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CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

DISCIPLINA: AVALIAÇÃOE DIAGNÓSTICO EM


PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
Professora: Ma. Michella Fonseca

ALUNO (A):
1. Introdução
Este material retrata a importância de uma avaliação psicopedagógica clínica para uma proposta
de intervenção adequada, que tem como objetivo compreender de forma geral como esse sujeito
aprende e quais os obstáculos que estão ocorrendo nesse processo.
O objetivo deste trabalho foi tecer breves considerações sobre a psicopedagogia com um maior
aprofundamento teórico na avaliação psicopedagógica clínica. Já que existem muitas fontes sobre
este tema com autores renomados, sendo assim, este trabalho de conclusão de curso é um artigo
científico através de uma pesquisa bibliográfica. Sabe-se que a psicopedagogia ainda é um campo
novo de estudos, necessitando de estudos e pesquisas para a área da educação.
Para que se possa fazer uma avaliação diagnóstica é necessário ter grande empenho no curso
para que se possa ter um bom embasamento teórico, sendo assim acredita-se ser imprescindível
retratar alguns pontos fundamentais antes de falar da avaliação psicopedagógica clínica.
Neste material pode-se perceber que esta avaliação é uma investigação através do diagnóstico
psicopedagógico das dificuldades que retrata a não-aprendizagem do sujeito, sendo assim,
devendo ser bem elaborada uma intervenção, em busca de uma descoberta do desejo de aprender.
Após a introdução, foi feito um estudo sobre o histórico da psicopedagogia. Num terceiro capítulo
aprofundei os passos de uma avaliação psicopedagógica, com alguns subtítulos como entrevista
de queixa; anamnese; EOCA; observação lúdica; provas operatórias piagetianas; técnicas
projetivas psicopedagógicas; área psicomotora; área pedagógica; área social; informe
psicopedagógico e devolutiva. No quarto capítulo apresento as considerações finais e em seguida
as referências bibliográficas.
Este material é de suma importância para reavaliar a atuação profissional como psicopedagoga e
principalmente para um crescimento pessoal e profissional durante toda a execução do trabalho.

2. Histórico da Psicopedagogia
A psicopedagogia é uma área interdisciplinar, de caráter teórico e prático, que estuda e trabalha
com o processo de aprendizagem e suas dificuldades, instrumentalizando o psicopedagogo nas
tarefas de educar ou de ensinar, buscando compreender o processo ensino-aprendizagem no
aspecto extraescolar e intraescolar, com prática preventiva e/ou terapêutica.
É a área de conhecimento de dois saberes e duas práticas, a Psicologia e a Pedagogia, ou seja, a
"Psicologia da Educação". Ao longo de sua história, vem contribuindo para a compreensão do
processo de aprendizagem do ser humano. Articula seus conhecimentos teóricos com o
compromisso ético e social para uma investigação científica do processo de aprendizagem.
Segundo Grassi (2009, p.135), "a psicopedagogia foca sua atenção na prevenção das dificuldades
de aprendizagem e também no seu atendimento terapêutico".
A psicopedagogia pode atuar nas áreas: clínica, institucional e hospitalar. Está em busca de
soluções para questões envolvendo dificuldades de aprendizagem. Seu objetivo primordial é
possibilitar uma visão ampliada em relação ao sujeito cognoscente, um ser capaz de conhecer o
mundo, o que o rodeia e a si próprio como sujeito da aprendizagem.
Seguindo esta linha, a psicopedagogia pode ser fundamentada na Epistemologia Convergente,
criada por Jorge Visca, que propôs um trabalho integrado com a Psicogenética de Jean Piaget, a
Psicanálise de Sigmund Freud e a Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière. Do ponto de vista
de Visca, a aprendizagem é estabelecida nas relações dos aspectos cognitivo, afetivo e social,
apoiando-se em princípios interacionista, construtivista e estruturalista.
