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IDENTIDADE EM FOCO -CONTRUINDO MINHA IDENTIDADE:

RELATO DE EXPERIÊNCIA COM ESTUDANTES DE UMA


INSTITUIÇÃO DE ENSINO DE CRUZ DAS ALMAS- BA.

Maria Luísa Lima Silva

Eixo temático: Educação, psicologia educacional, práticas educativas e inclusão social.

_____________________

Trabalho orientado pela professora Mariana Leonesy Barreto ofertado na disciplina de


Psicologia da Educação da Faculdade Adventista da Bahia. Este trabalho contou com a
participação de oito alunos do curso de graduação em Psicologia da FADBA.
RESUMO

O projeto de intervenção psicossocial ‘’ Construindo minha identidade’’ foi realizado de


julho de 2015 à Julho de 2016, em uma escola de ensino especial chamada
PESTALOZZI em Cruz das Almas – BA. Participaram aproximadamente 10
professores 50 alunos, salas ocupadas de acordo com a necessidade dos indivíduos.
Práticas de intervenção psicossocial no contexto escolar são de extrema importância
para o aprendizado eficaz e para que as relações interpessoais ocorram de maneira
satisfatória. O objetivo foi trabalhar o empoderamento destes sujeitos apesar de suas
limitações, contribuir na formação da identidade dos alunos, com ênfase em sua relação
com o ‘’eu’’ e suas relações interpessoais. Realizaram-se oficinas, uma vez por semana,
com alunos e professores, através de dinâmicas, expressão de sentimentos, histórias e
propostas lúdicas. O trabalho sugerido confirma a importância de intervenções
psicossociais na educação com alvo de incluir o individuo especial na sociedade,
alcançar a educação merecedora, aproximar aluno – professor, receber um sentido na
escola, construir uma identidade própria e facilitar o processo inclusão escolar,
excluindo assim à segregação.

Palavras- chaves: Identidade, Relacionamento interpessoal, Signos, Intervenção


Psicossocial, educação, inclusão social.

ABSTRACT : The psychosocial intervention project '' Building my identity '' was
carried out from July 2015 to July 2016 at a special education school called
PESTALOZZI in Cruz das Almas - BA. Approximately 10 teachers participated, 50
students, rooms occupied according to the need of the individuals. Practices of
psychosocial intervention in the school context are of extreme importance for effective
learning and for interpersonal relationships to occur in a satisfactory way. The objective
was to work on the empowerment of these subjects despite their limitations, to
contribute to the formation of the students' identity, with emphasis on their relationship
with the 'I' and their interpersonal relationships. Workshops were held once a week with
students and teachers, through dynamics, expression of feelings, stories and playful
proposals. The suggested work confirms the importance of psychosocial interventions in
education, with the aim of including the special individual in society, achieving the
education that is worthy, approaching the student - teacher, receiving a sense in the
school, constructing an identity of its own and facilitating the process of school
inclusion. Segregation.

Key Words: Identity, Interpersonal relationship, Signs, Psychosocial intervention,


education, social inclusion.

1. Introdução
O presente estudo relata a experiência de estágio supervisionado no período de
Julho 2015 e julho de 2016 em uma instituição de ensino especial de Cruz das
Almas – BA com alunos e professores. O ensino teórico-prático fundamentou-se
na critica em educação especial inclusiva e a contribuição da Psicologia nessa
educação. Este projeto visa à compreensão e reflexão acerca da construção da
identidade dos alunos, objetiva a melhoria do sentido da escola para o aluno
especial, ajuda a entender como as relações interpessoais nos diversos setores da
vida contribuem na construção, e no desenvolvimento da identidade. Este artigo
relata encontros realizados semanalmente com aproximadamente 50 alunos e 10
professores, onde as salas eram divididas de acordo com a necessidade da
criança, projeto intitulado como ‘’ Construindo minha identidade ‘’ em uma
instituição de ensino especial em Cruz das Almas – BA. O objetivo geral deste
trabalho foi contribuir para o processo da identidade do aluno, especificando a
contribuição das relações interpessoais dos alunos; Promovendo palestras e
dinâmicas sobre o cuidado da saúde, exercendo alto estima, desenvolvendo o
senso do amor ao próximo, aproximação e sentido da escola- professor e alunos,
trabalhando temas específicos com o corpo docente, mediação de conflitos,
peças teatrais para facilitar a compreensão do aluno.

