Trajetórias da Psicopedagogia
1
Itard e Seguin. (Bossa, 2007).
Nos Estados Unidos, ocorria o mesmo movimento, porém com ênfase nos
aspectos médicos. No Século XX surgem, então, os primeiros centros de
reeducação para delinquentes e escolas particulares que atendiam as crianças
com “aprendizagem mais lenta”. Além destes, em 1930, surgem na França os
primeiros centros de orientação educacional com psicólogos, educadores e
assistentes sociais (MERY apud BOSSA, 2007). Somente 1956 é que se dá
início a formação universitária em Psicopedagogia, na Argentina com Arminda
Aberastury. Para então surgirem, na década de 70, os Centros de Saúde
Mentas onde Psicopedagogos realizavam diagnóstico e tratamento.
Psicopedagogia Institucional
2
Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser
humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter
preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para a
solução dos problemas que interferem no processo educativo - um caráter
remediativo pois a Psicopedagogia é um campo de conhecimento e atuação que
lida com a aprendizagem nos seus padrões normais e patológicos,
considerando a influência da família , da escola, e da sociedadeno seu
desenvolvimento e utilizando tecnicas próprias que faviorecem o sujeito
aprendente e sua relação com o conhecimento.
3
* Realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional tanto
na forma individual como em grupo.
ANALISANDO ARTIGOS....
Artigo1
Relato de Experiência - Ano 2004 - Volume 21 - Edição 65
RESUMO
4
statements about author 's experience according to psychology,
psychopedagogy and neurology concepts. These statements study different
problems of learning in general, such as emotional causes, attention disorders,
etc. The development about change of experiences between family and school
refers to the improvement's process of teenagers and their learning disabilities.
INTRODUÇÃO
O ser humano é um ser por natureza curioso. Através da observação, procurou
compreender os fenômenos da natureza: a chuva, os raios, o fogo, a forma de
sobrevivência mais adequada em um mundo percebido inicialmente como
inóspito e agressivo. Qual seja, procurava interagir de maneira ativa no ambiente
que conhecia, e ainda o faz.
Nesse sentido, alguns antropólogos, tratando da evolução da espécie humana,
apontam que foram os jovens neanderthais os primeiros a utilizarem-se na sua
sociedade da "ferramenta inteligente", economizando o esforço braço-mão. Este
é o processo de adaptação.
Ao longo da existência, o homem criou e aperfeiçoou sistemas para preservar e
retransmitir o conhecimento adquirido, denominado "cultura".
As escolas surgem como alternativa para a preservação desse arcabouço
cultural, embora necessitem de constante aperfeiçoamento e reformulações.
As diversas teorias sobre o desenvolvimento da aprendizagem possibilitam
explicações sobre os mecanismos pelos quais o ser humano aprende e evolui,
de acordo com seus pressupostos e fundamentos.
A questão fundamental da aprendizagem é como se estabelece esse processo
e quais variáveis podem contribuir ou atrapalhar seu desenvolvimento.
E, mesmo com a diversidade de teorias e diferenças de pressupostos, as
crianças e os adolescentes são encaminhados desde pequenos às escolas,
encontrando nesses ambientes profissionais com a responsabilidade de traduzir
em linguagem compreensível o conhecimento acumulado pela humanidade, ou
parte dele.
Base de todo processo de aprendizagem, a relação professor-aluno pode ser
caracterizada como entre "ser que ensina e ser que aprende", ou "seres que
ensinam-aprendem", dentre outras formas. Deve ser constituída como relação
de troca de conteúdos, de conhecimentos, de afeto. No entanto, nem sempre é
igualitária no sentido do domínio do objeto do conhecimento, pois o pressuposto
é que, nesse processo, alguém detém mais conhecimentos que outros.
Constata-se a desigualdade existente entre os sujeitos, e esta percepção pode
5
auxiliar ou prejudicar o processo, dependendo da maneira como o adulto se
coloca na situação. Os adolescentes freqüentemente questionam o saber do
professor e sua autoridade.
As habilidades por parte do "aprendente" não se encontram totalmente
desenvolvidas, necessitam ser estimuladas e incentivadas. Por vezes, "latente"
ou potencial, não se efetivando por fatores diversos.
