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CURSO DE TEOLOGIA

MODULO 5

DOUTRINA DE MISSÕES ‫ ־‬MISSIOLOGIA


EVANGELISMO ESTRATÉGICO
HERMENÊUTICA I
HOMILÉTICA
VIDA FAMILIAR (MATÉRIA SUPLEMENTAR)

faculdade teológica betesda


Moldando vocacionados
CURSO DE TEOLOGIA
MÓDULO 5

DOUTRINA DE MISSÕES ‫ ־‬MISSIOLOGIA


EVANGELISMO ESTRATÉGICO
HERMENÊUTICA I
HOMILÉTICA
VIDA FAMILIAR
(MATÉRIA SUPLEMENTAR)

faculdade teológica betesda


Moldando vocacionados
Copyright © 2007 by Editora Betesda

faculdade
teológica
betesda
Moldando vocacionados
Diretor-presidente
Lucian Benigno

Diretor-executivo
Sezar Cavalcante

Diretor-teoiógico
Elias Soares de Moraes

Diretor-pedagógico
Márcio Falcão

Secretário-executivo
Jamierson Oliveira

Tesoureira
Elisete Caldeira

Corpo docente
LUIZ SAYÃO, (Pós-Graduação) Pastor, Mestre em Hebraico, Lingüista e Tradutor da Bíblia NVI
RUSSELL SHEDD, (Pós-Graduação) Pastor, Líder Evangélico, Escritor, Ph. D. em Teologia
GORDON CHONW, (Pós-Graduação) Pastor, Ph. D. em Teologia, Lingüista e Tradutor
ARIOVALDO RAMOS, (Programas Extracurriculares) Pastor, Líder Evangélico, Filósofo e Th. B. em Teologia
LUCIAN BENIGNO, (Programas Extracurriculares)Bacharel em Grego e Mestrando em Hebraico
JOSÉ NILTON LIMA FERNANDES, Pastor, Th. B. em Teologia, Bacharel em Filosofia e em Direito
EMÍLIO ZAMBON DE MENDONÇA, Líder Evangélico, Th. B. em Teologia e Mestre em Ciências da Religião
LEANDRO DE PROENÇA LOPES, Presbítero, Th. B. em Teologia e Mestre em Ciências da Religião
ANTONIO SÉRGIO LOPES, Pastor e Th. B. em Teologia
RICARDO DE OLIVEIRA SOUZA, Pastor e Mestre em Ciências da Religião
CARLOS YUGI SEINO, Th. B. em Teologia e L. B. em Direito
ANTONIO DE OLIVEIRA, Evangelista. Th. B. e Mestre em Teologia
ELIAS FERREIRA DA SILVA, Pastor, Th. B. em Teologia e L. L. B. em Letras
EMMANUEL DE ATHAYDE JÚNIOR, Diácono, Th. B. em Teologia (ênfase em Missiologia)
FRANCIELLE LOPES DE ATHAYDE, Th. B. em Teologia (ênfase em Missiologia)
FRANCISCA DA SILVA. Th. B. em Teologia
GÉRSON CRITTELLI, Pastor e Th. B. em Teologia

Professores convidados
LUIZ WESLEY, Ph.D em Estudos Interculturais e
Pós-doutor em Teologia Prática e Práxis Religiosa
GABRIELE GREGGERSEN, Ph.D em Filosofia e
Pós-doutora em História das Mentalidades
MARIA LEONARDO, Ph.D em Teologia e Antropologia Cultural
BARBARA BURNS, Doutora em Missiologia
CÉSAR MARQUES, Mestre em Teologia Prática e Ph.D em Eclesiologia
MÁRCIO REDONDO, Ph.D em História e Doutor em Teologia

Todas as referências bíblicas foram extraídas da Versão Almeida Revista e Atualizada, Edição de 1 9 9 5 da Sociedade Bíblica do Brasil.
Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte.

Coordenação editorial
Jamierson Oliveira

Projeto gráfico de capa e miolo


Valdinei Gomes

Revisão
Paulo César

Todos os direitos desta obra em língua portuguesa reservados por:

IS
editora
betesda
Rua Dr. Zuquim , 72 - Santana - São Paulo/SP - CEP
0 2 0 3 5 -0 2 0 Fone: 3 7 9 8 -1 2 5 2
• www.faculdadebetesda.com.br / atendimento@faculdadebetesda.com.br
APRESENTAÇÃO E INSTRUÇÕES
Manual simplificado de uso do material didático FTB

“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oseias 6.3).

O conhecimento sobre Deus não é apenas uma possibilidade, mas também um direito de todos os homens. A
Bíblia Sagrada nos ensina que Deus, graciosamente, revela-se ao homem, convidando a todos para experimentarem
sua bendita graça. É com essa visão, e sob o lema “Moldando vocacionados”, que a FTB - FACULDADE
TEOLÓGICA BETESDA, uma instituição interdenominacional filiada às principais entidades da classe, oferece
todos os seus cursos.
Para que o seu aproveitamento como estudante FTB seja o melhor possível, e para que nós consigamos dar a
você o suporte e apoio em sua jornada de estudos, é necessário que você SIGA EXATAMENTE as orientações
que daremos a seguir, pois desta maneira você terá uma maior fixação do conteúdo e nos ajudará a atendê-lo
sempre da melhor maneira possível.

MODALIDADES DE ENSINO
Ensino à Distância: Frequentados por mais de 12 mil alunos, nossos cursos EAD têm sido recomendados por
diversas lideranças e denominações evangélicas. Quando se trata de ensino à distância, a FTB é a mais completa
do Brasil, oferecendo um suporte acadêmico inigualável. Além disso, todo o material didático necessário é
próprio e já se encontra incluído no preço final.
Ensino Presencial: A FTB mantém várias UNIDADES na Capital e na Grande São Paulo ministrando teologia
do nível Básico até a Pós-graduação, com aulas semanais em sala de aula, inclusive aos sábados, e com professores
altamente qualificados, todos com formação superior e/ou pós-graduações.
Ensino Semipresencial: Completando nossa atuação educacional, ainda oferecemos essa modalidade que
chamamos de NÚCLEOS CREDENCIADOS. Numa parceria com a igreja local, instalamos uma sala de aula nas
suas próprias dependências, onde uma nova turma de alunos estudará com a ajuda da FTB e do ministério local.
Encontros presenciais: Com 0 objetivo de criar uma interação entre alunos de todas as modalidades, professores
e a diretoria, a FTB promove uma aula especial (INTENSIVÃO TEOLÓGICO) por mês, com renomados
teólogos brasileiros e internacionais. Acesse nosso portal www.faculdadebetesda.com.br e/ou ouça o programa
“Crescendo na Fé” (Rádio Musical FM 105,7) para conhecer a agenda e o local dessas aulas.

REGRAS GERAIS
• Material didático: Ao receber seu material, confira-o. Se tiver alguma dúvida, entre em contato com o
nosso SAA: (11) 3798-1252 / 3796-6300.
• Prazo de estudo: O aluno deve estudar cada módulo por um tempo mínimo de 2 MESES e no máximo de
4 MESES, por isso planeje seus estudos dentro desse prazo, evitando transtornos administrativos com a
escola.
• Plantão teológico: Alunos devidamente matriculados e em dia com seus pagamentos têm direito ao
PLANTÃO TEOLÓGICO, que funciona de segunda a sexta-feira no horário comercial. Ligue: (11)
2976-0899.
Os módulos. O Plano de Educação à Distância da FTB é contemplado em 13 MÓDULOS bimestrais,
e cada módulo corresponde a um livro de alta qualidade gráfica e de conteúdo, com cinco disciplinas,
sendo quatro tradicionais e uma especial, voltada à prática da teologia e da vida cristã, totalizando 65
DISCIPLINAS, algo inovador e que revela a seriedade com que a FTB trata a formação dos seus alunos
(ver infográfico na p. 6 e 7). OBS: Caro aluno, você deve permanecer obrigatoriamente 2 meses (no
mínimo) em cada módulo. Terminando antes desse prazo, mínimo programado pela nossa diretoria
pedagógica, busque leituras adicionais para o seu enriquecimento. No final de cada matéria há uma
lista de obras interessantes como sugestão de leitura!

A avaliação. Ao final de cada módulo, o aluno deverá ser aprovado pelo Corpo Docente da FTB. quanto
ao seu aproveitamento das respectivas matérias, por meio de AVALIAÇÕES TEÓRICAS (Prova Dissertativa
Individual), que deverão ser respondidas e enviadas para a secretaria da escola ou entregues à coordenação em
alguma aula presencial (ver final de cada matéria). A NOTA MÍNIMA PARA SER APROVADO É 7.0.
Ao final de cada capítulo há algumas perguntas de recapitulação. Não há necessidade de nos enviar.

O estágio. Preocupada com a prática e a fixação do conhecimento do aluno, a FTB exige um ESTAGIO
PRÁTICO SUPERVISIONADO. Nesse estágio, cabe ao aluno, em parceria com a sua igreja, ministrar uma
aula, estudo ou pregação a um grupo de irmãos, com a presença de um dos líderes locais, que assinará a Carta de
Estágio (ver modelo na p. 171 e 172).

O suporte. Buscando atender aos seus alunos da melhor forma possível, a FTB disponibiliza uma central
telefônica, a sala on-line do site da faculdade na Internet, além de o aluno também poder agendar uma consulta
teológica pessoal com um dos nossos docentes. Para isso basta o aluno ligar para a secretaria da FTB.

A formação. Para qualquer curso concluído, a FTB fornece CERTIFICADO e/ou DIPLOMA, sem nenhum
ônus para o aluno, além de um HISTÓRICO ESCOLAR, devidamente preenchido com as notas obtidas.

Os pré-requisitos. Para estudar na FTB é necessário preencher alguns requisitos básicos:

• CURSO FUNDAMENTAL DE TEOLOGIA - Ser alfabetizado


• CURSO INTERMEDIÁRIO DE TEOLOGIA - Ser alfabetizado
• CURSO BACHAREL EM TEOLOGIA - Ter 2oGrau completo ou completar até o término dos estudos na FTB

Dicas. Ao final de cada matéria há uma lista das obras consultadas. Vale a pena você adquirir essas e outras
obras de referência, ampliando assim o seu conhecimento.
Além disso, visite o site da FTB. Nele você encontrará um ambiente totalmente voltado ao suporte do aluno
e muitos artigos e informações complementares para sua formação.
• Visite 0 site: www.faculdadebetesda.com.br

A Editora Betesda, mantenedora da FTB, possui muitos livros e materiais. Na condição de aluno
matriculado, você pode desfrutar de vantagens exclusivas. Consulte nosso atendimento.
• Visite 0 site: www.editorabetesda.com.br

Outra dica valiosa que deixamos para você é a revista POVOS, a melhor revista evangélica do Brasil, e
uma das melhores do mundo na proposta editorial que apresenta. A revista POVOS cobre temas ligados
à atualidade, passando pela teologia, missões, apologética e curiosidades. Faça sua assinatura!
• Visite 0 site: www.revistapovos.com.br
NÚCLEOS PRESENCIAIS
Além do modelo à distância, no qual já contamos com mais de 5 mil alunos, incluindo os cursos teológicos
e de línguas bíblicas, a FTB oferece cursos presenciais, tanto em sua sede, na capital paulista, bem como em
outros núcleos regionais. Se você preferir, estude conosco em sala de aula nos seguintes cursos: Curso de
Teologia (Fundamental, Intermediário e Bacharel) ‫ ־‬Curso de Línguas Bíblicas (Grego e Hebraico) - Curso de
Arqueologia Bíblica - Curso de Apologética Cristã ‫ ־‬Curso de Missões Transculturais.

PARCERIAS FIRMADAS
Visando a troca de informações e experiências, a FTB tem firmadas algumas parcerias estratégicas
que proporcionam ao aluno e docentes grandes vantagens de acesso ao conhecimento. Algumas delas são:
AGIR (Agência de Informações Religiosas); CFT (Conselho Federal de Teólogos); AMTB (Associação de
Missões Transculturais Brasileiras); APMB (Associação de Professores de Missões do Brasil); CACP (Centro
Apologético Cristão de Pesquisas); JETRO (Instituto Jetro de Liderança); entre outros, tais como Conselhos
de Pastores e Convenções Denominacionais.

CONFISSÃO DOUTRINÁRIA
A FTB professa a fé cristã alicerçada fúndamentalmente nas Escrituras Sagradas (Bíblia), como se segue:
• Cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, divinamente inspirada e sem erro quando escrita em sua
forma original, sendo a única regra de fé e de prática do cristão (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21).
• Cremos em um só Deus Eterno que subsiste em uma Trindade de Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo
(Jo 15. 26), as quais são co-etemas e de igual dignidade e poder (Mt 3.16,17).
• Cremos na divindade do Filho de Deus, na sua encarnação, no seu nascimento virginal (Lc 1.35), na
sua morte expiatória (Ef 1.7), na sua ressurreição, bem como em sua ascensão e intercessão como nosso
único mediador (Hb 7.25).
• Cremos na justificação somente pela fé (At 10.43; Rm 3.24,10.13).
• Cremos na obra do Espírito Santo para a regeneração e para a santificação (Hb 9.14).
• Cremos que a verdadeira Igreja - o corpo de Cristo (E f 1.23) ‫ ־‬é formada por todos aqueles que confiam
em Cristo como seu Salvador, somente pela fé (E f 2.8,9; 1Co 12.13), cuja responsabilidade e privilégio
é proclamar o Evangelho até os confins da Terra (Mt 28.19,20).
• Cremos na imortalidade da alma, na segunda vinda do Senhor (Tt 2.13), na ressurreição do corpo,
no julgamento do mundo por Jesus Cristo, na bem-aventurança dos justos e na punição dos ímpios
(1 Co 15.25-27).
CONHEÇA A GRADE
MÓDULO I
NÍVEL FUNDAMENTAL
1. Doutrina de Deus - Teologia
2. D outrina da B íblia
- B ib lio lo g ia
5 LIVROS DIDÁTICOS 3 . Geografia B íblica
4 . Panorama do A ntigo
• TAM ANHO 21 CM X 2 7 ,5 CM Testam ento
5. M etodologia C ientífica
Obs.: C ontendo Infográficos e (M atéria su p le m e n tar)
ilustrações

MODULO VI
NIVEL INTERMEDIÁRIO
1. Língua Portuguesa
2. Gestão M in iste ria l
3. Cosm ovisão Cristã
4 LIVROS DIDÁTICOS
4. A rqueologia B íb lica I
+ 5 MÓDULOS DO FU N DAM ENTAL
5. Práticas Devocionais
(M atéria su p le m e n tar)
• TAM ANHO 21 CM X 2 7 ,5 CM

Obs.: C ontendo Infográficos e


ilustrações

NIVEL BACHAREL
MODULO X
1. Filosofia geral
4 LIVROS DIDÁTICOS 2. S ociologia
+ 9 MÓDULOS DO FU N DAM ENTAL 3. D idática
E IN TER M ED IÁR IO 4. Exegese B íb lica I
5. C idadania
• TAM ANHO 21 CM X 2 7 ,5 CM (M atéria su p le m e n tar)

Obs.: C ontendo Infográficos e


ilustrações

VANTAGENS EXCLUSIVAS AO ALU N O FTB:


Matérias suplementares de práticas ministeriais. Assistência integral do coordenador do curso, tanto
Com isso, será capacitado para viver 0 dia a dia pela Internet quanto por telefone ou pessoalmente;
da igreja local;
Estágios supervisionados nas igrejas, a fim
Mensalmente, terá aulas intensivas presenciais de que desenvolva melhor suas habilidades e
com professores renomados; conhecimentos;

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CURRICULAR DA FTB
MÓDULO II MÓDULO III MÓDULO IV MÓDULO V
1. D o u trin a de C risto - 1. D o u trin a do E s p írito 1. H istória da Igreja 1 1. D outrina de Missões
C risto lo g ia S a n to - P n e u m a to lo g ia 2. D outrina da Igreja - M issiologia
2. H istória de Israel 2 . D o u trin a do P e c a d o - 3. Escatologia 2. E vangelism o E stratégico
3 . D o u trin a dos A n jo s - H a m a rtio lo g ia 4. Heresiologia 1 3 . H erm enêutica 1
A n g e lo lo g ia 3 . D o u trin a do H om em - 5. Louvor e Adoração 4 . H o m ilé tica
4 . Panorama do Novo A n tro p o lo g ia (M atéria su p le m e n ta r) 5. Vida Fam iliar
T e stam ento 4 . D o u trin a da S alva çã o - (M atéria sup le m e n ta r)
5. P ráticas Litúrgica s S o te rio lo g ia
(M atéria suplem en ta r) 5. E s p iritu a lid a d e
(M a té ria s u p le m e n ta r)

MÓDULO VII MÓDULO VIII MÓDULO IX


1. H istória da Igreja II 1. Teologia do Antigo 1. Liderança Cristã
2. É tica Cristã Testamento 2. Língua Grega I
3. Heresiologia II 2. Teologia do Novo 3. A pologética Cristã
4. Língua H ebraica I Testamento 4. A conselham ento Pastoral
5. M in isté rio In fa n til 3. H erm enêutica II 5. P lanejam ento da vida
(M atéria suplem en ta r) 4. Missões Transculturais (M atéria su p le m e n ta r)
5. Estratégias de Comunicação
(Matéria suplementar)

MÓDULO XI MÓDULO XII MÓDULO XIII


1. H istória da igreja III 1. Filosofia Teológica 1. História da Igreja Brasileira
2. A rqueologia B íb lica II 2. H istória de M issões 2. Filosofia Teológica
3. Língua H ebraica II 3. Pedagogia Geral 3. Exegese Bíblica II
4. Língua Grega II 4. R eligiões C om paradas 4. T C C -T ra b a lh o de
5. P olítica 5. M eio A m b ie n te Conclusão do Curso
(M atéria suplem en ta r) (M atéria sup le m e n ta r) 5. Direito
(M atéria suplem entar)

• Carteirinha Funcional de Estudante, por meio da • A grade de matérias mais completa do Brasil,
qual terá desconto de até 50% em entradas de ampliando assim os seus conhecimentos;
programas culturais e livrarias;
• Diploma de conclusão de caráter
• Aulas de reforço em nossos programas de rádio e interdenominacional e com 0 respaldo das
TV e em nosso site na internet; principais igrejas evangélicas brasileiras.

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SUMÁRIO
1. O NASCIMENTO DAS MISSÕES............................................................................................................... 13
1.1 A CONTRIBUIÇÃO ROMANA PARA A OBRA MISSIONÁRIA.......................................................14
1.2 CONTRIBUIÇÃO GREGA À OBRA MISSIONÁRIA.......................................................................... 15
1.3 CONTRIBUIÇÃO JUDAICA À OBRA MISSIONÁRIA....................................................................... 15

2. APÓSTOLOS MISSIONÁRIOS................................................................................................................... 16

3. A PRÁTICA DE M ISSÕES............................................................................................................................17
3.1 PLANO DE AÇÃO MISSIONÁRIA........................................................................................................ 17

4. CAMPOS MISSIONÁRIOS...........................................................................................................................19
4.1 MISSÕES URBANAS...............................................................................................................................19
4.2 MISSÕES NACIONAIS............................................................................................................................19
4.3 MISSÕES MUNDIAIS............................................................................................................................. 20

5. APOIO AOS MISSIONÁRIOS..................................................................................................................... 21


5.1 ORAÇÃO...................................................................................................................................................21
5.2 COMUNICAÇÃO .................................................................................................................................... 21
5.3 SUSTENTO FINANCEIRO.....................................................................................................................21

6. A CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA............................................................................................................23
6.1 CONFERÊNCIAS MISSIONÁRIAS .................................................................................................... 23
6.2 CULTOS MISSIONÁRIOS .....................................................................................................................23
6.3 ESCOLA DOMINICAL........................................................................................................................... 24
6.4 CURSOS TEOLÓGICOS .............................,......................................................................................... 24
6.5 PERIÓDICOS ...........................................................................................................................................24
6.6 INTERNET ................................................................................................................................................24

7. PERFIL DO MISSIONÁRIO........................................................................................................................ 25
7.1 CHAMADA ESPECÍFICA..................................................................................................................... 25
7.2 PREPARO ESPIRITUAL, TEOLÓGICO E PRÁTICO..........................................................................25
7.3 QUALIDADES......................................................................................................................................... 25
7.4 VIDA ESPIRITUAL VIGOROSA............................................................................................................26

8. DIFICULDADES DO MISSIONÁRIO........................................................................................................28
8.1 A PRÓPRIA CHAMADA......................................................................................................................... 28
8.2 RECURSOS FINANCEIROS ..................................................................................................................28
8.3 MUDANÇA ...............................................................................................................................................28
8.4 FAMÍLIA....................................................................................................................................................28
8.5 RELACIONAMENTO COM OUTROS................................................................................................. 29
9. MISSÕES TRANSCULTURAIS................................................................................................................... 30
9.1 DIFERENÇAS CULTURAIS.................................................................................................................... 30
9.2 CHOQUE CULTURAL............................................................................................................................ 31
9.3 ADAPTAÇÃO ...........................................................................................................................................31
9.4 LIDERANÇA NATIVA............................................................................................................................. 31

10. DESAFIOS MISSIONÁRIOS DE NOSSO T EM PO ................................................................................32


10.1 A APATIA DA IGREJA........................................................................................................................ 32
10.2 CARÊNCIA DE OBREIROS................................................................................................................. 32
10.3 RECURSOS FINANCEIROS................................................................................................................ 32
10.4 AS GRANDES RELIGIÕES MUNDIAIS........................................................................................... 32
10.5 SECULARISMO.....................................................................................................................................32
10.6 OS PAÍSES HOSTIS.............................................................................................................................. 32
10.7 O CRESCIMENTO POPULACIONAL................................................................................................ 33
10.8 AS BARREIRAS CULTURAIS E LINGÜÍSTICAS............................................................................33
10.9 A JANELA 10/40....................................................................................................................................33
10.10 A CULTURA PÓS-MODERNA...........................................................................................................33

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................... 34
M Ó D U L O S I DOUTRINA DE MISSÕES

O NASCIMENTO DAS MISSÕES


A história de missões começa com a promessa de Deus de resgatar o homem caído, depois de haver pecado,
quando Deus disse: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente. Esta te ferirá
a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3.15). O pecado afetou o relacionamento do homem com Deus e
com o seu próximo, mas este fato não impediu Deus de ir atrás de sua criatura para restaurar este rompimento.
Deus passa a revelar-se por meio de um pregador humano, para alcançar a outros. Aqueles que recebem a
revelação de Deus tornam-se figuras centrais na história do mundo, pois, por meio deles, a vontade de Deus será
conhecida.
A revelação do plano salvífico de Deus no Antigo Testamento foi acontecendo de modo progressivo, mas de
conteúdo determinado. Os capítulos iniciais de Gênesis são introdutórios, trazem uma visão geral da criação, da
queda, do homem, com apenas um vislumbre do propósito de Deus em redimir o homem.
A partir do capítulo doze, Deus toma esse plano real escolhendo um homem: Abrão. A ele Deus prometeu:
“E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e e m ti s e r ã o b e n d ita s to d a s as
fa m ília s d a te r r a ” (Gênesis 12.3, grifo nosso). Ele reafirma sua promessa por várias vezes: “Visto que Abraão
certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?” (Gênesis
18.18); “E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz”
(Gênesis 22.18). Com Abraão Deus estabelece uma aliança, ou concerto, por meio do qual Ele abençoaria todas
as famílias da Terra.
Aos descendentes do crente Abraão Deus continuou manifestando sua intenção de restaurar a raça caída. Para
Isaque, Ele disse: “E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas
estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra” (Gênesis 26.4). Novamente Ele revelou
seu propósito transcendente, dizendo a Jacó: “E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao
ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra”
(Gênesis 28.14).
Abraão, Isaque e Jacó são as origens do povo de Deus. A partir desse ponto a nação de Israel tomou-se 0 povo
de Deus, e este tinha um povo de Sua propriedade. A história do povo israelita, no entanto, não contém grandes
feitos na área de divulgação dos planos divinos, com raras exceções. No entanto, a preocupação divina com a
humanidade como um todo e com a necessária expansão do Reino a todos os povos pode ser vista claramente
nas páginas do Antigo Testamento.
Quando nos dirigimos ao Novo Testamento para analisarmos a questão missionária, duas coisas nos
causam surpresa: primeiro, Deus enviou seu Filho; segundo, a Igreja fica responsável pela divulgação das
boas novas de salvação.
A vida de Jesus significa, realment.e, que Ele é a fotografia de Deus, mandada aos filhos errantes, pecadores,
tendo nela escrito: “Voltem para casa”. Isto é tudo e bastante. E esse é 0 significado da encarnação. É Deus
mesmo dizendo aos filhos: “Voltem para casa”. Há um coração em que os pródigos podem chorar seu pecado
e seu opróbrio e nele encontrar a reabilitação e cura, sejam pródigos que dissipam a vida no mal, sejam os que
gastaram as oportunidades para o bem.
Depois de Jesus ter estado com os discípulos por quase três anos, duranate os quais, em sua companhia, eles
haviam assimilado suas idéias e espírito, Ele lhes disse: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado”

CURSO DE TE O LO G IA 13
M Ó D U L O 5 I DOUTRINA DE MISSÕES

(João 15.3). Pelas palavras que estivera a falar, estavam sendo purificados como indivíduos, e ainda mais, pois
Ele lhes estava purificando a concepção total da vida. Estava lhes purificando o universo.
Purificou-lhes a idéia de Deus, pois muitas idéias antigas haviam sido apenas conjecturas, agora, porém,
perante eles e com eles estava o misericordioso Deus de todos os homens. Purificou-lhes a concepção do homem,
de maneira que não mais havia alto ou baixo, branco ou negro, nobre ou plebeu, mas uma humanidade, uma
família humana tendo Deus como Pai e todos os homens como irmãos. Purificou a vida: esta não era mais algo
mal; era boa, e deviam tê-la em abundância. Purificou a matéria: esta não era mais a inimiga do espírito; pelo
seu emprego em fins espirituais pode tomar-se o seu instrumento, espiritual e sagrada em si mesma. Purificou o
mundo: este não era mais um lugar para uma rápida passagem, mas devia tomar-se o cenário do Reino de Deus
na Terra. Purificou o lar, dele banindo a poligamia, o concubinato e baseando-o na igualdade do homem e da
mulher, numa união que durasse até a morte. Purificou a religião: esta não era mais um conjunto de superstições
mágicas, mas um meio de se relacionar com Deus para ter uma vida moral vitoriosa. Purificou a grandeza: esta
não devia mais consistir na riqueza e no poder sobre os semelhantes; o maior devia ser 0 servo de todos, sendo
este 0 maior. Purificou 0 poder: este não devia mais consistir na força militar e sim no poder de vencer o mal com
o bem, o ódio pelo amor e o mundo por uma cruz de sofrimento por Ele.
O evangelho é a mais pessimista das visões da vida, pois a encara através da cruz, entretanto é a mais otimista,
por crer que essa cruz, Nele, e em nós, pode ser e é redentora.
«Jesus confiou aos seus discípulos a tarefa mais extraordinária que jamais se confiou a um grupo de seres
humanos: a de transformar a ordem atual, baseada na cobiça, na exploração, na inimizade, numa nova ordem
baseada no amor, na cooperação e na fraternidade. Essa nova ordem é o Reino de Deus na Terra.
Nas ordens missionárias de Jesus encontramos uma visão ampla da tarefa, que deveria:

a) Alcançar até os confins da terra: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e
ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”
(Atos 1.8)
b) Incluir todos os povos: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15);
c) Fazer discípulos: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28.19);
d) Seguir 0 modelo dado pelo Mestre: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o
Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (João 20.21);
e) Contar com a presença Dele: “... e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
Amém” (Mateus 28.20);
f) Demonstrar as características do Reino: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será
condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas
línguas...” (Marcos 16.16-17);
g) Resultar na salvação dos homens: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”
(Marcos 16.16);

1.1 A CONTRIBUIÇÃO ROMANA PARA A OBRA MISSIONÁRIA


Quando a Igreja nasceu, e durante os primeiros séculos de sua existência, 0 império romano dominava o
mundo. Nenhum império do antigo Oriente tinha conseguido dar aos homens um sentido de unidade numa
organização política como esse império. A unidade política dos romanos foi o mais útil instrumento de Deus no
preparo do mundo para o advento da Igreja. O império romano serviu para unificar os homens sob uma mesma
bandeira e sob um mesmo governo. Sob o seu domínio as guerras foram abolidas (P a x romana), contribuindo
assim para a propagação do Evangelho de Cristo.
Os romanos desenvolveram um sentido da unidade da espécie humana sob uma lei universal. Facilitou em muito
a movimentação livre em tomo do mundo Mediterrâneo para os mensageiros do evangelho. Acabou com a pirataria

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no Mediterrâneo. Mantinha a paz nas estradas da Ásia, África e Europa. Criaram um ótimo sistema de estradas que
iam a todas as regiões do império. Com 0 avanço do exército romano, muitos soldados e oficiais cristãos avançavam
também com o evangelho.

