2017
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ATUAÇÃO DOS
PROFISSIONAIS DE
SERVIÇO SOCIAL E
PSICOLOGIA
INFÂNCIA E JUVENTUDE
- Infância e Juventude -
Realização
Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia – DAIJ 1
Coordenação Geral e Técnica
Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia – DAIJ 1
Revisão Final
Ana Cristina Amaral Marcondes de Moura
Reinaldo Cintra Torres de Carvalho
Gabriel Pires de Campos Sormani
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I: O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
A- Considerações Iniciais
B- O Tribunal de Justiça no Estado de São Paulo
B.1- Estrutura Organizacional
C- Organização Administrativa
D- Função dos Profissionais que atuam na Primeira Instância
D1- Do juiz
D2- Das partes
D3- Dos auxiliares do Juízo
E- Dos Processos
F- Da Especificidade das Varas da Infância e Juventude
BIBLIOGRAFIA
A- Considerações Iniciais
B- Inserção dos Profissionais nas Varas da Infância e Juventude
B1- O Serviço Social
B2- A Psicologia
B3- O Histórico do Serviço Social e da Psicologia no Tribunal
B4- A Subordinação dos profissionais de Serviço Social e Psicologia
BIBLIOGRAFIA
CAPÍTULO 3: O QUE É PRECISO SABER ADMINISTRATIVAMENTE PARA
ATUAR NAS VARAS DE INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
A- Considerações Iniciais
B- Registro em Livros
B1- Livro de Ponto
B2- Livro de controle de registro de processo: recebimento e
devolução de processos
B3- Livro de registro de pessoas interessada em adoção (CPA)
B4- Livro de registro de crianças e adolescentes em condição de serem
adotadas
B5- Livro de registro de pessoas atendidas sem processo
C- Fichas de controle de crianças e adolescentes acolhidos
D- Da planilha do movimento judiciário dos Setores Técnicos:
Registros estatísticos
E- Do relatório anual
F- Dos prazos
G- Do manuseio do processo
BIBLIOGRAFIA
A- Considerações iniciais
B- Competência do Juízo da Infância e Juventude
C- Dos processos
Parte II - ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS E PSICÓLOGOS NOS
PROCESSOS DE INFÂNCIA E JUVENTUDE
A- Considerações iniciais
B- O processo nas seções técnicas
C- O estudo social
D- O estudo psicológico
1- Vitimização
1A Considerações iniciais
1B Definição de violência contra criança e adolescente
1C A avaliação social e psicológica nos casos de vitimização
1C1 Avaliação social
1C2 Avaliação psicológica
2- Da atuação do assistente social e do psicólogo de acordo
com as medidas protetivas
A- Guarda
B- Tutela
C- Acolhimento institucional e familiar
C1- PIA: Plano Individual de Atendimento
C2- PIA X audiência concentrada
C3- Dos cuidados com a criança ou adolescente em acolhimento
Institucional ou familiar
C4- O acompanhamento da criança ou adolescente em situação de acolhimento
institucional e familiar
C5- Apadrinhamento afetivo
C6- Desacolhimento
BIBLIOGRAFIA
GLOSSÁRIO
CAPÍTULO 5: ADOÇÃO
Parte I
A- Considerações Iniciais 119
Parte II
1- Adoção por meio do CPA e outras modalidades 130
A1- Adoção por meio do CPA: aproximação e cuidados para colocação 132
em família substituta
B- Adoção internacional 135
(CEJAI-SP)
B2 Busca no cadastro, preparação e aproximação 136
APRESENTAÇÃO
Como se vê, a psicologia jurídica e o serviço social lidam com questões onde há o
rompimento do tecido social e que são tratados no sistema da Justiça. Há necessidade de
estabelecimento de parâmetros e diretrizes que delimitem o trabalho cooperativo para
exercício profissional de qualidade, especificamente no que diz respeito à interação
profissional entre os psicólogos e assistentes sociais que atuam como peritos e assistentes
técnicos em processos que tratam de conflitos e que geram uma lide.
Neste volume, são enfrentadas algumas das principais questões inerentes ao serviço social e
da psicologia no Tribunal de Justiça de São Paulo no âmbito da infância e da juventude,
desde questões administrativas, como preenchimento de livros de registro, fichas de controle
e planilhas de movimentação até questões técnicas como a definição de vitimização da
criança e do adolescente, a avaliação social e psicológica, o acompanhamento da execução
de medidas protetivas, o tratamento da adoção e do poder familiar, dentre outras.
Tratando-se de obra coletiva, não se pode deixar de agradecer aos nobres profissionais que
se dispuseram a enviar suas colaborações para este manual, garantindo inefável contribuição
sobre a pertinência do estudo atualizado do tema: Ana Cristina Amaral Marcondes de
Moura, Andrea Svicero, Claudia Amaral Mello Suannes, Denise Helena de Freitas Alonso,
Dilza Silvestre Galha Matias, Irene Pires Antonio, Lúcia Helena Rodrigues Zanetta,
Margareth Maria Basso, Maria da Gloria Rangel Gomes, Mônica Giacomini, Nilcemary
Olímpio de Sousa, Silvia Nascimento Penha, o Desembargador Reinaldo Cintra Torres de
Carvalho e o Juiz Assessor da Corregedoria, Gabriel Pires de Campos Sormani. A qualidade
deste livro é exclusivamente a eles devida.
Em suma, esta obra vem afirmar o papel vital da psicologia e do serviço social no processo
decisório envolvendo questões da infância e da juventude, favorecendo a compreensão da
sua atividade de forma abrangente e acessível.
Por meio da leitura deste manual não restará dúvida de que a psicologia e serviço social no
âmbito do Poder Judiciário podem ir além do papel de apenas elaborar laudos técnicos,
contribuindo na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes e na construção de
metas mais seguras e realistas para garantir tais direitos.
