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COLÉGIO PEDRO II - Unidade Escolar Tijuca II

Departamento de Sociologia 1ª série do Ensino Médio


Coordenador: Leandro Longo
Professor: Walace Ferreira
Aluno (a): ____________________________ Nº______ Turma:_______

Perspectivas sociológicas: a relação indivíduo e sociedade


(Texto de apoio: Unidade I – capítulo 3)

1
Karl Marx e o materialismo histórico beber, comer, ter um teto onde se
abrigar, vestir-se, etc. O primeiro
Para Marx, a análise da vida social fato histórico é, pois, a produção
deve ser feita através de uma perspectiva que, dos meios que permitem
além de procurar estabelecer as leis de satisfazer essas necessidades, a
mudança que regem os fenômenos, parta do produção da própria vida material;
estudo dos fatos concretos, a fim de expor o trata-se de um fato histórico; de
movimento do real em seu conjunto. Enquanto uma condição fundamental de
para Hegel a história da humanidade nada toda a história, que é necessário,
mais é do que a história do Espírito, para Marx tanto hoje como há milhares de
o ponto de partida: anos, executar, dia a dia, hora a
“são os indivíduos reais, a sua hora, a fim de manter os homens
ação e as suas condições vivos3”.
materiais de existência, quer se
trate daquelas que encontrou já A premissa da análise marxista da
elaboradas quando do seu sociedade é, portanto, a existência de seres
aparecimento, quer das que ele humanos que, por meio da interação com a
próprio criou. (...) A primeira natureza e com outros indivíduos, buscam
condição de toda história humana suprir suas carências e, nessa atividade,
é, evidentemente, a existência de recriam a si próprios e reproduzem sua
seres humanos vivos1”. espécie num processo que é continuamente
transformado pela ação de sucessivas
O método de abordagem da vida gerações.
social elaborado por Marx foi chamado de O processo de produção e reprodução
materialismo histórico. De acordo com tal da vida através do trabalho é, para Marx, a
concepção, as relações materiais que os principal atividade humana, aquela que
homens estabelecem, o modo como produzem constitui sua história social; é o fundamento do
seus meios de vida, formam a base de todas materialismo histórico, enquanto método de
as suas relações. Mas esse modo de análise da vida econômica, social, política,
produção não corresponde à: intelectual.
“mera reprodução da existência
física dos indivíduos. Pelo Classes e estrutura social
contrário, já constitui um modo
determinado de atividade de tais Sendo a produção “a atividade vital
indivíduos, uma forma do trabalhador, a manifestação de sua própria
determinada de manifestar a sua vida”, é através dela que o homem se
vida, um modo de vida humaniza. No processo de produção, os
determinado. A forma como os homens estabelecem entre si determinadas
indivíduos manifestam sua vida relações sociais, por meio das quais eles
reflete muito exatamente aquilo extraem da natureza o que necessitam.
que são. O que são coincide, Partindo deste princípio, Marx reflete sobre o
portanto, com a sua produção, significado – para o indivíduo e a sociedade –
isto é, tanto com aquilo que da apropriação por não-produtores (pessoas,
produzem como com a forma empresas ou o Estado) de uma parcela do que
como produzem. Aquilo que os é produzido socialmente.
indivíduos são depende, portanto, O aparecimento das classes sociais
das condições materiais de sua vincula-se a circunstâncias históricas bem
produção2”. específicas, quais sejam, aquelas em que a
criação de um excedente possibilita a
Natureza e necessidades: a história apropriação privada das condições de
produção. Dessa forma, o materialismo
“Um primeiro pressuposto de toda histórico descarta a interpretação que atribui
existência humana e, portanto, de um caráter natural, inexorável, a esse tipo
toda história, a saber, é que os particular de desigualdade. As classes são
homens devem estar em uma decorrência de determinadas relações
condições de poder viver a fim de sociais de produção.
‘fazer’ a história. Mas, para viver, A configuração básica de classes
é necessário, antes de mais nada, expressa-se, de maneira simplificada, em um
modelo dicotômico: de um lado, os
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MARX, ENGELS. A Ideologia Alemã.
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MARX, ENGELS. A Ideologia Alemã. MARX, ENGELS. A Ideologia Alemã.