1.2 CONTRIBUIÇÃO GREGA À OBRA MISSIONÁRIA


A contribuição romana para o advento da Igreja tem sido importante, porém ela foi oíuscada pelo ambiente
intelectual criado pela mente grega. Foi tão importante a influência dos gregos que 0 mundo antigo foi denominado
greco-romano, isso “porque Roma governou politicamente, mas a mentalidade dos povos desse império tinha
sido moldada fundamentalmente pelos gregos”.1Os romanos conquistaram os gregos, mas o poeta Horácio (c.
65‫ ־‬a.C a 8 d.C.) declarou em uma de suas poesias que “os gregos conquistaram os romanos culturalmente”.2
Os gregos deram uma contribuição inestimável para a divulgação do evangelho, pois por meio da língua
grega as Boas Novas de salvação foram anunciadas aos homens.

1.3 CONTRIBUIÇÃO JUDAICA À OBRA MISSIONÁRIA


As contribuições dos romanos e dos gregos foram fundamentais, porém mais importante que as contribuições
desses dois impérios, como pano de fundo histórico, foi a contribuição dos judeus. Ainda que a Igreja tenha se
desenvolvido no sistema político de Roma e no ambiente intelectual criado pela mente grega, o seu relacionamento
com o judaísmo foi muito mais íntimo.
A partir dos tempos do exílio babilônico, nem todos os judeus voltaram à Palestina após a libertação. Muitos
se concentraram na Mesopotâmia e outros se espalharam pelas terras ao redor do mar Mediterrâneo.
Muitos anos antes de Cristo, numerosas comunidades judaicas haviam se estabelecido na Pérsia, Síria, Ásia
Menor, península itálica, ilhas mediterrâneas e norte da África. Com a descoberta dos papiros de Elefantina, no
Egito, pode-se comprovar uma populosa colônia judaica na região de Assuã. Outra cidade influente também
habitada por judeus foi Alexandria. Essa cidade, fundada por Alexandre Magno, entre 30 a.C. e 50 d.C., possuía
por volta de um milhão de judeus, número semelhante à soma de seus compatriotas que habitaram a Pérsia e
Ásia Menor.
Não é de admirar que no período apostólico havia mais judeus habitando em terras estrangeiras do que em
Israel. Essa distribuição populacional acarretada pela Diáspora exerceu um papel altamente estratégico para a
rápida difusão do cristianismo.
Onde eles se fixaram estabeleceram sinagogas, que serviam não apenas para cultuar ao Deus de Israel, mas
também para instruir o povo na Lei e nos Profetas, através da leitura assídua e devocional dos manuscritos
sagrados, cuidadosamente conservados. Esse local passou a ser usado como escola básica para a criança judia,
como também de tribunal para os transgressores, que ali recebiam sua sentença e a execução.
Tendo se espalhado pelos mais variados lugares «ide se verificava a presença judaica, essa instituição tomou-
se fonte de notável influência sobre o mundo gentflico, envolto na mais crassa idolatria. O papel exercido pelas
sinagogas foi muito significativo no preparo das pessoas para as Boas Novas de salvação, pois elas serviram como
centros de apoio aos primeiros empreendimentos missionários, e Paulo costumava começar seu trabalho ali.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 1
1) Quando começou a história de missões?
2) Como ocorreu a revelação do plano salvífico de Deus no Antigo Testamento?
3) Quando nos dirigimos ao Novo Testamento para analisarmos a questão missionária, duas coisas nos causam
surpresa. Quais são elas?

1. NICHOLS, ftobert Hastings. História da igreja cristã. São Paalo: Cuhara Cristã, 20 0 0 , p. 19.
2 . CAIRNS, Earle E. 0 cristianismo através dos séculos. São Pavio: Vida Nova, 1995, p. 31.

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APÓSTOLOS MISSIONÁRIOS
O cristianismo surgiu num mundo em que havia várias religiões, culturas e estruturas políticas e sociais
estabelecidas. Dentro deste contexto, os primeiros missionários foram abrindo caminhos, mas ao mesmo tempo
definindo seus princípios e propósitos.
A primeira tarefa dos discípulos do Senhor Jesus - e a mais importante - foi definir a natureza de suas crenças
perante o judaísmo. Com isso 0 cristianismo logo encontrou seus primeiros conflitos, e foi desse ambiente que a
nova fé teve que determinar seu relacionamento com a cultura que a cercava.
Embora o império romano tenha se demonstrado, sob certos aspectos, ainda mais hostil do que Israel quanto
à disseminação da fé cristã, essa oposição não conseguiu refrear a mensagem da cruz, que velozmente atingiu
corações e mentes, tanto de judeus como de gentios.
No período apostólico o Evangelho de Jesus Cristo tomou o rumo das extensas estradas romanas, assim
como dos mares, e alcançou com sucesso regiões como as Gálias, a Hispânia, a Bretanha e 0 norte da África. Ao
mesmo tempo, os esforços missionários voltados para o Oriente não deixaram regiões como a Pérsia, a Armênia,
a Arábia, Mesopotâmia e até mesmo a índia sem a influência da mensagem da cruz.
^ Eusébio de Cesaréia nos conta que os apóstolos dividiram o mundo entre si, considerando todos os pontos
cardeais ficando da seguinte ordem: “De acordo com a tradição, coube a Tomé, por sorte, a região da Pártia;
André recebeu a Sitia; e João, a Ásia, onde permaneceu por um tempo, e morreu em Efeso. Pedro parece ter
pregado aos judeus da dispersão em Ponto, Galácia, Bitínia, Capadócia e Ásia, e no fim chegou a Roma e foi
crucificado de cabeça para baixo, pois pediu para si esse sofrimento. Paulo, espalhou o Evangelho de Cristo de
Jerusalém à Ilíria e por fim sofrendo martírio em Roma sob Nero’’.3
Essa divisão em regiões, conforme descrita pelo historiador, pode estar relacionada à citação de Paulo em sua
Carta aos Romanos: “E desta maneira me esforcei por anunciar 0 evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para
não edificar sobre fundamento alheio...” (15.20).
Citando o exemplo de Paulo, Earle Caims acrescenta alguns detalhes sobre a mecânica da evangelização
apostólica: “Paulo pensava também em termos de áreas que poderíam ser alcançadas a partir de centros
estratégicos. Ele sempre começava seu trabalho numa nova área na cidade mais estrategicamente localizada e
usava os convertidos para levar a mensagem às cidades e regiões adjacentes... Ele iniciava seu trabalho nos centros
romanos estratégicos indo primeiro às sinagogas, onde pregava sua mensagem enquanto fosse bem recebido.
Quando surgia a oposição, ele partia para uma proclamação direta do Evangelho aos gentios em qualquer lugar
que julgasse adequado... Depois de fundar uma nova Igreja, Paulo a organizava com presbíteros e diáconos, a fim
de que 0 trabalho continuasse após sua partida. Ele procurava colocar fundamentos sólidos”.4

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 2
1) Qual foi a primeira tarefa dos discípulos do Senhor Jesus e a mais importante dentro do contexto
missionário?
2) No período apostólico o Evangelho de Jesus Cristo tomou o rumo das extensas estradas romanas,
alcançando quais regiões?

3 . CESARÉIA, Eusébio do. História odosiástica. Rio do Janoiro: CPAD, 1999, p. 79.
4 . CAIRNS, Earlo E. 0 cristianismo através dos séculos. 2 . od. São Paulo: Vida Nova, 1988, p. 52.

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A PRÁTICA DE MISSÕES
Quem deu origem ao movimento missionário foi o próprio Deus ao fazer de seu único filho um missionário.
Jesus disse aos seus seguidores: “o campo é 0 mundo”; “ide por todo o mundo”; “pregai 0 evangelho a toda
criatura”; “vós sereis minhas testemunhas até os confins da terra” etc. A Igreja nasceu como resultado de missões
e foi edificada por Cristo na Terra como um povo missionário.O grande poder de Deus e a presença marcante do
Espírito Santo foram decisivos para o crescimento da Igreja.
O plano de Deus para 0 resgate do mundo inclui cada cristão. Os primeiros discípulos do Senhor entenderam
e praticaram a ordem do Senhor porque possuíam o poder do seu amor agonizante no coração; uma fé triunfante
em Cristo; testemunho simples, corajoso, pessoal; sofrimento resignado; consagração absoluta e apaixonada; o
poder celestial que vence o mundo. O Espírito Santo dirigiu os planos missionários (Atos 16.6,9) e deu ousadia
na pregação (Atos 13.4652‫)־‬.
Partindo da consciência da tarefa missionária ordenada pelo Senhor Jesus, cabe a cada um que foi salvo realizá-
la na prática, isto é, tomar as boas novas de salvação conhecidas a cada pessoa sobre a Terra. Deus tenciona que
cada cristão faça parte de sua operação de resgate do mundo. Quando passamos a entender claramente nossa
posição dentro do Reino de Deus, Ele diz: “Instruir-te‫־‬ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar‫־‬te‫־‬ei
com os meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de
cabrestos e freio para que não se cheguem a ti. O ímpio tem muitas dores, mas àquele que confia no SENHOR a
misericórdia o cercará” (Salmos 32.810‫) ־‬. Que palavra confortante, saber que quando nos entregamos totalmente
ao Senhor Ele nos instruirá e ensinará 0 caminho que devemos seguir.
Deus realizou sua parte e agora comissionou sua Igreja a tomar efetiva esta realidade para cada habitante
sobre a Terra.
Apesar dos grandes avanços já realizados e do grande crescimento do evangelho em lugares onde ele
era desconhecido, a Igreja tem consciência de que os aumentos contínuos da população mundial e de forças
contrárias demandam uma ação missionária agressiva. O avanço do islamismo e de outras religiões até então não
missionárias tem alertado a Igreja. Estratégias crescentes têm sido aplicadas para reduzir cada vez mais a área
não evangelizada do mundo.

3.1 PLANO DE AÇÃO MISSIONÁRIA


Os discípulos do Senhor Jesus encaravam a salvação dos perdidos como uma questão de prioridade e começavam
a testemunhar do que viram e ouviram. Por onde quer que iam, anunciavam as Boas Novas de salvação, a ponto de
os judeus exclamarem: “E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina...” (Atos 5.28).
Para os primeiros discípulos, testemunhar era algo natural. Eles não olhavam para a evangelização como uma
tarefa separada das atividades normais do dia‫־‬a‫־‬dia. Não tinham dia específico para evangelizar nem um horário
determinado; evangelizar era algo diário, voluntário e não esporádico. Eles não obtinham métodos e técnicas,
mas conheciam muito bem 0 poder e a autoridade que possuíam ao falarem em nome de Jesus.
Em apenas cinco séculos a Igreja estabelecida por Cristo divulgou o evangelho de forma extraordinária,
inclusive enviando missionários para as regiões da Europa, África, Ásia e índia.
Os planos estratégicos de ação missionária têm partido da iniciativa de grupos diferentes. Algumas vezes
é fruto de uma única igreja. Outras vezes de grandes denominações. Outras, de visionários que buscam reunir
as forças existentes para um determinado foco, como foi 0 Congresso de Lausanne, que procurou definir e

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impulsionar 0 cumprimento da Grande Comissão. Não foi o único neste aspecto, pois muitos têm trabalhado
neste intuito.
Neste contexto as agências missionárias funcionam como organizações paraeclesiásticas, cuja intenção é
ajudar as igrejas de diversas ramificações no intuito evangelizador.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 3
1) Quem foi o primeiro a dar origem ao movimento missionário?
2) Como os discípulos do Senhor Jesus encaravam a salvação dos perdidos?
3) Qual é a função das agências missionárias quanto ao plano evangelizador?

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CAMPOS MISSIONÁRIOS
A missões nasceram primeiramente no coração de Deus, e Ele é 0 grande gerenciador dessa obra ousada e
desafiadora. Em sua Palavra encontramos a resposta sobre o plano de Deus para o mundo. Em Mateus Jesus
disse: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28.19). Em Marcos Ele ordenou: “Ide por todo
0 mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15). Em Atos declara: “Mas recebereis poderá virtude
do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser‫־‬me‫־‬eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia
e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1.8).
O Espírito Santo foi dado para fazer dos cristãos testemunhas eficientes no mundo todo. Sendo assim, qualquer
um pode ser usado por Deus para levar as Boas Novas, fazendo missões urbanas, nacionais ou mundiais.

4.1 MISSÕES URBANAS


As cidades hoje se tomaram uma verdadeira selva de pedra, um campo de batalha que pode muitas vezes ser
mais perigoso do que um campo de batalha de fato. Não é novidade que em grandes centros urbanos morrem
mais pessoas do que em alguns locais de guerra.
Foi sempre destacado que 0 primeiro campo missionário é o local onde a igreja está localizada. Isso é
verdadeiro. Antes de atravessar 0 mundo, a igreja precisa atravessar a rua, ou deve fazer ambas as coisas ao
mesmo tempo. Mas não deve esquecer que na cidade há farto campo para missões. Crianças, jovens, estudantes,
profissionais de toda espécie. Missões que trabalham especificamente em universidades ou com profissionais de
campos específicos são exemplos dessa visão.
As favelas nas grandes cidades, os viciados em drogas, as zonas de meretrício - tudo isso deve comover
o coração da Igreja e levá-la ao trabalho de evangelização. Não apenas os marginalizados, isto é, os que
vivem à margem da sociedade, mas os que vivem no centro dela também são campo missionário. Quantos
condomínios fechados, grandes corporações, bairros nobres têm se tomado verdadeiras fortalezas para 0 avanço
do evangelho.
E importante conhecer as cidades e seus problemas, tanto geográfica como espiritualmente. Algumas cidades
têm conotação religiosa, outras conotação esportiva e outras conotação financeira. Quem nelas habita conhece-as
melhor. Cabe à Igreja aproveitar as oportunidades de grandes eventos, grandes aglomerações e realizar a tarefa
de evangelização urbana.
As cidades precisam ser cheias da doutrina cristã. Hospitais, escolas, empresas, meios de comunicação,
revistas, livros, programas de rádio, de TV, sites, outdoors, casas, ruas, vilas, todos precisam ouvir e receber
continuamente a mensagem do evangelho. Um dos alvos da Coca-Cola era que ninguém precisasse andar mais
de cem metros para beber um de seus produtos. Que ninguém precise andar mais de cem metros para receber a
mensagem de salvação.

4.2 MISSÕES NACIONAIS


° O crescimento do evangelho geralmente se dá de maneira desigual dentro de um determinado território.
Motivos históricos, culturais e até espirituais estão por trás desse fato. A verdade é que basta olhar o nosso
país como exemplo e encontramos regiões onde o evangelho predomina de maneira incontestável, com uma
densidade demográfica de evangélicos espantosa. Em outros lugares, no entanto, há um testemunho fraco e
pobre, muitas vezes não tão distantes daquele outro.

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A máxima de que o nativo é o melhor evangelista para os nativos é uma verdade. Ninguém entende melhor
um povo do que alguém do próprio povo. Ninguém melhor para entender o indiano do que 0 indiano. Ninguém
mais apto para evangelizar os africanos do que os africanos.
O célebre missionário E. Stanley Jones, que por muitos anos trabalhou na índia, insistia que não se devia
levar a eles a igreja, mas apenas Cristo. E os próprios indianos cuidariam do resto. Isso equivale a entregar a eles
mesmos a tarefa de evangelização de sua nação.
Um mapa religioso com estatísticas confiáveis é um instrumento essencial para qualquer povo que ama seu
país. Quais regiões são mais carentes? Quais cidades, estados, regiões possuem 0 menor número de crentes?
Como chegar a esses lugares? O que fazer? A quem enviar?
De certo modo, nunca se deve alegar que outros já estão trabalhando. A demanda é grande, e se diversos
grupos se concentrarem em uma mesma área e trabalharem juntos, a tarefa se tomará mais fácil e será levada a
termo bem mais rápido.

4.3 MISSÕES MUNDIAIS


O campo é 0 mundo, já dissera o próprio Senhor. Foi difícil para a igreja evangélica quebrar seus limites
geográficos e assumir a responsabilidade pela evangelização mundial. Hoje, mais do que nunca, ela tem procurado
cumprir essa tarefa. Talvez não na velocidade necessária nem na intensidade demandada, mas a evangelização
mundial tem sido levada a efeito por muitas igrejas, denominações e agências missionárias.
A chamada “janela 10/40”, que já tem sido reavaliada de muitas formas, denota claramente que a Igreja está
consciente do desafio de evangelização mundial. O mundo comunista sofreu um duro golpe e teve de abrir suas
fronteiras para o evangelho. Alguns baluartes ainda se sustentam aqui e acolá e são fonte de constante intercessão
e preocupação da Igreja. O mundo islâmico talvez seja o principal deles.
Independentemente de quais sejam os desafios, a própria globalização tem de certo modo facilitado a
visualização e a aplicação de estratégias. Já não é mais possível conviver com tanta abundância da Palavra de
Deus, enquanto a maior parte do mundo perece com carência dela. O fato de muitos povos não terem sequer uma
tradução das Escrituras tem trazido uma sensação de incômodo nos corações.
Assim, cada vez mais a Igreja foi percebendo a extensão da tarefa. A igreja protestante especificamente
despertou com William Carey para evangelizar as nações, trabalhando nas regiões litorâneas. Mais tarde Hudson
Taylor sentiu-se impulsionado a penetrar na grande China, fundando a Missão para o Interior da China, que
viria a despertar outros a penetrar no continente africano e em outras terras. Por fim veio a conscientização dos
chamados “povos não-alcançados”, grupos humanos que viviam em países e regiões onde o evangelho estava
presente, mas não chegara até eles. Dessa forma, cada vez mais o evangelho a todas as nações e a cada criatura
tem se tomado uma preocupação permanente de muitos.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 4
1) O que a Bíblia diz sobre o plano de Deus para o mundo?
2) Antes de alcançar o mundo, onde deve ser o primeiro campo missionário da Igreja?
3) O que significa a expressão “povos não-alcançados”?

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APOIO AOS MISSIONÁRIOS


Colocar um missionário em determinado campo já é um desafio. Sustentá-lo ali é um desafio ainda maior.
Pode ser muito traumático para um missionário ou sua família estar em um local distante de sua comunidade e
familiares, sob pressões econômicas e espirituais para as quais não estavam preparados. Mesmo os chamados
^“fazedores de tendas”, isto é, profissionais que trabalham no país ao qual foram enviados para se manterem e ao
mesmo tempo pregam o evangelho, precisam de suporte contínuo para concluir sua missão.
Esta sustentação envolve pelo menos três pontos principais, com os quais a agência ou igreja precisa se
preocupar.

5.1 ORAÇÃO
Alguém já disse que só os missionários oram pelos missionários. Talvez isso seja um tanto exagerado, mas a
verdade é que nem todos conseguem sentir o peso que é estar em uma terra estranha, com cultura diferente, longe
de familiares e entes queridos. Dificilmente o apoio de intercessâo acontecerá naturalmente, sem a interferência
de alguém que tenha a visão e conheça a necessidade do missionário.
Reuniões de oração, pedidos específicos de intercessâo, informações gerais devem partir continuamente do
campo para os sustentadores para que estes levem essas cargas diante de Deus. Só a eternidade poderá dizer
quantas dificuldades no campo missionário foram vencidas pela intercessâo fervorosa e sincera da comunidade
enviadora.
Dentro dos cultos ou da rotina diária da agência deve ser separado um tempo para batalhar em oração a
favor dos missionários. Muitas batalhas foram perdidas não pelas condições culturais ou econômicas, mas
principalmente pela falta de intercessâo.
Quando Paulo fala em levar as cargas uns dos outros, com certeza a carga dos missionários deve ser
incluída.

5.2 COMUNICAÇÃO
Telefone, rádio, e‫־‬mail e mesmo cartas são formas de manter a ligação entre a comunidade e o enviado.
Em nossa era de alta tecnologia é incoerente um missionário no campo permanecer sem contato com sua base.
Inúmeros recursos tecnológicos podem ser aplicados a fim de manter vivo o contato. Dependendo da situação,
pode até mesmo ser diário.
Informações do campo missionário devem circular amplamente na comunidade ou comunidades que estarão
prestando o suporte missionário. E com elas que será avaliado o sucesso do empreendimento e permitirão um
trabalho de intercessâo eficaz em favor do trabalho missionário.
As cartas paulinas continham relatórios de sua real condição, e por meio delas vemos que ele enviava pessoas
para comunicar às igrejas sua situação. Dessa forma, era possível conhecer o andamento do trabalho. Quando
retomavam para sua base missionária, ele e os seus companheiros forneciam relatórios sobre o resultado de seu
trabalho. Isso propiciava visão clara e possibilidade de apoio eficaz.

5.3 SUSTENTO FINANCEIRO


Temos que viver dentro de nossa realidade. Claro que em muitas épocas da Igreja ser missionário era estar
disposto a passar por certas privações que não aconteceriam se não estivessem no campo. Hoje, porém, na maioria

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dos casos, é possível enviar um missionário ao campo e organizar-se para um sustento financeiro suficiente e
permanente. Em alguns casos pode até mesmo ser algo básico, mas que lhe dê condições de realizar seu trabalho
sem desgastes desnecessários.
Mesmo os “fazedores de tenda” podem por vezes se achar em dificuldades. A agência ou igreja não deve
nunca permitir que sua condição econômica chegue a um ponto que prejudique seu trabalho.
O levantamento de fundos para um determinado missionário deve ser feito de modo a permitir uma visão
clara de sua situação, antes mesmo de enviá-lo. Enviar alguém e depois checar as condições de seu sustento não
é uma atitude sábia nem prudente.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 5
1) A sustentação de missionários envolve pelo menos três pontos principais, com os quais a agência ou igreja
precisa se preocupar. Quais são eles?
2) Em relação à comunicação, como o apóstolo Paulo agia?

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A CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA
Desenvolver no meio do povo de Deus uma consciência missionária é tarefa tanto da igreja como das
agências. Existem muitos meios para ensinar ao povo a importância desse ministério. Caso a igreja não receba
constantemente informação e exortação nesse sentido, perderá, sem dúvida, seu ardor e não poderá ser culpada
disso. Devem-se usar todos os meios possíveis para isso.
Em meio a um ambiente repleto da idéia de missões fica bem mais fácil lançar a semente. O apelo será
prontamente respondido, seja para ir, orar ou contribuir, pois o solo já foi preparado de antemão. Alguns grupos
chegam a fazer de missões sua principal razão de existência.
? Um grande exemplo que temos na história eclesiástica é o da igreja Morávia, surgida na primeira metade
do século XVIII, que foi uma grande potência missionária de sua época. A cada cinqüenta e oito membros,
um era enviado como missionário.5 Muitos irmãos moravianos chegaram a se vender como escravos para ter a
oportunidade de pregar 0 evangelho em outras nações. Se etes conseguiram tanto com muito menos recursos, o
que não pode realizar a Igreja hoje, que dispõe de tantos meios?
Dentre os recursos enviados para divulgar e ensinar missões podemos citar:

6.1 CONFERÊNCIAS MISSIONÁRIAS


Tem sido um grande instrumento para a propagação da visão missionária. Grandes eventos como estes, que
geralmente reúnem grandes palestrantes e pessoas ligadas ao mundo das missões, servem como força motriz
do movimento missionário. Experiências são repartidas, decisões são tomadas e novas diretrizes surgem com a
queda de paradigmas.
Não importa se as conferências têm um aspecto regional, denominacional, interdenominacional ou mundial.
Elas são frutíferas na medida em que seus participantes acreditam no que estão fazendo e procuram por na prática
o conteúdo delas. Geralmente são realizadas com t1ma periodicidade anual, mas mesmo assim isso não lhes
diminui a importância e os efeitos.

6.2 CULTOS MISSIONÁRIOS


Talvez com periodicidade e efeito menores, os cultos de missões têm a função de manter acesa a chama
inflamada nas conferências. Mesmo correndo o perigo de se tomar um modismo sem conseqüências reais para a
obra missionária, devem ser melhorados e não definitivamente extintos.
Nessa oportunidade, missionários podem narrar suas experiências, coisa que muitos deles talvez não tivessem
chance de fazer em uma conferência. Também a situação dos países pode ser exposta, permitindo que as
informações comovam os ouvintes e os levem a decisões práticas.
Também nessa ocasião o trabalho de intercessão pelos missionários e pela obra missionária em geral pode ser
levado a efeito. Em um clima de visão mundial, muitos servos se sentem participantes da grande obra do Reino
de Deus, muito além das paredes de sua congregação.

5 . M URRAY, A n d re w . A ch a ve para 0 p ro b le m a missionário. Minas Gorais; Horizontes, 1999, p. 35.

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M Ó DULO 5 I DOUTRINA DE MISSÕES

6.3 ESCOLA DOMINICAL


Incluir missões no currículo da Escola Dominical também é essencial. Junto com evangelismo e outros
assuntos afins, a obra missionária pode ser abrangida em seus aspectos teológicos e práticos.
A inclusão não deve ser limitada apenas às classes de adultos. Importa que as crianças desde cedo tenham
contato com a obra de missões, para que a semente plantada venha dar frutos quando em sua idade adulta.

6.4 CURSOS TEOLÓGICOS


A matéria de missões hoje faz parte do currículo dos cursos de teologia, mas nem sempre foi assim. Durante
muito tempo pensar em evangelizar outras nações parecia um absurdo sem igual. Os primeiros a tentar
introduzir tais idéias no meio acadêmico teológico enfrentaram dificuldades sem par. Os líderes não tinham uma
visão nesse sentido e achavam inútil tal disciplina. Graças a Deus as barreiras foram vencidas, e essa matéria não
só faz parte do conteúdo teológico de qualquer faculdade como também ganhou cursos específicos nesta área,
com treinamentos de alto nível, tanto teóricos quanto práticos.

6.5 PERIÓDICOS
Jornais e revistas de cunho missionário têm tido bastante sucesso, sejam eles restritos a uma denominação ou
não. É neles que as pessoas buscam informações sobre pessoas e campos missionários.
Apesar das dificuldades para sustentar uma revista específica de missões, quando é publicada toma-se uma
grande bênção para a causa de missões.

6.6 INTERNET
Não é preciso falar da influência da internet no mundo de hoje. As agências missionárias precisam ter um
site com grande capacidade de interação e usá-lo de forma hábil para angariar recursos, fornecer informações e
recrutar novos missionários.
Mesmo as igrejas que possuem site devem ter uma sessão de missões, onde sua visão sobre este aspecto
estaria exposta. Outros sites ligados à área de ensino também podem focar no tema, uma vez que o assunto é de
vital importância para a sobrevivência da Igreja.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 6
1) Quem deve desenvolver no meio do povo de Deus uma consciência missionária?
2) Como a igreja morávia separava os missionários?
3) Como a matéria de missões é vista dentro dos seminários?

CURSO DE TEO LO G IA
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PERFIL DO MISSIONÁRIO
Estar na função errada pode ser não só contraproducente, mas até traumático para uma pessoa. No caso do
missionário isso é uma verdade incontestável. Embora seja obrigação da igreja fazer chamados constantes para
que vidas se entreguem às missões, é também sua obrigação selecionar os que responderam, verificando sua
adequação à tarefa.
Alguns itens precisam ser verificados. Não há necessidade de esperar a avaliação de uma agência missionária,
embora esta tenha por obrigação fazê-la. Um pouco de sinceridade e bom senso será muito útil ao candidato para
responder a questão: eu tenho um chamado missionário? Vejamos algumas características.

7.1 CHAMADA ESPECÍFICA


Todo crente foi chamado por Deus para produzir frutos em sua obra, mas isso não quer dizer que esses frutos
serão no campo missionário. Excelentes pastores, evangelistas e mestres poderiam sufocar seu chamado se se
enredassem no campo missionário. O contrário também seria verdadeiro: bons missionários seriam péssimos
pastores ou mestres.
Não basta ter vontade; é preciso ter um chamado específico para missões, caso contrário a experiência pode
ser muito frustrante. A empolgação juvenil pode facilmente ser confundida com vocação. As formas do chamado
de Deus para cada um variaram de tempos em tempos e de lugar para lugar. Aqueles que aceitaram o desafio
com uma convicção inabalável de estar cumprindo uma incumbência divina venceram os piores momentos e não
retrocederam.