Honrado estou em apresentar este trabalho à zelosa apreciação dos profissionais da área de
serviço social e psicologia, consciente da necessidade do aprofundamento teórico e de
pesquisa da psicologia jurídica, em razão da importância que representa hoje no meio
forense.
Segundo, porque o manual cria uma metodologia a ser seguida, muito importante para
nortear caminho para os técnicos realizarem suas missões, sem fugirem de objetivos e
resultados que serão alcançados de maneira mais lógica e efetiva.
A - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Estado foi concebido no século XVIII por um aparato que conta com os
três Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. A constituição brasileira de 1891, que
adotou o modelo republicano, evidenciou a separação dos Poderes, assegurando
autonomia e independência. (Dallari: 1996, p. 99). As demais constituições como a de 1988
mantiveram essa condição.
C - ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
A- CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Código Mello Matos foi substituído, em 1979, por outro que consagra a
Doutrina da Situação Irregular, segundo a qual os menores são objeto de direito, quando se
encontrarem em estado de patologia social definido legalmente.
1
Segundo Fávero, não há registros de como se organizou essa atuação. (Fávero, 1995, p.34)
O Tribunal de Justiça definiu que pelos atos praticados nos processos - art.
802 das NCJ -, os assistentes sociais e psicólogos responderão perante o juiz do feito.
Ficarão, porém, disciplinarmente subordinados ao juiz competente na área da Infância e da
Juventude, inclusive onde não houver Vara especializada. Ressalva feita às Varas de
Violência Doméstica da Capital e das Varas de Família (Central, Freguesia do Ó e Butantã),
que possuem equipes individualizadas e estão subordinados respectivamente ao juiz da
Família e ao juiz da Violência Doméstica.
Juiz Juiz
2
No período de 1996-1999 o Departamento Pessoal (DEPE), hoje S.P.R.H., coordenou o grupo de
chefias da capital, contando com 33 participantes. Esse grupo discutiu as funções específicas do
cargo elaborando documentos. Posteriormente o Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e
Psicologia da Corregedoria Geral da Justiça coordenou uma Comissão de Chefias da Capital, com o
propósito de discutir das funções.
BIBLIOGRAFIA
FÁVERO, Eunice T, MELÃO, Magda Jorge Ribeiro e JORGE, Maria Rachel Tolosa
(orgs.). O Serviço Social e a Psicologia no judiciário: construindo saberes, conquistando direitos.
São Paulo: Cortez, 2005.
MATIAS, Dilza Silvestre Galha Matias. Crises, Demandas e Respostas Fora de Lugar.
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social – PUC/SP - Dissertação de Mestrado, 2002.
RIZZINI, Irene. O Século Perdido: raízes históricas das políticas públicas para a
infância no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Universitária Santa Úrsula 1997.
A- CONSIDERAÇÕES INICIAIS
B- PROCESSOS DIGITAIS
http://www.tjsp.jus.br/Institucional/PrimeiraInstancia/Download/Default.aspx
C- REGISTROS EM LIVROS
Chama-se atenção para que sejam evitados erros, rasuras, omissões, borrões
ou entrelinhas. Caso seja necessário, poderá ser utilizado o termo “sem efeito”, que deverá
estar datado e autenticado com a assinatura ou rubrica de quem a lançou.
Os Livros de Carga e outros papéis que por dois anos não sofrerem nenhum
registro poderão ser inutilizados. Mas, para tanto, deve ser solicitada autorização ao Juiz
Corregedor Permanente.
N° do Processo
Nome da Criança
Nº de ordem Nº do CPA
Endereço/ Telefone(s)
Nome da Criança
Observações
Genitores
Saúde Física/Mental
Guardião (ães):
Observações:
Porém, pelo fato desse atendimento não ser concretizado em processo, não
se tem ideia da incidência da procura, do motivo, de onde residem, e se foram
encaminhados por outros serviços.
• Tipos de Processo
• Reuniões de equipe
• Reuniões externas
• Participação em eventos
• Outros
manual CNA.pdf
manual CNCA.pdf
http://esaj.tjsp.jus.br/gcnPtl/abrirDetalhesLegislacao.do?cdLegislacaoEdit=135800&flBtVol
tar=N
O profissional deve estar atento para cumprir o prazo que estiver fixado nos
autos. O prazo estipulado pelas Normas da Corregedoria encontra-se no Capítulo III, -
Seção VIII – Subseção VII - Art.° 99:
Art. 99. Nenhum processo permanecerá paralisado em cartório, além dos prazos
legais ou fixados, ou ficará sem andamento por mais de 30 (trinta) dias, no aguardo
de diligências (informações respostas a ofícios ou requisições, providências das
partes etc.).
BIBLIOGRAFIA
https://esaj.tjsp.jus.br/gcnPtl/downloadNormas
https://esaj.tjsp.jus.br/gcnPtl/downloadNormasVisualizar.do?cdSecaodownloadEdit=6&cd
ArquivodownEdit=62
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
Assim identificam-se Varas Únicas cujo juiz é o responsável pela decisão das
diferentes matérias, Cumulativa em que o magistrado responde por mais de uma matéria e
Especializada em que as varas são organizadas pelas áreas do direito.
Nas situações em que uma ou mais crianças e/ou adolescentes estejam nas
condições previstas no artigo 98 do ECA, sendo necessária a intervenção judicial para que
lhe seja assegurado direitos e medidas de proteção, o Juízo da Infância e Juventude deverá
ser notificado.
B – DOS PROCESSOS
Há que se ter claro que nesses processos estão presentes uma gama de
dificuldades em que estão implicadas relações sociais e problemas psicológicos que
aparecem de forma fragmentada, multifacetada e, por vezes, de difícil percepção.
