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Seção 1
Na pesquisa, escrever é imprescindível
A comunicação, especialmente a escrita, faz parte do processo de produção
da ciência e, por meio dela, é possível a continuação desse processo. Se não
houvesse “pesquisas confiáveis publicadas, seríamos prisioneiros do que vemos
e ouvimos, confinados às opiniões do momento.” (BOOTH e outros, 2005, p. 9).
Os autores afirmam, ainda, que “só quando sabemos que podemos confiar na
pesquisa de outros somos capazes de nos libertar daqueles que, controlando
nossas crenças, controlariam nossa vida.” (op. cit.).
Booth e outros (op. cit.) apresentam três fatores que justificam a importância da
escrita em uma pesquisa:
WILL, Daniela Erani Monteiro. Introdução a processos investigativos. Palhoça: UnisulVirtual, Ano. 2016 . págs.
xxx-xxx.
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Capítulo 2
Um texto poético, por exemplo, não necessita ser racional. Nesse caso, a emoção
acaba prevalecendo:
1 - Importante destacar que os trabalhos realizados pelos alunos na Universidade também podem ser
considerados “científicos”, desde que cumpram os critérios de cientificidade.
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Introdução a processos investigativos
2 - Isso também acontece quando alguém passa a fazer parte de uma determinada área de conhecimento.
Você, por exemplo, agora é um estudioso de uma ciência, que é a Pedagogia. E, por isso, deve aprender a
utilizar a linguagem específica dessa área, distanciando-se um pouco da linguagem do cotidiano.
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Capítulo 2
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Introdução a processos investigativos
dos professores (ESTEVE, 1999; NÓVOA, 1997), definida pela “contradição entre
o eu real (o que eles são diariamente nas escolas) e o eu ideal (o que eles queriam
ser ou pensam que deveriam ser)”. (ESTEVE, 1999, p. 110).
Fonte: WILL, Daniela Erani Monteiro. Aprendendo a ser professor: relações entre contexto de trabalho e formação
inicial. 2004. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
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Capítulo 2
Seção 2
Fase 2: Planejamento da pesquisa – a
elaboração do projeto
Agora que você já conhece os pressupostos fundamentais da pesquisa científica,
já escolheu o seu tema e reconheceu, de forma inicial, o seu problema, é o
momento de planejar a sua investigação. O planejamento de uma pesquisa é
caracterizado pela elaboração de um projeto. Nele o pesquisador deverá anunciar,
de forma clara, objetiva e coerente, a pesquisa que pretende desenvolver, com
todos os passos e pressupostos previstos e delimitados.
Tema
O tema deve ser o primeiro item a ser explicitado no projeto de pesquisa. Nem
sempre há necessidade de ter um espaço específico no projeto, como um tópico,
para a apresentação do tema. O título do projeto, em geral, já apresenta o tema
da pesquisa. Mas, se for preciso 3, pode-se criar um tópico logo no início do
projeto, após a capa, denominado “Tema”.
Formulação do problema
Após a apresentação do tema, deve-se mostrar, por meio da revisão de literatura,
como se chegou à pergunta (ou às perguntas) que pretende ser respondida pela
pesquisa: trata-se da formulação do problema ou problematização.
Justificativa
É a apresentação da relevância do projeto de pesquisa proposto, seja ela social,
acadêmica, profissional, pessoal, entre outras. Nesse item do projeto, você
deverá defender a sua pesquisa, apresentando por que ela deve ser realizada.
3 - Apesar de contemplar alguns elementos insubstituíveis como objetivos e metodologia, por exemplo,
há vários formatos de projeto de pesquisa disponíveis, que dependem de quem o solicita (agências de
financiamento, universidades, professores etc.).
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Introdução a processos investigativos
Referencial teórico
Trata-se da apresentação, de forma contextualizada e coerente, de uma
compilação das pesquisas já realizadas sobre o tema em questão, assim como
dos autores (fundamentos teóricos) a serem utilizados nas análises dos dados
coletados pela pesquisa (discussão dos resultados). O referencial teórico só pode
ser desenvolvido após o pesquisador ter feito um bom levantamento bibliográfico.
Metodologia
Neste item, o pesquisador deve descrever como a sua pesquisa será realizada.
Assim, devem ser definidos, por exemplo, o tipo de pesquisa, o campo, os
sujeitos e o tipo de abordagem que será utilizada: qualitativa ou quantitativa.
Cronograma
Definida a metodologia da pesquisa e, especialmente, a forma como os dados
serão coletados, o cronograma serve como instrumento orientador do tempo
previsto em cada uma das etapas do desenvolvimento da pesquisa.