7.2 PREPARO ESPIRITUAL, TEOLÓGICO E PRÁTICO


Só o chamado não basta, assim como não basta à ferramenta ter sido preparada para determinado trabalho. É
necessário afiá-la e tomá-la adequada, por meio do uso e de constante manutenção. Assim como o músico nato
precisa de instrução e treino, o missionário chamado por Deus também precisa ser talhado para sua tarefa.
Se imaginarmos um soldado no quartel e um soldado no campo de batalha, teremos uma idéia de quão
importante é esse treinamento. No campo de batalha tudo é para valer. O melhor desempenho no quartel pode não
ser suficiente na hora do conflito. Falhas aceitáveis podem ser mortais. Há concessões que não serão possíveis
no campo.
Os cursos de treinamento missionário têm procurado ser o mais práticos possível, e em relação à parte teórica
têm procurado ser exatos, pois sabem quanto uma compreensão clara das situações podem ser vitais.

7.3 QUALIDADES
Embora seja difícil descrever quais devem ser exatamente as qualidades de um missionário, alguns pontos
precisam ser destacados. Claro que a ausência de uma ou outra virtude pode ser compensada pelas demais.
Não há como ser dogmático, principalmente tratando-se do ser humano. Muitos surpreenderam no campo. Um
conhecimento, porém, de algumas qualidades úteis não é nada mau.

Adaptabilidade - Pessoas com dificuldades de se adaptar a climas, culturas, modos de vida diferentes não se
sentirão bem caso tenham de ir a outros povos. Se essas dificuldades tiverem efeitos físicos, toma-se ainda mais

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complicado. Muitos missionários já tiveram de deixar o campo por não conseguirem abster-se de alguma comida
ausente na região. Quantos não foram vencidos pela falta do café ou de um determinado refrigerante! Adaptar-se
ao seu novo habitat é o primeiro desafio do missionário

Coragem - Coragem é necessária em qualquer lugar e para qualquer pessoa, não só para os que vão, mas
também para os que ficam. A questão é que o missionário está indo ao encontro do inusitado, do diferente,
do incomum. Não significa que todos os missionários terão de enfrentar índios antropófagos, homens-bombas
e cobras cascáveis. Seu contexto, porém, é um ambiente desconhecido, e ele precisa estar psicologicamente
preparado para isso.

Empreendedorismo - Enquanto fora do campo muita coisa ocorre naturalmente, dentro dele muitos caminhos
terão de ser abertos à força. Pioneirismo foi a marca de muitos missionários. Tentar fazer as coisas acontecerem,
usar meios até então não empregados exigem uma grande dose de criatividade e espírito empreendedor. Os
missionários tiveram um papel ativo na história do mundo.

Submissão - Nem todos são chefes de missões. Embora saibamos que a insubmissão não é um privilégio
de missionários no campo, a desobediência ao líder pode ser muito prejudicial, pois as vidas possuem uma
interdependência muito maior. O grupo se toma uma família de certo modo, e a ação de um terá sérios reflexos
nos outros. Saber obedecer é uma virtude que não pode ser dispensada.

Liderança - Saber ser liderado e saber liderar demonstra uma flexibilidade de caráter muito especial. Alguém
já disse que seguramente só manda quem aprendeu a obedecer. O missionário que aprendeu essa disciplina vai
exercer o controle sobre situações difíceis. Tanto companheiros de missão quanto convertidos precisarão de uma
voz de comando firme para conduzi-los.

Visão - O missionário está abrindo caminhos. As oportunidades não podem ser perdidas sem que haja sérias
conseqüências para o trabalho. Ele precisa reconhecer o talento e a capacidade de cada pessoa e empregá-los no
lugar certo. Necessita enxergar um problema que está se iniciando e cortar pela raiz. Claro que essa qualidade
também é necessária para qualquer líder em qualquer lugar do mundo. O campo, porém, exige-a de uma forma
ainda mais determinante.

Desprendimento - Amar pessoas e lugares por amor ao Senhor e ao seu Reino é uma coisa, mas apegar-se
de maneira a não conseguir deixá-los quando for necessário é outra totalmente diferente. O missionário não é
um insensível ou um asceta que suprime todos os seus desejos e sentimentos em favor de sua missão. E alguém
que tem amor suficiente a Deus e ao seu Reino para colocá-lo acima de qualquer outra coisa. Mesmo que uma
mudança seja dolorosa, ele a fará se esta for a vontade do Senhor.

7.4 VIDA ESPIRITUAL VIGOROSA


Os missionários terminam por adquirir um grande vigor espiritual, pois as próprias circunstâncias o exigem.
Vida de oração, de consagração e de disciplina cristã mais desenvolvida é algo sem o qual ele nada conseguirá.
“Sem mim nada podereis fazer”, disse o Senhor. E é no campo onde essa verdade se toma mais evidente.
Paulo, nosso grande exemplo de missionário no campo, nos oferece uma boa perspectiva sobre esse assunto
dizendo: “ ... em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de
morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com
varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens
muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos
gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em

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trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez. Além das
coisas exteriores, me orpime cada dia 0 cuidado de todas as igrejas” (2 Coríntios 11.2328‫)־‬
Sem vida com Deus não há vida nas missões. Sem oração não há poder, e sem poder não há realizações. Não
são apenas os gigantes espirituais que vencem, mas, com certeza, os anões espirituais não estão preparados para
as agruras que surgirão.
A pequena lista citada de modo algum esgota as exigências que repousam sobre aqueles que se envolvem com
missões. A prática se mostra muito mais exigente e por meio dela é que se descobre 0 que cada trabalho, campo
e situação necessitam.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 7
1) O que é preciso, além da vontade, para a obra missionária?
2) Cite três qualidades úteis na vida de um missionário.

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DIFICULDADES DO MISSIONÁRIO
Como todas as listas, esta também não é exaustiva. Alguns confrontos, porém, são bem conhecidos. Saber de
antemão alguns desafios que enfrentará permite que o missionário se prepare intimamente para eles, o que toma
mais fácil vencê-los.
A finalidade não é colocar medo ou levar alguém a desistir. Contudo, é necessária uma visão realista daquilo
que se enfrentará para responder ao seu chamado para missões. Talvez nem todos enfrentem tudo no mesmo
grau. Cada um terá mais dificuldade em determinados pontos. Em um contexto geral, esses são alguns desafios
do missionário.

8.1 A PRÓPRIA CHAMADA


Em relação a essa questão, podem surgir dúvidas. A natureza humana é de tal constituição que mesmo aqueles
que tiveram clara indicação de Deus podem se sentir incapazes, inadequados ou confusos. Moisés e Gideão
são exemplos de homens cujo chamado não foi garantia de convicção. Deus precisou argumentar e agir sobre
eles para que assumissem as missões que lhes estavam sendo confiadas. Todavia, os que são verdadeiramente
chamados irão triunfar em sua fé e aprenderão que, por mais clara que seja a sua vocação, ela não prescindirá da
necessidade da fé.

8.2 RECURSOS FINANCEIROS


Nem sempre a igreja poderá dispor de recursos para os missionários, mesmo porque pode não haver um único
para ser enviado. Dependendo do local, os custos podem ser muito elevados. Um sustento permanente é uma
carga a ser considerada, principalmente se a economia do país oscila muito.
Missionários “fazedores de tendas” têm sido uma saída honrosa para o problema. O que importa é levar esse
fator em conta. Viver pela fé não é algo que exclua a previdência. Por imaturidade, muitos que se arriscaram sem
ter uma fonte de sustento terminaram em situações embaraçosas.

8.3 MUDANÇA
Mudar de casa, de cidade, de Estado, do país, de clima e ou de idioma é um desafio para qualquer pessoa.
E um missionário pode ter até mesmo mais que uma mudança em um período de tempo relativamente curto.
Choques de todos os tipos, sejam eles culturais, climáticos ou mesmo gastronômicos, podem desestruturar o
obreiro.
Problemas de deslocamento, de adaptação de idioma, de adaptação alimentar, regiões salobras, com epidemias
e escassez são algumas das situações que o missionário pode enfrentar ao mudar de país.

8.4 FAMÍLIA
Se o missionário é solteiro, isso pode ser um problema grave. A solidão experimentada em um campo
missionário é de uma categoria muito superior àquela experimentada em situações normais. A distância dos
familiares e amigos, a ausência de um grupo familiar próprio são desafios a ser vencidos.

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Se está no campo com sua própria família, os problemas são de outra natureza. Algumas mulheres vão para o
campo sentindo-se tão chamadas quanto os maridos. Outras, em sua fidelidade de esposa, concordam em ir, mas
sua disposição mental é outra. Falta-lhes, muitas vezes, a estrutura espiritual necessária para estar ali e suportar
a situação.
Criar filhos no campo é outro desafio para o missionário. Sejam eles muito novos ou adolescentes, podem não
possuir estrutura e maturidade para encarar certas circunstâncias. Não é incomum missionários retomarem do
campo por causa dos filhos ou enviarem os filhos para outro lugar para estudarem. Envolver filhos e esposa no
chamado é uma necessidade para aqueles que pretendem continuar em família no campo missionário.

8.5 RELACIONAMENTO COM OUTROS


É evidente que uma equipe missionária é melhor do que um único missionário em um campo. Melhor é serem
dois do que um, dizem as Escrituras (Eclesiastes 4.9), e dez melhor do que dois. Não há contestação para esta
verdade.
Todavia, certos embates, que são comuns na vida em sociedade, podem ter conseqüências mais graves em
um campo. Divergências de opinião são normais, mas elas podem romper a comunhão em um ambiente que por
si só exige união de forças. Se em nosso país a divisão de uma casa a derruba, no campo missionário a devasta.
O estresse do meio pode ser uma pressão muito forte nos relacionamentos e criar desgastes muito prejudiciais.
Cabe ao missionário buscar sabedoria de Deus para que os relacionamentos pessoais não venham impedir o êxito
de sua missão.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 8
1) Cite três dificuldades que qualquer missionário poderá enfrentar ao se dispor para a obra missionária.
2) Faça um comentário pessoal sobre as dificuldades do missionário expostas nesse capítulo.

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MISSÕES TRANSC U LTURA IS


Existem mais de 220 países no mundo, e fazer com que a Palavra de Deus seja pregada em cada um deles
já é um desafio muito grande. Todavia, o desafio da Igreja é na verdade ainda maior. O apóstolo João viu “uma
multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do
trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos" (Apocalipse 7.9).
Tribos, povos e línguas é uma especificação muito maior do que simplesmente nações. Existem pelo menos
16.750 grupos étnicos definidos como ocultos, os chamados povos não-alcançados. Cada vez mais os pensadores
de missões se conscientizam de que 0 trabalho missionário deve se concentrar sobre esses grupos. Se quisermos
atingir o alvo de “cada criatura" estabelecido em Marcos 16.15 é necessário alcançar esses grupos, que muitas
vezes estão dentro de nações ou mesmo de regiões bem evangelizadas. Os grupos indígenas no Brasil são um
bom exemplo.
Olhando por este prisma, o grande desafio são as missões transculturais, isto é, a pregação do Evangelho em
culturas diferentes da nossa. Não se trata apenas de um deslocamento geográfico em direção a algum lugar, mas
de um deslocamento que inclui mudança de comportamento, de formas de pensamento, de padrões.
Missões transculturais envolvem, entre outras coisas:

9.1 DIFERENÇAS CULTURAIS


Alguns estudos apontam pelo menos sete pontos nos quais uma cultura difere da outra:

1. Cosmovisão - E a percepção básica de como as coisas são e de como chegaram a ser dessa forma.

2. Sistema de valores - As coisas não têm o mesmo grau de importância em povos distintos. Essa escala pode
sofrer grande variação.

3. Normas de conduta - A maneira de se vestir é um bom exemplo. O que é decente em um lugar pode ser
vergonhoso em outro.

4. Formas lingüísticas - Talvez uma das maiores barreiras para as missões transculturais. Muitas línguas são
apenas orais, não tendo nenhum registro escrito.

5. Sistema social - Um exemplo conhecido seriam as castas da índia, divididas em inúmeras subcastas com
seus próprios padrões e normas. Isso dificulta a transmissão do evangelho.

6. Formas de comunicação - Gestos e atitudes que indicam algo bom em uma cultura podem ser uma ofensa
em outra. Não conhecer essas formas de comunicação pode comprometer seriamente uma missão.

7. Processo cognitivo - A maneira como um povo adquire conhecimento e forma seus conceitos também
varia. O missionário precisa saber que meios são esses para utilizá-los em favor da transmissão do
evangelho.

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9.2 CHOQUE CULTURAL


Choque cultural é como um choque térmico. Neste a mudança de temperatura provoca uma reação no corpo.
Naquele a reação pode ser sobre o ser inteiro. Gostos, conceitos, comportamento, manias, tudo isso causa
estranheza, pois achamos que a nossa cultura é padrão mundial, até entrar em contato com outras culturas.
Imagine comer aranha, dormir em rede, tomar banho uma vez por mês, pegar a comida com as mãos. Diriamos
que isso não é civilizado, como se a única civilização existente fosse a nossa ou como se ela fosse o padrão para
todas. Imagine que em um determinado idioma uma mesma palavra pode significar tolo e chefe, dependendo da
entonação usada. Até mesmo a ausência de algum tipo de alimento pode causar estranheza, como tem acontecido
com a falta de café ou refrigerante.
E muito imprudente mudar-se para uma cultura antes de conhecê-la. Em um mundo repleto de informações,
isso não é necessário. Certo grupo missionário veio dos EUA para uma grande cidade do litoral paulista, trazendo
grande quantidade de comida enlatada e lanternas grandes com batería, acreditando que iria encontrar escassez
de comida e ausência de luz elétrica. Encontraram uma cidade com shopping centers e hipermercados.

9.3 ADAPTAÇÃO
Comer a comida de um povo é uma ação muito mais eficaz do que dizer que o ama. Vestir suas roupas,
falar bem sua língua, participar de sua vida, enfim, identificar-se com esse povo é essencial para todo aquele
que respondeu a um chamado para missões transculturais. Quando Hudson Taylor, fundador da Missão para 0
Interior da China, deixou 0 cabelo crescer e vestiu roupas chinesas, escandalizou a missão que o enviou. Mal
sabiam que sua atitude era revolucionária em termos de missões.
Deus tomou a forma humana e assumiu uma vida terrena completa, em todos os seus aspectos, para poder
mostrar ao homem a veracidade do seu amor. O missionário transcultural deve seguir os passos de Jesus
identificando-se o máximo possível com a cultura do povo hospedeiro, sem contaminar-se com aquilo que
comprometería a pregação do evangelho.
Mesmo que essa adaptação seja progressiva, quanto mais integral ela for, melhor. Esse gesto, com certeza,
comoverá e derrubará inúmeras barreiras, facilitando a obra de Deus.

9.4 LIDERANÇA NATIVA


Mesmo que um missionário se integre à cultura hospedeira, continuará sendo um estranho. Pode se fazer
extremamente amado pelo povo, e mesmo assim será visto como alguém de fora.
Treinar uma liderança nativa é estratégia vital para o desenvolvimento da obra transcultural. Ainda que a
princípio essa liderança fique sujeita ao missionário, a aceitação da mensagem será muito maior por parte do
povo, que terá líderes escolhidos dentre eles mesmos. Mais tarde a liderança pode passar completamente para a
mão dos nativos sem que haja qualquer tipo de perda.
Na verdade essa transferência da liderança do missionário para o nativo aconteceu em diversas partes
do mundo, algumas vezes por não se tratar de algo planejado. O medo de os nativos não terem êxito, a falta
de confiança, a maturidade dos convertidos que se sentiam capazes de se reger a si mesmos e outros fatores
provocaram discórdias. Por fim, a obra de Deus tem seguido seu curso em cada cultura, muitas vezes com mais
êxito que os missionários.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 9
1) Qual é a quantidade de grupos étnicos, definidos como ocultos, que ainda não foram alcançados pelo
evangelho?
2) O que significa o termo “cosmovisão”?
3) Cite um exemplo de sistema social que dificulta a transmissão do evangelho.

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DESAFIOS M ISSIO NÁRIO S


DE NOSSO T E M P O
Os especialistas em missões acreditam que a evangelização do mundo é uma tarefa realizável. Isso não quer
dizer que seja fácil ou que esteja sendo realizada no momento. Apenas querem dizer que com comprometimento
e ações corretas é possível levar o evangelho a cada pessoa da Terra antes da volta do Senhor. Dentre os desafios
a serem vencidos para atingir esse alvo temos:

10.1 A APATIA DA IGREJA


Ter a faca e o queijo na mão não é suficiente. E necessário desejar comê-lo. Mesmo que não houvesse
qualquer barreira para a realização da evangelização mundial é necessário que a Igreja esteja disposta a fazê-lo.
Em muitos lugares o fervor missionário diminuiu ou até desapareceu. E preciso recuperá-lo onde foi perdido e
desenvolvê-lo onde nunca houve.

10.2 CARÊNCIA DE OBREIROS


A seara continua grande e os obreiros continuam poucos. As dificuldades no campo missionário são
desestimulantes para uma grande maioria. Vinde e sofrei não é o tipo de chamado que conta com muitas respostas.
Infelizmente, renúncia a uma situação de conforto nem sempre é uma atitude que muitos desejam fazer.

10.3 RECURSOS FINANCEIROS


O meio urbano que consegue angariar recursos nem sempre está disposto a usá-los em empreendimentos
arriscados. Muitas vezes são necessários muitos anos de investimento missionário para que haja algum retomo
em termos de salvação de almas. Isso tira o incentivo da igreja para investir em missões.
Países mais pobres, ainda que possam ser mais fervorosos e experimentar avivamentos frequentes, se vêem
na dificuldade de sustentar missionários no campo.

10.4 AS GRANDES RELIGIÕES MUNDIAIS


Muitas religiões mundiais têm tido um surto de “missionarismo” e procurado expandir sua mensagem além de
suas fronteiras. Um exemplo disso é 0 movimento Hare Krishna, um ramo do hinduísmo que investiu no Ocidente
e conseguiu êxito em diversas frentes. Além de conquistar espaço em lugares onde antes não trabalhavam, essas
religiões ainda bloqueiam a ação da Igreja em seus próprios países, não permitindo a conversão ou colocando
muitas dificuldades para que ela não aconteça.

10.5 SECULARISMO
Países e regiões que antes eram verdadeiros baluartes do evangelho se tomaram apáticos a qualquer tipo de
religião. Além da decepção com a crença tradicional de seus pais e com o comportamento religioso de muitos
líderes, a segurança financeira e a estabilidade política proporcionam uma sensação de tranqüilidade que procura
deixar de fora qualquer preocupação com questões espirituais. Dentro dos estudos estatísticos, os sem religião
são um grupo em crescente crescimento em qualquer parte do mundo.

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10.6 OS PAÍSES HOSTIS


Alguns países são contrários à entrada de missionários de qualquer espécie. “Fazedores de tendas” têm sido
bastante eficazes nesses casos.

10.7 O CRESCIMENTO POPULACIONAL


Existem mais pessoas hoje do que todas as pessoas juntas somadas desde que o homem foi criado. Essa
explosão resulta em problemas sociais incontomáveis. Se a força missionária não for crescente ou multiplicar
sua eficácia, jamais será capaz de atender à necessidade de evangelização dessas vidas.

10.8 AS BARREIRAS CULTURAIS E LINGÜÍSTICAS


Já vimos as implicações em um trabalho transcultural. Em uma escala mundial as dificuldades são multiplicadas.
Muitas barreiras etnolingüísticas precisam ser transpostas de forma eficaz. Dependendo do critério adotado, os
grupos culturais distintos podem atingir milhares.

10.9 A JANELA 10/40


Este conceito, muito utilizado em missões, estabelece uma região entre os paralelos 10 e 40 que concentra
diversas nações do norte da África, Oriente Médio e Ásia. Nesta região estariam os países mais populosos e
menos evangelizados do planeta, sendo que muitos estão dominados pelo islamismo, sem qualquer abertura para
a atuação de missões. Uma verdadeira fortaleza contra o Reino de Deus. Tanto o trabalho de intercessão quanto
o de ações missionárias têm visado essa região, conscientes do desafio que ele representa ao cristianismo e à
Grande Comissão.

10.10 A CULTURA PÓS-MODERNA


O respeito excessivo pela diversidade tem levado à condenação de qualquer tentativa de conversão por
parte do cristianismo. A ênfase exclusivista do evangelho soa como agressão a outras culturas e suas formas
de pensamento. Estamos vivendo o paradoxo da extrema intolerância com qualquer tipo de intolerância. Em
alguns lugares o proselitismo é crime por motivos religiosos. Em outros, é crime por motivos ideológicos. Uma
perseguição ao cristianismo de forma discreta tem sido feita em muitos países que carregam o título de cristãos.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 10
1) Cite cinco desafios missionários de nosso tempo.
2) Qual é a região geográfica conhecida como jan ela 10/40?

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faculdade teológica betesda
Moldando vocacionados

AVALIAÇÃO - M Ó D U LO V
D O U TR IN A DE MISSÕES
1) Jesus confiou a seus discípulos a tarefa mais extraordinária que jamais se confiou a um grupo de seres
humanos. Qual foi essa tarefa?

2) Como ficou dividido o mundo habitado entre os discípulos do Senhor de acordo com Eusébio de
Cesaréia?

3) Quais foram os dois elementos decisivos para o crescimento da Igreja Primitiva?

4) O crescimento do evangelho geralmente se dá de maneira desigual dentro de um determinado território


nacional. Quais seriam os motivos que determinam este fato?

ê) Quem deu um grande exemplo de evangelização na história eclesiástica na primeira metade do século
XVIII?

6) O que significa o termo “missionários fazedores de tendas”?

7) Cite um exemplo de “normas de conduta” dentro da perspectiva transcultural.

8) Cite três desafios missionários de nosso tempo.

9) Os estudos estatísticos revelam que existe um grupo religioso em progressivo crescimento em qualquer
parte do mundo. Qual é esse grupo?

10) Onde se encontram os países mais populosos e menos evangelizados no planeta?


EVANGELISMO ESTRATÉGICO
SUM ÁRIO
1. DEFINIÇÃO DE TERMO ..........................................................................................................................41

2. BASES BÍBLICAS PARA O EVANGELISMO........................................................................................42


2.1 OS QUE MORREM SEM CRISTO ESTÃO ETERNAMENTE PERDIDOS..................................... 42
2.2 O INFERNO É REAL.............................................................................................................................. 42
2.3 JESUS É A ÚNICA SALVAÇÃO............................................................................................................ 42
2.4 DEUS TORNOU O EVANGELHO PESSOAL.......................................................................................43
2.5 A IGREJA FOI INSTITUÍDA PARA PREGAR O EVANGELHO.......................................................43

3. MÉTODOS EVANGELÍSTICOS ..............................................................................................................44


3.1 ONDE EVANGELIZAR .......................................................................................................................... 45
3.2 TEMPO DE EVANGELIZAR ................................................................................................................. 46

4. ALCANÇAR OS NÃO-ALCANÇADOS .................................................................................................. 47


4.1 SEMEIEEMABUNDÂNCIA..................................................................................................................... 47
4.2 SEMEIE COM CONFIANÇA.................................................................................................................47
4.3 SEMEIE COM PERSEVERANÇA........................................................................................................ 47
4.4 SEMEIE COM ORAÇÃO E LÁGRIMAS ............................................................................................. 47
4.5 SEMEIE NO PODER DO ESPÍRITO .....................................................................................................47
4.6 SEMEIE COM PAZ ................................................................................................................................. 48
4.7 SEMEIE NO LUGAR CERTO................................................................................................................. 48

5. EVANGELISMO É MÉTODO .................................................................................................................49


5.1 AS PESSOAS MADURAS PARA A SALVAÇÃO...............................................................................49
5.2 PESSOAS CURIOSAS ........................................................................................................................... 49
5.3 OS DESCONHECIDOS .......................................................................................................................... 50

6. ORAÇÃO E EVANGELISMO .................................................................................................................. 51


6.1 PREPARE UM CADERNO DE ANOTAÇÕES.......................................................................................51
6.2 A ORAÇÃO É ESSENCIAL PARA A SALVAÇÃO DE ALMAS........................................................52
6.3 UM OBSTÁCULO À ORAÇÃO............................................................................................................. 52

7. CARACTERÍSTICAS DO GANHADOR DE A LM A S.......................................................................... 54


7.1 TER EXPERIÊNCIA REAL COM CRISTO........................................................................................54
7.2 TER COMPAIXÃO PELOS PERDIDOS .............................................................................................. 54
7.3 CONHECER A PALAVRA ..................................................................................................................... 55
7.4 SER HOMEM DE ORAÇÃO ...............................................................................................................55
8. PROGRAMAS DE EVANGELIZAÇÃO................................................................................................... 57
8.1 VISÃO ESPIRITUAL................................................................................................................................ 57
8.2 DEUS CONTA COM TODA A SUA IGREJA.......................................................................................58
8.3 DEDICAÇÃO ...........................................................................................................................................58

9. EVANGELIZAÇÃO REGULAR EM UMA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA............................. 59


9.1 EVANGELIZAÇÃO DE CASA EM C A SA .......................................................................................... 59
9.2 EVANGELIZAÇÃO NO TEMPLO .......................................................................................................61

10. A PREGAÇÃO EVANGELÍSTICA ..........................................................................................................62


10.1 ILUSTRAÇÕES ..................................................................................................................................... 63

11. EVANGELISMO DE SEITAS...................................................................................................................... 64


11.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA O TRABALHO DE EVANGELIZAÇÃO DE SEITAS..................... 65

12. EVANGELIZAÇÃO DE CRIANÇAS..........................................................................................................67


12.1 INFLUÊNCIA DOS PAIS ...................................................................................................................... 67
12.2 INFLUÊNCIA DOS PROFESSORES .................................................................................................. 67
12.3 INFLUÊNCIA DOS AMIGOS .............................................................................................................67

REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................... 69
MÓDULO 5 IEVANGELISMO ESTRATÉGICO

D E FIN IÇ Ã O DE TE R M O
A palavra “evangelho” vem do termo latino evangeliu, que, por sua vez, vem da palavra grega euaggelion, que significa
“boa nova”. Ao acrescentar o sufixo “ismo” (de origem grega) ou “ação” (de origem latina) surgem as palavras evangelismo
e evangelização, que traduzem igualmente a palavra grega euaggelizo , “trazer boas notícias, anunciar boas novas”.
Portanto, apesar de algumas tentativas de distinguir entre estes dois termos, não há diferença essencial, pois têm a
mesma origem. Ambos efetivamente se referem ao anúncio do evangelho, isto é, das boas novas que Deus ressuscitou
Jesus de entre os mortos. Daí a vital importância da evangelização neotestamentária, pois a igreja que deixar de ser
evangelística não demorará a deixar de ser evangélica.
O evangelismo, ou a evangelização, no cerne, envolve o anúncio da intervenção de Deus na história humana,
especificamente a ressurreição de Jesus de Nazaré de uma morte por crucificação, uma pena que lhe foi atribuída por
tnotivos políticos e religiosos. Com exceção de quatro, todas as principais religiões do mundo baseiam-se em meras
afirmações filosóficas, e somente 0 cristianismo postula um túmulo vazio para seu fundador. Abraão, o pai do judaísmo,
morreu por volta de 1900 a.C., mas jamais se disse que tivesse ressuscitado.
O sermão de Pedro no dia de Pentecostes foi completamente baseado na ressurreição. Sendo assim, a ressurreição
apresenta uma explicação para a morte de Jesus, como foi profeticamente prevista, testemunhada pelos apóstolos, causa
primária do derramamento do Espírito Santo e principalmente o motivo de evangelização.
Portanto, o evangelismo possui essencialmente um caráter narrativo, promissório e histórico. Como anúncio é uma
narração. É um relato feito por testemunhas e assim é uma atividade verbal e pessoal. Por isso no Novo Testamento a
atividade evangelística que mais se sobressai é o testemunho (Atos 5.32; 1 Coríntios 15.511‫)־‬. Entretanto, por envolver o
testemunho, o evangelismo não é meramente subjetivo, relativo à experiência de cada um. Baseia-se na realização historica
de promessas específicas feitas no Antigo Testamento a respeito de um novo período na história humana demarcada pela
vinda do Messias. Essas promessas também se destacam no evangelismo (Atos 2.25-32; 3.18,24; 1 Coríntios 1534‫)־‬.
O evangelismo é um anúncio pessoal no sentido de ser transmitido por pessoas transformadas pelos evenioe narrados
na mensagem proclamada, mas também é histórico. Por mais pessoal que seja a mensagem, ela possui um conteúdo
essencial, sem o qual não seria mais evangelística. E esse conteúdo se refere à crucificação e à morte de uma pessoa
que viveu e morreu de fato e foi ressuscitada por Deus (Atos 2.23; 5.30; 10.39; 13.29; Deuteronâmio 212223‫ ;־‬Gálatas
3.10-13; 1 Pedro 2.24). Portanto, há características essenciais no evangelismo, que é o anúncio das promessas divinas
realizadas na morte e na ressurreição de Jesus de Nazaré.
*Além disso, pode-se acrescentar um pré-requisito necessário ao evangelismo; a exigência do arrependimento e fé
(Atos 2.38; 3.19; 10.43; e 13.38-39). É necessária a disposição e a decisão de abandonar a velha maneira egoística de
viver e igualmente deve-se pôr a confiança e a fé em Jesus, o Deus que salva. Tal mudança de rumo é demonstrada pelo
batismo, que, nas palavras de Paulo, ilustra a morte da vida anterior e o nascimento da nova vida em Cristo (Romanos
6.4). Assim, Deus estabelece um pacto pessoalmente com o convertido. Mas “pacto pessoal” não deve ser entendido
de um modo individual. Todavia, não existe salvação mecânica, automática e isenta de fé pessoal por parte do resto
da família, mas como promessa de cercar essa família com as bênçãos de que tal fé pessoal que propicia um ambiente
favorável para cada um assumir seu compromisso com Deus no momento oportuno.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 1
1) O que significa a palavra evangelismo?
2) O que envolve 0 evangelismo ou evangelização no cerne?

