de
fincamento.

3.2.1.4.2. Características dos diferentes tipos de estacas-prancha

3.2.1.4.2.1. Estacas-prancha metálicas

Em geral são feitas em aço laminado A500.

Estes aços de alta resistência possuem vantagens especiais na aplicação em alguns tipos de
cortinas ancoradas.

Se as pranchas de aço tiverem de resistir a impulsos exercidos pelo solo ou água, trabalhando
como vigas verticais apoiadas em longarinas e escoras, deverão resistir à flexão, governada
pelo módulo do perfil. É corrente utilizarem-se perfis de alma grande, tipo PZ ou PDA.

As juntas entre estacas - prancha deste tipo coincidem com a linha neutra da espessura da
parede. Como os esforços cortantes máximos ocorrem na linha neutra, o tipo PDA em U não
permite a utilização total da espessura da parede e alma, à semelhança das vigas rectangulares
sobrepostas.

Caso não seja evitado o escorregamento ao longo do plano de contacto de duas vigas, o
módulo resistente do conjunto será igual à soma dos módulos das duas vigas, ou seja:

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h2 h2
2× b× = b×
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Área Largura Peso Módulo da Resistência na


secção junta
Pol2 Cm2 pol cm lb/pé2 kgf/m2 pol3/pé cm3/m lb/pol kgf/cm
PZ38 16.77 108.2 18 45.7 38.0 186 46.8 2.510 8.000 1.425
PZ32 16.47 100.2 21 53.3 32.0 156 38.3 2.290 8.000 1.425
PZ27 11.91 77.0 18 45.7 27.0 132 30.2 1.620 8.000 1.425
PDA27 10.59 68.4 16 40.6 27.0 132 10.7 585 8.000 1.425
PMA22 10.59 68.4 19 49.8 22.0 107 5.4 290 8.000 1.425
PSA23 8.99 58.0 16 40.6 23.0 112 2.4 128 12.000 2.140
PSA28 10.98 70.8 16 40.6 28.0 136 2.5 134 12.000 2.140
PS28 10.29 66.4 15 38.1 28.0 136 2.4 128 16.000 2.850
PS32 11.76 75.9 15 38.1 32.0 156 2.4 128 16.000 2.850
PSX35 13.09 84.5 15 38.1 35.0 171 2.6 145 28.000 4.810

Fig. III/5 - Propriedades dos perfis americanos.

O perfil tipo “E” tem especial interesse por ser equipado com uma junta de aço especial,
constituída de uma unidade totalmente separada do resto do perfil.

Fig. III/6 - Exemplo de alguns perfis típicos europeus.

As estacas–prancha tipo “E” podem ser combinadas com estacas–prancha do tipo “F”.

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A combinação das estacas–prancha Peine com Krupp apresenta melhores características


quanto à cravação. As estacas Peine podem suportar cargas verticais consideráveis, para além
de cargas laterais.

As estacas Krupp são utilizadas para preencher os vazios e não são consideradas no cálculo
dos módulos de resistência do perfil combinado.

3.2.1.4.2.2. Estacas-prancha de madeira

São raramente utilizadas nos dias de hoje.

A espessura destas estacas de encaixe macho-fêmea varia de 10 a 30 cm; a largura da estaca –


prancha é de 25 cm aproximadamente e o seu comprimento menor ou igual a 12 m. Podem ser
compostas por tábuas ligadas em forma de ranhura e de lingueta. A extremidade fincada no
terreno é provida de uma ponta metálica que facilita a penetração.

O fincamento é feito por golpeamento, segurando as estacas–prancha entre dois cepos


dispostos horizontalmente e que servem de guia.

Fig. III/7 a) – Cravação de estacas de madeira - Alçado.

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Fig. III/7 b) – Cravação de estacas de madeira. Cote.

3.2.1.4.2.3. Estacas-prancha de betão

3.2.1.4.2.3.1. Tipo A

Possui uma língua e ranhura, semelhante à utilizada nas estacas–prancha de madeira.