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proprietários ou possuidores dos meios de todo o comportamento instituído pela
produção, de outro, os que não os possuem. coletividade”. São os chamados fatos sociais
Historicamente, essa polaridade apresenta-se que constituiriam o objeto próprio dessa esfera
de diferentes maneiras conforme as relações do conhecimento que então aspirava tornar-se
sociais, econômicas, jurídicas e políticas de uma ciência autônoma. Os fenômenos que
cada formação social. Daí os escravos e Durkheim denomina fatos sociais
patrícios, servos e senhores feudais, compreendem “toda maneira de ser fixa ou
trabalhadores livres e capitalistas. não, suscetível de exercer sobre o indivíduo
Embora tal esquema dicotômico revele uma coerção exterior; ou então, ainda que é
insuficiências analíticas, como o fato de não geral na extensão de uma sociedade dada,
contemplar as chamadas “classes médias”, apresentando uma existência própria
sua importância reside no fato de que permite independente das manifestações
identificar a configuração básica das classes individuais que possa ter5”.
de cada modo de produção, aquelas que São também aquelas “maneiras de
responderão pela dinâmica fundamental das agir, pensar e sentir exteriores ao individuo,
relações de uma dada sociedade, definindo dotadas de um poder de coerção em virtude
inclusive as relações entre as demais classes. do qual se lhe impõem” ou “maneiras de fazer
A crítica feita por Marx à propriedade ou de pensar, reconhecíveis pela
privada dos meios de produção da vida particularidade de serem suscetíveis de
humana dirige-se, portanto, aos seus exercer influência coercitiva sobre as
resultados: a exploração de uma classe de consciências particulares6”.
produtores não-possuidores por parte de uma Assim, pois, diferentemente do “reino
classe de proprietários, a limitação à liberdade psicológico”, o “reino social” está sujeito a
e às potencialidades dos primeiros e a outras leis e por isso necessita de um método
desumanização de que ambos são vítimas. próprio para ser conhecido. Segundo
Mas, o domínio dos possuidores dos meios de Durkheim, os fatos sociais só poderiam ser
produção não se restringe à esfera produtiva. explicados por meio de seus efeitos sociais. A
Marx e Engels enfatizam que a classe divisão do trabalho, por exemplo, é um fato
que detém o poder material numa dada social cuja origem não se encontraria nos
sociedade é também a potência política e interesses ou motivações individuais, mas em
espiritual dominante: fenômenos sociais, como o volume e a
“Os indivíduos que constituem a densidade material e moral da sociedade. Da
classe dominante possuem, entre perspectiva de Durkheim, a sociedade não é o
outras coisas, uma consciência, e resultado de um somatório ou de uma mera
é em consequência disso que justaposição das consciências, ações e
pensam; na medida em que sentimentos particulares: ao serem
dominam enquanto classe e associados, combinados e fundidos fazem
determinam uma época histórica nascer algo novo e externo às consciências
em toda sua extensão, é lógico individuais. A sociedade, é mais do que a
que esses indivíduos dominam soma dos indivíduos vivos que a compõem, é
em todos os sentidos, que uma síntese que não se encontra em cada um
tenham, entre outras, uma desses elementos: a vida está no todo e não
posição dominante como seres nas partes. Cada indivíduo é, portanto, apenas
pensantes, como produtores de uma ínfima parte de uma multidão de
ideias, que regulamentem a colaboradores entre os quais estão membros
produção e a distribuição dos de muitas gerações anteriores a ele e que já
pensamentos de sua época; as desapareceram, enquanto a sociedade é “o
suas ideias são, portanto, as mais poderoso feixe de forças físicas e morais
ideias dominantes de sua cujo resultado a natureza nos oferece7”.
época4”. Durkheim procurou mostrar que a
mentalidade do grupo não é a mesma que a
dos indivíduos; que os estados de consciência
Émile Durkheim e o fato social coletiva são distintos dos estados de
consciência individual e, que “um pensamento
A Sociologia pode ser definida, encontrado em todas as consciências
segundo Durkheim, como a “ciência das particulares ou um movimento que todos
instituições, da sua gênese e do seu
funcionamento”, ou seja, de “toda a crença, 5
DURKHEIM. As regras do método sociológico
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DURKHEIM. As regras do método sociológico.
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MARX, ENGELS. A Ideologia Alemã. DURKHEIM. As formas elementares da vida religiosa.