CURSO DE TE O LO G IA 41
M Ó D U L O 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

BASES BÍBLICAS PARA


0 EVANGELISM O
‫ ן‬A base bíblica para o evangelismo se encontra, na verdade, na promessa de Deus de resgatar o homem caído
por meio da descendência de Eva, proferida logo após a queda do ser humano no pecado, como está escrito: “E
porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás
o calcanhar” (Gênesis 3.15). Mas em termos de uma divulgação do evangelho pelos cristãos, as origens do
evangelismo se encontram na Igreja Primitiva.
À luz das Escrituras Sagradas, não há dúvidas de que a missão da Igreja está vinculada à evangelização.
A Igreja é a instituição de origem divina que existe para promover e propagar o Reino de Deus por meio da
evangelização, tendo em vista a salvação dos pecadores e fazer deles discípulos de Jesus Cristo.
A Bíblia apresenta os cristãos como portadores de Boas Novas. Somos mensageiros de Deus para as pessoas
que “estão mortas em seus delitos e pecados”. Elas devem conhecer Jesus, ou estarão perdidas para sempre.
Desejamos despertar você, amado leitor, para alguns pontos essenciais em relação ao evangelismo pessoal.

2.1 OS QUE MORREM SEM CRISTO ESTÃO ETERNAMENTE PERDIDOS


Não haverá uma segunda chance para ninguém. Não haverá reencamação, nem purgatório, nem perdão para
aqueles que viveram sem Cristo. Os que morreram na incredulidade e na rebeldia a Deus estão definitivamente
perdidos, não há como resgatá-los, pois declaram as Escrituras: "... aos homens está ordenado morrerem uma
vez, vindo depois disso o juízo...” (Hebreus 9.27).
Se algo não for feito em vida pelo indivíduo em favor da salvação de sua alma, nada poderá ser feito
posteriormente, por ele ou por qualquer outra pessoa, que seja eficaz para alterar a sua condição.

2.2 O INFERNO É REAL


Se o fogo neste mundo é um suplício terrível, que diremos de um fogo eterno que não se apaga? Você já parou
para meditar no horrível sofrimento eterno? Já queimou o dedo alguma vez? Pense agora nessa dor prolongada
por todo o corpo, multiplicada muitas vezes em intensidade e para sempre E você terá uma idéia do que tem
aguardado tantas vidas. Se cada crente passasse um minuto no inferno, passaria o resto de sua vida lutando para
levar as almas aos céus.
A doutrina do infemo etemo é ensino claro das Escrituras. Nossos sentimentos e conceitos pessoais não são base para
crenças nas realidades pessoais. Se cremos na Bíblia, conseqüentemente teremos de crer no infemo, pois está escrito: “E
a fumaça do seu tormento sobe para todo 0 sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite...” (Apocalipse 14.11).

2.3 JESUS É A ÚNICA SALVAÇÃO


Ninguém é suficientemente bom para merecer a salvação. Nenhuma boa obra, nenhum santo, nenhuma
religião, nenhuma cerimônia pode livrar os homens da condenação eterna no infemo. A menos que alguém
se arrependa de seus pecados e creia em Jesus Cristo de todo 0 seu coração e alma, ele estará completamente
perdido.
Jesus não é um caminho para a salvação. Ele é o Caminho exclusivo, sem o qual o homem não chega ao Pai
(João 14.6). Aos olhos de Deus só existem duas classes de pessoa: as que estão “em Cristo” e as que estão “sem
Cristo”.
A Bíblia deixa muito claro que Cristo veio para salvar os pecadores, como se pode ler: “Ide, porém, e aprendei

42 CURSO DE TE O LO G IA
M Ó D U L O 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores,
ao arrependimento” (Mateus 9.13). Tomar esta oferta graciosa conhecida a todos, em toda parte, é nossa tarefa
principal. É muito importante que todos os negócios e afazeres, em comparação, sejam insignificantes.

2.4 DEUS TORNOU O EVANGELHO PESSOAL


Quão maravilhoso é que Deus escolheu nos abordar com o seu amor, e não mediante a pressão do seu poder.
A natureza da salvação não pode ser transmitida por meios físicos, herança genética, absorção de certos hábitos.
O pecado é o problema humano básico, que afasta todos os seres humanos do amor do Pai. Cristo veio à Terra
para provar 0 amor condicional de Deus por nós, como disse 0 apóstolo Paulo: Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação”
(2 Coríntios 5.19). Apesar de Jesus ter, muitas vezes, curado os corpos das pessoas, sua prioridade era salvá-las
do poder do pecado.

2.5 A IGREJA FOI INSTITUÍDA PARA PREGAR O EVANGELHO


Os anjos não podem pregar o evangelho. O governo não tem interesse em pregar o evangelho. As escolas não
foram construídas para pregar o evangelho. As grandes empresas não visam transformar as pessoas, seu objetivo
é o lucro. Somente a Igreja de Jesus Cristo foi comissionada para pregar o evangelho. Não podemos esperar em
nenhum outro grupo ou instituição, pois não possuem o chamado e a capacitação de Deus para isso. Se nós não
formos buscar as almas perdidas, ninguém o fará. Foi sobre nós que Deus lançou esta responsabilidade.
Diante desse quadro, o que você vai fazer? Como você vai reagir? A Igreja é você. O chamado de Deus
é para você. Independentemente de sua idade, de seu grau de instrução, de seu nível social, de seu tempo de
conversão.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 2
1) Onde se encontra a base bíblica para evangelismo?
2) De acordo com as Escrituras, quem são os portadores das Boas Novas?
3) Cite três pontos essenciais quanto ao evangelismo.

CURSO DE TE O LO G IA 43
M Ó D U L O 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

M ÉTO DO S EVANGELÍSTICOS
Não são as oportunidades que faltam para o evangelismo, mas sim a vontade de ganhar almas. De inúmeras
formas podemos realizar esta tarefa, sem necessidade de profundidade teológica ou microfone. Se observarmos na
*Bíblia, como começar a tarefa de evangelização, podemos enumerar várias maneiras que os primeiros discípulos
usaram para alcançar as almas perdidas: pregação nas sinagogas, pregação ao ar livre, evangelização nos lares.
Hodiernamente, podemos alcançar as almas da seguinte maneira:

1‫ ־‬Utilizando métodos específicos:


a) Método direto (Atos 8.30-35; Mateus 16.13,15; 21.40)
b) Método indireto (Atos 3.1-26; 17.15-34)
c) Método da literatura (João 20.31)
d) Métodos diversos (João 3.1-21)

2- Apresentando a mensagem de maneira apropriada:


a) Aproximar-se das pessoas no plano que se encontram (Mateus 11.19)
b) Ser atencioso (João 4.18)
c) Usar o tato (1 Coríntios 9.19-22)
d) Falar com convicção (Atos 27.25; 2 Timóteo 1.12; João 9 .2 5 )
e) Nunca discutir (2 Timóteo 2.24-25)
f) Ser positivo (Atos 16.31)
g) Usar sabedoria (Provérbios 11.30; Daniel 12.3)
- Devemos usar a sabedoria divina:
Na aproximação das pessoas (Romanos 10.8-9)
Nas palavras a pronunciar (Mateus 10.16)
Nos métodos a utilizar (Tiago 1.5-6)
h) Dar ênfase ao Senhor e nunca à Igreja (Atos 9.12; João 14.6)
i) Ter conhecimento da Palavra de Deus (2 Timóteo 2.15; 3.15)
j) Ter vida vitoriosa (Romanos 12.1-2; 1 João 5.4; Gálatas 2.20)
k) Fazer diagnóstico e aplicar o remédio (Marcos 10.17-21)
l) Ter perseverança (Eclesiastes 11.6; Tiago 5.6)
m) Depender totalmente do Espírito Santo (Atos 1.8)
n) Enfatizar a maior necessidade (João 3.1-3, 5)

3- Cooperando de diversas maneiras:


a) Orando (Efésios 6.19; Colossenses 4.3; 2 Tessalonicenses 3.1)
b) Contribuindo (2 Coríntios 9.6-11; 1 Coríntios 9.7-14)
c) Propagando este trabalho
d) Incentivando os que já fazem este trabalho (2 Timóteo 4.5)
e) Incentivando os que não fazem a fazerem este trabalho (1 Pedro 2.9)
f) Elaborando e selecionando literatura apropriada (1 Coríntios 7.7; 1 Pedro 4.10)
g) Traduzindo línguas e dialetos (Marcos 13.10; 16.15; Mateus 9.35).

44 CURSO DE TE O LO G IA
M Ó DULO 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

3.1 ONDE EVANGELIZAR


Disse Jesus: e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos
confins da terra” (Atos 1.8). Com base neste texto bíblico, podemos identificar e situar o campo do ganhador de
almas nos seguintes lugares:

1- Para o crente em particular - “Jerusalém”


a) A casa onde reside - Evangelizaçâo de familiares
b) A rua onde mora - Evangelizaçâo de vizinhos
c) O transporte que utiliza ‫ ־‬Evangelizaçâo de passageiros
d) O local onde trabalha - Evangelizaçâo de companheiros
e) A escola onde estuda - Evangelizaçâo de colegas
f) O local onde faz suas compras ‫ ־‬Evangelizaçâo de conhecidos
g) O templo onde congrega ‫ ־‬Evangelizaçâo de visitantes
h) As visitas que faz ‫ ־‬Evangelizaçâo de parentes, colegas...

2- Para a Igreja local- “Jerusalém, Judéia e Samaria”


a) O bairro onde se localiza
b) A cidade onde se situa
c) Os locais circunvizinhos
d) Os locais de aglomeração
e) Os estabelecimentos de ensino
f) As casas de saúde
g) Os locais de diversão
h) Presídios e casas de detenção
i) Religiões e seitas
j) Grupos étnicos diversos
k) Os desviados
l) Os grupos abastados
m) Áreas carentes de nossa pátria

3- Para a Igreja universal - “Confins da terra”


a) Todo o mundo (Marcos 16.15)
b) Todas as nações (Mateus 28.19)
c) Toda a criatura (Marcos 16.15)
d) Todas as gentes e raças (Marcos 13.10)
e) Todas as aldeias (Mateus 9.35)
0 Em todo o lugar (Atos 17.30)
g) Confins da terra (Atos 1.8)

4- Resumindo, 0 crente pode ganhar almas


a) Em sua casa (1 Timóteo 5.8)
b) Entre familiares (Lucas 8.39)
c) Entre colegas (João 1.4145‫)־‬
d) Nas conduções (Atos 8.27, 31)
e) Nas praças (Atos 17.17)
f) De casa em casa (Atos 20.20)
g) Em todo lugar (Atos 17.30)

CURSO DE TEO LO G IA 45
M ÓDULO 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

0 campo do ganhador de almas é o mundo (João 4.35; Lucas 8.4-15). Cristo ordenou: "Erguei os olhos e vedes os
campos‫ ״‬. Dar uma rápida olhada nos “campos" dos mais de dois bilhões e meio de pessoas não alcançadas é assustador.
A simples matemática envolvida leva-nos a concluir que não é suficiente apenas ir a um campo missionário, ou
enviar alguma outra pessoa, nem mesmo é suficiente ir a um campo missionário e dar início a umas poucas igrejas.
A obediência à Grande Comissão implica que temos que enviar aqueles que dão início a um grande trabalho e que
crescerão e multiplicarão normalmente, e assim por diante, até que se alcancem grandes áreas populacionais.
Cristo ordena observação cuidadosa dos campos. Paulo sabia muito bem qual era sua própria "esfera" de
ministério (2 Coríntios 10.12-16). Sabia que tipo de igreja desejava fiindar e onde desejava fundá-la. Possuía
uma idéia clara acerca do seu próprio ministério (responsabilidade para com sua missão com Deus). Assim deve
ser cada cristão na obra da evangelização do mundo.

3.2 TEMPO DE EVANGELIZAR


A Bíblia diz que "... há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3.1), mas quando se trata de
ganhar almas, as Escrituras são enfáticas declarando:
1 - Agora (2 Coríntios 6.6)
2 - Tempo e fora de tempo (2 Timóteo 4.2)
3 - Quer ouçam quer deixem de ouvir (Atos 7.54, 56-57)
4 - De madrugada (Mateus 20.1)
5 - De manhã (hora terceira - 9 horas - Mateus 20.3)
6 - Na hora do almoço (hora sexta e nona - 12 e 15 horas - Mateus 20.5)
7 - À tarde (hora undécima - 17 horas - Mateus 20.6)
8 - À noite (Atos 16.31, 33)
9 - Hoje (Hebreus 3.15; 2 Coríntios 6.2)
10- Enquanto é dia (Eclesiastes 11.4; João 9.4)
O cristão deve utilizar de todo o tempo na tarefa da evangelização, lembrando sempre que a vida humana é de
uma brevidade inimaginável (Salmos 90.10-12; Eclesiastes 12.1; Efésios 3.16). E não ignorar a ação constante
de Satanás neste século, como está escrito: “Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no
meio do trigo, e retirou-se" (Mateus 13.25).
Se não pregarmos o evangelho, os pecadores não poderão ser salvos e o inimigo manterá, assim, o homem
preso em seus laços (2 Timóteo 2.26). Após a morte não haverá mais possibilidade de salvação, pois depois
dela segue-se o juízo: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois d is s o , o juízo...”
(Hebreus 9.27). Duas eternidades distintas aguardam 0 homem após a morte, como escreveu Daniel: “E muitos
dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno”
(Daniel 12:2). Como, pois, escapará o pecador, se não atentar para uma tão grande salvação? (Hebreus 2.3).
A salvação é uma mudança que o Senhor faz na vida do pecador (2 Coríntios 5.17); portanto, é uma obra
gloriosa que Ele quer dar a toda a raça humana hoje e. para que isso seja concretizado, é preciso a Igreja aceitar
o desafio de evangelizar em todo o tempo sem indolência.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 3
1) Como podemos cooperar nos métodos evangelísticos?
2) De acordo com 0 texto: "... ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria,
e até aos confins da terra" (Atos 1.8). onde seria a evangelização em Jerusalém?
3) De acordo com esse mesmo texto, onde seria a evangelização na “Judéia e Samaria”?
4) ainda de acordo com esse texto, onde seria a evangelização no “confins da terra”?

CURSO DE TEO LO G IA
46
M Ó DULO 5 IEVANGELISM O ESTRATÉGICO

ALCANCAR OS NÃO-ALCANÇADOS
‫ג‬ ‫ג‬

A imagem do evangelista, do ganhador de almas, do pregador do evangelho é a imagem do semeador. Ele


não tem resultados prontos. Ele tem potencialidades. Ele tem palavras, e essas palavras são verdades poderosas
capazes de efetuar transformação na natureza dos receptores. Paulo, o apóstolo, disse: ‘Έ desta maneira me
esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio...”
(Romanos 15.20). O método consistente de Paulo era ser pioneiro em novas áreas. Aos coríntios ele disse que
anunciou “o evangelho nos lugares que estão além de vós” (2 Coríntios 10.16).
A ênfase suprema no evangelismo pioneiro é o propósito de Deus para o seu povo nesta era da graça. Se a
nossa prioridade for anunciar o evangelho onde Cristo não foi anunciado, o cristianismo se expandirá.
A única maneira pela qual o Reino de Deus pode se expandir é alcançando e libertando os cativos de Satanás.
Para isso recomendamos a lei da semeadura.

4.1 SEMEIE EM ABUNDÂNCIA


“E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e 0 que semeia em abundância, em abundância
ceifará” (2 Coríntios 9.6).

Grandes semeaduras, grandes colheitas. Pequenas semeaduras, pequenas colheitas. Também no Reino de
Deus os resultados vêm por meio de nosso trabalho no Senhor. À medida que nos tomamos ativos em levar o
evangelho, começamos a ver os resultados. Não veremos coisa alguma se formos preguiçosos e negligentes.

4.2 SEMEIE COM CONFIANÇA


“Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, poruqe tu não sabes qual prosperará, se
esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas” (Eclesiastes 11.6).
Semeie! O resultado está nas mãos de Deus. Ele conhece os corações. Não julgue que alguém não poderá
converter-se, pois muitas vezes são os solos que julgamos mais improváveis os que produzem mais frutos.

4.3 SEMEIE COM PERSEVERANÇA


“Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará” (Eclesiastes 11.4).
Sempre teremos problemas ao nosso redor. Se você for esperar que sua situação esteja em perfeita calma e sem
nenhuma adversidade não realizará nada. É preciso pregar a Palavra “a tempo e fora de tempo” (2 Timóteo 4.2).

4.4 SEMEIE COM ORAÇÃO E LÁGRIMAS


“Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo
os seus molhos” (Salmos 126.6).
Só pode ser um ganhador de almas aquele que faz as coisas de Deus com todo o coração. Você jamais se
importará com a eterna condição dos perdidos se não puder sentir compaixão por eles. Ande, chore, ore e semeie.
Chegará o tempo da colheita, que será de grande alegria.

4.5 SEMEIE NO PODER DO ESPÍRITO


“... o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gálatas 6.8b).

CURSO DE TE O LO G IA W!
M Ó DULO 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

Pregar o evangelho não é divulgar uma crença. Envolve poder e autoridade espiritual, e estes só vêm por
meio da unção do Espírito Santo. Antes de começar seu ministério Jesus passou quarenta dias em oração e
jejum (Mateus 4.2) e disse aos discípulos que ficassem em Jerusalém até que fossem revestidos com o poder do
Espírito Santo, como está escrito: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-
eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1.8).

4.6 SEMEIE COM PAZ


“Ora, 0 fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz” (Tiago 3.18).

Não faça do evangelho um assunto para contendas e debates infrutuosos. Não tente obrigar ninguém a ouvir e
a aceitar a mensagem de Deus. Se for preciso, aguarde uma ocasião mais propícia. Ganharemos as vidas no amor
e no Espírito, e não no orgulho e no convencimento. O amor de Deus pelos pecadores é, de fato, um mistério;
contudo, verdadeiro a ponto de enviar seu Filho amado, como está escrito: “Porque Deus amou 0 mundo de tal
maneira que deu 0 seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus enviou 0 seu Filho ao mundo, não para que condenasse 0 mundo, mas para que o mundo fosse salvo
por ele” (João 3.16-17).

4.7 SEMEIE NO LUGAR CERTO


“O campo é 0 mundo...” (Mateus 13.38).

Os pecadores estão lá fora, não dentro da igreja. E lá o lugar onde devemos ir buscá-los. O púlpito não é o
trampolim de onde saltaremos para alcançar os perdidos. É no dia-a-dia, no serviço, na vizinhança, na escola, nas
ruas, nos hospitais, nos presídios, o lugar onde estaremos semeando a semente e recolhendo os frutos.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 4
1) Qual era 0 método consistente de Paulo para alcançar os não-alcançados?
2) Qual é a única maneira pela qual o reino de Deus pode se expandir?
3) Faça um breve comentário do que você entendeu sobre a lei da semeadura.

CURSO DE T E O LO G IA
M Ó DULO 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

EVANGELISMO
É MÉTODO
O evangelho não sofre alteração, ele é sempre o mesmo. A essência da mensagem é imutável. A forma como
a mensagem é transmitida tem sofrido alterações com o passar dos séculos. Este é o evangelismo. Uma questão
de método. Um método pode ser menos ou mais eficaz do que outro.
Se conseguirmos discernir quais pessoas estão mais sensíveis ao evangelho e apresentar-lhes a mensagem de
salvação lograremos êxito. Lembremo-nos de que o evangelho nunca falha, ele é 0 poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê. No entanto, o evangelismo, isto é, o modo como o evangelho vai ser divulgado, pode se
tomar mais ou menos eficaz conforme o método empregado para isso. Temos de ter a palavra certa para a pessoa
certa, no momento certo.
Para efeito de aprendizado, podemos dividir as almas que queremos alcançar em três categorias.

5.1 AS PESSOAS MADURAS PARA A SALVAÇÃO


“E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar ? E rogou a Filipe que subisse e com ele se
assentasse... Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus” (Atos 8.31, 35).
Há pessoas nas quais Deus já trabalhou muito e que prontas para serem levadas a um encontro de salvação
com Deus, pois estão sedentas e prontas para aceitar. Como o eunuco, elas já tiveram algum contato com a
Palavra e se alguém lhes expuser a Bíblia e convidá-las a uma decisão pessoal por Cristo, não encontrarão
nenhuma resistência.
Para elas você deve falar insistentemente de Jesus. Deve ministrar-lhes estudos bíblicos em seu lar, convidá-
las continuamente para os cultos, estabelecer um contato permanente com elas. Por falta de discernimento,
deixamos se perder pessoas que só estavam esperando alguém que se comprometesse a dar substancial explicação
das Escrituras, ou que lhe fizesse um chamado constante.
Temos que pedir direção ao espírito de Deus para discernir quais pessoas estão mais sensíveis ao evangelho
e apresentar-lhe a mensagem da cruz.
Lembre-se: o evangelho nunca falha. Ele é 0 poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

5.2 PESSOAS CURIOSAS


"... e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da
esperança que há em vós” (1 Pedro 3.15).

Não é incomum encontrarmos pessoas que admiram o cristianismo, mas não compartilham da mesma fé. Para
estes é importantíssimo saber compartilhar do evangelho de Jesus Cristo e convidá-los para o culto, bem como
se lembrar deles nos casos de cultos especiais.
Nesta lista podemos colocar boa parte dos nossos amigos e conhecidos que vêem nossa diferente forma de
viver, bem como nossos familiares. Na verdade, o primeiro trabalho de evangelização foi feito com este tipo de
pessoa, como está escrito: "Era André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido 0 testemunho
de João e seguido Jesus. Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias
(que quer dizer Cristo), e o levou a Jesus. Olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, o filho de João; tu serás
chamado Cefas (que quer dizer Pedro). No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galiléia e encontrou a Filipe,
a quem disse: Segue-me. Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.Filipe encontrou a Natanael e

CURSO DE TE O LO G IA
A9
M Ó DULO 5 I EVANGEUSMO ESTRATÉGICO

disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, 0 Nazareno,
filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e
vê. Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!
Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando
estavas debaixo da figueira. Então, exclamou Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!”
(João 1.40-49-A RA ).

5.3 OS DESCONHECIDOS
“Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes” (Mateus 22.9).

Na rua, na vizinhança, na escola, no trabalho, dentro de uma condução, em uma fila, em uma loja. Todos esses
são lugares onde podemos fazer o trabalho de evangelização. Para tais ocasiões é ideal ter um folheto a partir do
qual você pode começar um diálogo de evangelização. Jesus sentou-se no poço em Samaria apenas para beber
um copo d’água, mas fez daquela ocasião uma oportunidade para dar a uma samaritana a água da vida (João 4).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
c a p it u l o 5
1) Para efeito de aprendizado, podemos dividir as almas que queremos alcançar em três categorias. Quais são elas?
2) Como se chama o modo como 0 evangelho é divulgado?

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M Ó DULO 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

ORAÇÃO E EVANGELISM O
A evangelização é um combate espiritual contra as hostes das trevas, cuja vitória depende do poder do Espírito
Santo. A oração é o meio pelo qual Deus comunica esse poder.
Para obter a atenção de Deus, não precisamos nos expressar com palavras difíceis ou com representações
exibicionistas. Não precisamos convencer Deus da sinceridade de nossas carências. Já temos os ouvidos do Pai,
Ele sabe de tudo a nosso respeito e mesmo assim nos escuta. Podemos ir diretamente ao ponto.
Vários acontecimentos do Antigo Testamento só aconteceram depois do clamor do povo de Deus em oração,
a ponto de 0 salmista escrever: “Os olhos do SENHOR estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu
clamor“ (Salmos 34.15). Sara, Rebeca, Raquel, Ana e Isabel oraram para livrar-se da infertilidade; Daniel orou
numa cova cheia de leões (Daniel 6.22), exatamente como seus três amigos haviam orado no meio do fogo
(Daniel 3.17). Encontramos quatro vezes Deus se “arrependendo” em resposta a um pedido, e em cada ocasião
um castigo prometido foi sustado:

“Então o SENHOR arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo” (Êxodo 32.14).

**Acendeu-se, por isso, a ira do SENHOR contra o seu povo, e ele abominou a sua própria herança e os
entregou ao poder das nações; sobre eles dominaram os que os odiavam. Também os oprimiram os seus inimigos,
sob cujo poder foram subjugados. Muitas vezes os libertou, mas eles 0 provocaram com os seus conselhos e,
por sua iniquidade, foram abatidos. Olhou-os, contudo, quando estavam angustiados e lhes ouviu o clamor;
lembrou-se, a favor deles, de sua aliança e se compadeceu, segundo a multidão de suas misericórdias” (Salmos
106.40-45 ARA).

“ E aconteceu que, tendo eles comido completamente a erva da terra, eu disse: SENHOR Deus, perdoa, rogo-
te; quem levantará a Jacó? pois ele é pequeno. Então o SENHOR se arrependeu disso. Não acontecerá, disse o
SENHOR” (Amós 7.2-3).

“Então eu disse: SENHOR Deus, cessa, eu te peço; quem levantará Jacó? pois é pequeno. E o SENHOR se
arrependeu disso. Nem isso acontecerá, disse o SENHOR Deus” (Amós 73-6).

O Novo Testamento insiste em que as orações fazem diferença para Deus e para o mundo. Jesus disse:
‫־־‬Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á” (Mateus 7.8).
Diante de tamanhos testemunhos encontrados nas Escrituras sugerimos os seguintes propósitos:

6.1 PREPARE UM CADERNO DE ANOTAÇÕES


A primeira coisa a fazer é ter um caderno. Peça a Deus para colocar em seu coração os nomes daqueles que
Ele deseja salvar. Sem dúvida você será encorajado em seu coração a orar por alguns, ou mesmo por várias
dúzias de pessoas. Não prepare essa lista de nomes descuidadamente, pois seria perda de tempo. O importante é
que antes de anotar os nomes você primeiro peça ao Senhor para colocá-los em seu coração. Para que o trabalho
seja bem feito, ele deve ter um bom início. Ao levar este assunto diante do Senhor, Ele dará a você os nomes de
certas pessoas pelas quais orar.

CURSO DE TEO LO G IA
51
M Ó D U L O 5 IEVANGEUSM O ESTRATÉGICO

Os nomes de pessoas de sua família, seus amigos, seus colegas, seus companheiros de escola e seus conhecidos
virão espontaneamente ao seu coração. Inclua esses nomes no seu caderno de anotações numerando de acordo
com a sua ocorrência. Na coluna da data escreva dia do início da oração por aquela pessoa, e acima, no outro
lado, deixe um espaço em branco para ser preenchido com a data na qual aquela pessoa em particular foi salva.
Muitos em sua caderneta podem ser salvos dentro de um ano; alguns podem ser salvos em três meses; um ou
dois podem ser especialmente difíceis, mas não deixe de orar por nenhum.

6.2 A ORAÇÃO É ESSENCIAL PARA A SALVAÇÃO DE ALMAS


Nas páginas da Bíblia Sagrada encontramos Jesus, que havia criado tudo com sua palavra e que sustenta
tudo que existe, orando. Orou como se a oração fizesse a diferença, como se o tempo dedicado à oração tivesse
exatamente a mesma importância do tempo dedicado a cuidar das pessoas. Rejeitar a oração é achar que ela não
tem importância, é supor que Jesus foi iludido.
Jesus realmente acreditava que a oração podia mudar as circunstâncias da vida. Ele nos deu um sinal visível de
que o Pai ouve nossa oração no exato momento em que oramos. Embora 0 Senhor Jesus não apresente nenhuma
prova metafísica da eficácia da oração, o próprio fato de ele orar estabelece o valor dessa prática. “Peçam
e receberão”, disse ele, censurando quem considera a petição uma forma rudimentar de oração. Quando os
discípulos fracassaram na tentativa de curar um menino atormentado, Jesus teve uma explicação muito simples:
falta de oração.
* Para ter uma vida de oração, deve-se partir de três pressupostos bastante amplos:
1) Deus existe;
2) Deus é capaz de ouvir nossas orações;
3) Deus se interessa por nossas orações.

