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Familia e Escola PDF
Familia e Escola PDF
JULIANA GRIS1
MARIANA SCHULZ MITTANCK2
ROSILEI MARISA COMERLATO3
RESUMO: Tendo em vista a interligação entre família e escola, viemos, por meio deste
trabalho, questionar o tratamento dado às particularidades de cada família. Não se trata
de um questionamento sobre raça, cor, situação econômica, nem mesmo de moral. O
que nos interessa, neste trabalho, é rever o conceito de “família”; dar a este uma
concepção contemporânea. Propomos que a desigualdade na constituição da mesma não
seja inibidora e, nem mesmo, requisito de diferenciação entre as crianças. Perceba-se: o
termo “desigualdade” representa, nesta fala, uma diferença construída a partir de
diversos fatores sócio-históricos particulares. A “diferenciação”, por sua vez, representa
o preconceito, no sentido de considerar uma criança como diferente da outra, pelo
simples fato de não estar inserida numa família “tradicional”. No mais, buscamos
compreender como é dada a relação entre família e escola no sentido mais visível,
prático e pedagógico, ou seja, no sentido de mostrar a importância da participação da
família na escola, assim como as conseqüências dessa participação para as crianças.
Trataremos a família, portanto, como fator indispensável à prática educacional da
criança; nossa preocupação principal, porém, será analisar a conduta da escola quanto a
estas “novas” famílias, ou, mais do que isso, buscar um novo tratamento a esta
particularidade, ou, condicionalidade encontrada na atual conjuntura sócio-educacional.
Em conseguindo compreender esta particularidade, estaremos abrindo espaço a uma
educação de mais qualidade e, principalmente, que proporcione um respeito às
diferenças encontradas no ambiente escolar. Concluímos então com um
questionamento: se escola e família direcionam juntas a vida de uma criança, quais as
medidas a serem tomadas?
1
Acadêmica do 3º ano do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE) campus Toledo. E-mails para contato: jujugris@hotmail.com ou jujugris@yahoo.com.br.
2
Acadêmica do 2º ano do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE) campus Toledo. E-mail para contato: mari.mittanck@hotmail.com
3
Acadêmica do 3º ano do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE) campus Toledo. E-mails para contato: metal_lrose@hotmail.com ou
rosilei.comerlato@bol.com.br
A CONFIGURAÇÃO DA FAMÍLIA MODERNA: CONTRASTES ESCOLARES
4
No sentido de identificação de parentesco, sanguíneo ou não, independente de grau de proximidade.
5
O termo indica um modelo ultrapassado, por assim dizer, no sentido de não ser mais o modelo padrão,
além de expressar a característica sócio-histórica dessa mudança na sociedade.
modelo que, praticamente, vai sendo substituído pela “família igualitária”6. E essa é a
estrutura dessas famílias.
Nessa sociedade competitiva em que vivemos esse homem atual, que não é
mais a figura principal na família e muitas vezes não consegue sequer
alimentar sua prole, está, cada vez mais, sujeito à desesperança, à depressão,
ao alcoolismo, descambando muitas vezes para a violência, numa tentativa de
se impor junto à mulher e aos filhos. [...] Nesse sentido, e frente a um
conjunto de novos e diferenciados arranjos familiares existentes em nosso
meio social, falar em "família desestruturada" como se falava um tempo
atrás, não encontra mais repercussão, pois, se antigamente havia um ideal
para identificação no sentido de existir uma família modelo, "estruturada" e
"normal", com a qual as crianças e jovens deveriam se espelhar, hoje,
provavelmente, é mais indicado, mais alentador, que os educadores repensem
e procurem compreender as famílias dos/as seus/suas alunos/as como
portadoras de semelhanças e diferenças, sem menosprezar a relevância que os
contextos social e cultural podem ter como demarcadores de características
de diversidades e não de "faltas" e de "carências" (DI SANTO, 2007).
Vemos ainda:
Os desafios a que os professores têm estado sujeitos, nas últimas décadas,
têm sido muitos e nem sempre eles conseguem responder adequadamente a
todas as sugestões que emanam dos documentos de política educativa.As
características dos alunos são cada vez mais variadas, o que só vem reforçar a
ideia de que o professor tem que se adaptar a esta diversidade crescente que
caracteriza a sociedade e a escola dos nossos dias. Para isso, precisa de
encontrar formas de trabalho cada vez mais motivadoras e eficazes para um
público que apresenta interesses, conhecimentos prévios e formas de estar na
vida muito diferenciadas. Esta realidade leva a que os professores, no seu
trabalho quotidiano, tenham que inserir mais um importante elemento: a
valorização da diversidade enquanto riqueza social (CÉZAR. AZEITEIRO).