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repetem não são por isso fatos sociais”, mas da aprendizagem porque são externas ao
suas encarnações individuais. Os fenômenos indivíduo.
que constituem a sociedade têm sua sede na
coletividade e não em cada um dos seus
membros. É nela que se devem buscar as A sociedade agindo sobre o indivíduo
explicações para os fatos sociais e não nas
unidades que a compõem, porque: Numa de suas obras mais instigantes,
“as consciências particulares, O Suicídio, Durkheim procurou demonstrar
unindo-se, agindo e reagindo que o conjunto destes fenômenos, cujas
umas sobre as outras, fundindo- causas parecem ser de caráter particular, pode
se, dão origem a uma realidade ser tomado como um fato novo e sui generis,
nova que é a consciência da resultante de fatores de origem social.
sociedade. (...) Uma coletividade Durkheim examina estatísticas
tem as suas formas específicas nacionais européias e, com base nelas,
de pensar e de sentir, às quais os argumenta que a evolução do suicídio se dá
seus membros se sujeitam, mas por ondas de movimento que, embora variem
que diferem daquelas que eles de uma para outra sociedade, constituem
praticariam se fossem taxas constantes durante longos períodos. Tal
abandonados a si mesmos. como propunha em seu método, em que os
Jamais o indivíduo, por si só, fatos sociais devem ser tratados como
poderia ter constituído o que quer “coisas”, ou seja, como uma realidade
que fosse que se assemelhasse à externa, Durkheim definiu o suicídio
ideia dos deuses, aos mitos e aos objetivamente: “todo caso de morte que resulte
dogmas das religiões, à ideia do direta ou indiretamente de um ato positivo ou
dever e da disciplina moral, etc8”. negativo praticado pela própria vítima,
sabedora que devia produzir esse resultado”.
Os fatos sociais são formados pelas Delimitado o fato que se propôs a
representações coletivas, isto é, “como a investigar, Durkheim o considerou como um
sociedade vê a si mesma e ao mundo que a fenômeno coletivo, coletando dados relativos a
rodeia”, através de suas lendas, mitos, algumas sociedades para encontrar
concepções religiosas, crenças morais, etc. regularidades e construir uma taxa específica
As maneiras de ser coletivas e os para cada uma delas. A partir deste estudo,
modos de agir são imperativos, ou seja, Durkheim elaborou uma tipologia dos suicidas,
coagem a que se adote determinadas pois, segundo ele, cada grupo social teria uma
condutas e formas de sentir e, além disso, inclinação coletiva para o suicídio e desta
encontram-se fora dos indivíduos, são uma derivam as inclinações individuais. Tratam-se
realidade objetiva e externa a eles, portanto, das “correntes de egoísmo, de altruísmo ou
são fatos sociais. Sendo assim, possuem de anomia que afligem a sociedade com as
ascendência sobre o indivíduo, arrastando-o, tendências à melancolia, à renúncia ativa ou à
influenciando-o. fadiga exasperada que são as consequências
Para tentar comprovar o caráter das referidas correntes”.
externo desses modos de agir ou de sentir, Para Durkheim, as causas do suicídio
Durkheim argumenta que eles têm que ser são, portanto, objetivas, exteriores ao
internalizados por meio de um processo indivíduo, estimulando-os ou detendo-os. Elas
educativo. Desde muito pequenas as crianças são “tendências coletivas” e são “forças tão
são coagidas (ou educadas) a desenvolver reais quanto as forças cósmicas, embora de
certos comportamentos e maneiras de ser. outra natureza”. A maior coesão e vitalidade
Elas passam por uma socialização metódica das instituições às quais o indivíduo está
e “é uma ilusão pensar que educamos nossos ligado, a intensidade com que se manifesta a
filhos como queremos. Somos forçados a solidariedade em seu grupo religioso, a
seguir regras estabelecidas no meio social em solidez dos laços que o unem à sua família, a
que vivemos9”. Com o tempo, as crianças força dos sentimentos que o vinculam à
adquirem os hábitos que lhes são ensinados e sociedade política contribuem para preservá-lo
deixam de perceber a coação, aprendem de cometer um ato dessa natureza. Portanto,
comportamentos e modos de sentir dos as sociedades religiosa, doméstica e política
participantes do grupo onde vivem. As podem exercer sobre o suicídio uma influência
maneiras de agir e sentir próprias de uma moderadora por manterem seus membros
sociedade precisam ser transmitidas por meio fortemente integrados e em equilíbrio.
8
DURKHEIM. A Sociologia em França no século XIX.
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DURKHEIM. Educação e Sociologia.

