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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO


UFOP – ESCOLA DE MINAS

MET140

Aula 19: Solidificação de Juntas


Soldadas

Professor: Rodrigo Porcaro

1
Sumário

• Introdução;
• Condições de Solidificação na Soldagem;
• Subestruturas de Solidificação;
• Efeitos na Junta;
• Regiões da Zona Fundida;
• Influência de Parâmetros de Soldagem;
• Controle da Estrutura.

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Introdução

Associação de processos de
soldagem com diagramas de
equilíbrio para material puro e ligas.
Fonte: Messler, 2004.
3
Introdução

É de se esperar que o processo de soldagem ocorra bem


afastado do equilíbrio, em relação ao aquecimento,
solidificação e transformações de fases no estado sólido,
portanto:

I – Diagramas de fases são limitados para previsão dos


eventos;

II – Explicar, entender e modelar a evolução


microestrutural durante a soldagem é mais complexo que
em equilíbrio.

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Introdução

Taxas de resfriamento (k/s)

10-2 102 104 107


Poça de fusão
soldagem
Fundidos de diferentes Tratamentos superficiais
volumes (laser e feixe de
elétrons). Atomização.
Metais amorfos.
10k/s – Oxiacetilênico
103K/s – GTAW, SMAW, GMAW, PAW

106K/s – EBW, LBW

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Introdução

Esquema da estrutura típica na


solidificação de um lingote. Fonte:
Modenesi e outros. Estrutura resultante da solidificação
Veremos que na soldagem a estrutura em lingote de aço inoxidável
de solidificação se assemelha mais à ferrítico. Fonte: Analytical
região colunar. Characterization of Aluminum, Steel,
and Superalloys

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Fonte: Kou.
Motivação Modo de
Solidificação

Segregação Tamanho de grão Descontinuidades

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Fonte: Kou. Propriedades
Condições de solidificação Soldagem
Metal Base (ZTA) aquecido próximo à Tf
+
Molhabilidade metal fundido
+
Estrutura cristalina igual Kou.

+
Grande velocidade de solidificação
+
Gradientes térmicos elevados
=

Crescimento Epitaxial

Crescimento epitaxial em soldagem de aço


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inoxidável ferrítico. Modenesi, Marques, Santos.
Condições de solidificação Soldagem
Nucleação homogênea

9
Fonte: Messler, 2004.
Condições de solidificação Soldagem
Nucleação heterogênea

10
Fonte: Messler, 2004.
Condições de solidificação Soldagem

11
Fonte: Messler, 2004.
Condições de solidificação Soldagem

Crescimento epitaxial em aço


inoxidável bifásico. A = austenita; F =
Ferrita.

Crescimento não epitaxial em junta


dissimilar. Aço inoxidável ferrítico (CCC)
e monel (CFC).

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Fonte: Kou.
Condições de solidificação Soldagem

• A velocidade de soldagem define a forma da poça de


fusão;
• Para manter o formato da poça constante, a taxa de
fusão é igual à taxa de solidificação;
• A solidificação ocorre na direção normal à interface
sólido-líquido, porque esta direção apresenta o maior
gradiente de temperatura e, portanto, máxima
remoção de calor.

Poça de
V
Fusão

Interface sólido-
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Fonte: ASM Metals HandBook, v.6. líquido
Condições de solidificação Soldagem

𝑅 = 𝑉𝑐𝑜𝑠∅

Onde, R é a velocidade de solidificação em um dado ponto;


V é a velocidade de soldagem;
∅ é o ângulo entre a normal à frente de solidificação, no ponto considerado,
e o vetor velocidade de soldagem.

Crescimento mais rápido no centro (R = V) e mais lento nas bordas (R = 0).

14
Fonte: ASM Metals HandBook, v.6.
Condições de solidificação Soldagem

R=V
Poça de Se não fosse assim, a poça de fusão
V
Fusão estaria se alongando ou diminuindo
durante a soldagem!

R=0
Se não fosse assim, o diâmetro da poça
diminuiria durante a soldagem!

15
Fonte: ASM Metals HandBook, v.6.
Condições de solidificação Soldagem
Crescimento Competitivo
Metais com estrutura
cúbica possuem maior
velocidade de
crescimento nas direções
<100>

Planos menos compactos, como os {100},


possuem maior facilidade para acomodar
átomos na solidificação. 16
Fonte: Kou e Reed-Hill.
Condições de solidificação Soldagem
Crescimento Competitivo

Representação esquemática do crescimento epitaxial (entre A e 1; B


e 2; C e 3), e do crescimento competitivo (entre 1, 2 e 3).