Lucas nos diz: “ ... aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus”
(Lucas 6.12). Jesus buscou orientação do Pai para a escolha dos doze discípulos a quem confiaria sua missão.
Um princípio básico na salvação de almas é que devemos orar a Deus antes de sair ao campo para evangelizar.
Primeiro peça a Deus direção e então saia para evangelizar. É absolutamente necessário conversar com Deus em
favor da pessoa a quem se irá falar. Se sairmos sem a direção de Deus, a probabilidade de sermos infrutíferos é
muito grande.
Quem é sábio em levar almas a Cristo é hábil na arte da oração. Se alguém tem dificuldade em ver respondida
a sua oração terá dificuldades para sair e testemunhar do Senhor.

6.3 UM OBSTÁCULO À ORAÇÃO


Os crentes devem ter especial cuidado em rejeitar todos os pecados conhecidos. Devemos aprender a viver
uma vida santa diante de Deus. Se alguém for negligente na questão do pecado, sua oração será definitivamente
impedida. O pecado é um grande problema. Muitos não têm sua oração respondida porque toleram pecado em
sua vida. O pecado não irá somente obstruir as orações, mas principalmente arruina a consciência.
Os efeitos do pecado são duplos: objetivamente há um efeito em relação a Deus; subjetivamente há um efeito
em relação a nós.
Objetivamente o pecado obstrui a graça de Deus, pois está escrito: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida,
para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem
separação entre vós e 0 vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça”
(Isaías 59:1-2). Se a pessoa se descuida em tratar com o pecado, haverá uma barreira entre ela e Deus. Qualquer
pecado não confessado, qualquer pecado que não é colocado sob o sangue se toma um empecilho diante de Deus,
o que impede que a oração seja ouvida. Este é 0 efeito objetivo do pecado.
Subjetivamente o pecado danifica a consciência do homem. Quando uma pessoa peca, sua consciência se
toma enfraquecida e deprimida. Para que isso não ocorra, todos precisam confessar seus pecados, um por um.

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M Ó DULO S IEVANGELISMO ESTRATÉGICO

diante de Deus, e rejeitar cada um deles, para poder ficar livre deles. Desse modo sua consciência será restaurada.
Pela purificação do sangue, a consciência é instantaneamente restaurada. Com o lavar do sangue, a consciência
não mais acusa e a pessoa pode ver naturalmente a face de Deus. Nunca se permita colocar em uma posição em
que você se tome fraco diante de Deus, pois assim não será capaz de interceder por outros. Portanto, esta questão
do pecado é a primeira coisa à qual você deve prestar atenção diariamente. Trate completamente do pecado, e
então você pode orar bem diante de Deus e conduzir as pessoas a Cristo.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 6
1) Qual é o meio pelo qual Deus comunica o poder do Espírito Santo?
2) Quando os discípulos fracassaram na tentativa de curar um menino atormentado, Jesus teve uma explicação
muito simples. Qual foi a resposta dele?
3) Qual é o principal obstáculo à oração?

CURSO DE TEO LO G IA
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MODULO 5 I EVANGEUSMO ESTRATÉGICO

CARACTERÍSTICAS d o
G A N H A D O R DE ALMAS
Jesus Cristo deixou muito claro que veio à Terra para buscar e salvar o perdido. As pessoas endurecidas
pelo pecado odiaram a luz que viram em Cristo, como está escrito: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao
mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (João 3.19). Quando
0 cravaram na cruz, pensaram que tivessem apagado essa luz, porém Ele já havia ascendido à vida de alguns de
seus seguidores, dizendo: “Vós sois a luz do mundo” (Mateus 5.14). As vidas salvas são luzes de Deus, como
escreveu 0 apóstolo Paulo: “Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos
da luz (Porque 0 fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade); aprovando o que é agradável ao
Senhor” (Efésios 5.8-10).
Deus pretende que os crentes iluminem o mundo todo, porque todos os que estão sem Cristo estão perdidos.
Por nosso meio a luz do evangelho penetrará em cada canto escuro da Terra.
Aqueles que responderem ao chamado do Filho de Deus recebem luz e a irradiam nas trevas da Terra. Algumas
características, porém, são básicas e obrigatórias para todo aquele que deseja fazer a obra de Deus em busca dos
perdidos.

7.1 TER EXPERIÊNCIA REAL COM CRISTO


“Achamos 0 Messias” (João 1.41).

Você encontrou a Cristo? Você teve uma experiência real com ele? Tem convicção de sua salvação? O mundo
não precisa de teorias, precisa de experiências. Você não vai levar aos outros uma religião, vai levar a eles uma
pessoa viva e poderosa.
O homem de Deus que o adora “na beleza da sua santidade” (Salmos 96.9), andando pelo “caminho da
santidade” (Isaías 35.8) e meditando nas "palavras da sua santidade” (Jeremias 23.9), sem dúvida o servirá “em
santidade e justiça” (Lucas 1.75).
É fato que as ações falam mais alto que as palavras. O homem que não praticar o que prega verificará que
aquilo que ele é fala tão alto que 0 povo não ouve 0 que ele diz. Quem quiser prosperar a causa de Deus há de
cuidar de perto de sua própria piedade, zelando para que não seja deficiente a ponto de impedir em parte, ou
mesmo totalmente, de trabalhar para Deus com êxito.
A força das palavras depende do caráter pessoal. Os antigos tinham uma máxima que dizia que só o homem
bom pode ser eloqüente. Isso se aplica de modo especial na evangelização. Como podemos impressionar
outros com a beleza da santidade, com a felicidade da harmonia e comunhão com Deus, com o valor infinito da
crucificação, com a ternura de Jesus, a não ser que nós mesmos tenhamos a experiência disso?
Tudo se resume nisto: conserva-te puro em propósito, em pensamento, em sentimento, em palavras e ação.

7.2 TER COMPAIXÃO PELOS PERDIDOS


“... vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lucas 10.33).

Por diversas vezes os escritores sagrados descreveram a compaixão de Jesus pelas pessoas. Os doentes, os
famintos, os endemoninhados, os leprosos e as prostitutas eram objetos de seu amor, e muitas vezes, mesmo
cansado, Ele deu assistência a essas pessoas. Sem amor e compaixão pela situação das pessoas jamais nos

CURSO DE T E O LO G IA
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M Ó DULO 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

preocuparemos em ganhar almas. Quão urgente é a necessidade de apontar para cada pessoa a “porta” da salvação.
É por isso que devemos ir com a mensagem da cruz onde a morte reina. Não existe mensagem comparável ao
evangelho para a humanidade pecadora.
O homem que anda com Deus sentirá sua direção na busca de almas, na visitação, no trabalho da mocidade,
em missões e em todas as demais atividades relacionadas com 0 Reino de Deus.

7.3 CONHECER A PALAVRA


“Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca” (Mateus 12.34b).

Um coração inflamado faz um evangelista inflamado, da mesma forma que um coração frio gera uma vida
regelada. O apóstolo Paulo deu ao jovem pregador Timóteo a seguinte orientação: “Persiste em ler, exortar e
ensinar, até que eu vá. Não desprezes 0 dom que há em ti, 0 qual te foi dado por profecia, com a imposição das
mãos do presbitério. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.
Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti
mesmo como aos que te ouvem” (1 Timóteo 4.1316‫)־‬. Paulo tomou bem claro que Timóteo era responsável por
aqueles que o ouviam.
Não se pode falar daquilo que se desconhece. Falar da Palavra pressupõe conhecer a Palavra, vivenciá-la. É
necessário um contato diário com a Bíblia, conhecê-la, a ponto de abri-la e explicá-la com desenvoltura quando
necessário. E preciso saber “onde está escrito” aquilo que você diz. Como dizia Charles Finney: “Faze da Bíblia
o teu livro dos livros. Estuda-a muito e de joelhos, esperando a luz divina”.
O apóstolo Paulo aconselhou seus filhos na fé dizendo: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo;
instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos
espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Colossenses 3.16 - ARA); e de novo: “Quanto ao mais, irmãos,
tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo 0
que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Filipenses 4.8).
Note bem a importante verdade bíblica de que primeiro a palavra há de “habitar ricamente”, antes que possa
haver eficiente ensino, admoestação, canto ou qualquer outra forma de serviço para o Salvador.

7.4 SER HOMEM DE ORAÇÃO


“Por este menino orava eu...” (1 Samuel 1.27).

Não existe absolutamente nada que substitua esse princípio. A predica notável não lhe toma 0 lugar, nem o
grau de doutor, nem uma personalidade atraente, nem coisa alguma. Devemos imitar os grandes heróis da história
espiritual. Para Hudson Taylor era “entabular negócios com Deus”; Jonathan Edwards falava em “assaltar o céu
pela oração”; John Knox lutava com o Senhor, bradando: “Ó Deus. dá-me a Escócia ou eu morro”. De D. L.
Moody disseram: “Nunca fazia longas orações, nem passava longo tempo sem orar”. Martinho Lutero confessou:
“Se deixo de passar pelo menos duas horas cada manhã em oração, o diabo ganha a vitória durante o dia”.
Charles Haddon Spurgeon dizia aos seus colegas pregadores: ‫־־‬Devemos ter por norma jamais ver a face dos
homens antes de vermos a face de Deus... Quem sai correndo da cama para as ocupações sem primeiro passar
tempo com Deus é tão insensato quanto seria se não se lavasse nem se vestisse; é tão imprudente quanto o
soldado que se lança na batalha sem armas nem armadura”.
Oração ligeira produzirá pregação ligeira. A oração dá força à pregação, dá-lhe unção, faz com que prenda
i os corações. O sucesso do evangelismo, ou de qualquer ministério, não depende da eficiência de suas orações
públicas, mas da profundidade de sua oração íntima.
O sucesso do trabalho evangelístico repousa sobre a palavra do Cristo: “Por isso vos digo que todas as coisas
que pedirdes, orando, crede receber, e tê-las-eis” (Marcos 11.24). Não .podemos jamais esquecer a garantia de
Mateus 7 .7 8 ‫־‬: “Pedi, e dar-se‫־‬vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos‫־‬á. Porque, aquele que pede,

CURSO DE TEO LO G IA
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M Ó D ULO 5 ! EVANGELISMO ESTRATÉGICO

recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á” (Mateus 7.7-8).


O exemplo dos apóstolos no Livro de Atos é uma simples ilustração de como dias de poder são precedidos de
noites de oração. No primeiro capítulo, verso 14, lemos dos discípulos: “Todos estes perseveravam unanimemente
em oração...‫ ״‬. Não é, pois, de admirar que no capítulo seguinte (2.4) encontramos esta informação: “E todos foram
cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem”.
Tal fato fez com os próprios homens que tinham ajudado a crucificar a Cristo exclamassem: “Que faremos, homens
irmãos?” (2.37), e três mil deles pusessem sua fé e confiança no Senhor Jesus Cristo naquele dia.
Em Atos 4 conta-se-nos de como Pedro e João foram levados diante do sinédrio e proibidos de pregar em
nome de Jesus. Assim, porém, que foram soltos, relataram a situação aos demais e “unânimes levantaram a voz a
Deus...” (4.24). Por isso não nos surpreende o registro inspirado que vem sete versos adiante dizendo: “E, tendo
orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e, anunciavam com
ousadia a palavra de Deus” (4.31).
Todo o Livro de Atos conta a mesma história de “notáveis milagres”, e uma das feições mais salientes do
ministério desses homens foi a maneira como clamavam a Deus continuamente e de uma só voz. Os cristãos da
Bíblia tinham reuniões de orações que terminavam em terremotos!
Jamais podemos nos esquecer de que homens de poder são homens de oração.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 7
1) É fato que as ações falam mais alto do que as palavras. Sendo assim, a força das palavras depende do quê?
2) Antes que possa haver eficiente ensino, admoestação, canto ou outra qualquer forma de serviço para 0
Salvador, o que deve habitar ricamente na vida do cristão?
3) Qual foi a norma que Charles Haddon Spurgeon transmitia aos seus colegas pregadores?

CURSO DE TE O LO G IA
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M Ó D U LO 5 IEVANGEUSMO ESTRATÉGICO

PROGRAMAS DE EVANGELIZAÇÃO
Nos tempos do Novo Testamento a evangelização não era um evento de alguns dias, ou semanas, nem acontecia
duas vezes por ano. A Bíblia declara que “todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de
anunciar a Jesus Cristo” (Atos 5.42). Para a Igreja Primitiva a evangelização era seu “negócio” diário. Não havia
intervalos; a tempo e fora de tempo os remidos se ocupavam, constante e firmemente, no mister de apresentar o
seu Redentor aos “mortos em pecados e delitos”.
Ademais, esta tarefa era de todos os membros. Os cristãos do Novo Testamento não consideravam como
dever apenas do pastor a tarefa de ganhar para Cristo os perdidos; cada qual a enfrentava como sua própria
responsabilidade e obrigação pessoal.
Toda igreja que deseja realizar serviço para Deus precisa ter um programa de evangelização. Não há nenhum
mal em ter um programa de evangelização se o mecanismo funcionar com o óleo do Espírito Santo. As indústrias
que quiserem alcançar o sucesso precisam ter organização. Nos lares deve haver organização doméstica. Nossa
vida também precisa de organização, principalmente nas coisas concernentes ao Reino de Deus. Semelhantemente
as igrejas precisam de organização para ter sucesso.
O programa de evangelização para as igrejas se encontra no Livro de Atos, que diz: “E todos os dias, no templo
e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo” (Atos 5.42). Tal era o programa da Igreja do
Novo Testamento. A Igreja Primitiva crescia - multiplicava-se - mediante o regime diário da evangelização.
Eles não tinham as vantagens que desfrutamos hoje. Não havia rádio ou TV para propagar a mensagem deles.
Não havia jornais em que pudessem anunciar suas pregações. Não tinham ônibus para buscar as crianças para
a Escola Dominical nem revistas para ajudá-los na formação espiritual. Entretanto, dizem as Escrituras que a
fé dos cristãos em Roma era “anunciada em todo 0 mundo” (Romanos 1.8). O mesmo ocorreu em Tessalônica,
como está escrito: “... em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou...” (1 Tessalonicenses 1.8).
E não só isso, mas quando Paulo escreveu para a igreja em Colossos, informou-lhes que a bendita verdade do
evangelho já estava em “todo o mundo” (Colossenses 1.6).
Poderão as igrej as de hoj e ter um programa bem-sucedido de evangelização? A resposta depende exclusivamente
da resposta que damos ao chamado de Cristo. Se visarmos o bom êxito e pagarmos o respectivo preço bíblico,
podemos sim fazer a diferença em nosso tempo.
Há vários fatores na tarefa de evangelização que a Igreja de Cristo precisa considerar:
1) O tamanho da seara;
2) A falta de trabalhadores (Mateus 9.37);
3) O tempo para realizar a tarefa (João 9.4).

8.1 VISÃO ESPIRITUAL


“Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos
olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa” (João 4.35).
Seus pés irão até onde sua vista alcança. Temos que pedir ao Senhor que nos mostre os lugares onde podemos
trabalhar. Normalmente ficamos parados, sem saber por onde começar, enquanto um mundo de oportunidades
morre ao nosso redor.
O Livro de Atos diz: “E todos os dias, no templo e n a s c a s a s , não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus
Cristo” (Atos 5.42, grifo nosso). Os peixes nunca vão atrás do pescador; é este que tem que ir buscá-los. O
mesmo acontece com as almas; não importa quão belo seja o recinto da igreja, quão agradável seja o programa,

CURSO DE TEO LO G IA 57
M Ó D U L O 5 IEVANGELISMO ESTRATÉGICO

as pessoas que queremos alcançar não virão à nossa procura, nós temos que ir atrás delas.
Evangelizar de casa em casa é sinônimo de um programa regular de visitas. Paulo entendeu bem esse programa
e o aplicou, como se pode verificar: "... jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo‫־‬la
ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento
para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (Atos 20.21-22 - ARA).
Percebemos que alguns irmãos têm um conceito errôneo da intenção dos apóstolos quando declararam: “Mas
nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (Atos 6.4). Alguns têm imaginado que os evangelistas,
presbíteros ou diáconos devem fazer todo o trabalho de visitas e que os demais ministros nada mais devem
fazer senão orar e preparar os sermões. Mas “o ministério da palavra” não se realiza só do púlpito, mas sim em
qualquer lugar. Todos têm que se envolver na evangelização. Não se trata de obrigar alguém a fazer trabalho que
não quer fazer e no qual não está empenhado.
O Cristo ressurreto ordenou: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15). A
evangelização é a igreja que vai.

8.2 DEUS CONTA COM TODA A SUA IGREJA


“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as
virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9).
A seara é grande e poucos são os ceifeiros, disse o Senhor Jesus. Este é um problema, pois nem todos querem
se comprometer, empenhar seu tempo, energias e recursos para ver sua igreja crescendo. Pastores, evangelistas
profetas e mestres têm seu lugar no corpo de Cristo, mas o trabalho de espalhar a semente cabe a cada um.
A seara tem uma enorme carência de servos e servas de Deus, fortes na fé, maduros e despertados. Não
podemos viver como pessoas desanimadas e negligentes. Deus ainda procura alguém que queira ouvir sua voz
clamando: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós ?” (Isaías 6.8).
Vivemos esperando que os outros se prontifiquem a fazer a vontade de Deus. Vivemos adiando nossas
decisões de agir em Deus para amanhã. Vivemos inventando toda sorte de desculpas e motivos para não nos
comprometermos com 0 que mais tem valor nesta vida, que é salvação de almas.
A hora de começar é hoje, é agora. Fazer do dia-a-dia uma oportunidade de semear o evangelho, de compartilhar
aquilo que Deus fez em sua vida. Os frutos do amanhã são as sementes do hoje.

8.3 DEDICAÇÃO
Para que a colheita seja abundante, o evangelista precisa entregar voluntariamente tudo que ele é ou venha a
ser nas mãos de seu Redentor. E uma entrega de amor, incondicional e para sempre. Jesus ensinou esta verdade
quando disse: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só;
mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-
la‫־‬á para a vida eterna” (João 12.24-25).
O serviço integral a Deus importa no sacrifício de tempo, de vida, de dinheiro, de estima aos olhos do mundo
e de tudo mais a que o coração natural e o homem carnal dão grande ênfase e importância.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 8
1) Em que livro se encontra o programa de evangelização para as igrejas?
2) Quais são os três fatores a ser considerados na tarefa de evangelização que a Igreja de Cristo precisa
vencer?

CURSO DE TE O LO G IA
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M Ó DULO 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

EVANG ELIZAÇÃO REG ULAR EM UM A


IG REJA N EO TESTA M EN TÁ R IA
Os cristãos do Novo Testamento estavam todos envolvidos com a tarefa de ganhar os perdidos para Cristo. Não
consideravam como dever apenas do pastor a tarefa de ganhar almas; cada qual a enfrentava como sua própria
responsabilidade e obrigação pessoal. Para a Igreja Primitiva a evangelização fazia parte do seu cotidiano. Não
havia intervalos; era a tempo e fora de tempo que os remidos se ocupavam, constante e firmemente, no mister de
apresentar seu Salvador ao “mortos em pecados e delitos”.
A Igreja Primitiva crescia - multiplicava-se - mediante 0 regime diário da evangelização que se encontra
descrito em Atos 5.42: “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus
Cristo” (Atos 5.42).

9.1 EVANGELIZAÇÃO DE CASA EM CASA


Entrar dentro do lar de alguém é uma oportunidade sem igual. A partir deste momento, tomamo-nos mais
íntimos, mais amigos e podemos abençoar melhor as vidas que queremos levar a Cristo. O próprio Senhor Jesus
não só era chamado a visitar os lares, como ele próprio entrava para realizar a obra de evangelização. Este
caminho de evangelização é, com certeza, um dos mais eficazes, e o vemos constantemente na vida de Jesus:

“E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, e com febre. E tocou-lhe na mão, e a febre
a deixou; e levantou-se e serviu-os” (Mateus 8.14-15).

“E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa”
(Lucas 7.36).

“E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, não
recebeu em sua casa...” (Lucas 10.38).

“E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-0 e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque
hoje me convém pousar em tua casa” (Lucas 19.5).

Em Atos, os apóstolos seguem o mesmo padrão:

“E, levantando-se Pedro, foi com eles; e quando chegou o levaram ao quarto alto, e todas as viúvas o rodearam,
chorando e mostrando as túnicas e roupas que Dorcas fizera quando estava com elas” (Atos 9.39).

“E disse-me o Espírito que fosse com eles, nada duvidando; e também estes seis irmãos foram comigo, e
entramos em casa daquele homem...” (Atos 11.12).

“E, depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor,
entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso” (Atos 16.15).

“E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa” (Atos 16.32).

CURSO DE T E O LO G IA 59
M Ó D U L O 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

“Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de
vós, servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lágrimas e tentações, que pelas ciladas dos judeus me
sobrevieram; como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas...” (Atos 20.1820‫)־‬
É isso que vem a ser evangelização de casa em casa, um programa regular de visitas. Se tivermos que deixar
alguém de lado, que sejam os fortes, os cultos, os piedosos, mas jamais os descrentes, os que sofrem. Temos que
ir às casas daqueles que o mundo menos procura.
Com toda a modernidade que estamos vivenciando, corremos um grande risco de que se perca de vista a
responsabilidade individual e que 0 crente negligencie seu próprio dever enquanto espera que os demais se mexam.
Deixamos aqui algumas sugestões para o trabalho de visitas:

1) Nunca perder de vista que você é representante do Céu

De acordo com a Palavra de Deus, “somos embaixadores da parte de Cristo...” (2 Coríntios 5.20). Isso quer
dizer que somos os representantes de Deus. Uma vez que se trata de assuntos concernentes ao Reino Celestial,
só obteremos êxito se fizermos exatamente aquilo que 0 Espírito Santo de Deus nos orientar.
O ganhador de almas jamais deve se esquecer de que é mensageiro, do evangelho e que aquela oportunidade
de entrar naquele lar pode ser única. Há de estar, portanto, em espírito buscando a direção de Deus.

2) Levar uma Bíblia

Pode parecer incoerente, mas a Bíblia é fundamental na evangelização. Jesus deixou muito claro diante de
seus discípulos a importância das Escrituras no processo de evangelização. Isso se evidencia tanto na sua devoção
pessoal quanto na hora de ganhar almas para o Reino. Jesus fazia o possível para convencer seus ouvintes usando
textos das Escrituras em suas conversas com eles.
As palavras de Jesus estavam totalmente impregnadas do ensino dos antigos patriarcas, reis e profetas. Todo
o seu pensamento estava moldado de acordo com 0 espírito das Escrituras inspiradas de seus dias.
A capacidade com que Jesus lembrava com tanta facilidade as passagens do Antigo Testamento deve ter
marcado a vida dos seus discípulos e incutido neles a necessidade de aprenderem as Escrituras de cor, permitindo
que elas se tomassem a autoridade de seus discursos.

3) Não discutir

Não há vantagem alguma em uma conversa quando a pessoa quer discutir sobre religião. O apóstolo Paulo
recomendou a seu discípulo este princípio dizendo: “Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates
sobre a lei; porque não têm utilidade e são futeis” (Tito 3.9 - ARA). Nesse caso, poucas palavras positivas terão
mais valor do que um demorado argumento.

4) Firmar-se no assunto

Em algumas visitas o que se percebe é que as pessoas se desviam do foco da visita evangelística facilmente.
Falam de tudo e pouco da Bíblia. Não podemos nos desviar do assunto principal que nos levou àquela visita,
porém se for evidente que seus moradores estão procurando desviar o assunto, provavelmente haverá pouco
proveito em demorar-nos muito nessa visita. Deixemos-lhes alguma passagem das Escrituras em que pensar e
nos retiremos, combinando voltar outro dia mais apropriado.
Nas Escrituras encontramos um exemplo do que estamos comentando: “E eis que uma mulher da cidade,
pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; e,
estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos;

CURSO DE T E O LO G IA
60
M Ó DULO 5 ! EVANGELISMO ESTRATÉGICO

e beijava-lhe os pés e os ungia com 0 ungüento. Ao ver isto, 0 fariseu que 0 convidara disse consigo mesmo:
Se este fora profeta, bem sabería quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. Dirigiu-se Jesus ao
fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize‫־‬a, Mestre. Certo credor tinha dois
devedores: um lhe devia quinhentos denários, e 0 outro, cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar,
perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, 0 amará mais? Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem
mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei
em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com
os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me
ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés. Por isso, te digo: perdoados lhe são os
seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. Então, disse à
mulher: Perdoados são os teus pecados. Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este
que até perdoa pecados? Mas Jesus disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz” (Lucas 7.37-50 - ARA).

5) Deixar alguma literatura ao sair

Uma maneira de fazer com que a pessoa lembre-se da visita é deixar algum material para que ela possa ler.
Isso deve ser feito quer se encontre alguém em casa quer não. Deixando alguma coisa teremos pelo menos
estabelecido um contato, e algum benefício terá sido conseguido.
Poderiamos ainda falar de muitos outros conselhos sobre evangelização de casa em casa, porém o mais
importante é o que diz a Palavra de Deus: “O fruto do justo é árvore de vida, e 0 que ganha almas é sábio”. **Os
que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como
as estrelas, sempre e eternamente” (Provérbios 11.30; Daniel 12.3).

9.2 EVANGELIZAÇÃO NO TEMPLO


Os primeiros discípulos do Senhor Jesus não só evangelizavam nas casas, mas também no templo, como está
escrito: “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo” (Atos
5.42). Este texto deixa claro que o objetivo de toda pregação é alcançar as almas dos homens, seja nas casas ou no
templo. O ministério de evangelização precisa ser levado avante pelos fiéis seguidores do Senhor Jesus Cristo.
Muitas igrejas de nossos dias parecem ter esquecido a herança preciosa que a igreja dos apóstolos deixou e
tomam sucedâneos que não satisfazem a alma nem curam o espírito.
Os primeiros discípulos do Senhor não se preocupavam com o número ou com a quantidade de membros, mas
esforçavam-se para possuir homens e mulheres que fossem testemunhas vivas, cujas vidas ardessem de zelo pela
obra de evangelização.
A igreja, seja em que lugar for, no passado ou no presente, se não entrar na experiência do Pentecostes,
pouco terá a dizer ao mundo, não abalará o indiferentismo do povo. não conseguirá interessá-lo, não levará ao
arrependimento e, por fim, a ter sede de salvação.
A debilidade da religião de hoje contrasta com o fervor dos dias apostólicos; a falta de visão que se nota na
Igreja de hoje está muito aquém da revelação de Paulo e da atividade dos apóstolos.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 9
1) Como a Igreja Primitiva encarava a obra da evangelização?
2) Faça um breve comentário sobre a evangelização de casa em casa.
3) Cite três sugestões para o trabalho de visitas.