Este tipo de estaca não é recomendável para utilização como estrutura de arrimo para solos
finos saturados sem coesão.

3.2.1.4.2.3.2. Tipo B

Possui ranhura nas duas extremidades, que cuidadosamente limpas com jactos de água para
remover os grãos de areia são posteriormente cheias com calda de cimento. O betão a utilizar
deve ser de alta qualidade, de 280 a 350 kgf/cm2, de resistência a 28 dias.

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A armadura longitudinal deve ser calculada para suportar esforços de flexão durante o
transporte e impulsos laterais após a estrutura estar pronta.

Têm como principal dificuldade conseguir obter juntas estanques.

Actuam como vigas verticais isoladas, com fraca capacidade de resistirem a esforços de
tracção.

A sua principal vantagem reside no facto de que, em contacto com as águas do mar, as
fissuras do betão deformado na zona de tracções serem praticamente eliminadas, diminuindo
o perigo da corrosão das armaduras.

3.2.2. Estacas moldadas no terreno “in situ”

São em geral em betão, armado ou não.

Quando a natureza dos terrenos o permite, podem realizar o apoio sobre o solo com boas
características, escavando poços, que serão cheios com betão ou areia.

Não é recomendável a sua utilização em situações em que haja corrente de água, onde a estaca
tenha de permanecer. Nesta situação deve então ser entubada essa parte. Não é igualmente
recomendável a sua utilização no caso de solos muito moles.

Considera-se vantajosa a sua utilização, quando existem camadas pouco espessas com pouca
capacidade de carga e com solos argilosos por baixo, atendendo a que atingem facilmente as
camadas inferiores.

Distinguem-se três categorias de estacas moldadas no solo, que seguidamente se apresentam:

3.2.2.1. Com molde perdido

O molde é constituído por um tubo de chapa metálica de 1mm a 3mm de espessura cravado
por bate-estacas, vibração ou jacto de água, ou troços de tubo em betão armado, sobrepostos
uns aos outros progressivamente no solo.

A extremidade dos tubos é constituída por uma ponta em madeira rija, em metal ou em betão
de alta resistência. Após a cravação do tubo, é cheio com betão armado ou não.

Este processo é em geral caro, pelo que só é utilizado em casos especiais.

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3.2.2.2. Estacas sem revestimento

São feitas com o auxílio de um pilão cónico que faz um furo por compressão mecânica do
solo. Este tipo de estacas exige, contudo, que o terreno tenha coesão suficiente para permitir
executar o furo.

O furo é posteriormente cheio com betão, devidamente compactado.

Este sistema toma vulgarmente o nome de sistema Compressol.

3.2.2.2.1. Estacas escavadas

As estacas escavadas são executadas por escavação mecânica, com uso ou não de lama
bentonítica e de revestimento total ou parcial, e posterior betonagem. Podem ter forma
circular ou qualquer outra. A vantagem da estaca escavada está na não produção de vibrações
para sua execução. Destacam-se três tipos principais:

• Estacas Strauss
• Estacas de Lama
• Hélice Continua

3.2.2.2.1.1. Estacas Strauss

As estacas Strauss são estacas de diâmetro 25 a 55 cm executadas por escavação mecânica,


através de balde sonda ou piteira, com uso parcial ou total de revestimento recuperável, e
posterior betonagem. É um equipamento simples, constituído por um tripé, tubos, soquete
(300kg), piteira e guincho com motor, e de fácil transporte.

A perfuração é feita através da queda livre da piteira com a utilização de água. O furo
geralmente é revestido e após ser atingida a profundidade de projecto é limpo e betonado.

Durante a betonagem, o apiloamento do betão e a retirada cuidadosa do revestimento devem


ser observados a fim de se evitar interrupção do fuste.

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3.2.2.2.1.2. Estacas de lama

As estacas escavadas com uso de lama podem ser circulares (estacão), ou alongadas (barrete
ou paredes diafragmas), e são executadas com equipamentos de grande porte. O uso da lama
permite a estabilidade da escavação abaixo do nível de água, podendo atingir profundidades
da ordem dos 80 m. O nível da lama deve ser mantido acima do nível de água duas vezes a
dimensão maior da estaca.