PARTE II
A- CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
Por que e para que realizar o estudo = os objetivos a alcançar e com quais
finalidades;
Contextualização da demanda;
Projeto de vida
B- O ESTUDO PSICOLÓGICO
Nesta linha, o psicólogo pode fazer uso de testes, caso entenda que este
instrumento pode ser útil para elucidar alguma questão. É importante também atentar
para o fato de, apesar de ser prerrogativa dos psicólogos a utilização de testes, muitos
deles demandam formação e especialização específicas e, deste modo, o profissional não
A - CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
O fato de o principal agressor ser parente da criança, ser pessoa que com ela
convive diariamente, aliado ao fato de que em momentos não abusivos pode lhe dar
atenção e afeto, torna os episódios ainda mais difíceis de apurar e significar.
A denúncia que rompe “o complô do silêncio” nas famílias abusivas pode ser
comunicada a diversas instituições: Conselho Tutelar, Delegacia, Unidades Básicas de
Saúde - UBS, Hospitais, Escolas e ainda aos profissionais das instituições de acolhimento.
C 1 - AVALIAÇÃO SOCIAL
Tipos de violência
Gravidade e frequência dos maus-tratos/abuso sexual
AGRESSÃO Proximidade temporal das agressões
Presença e localização de lesões
História anterior de maus-tratos
Por vezes, pode ocorrer a necessidade de o tutor prestar contas dos gastos
que realiza com o tutelado. Isso é objeto de atenção do Ministério Público – o Promotor de
Justiça da Vara de Infância e Juventude, o que não se constitui como atribuição do
assistente social ou psicólogo judiciário.
Conforme o ECA (art.º 19), o acolhimento deverá ser reavaliado a cada seis (6)
meses, período no qual se aguarda os desdobramentos de possíveis encaminhamentos na
rede de atendimento no sentido de que a família se reestruture para reassumir o filho ou
identificar pessoa com a qual a criança ou adolescente tenha afinidade e se mostre
disponível para assumir sua guarda.
Cabe ressaltar, ainda, que o acolhimento familiar é uma política pública previsto
no ECA e na Política nacional de Assistência Social e como tal deve ser implantada e
acompanhada pelos municípios, através dos CREAS.
Cabe observar que nenhuma mudança se sustenta quando realizada apenas para
cumprir uma obrigação aparentemente sem sentido ou que lhe pareça possuir um sentido
equivocado. Assim sendo, compreende-se que os pontos destacados abaixo poderão ser
norteadores quando da confecção do PIA:
Importante não esquecer que o PIA deve ser revisto e alterado conforme a
resposta do acolhido e de sua família às propostas acordadas.
Também foi criado um sistema eletrônico que exige que os ofícios judiciais
informem mensalmente sobre as audiências concentradas se concretizaram no sistema do
CNJ.
Outros dados também poderão ser obtidos por ocasião da visita técnica a
entidade de acolhimento ou com o serviço de acolhimento familiar.
Cabe destacar que para tanto, se fará necessário que os objetivos também
estejam claramente definidos para os profissionais que atuam no programa, para que não
ocorra a expectativa de transformação do padrinho em um pai adotivo. Evita-se, assim,
que, mesmo não verbalizada, essa concepção venha a ser assimilada pelas crianças e
adolescentes.
Alguns critérios também precisam ser estabelecidos para a indicação das crianças
e dos adolescentes. Entende-se que esta deva ser uma tarefa realizada conjuntamente pela
Vara da Infância e da Juventude e serviços de acolhimento, em uma proposta de trabalho
em rede com discussão sistemática dos casos.
C.6 DESACOLHIMENTO
Nos casos em que os genitores não possuam condições para terem os filhos sob
sua responsabilidade, a criança/adolescente poderá ser assumida por um familiar (avó, tia,
irmão, conhecido) ou ainda ser colocado em adoção (Vide Itens: GUARDA, TUTELA e o Cap.
de ADOÇÃO).
Cópia de seu registro nos Conselhos (Municipal ou Estadual) dos Direitos da Criança e
do Adolescente.
Ata de constituição ou fundação da instituição, devidamente registrada.
• Particular ou pública;
• Quem a supervisiona;
• Quais registros oficiais;
• Âmbito de atuação;
• Tempo de funcionamento;
• Capacidade;
• Objetivos;
• Descrição do espaço físico;
• Adequação física (sanitária, segurança, condições de habitabilidade, etc.);
• Entidade mantenedora;
• Recursos financeiros.
2- Quadro funcional:
3- Atendimento:
4.2-Atividades complementares:
• Educacionais
• Profissionalizantes
• Esportivas
4.3-Acompanhamento psicológico
4.4-Situação de saúde
4.5 – Visitação
Como se organizam
Periodicidade das visitas dos familiares
4.6- Existência de programa de voluntariado ou outros
4 – Acompanhamento de Saúde
4.1– Carteira de Vacinação atualizada
4.2– Ficha de evolução dos acompanhamentos médicos, psicológicos e outros que
a criança estiver sendo submetida.
4.3– Caso a Criança/ Adolescente seja portadora de alguma patologia específica
(tratáveis / crônicos / mentais) a mesma deve estar especificada, juntando-se
laudo médico, psicológico ou das especialidades que recebe atendimento. Além
do diagnóstico, sempre que possível solicitar prognóstico e evolução do caso.
4.4– Outros documentos de saúde
6 – Outros Documentos
6.1– Ofício do local que determinou o acolhimento
6.2– Cópia do ofício enviado ao Fórum comunicando o acolhimento (máximo de
24 horas), caso não seja o mesmo que determinou tal medida.
Obs.: neste ofício deve constar o histórico do acolhimento, e juntada cópias dos
documentos da criança, além de relatórios / ofícios que embasam o acolhimento
além de identificação e domicílio dos genitores e / ou outras pessoas para contato.
