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28/07/2017 As cruzadas vistas pelos árabes: Quem eram os bárbaros?

- A Nova Democracia

As cruzadas vistas pelos árabes: Quem eram os


bárbaros?
 ROSANA BOND
 ANO II, Nº 16, JANEIRO DE 2004 (/NO-16)

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Nestes tempos em que o imperialismo


acusa a tudo e a todos de terrorismo, em
que tenta vincular, de modo torcido e
generalizador, o povo árabe com a imagem
do terrorista, do bárbaro1 , do fanático,do
tube.com/channel/UC7G7saR0vFSMh-
impiedoso, nada mais interessante do que
ler As cruzadas vistas pelos árabes , do
professor Amin Maalouf. Editada na França
em 1983, onde ficou várias semanas entre
om/jornaland)
os mais vendidos. A obra foi publicada no
Brasil em 1988 e não teve grande
(/?
repercussão.

Apresentamos a seguir o capítulo 3 do livro, Os canibais de Maara, resumido e


adaptado por Rosana Bond.

Só para relembrar: as chamadas Cruzadas, num total de oito, foram convocadas


pelos papas a partir do século XI "para servir a Deus" contra os "infiéis
muçulmanos". Realizadas entre 1095 e 1291, sob o símbolo de uma cruz branca,
tiveram também um objetivo bem menos "santo ": o lucro, pilhagem das cidades,
o saque, a tomada de pontos comerciais estratégicos (como o porto de Zara, no
Adriático), a imposição dos grandes negócios de venezianos e genoveses. Tudo
isso canalizou riquezas para os cofres papais e das classes dominantes da Europa.

A derrota dos cruzados ocorreu a partir de 1244, quando perderam


definitivamente Jerusalém e em 1291 quando os árabes retomaram Acre, pondo
fim a dois séculos de selvageria econômico-religiosa ocidental em terra alheia.

Os canibais de Maara

Eu não sei se o domicílio onde nasci se trata de um pasto de bestas


selvagens ou de minha casa!

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Esse grito de aflição de um poeta de Maara não é um simples recurso retórico. Temos
infelizmente que tomar suas palavras ao pé da letra e perguntar-nos com ele: o que
aconteceu de tão monstruoso na cidade síria de Maara no final do ano 1098?

Até a chegada dos franj (os árabes chamavam os cruzados de franj, provavelmente um

termo vindo de franc — francos, franceses), os habitantes viviam pacificamente ao abrigo
de sua muralha. Os vinhedos, os campos de oliveiras e pés de figos forneciam-lhes uma
modesta prosperidade. O orgulho de Maara era ser berço de uma das maiores figuras da
literatura árabe, Abul-Ala al Maari, morto em 1057. Esse poeta cego, livre-pensador,
ousara atacar os costumes da época. Era preciso audácia para escrever:

Os habitantes da terra dividem-se em dois grupos,


Os que têm um cérebro, mas não possuem religião,
E aqueles que têm religião, mas não têm cérebro.

Quarenta anos após sua morte, um fanatismo vindo de longe viria, aparentemente, dar
razão ao poeta de Maara. Nos primeiros meses de 1098, os habitantes da cidade
acompanharam com preocupação a batalha de Antioquia, a três dias dali. Após a vitória
dos franj, estes vieram saquear alguns vilarejos vizinhos e Maara fora poupada. Mas
algumas famílias preferiram fugir para lugares mais seguros.

Seus temores foram justificados quando, no final de novembro, milhares de guerreiros


francos cercaram a cidade. A maioria dos habitantes não teve escapatória. Maara não
possuía exército, tinha apenas uma milícia urbana à qual se juntaram centenas de jovens
sem experiência militar. Por duas semanas resistiram corajosamente aos temíveis
cavaleiros, chegando a jogar sobre eles colméias cheias de abelhas.

Até que chega a noite de 11 de dezembro. Os franj ainda não ousaram penetrar na cidade.
Os notáveis de Maara entram em contato com Bohémond e o chefe franco promete
garantias se cessarem o combate. Agarram-se à palavra dada. Na alvorada, chegam os
franj. É uma carnificina. Durante três dias matam mais de 100 mil pessoas pela espada e
fazem muitos prisioneiros.