Fig. III/8 - Processo construtivo de estaca com recurso a lama

As estacas circulares tem secções variando de 70 a 200cm. Os barretes variam de 40x250cm a


120x250cm. Os diafragmas podem ter espessuras a partir de 30cm.

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A escavação é preenchida pela lama e, simultaneamente, é retirado o solo escavado. No final


da escavação, são feitos ensaios na lama, colocação da armadura e betonagem submersa, com
a utilização de um tubo tremonha que conduz o betão para o fundo da escavação. À medida
que o betão sobe, a lama é bombeada para os silos de armazenamento. Recomenda-se que a
betonagem ultrapasse a cota de arrasamento da estaca para que seja removida a eventual
mistura betão - lama.

3.2.2.2.1.3. Hélice contínua

As estacas hélice contínuas são muito utilizadas actualmente. Trata-se da perfuração do


terreno através de um trado helicoidal contínuo, que retira o solo sem desconfinamento.

Uma vez atingida a profundidade de projecto, o betão é bombeado para dentro do trado a
partir da cota de ponta da estaca. O trado é cuidadosamente retirado simultaneamente ao ser
bombeamento do betão. A armadura pode ser simplesmente espetada no topo da estaca ou
introduzida através de vibrador. O computador instalado na máquina regista todos os
parâmetros referentes ao perfil da estaca tais como: torque, velocidade de elevação do trado,
volume teórico e real do betão utilizado, pressão de bombeamento utilizada, e tempo de
execução.

Além de não produzirem vibrações, as estacas hélice contínua têm uma produção elevada,
podendo ser executadas abaixo do nível de água.

As secções das estacas variam de 27 a 110 cm, com comprimento limitado a 24 m.

Fig. III/10 – Fases de execução da estaca com trado contínuo

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Fig. III/9 – Máquina de estaca hélice contínua.

3.2.2.3. Estacas com molde perdido

As estacas com revestimento (molde) temporário são executadas utilizando um tubo aberto ou
não numa extremidade, cravado no solo, com ou sem a sua extracção, sendo preenchido o
vazio com betão à medida que se retira a tubagem.

Existem vários sistemas actualmente usados com sucesso diferenciando-se pelo método de
cravação do tubo e extracção do terreno.

3.2.2.4. Estacas com revestimento temporário

Em certos terrenos, firmes sem desmoronamento, pode ser dispensada a existência de


revestimento, sendo somente necessário um anel funil de protecção na boca do furo, para
preservar o desmoronamento mais provável nesta região, pela continuidade das operações de
introdução e extracção do material de corte do solo.

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Este tipo de revestimento é constituído por um tubo obturado numa extremidade, portanto
sem extracção do terreno.

Utilizam-se modernamente equipamentos de furação que recorrem à bentonite, material que


se adapta às paredes do furo, impedindo o seu desmoronamento, dispensando pois o
revestimento metálico.

Podem ser consideradas dentro deste tipo de estacas, as que a seguir se representam.

3.2.2.4.1. Estacas Franki

A estaca FRANKI – tipo normal, é uma estaca de betão armado ou betão simples, executada
do seguinte modo:

Cravação do tubo

Utilizando um tubo ou vários tubos, em aço, de grande diâmetro, obturado na sua parte
inferior. É introduzida no seu interior uma certa quantidade betão quase seco, que se apiloa
por meio de um pilão de elevado peso (2 a 5 ton.) que pode cair de vários metros de altura.

Sob a acção do choque do pilão, o betão forma na base do tubo uma “rolha” estanque que
penetra ligeiramente no terreno, e cuja parte superior, fortemente comprimida contra as
paredes do tubo, o vai arrastando por atrito.

Durante a cravação, forma-se uma cavidade que posteriormente será cheia com betão,
compactado e vibrado à medida que se retira o tubo.