6.3 – Cópias dos relatórios encaminhados ao fórum competente.
6.4– Ofícios recebidos do fórum e de outras entidades que atendam a criança
7 – Outras Informações
Observações: Sugere-se que os prontuários individuais sejam organizados de
forma a que a documentação pessoal da Criança/Adolescente e os dados de saúde estejam
de fácil acesso para que as providências de urgência e emergência sejam facilitadas.
BIBLIOGRAFIA
ABRAPIA. Abuso sexual mitos e realidades. Brasília: Autores & Agentes &
Associados, 2002.
ALDRIGHI, Tânia. Violência conjugal: o caminho percorrido do silencio à
revelação. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2001.
AZEVEDO, Maria Amélia; GUERRA, Viviane N. de A. Infância e Violência doméstica.
Telelacri – São Paulo: USP, 2000.
AZEVEDO, Maria Amélia. Criança vitimizadas: a síndrome do pequeno poder. São
Paulo: Cortez, 1985.
AZEVEDO, Maria Amélia; GUERRA, Viviane N. de A (orgs.) Infância e Violência
Doméstica: fronteiras do conhecimento. São Paulo, Cortez, 1993.
__________________________________ Pele de Asno não é só história : um
estudo sobre vitimização sexual de crianças e adolescentes em família. São Paulo Roca,
1988.
____________________________________A violência doméstica na infância e na
adolescência. Série Encontros com A Psicologia. São Paulo: Robe, 1995.
BERNARDI, Dayse C.F. (coord.) Cada caso é um caso: estudos de caso, projetos de
atendimento. São Paulo: Associação Fazendo História: NECA – Associação dos
Pesquisadores de Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente, 2010. (
Coleção Abrigos em Movimento)
BERTHOUD, Cristiana Mercadante E. Re- Significando a parentalidade - os desafios
de ser pais na atualidade. Taubaté (SP) : Cabral, 2003.
Atos Processuais – identificam-se como atos processuais todos aqueles que são
realizados dentro do processo pelo juíz, escrivão, partes, ministério público, perito e
testemunhas.
Causa- demanda.
A- CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A adoção é uma medida de proteção a ser considerada quando não houver condições
para a permanência das crianças e adolescentes na família natural ou extensa, e estiver demonstrado
que atenderá aos seus legítimos interesses.3
A colocação em família substitua pela adoção atribui aos filhos adotivos os mesmos
direitos e deveres dos filhos biológicos da família substituta, sendo que a legislação brasileira, ao
sublinhar esse último aspecto, compartilha das mesmas diretrizes pactuadas na Convenção sobre os
Direitos das Crianças da Organização das Nações Unidas (ONU), que reconhece crianças e adolescentes
como sujeitos de direitos, a quem a sociedade de maneira solidária deverá oferecer proteção integral.
A pessoa adotada deverá ter no máximo 18 anos incompletos na data do pedido junto à
Vara da Infância e da Juventude. A partir dessa idade a adoção tramitará nas Varas de Família e
Sucessões.
3
A adoção está contemplada na Subseção IV, artigos 39 a 52, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
No período de abril de 2015 a fevereiro de 2016, a Corregedoria Geral da Justiça regulamentou através do Provimento CG
06/2015 grupos de trabalho sobre as matérias designadas para atendimento pelos assistentes sociais e psicólogos do
Tribunal de Justiça e das equipes multidisciplinares a serviço da VIJ (Medidas Protetivas; Adolescente em Conflito com a Lei;
Família e Sucessões e Violência Doméstica).
A entrega voluntária em adoção após o parto ocorre em muitos casos nos quais a mulher
não manifestou esse desejo durante a gestação para a equipe de saúde ou da assistência social. Nesses
casos, ela irá se dirigir, em geral, diretamente à Vara da Infância e da Juventude.
A mãe será ouvida pelo juiz da Infância e da Juventude com a maior brevidade possível,
quando ele se certificará quanto ao atendimento de seus direitos.
Nesse momento se fará necessária uma avaliação clínica/psiquiátrica que ateste que ela
não está em surto psicótico puerperal ou com depressão pós-parto. Além disso, será realizada
avaliação psicológica e social pela equipe multiprofissional da Vara da Infância e da Juventude.
5
Os fluxos de atendimento previstos na Política de Atendimento à Gestante (PAGE) estão detalhados em cartilha sobre
esse assunto que pode ser solicitada ao Núcleo de Apoio Profissional do Serviço Social e da Psicologia, através do endereço
eletrônico nucleoaspsico@tjsp.jus.br.
Caso a gestante ou mãe não encontre o devido atendimento nos serviços para os quais
foi encaminhada, ela poderá levar tal situação ao conhecimento da VIJ, onde poderão ser tomadas
medidas jurisdicionais com vistas à tutela de direito coletivo e individual para que os mesmos sejam
assegurados. A assistência de um defensor ou de um advogado será garantida gratuitamente a ela.
Esse cuidado visará evitar fraturas significativas que poderão acompanha-la ao longo da
vida, na sua capacidade de construir e preservar vínculos primordiais para o próprio desenvolvimento
afetivo, cognitivo, emocional e social.
Há alguns casos em que a mãe retorna à VIJ após a adoção com o desejo de receber
informações sobre a situação do filho que foi entregue em adoção. Nessas situações existe a
possibilidade de assegurá-la dos cuidados que ele recebe da família que o adotou, e, ao mesmo tempo
preservar o devido sigilo quanto a outros dados. Além disso, será possível realizar os encaminhamentos
para os serviços que se mostrarem necessários ao seu bem-estar.
Muitos casos que culminam na destituição do poder familiar iniciam com situações
como maus tratos, negligência e abandono, que ensejam o afastamento da família de origem através
do acolhimento institucional como medida de proteção.