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Condições de solidificação Soldagem
Formato da poça de fusão

Alta Velocidade de
Soldagem

Relacionado ao calor
latente de fusão...

Baixa Velocidade de
Soldagem

18
Fonte: Savage.
Condições de solidificação Soldagem
Formato da poça de fusão

Alta Velocidade de
Soldagem

Relacionado ao calor
a) latente de fusão...

Baixa Velocidade de
Soldagem
Soldagem GTAW de aço inoxidável
ferrítico: a) 80A e 5,8mm/s; b) 18A e
b) 1,1mm/s. 19
Condições de solidificação Soldagem
Formato da poça de fusão

20
Fonte: Messler, 2004.
Condições de solidificação Soldagem
Formato da poça de fusão
a) Elíptica: o ângulo θ
varia continuamente de
valor. Vários grãos com
direções próximas àquelas
favoráveis, crescem.

b) Gota: frente de
solidificação com
formato constante.
Favorece o crescimento
apenas dos grãos
melhores orientados.
21
Fonte: Savage.
Condições de solidificação Soldagem
Formato da poça de fusão Os grãos ou dendritas parecem
“girar” para a direção de V. Na
verdade os grãos modificam a
direção de crescimento dentre
as seis possíveis <100> (mais
favorável).

Neste caso, o “giro” é limitado e


a solidificação ocorre como
duas “paredes” que se
encontram no centro. Veremos
que isso favorece o trincamento
a quente!

22
Fonte: Savage.
Condições de solidificação Soldagem
Formato da poça de fusão

23
Fonte: Messler, 2004.
Condições de solidificação Soldagem
Formato da poça de fusão

Soldagem GTAW de alumínio.


(a) 1000mm/min; (b) 250mm/min.

24
Fonte: Kou.
Schematic showing effect of heat input and welding speed variations on weld grain structure; (a) low heat input and low welding
speed, producing an elliptical weld pool; (b) high heat input and high welding speed, producing a tear-drop-shaped weld pool.
Here, the heat input and welding speed are not yet sufficient to cause heterogeneous nucleation at the weld pool centerline;
(c) high heat input and high welding speed, with heterogeneous nucleation at the weld pool centerline.
Actual weld microstructures corresponding to schematics of fig.;
(a) grain structure of a GTAW of aluminum alloy 6061, made with q
of 700 W (200 BTU/h) and v of 5.1 mm/s (0.20 in./s);
(b) grain structure of a GTAW of pure aluminum, made with v of
20.8 mm/s (0.819 in./s);
(c) grain structure of a GTAW of aluminum alloy 6061, made with a
higher Q than that of (a) (1320 W, ou 385 BTU/h) and v
of 12.7 mm/s (0.500 in./s). GTAW, gas-tungsten arc weld.
Subestruturas de Solidificação

Diferentes interfaces de solidificação de compostos orgânicos


transparentes. (a) Interface plana; (b) Interface celular; (c)
Interface dendrítica; (d) Interface equiaxial dendrítica.
27
Fonte: Kou.
Subestruturas de Solidificação

Gradiente de temperatura e modos de solidificação


possíveis em um material puro.

28
Fonte: Messler, 2004.
Subestruturas de Solidificação
Super-resfriamento constitucional

29
Subestruturas de Solidificação
Super-resfriamento constitucional

30
Fonte: Kou.
Mesmo com gradiente de temperatura positivo no líquido existe uma região super-
resfriada mesmo devido à variação da composição (acúmulo de soluto)

super-resfriamento constitucional. 31
Subestruturas de Solidificação
Parâmetros de solidificação T >G

T
G S L <G

x
G = Gradiente térmico. x

R = Velocidade de Solidificação

32
Subestruturas de Solidificação
Parâmetros de solidificação

G
 Parâmetro de
solidificação
R
C cm C
G R    Taxa de
Resfriamento
cm s s

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Subestruturas de Solidificação
Parâmetros de solidificação

Diagrama esquemático mostrando os efeitos do gradiente térmico, velocidade de


solidificação e composição na forma do crescimento da interface sólido-líquido.
34
Fonte: Kou.
Subestruturas de Solidificação
Parâmetros de solidificação

35
Fonte: Kou.
Efeitos na Junta
Segregação

Segregação intercelular e interdendrítica.