Jean Piaget escreveu diversos livros sobre o desenvolvimento cognitivo infantil, teve como seu
principal foco o sujeito epistêmico, ou seja, aquele que constrói conhecimentos. A aprendizagem é
um processo de reorganização cognitiva, que passa por várias etapas de desenvolvimento, onde
os conflitos favorecem para uma maturação cognitiva.
Sigmund Freud contribuiu muito com seus estudos sobre a Psicanálise, estudando a dinâmica da
personalidade, os conteúdos inconscientes, que nos auxilia para o entendimento de um diagnóstico
da personalidade, os conteúdos inconscientes, que nos auxilia para o entendimento de um
diagnóstico adequado durante uma avaliação psicopedagógica. A criança precisa sempre ser
estimulada afetivamente, pois para boa aprendizagem é necessário uma relação de amizade e
respeito.
Pichon Rivière (2009) retrata o lado social, ou seja, entender como o sujeito lida com o grupo, com
suas angústias e vitórias. É importante observar o vínculo que se tem com a aprendizagem, pois a
personalidade compromete-se com esta aprendizagem.
Esta linha da Epistemologia Convergente une os lados primordiais, como o lado cognitivo, afetivo
e social para um coerente diagnóstico.
Mas para que isto ocorra é necessário um olhar e escuta diferenciados, que é um profissional que
previne e trata os problemas de aprendizagem, é um olhar cuidadoso para entender o que está
ocorrendo com o processo ensino-aprendizagem, as facilidades e as dificuldades do indivíduo, que
leve ao vínculo positivo com a aprendizagem e o alcance da autonomia do sujeito.
A escola tem preocupação com os alunos que apresentam dificuldades no processo ensino-
aprendizagem, então conversam com a família para que possam ajudar o sujeito e geralmente
sugerem uma avaliação psicopedagógica clínica para que possam descobrir o real motivo da
queixa apresentada.
A avaliação psicopedagógica clínica tem como objetivo, entender o processo ensino-
aprendizagem, ou seja, como o sujeito aprende e quais são os reais motivos que o levam aos
obstáculos e as dificuldades que transcorrem durante este processo.
Os instrumentos utilizados durante o diagnóstico psicopedagógico são o levantamento da queixa
escolar e familiar; EOCA; planejamento e aplicação de provas; instrumentos formais em cada área
emocional, cognitiva, psicomotora e pedagógica; anamnese; levantamento de dados escolares;
provas e testes complementares; análise de resultados e conclusão de hipótese diagnóstica;
informe psicopedagógico; devolutiva e proposta de intervenção coerente com este diagnóstico.
3. Avaliação Psicopedagógica
A aprendizagem é um processo que está sempre em busca de novos conhecimentos, que necessita
de um aprendiz capaz de conhecer o mundo que o rodeia e a si próprio. Envolve as experiências
individuais, resultando numa mudança de comportamento. É uma interação entre os aspectos
biológicos, afetivos, intelectuais e culturais, que levam ao processo educativo. Estamos sempre em
processo de aprendizagem, pois continuamos aprender por toda nossa vida.
Segundo Lakomy (2008, p.17), "para a aprendizagem ocorrer, é necessário que haja uma interação
ou troca de experiências do indivíduo com o seu meio ambiente ou comunidade educativa".
A dificuldade de aprendizagem pode surgir a qualquer momento, problemas de vários fatores
interferem na aprendizagem. Estas dificuldades não são determinadas por um único fator, portanto,
deve-se fazer uma investigação detalhada para descobrir o que leva a esta dificuldade de
aprendizagem, podem ser originados por fatores orgânicos, específicos, emocionais e ambientais.
Nunca um problema de aprendizagem virá isolado, é antes de tudo um sintoma.
Esta dificuldade pode vir em termo restrito, como um problema clínico e num sentido geral, como
uma questão no próprio conhecimento.
De acordo com Leal e Nogueira (2011, p.55) "o processo de aprendizagem é complexo e delicado,
porém é saudável que haja dúvidas, dificuldades para assimilar e acomodar novos conhecimentos".