CURSO DE T E O LO G IA 61
M Ó D U L O S IEVANGELISMO ESTRATÉGICO

A PREGAÇÃO EVAN G ELISTICA


O Senhor Jesus é o modelo a ser seguido por aqueles que se chamam cristãos. Ele chamou alguns homens e os
convidou a segui-lo dizendo: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mateus 4.19). Este ato era
suficiente para revelar o rumo que sua estratégia evangelista tomaria. Ele estava mais preocupado com pessoas
do que com projetos, e não só isso: eram pessoas simples, que não ocupavam nenhuma posição de destaque.
Eram trabalhadores comuns, nos quais Jesus enxergou um potencial de liderança para o seu reino.
Depois de feita a escolha, o mestre passou a dedicar sua vida àqueles separados para uma grande tarefa: o
mundo crería nele por meio da mensagem do evangelho anunciada por seus discípulos (João 17.20). Antes de
enviá-los, o mestre primeiramente passou a demonstrar, por meio de atos e palavras, sua visão. Quando estavam
preparados para colocar em prática 0 que tinham visto, Jesus os enviou de “dois em dois” (Marcos 6.7; Mateus
10.5; Lucas 9.1-2), com instruções bem-definidas sobre a missão da qual estavam sendo incumbidos: “E enviou-
os a pregar o reino de Deus, e a curar os enfermos” (Lucas 9.2); não em qualquer lugar, “mas ide antes às ovelhas
perdidas da casa de Israel” (Mateus 10.6). Com isso seus discípulos foram diretamente à platéia mais suscetível
à mensagem de salvação.
Os discípulos foram orientados a concentrar seus esforços nas pessoas com maior potencial, gente que
fosse capaz de dar continuidade ao trabalho depois que os discípulos fossem embora, como está escrito: “E, em
qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno, e hospedai-vos aí, até que vos
retireis” (Mateus 10.11). Que princípio maravilhoso 0 mestre deixou para seus servos! Uma frente de trabalho
nova com um líder em potencial. Caso não encontrassem ninguém que se moldasse a essas exigências, Jesus
também declarou sérias conseqüências contra aquela cidade: “E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas
palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no dia do juízo,
haverá menos rigor para 0 país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade” (Mateus 10.14-15).
Os discípulos de Jesus transmitiram o que viram e ouviram do mestre da Galiléia (1 João 1.3). Depois do
testemunho desses abnegados servos, a principal autoridade do ministro é a Bíblia Sagrada. E a Palavra de Deus
que traz convicção no coração. O apóstolo Pedro pregou a Palavra no dia de Pentecostes, e a reação dos seus
ouvintes foi: “... compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos,
homens irmãos?” (Atos 2.37). A Palavra de Deus traz convicção!
Somente a Palavra de Deus pode conceder vista espiritual a homens e mulheres cegos pelo pecado e Satanás.
As Escrituras são 0 instrumento que Deus deixou para os homens para revelar sua vontade. O salmista entendeu
esta verdade e pediu: “Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei” (Salmos 119.18), e pôde
depois confessar: “A entrada das tuas palavras dá luz, dá entendimento aos símplices” (Salmos 119.130).
A Palavra de Deus gera fé no coração dos ouvintes, como está escrito: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e 0
ouvir pela palavra de Deus” (Romanos 10.17). João, 0 discípulo amado, resume sua mensagem nestas palavras:
“Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste
livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome” (João 20.30-31). Pedro ensinava a mesma verdade ao escrever: “Pelas quais ele nos
tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo
escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo” (2 Pedro 1.4).
A Palavra de Deus converte o mais miserável pecador, operando nele o milagre da salvação. Sobre isso escreveu
Tiago: “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas
criaturas” (Tiago 1.18). Pedro, com pormenores sobre o assunto, disse: “Sendo de novo gerados, não de semente

62 CURSO DE TE O LO G IA
M Ó D U L O 5 IEVANGEUSM O ESTRATÉGICO

corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1 Pedro 1.23).
O mundo incrédulo se admira quando vidas são transformadas por intermédio da Palavra de Deus. Paulo foi
testemunha fiel dessa transformação e escreveu: "... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas
já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5.17). O Senhor Jesus revelou como este processo opera na
vida das pessoas ao dizer: “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17.17).
A Palavra de Deus fortalece o cristão e edifica trabalhadores fortes para a vinha do mestre, como disse o
apóstolo: “Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos
edificar e dar herança entre todos os santificados” (Atos 20.32). Pedro fez a mesma recomendação aos seus
ouvintes: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que
por ele vades crescendo; se é que já provastes que o Senhor é benigno” (1 Pedro 2.2-3).
Ademais, é a Palavra de Deus que preserva e protege do erro doutrinário, como escreve Paulo, 0 velho, ao jovem
pregador Timóteo: “Mas os homens maus e enganadores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. Tu,
porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde
a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo
Jesus” (2 Timóteo 3.13-15). Não somente isso, mas também é a Palavra de Deus que nos guarda do erro pessoal,
como escreveu o salmista: “Escondí a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Salmos 119.11).
Preguemos a Palavra, evitando especulações, conjecturas e hipóteses particulares. Ensinemos como Jesus
ensinava, de quem os líderes do seu tempo foram obrigados a confessar que “os ensinava como tendo autoridade;
e não como os escribas” (Mateus 7.29).

10.1 ILUSTRAÇÕES
A ilustração é a aplicação, pelo ensinador, de uma das principais leis da mente humana, a da associação
de idéias. Este termo tem sua origem em dois elementos: in e lu s tr o , que significa brilhar. A ilustração toma a
verdade desconhecida e faz brilhar sobre ela a luz por meio da comparação com a verdade conhecida. Trata-
se então de remover a obscuridade, por analogias, comparações ou exemplos, quer sejam metáforas, símiles,
parábolas, exemplos ilustrativos ou alusões históricas.
O Senhor Jesus fez uso de várias ilustrações para impressionar e convencer seus ouvintes. Falou da natureza
citando exemplos do sal, das flores, das árvores frutíferas, das cobras, do fermento, das galinhas, do peixe,
da ovelha extraviada, da seara madura, da água, da poda e muitos outras. Usou ilustrações na esfera humana
discorrendo sobre os trabalhadores na vinha, dois filhos, um administrador ímpio, uma festa de casamento,
dez virgens, talentos confiados, um amigo pedindo pão emprestado à meia-noite, um rico insensato, um filho
esbanjador, o rico e Lázaro, dois homens orando, o cego guiando cego, uma criancinha e muitas outras.
Jesus usou também muitas ilustrações do Antigo Testamento, como Davi comendo os pães da proposição, Jonas
e o grande peixe, a mulher de Ló, Noé, o maná que caía no deserto, Moisés e a serpente de bronze e outras.
Sigamos seu exemplo, usando essa forma de linguagem para explicar, provar, adornar e tomar impressionante
as verdades eternas contidas na Palavra de Deus.
v Seguindo o exemplo de Jesus, 0 apóstolo Paulo também fez uso de ilustrações em seus discursos. Falou de
Moisés atravessando 0 mar Vermelho, da provisão de Moisés no monte Sinai, de Enoque, de Elias, de Noé, de
Abraão, de Melquisedeque, de Abel, de Adão e Eva, da meretriz Raabe e muito mais.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 10
1) Antes de enviar seus discípulos, o que o mestre primeiramente passou a demonstrar por meio de atos e
palavras?
2) Qual é o significado do termo “ilustração”?
3) Quais exemplos de ilustração o apóstolo Paulo usou em seus discursos?

CURSO DE TE O LO G IA 63
M Ó DULO 5 IEVANGELISMO ESTRATÉGICO

EVANGELISM O DE SEITAS
A maioria daqueles que estão envolidos com práticas sectárias convive lado a lado conosco, em nossas
comunidades, escolas, faculdades, trabalho e até mesmo família. Alguns sào fortemente proselitistas. outros
praticam passivamente sua religião. Consideramos este o melhor campo para alcançá-los. Mais do que
confrontá-los em seus congressos e grandes eventos, é no dia-a‫־‬dia, pouco a pouco, que eles podem e devem
ser abordados de forma sábia.
Uma coisa é analisar as afirmações dos diversos grupos religiosos, pseudocristâos ou não, fornecendo respostas
bíblicas para as questões propostas por eles. Outra coisa é usar o resultado disso para convencer os sectários da
falsidade de suas posições e da veracidade do evangelho como único meio de salvação.
Neste aspecto, vale frisar que evangelismo não é sinônimo de evangelho. Esta distinção é de extrema
importância no que diz respeito à área prática da apologética. O conteúdo deve permanecer intocado, mas a
embalagem precisa se adaptar às necessidades do receptor. Não se muda a mensagem, mas muda-se 0 método.
Para grupos específicos, métodos específicos.
Estamos falando de grupos bem-específicos, com suas próprias crenças e com sua cultura própria. Não
estamos falando de pessoas arreligiosas ou nominalmente religiosas que passivamente absorvem qualquer coisa.
Estamos falando de pessoas convictas de sua fé e que alegam ter recebido desta fé o conforto que buscavam.
Dentre estas ainda existem as que, de uma forma ou outra, possuem uma “fé missionária”, ou seja, sua crença
inclui a obrigação de propagar seus ensinos. Não apenas possuem uma fé passiva, mas uma fé ativa. Isso torna
0 evangelismo um verdadeiro confronto, que infelizmente tem adquirido algumas vezes perfil demasiadamente
agressivo, chegando às vezes a manchar a imagem do evangelho.
Relembrando, para grupos específicos, métodos específicos. Conhecemos isso muito bem, pois temos diversas
organizações, não só no mundo, mas também no Brasil, que trabalham com grupos restritos. Temos grupos para
evangelizar crianças, universitários, mendigos, toxicômanos, homens de negócio, homossexuais, intelectuais,
etc. Com as seitas, também se toma necessária a mesma visão.
Para alcançá-los toma-se necessário proceder de modo próprio, que pode variar de uma seita para outra. Mesmo
que muitos tenham deixado os grupos heréticos e se unido à Igreja de Cristo, têm feito isso não como resultado de
um trabalho específico. Se isso fosse feito de modo efetivo, os resultados, com certeza, seriam muito melhores.
O número dos que têm deixado os grupos heréticos para se filiarem à Igreja tem sido muito reduzido,
justamente porque não há foco. Não se tem contemplado esses grupos como campos missionários. São vistos
mais como inimigos do que como parte da seara na qual nos cabe trabalhar. Quando Paulo chegou a Atenas,
ele logo procurou entrar em contato com os principais grupos filosóficos da época - os epicureus e estóicos (At
17.17, 18). Não esqueçamos que então filosofia e religião eram muito próximas.
Estamos cientes de que este não é o único grupo a ser alcançado. Dizemos isso porque muitas vezes alguns
se posicionam contra um enfoque de evangelização das seitas dizendo que há tantas almas fora dela que
não precisamos ‫־־‬perder nosso tempo” tentando conquistá-las para o Reino de Deus. Concordamos que eles
representam uma parcela pequena da população em relação ao todo.
No entanto, a omissão é injustificável. É necessário que uma parcela da Igreja dedique-se não apenas a se
defender das seitas, mas a lutar para "arrebatar alguns do fogo” (Jd 22, 23), pois, se não o fizermos, também
seremos culpados. A Igreja deve gastar parte de sua energia e tempo para salvar essas vidas. O fato de ser mais
difícil a conversão dessas almas jamais pode servir de justificativa. Às vezes queremos ir para o mundo islâmico

64 CURSO DE TE O LO G IA
M Ó DULO 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

falar de Jesus, quando dentro de nossa própria cidade ou bairro não fazemos qualquer esforço por alcançá-los.
Não só os que vão para povos distantes têm trabalho a fazer. Os que ficam também.
Nessa tarefa deve estar aliada a vontade de ganhar almas do evangelista com a capacidade de aprendizagem
e ensino do mestre. Nem sempre essas características estão presentes em uma única pessoa, mas elas podem e
devem se associar nessa tarefa.

11.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA O TRABALHO DE EVANGELIZAÇÃO DE SEITAS


1. Amar os sectários - Querer desmascará-los, desacreditá-los ou mostrar superioridade intelectual é algo
reprovável. Desmascarar a mentira é uma coisa, resgatar os que estão presos nela é outra. Temos que ter
a visão do apóstolo Paulo em Romanos 10.1-4, pois, embora reconhecesse o engano no qual os judeus de
sua época viviam, orava a Deus por sua salvação e reconhecia-os não como pessoas perversas, mas como
pessoas que tinham zelo por Deus, sem, contudo, terem conhecimento da verdade.

2. Manter-se humilde - Mansidão e temor são os dois requisitos apontados nas Escrituras como os elementos
básico para testemunhar (1 Pedro 3.15). Quando a evangelizaçâo se transforma em discussão, então ela
já perdeu o seu foco e só restará desconfiança e inimizade. Claro que ouviremos certas coisas que nos
inflamarão o coração, mas o domínio próprio é essencial nessas horas. Caso você não tenha alguma
resposta às afirmações dos sectários, não adianta tentar inventar argumentos incabíveis porque isso só
servirá para trazer descrédito. O melhor mesmo é dizer que trará a resposta depois ou calar-se e voltar
à questão em outra ocasião. Nós não sabemos tudo, e a atitude de humildade é importante para gerar
confiança.

3. Foco específico - O evangelho não muda, mas o evangelismo sim. Drogados, alcoólatras, jovens,
estudantes, esportistas - todos são grupos específicos que têm suas próprias características, e a mensagem
precisa se adaptar a eles. Paulo ensinou a nos assemelharmos com aqueles para quem estamos pregando o
evangelho (1 Coríntios 9.19-23). Cada seita tem a sua peculiaridade, sua forma de pensar. Não são só os
ensinos que são diferentes, os sentimentos também e mesmo a forma de pensar. As Testemunhas de Jeová,
por exemplo, teoricamente só admitem a Bíblia como Palavra de Deus, ainda que na prática atribuam o
mesmo valor aos escritos de sua organização. Os mórmons também dizem crer na Bíblia como Palavra
de Deus, mas pouco a usam e onde esta os contradiz alegam erros de tradução. Quanto aos kardecistas,
embora utilizem citações bíblicas, não a tem em grande conta. Dessa forma, cada um desses grupos deve
ser tratado conforme a sua maneira de pensar.

4. Preparação - As seitas são fortemente doutrinadas. Suas mentes estão cheias de falsos conceitos que
lhes impedem de aceitar passivamente as verdades bíblicas. Esses falsos conceitos são verdadeiras
fortalezas, que impedem seus pensamentos de serem cativos para Cristo, como disse Paulo: “Porque
as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;
destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo
todo entendimento à obediência de Cristo...2) ‫ ״‬Coríntios 10.4-5). O crente precisa estar “p r e p a r a d o p a r a
r e s p o n d e r " (a p o lo g iz e - defender) sua fé (1 Pedro 3.15). É necessário que todo cristão conheça muito as
doutrinas centrais do cristianismo, quanto as doutrinas daqueles a quem se pretende alcançar. Apologética
é uma disciplina que requer constante e repetido aprendizado.

5. Paciência - A obstinação dos sectários pode levar 0 evangelista a perder a calma e começar a atacar ou
a simplesmente desistir de seu trabalho. Mais do que qualquer outro tipo de pessoa, a evangelizaçâo do

65
M Ó DULO 5 I EVANGELISMO ESTRATÉGICO

adepto das seitas requer tempo para dar resultado. Muitas vezes você nem mesmo verá o resultado de
imediato, pois só virá com o tempo, quando, durante uma crise, ele começar a meditar nas coisas que você
disse. Temos que ter consciência de que se trata de um terreno mais duro do que os demais. Quem entrar
nessa tarefa não deve ter pressa.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 11
1) Por que evangelismo não é sinônimo de evangelho?
2) Quais eram os principais grupos filosóficos da época do apóstolo Paulo?

CURSO DE T E O LO G IA
66
M ÓDULO 5 I EVANGEUSMO ESTRATÉGICO

EVANGELIZACÃO DE CRIANCAS ‫כ‬ ‫כ‬

Educadores e psicólogos são unânimes em afirmar que quase todos os casos de um autoconceito doentio se
originam na infância. Pais, professores e colegas são influência muito importante para a auto-imagem de uma
criança e seu desenvolvimento. Vamos examinar o impacto de cada uma dessas pessoas na vida de uma criança.

12.1 INFLUENCIADOS PAIS


Os principais responsáveis pelo destino de uma criança são seus pais. Suas vozes de encorajamento e elogio
são as primeiras e mais influentes que as crianças ouvem. A medida que os pais as encorajam a desenvolver seus
talentos, dotes e habilidades, elas desenvolvem um senso saudável de dignidade por suas realizações. Não é de
admirar que as crianças são mais responsáveis quando criadas e cuidadas por pais que são amorosos, sensíveis,
comprometidos e casados.
A influência dos pais é tão profunda que contagia a formação da auto-imagem de uma criança. Imagine o
impacto devastador de um pai que diz ao filho: “Amo mais seu irmão do que você”, ou à filha: “Você é feia,
ninguém vai querer você”. Essas afrontas verbais são feridas que foram geradas na alma e influenciarão a saúde
física, emocional, relacionai e espiritual da criança por toda a vida.
O que se percebe é que os pais não entendem a poderosa influência que exercem sobre a formação do caráter
dos filhos.

12.2 INFLUÊNCIA DOS PROFESSORES


Quem não se lembra de um professor que era muito chato? Ou de uma professora meiga, carinhosa? Esses
profissionais são mentores na formação do caráter de uma criança. Depois dos pais, os professores são aqueles
que exercerão uma maior influência no desenvolvimento de uma auto-imagem positiva ou negativa na criança.
Uma laranja estragada pode arruinar todo o cesto! Um professor ruim pode minar todo o trabalho desenvolvido
no lar. Sendo assim, é essencial que os pais acompanhem o desenvolvimento de seus filhos no processo de
aprendizado. Caso perceba algo errado, deve logo procurar saber quais os motivos que levam seus filhos a terem
comportamentos anormais.

12.3 INFLUÊNCIA DOS AMIGOS


Outro fator que influencia o desenvolvimento de uma criança de forma positiva ou negativa são as amizades.
Não é em vão que um provérbio popular diz: “Diga-me com quem andas que direi quem és”. Pode até ser difícil
de acreditar, mas outra causa que afeta o autoconceito de uma criança são suas amizades. Os pais devem estar
atentos às amizades que seus filhos possuem e, quando necessário, neutralizar o efeito potencialmente danoso
que tais amizades podem causar.
Se dentro de casa a criança for ensinada que é abençoada por Deus e é amada por Ele, essas verdades terão o
poder de transformar sua vida. Você percebe como ensinar a Palavra de Deus aos seus filhos pode fazê-los ver a
si mesmos como Deus os vê? Não é em vão que as Escrituras dizem: “Ensina a criança no caminho em que deve
andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22.6 - ARA).
E impossível exagerar a importância de os pais não só ensinarem, mas praticarem a fé, servindo assim como
modelos para seus filhos. Tanto pais quanto professores têm qüe saber que as crianças são capazes de compreender
a verdade de Deus. Não é em vão que Jesus pedia uma fé infantil dizendo: “Em verdade vos digo que qualquer
que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele” (Marcos 10.15).

CURSO DE TEOLOGIA 67
M Ó D ULO 5 IEVANGELISMO ESTRATÉGICO

Jamais deixe que outros dêem aos seus filhos o ensinamento espiritual que é tarefa sua como pai ou mãe.
Ainda que um pastor ou professor tenha mais conhecimento bíblico, não terá 0 comprometimento de coração que
você têm com seus filhos, bem como a qualidade e quantidade de tempo necessário para ficar com eles.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 12
1) De acordo com educadores e psicólogos, quase todos os casos de um autoconceito doentio se originam em
que fase da vida?
2) Qual é a influência dos pais na auto-imagem dos filhos?
3) Qual é a influência dos amigos sobre o desenvolvimento de uma criança?

68 CURSO DE TE O LO G IA
M Ó DULO 5 IEVANGELISMO ESTRATÉGICO

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CURSO DE TEO LO G IA 69
faculdade teológica betesda
Moldando vocacionados

AVALIAÇÃO - M O D U LO V
EVANGELISM O
*1) Qual é a diferença entre evangelismo e evangelização?

i2) Qual é o pré-requisito necessário para o evangelismo?

*3) Onde se encontra a base bíblica para o evangelismo?

4) Quais são os métodos evangelísticos que os primeiros discípulos usaram para alcançar as almas perdidas?

*5) Quais são os três pressupostos bastante amplos para se ter uma vida de oração?

6) Sobre 0 que repousa o sucesso do trabalho evangelístico?

7) Qual é o objetivo de toda pregação?

8) Quais exemplos de ilustração o apóstolo Paulo usou em seus discursos?

9) Depois dos pais, quem são aqueles que exercerão uma maior influência no desenvolvimento de uma auto-
imagem positiva ou negativa na criança?

10) Cite cinco princípios para a evangelização das seitas.


HERMENÊUTICA
A arte de interpretar textos
SUAAÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 77

1. DEFINIÇÃO DE TERMO ........................................................................................................................... 78

2. PANORAMA HISTÓRICO ........................................................................................................................ 79


2.1 ALEGÓRICA.............................................................................................................................................79
2.2 MIDRÁSHICA .......................................................................................................................................... 80
2.3 LITERAL .................................................................................................................................................. 81
2.4 TIPOLÓGICA ........................................................................................................................................... 81

3. A FINALIDADE DA INTERPRETAÇÃO B ÍB L IC A ..............................................................................83


3.1 CORRELAÇÃO ENTRE HERMENÊUTICA, EXEGESE E EISEGESE............................................83

4. ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA INTERPRETAR AS ESCRITURAS ............................... 85

5. REGRAS PARA A CORRETA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA ............................................................ 87


5.1 A ESCRITURA INTERPRETA A ESCRITURA................................................................................... 87
5.2 DEVE-SE TOMAR O TEXTO EM SEU SENTIDO USUAL E ORDINÁRIO...................................87
5.3 DEVE-SE ANALISAR O TEXTOEM TODOS OS SEUS CONTEXTOS........................................... 88
5.4 DEVE-SE LEVAR EM CONTA A INTENÇÃO DO AUTOR...................................... 88
5.5 DEVE-SE LEVAR EM CONTA O ESTILO LITERÁRIO.................................................................. 88
5.6 DEVE-SE LEVAR EM CONTA ABÍBLIA COMO UM TO D O ............................................................ 89
5.7 DEVE-SE LEVAR EM CONTA O CONTEXTO HISTÓRICO............................................................ 89

6. FIGURAS DE LINGUAGEM .................................................................................................................. 90


6.1 COMPARAÇÃO .......................................................................................................................................90
6.2 METÁFORA.............................................................................................................................................. 90
6.3 METONÍMIA ........................................................................................................................................... 90
6.4 ANTONOMÁSIA......................................................................................................................................91
6.5 SINÉDOQUE ............................................................................................................................................ 91
6.6 ANTÍTESE ................................................................................................................................................ 91
6.7 APÓSTROFE ............................................................................................................................................ 91
6.8 IRONIA .................................................................................................................................................... 92
6.9 HIPÉRBOLE ...........................................................................................................................................92
6.10 CLÍMAX OU GRADAÇÃO .................................................................................................................. 92
6.11 PROSOPOPÉIA ......................................................................................... 92
6.12 ALEGORIA .......................................................................................... 93
6.13 FÁBULA ................................................................................................................................................. 93
6.14 ENIGMA .................................................................................................................................................93
6.15 PARÁBOLA ...........................................................................................................................................93
6.16 INTERROGAÇÃO ................................................................................................................................. 94
6.17 SÍMILE .................................................................................................................................................... 95
6.18 ANTROPOMORFISMO ....................................................................................................................... 95
6.19 ANTROPOPATISMO ............................................................................................................................... 95
6.20 TIPO ......................................................................................................................................................... 96
6.21 SÍMBOLOS .............................................................................................................................................97

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................ 99
M Ó D ULO 5 I HERMENÊUTICA I

IN TR O D U Ç Ã O
Vivemos numa época de modismos em todos os âmbitos: da pregação, do louvor e da teologia. Para tomar a
situação ainda mais crítica, não é somente de alguns púlpitos - o que é gravíssimo - que doutrinas falsificadas
têm sido propagadas. Elas infiltraram na nascente, de onde deveríam fluir as águas cristalinas da verdade cristã:
nos seminários e institutos teológicos. Se alguém contaminar o nascedouro, como será a vida daqueles que
sobrevivem das águas da nascente?
O verdadeiro cristianismo não se rende ao espírito do nosso tempo, o qual abarca filosofias antibíblicas e
anticristãs, como a relativização de valores morais, a aversão às instituições e o hedonismo.
De um modo geral, igrejas, seminários, editoras, pastores, teólogos, escritores “evangélicos” têm surgido entre
nós disseminando sorrateiramente heresias de perdição na igreja evangélica. O conhecimento, entendimento
e prática da Bíblia Sagrada são imprescindíveis para o crescimento espiritual do cristão. Precisamos atentar
para a Palavra de Deus, que nos adverte: “E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas
perversas, para atraírem os discípulos após si” (Atos 20.30).
Não basta somente conhecer a Palavra de Deus; mais do que isso, impõem-se respeitá-la, forjando-se, no
espírito de cada ser humano, a consciência de sua inquestionável superioridade. Enquanto prevalecer a autoridade
suprema da Bíblia Sagrada, e for ela respeitada por todos aqueles que exercem a função ministerial, subsistirão
íntegros os valores éticos que informam e norteiam toda a sociedade.
Para conhecer com profundidade a Palavra de Deus, qualquer pregador precisa e deve conhecer as
regras da hermenêutica, pois é por meio dessa ciência que são estabelecidos os princípios, leis e métodos de
interpretação.
Este estudo se reveste de importância porque, infelizmente, existem muitas falácias exegéticas entre nós.
Muitos erros doutrinários surgem da má interpretação dos textos bíblicos, conseqüentemente gerando heresias.
Se a Bíblia deve cumprir sua obra de reforma contínua - reforma de nossas vidas e de nossa doutrina - devemos
fazer tudo o que pudermos para ouvi-la novamente e utilizar os melhores recursos que se encontram' à nossa
disposição.
Ler um texto e interpretá-lo não é tão fácil assim. Quando consideramos o texto sagrado das Escrituras,
devemos sentir “temor e tremor” diante da magnitude da tarefa. Foi com propriedade que o hermeneuta D. A.
Carson afirmou que “se alguém cometer um erro na interpretação de uma das peças de Shakespeare ou escandir
incorretamente um verso spenseriano, é improvável que isso acarrete conseqüências eternas. Mas não podemos
aceitar facilmente uma complacência semelhante na interpretação das Escrituras”.
As Escrituras tratam daquilo que é eterno, portanto se toma o ato mais importante para um ser mortal, pois
entra na dimensão do sublime. Além disso, dessa leitura depende a vida, o ser, a Igreja e o mundo.
E por essas e outras que essa ciência se toma necessária diante do cenário exegético que a igreja brasileira
enfrenta na questão da hermenêutica.

CURSO DE TE O LO G IA 77
M Ó D ULO 5 I HERMENÊUTICA I

DEFINIÇÃO DE TERMO
A palavra “hermenêutica‫ ״‬é um legado da língua grega ( ε ρ μ η ν ε υ ε ι ν - h e rm e n e u e in ) e, primariamente,
significa expressão (de um pensamento), daí, explicação, atividade da inteligência e, sobretudo, compreensão humana
e interpretação. O termo, possivelmente, se deriva do nome de Hermes, da mitologia grega, considerado inventor da
linguagem e da escrita e deus da eloqüência, por preferir a persuasão ao uso das armas, por recorrer mais à inteligência do
que à força. Seu nome provém da palavra grega herma, que designa os montes de pedra usados para indicar o caminho.
Hermes não ocupava o ápice da hierarquia do Olimpo, mas expressou qualidades na mitologia grega que,
igualmente, podem ser observadas na hermenêutica contemporânea. Por isso era motivo de grande veneração
entre os helenos, que o tinham como benfeitor e defensor da humanidade perante o Olimpo. Entre as suas várias
atribuições, incluíam-se as de protetor das estradas e dos viajantes, condutor das almas ao Hades e, principalmente,
a de mensageiro, em face das qualidades de que era detentor: conhecer a língua dos deuses e saber como interpretar-
lhes a vontade, assim como conhecer a língua dos homens. Hermes era astuto, objetivava convencer, ao invés de
impor sua vontade, era 0 emissário que transmitia aos mortais informações, notícias e ordens provenientes dos
habitantes do Olimpo, constituindo 0 canal de comunicação entre os imortais e os mortais.
Sua habilidade de revelar o sentido das declarações dos deuses, difiindindo-o aos seres humanos, fez de Hermes o
inspirador da idéia de que é necessário haver interpretação dos comandos, das normas, das leis e sua compreensão por parte
dos homens. Para os romanos, Hermes era Mercúrio, o deus da eloqüência.
Deixando de lado o aspecto mitológico da origem do termo hermenêutica, nos ocuparemos da hermenêutica bíblica,
que trata da “reta inteligência e interpretação das Escrituras bíblicas”.' Assim, no âmbito teológico, refere-se àquilo que
concerne à interpretação; aquilo que se relaciona com a habilidade de interpretação e às técnicas para a hábil explicação
do texto, à natureza do processo interpretativo. Portanto, tem por finalidade 0 estudo, a definição e a sistematização dos
métodos aplicáveis para determinar o sentido das expressões contidas nos textos.
A hermenêutica tem por objeto investigar e coordenar, de modo sistemático, os princípios científicos e leis decorrentes,
que disciplinam a apuração do conteúdo, do sentido e dos fins das palavras e a restauração do conceito orgânico dos tennos,
para efeito de sua aplicação e interpretação.
Dessa forma, em um primeiro momento todos somos intérpretes de um texto bíblico, pois ao lermos as Escrituras
Sagradas realizamos a função interpretativa com a finalidade de descobrir o sentido do texto para poder aplicá-lo em nossa
vida cotidiana. Sendo assim, a hermenêutica deve ser considerada um processo unitário que inclui, além da compreensão e
interpretação do texto, também a sua aplicação.
Essa palavra, ou alguma forma dela, é usada quatorze vezes no Novo Testamento para referir-se a “explicar” ou
“interpretar” comunicações. Um exemplo nítido disso acha-se na conversa que Cristo manteve com dois homens na estrada
de Emaús. Lucas nos diz que “começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes 0 que dele se achava em
todas as Escrituras” (Lucas 24.27). A palavra aqui traduzida como “explicar” é d ie rm e n e u o (no grego), uma forma da
palavra que é traduzida por “hermenêutica” em nossa língua.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 1
1) Qual é o significado primário do termo hermenêutica?
2) O que trata a hermenêutica bíblica?
3) Qual é o objeto da hermenêutica?
4) Quantas vezes a palavra hermenêutica é usada no Novo Testamento?1

1 . LUND, E.; NELSO N , P. C. H e rm e n ê u tic a . 1 3 . e d . São P a u lo : V id a , 1 9 9 6 .