Os encontros tiveram auxilio de oito estudantes de Psicologia, supervisão do


projeto com uma Professora Psicóloga, apoio ao projeto recebido pela diretora e
pelos professores, onde encontravam ansiosos pela intervenção, uniram-se e
apoiaram o projeto. As primeiras atividades do projeto ‘’ Construindo minha
identidade ‘’ foram planejadas e divididas por temas interligados, totalizando
cinco intervenções.

Primeiro Encontro: Apresentar o programa e conhecer as crianças –


Interação Grupal

A intervenção foi iniciada com uma dinâmica com apresentação das crianças,
em seguida perguntamos qual fruta e cor eles mais se identificavam e mais
gostavam; No segundo momento apresentamos uma plantinha onde eles tiveram
a responsabilidade de cuidar daquela plantinha por uma semana, o objetivo foi
realizar uma metáfora da planta com a nossa vida, da mesma forma que a planta
merece cuidado, nosso corpo merece cuidados especiais também.
Segundo Encontro: Desenvolver o cuidado com o corpo para favorecer a
identidade
No segundo momento foram exploradas questões relacionadas à autoimagem,
desenvolvendo assim cuidados com o corpo, trabalhamos com eles a utilização
de materiais higiênicos, a importância do cuidado pessoal. Realizamos
demonstração com cada aluno, a importância do cuidado com a higiene bucal e
as práticas higiênicas.
Terceiro Encontro: Desenvolver o senso de relacionamento interpessoal
No terceiro dia foi proposto a relação aluno-aluno e as emoções,
desenvolvendo assim o senso de relacionamento interpessoal, utilizamos jogos e
brinquedos, dinâmicas onde a criança precisa da ajuda do próximo para
conseguir terminar o jogo. Exemplo: Corrida de Saco
Quarto Encontro: Desenvolver a relação da criança com a escola
No quarto dia foi à vez de contribuir na relação aluno – professor
desempenhando a relação aluno com a escola, sendo assim buscando sentido da
sua presença na escola, aproximando aluno com professor; As crianças
desenharam o que mais gostam na escola, e depois confeccionaram um mural
onde foram expostos os desenhos.
E por fim, o fechamento no ultimo encontro foi desenvolvido a relação aluno-
família, ‘’ O eu e minha família, onde desenharam em cartolina suas famílias,
depois uma roda de conversa sobre família onde tiveram a oportunidade de
verbalizar o que gostam da família e o que não gostam, foi um momento
importante onde se observou a subjetividade dos alunados. Todas as atividades
foram realizadas com o objetivo de estimular a identidade dos estudantes,
cooperando com a autoestima e aperfeiçoando assim as relações entre escola,
família e o aluno da Pestalozzi.

A intervenção educacional teve um segundo momento de encontro onde se


pautou no tema ‘’ Identidade em Foco’’ identificando e auxiliando na identidade
da escola Pestalozzi, dos professores, dos alunos, observando assim os estigmas
e preconceitos. O objetivo geral foi contribuir para o processo de formação de
identidade discentes e docentes da instituição; Tendo por objetivos específicos,
refletir sobre a identidade profissional dos professores da Pestalozzi, contribuir
para melhorar o relacionamento interpessoal entre professores e o alunado da
Escola, auxiliar para o progresso de inclusão nas relações de ensino e
aprendizagem da Pestalozzi. Os instrumentos utilizados foram atividades lúdicas
que possibilitaram ao professor conhecimento e reflexão sobre seu papel como
docente e a importância do discente na sua vida e na área educacional.