Assim, considerando que intervenções que trouxerem riscos à continuidade dos laços
familiares e comunitários de crianças e adolescentes exigirão atendimento absolutamente prioritário
pela Vara da Infância e da Juventude, as alterações promovidas no Estatuto da Criança e do
6
As audiências concentradas foram discutidas mais detalhadamente no capítulo anterior, dentro do tópico sobre a medida
protetiva do acolhimento.
De modo geral, na abertura da ação de DPF são utilizados os estudos realizados pela
equipe multiprofissional da Vara da Infância e Juventude e da rede de atendimento e proteção durante
o acompanhamento do acolhimento.
Não obstante, uma perícia técnica poderá ser requerida pelas partes ou pelo Ministério
Público (art. 167 ECA) e o magistrado decidirá quanto à necessidade de produção de provas.
7
Os procedimentos relacionados à pesquisa e atualização do Cadastro Nacional de Adoção estão descritos na Parte
II deste capítulo, tópico D3.
“Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma
história” (Hannah Arendt)
8
O SATEPSI pode ser acessado através do link: http://satepsi.cfp.org.br/
Dessa forma, recomenda-se que os profissionais da VIJ reflitam junto com estes sobre as
metodologias mais indicadas para a realização do trabalho de preparação psicológica e social para a
adoção e o papel que cada um desempenhará durante esse trabalho, em vista das especificidades de
cada caso concreto.
Por essa razão é muito importante que espaços coletivos para discussão dos casos sejam
incentivados, pois reuniões de equipe e interinstitucionais, por exemplo, além de possibilitarem a troca
de informações entre os profissionais envolvidos, elas também promovem o fortalecimento de todos
que entram em contato com estas angústias.
Dessa forma é possível afirmar que a atenção dada aos lutos vivenciados pelas crianças e
adolescentes durante todo o processo contribuirá em muito para melhores perspectivas de sucesso
tanto para o retorno à família de origem ou extensa, quanto para a colocação em família substituta se a
situação familiar assim se definir.
9
Um trabalho emblemático nesse sentido é desenvolvido pelo Instituto Fazendo História, que disponibiliza inclusive
materiais a respeito. (www.fazendohistoria.org.br)
Assim sendo, uma vez determinada a colocação familiar através da adoção será
altamente recomendável, do ponto de vista psicossocial, que se inicie imediatamente o trabalho com
vistas à preparação para essa medida, concomitante às pesquisas nos cadastros de pretendentes
habilitados10.
10
Na parte II desse capítulo sobre a adoção reservamos espaço para a apresentação de informações e comentários
específicos sobre os procedimentos de pesquisa e atualização dos cadastros de adoção local, estadual e internacional.
Em vista da delicadeza desse processo, a aproximação com cada história de vida exigirá
cuidado especial para a construção de contextos favoráveis para que eles entrem em contato com suas
questões e nos quais sejam respeitados quanto àquilo que conseguem metabolizar no momento.
Do ponto de vista da constituição psíquica sabemos da importância do sujeito poder se
perguntar sobre sua origem. No entanto, consideramos importante estarmos atentos às
sinalizações da criança do que ela pode ou deseja fazer com sua história, de que maneira
se relaciona com ela. Deseja falar, se calar, esquecer, fabular? Só podemos nos relacionar
de forma respeitosa e não invasiva se formos capazes de escutar a criança. (Souza e cols.,
2016, pag.18)
Cabe observar, ainda, que as crianças e adolescentes poderão ter construído laços
afetivos com os profissionais do serviço de acolhimento e da rede de atendimento, bem como com
companheiros e amigos da instituição, escola e comunidade, que serão também considerados.
Outros procedimentos que podem ser úteis são visitas no serviço de acolhimento,
observação lúdica, e outros recursos, como desenhos, fotos, jogos e narração de histórias.
Alguns dos conteúdos que poderão ser relevantes para o estudo psicossocial de crianças e
adolescentes com vistas à adoção, sem prejuízo do referencial teórico e metodológico de cada área
envolvida, são 11:
1- HISTÓRICO DA CRIANÇA/ADOLESCENTE
11
Sugestão disponibilizada no portal da adoção do Tribunal de Justiça, área reservada à CEJAI-SP:
www.portaldaadocao.tjsp.jus.br>Adoção>CEJAI>Elaboração de relatórios.
Data/Tempo de acolhimento;
Tipo de Acolhimento (instituição, familiar);
Motivo;
Afastamentos anteriores;
Intervenções da Vara da Infância e Juventude e da rede de atendimento;
Compreensão dos motivos e adaptação ao programa de acolhimento;
Expectativas de retorno à família de origem nuclear ou extensa, bem como pessoas
significativas da rede sociofamiliar;
Motivo da Destituição do Poder Familiar;
Data da Destituição do Poder Familiar.
Elaboração pela criança/adolescente da sua história de vida familiar e pessoal (luto pelas
separações vividas, compreensão dos motivos que levaram à Destituição do Poder
Familiar, modo como representam os pais biológicos, etc.);
Modo como a criança/adolescente se manifesta ante a possibilidade de ser adotado
(compreensão, sentimentos, expectativas, etc.);
Disponibilidade para estabelecer novos vínculos e relações com adultos, no contexto de
uma família diferente da família de origem, bem como de receber cuidados
individualizados ;
Disponibilidade para estabelecer novos vínculos no contexto de uma família diferente da
família de origem, também no aspecto geográfico, linguístico e cultural;
Modo como as questões relativas ao histórico e à adoção se dá individualmente e na
relação entre os irmãos;
Dinâmica do relacionamento entre os irmãos;
Modo como as pessoas significativas do seu atual entorno se manifesta ante a perspectiva
da adoção;
Histórico de fracasso na colocação em família(s) substituta(s) anterior (es) (apoio,
atendimento recebido, elaboração da experiência).