A ESCOLA E AS LIMITAÇÕES
6
A irmã mais nova, na mesma série, matriculouse em outra instituição
educacional, o que aparentemente resultou em melhora da autoestima. As
constantes e freqüentes queixas psicossomáticas diminuíram e o
comparecimento ao departamento de Orientação também.
Atualmente, H. procura por orientação quando necessita de apoio para suas
dificuldades de relacionamento com os colegas.
Periodicamente, faz-se necessária a interferência junto aos colegas no sentido
de conscientizá-los quanto às diferenças individuais e a necessidade da
convivência com indivíduos com dificuldades e características diferenciadas,
orientando-os no sentido da inclusão social e não, da exclusão.
A hipótese para o rompimento do trabalho psicopedagógico discutida com a
psicopedagoga clínica é que H. ocupa um lugar predeterminado nessa
constituição familiar que não pressupõe mudança ou melhoria. Ou melhor, ela é
eleita a ocupar o lugar de "paciente identificado" e depositária das projeções
familiares.
H. continua estudando no colégio. O trabalho da psicopedagoga foi o de relatar
o diagnóstico aos professores, envolvendo a escola em processo de auxílio e
apoio em seu peculiar desenvolvimento.
A atuação psicopedagógica junto aos adolescentes no contexto escolar refere-
se principalmente ao processo de identificação de alunos com dificuldades, no
levantamento de hipóteses diagnósticas junto à família, encaminhamento a
especialistas e acompanhamento junto aos profissionais externos e ao corpo
docente.
O fundamental e prioritário na aprendizagem é sempre procurar desenvolver e
incentivar no sujeito o desejo pelo aprendizado.
Sem desejo, nada se faz. Não há sequer movimento interno em direção ao
desconhecido. Não há motivação ou interesse. Não há evolução possível.
Para tanto, habilidades como a audição, a visão, a coordenação viso-motora, a
capacidade de se orientar espacial e temporalmente, a atenção, memória, entre
outras devem estar preservadas. São estes os pré-requisitos para que a
aprendizagem formal possa se efetivar (domínio da leitura e escrita e do
raciocínio matemático).
Não se deve forçar a natureza em demasia. Deve-se saber reconhecer os limites
dos indivíduos. Cada um aprende em um tempo único e de maneira
individualizada.
As crianças não são "tabula-rasa" como alguns teóricos consideravam, sem
conteúdo ou conhecimento. Desde antes do nascimento apresentam um
"background" considerável de conteúdos internos. O contato do meio externo
com os conteúdos do inconsciente coletivo forma o inconsciente pessoal e o Ego,
que tem a função de ressignificar os conhecimentos tecnologicamente. Este
processo se denomina "cultura".
7
Andar é um grande salto na evolução, falar certamente é outro, pensar é o
máximo. É com esta capacidade que o homem se apropria do objeto do
conhecimento e se torna responsável pelas modificações e transformações no
mundo.
Mas não basta ter somente desenvolvida a capacidade reflexiva, se ela não
puder se expressar no mundo. A aprendizagem depende também de fatores
genéticos, neurológicos, orgânicos, psicológicos, cognitivos, pedagógicos e
sociais.
V. era um garoto simpático e muito agitado. Não conseguia ficar quieto e sentado
por muito tempo. Pais atentos desde que entrara na escola: a mãe era professora
e o pai, médico. Relatavam um histórico de aprendizagem "dificultosa", pois as
questões disciplinares suplantavam as pedagógicas. Tornara-se um adolescente
crítico e questionador. Tinha 12 anos, freqüentava a 6ª série, quando procurou a
Orientação Educacional em um final de aula de Ciências com a seguinte
questão.
"Afinal, para quê preciso saber quantas patas tem uma barata se o que me
interessa entender é como matá-la?".
8
agitado e dispersivo. Ao ser comunicada do resultado, a psicopedagoga orientou
os professores a fornecer constantemente tarefas mais desafiadoras a V., que
passou a demonstrar interesse e motivação, absorvendo os novos conteúdos
com alegria ao compreendê-los.