Quando a criança passa por algum problema, são momentos que a criança passa que trazem
alguma dificuldade afetando a aprendizagem. Existe um problema que dificulta o não aprender. A
aprendizagem deve ser bem trabalhada para que conflitos da própria personalidade do indivíduo
não gerem angústias, prejudicando assim o ato de aprender.
O trabalho do psicopedagogo está estritamente ligado à aprendizagem sistemática, que é aquela
presente nas instituições escolares, desde a infância até o ensino superior. Pode ser no aspecto
social, emocional, pedagógico e psicomotor. Portanto, é fundamental este olhar e escuta do
profissional, pois receberemos a queixa emergente e teremos que fazer uma leitura latente, ou seja,
o que poderá estar por trás deste problema, que gerou esta dificuldade na aprendizagem do sujeito,
como elaborações simbólicas.
Então, de acordo com a queixa escolar e/ou familiar, surge a necessidade de uma avaliação
psicopedagógica clínica, onde o psicopedagogo fará uma investigação para uma intervenção no
âmbito clínico. Pois o objetivo é identificar os obstáculos que levam a este aprendente passar por
dificuldades em sua aprendizagem dentro do que é esperado pela sociedade.
Através da avaliação psicopedagógica levanta-se hipóteses, que poderão ou não serem
confirmadas até o final desta avaliação para que se possa ter encaminhamentos adequados para
cada determinado indivíduo. Cada situação é totalmente diferente da outra, pois é única e requer
atitudes específicas para cada caso.
Para que ocorra esta avaliação é necessário ter o aprendiz e aquele que ensina. A avaliação
psicopedagógica clínica para ter um diagnóstico coerente com a realidade do sujeito deve seguir
passo a passo.
É importante saber receber bem a queixa, para que se possa direcionar o trabalho. Receber a
queixa escolar, familiar e a do próprio avaliando, e nunca perder o foco das queixas. Avaliar todas
as áreas como cognitiva, afetiva, pedagógica e funcional, pois cada uma delas dará uma resposta
mostrando em que nível estará o aprendiz.
De acordo com a Epistemologia Convergente, os passos para a avaliação psicopedagógica clínica
são: levantamento da queixa com contrato firmado por ambas as partes, Entrevista Operativa
Centrada na Aprendizagem (EOCA), escolha dos instrumentos de acordo com o primeiro sistema
de hipótese, anamnese, aplicação das provas de todas as áreas com segundo sistema de hipótese,
levantamento de dados escolares, análise e conclusão da terceira e última hipótese, informe
psicopedagógico, devolutiva escolar e familiar e por fim a proposta de intervenção.
3.1 Entrevista De Queixa:
A queixa escolar poderá ser recebida pela direção, orientação e professores, onde teremos a
primeira visão do sintoma apresentado pela escola. É importante estar atento de como os
profissionais envolvidos com a criança encaram esta dificuldade de aprendizagem e o que esperam
desta avaliação.
Num segundo momento, é necessário ouvir a queixa do próprio sujeito, para poder perceber se tem
consciência da sua dificuldade e o que espera da possível proposta de intervenção.
Passando, assim, para a entrevista com os pais ou responsáveis, que poderá ser bem detalhado
através da anamnese, onde serão observadas as reações comportamentais dos demais.
3.2 Anamnese:
A anamnese é o levantamento do desenvolvimento da vida do sujeito e do histórico escolar, o que
ocorreu com o indivíduo durante toda a sua vida escolar e quando foi detectada a dificuldade em
questão. Perceber os valores familiares, o relacionamento familiar e as reais expectativas de
intervenção. É uma fonte de grande investigação, perceber o ambiente da criança. Geralmente os
pais passam conteúdos carregados de afetividade, ansiedade, portanto, deve-se ser cauteloso para
analisar a entrevista familiar.
O ideal para a realização da entrevista da anamnese seria após o psicopedagogo conhecer o
sujeito. A análise desta entrevista fornecerá dados de ligação da história de vida do sujeito com a
queixa apresentada.
Registrar tudo o que for dito, levantar o maior número possível de informações, deixando fluir de
maneira descontraída.