36
Fonte: Modenesi e outros.
Efeitos na Junta
Segregação

Trincas de liquação devido à segregação em contorno de grão, soldagem Al-Cu.

37
Fonte: Kou.
Efeitos na Junta
Segregação

Trinca de solidificação em
soldagem SAW de aço C-Mn,
segregação de impurezas
central. Fonte: TWI.
Trinca de solidificação central em aço
inoxidável 310 de grãos grosseiros.

38
Fonte: Kou.
Efeitos na Junta

Trinca de solidificação em soldagem TIG de liga de alumínio.


Trinca central. Fonte: Metallurgy and Mechanics of Welding.

39
Regiões da Zona Fundida

Regiões da zona fundida (esquemático): (A) região misturada,


(B) região não misturada e (C) região de fusão parcial.

40
Fonte: Modenesi e outros.
Regiões da Zona Fundida

Formação de trincas por liquação na


região parcialmente fundida. (a)
Esquemático; (b) Trincas em soldagem de
liga de Al 6061.

41
Fonte: Kou.
Influência dos Parâmetros de Soldagem

Efeito de parâmetros de soldagem na estrutura de


solidificação de aço HY-80.

42
Fonte: Kou.
Influência dos Parâmetros de Soldagem

Figura 3.10. Microestruturas superficiais da ZF de cordões de solda obtidos com corrente de 80A. (a)
Amostra 5 e (b) Amostra 6. Destaque para as subestruturas de solidificação dendríticas formadas (c) na
condição sem pré-aquecimento e (d) com pré-aquecimento. Ataque Vilella, 40X.

43
Fonte: Monografia Tairine Tavares.
Influência dos Parâmetros de Soldagem

44
Fonte: Kou.
Influência dos Parâmetros de Soldagem

Representação esquemática do
crescimento dendrítico em vários
estágios de solidificação. Os
braços menores coalescem em
maiores.
45
Fonte: Kou.
Influência dos Parâmetros de Soldagem

Soldagem autógena de Al 6061. (a) Estrutura grosseira em soldagem TIG; (b)


estrutura refinada em soldagem por feixe de elétrons.
46
Fonte: Kou.
Controle da Estrutura de Solidificação

Efeito da oscilação do arco na tendência ao trincamento a quente de liga de Al


2014 soldado por TIG. Oscilação transversal de 1Hz.
47
Fonte: Kou.
Controle da Estrutura de Solidificação

Efeito da oscilação do arco na estrutura de solidificação


de aço HY-80 soldado pelo processo TIG. (a) refino da
estrutura entre os grãos; (b) trincas de solidificação.
48
Fonte: Kou.
Controle da Estrutura de Solidificação

Efeito da inoculação na estrutura de


solidificação em aço C-Mn soldado por
SAW. (a) sem inoculação; (b) inoculado
com titânio.

49
Fonte: Kou.
Figura 3.13. Microestruturas superficiais da ZF de cordões de solda
obtidos com corrente de 45A e 5,8mm/s. (a) Sem vibração (b) Aplicação
de vibração por sistema de martelete da furadeira. (c) Destaque para as
subestruturas de solidificação dendríticas formadas no interior dos
grãos equiaxiais da condição apresentada em (b). Ataque Vilella, (a) e
(b) 40X, (c) 80X.

50
Fonte: Monografia Tairine Tavares.
Controle da Estrutura de Solidificação

Efeito da amplitude de Efeito do tamanho de grão


vibração do arco no tamanho médio da poça de fusão na
de grão em liga Al-2,5Mg. ductilidade de aço alta liga
Cr-Ni a 925°C.
51
Fonte: Kou.
Modos de Solidificação

Efeito do super-resfriamento constitucional sobre o modo de


solidificação durante a soldagem.
52
Fonte: Kou.
Modos de Solidificação

53
Fonte: Kou.
Modos de Solidificação

54
Fonte: Kou, ASM.
Modos de Solidificação

55
Fonte: Kou.
Modos de Solidificação

56
Fonte: Kou.
Modos de Solidificação

Taxa de resfriamento 2-4 é maior que 1-3, além disso,

57
Fonte: Kou.
Modos de Solidificação

58
Fonte: Kou.

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