Adultos fervidos, crianças assadas


Os números do cronista Ibn al-Athir são fantasiosos, pois a população de Maara era
provavelmente inferior a 10 mil habitantes. Mas o horror está menos presente no número
de vítimas do que no destino inimaginável que lhes foi reservado. "Em Maara os nossos
faziam ferver os pagãos adultos em caldeiras, fincavam as crianças em espetos e as
devoravam grelhadas", confessou o cronista franco Raoul de Caen. Até o fim de suas vidas
os árabes das redondezas se lembrarão do que viram e ouviram. A lembrança dessas
atrocidades fixará nos espíritos uma imagem dos franj difícil de ser apagada.

Jamais os turcos esquecerão o canibalismo dos ocidentais. Em toda a sua literatura épica,
os franj serão invariavelmente descritos como antropófagos.

Será injusta essa visão? Terão os invasores devorado os habitantes de Maara com o único
objetivo de sobreviver? Seus chefes dirão ao papa: "Uma fome terrível assolou o exército
de Maara e o colocou na cruel necessidade de se alimentar dos cadáveres dos sarracenos."
Mas essa explicação parece um pouco fácil. Pois os habitantes da região assistem, naquele

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inverno, a comportamentos que a fome não pode explicar. Vêem bandos de franj
fanatizados, os tafurs, clamando alto que querem devorar a carne dos sarracenos e que se
reúnem à noite, ao redor do fogo, para devorar suas presas.

Canibais por necessidade? Os testemunhos são acusadores. Uma frase do cronista Albert
de Aix, que esteve na batalha de Maara, permanece inigualável em horror: "Aos nossos
não repugnava comer não só a carne dos turcos e dos sarracenos mortos como também a
carne dos cães!"

A sabedoria dos camponeses


O suplício da cidade só terá fim em janeiro de 1099 quando os franj armados de tochas
põem fogo em cada casa. Os episódios de Maara vão contribuir para cavar entre os árabes
e os franj um fosso que vários séculos não serão suficientes para preencher.

Porém, quando os francos retomam sua caminhada ao sul, os emires sírios se apressam
em enviar presentes para assegurar-lhes sua boa vontade. Ninguém ignora mais o
itinerário dos franj. Não bradam eles que seu objetivo final é Jerusalém, onde querem
tomar posse do túmulo de Jesus? Todos que estão nessa rota tentam precaver-se contra o
flagelo que representam.

Muitos se escondem nos bosques, outros na fortaleza mais próxima. Foi esta última
solução a escolhida pelos camponeses da planície de Bukaya, quando em janeiro de 1099
são avisados da aproximação dos francos. Reunindo gado, óleo e trigo sobem para Hosnel-
Akrad. Mesmo estando há muito abandonada, a fortaleza tem difícil acesso e muralhas
sólidas.

Os franj vêm sitiá-los. A 28 de janeiro seus guerreiros começam a escalar os muros da


fortaleza. Sentindo-se perdidos, os camponeses imaginam um estratagema. Abrem
subitamente os portões e deixam escapar uma parte de seu rebanho. Esquecendo o
combate, os franj se lançam sobre os animais. A desordem é tanta que os sitiados,
encorajados, efetuam uma saída e atingem a tenda de Saint-Gilles, onde o chefe franco,
abandonado por seus guardas, escapa à captura por um fio.

Os camponeses ficam entusiasmados, mas sabem que os sitiantes voltarão. Dia seguinte,
quando Saint-Gilles lança-se ao assalto, os camponeses não aparecem. Os atacantes
perguntam-se que novo ardil terão inventado. Foi o mais sábio de todos: aproveitaram-se
da noite para sair sem ruído e desaparecer ao longe.

Biblioteca de 100 mil livros


A cidadela torna-se por alguns dias o quartel-general dos franj. E nela assiste-se a um
espetáculo desconcertante. Das cidades vizinhas chegam delegações com mulas
carregadas de ouro, tecidos, provisões. A fragmentação política da Síria é enorme.

De todas as delegações que desfilam nas imensas salas de Hosnel-Akrad, a mais generosa
é a de Trípoli. Na época em que os franj surgiram, Trípoli vivia um tempo de paz e
prosperidade. A imensa "casa da cultura", que encerra uma biblioteca de 100 mil volumes,
uma das mais importantes daquele tempo, é o orgulho dos cidadãos. A cidade é cercada
por campos de oliveiras, alfarrobeiras, cana-de-açúcar e frutas de toda espécie. Seu porto
é movimentado.

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É essa opulência que vai valer à cidade seus primeiros dissabores com os franj. Na
mensagem que manda a Saint-Gilles, o cádi de Trípoli convida-o para negociar uma
aliança. Um erro imperdoável. Ao chegarem, os emissários francos ficam tão maravilhados
que só pensam em tudo que poderiam pilhar ali. A 14 de fevereiro, o cádi, aterrorizado,
fica sabendo que os franj sitiaram Arqa, a segunda cidade do principado de Trípoli.