9
Quem estuda sem vivência aprende, mas não apreende. Não há sentido, nem
significado. A memória não armazena conteúdos percebidos como não
significativos ou mesmo desinteressantes. Esses conteúdos permanecem por
pouco tempo, arquivados na memória de curto prazo (recente), depois se
esvaem. São vários os exemplos de alunos que não conseguem se recordar dos
conteúdos estudados para as suas avaliações horas após as terem realizado.
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R. é a segunda filha de três meninas. Aos 16 anos, cursa a 2ª série do ensino
médio. Mãe não exerce atividade profissional. Diz ser extremamente
responsável pela educação das filhas, "mesmo porque sou cobrada também". E,
admitiu que infelizmente a comparação poderia estar alta e freqüente. Relatou
considerar a filha mais velha como muito inteligente, "com quem nunca precisei
me preocupar". Por outro lado, referiu-se a R. como "muito esforçada,
necessitando sempre de muito apoio e orientação desde pequena".
Dias após, R. relatou estar mais aliviada e tranqüila, pois os pais haviam
conversado longamente sobre suas dificuldades e se propuseram a ajudá-la a
resolvê-las. Além disso, contou-lhes que namora um rapaz da faculdade e o
apresentara à família. (2004)
11
O social é o vetor que determina e mobiliza o jovem a se encaminhar diariamente
à escola. Os colegas, o grupo de pares e iguais, passam a ser o centro de
referência dos adolescentes. Amigos e competidores ao mesmo tempo.
Campeonatos e olimpíadas são sempre atividades de grande envolvimento para
eles: tênis de mesa, futebol, de todas as modalidades esportivas, e até mesmo
de matemática e física...
12
Cabe ao profissional sensibilizar as famílias que os jovens, embora se coloquem
como autônomos e independentes, ainda são vulneráveis e necessitam de apoio
e ajuda em vários momentos.
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freqüentes. Passa por diversas alterações em sua densidade, para ao final da
adolescência, regredir e se estabilizar. Nesta etapa, os jovens iniciam o processo
de compreensão e "trabalham conceitos mais complicados e abstratos", diz
Strauch4.
Isto significa que há uma grande revolução cerebral nessa etapa da vida, o que
pode significar que as dificuldades de aprendizagem são também decorrentes
dessas alterações neuroquímicas.
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As queixas nesta área partem, portanto, de três instâncias diferentes: o corpo
docente, os pais e o próprio adolescente.
1. Queixa.
2. Professor responsável.
3. Conteúdo específico.
4. Habilidades e competências requeridas.
5. Metodologia e didática desenvolvida.
6. Características de personalidade do professor.
7. Relacionamento estabelecido entre professor-aluno.
8. Reação frente à dificuldade em aprender do aluno específico.
Portanto, depreende-se que o psicopedagogo institucional deva conhecer o
corpo docente e suas características (qualidades e defeitos) através de dados
de observação da prática cotidiana em sala de aula.
Qual a pesquisa que conduzimos para inventariar quem somos e como nos
sentimos agentes nos nossos papéis de educadores? Como não consigo ensinar
adequadamente aos alunos.
Alguns se isentam da resposta e do processo. Delegam a responsabilidade única
e exclusiva ao próprio adolescente ou à família.
Alguns se disponibilizam a participar de processo de reflexão para efetivamente
investirem em uma relação de mudança de paradigmas e estigmas frente ao
aluno.
Os pais comparecem ao setor de psicopedagogia da escola em duas situações:
espontaneamente ou convocados.
Espontaneamente, procuram o psicopedagogo quando os filhos apresentam
aproveitamento abaixo da média esperada, dificuldades pessoais, disciplinares
ou de saúde, indagando qual estratégia adotar para a melhoria do rendimento
pedagógico.
O psicopedagogo oportuniza o levantamento do histórico sobre o processo de
aprendizagem do jovem e infere hipóteses diagnósticas junto à família. Se
necessário, encaminha a especialistas. Os dados levantados ficam registrados
na ficha de dados dos alunos e arquivados em prontuários individualizados.