12
Para consulta ao documento completo com sugestões de conteúdos relevantes para estudo psicossocial com vistas à
adoção internacional consultar o site da CEJAI-SP, através do caminho:
www.portaldaadocao.tjsp.jus.br>Adoção>CEJAI>Elaboração de relatórios.
Quando o(s) requerente(s) residirem em outro município ou estado poderá ser pactuado
com eles o compromisso de permanência ou de deslocamento à cidade onde a criança e adolescente
reside com vistas à aproximação paulatina, junto com a orientação de que um tempo mínimo será
necessário para que estejam prontos para o desligamento da instituição e para a mudança de cidade ou
estado para início do estágio de convivência.
Além disso, também será possível que a equipe multiprofissional da VIJ realize uma
breve reavaliação da adequação desta indicação para o caso concreto, pois caso seja observada alguma
situação que traria prejuízo à adoção em pauta, será possível manifestar-se quanto ao que foi
constatado fundamentados no conhecimento do caso concreto e suas necessidades.
Uma vez confirmado durante essa primeira entrevista com os interessados que a
aproximação terá grande probabilidade de ser satisfatória para as duas partes, caberá informar no
processo os resultados da entrevista e os passos seguintes com vistas ao acompanhamento psicossocial
dos desdobramentos da aproximação paulatina que foram combinados previamente com o serviço de
acolhimento.
13
Na parte II deste capítulo há esclarecimentos específicos sobre a adoção internacional e papel dos organismos
internacionais credenciados para a adoção internacional, bem como em relação às pesquisas feitas no cadastro de pessoas
habilitadas para a adoção internacional.
14
Para a avaliação da aproximação poderão ser considerados, por exemplo, os aspectos pontuados no tópico D4 acima.
15
Maria Luísa de Assis Moura Ghirardi(Videoconferência – GT PROT – Adoção), Tribunal de Justiça – SP, em 25 de agosto
de 2015.
Dessa forma, alguns tópicos que poderão ser objeto de reflexão junto aos adotantes
durante o estágio de convivência são:
Como define e descreve o(s) adotante(s) – tonalidade afetiva com que descreve e que
lugar representa para si na família e para o casal;
Sua autoestima na relação com o núcleo familiar e família extensa;
Qualidade do relacionamento com outras crianças e/ou adolescente(s) na família e
comunidade;
Como refere e relata o seu passado e o modo como o(s) adotante(s) lidam com ele.
Assim como na avaliação de pretendentes e na preparação para a adoção, poderão se
fazer necessários, conforme a singularidade de cada caso, o uso de instrumentais técnicos como
entrevistas, visitas, observação lúdica, ou outros procedimentos que facilitem a expressão e
compreensão das questões vivenciadas como desenhos estória, desenhos de família estória, jogos,
brincadeiras, desenhos, trabalho com fotos e narração de histórias.
Ghirardi (2015) aponta alguns aspectos que poderão ser considerados no enfrentamento
de dificuldades durante o estágio de convivência, como por exemplo:
Expectativas extremadas;
Motivações predominantemente altruístas;
A devolução durante o estágio de convivência ocorre na maioria das vezes por uma
somatória de fatores ligados à história de vida, características e necessidades dos adultos, das crianças
e dos adolescentes, bem como de desdobramentos de todas as etapas da adoção descritas nesse
capítulo:
16
Maria Luisa Moura de Assis Ghirardi (Videoconferência – GT PROT – Adoção), “Considerações a respeito dos resultados do
grupo de trabalho” - Escola Judicial dos Servidores/TJ-SP, em 24.02.2016.
Buscar garantir que no serviço de acolhimento e também na VIJ as crianças e/ou adolescentes
sejam contemplados em sua necessidade de compreender o que passou e está se passando;
Oferecer escuta qualificada com vistas a favorecer que a criança ou adolescente expresse e
nomeie os sentimentos ligados a essa experiência, a fim de favorecer a elaboração psíquica das
separações que a devolução implicou;
Realizar os encaminhamentos dentro da rede de atendimento que podem auxiliar crianças e
adolescentes na elaboração do ocorrido;
Escutar de modo qualificado os adultos no intuito de compreender as circunstâncias e as
motivações subjetivas presentes no ato da devolução;
Realizar os encaminhamentos necessários aos adultos, dentro da rede de atendimento;
Reavaliar e manifestar-se, do ponto de vista psicossocial, quanto à pertinência da continuidade
ou não continuidade dos adultos no cadastro de pretendentes à adoção.
17
Os dois materiais podem ser acessados e impressos em forma de folheto na área reservada ao Núcleo de Apoio
Profissional do Serviço Social e da Psicologia, do portal do Tribunal de Justiça através do seguinte caminho:
www.tjsp.jus.br> Coordenadoria da Infância e da Juventude > Núcleo de Apoio > Cadernos de Orientações sobre os
cadastros.
A adoção é um modo de filiação que requer cuidados especiais, e, por essa razão, caberá a
todos os profissionais nela envolvidos, zelar para que sejam evitados novos rompimentos afetivos na
vida das crianças e adolescentes. Nesse sentido é possível afirmar que o seu sucesso ou insucesso não
poderá ser deixado apenas a cargo de pais e filhos 18.
A necessidade da preparação para a adoção foi legitimada juridicamente com a
obrigatoriedade de que os interessados em adotar participem de encontros para orientação
psicossocial e jurídica, orientada pela equipe multiprofissional a serviço da Vara da Infância e da
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política
19
municipal de garantia do direito à convivência familiar (Artigo 50, parágrafo 3º) .