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A força do povo de Arqa


Na capital, acumulam-se reservas na espera de um longo sítio. Fevereiro passa, depois
março e abril. As notícias são reconfortantes: os franj ainda não tomaram Arqa, cujos
defensores estão tão espantados quanto os atacantes. O que faz a força de Arqa é que
seus habitantes estão convencidos, desde o primeiro instante, que se uma única brecha for
aberta eles serão massacrados. Dia e noite velam, impedindo a menor infiltração. Os
invasores acabam se cansando. A 13 de maio de 1099 se afastam, frustrados. A
tenacidade dos moradores foi recompensada. Arqa está exultante.

Os francos retomam sua marcha ao sul. Passam defronte de Trípoli com uma lentidão
inquietante... mas não param. Seguem em frente e alcançam Nahr el-Kalb, o "Rio do
Cachorro". Ao transpor o rio, colocam-se em estado de guerra com o califado do Egito.

Anos antes, porém, o homem forte do Egito, o corpulento Al-Afdal Chahinchah — um


escravo de 35 anos que dirigia sozinho a nação egípcia de 7 milhões de habitantes — ficara
satisfeito com a chegada dos cavaleiros francos na cristã Constantinopla.

Alguns dizem que quando os senhores do Egito viram a expansão do


império seldjúcida, foram tomados de medo e pediram aos franj que
marchassem sobre a Síria e formassem uma barreira entre eles e os
muçulmanos. Só Deus sabe a verdade.

Essa explicação de Ibn al-Athir sobre a origem da invasão franca diz muito da divisão que
reinava no seio do mundo islâmico entre os sunitas, vinculados ao califado abássida de
Bagdá e os xiitas, ligados ao califado fatímida do Cairo.

Na chegada dos ocidentais, em 1097, Al-Afdal tentara até um acordo de partilha: para
aqueles, a Síria do Norte; para ele, a Síria do Sul, isto é, a Palestina. Os francos
mostraram-se amigáveis com os diplomatas egípcios, chegando até a oferecer-lhe o
espetáculo das cabeças cortadas de 300 turcos. Mas, curiosamente, recusaram-se a
concluir qualquer acordo.

Como loucos
Em julho de 1098, ao chegar a notícia da queda de Antioquia, o homem forte do Cairo
decide agir imediatamente, sitiando Jerusalém. Por vários meses, os acontecimentos
parecem dar razão a Al-Afdal, pois tudo se passa como se os franj, ao se deparar com o
fato consumado, tivessem renunciado a Jerusalém. Mas quando em janeiro de 1099 os
francos retomam sua marcha ao sul, ele fica preocupado.

Faz chegar novas propostas aos franj. A resposta: "Nós iremos a Jerusalém todos juntos,
em ordem de combate, lanças erguidas!" É uma declaração de guerra. Em maio, os

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invasores atravessam sem hesitar o "Rio do Cachorro", o limite norte do território egípcio.

Na manhã de 7 de junho os habitantes de Jerusalém já podem vê-los aparecer ao longe. O


comandante Iftikhar ad-Dawla, "Orgulho do Estado", comandante da guarnição egípcia,
observa com serenidade do alto da torre de Davi. Há meses tomou todas as providências
para um longo sítio.

Mas o comportamento dos franj é desconcertante. Iftikhar esperava vê-los construir, tão
logo chegassem, torres móveis e instrumentos de sítios, cavar trincheiras. Ora, longe
desses preparativos, eles começam organizando uma procissão em volta dos muros,
conduzida por sacerdotes que oram e cantam, antes de lançarem-se como loucos ao
assalto das muralhas, sem dispor de escada alguma.

Uma semana de massacre


As procissões cantantes dos franj irritam Iftikhar, mas não o preocupam. Somente após a
segunda semana é que ele sente nascer a preocupação quando o inimigo inicia a feitura de
duas imensas torres de madeira.

"Uma das torres móveis construídas pelos franj", contará Ibn al-Athir, "estava do lado de
Sião, ao sul, e a outra ao norte. Os muçulmanos conseguiram queimar a primeira,
matando todos aqueles que se encontravam nela. Porém, mal tinham acabado de destruí-
la, um mensageiro chegou, pedindo ajuda, pois a cidade estava sendo invadida pelo outro
lado. De fato, ela foi tomada pelo norte, numa sexta-feira de manhã, sete dias antes do
final do tempo de chaaban do ano 492 (julho de 1099)."