78 CURSO DE T E O LO G IA
M Ó DULO 5 I HERMENÊUTICA I

PANORAMA H IS TO R IC O
Na Antiguidade Clássica não era usual o emprego do termo hermenêutica. Encontra-se em Platão na frase: “A
razão [do dito] era a explicação (h e r m e n e ia ) da diferença”,2assim como em Aristóteles, cujo título de um tratado
presente no O r g a n o n (conjunto de obras que Aristóteles consagra à lógica) é P e r i H e r m e n e ia s , que se ocupa dos
juízos e proposições.
Desta forma, a partir da Antiguidade Clássica, especialmente em Aristóteles, há o delineamento das primeiras
regras de hermenêutica, uma vez que Aristóteles já asseverava que a primeva exigência para a interpretação de
um texto literário consistia no exame formal de sua estrutura, seguida da análise do estilo da obra. Logo, 0 ato
de interpretar deveria levar em consideração a composição da obra, compreendendo as partes a partir do todo
e o todo a partir das partes que o constituem, assemelhando-se com o que foi denominado, no século XIX, de
círculo hermenêutico.
Em verdade, a hermenêutica, em suas origens, constitui uma técnica filológica, ou seja, uma técnica de leitura
para compreensão das obras da antiguidade e de textos religiosos, pois a questão de interpretar adequadamente
a Palavra de Deus era habitual ao povo judeu, no que tange ao Antigo Testamento e aos cristãos no Novo
Testamento. Portanto, as operações filológicas de interpretação vão se desenvolver em função de regras
rigorosamente determinadas, como, por exemplo, explicações lexicais e gramaticais, retificações críticas dos
erros dos copistas, etc.
Entre os intérpretes judaicos havia diversos métodos hermenêuticos, porém existia um consenso acerca de
diversos pontos entre eles. Em primeiro lugar, era ponto pacífico a inspiração divina das Escrituras. Em segundo
lugar, afirmavam que a Torá continha toda a verdade de Deus para a orientação da humanidade. Em terceiro
lugar, os exegetas judaicos extraíam muitos significados dos textos bíblicos, o que demonstra que consideravam
tanto o sentido literal ou manifesto quanto os implícitos.
0 Entre os escritos judaicos da antiguidade podemos encontrar pelo menos três métodos hermenêuticos
principais: a alegórica, a literal e a tipológica. Vale salientar que essa classificação não é uma regra para os
intérpretes judaicos primitivos.

2.1 ALEGÓRICA
A forma alegórica consiste na interpretação de um texto da perspectiva de alguma coisa, sem levar em
consideração 0 que quer seja essa coisa. O mais proeminente intérprete judeu da forma alegórica foi Fílon, um
filósofo judeu do século I, de Alexandria, contemporâneo de Jesus. Para Fílon, as Escrituras possuíam duas
formas de ser interpretada: o literal e o subjacente, sendo que este último era recuperado somente por intermédio
da exegese alegórica.
Muitos cristãos faziam uso da alegoria para encontrar Cristo no Antigo Testamento. Dessa forma, esse
método passou a ser “uma estratégia interpretativa para declarar que isso significa aquilo. Como tal, era um meio
fundamental de conseguir do significado oculto do texto pelo motivo manifesto de tomar o texto relevante”.3
* Orígenes (185-254 d.C.) foi o maior dos intérpretes alegóricos do cristianismo primitivo, seu praticante mais
notável e seu mais adequado expoente. Ele acreditava que as Escrituras continham um significado literal e outro
espiritual. O sentido literal do texto, no seu entendimento, era inferior ao significado espiritual da mesma forma

2. PLATÃO. Teeteto-Crátilo. Belém: Universidade Federal de Pará, 1988, p. 96.


3. VANHOOZER, Kevin. Há um significado neste texto. São Paulo: Vida, 2005, p. 137.

CURSO DE TEO LO G IA 79
MÓDULO 5 I HERMENÊUTICA I

que, para Platão, as coisas terrenas são sombras das formas celestiais e o corpo humano é inferior ao espírito.
Assim, uma Escritura inspirada por Deus tinha que ser interpretada de forma espiritual, um significado mais
profundo, além de um significado de “superfície”.
Com base nesse pressuposto, Orígenes desenvolveu uma abordagem tríplice das Escrituras, ou seja, a Palavra
de Deus tinha um sentido literal ou físico, um sentido moral ou psíquico e por fim um sentido alegórico ou
intelectual. Ao fazer essa divisão ele seguiu Clemente e Fílon, embora adotasse três diferentes sentidos em vez
dos dois anteriores, porém, na prática, menosprezou o sentido literal, raramente se referiu ao sentido moral e
usou constantemente a alegoria.

2.2 MIDRÁSHICA
Para os rabinos, a Torá é a própria Palavra de Deus e contém a soma do conhecimento de Deus para seu
povo. Pelo fato de ser um produto divino, até mesmo as próprias letras das Escrituras estão repletas de um
significado profundo. Sendo assim, a interpretação é o meio pelo qual as Escrituras falam com as gerações
subseqüentes em situações diferentes. Os rabinos também acreditam em outra Lei, conhecida como Torá
Schebealpe (Lei Oral), que é fruto de milhares de anos de sabedoria judaica, um compêndio de lei, lenda e
filosofia. A força dessa Lei Oral na vida religiosa é muitop grande, pois “ela exerce influência sobre a teoria
e a prática da vida judaica, dando forma a seu conteúdo espiritual e servindo de guia de conduta”.4
Essa Lei Oral, para a tradição judaica, serve para interpretar 0 conteúdo escrito da Lei e também suprir suas
lacunas. Do ponto de vista histórico-crítico, é muito difícil precisar quando começaram a cultivar no judaísmo
as tradições orais e quando surgiu a consciência de uma dupla fonte da Torá, a oral e a escrita. Entretanto, é
sugerido que este processo teve início na era do Segundo Templo, com Esdras, sacerdote e escriba.
Esdras, seguido pelos homens da Grande Assembléia,5 conhecida como denominação geral de S o f r i m
(escribas), exerceu grande influência sobre o corpo legislativo judaico. Uma das principais tarefas dessa
instituição legislativa foi “levar a observância da Torá escrita e das tradições orais, introduzindo novas
disposições no campo normativo e incluindo inovações no campo das doutrinas” .678Foram os escribas
{ s o f r im ) que elaboraram os métodos básicos da exegese h a l á k h i c a , isto é, os métodos de estudar as
decisões rabínicas dos próprios textos bíblicos, conciliando aparentes contradições do texto, interpretando
informações obscuras, analisando e resolvendo problemas do esquadrinhamento do texto e organizando o
material para facilitar sua transmissão sistemática e estudo metódico.
A partir do século 1 d.C., a atividade da transmissão oral se sistematiza e seus transmissores são
chamados de T a n a ít a s , isto é, aqueles que estudam, repetindo e passando adiante o que aprenderam de
seus mestres. A atividade dos tanaítas finda com a redação da M i s c h n á por volta do ano 220 d.C., quando
Yehudá Há-nassi, o Príncipe, compila a tradição.
A Mischná do rabino Yehudá foi adotada como livro de texto tanto pela escola palestina como pela
babilônica. Os professores, chamados naquela época de A m o r a í t a s , trabalhavam palavra por palavra 0
texto mischnaico, discutindo, elucidando, juntando novo material. Este trabalho dos amoraítas fez surgir
a Guemará. Os dois elementos, a Mischná e a Guemará, formam o Talmud.
Vale salientar que há duas G u e m a r o t ‫ י‬uma realizada nas escolas palestinas e outra nas escolas
babilônicas, sendo esta última três vezes maior que a primeira.
Essa forma de interpretar as Escrituras tornou-se conhecida como M i d r a s h ,s usada pelos rabinos e

4 . SZPICZKOSWI, Ana. Educação e Talmud. São Paulo: Humanitas, 2002, p. 33.


5. Grande Assembléia - uma espécie de corpo legislativo. Existiu logo após 0 início do período que corresponde ao segundo Templo e dela faziam parte
Esdras e Neemias, de acordo com a tradição judaico.
6 . Idem, 2002, p.34.
7. Plural de Guemará.
8 . 0 termo Midrash vem da raiz hebraica darash, que significa “investigar, averiguar'' e denota estudo intenso, ou exame do sentido de uma passagem. Era 0
método usado por alguns escribas para chegarem ao sentido de uma passagem da Torá.

CURSO DE TE O LO G IA
80
M Ó DULO 5 I HERMENÊUTICA I

fariseus para sua leitura bíblica. “O midrash tem o significado de comentários, em particular, com a
idéia de tomar contemporânea a Escritura a fim de aplicá-la ou tomá-la significativa para a situação atual do
intérprete.”9

2.3 LITERAL
A maioria dos dicionários descreve o sentido literal como o significado primário de um termo, o significado
estabelecido pelo uso comum. Podemos assim dizer que 0 significado literal é 0 significado “puro, simples, direto
do texto”.
Os comentários rabínicos emitem diversos exemplos nos quais as Escrituras Sagradas foram entendidas
de forma direta, o que resultou na aplicação do significado manifesto, simples e natural do texto à vida das
pessoas.
Μ A escola exegética do rabino Shammai era extremamente literal, evidenciada pelos comentários dos textos
bíblicos a ele atribuídos. “Os comentários de Shammai observam que à noite todos devem reclinar-se ao
recitar o s h e m à , mas pela manhã devem ficar em pé, pois está escrito: Quando vos deitardes e quando vos
levantardes.”101
Jesus fez uso desta forma de interpretação em alguns de seus discursos, em especial com relação às questões
morais. Em Mateus, o mestre Jesus repreende os fariseus com citações diretas do livro de Êxodo dizendo: “Honra
a teu pai e a tua mãe...” (Êxodo 20.12) e “ quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe certamente morrerá” (Êxodo
21.17). Concernente ao divórcio, ele fez citação direta de Gênesis 2.24, que diz: “Portanto deixará 0 homem o
seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”.
Durante muitos séculos a interpretação esteve adstrita à explicação de textos considerados obscuros, em que
o ato de interpretar fazia-se necessário somente se a estrutura gramatical desse texto não fosse suficiente para o
entendimento de seu significado.
Na Idade Média, no âmbito da cultura teológica, intensificaram-se as inquietações quanto à compreensão do
texto bíblico, contudo, inicialmente, ficou restrita à interpretação gramatical e lógico-sistemática.

2.4 TIPOLÓGICA
A exegese tipológica busca reconhecer e interpretar símbolos, tipos e alegorias das Escrituras fazendo uma
correspondência entre pessoas e acontecimentos do passado, do presente e do futuro.
O Antigo Testamento está repleto de tipos aos quais 0 Novo Testamento se refere e os explica, como já
dizia Agostinho: “O Novo está contido no Antigo; o Antigo é explicado pelo Novo”. Sendo assim, é muito
importante entendermos qual é o significado de um tipo. Paulo, ao escrever aos coríntios, disse: “Ora, tudo isto
lhes sobreveio como figuras [lit de modo típico], e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados
os fins dos séculos” (1 Coríntios !0.11). A partir deste texto, podemos concluir que a lição quando não bem
aprendida toma a se repetir na história, ou seja, se não aprendermos com os erros da história vamos cometer os
mesmos erros da história.
Certos personagens bíblicos são referidos no Novo Testamento como tipos, pessoas vivas e reais que deixaram
um legado para os cristãos, como disse Robert Anderson: “A tipologia do AT é 0 próprio abecedário da linguagem
em que a doutrina do NT é escrita”."
O escritor aos hebreus menciona com ffeqüência algumas peças existentes no tabemáculo e os sacrifícios ali
oferecidos e declara que todas essas coisas são “uma alegoria para 0 tempo presente” (Hebreus 9.9), naturalmente
se referindo à dispensação da graça.
Jesus usou várias vezes os tipos em suas pregações. Repetida vezes se referia a eles e demonstrava como
apontavam para Ele mesmo, como no caso do caminho de Emaús: “ ... começando por Moisés, e por todos os

9. DOCKERY, David S. Hermenêutica contemporânea à loz da igreja prim itiva. São Faalo: Vida, 2005, p. 33.
1 0 . Idem, 2005, p. 31.
1 1 . ANDERSON apud HABERSH0N, 2003, p. 12.

CURSO DE TE O LO G IA 81
M Ó DULO 5 I HERMENÊUTICA I

profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras” (Lucas 24.27). Os eventos que tinham
acontecido em Jerusalém estavam todos prefigurados nas Escrituras, como disse Jesus: “ ... convinha que se
cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos profetas, e nos Salmos” (Lucas 22.44).

V E R IF IC A Ç Ã O D E A P R E N D IZ A G E M
CAPITULO 2
1) O que Aristóteles asseverava sobre a hermenêutica?
2) Em sua origem o que constituía a hermenêutica?
3) Em que consiste a concepção de interpretar um texto de forma alegórica?
4) Quem foi o mais proeminente intérprete judeu da forma alegórica?
5) Orígenes desenvolveu uma abordagem tríplice das Escrituras. Que abordagem foi essa?
6) Como se chama a outra lei, fruto de milhares de anos de sabedoria judaica?
7) Quem, dentro do judaísmo, elaborou os métodos básicos da exegese?
8) O que significa interpretar de forma literal?
9) O que busca a exegese tipológica?

82 CURSO DE TE O LO G IA
M Ó D ULO 5 I HERMENÊUTICA I

A FIN A LID A D E DA
INTER PRETAÇ Ã O BÍBLICA
A Bíblia é um livro compreensível para qualquer pessoa, desde que se possua inteligência e conhecimentos
suficientes. Com isso queremos dizer que não é um livro hermético, com significados ocultos destinado apenas
para iniciados. Qualquer pessoa pode extrair dela o conhecimento necessário para sua salvação e para desenvolver
sua vida com Deus.
E importante frisar que não estamos aqui falando que todas as pessoas são capazes de ler as Escrituras e
formar uma Teologia Sistemática. Entretanto, naquilo que é necessário para o conhecimento da salvação a Bíblia
se faz entender a qualquer um que assim estiver disposto. Deus deixou para a humanidade um registro escrito de
sua revelação justamente com este intuito.
Devido ao poder criativo dos homens em modificar e esquecer facilmente as coisas, podemos dizer que as
finalidades a serem perseguidas pela interpretação bíblica são de grande importância, porque visam à garantia
da efetividade da vontade de Deus e à aplicabilidade de seus preceitos. Para isso, existem muitas regras para
interpretação de textos, algumas mais extensas, outras mais curtas. Umas se concentram em certos aspectos
específicos, outras procuram um aspecto geral. Todas essas listas têm grande utilidade e mesmo que possam
parecer repetitivas contêm princípios de grande valia para o exercício hermenêutico.
E de salutar importância considerar a hermenêutica como um processo unitário que inclui, além da compreensão
e interpretação do texto, também sua aplicação. O intérprete, para a realização de sua tarefa, deve analisar os
diferentes significados possíveis de um termo e indagar-se qual deles é o mais exato. Para isso, indaga sobre os
diversos sentidos do texto, bem como sobre seu próprio conhecimento da matéria tratada.
Obviamente, a conclusão a que se chega não é uma verdade absoluta e imutável, mas a escolha motivada
e razoável de uma das diversas possibilidades interpretativas. Portanto, interpretar o texto sagrado significa,
em última análise, decidir por uma entre as muitas possibilidades interpretativas que se apresenta como a mais
pertinente, razoável e justa.
Podemos exaltar pelo menos três pontos essenciais que o intérprete bíblico deve atentar para a realização de
sua tarefa:

1) A Escritura interpreta a Escritura;


2) Os textos devem guardar seu sentido literal, levando-se em conta as figuras de linguagem e outros recursos
literários;
3) O texto deve sempre ser entendido dentro do seu contexto imediato, geral e histórico.

3.1 CORRELAÇÃO ENTRE HERMENÊUTICA, EXEGESE E EISEGESE


O som, articulado em fonemas, tem significação e, mais do que isso, contém sentido, é palavra. Não importa em
que idioma, as imagens mentais podem ser as mesmas. As palavras que as designam é que tendem a ser diferentes.
Por isso, há línguas e não apenas linguagem. Sendo assim, seja qual for a língua, o simples entendimento da sua
variedade de palavras, desde as mais triviais às mais eruditas, é uma das modalidades principais de exercício do
ato ou atividade de interpretar.
Tudo é interpretável, porque tudo chama pelo ato ou atividade de apreensão do sentido. Até os dados e
objetos do mundo físico, assim como as leis e princípios das ciências, que buscam o conhecimento deste mundo.
Assim, se a atividade ou o simples ato de captação do sentido é a interpretação, as regras pelas quais ela se

CURSO DE TE O LO G IA
83
M Ó DULO 5 I HERMENÊUTICA I

opera e o entendimento de suas estruturas e do seu funcionamento, enfim, o entendimento dos seus labirintos é
a hermenêutica.
A finalidade principal da hermenêutica bíblica é auxiliar o obreiro, e a qualquer estudante da Bíblia, a usar os
métodos de interpretações confiáveis, além de estabelecer os princípios fundamentais da exegese bíblica como
base para o estudo do texto na sua diversidade lingüística, cultural e histórica. Desta forma, a hermenêutica ajuda
o estudante a analisar criticamente, com critérios objetivos, os métodos e resultados de um estudo ou exegese de
qualquer texto das Escrituras Sagradas.
A hermenêutica antecede a exegese. Esta, por sua vez, faz uso dos princípios, regras e métodos hermenêuticos
em suas conclusões e investigações. De uma forma simples poderiamos dizer que a hermenêutica é a teoria e
a exegese é a prática, pois esta aplica os princípios hermenêuticos para chegar a um entendimento correto do
texto.
Ao contrário da exegese, a eisegese ocorre quando o intérprete aborda 0 texto com preconceitos, extraindo
dele um sentido que já desejava de antemão, ou seja, significa ler no texto aquilo que ele quer encontrar ali, mas
que, na realidade, não se encontra, ou então distorce um texto para adaptá-lo às suas próprias idéias. Em outras
palavras, quem usa de eisegese força o texto, mediante várias manipulações, fazendo com que uma passagem
diga o que na verdade não se acha ali. A eisegese usualmente ocorre quando um intérprete desconsidera uma
regra de interpretação porque está em conflito com as noções preconcebidas dele.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 3
1) Por que as finalidades a serem perseguidas pela interpretação bíblica são de grande importância?
2) Qual é a principal finalidade da hermenêutica bíblica?

84 CURSO DE TE O LO G IA
M Ó DULO 5 I HERMENÊUTICA I

ELEMENTOS FU N D A M EN TA IS PARA
IN TE R P R E TA R A S ESCRITURAS
Verifica-se que interpretação, em geral, é a possibilidade de referência de um signo ao que ele designa
ou, também, a operação pela qual um sujeito (intérprete) estabelece a referência de um signo ao seu objeto
(designado). Assim, interpretar um enunciado significa expressar seu sentido, utilizando signos, uma vez que
na interpretação de uma expressão, de um conjunto de signos, oferece-se outro conjunto de signos que, para o
ouvinte ou o leitor, seja de mais fácil compreensão que a expressão original.
Interessante lembrar que o vocábulo interpretação comporta uma duplicidade semântica que se divide, por
um lado, na própria a tiv id a d e de se interpretar e, de outro, no p r o d u to dessa atividade. Com base nesta distinção,
fala-se em interpretação-atividade e interpretaçào-produto. A primeira acepção de “interpretação” é aquela pela
qual o vocábulo corresponde à atividade designada pelo verbo “interpretar”; nesta acepção, “interpretação” é
sinônimo de “interpretar” e refere-se, fundamentalmente, a um fenômeno mental, como atribuir um significado a
um documento. A segunda acepção de “interpretação” é aquela pela qual este vocábulo corresponde ao produto
da atividade designada do verbo interpretar; nesta acepção, “interpretação” é sinônimo não tanto de “haver
interpretado” quanto do “resultado de haver interpretado”; tal resultado é, pelo próprio fato de ser conhecido,
incorporado em um documento, que, além de documentar todo o fenômeno mental, é dotado de maior ou menor
relevância socioinstitucional segundo a forma e a posição do intérprete.
Ressalta-se que a palavra interpretação, dependendo do prisma que se adote, pode ser entendida (interpretada)
de formas diversas. Para o fundador da semiótica moderna, Charles Sanders Peirce (1839-1914), a interpretação é
“um processo triádico que se dá entre signos (ou r e p r e s e n ta m e n ), seu objeto e seu interpretante, constituindo este
último a relação entre o primeiro e o segundo termo”.12Já na ciência fala-se de interpretação quando se estabelece
a correspondência entre um sistema axiomático e determinado modelo, ou seja, um exemplo concreto ou conjunto
de entidades que satisfaça as condições enunciadas pelo sistema axiomático.13 Outro uso para o termo pode ser
encontrado na teologia, quando se faz menção à interpretação não apenas como a arte ou a ciência da interpretação
de qualquer texto; antes de tudo, é uma ciência que procura também o significado da palavra como evento histórico,
social e de vida. Seu objetivo primário é estabelecer 0 verdadeiro sentido do autor ao redigir as Escrituras.
A hermenêutica como ciência postula métodos e regras específicos que orientam a pesquisa e o modo de proceder.
Dependendo do método empregado, pode-se chegar a conclusões conflitantes. Quem se põe a interpretar pode
incorrer em erros, em face da adoção de pressupostos que não encontram sustentação no texto. Entre os principais
métodos hermenêuticos ou exegéticos encontram-se o histórico-crítico, o estruturalista e o fundamentalista.
A compreensão/interpretação de um texto ocorre por meio da interação, do diálogo estabelecido entre o intérprete
e o texto, em um contexto. O texto suscita e sugere perguntas; o intérprete as realiza, e o texto lhe responde, em uma
sucessiva circularidade que irá desdobrar o texto em suas camadas ou estruturas.
De certo modo, tudo nas Escrituras se refere à interpretação. As leis estabelecidas pelo “Grande Legislador”
foram dadas para serem aplicadas à vida social e não há aplicação sem prévia interpretação. E a interpretação,
que não é só das leis em sentido amplo, mas também dos fatos, sofre decisiva influência dos pressupostos em
que se apóia, pois as circunstâncias na produção das Escrituras Sagradas foram bastante variadas e exigem do
expositor, do pregador, que seu estudo seja meticuloso, cuidadoso e sempre científico de acordo com os princípios
hermenêuticos.
Buscando-se clarificá-los, a primeira providência a tomar consiste em ver o processo hermenêutico por inteiro,
1 2 . NOTH, Winfried. Panorama da semiótica: d · Platão a Peirce. São Paolo: Aanabiume, 1995.
1 3 . De acordo com 0 dicionário Aurélio, axiomático significa: “Que tem caráter de axioma; evidente; manifesto, incontestável".

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M ÓDULO 5 I HERMENÊUTICA I

isto é, reclamando uma palavra (escrita ou oral) ou uma prática que constituiu seu objeto; um autor, o intérprete;
métodos destinados a atingir 0 objetivo buscado; e, ademais, a consideração do contexto histórico-social no qual
esta operação se realiza.
Daí a função da hermenêutica ser infinita e possível; infinita, em virtude da ocorrência de novas e melhores
interpretações; possível, já que não podem ser excluídas interpretações melhores e mais adequadas que as
anteriores, por serem realizadas em consonância com a época em que vive 0 intérprete e por fundamentarem-se
no que ele conhece.
Finalizando, é importante destacar dois perigos que os estudiosos da Bíblia naturalmente enfrentam quando
utilizam os recursos hermenêuticos ao seu dispor.
O primeiro perigo é que há a possibilidade de se tomar demasiadamente mecânico e racionalista, desprezando
o lado espiritual. É fácil demais aplicarmos ao texto bíblico as interpretações tradicionais que recebemos
de terceiros. Dessa forma, podemos involuntariamente transferir a autoridade das Escrituras para nossas
interpretações tradicionais, investindo-as de um falso, e até idólatra, grau de certeza. Quando isso acontece, é um
sintoma de que estamos afastados da Palavra de Deus, ainda que insistamos que todas nossas opiniões teológicas
sejam bíblicas e, portanto, verdadeiras. Uma abordagem cuidadosa das Escrituras capacita-nos a “ouvi-la” um
pouco melhor.
O segundo perigo é que há a possibilidade de pensarmos que a Bíblia somente pode ser entendida por aqueles
que têm formação acadêmica, desfrutou de um bom curso teológico e que tem os recursos hermenêuticos à sua
disposição. Uma coisa, desde logo, surge clara e certa no ensino de Nosso Senhor: a entrada no Reino dos céus é
um dom de Deus. A salvação é de graça. Jesus disse aos seus discípulos: “Não temais, ó pequeno rebanho, porque
a vosso Pai agradou dar-vos 0 Reino” (Lucas 12.32). A principal, portanto, entre as condições de admissão no
Reino é a prontidão em recebê-lo sem qualquer presunção de mérito ou justiça própria, ou qualquer receio de
sermos excluídos dele por falta de justiça própria. O espírito requerido é o de uma criança, como está escrito:
“Em verdade vos digo que, qualquer que não receber 0 Reino de Deus como menino, não entrará nele” (Lucas
18.17). O que determina a prontidão em recebê-lo não é a justiça, mas sim a fé. Fé em Jesus, certeza de que seu
Evangelho de Salvação é verdadeiro e de que as promessas do seu Reino são absolutamente suficientes.
A conclusão é que a hermenêutica deve ser um instrumento que conduza o homem a Deus e não o contrário.
Quando há um bloqueio à compreensão espontânea do significado, é a hermenêutica que irá auxiliar no
entendimento. O papel desta disciplina é procurar preencher as lacunas temporais, históricas, culturais, lingüísticas
e filosóficas.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 4
1) O que significa interpretar um enunciado?
2) Qual seria a duplicidade semântica que o vocábulo interpretação comporta?
3) O que se entende por interpretação-atividade?
4) O que se entende por interpretação-produto?

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M O DULO 5 I HERMENÊUTICA I

REGRAS PARA A CORRETA


INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
3

Recordemos que unicamente em casos de dificuldade, e não quanto ao simples e claro, precisamos dos
conselhos da hermenêutica para que resulte frutífero nosso estudo e correta nossa interpretação.
Vale ressaltar que as doutrinas hoje aplicadas na Igreja são resultado de um processo de séculos de interpretação
das Escrituras. As regras que iremos verificar não surgiram do acaso, mas de um longo processo de interpretação.
Não se pretende, de modo algum, apresentar aqui a palavra final em regras de interpretação, mas simplesmente
fazer uma chamada sobre a importância dessas regras.

5.1 A ESCRITURA INTERPRETA A ESCRITURA


A primeira e fundamental regra da correta interpretação bíblica deve ser aquela que diz: a Escritura explicada
pela Escritura. Cada escritor das Escrituras tinha seu estilo próprio, segundo a revelação que lhes era dada pelo
Espírito Santo. Não é de admirar que se utilizaram de uma linguagem apropriada à ocasião, à sua formação.
Dessa forma, para se obter 0 sentido completo das Escrituras não se pode desprezar 0 estudo do contexto, da
gramática, das palavras e das passagens paralelas.
Se não tivermos o conhecimento do ambiente e da formação do escritor, nossa tendência é interpretar seus
escritos perguntando: “O que isso significa para mim?”, ao invés de perguntar: “O que isso significou para o autor
e para seus leitores?”. Sobre isso escreveu Nelson: “Ignorando ou violando este princípio simples e racional, temos
encontrado, como dissemos, aparente apoio nas Escrituras para muitos e funestos erros. Fixando-se em palavras e
versículos arrancados de seu conjunto e não permitindo a Escritura explicar-se a si mesma, encontraram os judeus
aparente apoio nela para rejeitar a Cristo. Procedendo do mesmo modo, encontraram os papistas aparente apoio na
Bíblia para o erro do papado e das matanças com ele relacionadas, para não falar da Santa Inquisição e outros erros
do mesmo estilo. Atuando assim, acham aparente apoio os espíritas para sua errônea encarnação... Se tivessem a
sensatez de permitir à Bíblia que se explicasse a si mesma, evitariam erros funestos”.14
Não podemos menosprezar o abismo cultural resultante de significativas diferenças entre a cultura do antigos
hebreus e a nossa. Devemos lembrar-nos de que a Palavra de Deus foi originada de modo histórico e, por isso, só
pode ser entendida à luz da história. Cada um de nós vê a realidade através de olhos condicionados pela cultura
e por uma variedade de outras experiências.
O pressuposto fundamental da teoria da hermenêutica é: “o siginificado de um texto deve ser aquele que
0 autor tinha em mente e não aquele que o leitor deseja impor-lhe”. O Senhor Jesus nos exorta a examinar
as Escrituras para encontrarmos nela a verdade, e não interpretá-la para estabelecermos a verdade segundo a
vontade do homem. A falha em reconhecer aquele ambiente cultural ou o nosso próprio, ou as diferenças entre os
dois, pode resultar em grave compreensão errônea do significado das plavaras e ações bíblicas.