Para uma boa coleta de dados deve-se levantar os antecedentes natais, concepção, gestação,
momento do parto, seu desenvolvimento com o sono, hábitos alimentares, linguagem, ambiente
familiar, em caso de separação dos pais aprofundar melhor o relacionamento do casal e dos
mesmos com a criança, desenvolvimento psicomotor, doenças, tiques e manipulações, mudanças
e acontecimentos importantes, sexualidade, atividades diárias, comemoração do aniversário,
amigos, comportamento, aprendizagem assistemática, aprendizagem sistemática e principalmente
o histórico escolar.
De acordo com todos estes dados, o psicopedagogo poderá ter uma visão do sujeito para que
possa prosseguir com a avaliação, partindo assim para o seu primeiro sistema de hipóteses.
3.3 EOCA:
EOCA é a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem, elaborada por Jorge Visca, aplicada
aos sujeitos em processo de aprendizagem. É o primeiro momento do psicopedagogo com o
avaliando que traz a queixa, com o objetivo de observação e das reações do sujeito frente à
aprendizagem.
De acordo com Leal e Nogueira (2011, p.84) "o profissional precisa conhecer melhor a maneira
como a criança aprende a fazer o que lhe ensinam".
Os materiais são deixados sobre uma mesa, que podem ser: lápis de cor, giz de cera, massa de
modelar, caneta hidrocor, régua, barbante, palitos de sorvete, borracha, tesoura, cola, papel
pautado, papel sulfite, papel colorido, revistas, gibis, livros de acordo com a faixa etária do
avaliando, jogos, lápis grafite sem ponta, para que se possa observar a iniciativa do sujeito. Utilizar
materiais que sejam coerentes com o ambiente do sujeito.
Diante da mesa com todos os materiais já dispostos segue para a aplicação da EOCA, deve-se
seguir as seguintes consignas.
Consigna de abertura ou inicial, "Gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que lhe
ensinaram e o que você aprendeu". Caso o sujeito não se manifeste, parte para a consignação
múltipla.
Consigna múltipla, "Você pode ler, escrever, pintar, desenhar, recortar, calcular, pode fazer o que
quiser". Esta será uma opção, caso ele não responda a consigna de abertura, onde você irá mostrar
várias opções de acordo com os materiais presentes na mesa.
Consigna fechada, "Gostaria que você me mostrasse algo diferente do que já fez". Fazer algo
diferente e observar a iniciativa da criança.
Consigna direta, "Gostaria que me mostrasse algo de leitura, escrita ou matemática". Esta consigna
será determinada de acordo com a queixa.
Consigna de pesquisa, "Para que serve isto, o que você fez, que horas são, que cor você está
utilizando, etc." Esta consigna questiona vários materiais expostos, para investigar o conhecimento
do sujeito.
Deve-se anotar tudo o que for falado e feito pelo avaliando, inclusive suas reações. Isto é um
trabalho de muita observação e sensibilidade do psicopedagogo, respondendo somente o que lhe
for perguntado e estritamente o essencial, sem qualquer tipo de demonstração satisfatória ou
insatisfatória. Deixar o avaliando se manifestar livremente.
Alguns fatores devem ser observados, como a temática, ou seja, todas as falas do indivíduo. A
dinâmica são todas as manifestações não verbais, como postura, manuseio do material, postura
corporal, etc. O produto é aquilo que o sujeito realmente produziu durante a EOCA. A dimensão
afetiva manifestada através do comportamento do avaliando como medos, frustrações, fugas,
distração, resistência, ansiedade, choro, etc.
A dimensão cognitiva também deve ser observada através da utilização dos materiais, estratégias
utilizadas durante a atividade, organização, planejamento, a construção da sua produção e suas
relações durante o pensamento para execução da tarefa.
Se o sujeito não quis produzir nada, deverá ser rigidamente analisado o motivo desta fuga.