A penetração do tubo no solo faz-se sem qualquer extracção do mesmo.

Betonagem com execução de base alargada

Atingida a profundidade prevista é controlada a resistência dinâmica, definida pela nega


estabelecida, eleva-se o tubo ligeiramente, suspendendo-o a pequena altura com os cabos.
Posteriormente liberta-se a ponteira do rolhão dando pancadas com o pilão.

Obtém-se assim uma estaca de maior diâmetro, com o aspecto de uma coluna muito rugosa
apoiando-se numa base alargada.

Fundações Profundas / Tipos de Estacas Cap.III / 21


Estruturas Betão Armado

A base alargada é obtida à custa de adições repetidas de betão, fortemente apiloado.

Execução do fuste

O fuste é em seguida executado, até à cota pretendida, apiloando-se o betão em camadas


sucessivas, arrancando-se de cada vez o tubo de 20 a 50 cm.

Deve sempre controlar-se por meio de marcas de referência nos cabos, a manutenção no
fundo do tubo de uma camada de betão suficiente para que as paredes junto à estaca nunca
fiquem a descoberto, evitando a entrada de água ou terra.

Os diâmetros usuais são 300, 350, 400, 450, 500, 520, 600 e 700 mm. As profundidades
podem atingir os 30 m.

Os problemas básicos desta estaca dizem respeito a encurtamento de ferragem (decorrente de


betonagem inadequada ou deformação do fuste) e levantamento de estacas já executadas
aquando da execução de estacas próximas.

Quando existem camadas muito moles de grande espessura, ou quando as condições locais
não permitem a execução de estaca Franki comum, (esforços de arrancamento para extrair a
camisa) pode usar-se a estaca Franki tubada.

Neste tipo de estaca crava-se um tubo com espessura de 8 a 10 mm e executa-se a base e a


betonagem não sendo o tubo retirado. Pode ainda cravar-se o tubo normal e introduzir outro
tubo mais fino para se betonar o fuste.

3.2.2.4.2. Estacas injectadas

Neste tipo de estaca normalmente é injectado sob pressão calda de cimento, de forma a
aumentar a resistência lateral e de ponta. Não vibram e, devido ao pequeno porte de seus
equipamentos, são bastante utilizadas em obras de reforço de fundações. São utilizadas
também para estabilização de encostas, e próximas a instalações industriais sensíveis a
vibração. Os tipos mais comuns destas estacas são:

• Estacas injectadas de pequeno diâmetro;


• Estacas Raiz;
• Jet-Grouting.

Fundações Profundas / Tipos de Estacas Cap.III / 22


Estruturas Betão Armado

3.2.2.4.2.1. Estacas injectadas de pequeno diâmetro

Têm forma circular e diâmetro até 20 cm, são conhecidas como “estacas–raiz”,
“microestacas” e “presso-estacas”.

São utilizadas principalmente para reforço de fundações, sendo escavadas com perfuractriz e
injectadas. Podem ser verticais ou inclinadas. São executados com equipamento de rotação
com uso ou não de lama bentonítica, e revestimento total ou parcial do furo. Após escavação
até a cota de projecto, e feita a limpeza do furo, é introduzida a armadura com o tubo para
injecção. Seguidamente é removido o revestimento e inicia-se a injecção.

Estas estacas devem ser injectadas com calda de cimento ou argamassa com um consumo
mínimo de 350 kg/ m3 de material injectado. As injecções podem ser feitas em várias fases e
de acordo com a distribuição das válvulas ao longo do fuste.

Nos casos em que as estacas atravessam espessas camadas de material orgânico ou argila
mole, deve-se considerar o efeito de varejamento.

3.2.2.4.2.2. Estacas raiz

Têm forma circular e diâmetro até 410 mm, verticais ou inclinadas.

São escavadas com perfuratriz e injectadas, recorrendo a equipamento de rotação ou


rectropercussão com circulação de água, lama bentonítica ou ar comprimido.

