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Análises do livro didático de língua portuguesa do 6º ano

Cada livro didático é um instrumento de soberana importância no


método ensino/aprendizagem dos alunos, ao mesmo tempo compreendemos
que o livro não é absoluto em seu conteúdo pragmático, ele ainda apresenta
determinadas lacunas, e muitas são as justificativas apresentadas; uma delas é
que o livro ficará muito volumoso, que vem como prolongamento do anterior e
assim consecutivamente.

Todavia analisamos que a lacuna se torna ainda mais grave quando o


livro é abrolhado em uma realidade que não é a do aluno; pois o formidável
para o MEC é falar que faça a escolha, por meio das editoras, entretanto não
se atenta em avaliar se os livros estão inferiores a realidade do aluno.

Deste modo, quando o professor indica um que esteja mais próxima da


realidade, na maioria das vezes não é o que chega para concretizar seu
trabalho pedagógico. É difícil encontrar no livro didático qualquer coisa que
esteja em relação com um estado nordestino geograficamente falando,
imagine ainda, de uma cidade pequena localizada dentro da zona da mata
canavieira.

Para exibir uma visão mais profunda será feita uma análise do livro
didático usado pelos alunos de língua portuguesa do 6º ano da Escola
Municipal de Ensino Fundamental e Médio “Júlio Carneiro da Silva”, Município
de Chã de Alegria – Pernambuco.

Conhecendo os livros didáticos usado nesta escola verificou-se que o


livro didático trabalhado pelos professores com os alunos, compõe a coleção
“Tecendo Linguagens” (anexo 1) têm como autoras: Tania Amaral de oliveira,
Elizabeth Gavioli de Oliveira Silva, Cicero de oliveira Silva e Lucy Aparecida
Araújo e faz parte 3ª edição, 2012, da editora IBEP. As ilustrações são de
Jótah e Renato Arlem. O livro tecendo linguagem é circunspeto por unidade e
subdividido em capítulos conforme o sumário. (ver anexo 2 e 3)

Na exposição inicial do livro, apreende o uso do emprego conativo


utilizado pelos autores, a publicidade é fascinante, contudo o material não
obedece ao que se diz. Por exemplo, eles expõem a seguinte informação
“Vocês terão oportunidade de ler e interpretar textos dos mais variados
gêneros: narrativas de ação, de suspense, de ficção científica, causos mitos e
lendas do Brasil e de outras regiões do planeta (anexo 4) (...) (grifo nosso).”
Mas essa apresentação não condiz com a notória realidade do livro ao se
analisar; Como notaremos a seguir. Seguida a apresentação aparece a parte
conheça seu livro no qual faz uma explicação de como o livro está organizado,
sendo composto por quatro unidades, cada unidade é dividida em três ou
quatro capítulos dependendo do assunto proposto; nas aberturas das unidades
há sempre um texto.

Na forma que o livro está organizado cada capitulo tem um assunto que
traz o seguinte tema: prática de leitura onde pode-se observar no anexo 5
encontrando lá vários textos com o nome romance, entretanto a maioria são
pedaços, o que possibilitou observar que houve uma ausência de cuidado por
parte dos autores de encaminhar prosseguimento desses pedaços para se
tornar o todo até o ultimo fragmento exposto, o que indicam textos soltos
dentro do contexto maior.

O livro oferece cinco poemas que tem a função de amoldar-se o eu


poético e redarguir questões pontuais relacionadas a interpretação do poema.
Umas canções onde tem como objetivo verificar o lugar abordado pela música,
o que o cantor quis dizer com a frase na estrofe x encontra-se nas caricaturas
com igual objetivo de analisar para responder as questões escolhidas.

Elaborando um resumo geral no item Prática de leitura, descobrimos o


seguinte: Tela (1) romance (6), conto (3), retrato falado (1), poema (3), trovas
populares (1), crônica (1), charge (2), canção (7), classificado (2), pagina de
agenda (1), verbete (1), capa de revista (1), depoimento (1), texto didático
cientifico (1), causo (3), fábula (2), cordel (1), debate (1), história em quadrinho
(3), tiras (2) e partitura (1).

Considerando a afluência tipológica proporcionada por Dolz e Schneuwly


(2004, p.102) podemos alocar na seguinte ordem empregando a: Capacidade
de linguagem dominante (narrar, relatar, argumentar, expor, descrever ações),
no entanto não sei se pode adequar à canção em algum desses itens, haja
vista que é a que aparece mais no livro no tocante ao tópico prática da leitura.

O tópico que assinala prática de leitura, não exibe uma sugestão onde
possa trabalhar a leitura de forma arraigada, dando importância para o ato de
ler e compreender, o que os autores proporcionam são pequenos escritos
tendo como objetivo responder algumas questões, avaliar o uso da gramática,
as classes das palavras, tornando a leitura aparente, fragmentada e sem
abordagens.

Os gêneros narrativos que o livro didático “tecendo linguagem”


apresenta.
Com relação aos gêneros narrativos que compõem o livro didático com
narrativas de ação, de suspense, de ficção científica, causos mitos e lendas.
Contudo são exibidas de uma forma bem compendiada, quem sabe com o
desígnio de afirmar que o livro é finalizado, que faz uma sinopse geral dos
gêneros, mesmo sendo livro para alunos do 6º ano do fundamental.