As atividades lúdicas foram o clímax dos encontros, pois a dinâmica é


importante no aprendizado da criança, a brincadeira é a atividade principal para
a criança na idade escolar, durante a qual ocorrem as mudanças mais
importantes para seu desenvolvimento psíquico. São nítidas as contribuições da
brincadeira para o desenvolvimento de estruturas do pensamento, uma vez que
criança lança mão da memória para recordar eventos e usar a imaginação e a
criatividade para incluir e ampliar elementos na história representada.
(LEONTIEV, 2001). Segundo Afonso (2002), a metodologia da Oficina de
Dinâmica de Grupo tem potencialidades terapêuticas e pedagógicas, pois facilita
a elaboração de questões subjetivas, interpessoais e sociais e ainda, deslancha
um processo de aprendizagem, a partir da reflexão sobre a experiência,
possibilitando ao sujeito elaboração do conhecimento sobre o mundo e dele no
mundo, ou seja, do conhecimento sobre si mesmo.
Ciampa (1987) entende identidade como metamorfose, ou seja, em constante
transformação, sendo o resultado provisório da intersecção entre a história da
pessoa, seu contexto histórico e social e seus projetos. A identidade tem caráter
dinâmico e seu movimento pressupõe uma personagem.

Muitos autores desenvolveram teorias a respeito da construção da identidade e


uma das explicações mais plausíveis é que a formação da identidade está
intimamente ligada ao meio social em que o individuo está inserido. Erick
Erikson se destacou por sua teoria focada nas relações sociais, ele sustentava que
o ego é uma força positiva que cria uma auto identidade, um sendo de ‘’eu’’.
Como centro da personalidade, o ego auxilia na adaptação aos niveladores da
sociedade. Durante a infância, p ego é fraco, maleável e frágil; mas até
adolescência ele deve começar a tomar forma e adquirir força. Ao longo da vida,
o ego unifica a personalidade e a protege contra a indivisibilidade. Erikson via o
ego como uma agência de organizações parcialmente inconsciente, que sintetiza
as experiências presentes com as auto identidades passadas e, também comas
imagens antecipadas do self. Ele definia o ego como a capacidade de uma pessoa
para unificar experiências e ações de forma adaptativa. (FIEST E FIEST, 2008,
p.126 apud ERICKSON, 1963).

Segundo Fiest e Fiest,(2008 apud Erikson, 1968) Erickson ‘’ identificava


três aspectos Inter- relacionados do ego: o corpo egóico, o ego ideal e a
identidade egóica. O corpo egóico refere-se às experiências com o corpo, uma
forma de enxergar o self físico como algo diferente das demais pessoas. Cada
individuo pode estar satisfeito ou insatisfeito com a forma com a qual o corpo se
parece e funciona, mas sabe-se que ele é o único corpo o qual se tem. O ego
ideal estabelecido; ele é responsável pela satisfação ou insatisfação não apenas
com o self físico, mas com toda a identidade pessoal. A identidade egóica é a
imagem que se tem de si mesmos, nos vários papéis sociais desempenhados.
Embora a adolescência seja geralmente o período em que esses três
componentes se modificam com mais rapidez, alterações no corpo egóico, no
ego ideal e na identidade egóica podem ocorrer em qualquer estágio da vida.
Em relação a identidade no contexto da modernidade e a construção da mesma, Souza (
2007) afirma que:

‘’ O processo de construção da identidade do sujeito no contexto da modernidade reflexiva e as


relações com o contexto educacional demandam a reflexão crítica de dois pressupostos
fundamentais. O primeiro deles refere-se ao fato de que toda identidade é relacional, na medida
em que sempre toma outras referências, o que equivale a dizer que sua constituição ocorre com
base na teia das relações sociais. O segundo diz respeito a constituição da identidade do sujeito
em suas dimensões sociais, éticas e políticas, tendo como referência a identidade da escola- o
seu projeto pedagógico’’ (SOUZA,2007, p. 215, 216).