Segundo al-Athir,"a população da Cidade Santa foi morta pela espada e os franj
massacraram os muçulmanos durante uma semana. Na mesquita al-Aqsa, eles mataram
mais de 70 mil pessoas." Ibn al-Qalanissi, que evita manipular números que se podem
verificar, disse apenas que muitas pessoas foram mortas e que os francos destruíram até
os monumentos dos santos (!). Entre as construções saqueadas estava a mesquita de
Omar, feita em memória do segundo sucessor de Maomé, Omar Ibn al-Khattab, que
tomara Jerusalém dos cristãos em fevereiro de 638. Os árabes não deixaram de evocar
este acontecimento para ressaltar a diferença entre seu comportamento e o dos franj.

Lembravam que Omar assegurou a vida e os bens de todos os habitantes da cidade. E que
quando ele e o patriarca grego (chefe cristão de Jerusalém, recém deposto) estavam
visitando o Santo Sepulcro, Omar perguntou onde poderia estender seu tapete para orar,
pois chegara a hora da reza a Alá. O patriarca disse-lhe para orar ali mesmo, mas o árabe
não quis. "Se eu fizer isso, amanhã os muçulmanos vão querer apropriar-se deste local
dizendo: "Omar orou aqui..." E, levando o seu tapete, foi ajoelhar-se em outro local.
Pensou corretamente, pois foi naquele exato local que se construiu a mesquita que traz
seu nome.

Os chefes francos não tiveram essa magnanimidade. Festejaram seu triunfo com uma
matança indescritível, depois saquearam selvagemente a cidade que pretendiam venerar.

Cristãos torturam cristãos


Seus correligionários (os cristãos do Oriente) não foram poupados: uma das primeiras
medidas dos franj foi expulsar da igreja do Santo Sepulcro todos os sacerdotes cristãos
gregos, georgianos, etc., que oficiavam juntos, segundo uma tradição que todos os
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conquistadores haviam respeitado até então.

Pasmos, os dignitários das comunidades cristãs orientais decidiram resistir. Recusaram-se


a revelar aos invasores o local onde estava escondida a cruz verdadeira onde Cristo
morreu. Para aqueles homens, a devoção religiosa era acrescida de orgulho patriótico. Não
eram eles, afinal, os concidadãos do Nazareno?

Mas os invasores não se deixam impressionar. Submetendo os sacerdotes à tortura,


conseguiram tirar dos cristãos da Cidade Santa, pela força, a mais preciosa de suas
relíquias.

1 Bárbaro - Desumano, cruel, sanguinário. Qualidade que os antigos impérios atribuíam


aos povos que desejavam dominar ou que já dominavam, assim como o conceito de
selvagem. Do ponto de vista científico, Lewis Henry Morgan foi o primeiro a adotar uma
classificação de estágios na pré-história da cultura.
A barbárie está situada entre a selvageria e a civilização, período em que se aprende a
incrementar a produção na natureza por meio do trabalho humano. A barbárie, com três
etapas conhecidas, até agora, inicia-se com a introdução da cerâmica. Na fase média, cujo
desenvolvimento reconhece certo desequilíbrio entre o continente oriental (África, Europa,
Ásia) e o ocidental (América), passa pela domesticação e criação de animais indo à
formação de rebanhos, ao cultivo de plantas etc., e chega à fase superior com a fundição
de minério de ferro. É o momento da tração a animal, e o cultivo de plantas evolui para a
forma de agricultura, transformação de bosques em pastagens, da criação de um variado
arsenal de instrumentos de ferro, de carretas, carros de guerra, barcos com pranchas e
vigas, das cidades com muralhas, entre outros patrimônios que os povos bárbaros legaram
a (ainda) essa primeira fase da civilização.
A classificação de Morgan, todavia, não pretende substituir o conceito de formação
econômico social, mas demonstrar o gen da sociedade primitiva. Frederich Engels, em A
origem da família, da propriedade privada e do Estado, adota os critérios
fundamentais de Morgan sem, contudo, negar os princípios que ele e Marx construíram,
qual seja, o de que o fator principal, determinante do desenvolvimento da sociedade, é o
modo de produção dos bens materiais de existência, base que corresponde aos regimes
sociais e ao caráter de cada um deles: comunismo primitivo, feudalismo, capitalismo,
socialismo. (Nota da Redação)

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