3.4 Observação Lúdica
Esta observação lúdica é realizada através de brincadeiras e jogos, quando o sujeito não está em
processo de aprendizagem. A partir do lúdico, a criança revela seus pensamentos, sentimentos e
seu modo de conviver com o mundo externo. Assim como a EOCA, traz grande base para o
diagnóstico psicopedagógico.
Os brinquedos devem ser escolhidos de acordo com a faixa etária da criança e também pelo o que
se deseja analisar, partindo das queixas familiar e escolar.
Durante esta atividade lúdica, devem ser observadas a reação da criança frente aos brinquedos,
linguagem utilizada, postura, analisando os aspectos cognitivo, afetivo, motor e social.
Também pode ser usada por crianças com necessidades especiais e com distúrbios de
comportamento e que não conseguem responder a outras formas de investigação.
3.5 Provas Operatórias Piagetianas:
A área cognitiva avalia o processo de desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Deve-se estar atento
para concentração, atenção, memória, autonomia e percepção. Busca entender o processo de
lógica, ou seja, o raciocínio lógico deste sujeito, se o pensamento equivale com a faixa etária do
avaliando.
De acordo com Nogueira e Leal (2011, p.122) "as estruturas cognitivas evoluem à medida que a
criança cresce, permitindo novas aprendizagens e possibilitando a ela adquirir os conteúdos
formais".
Para o uso da análise da área cognitiva, recomenda-se o uso das provas operatórias criadas por
Jean Piaget, que são as provas de conservação, classificação e seleção. Através destas provas
pode-se ter uma visão do diagnóstico operatório, mas jamais rotular o avaliando. Com elas
podemos perceber se o sujeito tem noção de identidade, compensação, reversibilidade,
causalidade, quantificação, raciocínio lógico, estrutura do pensamento, tempo e espaço.
Estas provas dão a percepção do funcionamento e desenvolvimento das funções lógicas do sujeito.
As provas de conservação são divididas em provas de conservação de pequenos conjuntos
discretos de elementos; prova de conservação das quantidades de líquidos (transvazamento);
prova de conservação da quantidade de matéria; prova de conservação do comprimento; prova de
conservação do peso e prova de conservação do volume.
Já as provas de classificação são divididas em prova de mudança de critério (dicotomia); prova de
quantificação da inclusão de classes e prova de intersecção de classes.
A prova de seriação de palitos analisa a capacidade da criança seriar. Para as crianças com 12
anos ou mais pode-se usar a prova de combinações de duplas para pensamento formal e prova de
permutações possíveis com um conjunto determinado de fichas.Não é necessário a aplicação de
todas as provas, somente as que o psicopedagogo julgar imprescindíveis para o caso que está
avaliando.
Para cada prova devem ser usadas as suas próprias consignas, suas transformações,
argumentações, contra-argumentações, justificativas e retorno empírico.
As respostas argumentadas por critérios de identidade ocorrem quando o sujeito consegue
perceber que nada foi acrescentado ao material da prova. Os critérios de identidade subjetiva
ocorrem quando o sujeito tem a percepção de que continua a mesma quantidade de material. A
reversibilidade é quando o sujeito questiona o retorno empírico. A compensação é quando o sujeito
consegue perceber e argumentar compensando as formas apresentadas, ou seja, se está mais
esticado, se achata ou divide.
Estas provas são avaliadas por três níveis. O nível 1 de não-conservação, que estabelece a
identidade inicial, quando o sujeito não consegue responder as perguntas corretamente, ou seja,
dando respostas não conservadoras. O nível 2 de transição ou intermediário, oscila entre as
respostas de conservação e não-conservação.
O nível 3 de conservação, dá respostas conservadoras, apresentando raciocínio de identidade, ou
seja, percebe que nada foi acrescentado ou retirado. A reversibilidade, quando percebe que mesmo
após as transformações, o material é o mesmo. E a compensação quando tem a noção que houve
o processo de compensar.
Com estas provas, o psicopedagogo investiga a dificuldade do sujeito e pode retomar o processo
partindo da constatação da dificuldade, portanto é fundamental o olhar psicopedagógico.