Para que a identidade do individuo seja construída, é necessária uma série de


fatores. A sociedade e o meio em volta contribuem para essa formação. Um dos
principais meios para o desenvolvimento humano é a comunicação, e uma das
principais formas de nos comunicarmos, e por meio da linguagem, por este motivo ela
se torna essencial na formação dos signos. A comunicação exerceu influência poderosa
nas vivências, onde a escuta e o acolhimento com os alunos foi realizado, tendo assim
desempenhado papel educativo na aprendizagem das crianças, a comunicação sendo
arma principal para adentrar a subjetividade do aluno muitas vezes oculta. A
participante A exercia pouca comunicação, trabalhamos atividades que estimulavam a
fala, foram vários encontros, vários jogos e vários estímulos utilizados, e por surpresa a
atividade possibilitou a fala da participante A, onde comunicou-se melhor, interagindo
com os mediadores e os colegas. De acordo com Kohl (2002), esses signos são
elementos que representam ou expressam outros objetos, os quais são utilizados para
que a criança compreenda o mundo ao seu redor e vá construindo sua própria identidade
a partir disso. A utilização desses signos e linguagem externos vai ser internalizada pelo
sujeito, é o que Vygotsky chama de processo de internalização.

Esse autor defende a importância de certos signos no desenvolvimento da


identidade através das brincadeiras lúdicas e jogos infantis onde pode ser observada a
utilização desses signos: ‘’ O paradoxo fundamental do jogo consiste em que, sendo
uma atividade maximamente livre, encontrando-se sob o poder das emoções, é da fonte
de desenvolvimento do caráter voluntário e de tomada de consciência, por parte da
criança, de suas ações e de seu próprio eu. ‘’ (SOUZA, 2012 p, 233 apud ELKONIN
1988).\
Esses signos começaram a ser introduzidos cada vez mais no cotidiano escolar, pois o
brincar e o aprender podem se complementar, a criança passa a adquirir conhecimento e
começa a desenvolver o pensamento de forma a refletir a realidade. Os jogos e as
brincadeiras foram de suma importância, pois estimularam as crianças para se
desenvolverem melhor, pelas vivências realizadas acredita-se que promoveu o
autoconhecimento corporal, promoveu conhecimento dos seus limites, estimulou a
busca de ajuda, estimulou as competências socioemocionais, fortaleceu as relações
afetivas, explorou aspectos como controle e cooperação.

Esses signos começaram a ser introduzidos cada vez mais no cotidiano escolar, pois o
brincar e o aprender podem se complementar, a criança passa a adquirir conhecimento e
começa a desenvolver o pensamento de forma que pode refletir a realidade. Vygotsky
fala em sua obra que o desenvolvimento e o aprendizado estão ligados, e indica que
aprendizagem para ser atingida não precisa necessariamente caminhar paralela ao
desenvolvimento, discordando dessa forma de algumas abordagens que defendem que
não se podem alcançar um nível de aprendizagem sem antes do desenvolvimento.

Um dos principais melos para o desenvolvimento humano é a comunicação, e uma das


principais formas de nos comunicarmos é por meio da linguagem, por este motivo ela se
torna essencial na formação da identidade do sujeito.

2. Metodologia

O projeto ‘’ Construindo minha identidade’’ objetivou contribuir no


processo de formação da identidade dos alunos, buscando a contribuição das
relações interpessoais que eles têm desenvolvido na construção de suas
identidades.
Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, com delineamento, relato
de experiência. Foram realizadas intervenções de cunho psicossocial com alunos
e professores, nas quais ocorreram dinâmicas, reflexões e atividades lúdicas.
Cada uma das intervenções foi realizada em grupo, os alunos da instituição
foram separados em dois grandes grupos de acordo com seus horários de aula e
intervalo. Todos os encontros foram realizados no espaço físico da instituição.
Para a construção do projeto e decisão dos temas a serem abordados na
intervenção, foram realizados quatro encontros para observação no contexto de
sala de aula, assim ficou evidente que havia uma demanda por dos alunos
daquela instituição acerca de quem são e do papel da escola em suas vidas, e
outras questões que remeteram a questão abordada no projeto, à formação da
identidade. Foram realizados cinco encontros interventivos com duração média
de 2 horas e uma visita exclusiva para apresentação do projeto para gestores e
professores, totalizado dez visitas. Os temas condutores para a intervenção
foram: Autoimagem, a relação aluno-aluno, aluno-escola-aluno-família.