Di Santo diz ainda que há de se deixar de lado explicações como as que se
referem à “famílias desestruturadas”, o que não traz qualquer benefício ao aluno nem
mesmo à escola, substituindo-as por visões inclusivas, que não comportam qualquer
discriminação. Nesse sentido, a família de cada aluno deve ser respeitada como ela é e
todos os alunos devem receber tratamento igualitário e, na medida do possível,
individualizado, que possibilite o desenvolvimento das suas potencialidades,
respeitando suas particularidades, estimulando sua criatividade e a interação com os
demais.
Com certeza, os papéis da família e da escola se modificaram ao longo das
últimas décadas. Com as mudanças sociais ocorrendo, principalmente da vida
econômica que se torna facilmente instável, do êxodo rural, das conquistas tecnológicas
6
Todos têm que trabalhar. Essa é uma conseqüência da nova estruturação social, na qual as conquistas
femininas de igualdade levaram a mulher a assumir seu espaço no mercado de trabalho, equiparando-se
ao homem, tornando a figura paterna fragilizada e, muitas vezes, inexistente, como nos casos em que a
mulher assume a maternidade como produção independente Conseqüentemente, grande parte das famílias
atuais é chefiada pelas mulheres. E essa é a estrutura dessas famílias.
que aumentam as influências externas sobre a infância e estimulam o consumismo, a
violência, a visão de mundo descomprometida com a solidariedade, valores morais
passaram a ser insignificantes, dá lugar a novas estruturas, tanto da família quanto da
escola que, por sua vez, tende a questionar a capacidade das crianças, principalmente
daquelas que lhe dão mais trabalho, seja em termos de aprendizagem seja em termos de
disciplina, e, o que é mais grave, questiona sua própria capacidade de educar essas
crianças. Hoje, praticamente vencidas enormes resistências de parte a parte, graças,
também à legislação específica, família e escola são co-autoras das decisões
administrativas e pedagógicas, o que acaba favorecendo e facilitando a educação dos
estudantes, principalmente daqueles que desafiam os docentes, exigindo deles maior
dedicação e capacidade de confronto e resolução de conflitos.
Como vivermos é como educaremos, e conservaremos no viver o mundo que
vivemos como educandos. E educaremos outros com o nosso viver com eles,
o mundo que vivermos ao conviver.
Mas que mundo queremos? Quero um mundo em que meus filhos cresçam
como pessoas que se aceitam e se respeitam, aceitando e respeitando outros
num espaço de convivência em que os outros os aceitam e respeitam a partir
do aceitar-se e respeitar-se a si mesmos. Num espaço de convivência desse
tipo, a negação do outro será sempre um erro detectável que se pode e se
deseja corrigir. Como conseguir isso? (PRATA).
A escola deve partir do princípio de que as diferenças7 devem ser respeitadas e
que somente assim a criança aprenderá a aceitar-se e a respeitar-se e,
consequentemente, ter este “sentimento”8 para com os outros. Conclui-se, portanto, que
somente a partir desse sentimento/ percepção da mudança na constituição familiar e,
principalmente, o respeito à mesma, será possível a interação necessária entre estas para
que o espaço de formação/preparação seja eficiente em sua prática!
REFERENCIAS
7
Lembrar que esta palavra está empregada no sentido de “desigualdade”, ou seja, uma diferença
construída historicamente, independentemente da vontade dos envolvidos. Note-se, também, que esta é
produto de toda uma conjuntura social...
8
No sentido de aprendizagem e compreenção.
CÉSAR, Margarida. AZEITEIRO, Ana. Todos diferentes, Todos iguais! Artigo
disponível em:
http://cie.fc.ul.pt/membros/mcesar/textos%202002/Todos%20diferentes.pdf
DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da
comissão internacional sobre educação para o século XXI. 9ª ed. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: MEC: UNESCO, 2004.
DI SANTO, Joana Maria R. Família e escola, uma relação de ajuda. Artigo disponível
em: http://www.centrorefeducacional.pro.br/famiescola.htm.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Paz e Terra. Rio de Janeiro,
1981.