Podem atravessar terrenos de qualquer natureza, com mato, rochas, concreto, etc... Concluída
a perfuração com revestimento total do furo, introduz-se a armadura, e através de um tubo
interno, é injectada a argamassa de areia e cimento de baixo para cima, retirando-se o
revestimento e aplicando-se pressões em função da natureza do terreno.

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Estruturas Betão Armado

3.2.2.4.2.3. Jet-Grouting

Jet-Grouting ou colunas de solo-cimento são normalmente utilizadas para obras de grande


porte, como consolidação de terrenos para escavação de túneis, escavação de poços
profundos, diafragmas para barragens, etc.

A coluna de jet-grouting é executada através da perfuração de uma haste até à profundidade


do projecto, após o que se procede à injecção de nata de cimento com bombas de altíssima
pressão através de bicos injectores.

É prefixada a velocidade de subida e rotação.

Fig. III/11 – Estaca raiz.

3.2.3. Estacas mistas

Representa um caso onde a solução de estaca é constituída pela combinação de dois ou mais
materiais diferentes: madeira e aço, aço e betão, ou outras duas técnicas diferentes: base
Franki e fuste pré-moldado.

Fundações Profundas / Tipos de Estacas Cap.III / 24


Estruturas Betão Armado

Destinam-se a aterros particularmente difíceis ou fundações com problemas especiais.

A sua execução poderá ser feita por cravação, percussão, prensagem ou perfuração.

As estacas devem atender aos requisitos de cada tipo utilizado, e a sua ligação e alinhamento
devem suportar as cargas previstas.

Fig. III/12 – a) Jet-Grouting; b) A ponteira do jacto; c) Tubo triplo.

3.3. Tipo de estacas quanto ao efeito no solo envolvente

Uma forma de classificação das estacas é quanto à perturbação que estas causam no solo que
as envolve.

Segue-se um quadro ilustrativo das principais situações.

Fundações Profundas / Tipos de Estacas Cap.III / 25


Estruturas Betão Armado

Quanto ao efeito nos solos Quanto ao processo de execução


Quanto ao material
envolventes e forma da estaca

Peça sólida Madeira

Pré-fabricada e Betão

cravada
Com deslocamento
Peça tubular obturada na Tubos metálicos

ponta Tubos em betão

Moldada in situ Diversos tipos Betão

Secções H

Pré-fabricada e Perfis metálicos Tubos metálicos abertos na


Pequeno deslocamento
cravada ponta

Estacas helicoidais Elementos metálicos

Permanentemente Betão com molde perdido

Com suporte lateral


dos solos Betão com:
Temporário
Sem deslocamento Molde recuperável

Lamas bentoníticas

Sem suporte lateral Não entubadas com solos


dos solos estáveis

Fig. III/13 - Tipo de estacas quanto ao efeito no solo envolvente.

3.3.1. Com deslocamento do solo envolvente

Utilizam-se estacas pré-moldadas, maciças (em madeira ou betão pré-moldado) ou ocas com
ponteira fechada. Podem ainda ser colocadas por vibração, pressão ou rotação.

Fundações Profundas / Tipos de Estacas Cap.III / 26


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É feita a cravação de uma secção tubular com ponteira fechada para formar um vazio. Em
seguida, preenche-se o vazio com betão à medida que a secção tubular vais sendo retirada
(moldes ou tubos de aço ou de betão.

Formas da base

Perfil transversal

Formas do fuste

Fig. III/14 – Tipos de estacas.

3.3.2. Com pequeno deslocamento do solo envolvente

Utilizam-se aqui:

• Perfis de aço, incluindo tipo H;


• Tubos de ponteira aberta;
• Estacas roscadas por troços;
• Estacas soldadas por troços

3.3.3. Sem deslocamento do solo envolvente

A colocação de uma estaca pré-fabricada sem deslocamento do solo envolvente pode ser
realizada por perfuração ou escavação, colocando a estaca no seu interior.

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As paredes de escavação podem ficar escoradas:

• Permanentemente, utilizando moldes perdidos;


• Temporariamente.

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