16
Interessante observar que raramente estes pais se incluem como co-
responsáveis pelas dificuldades e pelo eventual fracasso do filho. O problema é
do "outro", do filho, que não estudou o suficiente, foi "vagabundo", preferiu ficar
com os colegas, na Internet e não estudar. Ou então, da escola, que não é capaz
de ajudar na mudança de atitude, ou não compreende suas dificuldades.
Esquecem muitas vezes que foram adolescentes e que estas criaturas com
dificuldades foram educadas em seus lares. Projetam-se sobre os filhos e os
elegem como "pacientes identificados" de suas próprias dificuldades. Como o
caso de B.
17
por série. Mas, em princípio, nada disso funciona se o psicopedagogo não
desenvolver atitude de acolhimento e de escuta das dificuldades.
Não cabe somente à escola resolver a questão. Ela não é uma instituição auto-
suficiente.
Ao professor cabe a tarefa de estar atualizado constante e continuamente, seja
por reuniões ou cursos extras. E guardar sigilo dos dados fornecidos.
Às instâncias diretivas cabem o incentivo e estímulo aos adolescentes à
permanência na escola, proporcionando atividades que possibilitem os
aprenderes diferenciados como a escola de esportes, skates, xadrez, tênis de
mesa, atividades de solidariedade (essencial para desenvolver o sentimento de
mudança da sociedade), cursos extras como gastronomia, cartoons, fotografia,
meditação, dentre outros.
Cabe à instituição, o estímulo e incentivo cotidiano para o aluno desenvolver
atitudes na direção de aprender a aprender e a consciência sobre as diversas
formas de aprendizagem: inclusão social.
Cabe ao psicopedagogo escolar estar freqüentemente atualizado sobre os
conhecimentos de sua área. É o responsável pela realização de pré-
diagnósticos, encaminhamentos a especialistas e assessoria aos alunos que
apresentam dificuldades através da intermediação entre os clínicos, o corpo
docente e a comunidade. A escuta diferenciada, o olhar atento e o acolhimento
afetivo ao ser que aprende e ao ser que ensina não podem faltar no fazer
psicopedagógico. E o desenvolvimento de estratégias diversificadas no
atendimento aos alunos com dificuldades, para que façam parte da sociedade,
não os excluindo da convivência (inclusão). Nesse sentido, o psicopedagogo
atua com o objetivo de conscientizar os adolescentes sobre o mundo
heterogêneo e diversificado em que vivemos. E, procura sensibilizá-los a
exercerem atitudes de co-responsabilidade pela construção de um mundo
melhor e mais justo, aceitando as diferenças e o potencial individual.
REFERÊNCIAS
18
Artigo 2
INTRODUÇÃO
A atuação do psicopedagogo institucional direciona-se à prevenção ou redução
de fracassos no processo de aprendizagem e encontra-se plenamente
estabelecida nas instituições de ensino, porém, no ambiente corporativo no
Brasil, ainda é bastante recente e o campo carece de maiores avaliações e
propostas de atuação1.
O presente artigo se propõe a discutir como questões relacionadas à sociedade
inclusiva, aceleram e justificam a necessidade da inserção da psicopedagogia
institucional nas empresas e na administração pública. Será realizada uma breve
revisão sobre o contexto e a importância da aprendizagem para as empresas, a
fim de familiarizar o leitor com o ambiente corporativo. Na sequência serão
abordadas questões relacionadas à sociedade inclusiva e o impacto nas
empresas públicas e privadas. Por fim, discutir-se-á o papel do psicopedagogo
institucional no ambiente corporativo, apresentando uma proposta de atuação.
19
trabalho com notória defasagem intelectual e de conhecimento técnico-
científico3, reproduzindo, na maioria das vezes, seu histórico de fracasso escolar
diante do processo de aprendizagem corporativa, traduzido pela incapacidade
de progredir na carreira e de alcançar seus próprios objetivos acadêmicos.
20
segregada e ao acesso aos recursos disponíveis aos demais cidadãos "[...] onde
se contextualiza a ideia de inclusão, prevê intervenções decisivas e incisivas, em
ambos os lados da equação: no processo de desenvolvimento do sujeito e no
processo de reajuste da realidade social"6.