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Max Weber e a ação social desespero, admiração, orgulho, medo, ciúmes,
raiva, paixão, etc.
A Sociologia é, para Weber, a ciência d) ação tradicional – age-se de
“que pretende entender, interpretando-a, a acordo com hábitos e costumes arraigados,
ação social, para, dessa maneira, explicá-la “como sempre se fez”. Tal como o batismo dos
causalmente em seu desenvolvimento e filhos realizado por pais comprometidos com
efeitos”, observando suas regularidades que determinada religião.
se expressam na forma de usos, costumes Podemos utilizar essas categorias
ou situações de interesse. Como exemplos para analisar o sentido de um sem número de
típicos dessas manifestações temos a moda, o condutas: estudar, comprar, casar, participar
consumo de certos alimentos, a ação no de uma associação, assistir à televisão, etc. O
mercado ou ainda a político-partidária. sociólogo deve compreender o sentido que um
Weber define ação social como uma sujeito atribui à sua ação e seu significado
conduta humana (ato, omissão, permissão) social. Há que se ter claro, porém, o alerta de
dotada de um significado subjetivo dado por Weber de que “raras vezes a ação,
quem o executa, o qual orienta seu próprio especialmente a social, está exclusivamente
comportamento, tendo em vista a ação – orientada por um ou outro destes tipos”, que
passada, presente ou futura – de outro ou de não passam de modelos conceituais puros
outros que, por sua vez, podem ser construídos pelo sociólogo para melhor
“individualizados e conhecidos ou uma compreender e interpretar determinada
pluralidade de indivíduos indeterminados e realidade social.
completamente desconhecidos10”. A concepção de sociedade construída
A explicação sociológica busca por Weber implica numa separação de
compreender o sentido, o desenvolvimento e esferas, como, por exemplo, a econômica, a
os efeitos da conduta de um ou mais religiosa, a política, a jurídica, a social, a
indivíduos referida à do outro, ou seja, o seu cultural, com lógicas autônomas de
caráter social – não se propondo a julgar a funcionamento. Para Weber, o agente
validez de tais atos, nem a compreender o individual, verdadeira unidade da análise
agente enquanto pessoa. Explicar é captar e sociológica, é a única entidade capaz de
interpretar a “conexão de sentido em que se conferir significado às suas ações, as quais,
inclui uma ação”. por sua vez, estão referidas a uma das esferas
As condutas são tanto mais que compõem a sociedade e segundo padrões
racionalizadas quanto menor for a submissão específicos daquela esfera. Mas esse agente
do agente aos costumes e afetos e quanto individual é também capaz de combinar, em
mais ele se oriente por um planejamento sua ação, sentidos diferenciados a esferas
adequado à situação. Pode-se dizer que as distintas. É o caso do empresário protestante,
ações serão tanto mais previsíveis quanto cuja ação combina um sentido puramente
mais racionais. Para compreendê-las, o econômico, voltado para o mercado, com outro
sociólogo constrói um modelo de de caráter religioso orientado para
desenvolvimento da conduta racional e, a procedimentos de salvação.
partir dele, interpreta outras conexões de Segundo a interpretação
sentido. compreensiva da Sociologia weberiana,
Weber agrupou as ações individuais formações sociais como o estado,
em quatro tipos: cooperativas, sociedades autônomas:
a) ação racional com relação a fins –
o indivíduo para atingir um determinado “não são outra coisa que
objetivo, lança mão dos meios necessários ou desenvolvimentos e
adequados, avaliando previamente, por um entrelaçamentos de ações
cálculo racional, a relação entre meios e fins. específicas de pessoas
Tal como ocorre em uma conduta científica ou individuais, já que apenas elas
em uma ação econômica. podem ser sujeitos de uma ação
b) ação racional com relação a orientada pelo seu sentido.
valores – o agente orienta-se de acordo com Apesar disto, a Sociologia não
suas próprias convicções, na medida em que pode ignorar, mesmo para seus
crê na legitimidade de um comportamento, que próprios fins, aquelas estruturas
é válido por si mesmo. Exemplo: Lutas por sociais de natureza coletiva que
causas políticas ou religiosas. são instrumentos de outras
c) ação afetiva – o indivíduo age maneiras de colocar-se diante da
inspirado por emoções imediatas – vingança, realidade. Para a Sociologia, a
realidade “estado” não deriva de
10
WEBER. Economia e Sociedade.