Do ponto de vista psicossocial caberá, portanto, à equipe multiprofissional organizar, com
apoio do magistrado e da administração do fórum, contextos nos quais os interessados possam
informar-se sobre a realidade do cadastro de adoção.
Nos grupos de trabalho coordenados pelo Núcleo de Apoio Profissional do Serviço Social e
da Psicologia no período de 2013 a 2015 foi constatado que os grupos de apoio à adoção tem sido um
importante parceiro no apoio à organização dos encontros preparatórios. Além deles, também foram
mencionados:
Educadores e outros profissionais das instituições de acolhimento;
Médicos;
Pais que adotaram;
18
Cynthia Peiter (Videoconferência – GT PROT – Adoção), “Avaliação e Preparação dos Pretendentes à Adoção”, TJ-SP,
25.06.2015.
19
No ano de 2010, em vista das alterações legislativas que tornaram obrigatórios os encontros preparatórios para a
adoção, foi elaborado pelo Núcleo de Apoio Profissional do Serviço Social e da Psicologia, conjuntamente com a CEJAI-SP,
uma sugestão de conteúdos para os mesmos. Ela pode ser acessada na área reservada ao Núcleo de Apoio, dentro do site
da Coordenadoria da Infância e da Juventude, da INTRANET.
20
O Tribunal de Justiça apoiou a produção de vídeos sobre os temas da adoção, acolhimento institucional e diferentes
adoções, que têm sido utilizados integralmente ou em partes nos encontros preparatórios obrigatórios, por algumas
comarcas. Eles podem ser acessados e baixados no Portal Adotar, através do seguinte caminho: www.adotar.tjsp.jus.br >
Adoção > Vídeos.
Poderão ser feitas apenas após os postulantes à habilitação para adoção haverem
frequentado os cursos preparatórios obrigatórios, garantindo-se que tenham recebido
todos os esclarecimentos iniciais do ponto de vista jurídico, psicológico e social;
Elas devem ser realizadas de forma a não expor a situação familiar e história das
crianças e adolescentes acolhidos;
As visitas não poderão ser realizadas por um único pretendente ou casal, devendo
acontecer sempre em pequenos grupos, conforme a disponibilidade de horários e espaço
do serviço de acolhimento.
A capacidade dos pais de ajudar seu filho na superação de seus lutos está
diretamente ligada à possibilidade narrativa da própria condição de pais adotivos.
[...] Assim, a elaboração de narrativas que integrem passado e presente trazem
significados àquilo que foi vivido por pais e filhos, mas, acima de tudo, permitem
uma vinculação afetiva na nova rede familiar”(Peiter, 2011, p.120)
21
A Associação dos Grupos de Apoio à Adoção do Estado de São Paulo (AGAAESP) poderá oferecer informações a
respeito dos grupos existentes através do endereço eletrônico mnatale@ig.com.br – com Monica Natale.
22
Para acessar a planilha de pretendentes do Cadastro Centralizado Estadual acessar:
www.portaldaadocao.tjsp.jus.br>Adoção>CEJAI>Modelos de Planilhas e Comunicados.
Alguns aspectos que poderão ser considerados pelos assistentes sociais e psicólogos da
VIJ, a partir do referencial teórico e metodológico de cada área de formação são:
23
Baseada em sugestão disponibilizada no portal da adoção do Tribunal de Justiça, área reservada à CEJAI-SP. Para consultar
modelo/sugestão para elaboração de dossiê completo, acessar: www.portaldaadocao.tjsp.jus.br>Adoção>CEJAI>Elaboração
de relatórios.
2. MOTIVAÇÃO:
Esterilidade/infertilidade (elaboração);
Filhos biológicos e/ou adotivos falecidos (elaboração do luto);
Resolução de conflitos conjugais ;
Amparo na velhice ;
Motivação religiosa;
Filantropia, motivos altruístas;
Vivência de experiência de adoção pelos próprios adotantes, parentes ou amigos ;
Qualidade da reflexão e amadurecimento do projeto adotivo;
Verificação quanto a se o projeto adotivo é compartilhado pelos dois membros do
casal ;
Motivação para uma nova adoção.
Ela
Esse documento legal também postula no artigo 51 que a adoção internacional será
deferida a pessoa ou casal residente fora do Brasil quando restar comprovado o esgotamento das
possibilidades de adoção por família residente no Brasil e a adequação da medida para o caso concreto.
Assim, como foi discutido no tópico D da primeira parte deste capítulo é recomendável
que se busque aprofundar as informações e avaliações sobre a criança/adolescente e que se comece
imediatamente o trabalho com vistas à preparação da criança/adolescente e/ou grupo de irmãos para
esta medida, junto com os profissionais do serviço de acolhimento e concomitante às pesquisas nos
cadastros de pretendentes habilitados.
Outro aspecto importante a ser destacado é o de que os cadastros de adoção são bancos
de dados acessados por milhares de profissionais do sistema de justiça, no estado de São Paulo em
todo o país, e precisam estar atualizados para que possam ser um instrumento eficaz na busca de
pessoas e famílias para a colocação em família substituta.
Dessa forma, todos que dele dependem para a efetivação dessa medida protetiva
possuem sua parcela de responsabilidade, e precisam cuidar para que todas as mudanças de situação
de pretendentes, crianças, adolescentes e do andamento da adoção sejam lançados nesses bancos de
dados com a maior brevidade possível.
Sempre que a colocação em família substituta por meio da adoção implicar na circulação
da criança e do adolescente entre países diferentes , ela será considerada uma adoção internacional.
Em São Paulo essa autoridade foi conferida à Comissão Estadual Judiciária de Adoção
Internacional do Estado de São Paulo (CEJAI-SP), que é presidida pelo Corregedor Geral da Justiça e
composta por cinco desembargadores e um juiz secretário que é necessariamente juiz na Vara da
Infância e da Juventude24.