Referências
Por fim, devem ser apresentadas as referências utilizadas na elaboração do
projeto, em ordem alfabética e de acordo com as normas da Associação Brasileira
de Normas Técnicas – ABNT 4.
Seção 3
O levantamento bibliográfico
O levantamento bibliográfico, também chamado de “revisão de literatura”, é uma
ação intrínseca a todo projeto de pesquisa. Mas, por quê?
servicos/orientacao-trabalhos-academicos>
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Capítulo 2
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Introdução a processos investigativos
Mas, como você é um(a) aluno(a) da modalidade a distância e, por hipótese, não
dispõe de uma boa biblioteca perto de você, cabe utilizar os recursos da internet
para a busca das referências clássicas e das atuais, ou mesmo fazer a compra de
alguns livros que forem elencados como essenciais ao seu trabalho de pesquisa.
5 - Quando começar a fazer a revisão de literatura (levantamento bibliográfico)? Não antes de ter delimitado
bem a pergunta. Senão, corre-se o risco de se deixar levar e até de se perder na enorme soma das fontes de
pesquisa
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Capítulo 2
Além dessas fontes, você deve sempre consultar as referências citadas nos artigos
encontrados. Ou seja, você deve conhecer o levantamento bibliográfico realizado
por outro pesquisador para efetuar o trabalho. Mesmo que um artigo encontrado
não seja aquilo que você esperava, vale a pena consultar as suas referências. A
melhor fonte desse tipo, claro, são os artigos de revisão de literatura.
Fontes secundárias: é o texto original, da forma como foi escrito e impresso pelo
autor (o artigo com o resultado de uma pesquisa, por exemplo).
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Introdução a processos investigativos
Seção 4
O que considerar na formulação do problema
de pesquisa?
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Capítulo 2
Se sua pesquisa é mais pura do que aplicada, mas você ainda acredita que possa
ter consequências indiretas palpáveis, práticas, declare isso no seu projeto. Mas, ao
apresentar seu problema de pesquisa na introdução, formule-o como um problema
de pesquisa pura, cujo fundamento esteja baseado em consequências conceituais e
guarde as possíveis consequências práticas para a conclusão (BOOTH et al., 2005).
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Introdução a processos investigativos
Essa autora nos aponta, ainda, que, diferente de uma pesquisa, nos projetos
de intervenção o agente está a serviço de um interlocutor (indivíduo, grupo ou
comunidade) que apresenta um problema (uma reclamação). Cabe ao agente
identificá-lo e colocar sua habilidade a serviço do encaminhamento da solução.
Assim, um projeto de intervenção parte da “reclamação” e tem como ponto de
chegada a sua solução (diferente da pesquisa, que tem como ponto de chegada
a explicação do problema).
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Capítulo 2
Seção 5
Formulação do problema de pesquisa
Após a identificação, inicial, do tema e do problema, é preciso delimitar, precisar
melhor o seu problema de pesquisa, objetivando sua problemática, racionalizando-a.
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Introdução a processos investigativos
Para elaborar esse item, Laville e Dionne (1999) sugerem que o pesquisador inicie
fazendo anotações sobre a problemática sentida para se chegar à problemática
racional. Mas, o que isso significa, exatamente? Significa que o pesquisador deve
mostrar ao leitor do projeto como chegou ao problema de pesquisa. A problemática
sentida se refere ao problema percebido inicialmente pelo pesquisador, composto
por um conjunto de fatores esparsos – os conhecimentos brutos e construídos, os
fatos, as teorias, os conceitos, os valores – os quais, em função de circunstâncias
que se apresentam em seu contexto, fazem com que o pesquisador perceba um
problema sobre o qual valeria a pena se debruçar. Esses elementos esparsos, mas
em interação, formam seu quadro de referência para a apreensão do problema,
sugerindo-lhe um modo de vê-lo – uma problemática sentida.
Mas o pesquisador deve obter desses elementos uma visão mais objetiva:
examiná-los, para melhor estabelecer sua natureza e seu jogo, a fim de aprender
mais precisamente e mais profundamente seu problema e as questões de
pesquisa que dele resultam. Essa é a longa operação de objetivação que conduz
a problemática sentida à problemática racional, operação durante a qual o
pesquisador analisa as múltiplas facetas (empíricas, conceituais, teóricas) de seu
problema, tendo como auxílio a revisão de literatura. O problema, agora, está
bem delimitado, com seus limites e suas implicações claramente estabelecidos.
Em seu projeto de pesquisa, você deverá apresentar a problemática racional e
explicar como chegou até ela. (LAVILLE e DIONNE, 1999)
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