No que se refere à terceira unidade do livro traz como tema: Aprendendo


com a sabedoria popular, (ver anexo 6) esta unidade é formada por três causos
(Num rancho às margens do Rio Pardo, o defunto vivo e aquele animal
estranho), duas fábulas (A cigarra e as formigas e Quem tem razão? A lebre ou
o leão) e uma história em cordel (A cigarra e a formiga), e faz uma pequena
alusão a lenda como observaremos mais adiante.

Perpetrando um detalhamento maior da unidade três, ela está dividida


da seguinte maneira: o capítulo 1 aborda o seguinte assunto: são as histórias
que o povo conta nessa unidade os autores nos oferecem no parágrafo prática
de leitura, o primeiro causo “Num rancho às margens do Rio Pardo”, nesse
causo é narrada à história de um homem que saiu para caçar, no primeiro dia
da quaresma, por ser “um dia santo”, acabou deparando com vários tipos de
fantasmas entre eles a mula sem cabeça, o saci Pererê e família e o
lobisomem.

A linguagem empregada no texto é de um matuto, com influência de sua


região, evidenciando o uso de uma linguagem do sítio e tem como objetivo
proporcionar o imaginário como contemplaremos no trecho a seguir: “O texto
“O contador de causo” discursa sobre os seres criados pela rica imaginação
popular: o saci, a mula sem cabeça, o lobisomem. As histórias que contam
fatos sobre esses seres são chamadas lendas” (p.168 ver anexo 7)

Conforme a apresentação do livro onde se expõe que vai conhecer


vários gêneros narrativos entre eles “lendas”, se depara uma grande lacuna,
pois a única alusão que se dar a lenda é essa que foi citada acima. Em
coerência com o tema da unidade é aprendendo com a sabedoria popular,
poderia ser um tema dinâmico e abrangedor para ser trabalhada a leitura de
forma prazerosa e enriquecedora.

Observa-se mais um causo aludido como prática de leitura é o “defunto


vivo”, na qual o texto perde a atração, por apresentar umas estrelas para
concluir com algumas palavras que estão em referencia no quadro acima. O
texto relata a narrativa de um homem que solicita carona em um caminhão, e
que na carroceria possuía um caixão, quando principiou a chover o rapaz entra
para o caixão para não se molhar, durante a viagem o caminhoneiro foi
oferecendo carona para outras pessoas, mas ao passar por uma lombada,
apresentaram uma grande colisão na qual o rapaz que estava dentro do caixão
abre a porta e pergunta “se a chuva já passou”, assim possuída de um
desespero amplo, onde as pessoas começam a pular da carroceria.

O segundo causo ocorre no interior de São Paulo. São incluídos numa


atividade proposta, os autores impetram que se arranje uma relação com o
texto um (“Num rancho às margens do Rio Pardo”), mas algo bem aparente,
para averiguar a altercação da linguagem, o que há em corriqueiro entre os
dois textos. Mais uma vez não se vê uma leitura aturada onde leve o aluno a
interrogar os textos lidos, a fazer suas próprias investigações, o que é exibido
no material didático é muito ilusório para o procedimento da leitura sublime e
crítica.

O terceiro causo abordado faz menção a cidade do Rio Grande do Sul,


na qual de princípio pede para o aluno sondar o dicionário para perceber certas
palavras da região, tem como tema “Aquele animal estranho” de Mário
Quintana. Descreve a vinda de um automotor em um pequeno interior do Rio
Grande do Sul, e pelo fato da população não reconhecer “matam a pauladas”
crendo ser um bicho estranho que tinha surgido naquela região. Nesse causo
os autores impetram para os alunos discorrerem o que mais chamou a atenção
no texto, acertando bastante evidência ao narrador, se ele é presente ou
onisciente, ou seja o texto acaba compendiando na pessoa do narrador.

O livro ainda conta com apresentação de uma fábula como prática de


leitura, na qual é feita uma acanhada relação com os causos, uma vez que a
fábula nasce da linguagem oral, refletindo as morais das fábulas, antepondo a
outra prática de leitura já mencionada na fábula em forma de cordel, fazendo
uma relação entre os dois textos fábula e cordel e para finalizar volta a uma
nova fábula, fazendo algumas perguntas e dando entrada ao gênero debate,
improvisando algumas perguntas e assim terminando a unidade “aprendendo
com a cultura popular”.

Existe no final de cada capitulo uma “leia mais”, lá estão disponíveis


mais alguns textos, basicamente com o objetivo de pesquisa, porém não
indicam um objetivo fulgente para o aluno dando destaque há uma leitura, que
se ascenda fazendo com que o aluno se encaminhe para as entrelinhas,
fornecendo o papel de aluno questionador e atento.

Aqui verifica que as lacunas apresentadas pelo livro didático


principalmente no capítulo que tem como tema aprendendo com a cultura
popular, pois nesse capítulo deveriam ser apresentadas várias lendas de
diferentes estados, com a proposta de ensinar para os alunos que as lendas
fazem parte da vida e cultura do povo, e que é importante estudar não só para
conhecer melhor a sua cultura como também para ter um conhecimento maior
da cultura de outros povos.

Para concluir esta analises do livro em referencia pode-se afirmar que, o


livro didático apresentado não apresenta uma proposta clara de trabalho do
gênero textual “Lendas”, sobretudo as lendas amazônicas. Seria imprescindível
empreender mais esse gênero textual já que através dele o aluno poderá
alargar melhor a leitura, a compreensão. O livro apresenta na sua maioria
fragmento de textos, o que não leva o aluno a ter um conhecimento completo
do texto estudado e isso faz falta para o processo educativo, especialmente
para o processo de leitura.

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