21
Os fatores expostos acima têm tornado a gestão do conhecimento na empresa
uma tarefa cada vez mais desafiadora, levando à necessidade da construção de
estruturas de suporte que ajudem as pessoas a aprender dentro do seu tempo e
possibilidades, desenvolvendo aptidões e habilidades específicas para o
desempenho de sua função, aumentando sua produtividade. Com os mesmos
objetivos de prevenção e superação de dificuldades de aprendizagem, a atuação
da psicopedagogia no ambiente corporativo irá demandar competências
adicionais, além da otimização do uso da infraestrutura física e da tecnologia.
Dentre elas é possível citar: o domínio da temática da dinâmica dos grupos,
familiaridade com a cultura organizacional e atualização em relação às práticas
e modelos de administração de empresas.
REFERÊNCIAS
22
1. Weiss ML. Psicopedagogia institucional: controvérsias, possibilidades e
limites. In: Sargo C, ed. A práxis psicopedagógica brasileira. São
Paulo:Associação Brasileira de Psicopedagogia; 1994.
Artigo 3
23
A Psicopedagogia é um campo de conhecimento da Educação que estuda o amplo e
complexo processo de aprendizagem. O Psicopedagogo um profissional que por meio
do diagnóstico identifica o processo e as dificuldades de aprendizagem na tentativa de
preveni-las ou saná-las.
O campo de trabalho do Psicopedagogo é bastante amplo e pode abranger a área
clínica, hospitalar e a instituição escola. O Psicopedagogo Institucional exerce suas
atividades em organizações como a escola e tem como objeto de trabalho auxiliar a
aprendizagem dos alunos que fracassam e/ou propor estratégias de prevenção ao
fracasso escolar.
O trabalho deste profissional está voltado para uma ação coletiva com toda a equipe
pedagógica que abrange a direção, professores, pais, alunos e demais funcionários da
escola, os processos didáticos, as interações e avaliação escolar, para buscar
compreender como acontece a relação ensino-aprendizagem no espaço
educativo. A partir das análises do todo escolar o Psicopedagogo Institucional irá auxiliar
a
direção e demais professores a refletirem sobre a aprendizagem, metodologias de
ensino
e práticas pedagógicas, tendo em vista a melhoria da qualidade do ensino. Assim, o
Psicopedagogo Institucional tende a identificar as dificuldades e obstáculos presentes
na
escola e que possam interferir no processo de aprendizagem, prevenir o fracasso
escolar e orientar as funções de cada sujeito para que assim todos possam trabalhar
harmonicamente para que os objetivos educacionais possam ser alcançados.
Todavia é necessário ter atenção para não confundir o real trabalho do Psicopedagogo
Institucional. Ele não está inserido na escola para ditar regras ou interferir na forma que
o gestor administra a escola ou o professor conduz sua aula. Este profissional irá
mediar, refletir de maneira conjunta, dialogar com os demais profissionais da educação
técnicas de melhoria visando a satisfação de todos.
Tendo em vista a importância do Psicopedagogo Institucional em lidar com os interesses
e necessidades da escola, este trabalho que é resultado de uma pesquisa da disciplina
Prática Específica I – Estágio Institucional, do curso de Pós-graduação em
Psicopedagogia, Clínica, Institucional e Hospitalar da Faculdade Piauiense (FAP), em
um Centro Municipal de Educação Infantil – CMEI, da cidade de Teresina – PI. Tem
como objetivo identificar o papel do Psicopedagogo Institucional na escola e sua
importância para a organização do trabalho educativo e sucesso escolar. Buscamos
levantar as principais dificuldades enfrentadas pelo CMEI e com base nelas desenvolver
um projeto de intervenção na instituição visando amenizar tais dificuldades. Para isso
utilizamos como instrumento de coleta de dados a observação participante bem como
revisões bibliográficas e a análise do Projeto Político Pedagógico e Regimento Interno
da instituição. De caráter qualitativo, fundamentamos nossos estudos tendo como base
Reinhard (2007), Fagali (1993), Porto (2011) e conversas informais sobre a experiência
24
da gestão escolar e dos professores.
25
planeja estratégias visando superar as dificuldades encontradas, avaliar e assegurar o
processo de ensino-aprendizagem, rever o currículo, inserir projetos pedagógicos, etc.