3.6 Técnicas Projetivas Psicopedagógicas:
A área emocional avalia o lado afetivo frente à aprendizagem nos âmbitos: escolar, familiar e
consigo mesmo. Dão informações sobre o aspecto emocional e relacional.
As técnicas projetivas psicopedagógicas buscam entender o vínculo que o sujeito estabelece com
a realidade e com a própria aprendizagem. Investiga-se a rede de vínculos em três domínios:
escolar, familiar e consigo mesmo.
No domínio escolar temos o "Par Educativo", que investiga o vínculo com a aprendizagem. "Eu e
meus companheiros" investigando o vínculo com companheiros da classe. "Planta da sala de aula"
mostra a representação do campo geográfico da sala e a desejada.
No domínio familiar temos a "Planta da Casa" investiga a representação real e desejada da casa.
"Os quatro momentos do dia" revelam os vínculos ao longo do seu dia. "Família Educativa" investiga
o vínculo de aprendizagem com o grupo familiar e cada um dos integrantes da mesma.
No domínio consigo mesmo temos "O desenho em episódios" investigando a delimitação da
permanência da identidade psíquica em função dos afetos. "O dia do meu aniversário" mostra a
representação que se tem de si próprio e do contexto físico e sócio dinâmico em um momento de
transição de uma idade para outra. "O desenho de minhas férias" investiga as atividades escolhidas
durante o período de férias escolares. "Fazendo o que mais gosta" analisa o tipo de atividade que
mais gosta.
Para todas as técnicas usam as consignas adequadas a cada uma delas e o material é sempre o
mesmo para todas, como papel ofício, lápis grafite, apontador, borracha e régua. Não é necessário
aplicar todas as técnicas, pois o psicopedagogo irá escolher as que devem ser aplicadas seguindo
suas hipóteses para o diagnóstico, de acordo coma queixa do sujeito.
Para a análise destas técnicas deve-se observar a coerência do título, detalhes do desenho,
tamanho dos personagens, diálogo, escrita quando houver, resistências quanto ao tempo, pressão
usada no lápis para desenhar, localização dos personagens, características do traçado, elaboração
da história, se teve entusiasmo para execução da atividade e suas atitudes.
Através do desenho, o sujeito se expressa em uma linguagem gráfica, deixando suas marcas
individuais, seu lado emocional que pode favorecer positiva ou negativamente para a
aprendizagem. Pode-se perceber como é a capacidade de pensamento, ou seja, se consegue ter
uma organização coerente, elaborando suas emoções e afetos.
3.7 Área Psicomotora:
A área psicomotora avalia os aspectos psicomotores e o desenvolvimento físico do indivíduo. Cada
pessoa tem suas próprias características, que são únicas para cada indivíduo, as pessoas agem
de acordo com sua vivência desde o nascimento.
É de fundamental importância, os sentimentos e emoções durante a fase de desenvolvimento do
seu esquema corporal, para não refletir na possível falta de coordenação motora, agressividade,
mau humor, apatia, que poderão ser manifestados em seu comportamento, podendo prejudicar a
aprendizagem, o funcionamento cognitivo.
Os aspectos psicomotores revelam a importância de um trabalho educativo para a organização da
personalidade. É importante ressaltar que as atividades devem ser determinadas de acordo com a
faixa etária das crianças.
Para Marinho et al. (2007, p.69) "a avaliação psicomotora possibilita ao professor verificar se os
conhecimentos e as atividades propostas estão adequados e cumprindo suas funções".
Na avaliação psicopedagógica clínica é necessário investigar vários aspectos como coordenação
motora fina; coordenação motora global; equilíbrio estático; equilíbrio dinâmico; lateralidade;
esquema corporal; orientação espacial; orientação temporal; tonicidade e todas as percepções que
são visuais, auditivas, tátil, olfativa, motora e espacial.
3.8 Área Pedagógica:
A área pedagógica avalia o nível pedagógico, principalmente no âmbito da leitura, escrita e cálculo
matemático. Deve-se fazer uma análise detalhada do material escolar do aluno. O caderno do aluno
dá muitas dicas do tamanho da letra, orientação espacial e uso da força para a escrita.