3. Resultados e Discussão

 Primeira Intervenção
Objetivou a apresentação e a interação entre o grupo e os alunos com
intuito de promover um ambiente de confiança e reciprocidade. Neste
encontro foi realizada a dinâmica do barbante, na qual quem segurava a
ponta do barbante se apresentava dizendo seu nome, fruta preferida, cor
preferida, animal preferido, falava sobre família ou qualquer informação
pessoal que desejasse. Apresentamos uma plantinha na qual cada aluno
deveria cuidar dela, utilizando a planta como metáfora para os cuidados
higiênicos que nosso corpo precisa. Assim como a planta precisa de
cuidados nosso corpo também precisa. Erick diz que ‘’ Durante a
infância, o ego é fraco, maleável e frágil; mas até adolescência ele deve
começar a tomar forma e adquirir força.’’, esta atividade proporcionou
um ambiente interativo, agradável, conhecimento mútuo no grupo e fez
com que as crianças refletissem sobre si mesma, seus gostos e
preferências. Alguns relataram ter gostado muito desse momento ou
pediram para falar mais coisas sobre si após a reflexão. Muitos alunos
vinham individualmente e começavam a contar sua história e seus
gostos. Foi solicitado também aos alunos que plantassem uma plantinha
de feijão, tendo ligação com a dinâmica do próximo encontro, que tem
por objetivo exibir para o sujeito cuidados com o corpo.
 Segundo encontro
Relacionou-se com a auto imagem da criança. Erickson ‘’ identificava
três aspectos inter-relacionados do ego: o corpo egóico, o ego ideal e a
identidade egóica. O corpo egóico refere-se a experiência com o corpo,
uma forma de enxergar o self físico como algo diferente das demais
pessoas. ‘’ Cada individuo pode estar satisfeito ou insatisfeito com a
forma com a qual o corpo se parece e funciona, mas sabe-se que ele é o
único corpo o qual se tem. O grupo discutiu as práticas de uma boa
higiene, os alunos relataram suas práticas de higiene pessoal, interagindo
com os mediadores da conversa. Ao findar a conversa, foi realizada uma
demonstração de como lavar as mãos e os momentos que devem lavá-las,
tarde de beleza com maquiagem, perfume e um desfile com os meninos e
meninas com o objetivo de auxiliar no crescimento do alto estima. As
situações ocorridas e as reflexões feitas após as dinâmicas tiveram como
intento demostrar a importância do cuidado com o próprio corpo e assim
favorecer a autovalorização e a identidade.

 Terceiro dia
A vivência do terceiro dia foi relacionamento aluno- aluno. Foi realizada
brincadeira denominada ‘’ Corrida de três pés. ’’ Na qual a criança tem
sua perna amarrada de um colega e precisa chegar junto come ele para
completar a tarefa. Também foi realizada uma dinâmica no qual três
alunos do grupo se voluntariaram e foi solicitado que cada um
representasse uma emoção; raiva, alegria e tristeza, para que os outros
adivinhassem. No grupo um dos alunos conseguiram identificar de forma
satisfatória as três emoções, já no grupo dois, conseguiram acertar
apenas alegria e raiva, a representação da tristeza, eles identificaram
novamente como raiva. A reflexão feita nesse dia foi acerca da
importância do relacionamento interpessoal e a interdependência.
 Quarto dia
No quarto encontro interventivo, o tema trabalhado foi relacionado
aluno-escola. Foi solicitado aos alunos que desenhassem a situação ou
lugar que mais o agradava no contexto escola, com o objetivo de detectar
com o que o aluno mais se identifica na escola e com o que ele se
identifica. A reflexão feita foi sobre a importância que a escola tem na
vida das pessoas, que o aprender é algo bom e indispensável, reforçando
assim, a importância e apreço pela escola na vida dos alunos. Os
participantes tiveram uma boa receptividade à atividade realizada, uma
das meninas demostrou isso dizendo que gosta da escola, gosta dos
momentos de brincadeira que tem, gosta da professora e outra que disse
gostar muito das peças de final de ano, principalmente a peça de chaves.
Foram planejadas atividades onde os professores desenvolveriam com os
alunos, porém não houve colaboração dos mesmos. Foram identificados
nesse encontro também alguns sentimentos negativos acerca da escola;
onde expressaram não gostar da escola por crer que a mesma é uma ‘’
escola para pessoas doidas’’. A partir dos sentimentos dos alunos
divergiam houve uma conversa reflexiva esclarecedora com os alunos
sobre o papel da escola em suas vidas.