A intervenção psicopedagógica é a adaptação e organização de programas específicos.
Avaliar os alunos quanto o processo de desenvolvimento e aquisição da aprendizagem,
o professor em suas estratégias e competências profissionais, a família e suas atitudes
perante a educação dos filhos e todo o contexto escolar e como esta dirige o processo
educativo. Realizar as adaptações curriculares necessárias, refazendo objetivos,
conteúdos próprios, metodologias desenvolvidas e a avaliação além de propor
programas e projetos que visem superar as dificuldades enfrentadas pela escola.
O Psicopedagogo Institucional trabalha seguindo algumas especificidades: tentando
amenizar as dificuldades de aprendizagem analisando as práticas didático-
metodológicas orientando professores e pais; realizar diagnósticos na instituição afim
de encontrar um déficit escolar como causa para as dificuldades de aprendizagem; e
por fim tratar as dificuldades encontradas elaborando oficinas e projetos. Assim: O
psicopedagogo institucional trabalha com múltiplas fontes de dados, decorrentes do uso
que faz de inúmeros métodos (observação, conversas casuais, entrevistas,
documentos), múltiplos tipos de participantes (secretarias de educação,
superintendências ou CRES, orientadores educacionais, especialistas em currículo,
diretores, professores, entre outros) e várias situações (reuniões de diversos tipos,
oficinas de trabalho, vida em instituições e etc.). (PORTO, 2011 p. 123).Portanto é um
trabalho conjunto. A presença do Psicopedagogo na escola facilita o trabalho da gestão
e até mesmo dos professores a partir do momento em que este profissional é inserido
na equipe como um apoio, mediador e incentivador das atividades escolares, propondo
estratégias e didáticas para as dificuldades encontradas
na instituição.
O trabalho do Psicopedagogo Institucional em um Centro Municipal de Educação
Infantil. Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada durante a disciplina Prática
Específica I – Estágio Institucional, do curso de Pós-graduação em Psicopedagogia,
Clínica, Institucional e Hospitalar da Faculdade Piauiense (FAP), em um Centro
Municipal de Educação Infantil – CMEI, da cidade de Teresina – PI. Teve como objetivo
identificar o papel do Psicopedagogo Institucional na escola, sua importância para a
organização do trabalho educativo e sucesso escolar e por fim elaborar um projeto de
intervenção psicopedagógico. Para isso, buscou-se fazer uma
análise da realidade da instituição, utilizando o Projeto Político Pedagógico e o
regimento Interno da escola, bem como conversas com toda a equipe pedagógica:
diretora, pedagoga, professores e demais funcionários sobre as principais dificuldades
enfrentadas pela instituição. Com base nisso, foi desenvolvido um projeto de
intervenção psicopedagógico na instituição visando amenizar tais dificuldades.
O Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) no qual foi realizado o estágio está
localizado em uma zona considerada de preferia da cidade de Teresina - Piauí. Seu
horário de Funcionamento é de 07:30 às 11:30 e 14:00 às 17:00 horas. As classes
compostas pela escola são: Maternalzinho (manhã), com crianças de 1 ano e 8 meses
a2
anos e 8 meses; maternal (manhã e tarde) 3 anos; 1º Período (manhã e tarde) 4 anos e
2º
26
Período (manhã e tarde) 5 anos.
Os princípios norteadores da prática pedagógica da CMEI tendo como base o Projeto
Político Pedagógico e o Regimento Interno da instituição estão orientados pelas
concepções de sociedade, cidadania, desenvolvimento educacional mediados pelo
Currículo Escolar.
A Concepção de Aprendizagem e conhecimento leva em consideração o aluno , como
sujeito em desenvolvimento e que necessita ser estimulado para a aprendizagem de
maneira integral, levando em consideração sua realidade e saberes para que o mesmo,
com a mediação do professor possa construir seus conhecimentos.
A Concepção de Sociedade refere-se à construção de um meio social mais justo e
democrático, tendo como máxima os ideais de solidariedade e igualdade orientados pela
Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.