De acordo com as atividades que o psicopedagogo irá proporcionar, deverá situar o nível em que
se encontra o sujeito, que são: pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético.
Existem várias atividades investigativas para esta área, citadas a seguir.
Prova do realismo nominal, que tem como objetivo perceber se o educando vê a palavra como
característica do objeto ou como representação da escrita do objeto, observando a quantidade de
caracteres, momento da relação entre números e letras, características do texto lido, distinção entre
letras e sinais gráficos, orientação espacial da leitura, leitura com imagens, palavras e orações,
leitura sem imagens e leitura de orações.
Na observação de leitura tem que analisar a fluência, o reconhecimento de palavras, a reação
diante de palavras desconhecidas, utilização do contexto, uso da voz e hábitos de postura. Na
leitura compreensiva investigar como o sujeito compreende e interpreta o texto.
O ditado topológico pode também ser feito com gravuras, ordenação de figuras e o ditado
propriamente dito.
Na amostra da linguagem oral, através de gravuras e suas consignas, deve-se observar durante a
oralidade, sua pronúncia, vocabulário e sintaxe oral.
Desempenho lógico-matemático, onde serão observados a disponibilidade para a atividade,
facilidades e dificuldades para operações e situações problemas e as próprias atividades do
conteúdo escolar do sujeito.
3.9 Área Social:
A área social está vinculada com as demais áreas, principalmente com a área afetiva, engloba
vários dados do sujeito, as dificuldades que o levam a não aprendizagem e como a família encara
estas dificuldades de aprendizagem.
Ainda faltam alguns aspectos para serem analisados para que se chegue ao diagnóstico de uma
avaliação psicopedagógica clínica.
Como o Teste de Audibilização, onde será avaliado a discriminação fonética, memória,
conceituação e identificação de palavras e situações, organização sintático semântica e
compreensão do vocabulário. A Orientação Temporal observa como o sujeito se situa perante o
tempo.
Informação Social avalia aspectos gerais como nome e idade dos familiares, endereço, suas
brincadeiras, hábitos alimentares, programas de televisão preferidos, amigos, seus gostos e
pessoas do seu convívio.
Teste de Snellen é o teste do "E" Mágico, onde será observada a postura do sujeito às mudanças
de posição da letra E, como também, se apresentou algum sintoma físico, comportamental,
reclamações e a postura do indivíduo quando está olhando para objetos distantes e quando está
lendo. A Anamnese também faz parte desta área social.
Na Avaliação das capacidades básicas para aprendizagem, pode-se fazer um apanhado geral para
a análise de informações como exercícios prontos para finalizar esta avaliação, que podem ser
referentes a coordenação motora fina, noção de causalidade, orientação espacial, lateralidade,
orientação temporal, discriminação visual, discriminação auditiva, noção de tamanho, de distância,
de quantidade, percepção, análise e síntese.
Nos jogos diversos poderão ser avaliadas todas as áreas através da aplicação destes jogos.
Atividades complementares para confirmação das hipóteses levantadas também podem ser
usadas.
3.10 Informe Psicopedagógico
Com todas as áreas aplicadas e analisadas, já se tem uma visão completa, ou seja, nas suas
relações consigo mesmo, familiar, social e pedagógica, então parte para o informe
psicopedagógico, que é um desafio para os psicopedagogos, pois nele estará tudo que foi avaliado
do sujeito com seu diagnóstico. Este diagnóstico detectará os problemas de aprendizagem, através
de uma grande investigação.
É preciso deixar bem claro, que a hipótese diagnosticada serve para aquele atual momento do
sujeito, que poderá ou não ser confirmada no futuro.
Deve-se ter a noção de como o sujeito aprende e o que leva a ter dificuldade relatada em sua
queixa. O psicopedagogo retratará o que viu e o que observou através dos testes e atividades
complementares. É o resultado da avaliação, pois é a fotografia do avaliando naquele momento.
De acordo com Leal e Nogueira (2011, p.230) "descrevemos o indivíduo como ele está no momento
e não como ele é de fato".