O tema do ultimo encontro foi à relação aluno- família foi apresentada


para os alunos a palavra família e solicitado que eles falassem o que
significava para os mesmos. De acordo com Kohl (2002), esses signos
são elementos que representam ou expressam outros objetos, os quais são
utilizados para que a criança compreenda o mundo ao seu redor e vá
construindo sua própria identidade a partir disso. Essa intervenção se
fundamentou em falar sobre as relações familiares existentes entre eles e
em seguida fazer um desenho da sua própria família. Alguns
participantes levantaram questões pessoais, compartilhando uma com os
outros fatos de suas vidas que os marcaram muito. A Participante ‘’ R’’
levantou questão sobre morte, a separação do Pai e Mãe; A participante
V mencionou detestar o Pai; L relatou amar a sua família e sua família
ser tudo de bom. C ama a sua família mais não gosta do seu tio, pois diz
ser perverso com ele. Foram planejadas outras atividades onde seria
necessária a participação dos pais, porém não houve contribuição dos
mesmos.
Tal atividade possibilitou um diálogo de trocas, em que cada participante
escutou atentamente o que foi vivido pelos outros. O tema possibilitou
levantar as histórias de alguns deles, permitindo que falassem de suas
próprias famílias e se identificassem com os colegas, já alguns fatos que
ocorreram em suas vidas também aconteciam com outros do grupo.

Conclusão
O trabalho em grupo favoreceu que as crianças pudessem pensar e operar sobre
suas dificuldades/potencialidades de aprendizagem, bem como, sobre suas
relações com e na escola. Sendo assim, observou-se que durante as intervenções
ficou claro o interesse dos alunos pelos temas trabalhado e confirmado a
hipótese de que havia um demanda nessas áreas para que suas identidades
fossem construídas de forma consistente. Durante a realização das intervenções
notou-se também que os professores não se envolveram no processo e utilizaram
o tempo ‘’ livre’’ para realização de outras atividades pendentes. O incentivo e
a verbalização de suas experiências, especialmente nas intervenções que também
tiveram desenho, fizeram com que as crianças fossem incentivadas a trazer os
significados do que representaram através da linguagem. Percebeu-se também
que os alunos internalizaram as reflexões realizadas e muitos deles colocaram
em prática nos encontros seguintes, e também que esperavam aprovação e
elogios por parte dos condutores ao fazerem algo da forma orientada. O
processo interventivo foi bastante motivador e consistente por conta das
respostas dos alunos estarem seguindo uma linha de compreensão e mudança de
atitude, principalmente no que diz respeito à parte da reflexão após as
brincadeiras, o que demostra mais uma vez que o lúdico tem um papel de intensa
importância na aprendizagem. Também ficou clara a quebra de paradigmas e
estereótipos que giram em torno dos deficientes, já que as atividades foram
realizadas sem dificuldades quase que pela totalidade dos alunos da instituição.
Sendo assim, o projeto foi realizado de maneira satisfatória.
Enfim, percebeu-se que o trabalho desenvolvido na Escola, criou um espaço de
acolhimento para as crianças, ajudou a refletir e elaborar sua vida escolar e sua
vida pessoal favoreceu também aproximação da escola com o aluno, estimulou a
criatividade, o afeto e o senso crítico do aluno. Apesar das barreiras que existe
nessa instituição escolar, atravessamos algumas barreiras e elas foram rompidas
e algumas no caminho serão rompidas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, J. Vieira de. As dimensões do projeto politico pedagógico. 5. ed. Campinas,


SP; Papirus, 2007.

SCHUTZ, Duane P.; SCHUTZ, Sydeney E. Teorias da personalidade. 2. ed. São


Pauolo; Ceagage Learning, 2011.

OLIVEIRA, MARTHA Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um


processo sócio- histórico. 4 ed. São Paulo; Scipione, 1997.

PICONI, Irene Carmem; MORO, Catarina de Souza. Psicologia e Educação. Curitiba:


IESDE, 2010.

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