A Concepção de Criança está orientada pelos Referenciais Curriculares Nacionais para
a Educação Infantil, que fornece as bases metodológicas e curriculares de como
trabalhar e quais conteúdos são essenciais para essa fase da vida do sujeito. A
importância da mediação do professor bem como o respeito a fase de desenvolvimento
de cada aluno como as competências motoras, afetivas e cognitivas, servem de
orientação para o Projeto da escola que utiliza a teoria de Piaget como embasamento
teórico de suas práticas. A CMEI tem como objetivos principais promover o
desenvolvimento das capacidades cognitivas e motoras da criança no cotidiano escolar.
Para isso, utiliza estratégias de integração entre os aspectos físicos, afetivos, cognitivos
e sociais que devem prevalecer durante a educação do sujeito, desenvolvendo a
autonomia da criança e trabalhando de maneira conjunta com a família e a comunidade.
Assim a missão da escola é:
Tornar acessíveis: elementos da cultura que enriquecem seu desenvolvimento e
inserção social por meio de aprendizagens diversificadas. Situações de cuidado,
brincadeiras que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de
relação inter pessoal de ser e estar com os outros em atitude de aceitação, respeito e
confiança. Desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das
potencialidades corporais, afetivas e éticas na formação de crianças felizes e saudáveis.
(SEMEC, Projeto Político Pedagógico 2012).
A metodologia de trabalho da escola tem como base a teoria de Jean Piaget. A teoria,
de base construtivista, relaciona a aprendizagem a estágios de desenvolvimento, onde
o ser humano é capaz de aprender com o meio externo e modificar sua estrutura
cognitiva por meio de novas aprendizagens. Logo, o homem constrói suas ideias e seu
pensamento pela ação, interação e adaptação ao meio. Para que o sujeito possa
adquirir novas aprendizagens é imprescindível a maturação biológica. Logo, Piaget
desenvolveu sua teoria em estágios de desenvolvimento, onde em cada fase, o sujeito
é capaz de assimilar aprendizagens cada vez mais complexas e durante todo o
desenvolvimento dos estágios há a interação do sujeito com o objeto, orientado pelas
estruturas cognitivas. Logo, segundo Piaget:
A aprendizagem é, portanto, um processo de construção e reconstrução de
conhecimentos, apoiado na ação do sujeito sobre oobjeto e dependente do
desenvolvimento da inteligência, ou seja, para o indivíduo aprender determinado
conteúdo é necessário ter desenvolvido dadas estruturas cognitivas que propiciem esse
aprendizado. (Alencar et. al. 2009, p. 128)
27
A grade curricular da Educação Infantil de acordo com os Referenciais Curriculares
Nacionais para Educação Infantil (RCNEI) abrange os estudos da
Linguagem oral e escrita; Matemática; Ciências Naturais e Sociais; Movimento; Música
e Artes Visuais. Trabalha também como Temas Geradores: valores, ética e abordagens
sociais. O currículo, portanto, trabalha a formação da personalidade do sujeito, bem
como o preparo para o exercício da cidadania. Permitir que a criança desenvolva sua
identidade e autonomia, trabalhando com o lúdico, faz de conta, diversidade e
possibilitando a interação criança-criança, criança-adulto. Para isso, faz uso de
metodologias diversificadas como jogos lúdicos, artes cênicas, arte musical e atividades
de leitura.
A avaliação acontece de forma contínua, processual e permanente, sem objetivos de
promoção. O professor acompanha o desenvolvimento do aluno através de registros e
observações cotidianas, sistematizando-as em relatórios semestrais entregue aos
responsáveis orientados pela supervisão escolar e equipe pedagógica.
28
trabalha-la realizando como projeto de intervenção uma oficina psicopedagógica com
os pais para tratar da importância da Educação Infantil para o desenvolvimento do aluno.
A pesquisa foi realizada durante o mês de setembro de 2012. Na primeira
semana visitamos a escola e analisamos o Projeto Político Pedagógico e Regimento
Interno. Na segunda semana, tivemos conversas informais com a diretora, pedagoga,
professora do AEE e uma professora da classe regular a fim de identificarmos nas falas
dos mesmos as principais dificuldades enfrentadas pela escola. Na terceira semana
buscamos formular hipóteses para as respostas encontradas e elaborar um projeto de
intervenção para ser executado na instituição. A quarta e última semana foi a
apresentação da oficina psicopedagógica com os pais e em seguida a socialização dos
resultados com a equipe pedagógica da escola.