5
seus elementos jurídicos. Em
todo caso não existe para ela O trabalho torna-se um valor em si
uma personalidade coletiva em mesmo, o operário ou o capitalista passam a
ação. Quando fala do “estado”, da viver em função de sua atividade ou negócio e
“nação”, da “sociedade só assim têm a “sensação irracional” da tarefa
autônoma”, da “família”, de uma cumprida.
“corporação militar” ou de Para estarem seguros quanto à sua
qualquer outra formação salvação, ricos e pobres deveriam trabalhar
semelhante, refere-se unicamente sem descanso pela vontade de Deus e
ao desenvolvimento, numa forma glorificá-lo por meio de suas atividades
determinada, da ação social de produtivas.
uns tantos indivíduos11”. Segundo Weber, a adoção dessa nova
perspectiva trazida pelo protestantismo
permite aos primeiros empresários reverterem
A ética protestante e o espírito do sua condição de baixo prestígio social e se
capitalismo transformarem nos heróis da nova sociedade
que se instalava. Essa ética teve
Weber tinha como uma de suas consequências marcantes sobre a vida
principais preocupações compreender as econômica:
especificidades das sociedades ocidentais que
levaram ao desenvolvimento do capitalismo: “Combinando essa restrição do
consumo com essa liberação da
“Decididamente, capitalismo procura da riqueza, é óbvio o
surgiu através da empresa resultado: a acumulação
permanente e racional, da capitalista através da compulsão
contabilidade racional, da técnica ascética da poupança13”.
racional e do Direito racional. A
tudo isso se deve ainda adicionar
a ideologia racional, a (Texto adaptado para fins didáticos:
racionalização da vida, a ética QUINTANEIRO, BARBOSA & OLIVEIRA. Um
racional da economia12”. toque de clássicos: Durkheim, Marx e
A presença muito significativa de Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1995).
protestantes de várias seitas entre os
empresários e os trabalhadores qualificados
nos países capitalistas mais industrializados
sugeriu a Weber a possibilidade de existência
de algum tipo de relação entre certos valores
presentes na época do surgimento do
capitalismo moderno e a ética calvinista. Por
meio da análise de obras de puritanos e de
autores que representavam os valores
disseminados pelo calvinismo, Weber
procurou encontrar uma relação entre uma
ética religiosa que se baseava numa atividade
incessante no mundo e as condições para o
estabelecimento do capitalismo. Weber lembra
que para os puritanos:

“A perda de tempo é o primeiro e


o principal de todos os pecados. A
perda de tempo, através da vida
social, conversas ociosas, do luxo
e mesmo do sono além do
necessário para a saúde – seis,
no máximo oito horas por dia – é
absolutamente dispensável do
ponto de vista moral”.

11
WEBER. Economia e Sociedade.
12 13
WEBER. Origem do capitalismo moderno. WEBER. A ética protestante e o espírito do capitalismo.

6
 Estudo Dirigido:

1. “A história de todas as sociedades existentes até hoje é a história da luta de classes.


Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e
companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, têm permanecido em constante
oposição uns aos outros, envolvidos numa guerra ininterrupta, ora disfarçada, ora
aberta, que terminou sempre, ou por transformação revolucionária de toda a sociedade,
ou pela destruição das duas classes em luta”. (MARX & ENGELS. Manifesto do Partido
Comunista, [1848]).

Analise a relação entre os indivíduos e as classes sociais de acordo com o pensamento de


Marx.

2. Quais são as características fundamentais do fato social durkheimiano?

3. Ainda hoje o suicídio é a décima causa de morte no mundo, com cerca de um milhão de
pessoas mortas por suicídio anualmente, ou seja, uma morte a cada 40 segundos. Nos
últimos 45 anos, as taxas de suicídio aumentaram 60% em todo o mundo. O suicídio
está entre as três principais causas de morte entre aqueles com idade entre 15-44 anos
em alguns países e a segunda principal causa de morte no grupo etário 10-24 anos,
sobretudo, na Índia, na China e no Japão.
(Fonte: World Health Organization: http://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/suicideprevent/en/).

Tendo em vista a atualidade da pesquisa realizada por Durkheim no final do século XIX, o
suicídio pode ser considerado um fenômeno individual ou coletivo? Justifique sua resposta.

4. No trecho abaixo, extraído de “A ética protestante e o espírito do capitalismo” [1904] de


Max Weber, percebemos de que modo a motivação para a ação é algo sentido pelo
sujeito sob a forma de valores e modos de conduta:
“A oportunidade de ganhar mais era menos atrativa do que a de trabalhar menos. Ele não
perguntava: quanto posso ganhar por dia se trabalhar tanto quanto possível, mas: quanto
devo trabalhar a fim de ganhar o salário que ganhava anteriormente e que era suficiente
para minhas necessidades”.

a) Classifique o tipo de ação social acima.

b) Como podemos entender a relação indivíduo e sociedade a partir da perspectiva


weberiana?

5. Preencha o quadro abaixo com os conceitos centrais usados pelos autores clássicos do
pensamento sociológico:

K. Marx É. Durkheim M. Weber


(1818-1883) (1858-1917) (1864-1920)

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