Entre suas competências está a análise dos pedidos de habilitação para a adoção
internacional e seu cadastramento no Cadastro Centralizado Estadual e Cadastro Nacional de Adoção,
bem como a orientação e fiscalização de todas as adoções internacionais realizadas no estado, zelando
para que os princípios e normas da Convenção de Haia e da legislação brasileira sejam respeitados.
24
Outras informações sobre a CEJAI-SP poderão ser acessadas no site do Tribunal de Justiça, através do caminho:
www.tjsp.jus.br>institucional>Corregedoria>Adoção Internacional.
25
Outras informações sobre a Autoridade Central Administrativa Federal poderão ser acessadas no site da Secretaria Especial
de Direitos Humanos: www.sdh.gov.br
26
Decreto nº 1374, de 16 de setembro de 1999, Brasília.
Assim, o foco do trabalho psicossocial estará também em buscar família substituta por
adoção que atenda as necessidades da criança/adolescente e/ ou do grupo de irmãos em questão.
Muitas comarcas fazem a consulta direta aos cadastros das comarcas vizinhas, quando
não tem sucesso na busca de famílias substitutas no cadastro da própria vara, mediante autorização do
magistrado.
Esse procedimento poderá ser sugerido quando constatado que na situação em pauta a
proximidade entre a comarcas/VIJ’s da mesma circunscrição poderá facilitar significativamente a
discussão do caso com os profissionais que realizaram a avaliação dos pretendentes, o
acompanhamento psicossocial da aproximação e demais encaminhamentos que possam ser
necessários até o desacolhimento e início do Estágio de Convivência no outro município.
Seu programa informatizado não é alimentado pela internet (via WEB) como o Cadastro
Nacional de Adoção (CNA) e esses dois bancos de dados pedem informações diferentes sobre
pretendentes, crianças e adolescentes.
Por esses motivos, para a realização de pesquisa no Cadastro Centralizado Estadual será
necessário o pedido de pesquisa com o envio da planilha disponibilizada no site da CEJAI, diretamente
àquela comissão27, que enviará resposta à VIJ com a listagem de pretendentes localizados.
27
O acesso às planilhas do Cadastro Centralizado Estadual se dá através do seguinte caminho:
www.portaldaadocao.tjsp.jus.br>Adoção>CEJAI>Modelos de Planilhas e Comunicados.
Esse contato entre profissionais das equipes técnicas de diferentes locais talvez
possibilite encontrar formas de viabilizar que o núcleo familiar em formação não fique muito tempo
sem o necessário acompanhamento psicossocial, após a colocação familiar e mudança da criança ou
adolescente para outra cidade ou estado com vistas ao estágio de convivência.
Quando o pretendente listado no resultado da pesquisa residir em outro município ou
estado também será possível que o juiz do local onde se encontra a criança ou adolescente em
condição de ser adotado solicite cópia integral do estudo psicossocial e outras informações á vara que o
habilitou, antes de autorizar o processo de adoção (Art. 848 NSCG).
O CNA, de modo diverso do Cadastro Estadual também possui ferramenta de pesquisa
de crianças e adolescentes para os pretendentes.
Quando as buscas nos cadastros local, estadual e nacional de adoção forem infrutíferas
poderá ser considerada a possibilidade de colocação em família substituta residente em outro país
através da adoção internacional, e nesses casos se fará necessária uma reavaliação específica quanto à
adequação desta medida para a criança e adolescente em questão, conforme discutido no tópico D3
da Parte I deste capítulo.
Uma vez constatada a adequação da adoção internacional, a busca no cadastro de
pretendentes habilitados para a adoção internacional será realizada após autorização do magistrado,
junto à CEJAI-SP, que é autoridade estadual responsável por garantir o respeito aos procedimentos da
Convenção de Haia Relativa à Proteção das Crianças e Adolescentes e à Cooperação em Matéria de
Adoção Internacional.
A pesquisa pode ser feita com o envio da planilha específica com informações sobre a
criança/adolescente àquela comissão28, que responderá à equipe com o envio dos resultados obtidos.
28
Essa planilha e outras informações sobre o funcionamento da CEJAI estão disponíveis no site da CEJAI, acessível através
do Portal Adotar - www.adotar.tjsp.jus.br, clicando-se em Adoção Internacional>Modelos de Planilhas e Comunicados. O
seu encaminhamento à CEJAI poderá será realizado através do e-mail: cejaisp@tjsp.jus.br
29
Conforme Recomendação da 81ª reunião da CEJAI, realizada em 19 de dezembro de 2005.
30
Vide estatísticas publicadas mensalmente pela CEJAI-SP quanto às adoções internacionais realizadas no estado de São
Paulo e o perfil das crianças /adolescentes adotados.
Nos casos em que não houver sucesso nas pesquisas em todos os cadastros de adoção e
em que também for constatada a impossibilidade de retorno à família de origem ou extensa,
provavelmente terá se configurado um acolhimento de longa duração, como discutido no capítulo
sobre o acolhimento.
Nesse momento poderá ser interessante que os assistentes sociais e psicólogos da VIJ
busquem promover junto com os profissionais do serviço de acolhimento e demais atores da rede de
proteção e garantia de direitos, a ampliação e aprofundamento dos laços comunitários destas crianças
e adolescentes, por exemplo, com sua inclusão em programa de apadrinhamento afetivo, além de
outras iniciativas com vistas ao desenvolvimento de maior autonomia pessoal e profissional.
31
O Caderno dos Grupos de Estudos do SRH, do ano de 2014, pagina 63 a 88, apresenta um estudo feito por assistentes
sociais e psicólogos de diferentes varas da infância e juventude do estado de São Paulo quanto a essa questão. Ele está
disponível no Portal do Servidor.
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