A oficina psicopedagógica foi realizada no dia 3 de outubro com oseguinte tema: “A
importância da educação infantil para odesenvolvimento da criança: dialogando com os
pais.”.
As etapas da oficina consistiram nas seguintes: Apresentação das estagiárias de
Psicopedagogia; Dinâmica do Peixinho onde foi oferecido a cada pai ou mãe uma folha
de papel e um giz de cera para que pudessem desenhar um peixe e a partir disso ser
debatidas as diferenças nos desenhos e consequentemente a heterogeneidades das
pessoas, buscando retratar o lado da criança; em seguida o grupo iniciou a palestra
apresentando a Educação Infantil como primeira modalidade da Educação Básica e
essencial para o desenvolvimento integral da criança, nos aspectos físico, cognitivo,
motor e social; após esta apresentação, o grupo iniciou o debate sobre a importância da
presença e acompanhamento da família na vida escolar do filho.
A palestra teve como objetivo principal conscientizar os pais de que escola e
família juntas constituem uma parceria essencial tendo em vista a aprendizagem e
desenvolvimento da criança. Como primeira instituição social na vida do aluno, cabe
aos pais ensinar os primeiros valores e a escola auxiliar nesse processo educativo,
ensinando conteúdos exigidos pela sociedade para a formação de um cidadão. Por fim,
a
palestra foi encerrada com a leitura reflexiva do texto: “Floquinhos de algodão”, que
retrata a necessidade de solidariedade e apoio entre as pessoas. Ao final da oficina, foi
distribuído bombons de chocolate para os pais dos alunos. O papel do Psicopedagogo
Institucional está justamente em realizar diagnósticos
e planejamentos de intervenção como este. Diagnosticando as dificuldades enfrentadas
29
pela escola e realizando ao longo do período letivo estratégias e oficinas
psicopedagógicas buscando superar as dificuldades encontradas. Assim, dependendo
das necessidades da instituição, os projetos de intervenção podem estar voltados para
a
equipe pedagógica (gestão, professores, gestão e professores e demais funcionários da
escola), pais, alunos e comunidade.
Conclusões
A escola é o ambiente institucional responsável pela educação e formação de futuros
cidadãos. Sua principal missão é ensinar, e onde há ensino, supõem-se que haja
aprendizagem, contudo, sabemos que nem sempre é assim que funciona. O processo
de aprendizagem é amplo e complexo, e envolve um sujeito que ensina e um sujeito
que aprende, e sobre este sujeito que aprende vários fatores tanto internos como
externos que podem interferir nessa aprendizagem.
O papel do Psicopedagogo Institucional é fazer com que a escola cumpra sua missão,
facilitando o processo ensino – aprendizagem, para isso utiliza estratégias de
intervenção que iniciam com o diagnóstico das principais dificuldades enfrentadas pela
escola e a partir disto realizam projetos e oficinas psicopedagógicas para superar as
dificuldades encontradas.
A pesquisa permitiu um olhar direcionado para a escola, do ponto de vista amplo que
deve ser visto pelo Psicopedagogo. As estratégias de intervenção permitiram a
familiarização das dificuldades enfrentadas pelo CMEI e a contribuição de alguma forma
com a escola no momento em que realizamos o projeto de intervenção. Os resultados
foram positivos, tanto para a escola, como para os pais. A partir do projeto pode-se
perceber o quanto o trabalho do Psicopedagogo Institucional, que deve trabalhar a
escola como todo, é essencial para que a aprendizagem e organização da instituição
aconteçam.
Referências
ALENCAR, E. de S; TEIXEIRA, C. de S. M; SILVA, C. de S; FERRO, M. da G. D;
CARVALHO, M. V. C de. A epistemologia genética de Jean Piaget. In: CARVALHO,
M. V. C de; MATOS, K. S. A. L. de. (Org.). Psicologia da Educação: teorias do
desenvolvimento e da aprendizagem em discussão. Fortaleza: Edições UFC, 2009.
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