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QUAL FUTURO AGUARDA O JOVEM (DES) CONECTADO?

Por Silvio R. Santos

Nem as mais elaboradas criações da ficção científica foram capazes de prever as


interações atuais do humano com o mundo cibernético. Talvez o principal foco dessa relação,
conforme tais previsões, tenha sido mero equívoco, ao considerar que robôs estariam nesse
palco, daí a famosa criação das três leis da robótica de Isaac Asimov, cujo fim seria a proteção
do ser humano ao lidar com tais máquinas, se hostis. O que acabou prevalecendo foi o sof
(programas) ao invés do hard (máquinas físicas). Quem então poderia supor a penetração das
redes sociais e sua letal influência em grande parte de usuários jovens (até crianças) não
preparada para seus efeitos óbvios? O jovem de décadas passadas, não aquinhoado com
recursos de berço, em boa parte, almejava se instruir para entrar no mercado de trabalho e
assim escapar do abismo da miséria. O que hoje se vê são famílias que se encontram sob a
linha de pobreza, assistidas por programas governamentais, fazendo esforço para comprar, em
prejuízo da aquisição de alimentos, os famigerados smartphones, terminais de acesso ao
mundo onírico das relações virtuais. Num país que aprovou a PEC 241 Proposta de Emenda à
Constituição que congela os gastos públicos por 20 anos, com profundo impacto nos
orçamentos da saúde, educação e assistência social a preocupação deveria ser bem outra. A
educação dos jovens pobres está sendo deixada de lado, em prol de celulares? Como poderão
sobreviver por si mesmos no futuro, sem a tutela financeira governamental, ou já contam com
esse placebo econômico? Fato é que nas discussões sobre a violência no país se nota
tendências ao policialesco, à construções de muros, às cercas elétricas. Bem mais fácil é ser
contra o aborto do que pisar por cima dos mendigos da praça, afinal, no primeiro caso, nada há
que se fazer, apenas opinar, bem diferente das ações concretas. Por sua vez o controle das
famílias é nulo no que diz respeito ao bom uso dos acessos à Internet. Celulares sem crédito se
conectam cladestinamente ou por favor em redes wifi’s, praticamente universalmente
disseminadas, se não se levar em conta a qualidade desse acesso. A influência em costumes
(dizem que até mesmo no resultado da eleição de um palhaço no país mais poderoso do
mundo) é visceral, relações impróprias são constantes, geradas nos meandros da Rede
Mundial, em que o poderio econômico de usuários sem escrúpulos geram relações
desvirtuadas e desarmonias familiares. Naturalmente assunto tão complexo não poderia ser
esgotado em tão poucas rasas linhas. Mas certamente o tema ainda será tratado
oportunamente por pesquisadores socais mais aparelhados, porque é de importância cabal nos
dias presentes e nos dos futuros prováveis.

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