Para a escrita deste informe deve-se seguir alguns passos, respectivamente como os dados
pessoais; motivo da avaliação perante a família e a escola; período da avaliação e número de
sessões; instrumentos utilizados; análise dos resultados; hipótese diagnóstica; prognóstico;
recomendações e indicações; observações gerais que o psicopedagogo tenha achado relevante
para o caso clínico.
3.11 Devolutiva:
O último passo para a avaliação psicopedagógica clínica é a devolutiva que será dada tanto para
a escola, quanto para a família e caso ache necessário uma devolutiva para o sujeito. Deve ser
relatado tudo que ocorreu durante o processo de investigação.
Esta avaliação ajudará a família, a escola e o próprio sujeito a lidar com a dificuldade, que pode ser
passageira ou algum impedimento ainda maior. Deve ser relatado para a família e também para a
escola, os motivos que levaram o sujeito a ter esta dificuldade.
Com isto, segue o processo corretor, ou seja, de intervenção, o que será melhor a seguir para
apoiar o avaliando naquele momento, será o que poderá ajudá-lo no futuro. Poderá chegar ao
diagnóstico de um acompanhamento psicopedagógico ou até de outro profissional gabaritado para
tal diagnóstico.
4. Considerações Finais
A avaliação psicopedagógica clínica tem o objetivo de entender como o sujeito aprende e o que o
leva a tal obstáculo que o prejudica em seu processo de aprendizagem, sendo assim através de
todas as etapas seguidas com afinco levará a um resultado diagnóstico fidedigno ao momento em
que o sujeito fez a avaliação.
É claro que para que isto ocorra, é necessário empenho e dedicação do psicopedagogo, com um
grande embasamento teórico, portanto sendo necessário para um bom profissional estar em
constante estudo e atualizações.
Assim fica mais gratificante o trabalho e uma segurança para o diagnóstico psicopedagógico,
formando assim um informe psicopedagógico condizente com o que foi avaliado, podendo então,
ser realizada uma devolutiva para a família e também para a escola, para que se possa ser traçado
algumas metas a serem seguidas com o sujeito, com o intuito de solucionar tais obstáculos que o
prejudicam e o levam a esta dificuldade de aprendizagem.
Com tudo isto, este trabalho de conclusão de curso pôde garantir a minha escolha pelo curso e
profissão na área da Psicopedagogia Clínica e Institucional. Estou ciente que estou no caminho
certo para a realização profissional, a ajuda e acompanhamento do próximo, pois se estudei tanto
e estou apta para atuar, quero me dedicar e dar o melhor de mim.
Este trabalho foi baseado teoricamente em apoio literários e obteve uma grande contribuição com
a experiência adquirida com o próprio estágio clínico, que forneceu base e grande suporte para
encarar as facilidades, dificuldades e possibilidades geradas dentro de uma avaliação
psicopedagógica clínica.
O processo de investigação para a avaliação psicopedagógica clínica contribui muito para uma
intervenção adequada e mais próxima da realidade do avaliando.
Os jogos também tem sua fundamental importância neste processo, pois servem para
descontração do sujeito para que não fique somente na expectativa de que está sendo avaliado.
Com a conclusão do curso de Psicopedagogia Clínica e Institucional e com este trabalho de
conclusão de curso pude constatar, que a avaliação psicopedagógica clínica bem detalhada e muito
bem feita é fundamental para um diagnóstico fidedigno ao que foi analisado e para um futuro
processo corretor, ou seja, através de um processo de intervenção caso seja necessário.
A gratificação com a aprendizagem adquirida durante o curso, auxilia em sermos bons profissionais
e contribui para a dedicação cada vez maior, acreditando sempre no outro.
Este trabalho leva muito ao aperfeiçoamento de grandes estudos, pois a pesquisa foi fundamental
para o levantamento de novas ideias.
Referências:
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GRASSI, T. M. Psicopedagogia: um olhar, uma escuta. Curitiba: IBPEX, 2010.
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