5.2 DEVE-SE TOMAR O TEXTO EM SEU SENTIDO USUAL E ORDINÁRIO


Os escritores das Sagradas Escrituras escreveram, naturalmente, de modo que todos entendessem seus escritos.
Valeram-se de palavras conhecidas e entendíveis pelo povo em geral. Devido ao ambiente que viviam, bem como
à cultura de sua época, fizeram uso abundante de várias figuras de linguagem, como a retórica, símiles, parábolas,
etc. Além disso, ocorrem muitas expressões peculiares do idioma hebreu, chamadas hebraísmos. Precisamos ter
consciência de tudo isso para podermos determinar qual é 0 verdadeiro sentido usual e comum das palavras e
1 4 . NELSON, C.; LUND, E. Op. cit., p. 24.

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M Ó D U L O 5 I HERMENÊUTICA I

frases das Escrituras que chegaram até nós. Averiguar e determinar qual é esse sentido usual e ordinário deve
constituir, portanto, 0 primeiro cuidado na interpretação ou correta compreensão das Escrituras.
Virkler afirma que a análise lexical “não incentiva o literalismo cego: ela reconhece quando um autor tenciona
que suas palavras sejam compreendidas de modo literal, quando de maneira figurativa, e quando de modo
simbólico, e então as interpreta concordemente”.15

5.3 DEVE-SE ANALISAR O TEXTO EM TODOS OS SEUS CONTEXTOS


Num texto, ou em uma seqüência de textos, o contexto é constituído pela seqüência de parágrafos ou blocos
que precedem e seguem imediatamente 0 texto, e que podem, de uma forma ou de outra, quando suprimidos, não
revelar os seus desígnios.
Na Bíblia, assim como em toda boa literatura, devemos ter uma compreensão do todo a fim de apreciar e
entender as partes. Nunca deveriamos tratar um livro da Bíblia como uma coleção de passagens isoladas. São
histórias, poemas e cartas conectadas. O significado dos versos pode ser descoberto no fluxo de todo 0 fragmento
literário.
De acordo com Esdras Bentho, o exame do contexto é importante por três motivos:

a) As palavras, as locuções e as frases podem assumir sentidos múltiplos;


b) Os pensamentos normalmente são expressos por seqüência de palavras e frases;
c) Desconsiderar o contexto acarreta interpretações falsas, além de se constituir numa eisegese.16

5.4 DEVE-SE LEVAR EM CONTA A INTENÇÃO DO AUTOR


Primeiramente precisamos dizer que, quer se deseje quer não, todo leitor é ao mesmo tempo um intérprete;
ou seja, a maioria de nós toma por certo que, enquanto lemos, também entendemos o que lemos. Não podemos
confundir que nosso entendimento seja a mesma coisa que a intenção do Espírito Santo ou do autor humano.
Apesar disso, invariavelmente levamos para o texto tudo quanto somos, com todas nossas experiências, cultura e
entendimento prévio de palavras e idéias. Às vezes, aquilo que levamos para 0 texto, sem o fazer deliberadamente,
nos desencaminha ou nos leva a atribuir ao texto idéias que lhe são estranhas.
A Bíblia tem um lado humano, e assim nos encoraja, como também nos desafia, a interpretá-la. Ao falar
através de pessoas reais, numa variedade de circunstâncias, por um período de 1500 anos, a Palavra de Deus foi
expressada no vocabulário e nos padrões de pensamentos daquelas pessoas, e condicionada pela cultura daqueles
tempos e circunstâncias. Por estarmos distantes delas no tempo, e às vezes no pensamento, precisamos aprender
a interpretar a Bíblia levando em conta a intenção do autor humano.
O propósito da interpretação bíblica não pressupõe apenas a compreensão específica da consciência do autor,
mas também 0 princípio ou forma de significado que ele pretendeu passar. Com essa finalidade escreveu Gordon
Fee: “Logo, a tarefa de interpretar envolve o estudante/leitor em dois níveis. Primeiramente, é necessário escutar
a Palavra que eles ouviram; devem procurar compreender o que foi dito a eles lá e então. Em segundo lugar,
devemos aprender a ouvir essa mesma Palavra no aqui e agora”.17
O pressuposto da interpretação bíblica não pressupõe apenas a compreensão específica da consciência do
autor, mas também o princípio ou forma de significado que ele pretendeu passar.

5.5 DEVE-SE LEVAR EM CONTA O ESTILO LITERÁRIO


Deus, para comunicar sua Palavra para os homens, escolheu fazer uso de quase todo tipo de comunicação
disponível: história em narrativa, as genealogias, as crônicas, leis de todos os tipos, poesias de todos os tipos,
provérbios, oráculos proféticos, enigmas, drama, esboços biográficos, parábolas, cartas, sermões e apocalipses,
1 5 . VIRKLER, Henry A. Hermenêutica: princípios e processos de interpretação bíblica. São Paulo: Vida, 1990, p. 72.
16. BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 140.
1 7 . Fee, Gordon D.; STUART, Douglas. Entendes 0 que lês? São Paulo: Vida Nova, 2000, p. 19.

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M Ó DULO 5 I HERMENÊUTICA I

ou seja, a Bíblia contém uma riqueza infindável de estilos literários.


Quando conhecemos o estilo - o gênero - da literatura que estamos lendo, podemos entendê-la melhor.
Lemos história com uma postura diferente de quando lemos uma poesia. Gêneros diferentes evocam expectativas
e estratégias de interpretação diferentes.

5.6 DEVE-SE LEVAR EM CONTA A BÍBLIA COMO UM TODO


A leitura da Bíblia enquanto Palavra de Deus pressupõe a fé na revelação e a disponibilidade em acolher tal
palavra como diretiva para interpretar e organizar a própria vida. Ler as Escrituras à luz de toda a mensagem
bíblica, o completo consenso divino, não apenas nos previne de interpretações errôneas como também nos
proporciona um entendimento mais profundo da Palavra de Deus.
Apesar de muitos autores humanos terem contribuído para escrever a Bíblia, Deus é o seu Autor último. E ao
mesmo tempo em que a Bíblia é uma coleção de muitos livros, ela também é um só livro. A Bíblia contém muitas
histórias, mas todas elas contribuem para uma única história. Conseqüentemente, devemos ler uma passagem,
ou até mesmo um livro da Bíblia, no contexto do corpo do ensino e doutrina que flui da história completa da
revelação progressiva na Palavra de Deus.

5.7 DEVE-SE LEVAR EM CONTA O CONTEXTO HISTÓRICO


A compreensão dos textos bíblicos deve levar em conta as características dos textos. Antes de tudo, são livros
que provêm de um passado distante. O texto está distante do leitor pela língua e pela lógica interna, e também
enquanto proveniente de um contexto histórico muito diferente. O leitor de hoje encontra-se numa situação
diferente de compreensão: vive em outras condições de vida e dispõe de uma mentalidade diferente em relação
aos primeiros leitores do texto. Tais distâncias temporais e culturais podem obstacular a compreensão. A leitura
dos textos sob o aspecto histórico investiga o enraizamento de um texto na realidade histórica, ou seja, busca
colocar às claras a relação entre o texto e o evento narrado.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
CAPITULO 5
1) O que Virkler afirma sobre a análise lexical?
2) O propósito da interpretação bíblica não pressupõe apenas a compreensão específica, mas o que mais?
3) Deus, para comunicar sua Palavra para os homens, escolheu fazer uso de quase todo tipo de comunicação
disponível. Dê quatro exemplos dessa comunicação.

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M Ó D U L O 5 I HERMENÊUTICA

FIGURAS DE LIN G U A G E M
Figuras de linguagem são os recursos estilísticos de que se vale o autor para a criação de sua obra literária, ou
dos quais nos valemos cotidianamente na linguagem escrita ou falada. A linguagem bíblica é rica em figuras e
símbolos. Isto porque as coisas espirituais são de uma profundidade ímpar e muitas vezes só podem ser entendidas
através de comparações com objetos e situações comuns. Digno de apreço é dizer que a linguagem figurada não
significa irrealidade. O fato é real, seja em estilo figurado ou no literal. Muda-se a forma de comunicação, mas
o fato continua sendo real.
Não desprezando as nomenclaturas utilizadas nos manuais, achamos por bem não fazer divisões nas figuras
de linguagem, mas apenas chamando-as de figuras de retórica, que são as seguintes:

6.1 COMPARAÇÃO
Reúne dois elementos, por meio de um termo de comparação (conjunção ou locução conjuntiva), pondo em
evidência uma ou mais características que se julga haver entre eles. Três elementos são necessários para que haja
uma comparação: o comparado, um termo de comparação (como, assim como, tal qual, mais que, menos que,
igual a, assemelha-se a, parece, etc.) e o comparante.

“Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante [assemelha-se] ao homem que
contempla ao espelho o seu rosto natural’' (Tiago 1.23).

“Porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, o Filho do Homem o será também para esta geração”
(Lucas 11.30).

6.2 METÁFORA
A metáfora reúne igualmente dois elementos comparados, mas sem a utilização do termo de comparação.
Na metáfora se estabelece uma assimilação direta, que consiste em transportar para uma coisa o nome de outra
pela semelhança que, subjetivamente, julga-se haver entre elas. É uma figura de linguagem mediante a qual o
sentido de uma palavra se transfere a outra. Por exemplo: quando Jesus diz “eu sou a videira verdadeira”, Ele se
caracteriza com o que é próprio e essencial da videira; e ao dizer aos discípulos: “Vós sois as varas”, caracteriza-
os com o que é próprio das varas. Para a boa interpretação desta figura, perguntamos: o que caracteriza a videira
ou para que serve principalmente? Na resposta a tais perguntas está a explicação da figura. Para que serve uma
videira? Para transmitir seiva e vida às varas, a fim de produzirem uvas. Isto é o que, em sentido espiritual,
caracteriza a Cristo: qual uma videira ou tronco verdadeiro, comunica vida e força aos crentes, para que, como
as varas produzem uvas, eles produzam os frutos do cristianismo.
Procede-se do mesmo modo na interpretação de outras figuras do mesmo tipo, como, por exemplo: “Eu sou a
p o r t a , eu sou o c a m in h o , eu sou o p ã o v iv o ; vós sois a lu z , o s a l ; e d ifíc io de Deus; ide, dizei àquela r a p o s a ; são os
olhos a lâ m p a d a d o c o r p o ; Judá é le ã o z in h o ; tu és minha rocha e minha fo r ta le z a ; s o l e e s c u d o é o Senhor Deus;
a casa de Jacó será fo g o , e a casa de José chama e a casa de Esaú r e s to lh o " , etc. (João 15.1; 10.9; 14.6; 6.51;
Mateus 5.13,14; 1 Coríntios 3.9; Lucas 13.32; Mateus 6.22; Gênesis 49.9; Salmos 71.3; 84.11; Obadias 18.)

6.3 METONÍMIA
É a designação de uma coisa com 0 nome de outra em virtude da afinidade existente entre ambas. Enquanto a metáfora
se baseia numa relação de similaridade de sentidos, a metonímia assenta-se numa relação de contigüidade de sentidos.

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M ÓDULO 5 I HERMENÊUTICA I

Vemos esta figura na Bíblia quando se emprega a causa pelo efeito, ou 0 sinal ou símbolo pela realidade que
indica o símbolo. Por exemplo: “Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos‫( ״‬Lucas 16.29.), em vez de dizer que
têm os escritos dq M o is é s e dos p r o f e t a s , ou seja o Antigo Testamento.
Do mesmo modo, João faz uso desta figura empregando o sinal pela realidade que indica, ao dizer: “O s a n g u e
de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1.7.), pois é evidente que aqui a palavra s a n g u e
indica a paixão e morte expiatória de Jesus, única coisa eficaz para apagar o pecado e dele purificar 0 homem.

6.4 ANTONOMÁSIA
Consiste na utilização ora de um nome comum ou de uma expressão no lugar de um nome próprio, ora de um
nome próprio no lugar de um nome comum ou de uma expressão. Em ambos os casos a palavra ou expressão
realça uma característica do ser cujo nome substitui. Por exemplo: “E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis
aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o
S a lv a d o r , que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2.10-11). O Salvador é Jesus!

6.5 SINÉDOQUE
Faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou 0 todo pela parte, o plural pelo singular, o gênero
pela espécie, ou vice-versa. Por exemplo: “Minha c a r n e repousará segura” (Salmos 16.9), em vez de: meu corpo
ou meu ser, que seria o todo, sendo a carne só parte de seu ser. “Porque todas as vezes que... beberdes e s te
c á lic e ” (1 Coríntios 11.26), em vez de dizer beberdes d o c á lic e , isto é, parte do que há no cálice. “Este homem
é uma peste, e promotor sedições entre todos os judeus, p o r to d o o m u n d o ” (Atos 24.5), significando que o
apóstolo Paulo havia alcançado com sua pregação aquela parte do mundo ou do Império Romano.

6.6 ANTÍTESE
Consiste na oposição de dois termos ou de duas expressões na mesma frase ou no mesmo parágrafo, expressando
contrastes em construções geralmente simétricas como: prisão/liberdade, noite/dia, escuridão/claridade.
Trata-se de uma figura de retórica muito eficaz que se encontra em muitas partes das Escrituras. O mau e o
falso servem de contraste ou fundo ao que é bom e verdadeiro, como se pode ver nesta citação: “Vês aqui, hoje
te tenho proposto a vida e o bem, a morte e o mal... Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra vós,
de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua
descendência” (Deuteronômio 30.15, 19).
O Senhor Jesus também fez uso desta figura de linguagem quando disse: “Entrai pela porta estreita; porque
larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita
é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” (Mateus 7.13-14).
O apóstolo Paulo também aplicou este método de ensino em seus discursos. Aos romanos, ele contrasta
“morte” com “vida eterna” e o “salário do pecado” com o “dom gratuito de Deus” (Romanos 6.23). Em 2
Coríntios 3.6-18 ele estabelece um contraste entre a Antiga e a Nova Aliança, entre a Lei e o Evangelho.

6.7 APÓSTROFE
É a interpelação direta e emotiva a pessoas ou coisas presentes ou ausentes, reais ou imaginárias. Esta figura é
caracterizada pela interrupção de um discurso, dirigindo-se a uma pessoa, ou coisa, real ou fictícia. Por exemplo:
“Quando Israel saiu do Egito, e a casa de Jacó de um povo de língua estranha, Judá foi seu santuário, e Israel seu
domínio. O mar viu isto, e fugiu; 0 Jordão voltou para trás. Os montes saltaram como carneiros, e os outeiros
como cordeiros. Que tiveste tu, ó mar, que fugiste, e tu, ó Jordão, que voltaste para trás? Montes, que saltastes
como carneiros, e outeiros, como cordeiros?” (Salmos 114.1-6).
O Senhor Jesus também fez uso desta figura de linguagem quando disse: “Ai de ti, Corazim! ai de ti,
Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se
teriam arrependido, com saco e com cinza” (Mateus 11.21).

CURSO DE T E O LO G IA 91
M Ó DULO 5 I HERMENÊUTICA I

6.8 IRONIA
Consiste no emprego de palavras ou expressões com o sentido oposto ao seu sentido próprio, ou seja,
uma declaração afirmativa deve ser entendida como negativa, e uma declaração negativa deve ser entendida
positivamente. Por exemplo: “E disse Elias aos profetas de Baal: Escolhei para vós um dos bezerros, e preparai-0
primeiro, porque sois muitos, e invocai o nome do vosso deus, e não lhe ponhais fogo. E tomaram o bezerro
que lhes dera, e o prepararam; e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizendo: Ah! Baal,
responde-nos! Porém nem havia voz, nem quem respondesse; e saltavam sobre 0 altar que tinham feito. E
sucedeu que ao meio-dia Elias zombava deles e dizia: Clamai em altas vozes, porque ele é u m d e u s ; pode ser
que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo,
e despertará1) ‫ ״‬Reis 18.25-27, grifo nosso).
O apóstolo Paulo emprega esta figura quando chama os falsos mestres de “tais falsos apóstolos”, dando a
entender ao mesmo tempo que nenhum deles era apóstolo (2 Coríntios 11.13).
Facilmente se percebe que a ironia é uma declaração afirmativa-negativa ou vice-versa, em que se procura
levar ao ridículo ou expor ao desdém ou menosprezo uma pessoa, instituição, coisa, etc.

6.9 HIPÉRBOLE
Consiste no exagero proposital de idéias ou sentimentos com a ajuda de palavras ou características de conteúdo
semântico superior à realidade.
Os exploradores da terra de Canaã, quando voltaram para relatar o que ali haviam presenciado, disseram:
“Também vimos ali gigantes, filhos de Enaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como
gafanhotos, e assim também éramos aos seus olhos” (Números 13.33).
O apóstolo João fez uso desta figura de linguagem quando disse: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que
Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda 0 mundo todo poderia conter os livros que
se escrevessem” (João 21.25).

6.10 CLÍMAX OU GRADAÇÃO


Consiste na enumeração, organizada e ascendente. O termo “clímax” provém do latim c lim a x e “gradação”
do grego k lim a x , que significa escala, no sentido figurado da palavra.
O apóstolo Paulo, em sua Epístola aos Romanos, no capítulo 8, demonstra um maravilhoso clímax ou
gradação. Começa com os vocábulos “nenhuma condenação” e termina dizendo que “nenhuma criatura nos
poderá separar”. Para isso, 0 apóstolo emprega uma série de gradações. Temos aqui uma delas: “Porque não
recebestes 0 espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de
filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que
com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Romanos 8.15-17).
Comentando este texto escreveram Lund e Nelson: “Temos aqui os degraus da escala: (1) Estamos expostos
ao espírito de servidão e temor; (2) temos sido adotados; (3) ao compreender os laços que nos unem a Deus, qual
crianças sussurramos a palavra Aba, que significa Pai, em aramaico; (4) até 0 Espírito dá testemunho da verdade
e realidade desta nova relação; (5) porém os filhos são herdeiros, e também 0 somos nós; (6) somos herdeiros
de Deus, 0 mais rico de todos; e (7) estamos no mesmo pé de igualdade com Jesus, seu Filho, que é herdeiro de
todas as coisas (Heb. 1:2); e se sofremos com ele, (8) também seremos glorificados com ele”.ls

6.11 PROSOPOPÉIA
É a atribuição de qualidades, ações ou características humanas a seres mortos, irracionais, inanimados ou
abstratos. No livro de Salmos e em Isaías ocorrem vários exemplos de personificação: “Cantai alegres, vós, ó18
1 8 . NELSON, C.; LUND, E. Op. cit., p. 94.

92 CURSO DE TE O LO G IA
M ÓDULO S I HERMENÊUTICA I

céus, porque o SENHOR o fez; exultai, vós, as partes mais baixas da terra; vós, montes, retumbai com júbilo;
também vós, bosques, e todas as suas árvores; porque o SENHOR remiu a Jacó, e glorificou-se em Israel” (isaías
44.23); “Porque com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cântico diante
de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas” (Isaías 55.12).
Os apóstolos Paulo e Pedro usaram desta técnica linguística. Lund comenta o uso desta figura de linguagem na
vida desses apóstolos dizendo: “O apóstolo fala da morte como de pessoa que pode ganhar vitória ou sofrer derrota,
ao perguntar: Onde está, ó morte, o teu aguilhão?’ (1 Coríntios 15.55). Emprega 0 apóstolo Pedro a mesma figura,
falando do amor, e referindo-se à pessoa que ama, quando diz: “o amor cobre multidão de pecados” (1 Pedro 4.8)”.19

6.12 ALEGORIA
Consiste na exposição de um pensamento sob forma figurada, ou seja, apresenta um objeto para dar idéia de
outro. Uma característica peculiar da alegoria é que ela contém dentro de si mesma a sua interpretação e a coisa
significada se identifica com a imagem apresentada. “Costuma ser tão palpável a natureza figurativa da alegoria,
que uma interpretação ao pé da letra quase que se faz impossível. Às vezes a alegoria está acompanhada, como
a parábola, da interpretação que exige.”20
Nas Escrituras encontramos esta figura de linguagem em diversas ocasiões: Judá como leãozinho (Gênesis
49.9); Israel como a vinha vinda do Egito (Salmos 80.8-19); Israel, duas águias e a vinha (Ezequiel 17.3-11);
Israel como leão e seus cachorros (Ezequiel 19.1-9).
O mestre da Galiléia falou de forma alegórica dizendo: “Eu sou 0 pão vivo que desceu do céu; se alguém
comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. (...)
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu 0 ressuscitarei no último dia” (João 6.51,
54). Esta alegoria tem sua interpretação na mesma passagem da Escritura.

6.13 FÁBULA
Consiste na narrativa em que seres irracionais e objetos inanimados são apresentados falando, com paixão e
sentimento humano, para ensinar lições morais. Segundo Lund, “a fábula é uma alegoria histórica, pouco usada
na Escritura”.21
Um exemplo desta figura se encontra no livro de Reis, que diz: “O cardo que estava no Líbano mandou dizer
ao cedro que estava no Líbano: Dá tua filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam
no Líbano, passaram e pisaram o cardo” (2 Reis 14.9). Com esta fábula Jeoás, rei de Israel, responde ao repto
de guerra que lhe havia feito Amazias, rei de Judá. Jeoás compara-se a si mesmo ao robusto cedro do Líbano
e humilha a seu orgulhoso contendor, igualando-o a um débil cardo, desfazendo toda aliança entre os dois e
predizendo a ruína de Amazias com a expressão de que “os animais do campo pisaram o cardo”.

6.14 ENIGMA
O enigma é um tipo de alegoria, dificilmente compreensível, que exige muito esforço mental. Encontramos
esta figura de linguagem quando Sansào propôs aos filisteus o seguinte: “Do comedor saiu comida e do forte saiu
doçura” (Juizes 14.14). A solução se encontra no sobredito trecho bíblico. Outro enigma pode se verificado no
livro de Provérbios, que diz: “Estas quatro coisas são das menores na terra, porém bem providas de sabedoria”
(Provérbios 30.24). Este enigma tem também sua solução na mesma passagem em que se encontra.

6.15 PARÁBOLA
Parábola, do grego p a r a b o l é , significa “colocar ao lado de” e traz a idéia de colocar uma coisa ao lado de
outra com 0 objetivo de comparar, ilustrando alguma verdade ou ensino.
1 9 . Idem, p. 74.
2 0 . Idem, p. 77.
2 1 . Idem, p. 78.

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M Ó D U L O 5 I HERMENÊUTICA I

Esta figura de linguagem está relacionada às narrativas e às alegorias. A parábola é uma história que ilustra
um ensinamento moral ou espiritual. Virkler afirma que há duas finalidades básicas das parábolas: “A primeira
é revelar a verdade aos crentes (Mateus 13.10-12; Marcos 4.11). As parábolas podem deixar uma impressão
duradoura, amiúde muito mais efetivamente do que um discurso comum. O segundo objetivo é ocultar a verdade
daqueles que endurecem o coração contra ela (Mateus 13.10-15; Marcos 4.11-12; Lucas 8.9-10)”."
A parábola é um gênero literário que, formalmente, consiste de uma história “típica”, tirada da realidade do
ouvinte, oferecendo-lhe um exemplo de comportamento ao qual reagir. Esta era a forma de expressão preferida
pelo Senhor Jesus para comunicar algumas verdades, porque são simples, interessantes e estão diretamente
ligadas com a vida das pessoas. Na boca do mestre, elas retratavam atividades comuns, como a pesca, a lavoura,
o dinheiro, o relacionamento familiar, 0 cuidado com as pessoas, tudo isso para mostrar realidades mais
profundas.
Encontramos também algumas parábolas no Antigo Testamento, como: a cordeirinha (2 Samuel 12.2-4);
prisioneiro foragido (1 Reis 20.35-40); a vinha e as uvas (Isaías 5.1-7); as águias e a vinha (Ezequiel 17.3-10); a
videira (Ezequiel 19.10-14); o incêndio no bosque (Ezequiel 20.45-49); a panela a ferver (Ezequiel 24.3-5).
Quanto à correta compreensão e interpretação das parábolas, Lund e Nelson recomendam 0 seguinte:

Io - Deve-se buscar seu objetivo; em outras palavras, qual é a verdade ou quais as verdades que ilustra.
Encontrado isso, tem-se a explicação da parábola, e note-se que às vezes consta 0 objetivo na sua introdução ou
no seu término. Outras vezes se descobre seu objetivo tendo presente o motivo com que foi empregada.

2o - Devemos ter em conta os traços principais das parábolas, deixando-se de lado 0 que lhes serve de adorno
ou para completar a narrativa. Jesus mesmo nos ensina a proceder assim na interpretação de suas próprias
parábolas. Como existe perigo de equivocar-se neste ponto, vamos aclará-lo chamando a atenção para a de Lucas
11.5-8. Nesta parábola Cristo ilustra a verdade de que é necessário orar com insistência, valendo-se do exemplo
de uma pessoa que necessita de três pães. É noite e vai pedi-los emprestados a um amigo seu que já tem a porta
fechada e está deitado, bem como os seus filhos. Este amigo preguiçoso não quer levantar-se para dá-los, mas,
por força da insistência e importunação no pedido, 0 homem consegue o que deseja.
E fácil ver que aqui é o homem necessitado e suplicante quem nos oferece o bom exemplo e representa
o cristão na parábola. Igualmente fácil é entender que seu amigo representa Deus. Porém, que absurdo seria
interpretar tudo o que se disse do amigo, aplicando-o a Deus, a saber, que tem a porta fechada, estão ele e seus
filhos deitados e, sendo preguiçoso, não quer levantar-se! É evidente que esta parte constitui o que chamamos
adorno da parábola e que se deve deixar de lado, por não corresponder e se aplicar à realidade. Observemos, pois,
sempre a totalidade da parábola e suas partes principais, fazendo caso omisso de seus detalhes menores.

3o - Não se esqueça de que as parábolas, como as demais figuras, servem para ilustrar as doutrinas e não para
produzi-las.25

6.16 INTERROGAÇÃO
É a figura pela qual o orador se dirige ao público em tom de interrogação, sabendo que não obterá resposta
de sua pergunta. Deve-se ter cautela quanto a esta figura de linguagem, porque nem todas as perguntas são
figuras de retórica. Somente quando a pergunta encerra uma conclusão evidente é que é uma figura literária. Por
exemplo: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?” (Romanos 8.33).
No livro de Jó há muitas interrogações, como, por exemplo: “Porventura não sabes tu que desde a antiguidade,
desde que 0 homem foi posto sobre a terra, o júbilo dos ímpios é breve, e a alegria dos hipócritas momentânea?”23

2 2 . VIR KLER , H e n ry A . H e rm e n ê u tic a : p r in c íp io s e p ro ce sso s de in te rp re ta ç ã o b íb lic a . S ão P a u lo : V id a , 1 9 9 0 , p . 1 2 6 -1 2 7 .


2 3 . NELSON, C .; LUND, E. O p. c it., p. 8 2 -8 3 .

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M ÓDULO 5 I HERMENÊUTICA I

(Jó 20:4, 5). “Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso?” (Jó
11:7). A resposta de Deus do meio de um redemoinho (caps. 38-40) está expressa em sua maior parte por meio
desta figura.

6.17 SÍMILE
Este termo provém da palavra latina s im ilis , que significa semelhante ou parecido a outro. O símile consiste
em uma comparação entre dois objetos ou ações, que não estão materialmente relacionados entre si, normalmente
,precedido de uma conjunção (como, tal qual, tal como, assim, semelhante, etc.).
Símile é a figura de linguagem mais simples e mais fácil de ser identificada. Por exemplo:

“Pois assim como 0 céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que 0
temem” (Salmos 103.11).

“Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem” (Salmos
103.13).

“Quanto ao homem, os seus dias são como a erva, como a flor do campo assim floresce. Passando por ela o
vento, logo se vai, e o seu lugar não será mais conhecido.” (Salmos 103:1516‫)־‬.

“Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos” (Isaías 55.9).

“Os símiles da Bíblia são quais gravações formosas e de grande valor artístico, que acompanham as verdades,
que sem este auxílio seriam captadas fracamente e esquecidas com facilidade”, declarou Lund.24

6.18 ANTROPOMORFISMO
Termo oriundo do grego á n íh r o p o s (homem) e m o r fe s (forma), significando “forma de homem”. Os escritores
bíblicos algumas vezes atribuíram a Deus aquelas qualidades e características inerente aos seres humanos, como
dedo de Deus (Êxodo 8.19), olhos do Senhor (Salmos 32.8), face a face com Deus (Êxodo 33.11), Deus se
arrepende (Gênesis 6.7). Deus é Espírito e não possui corpo nem membros corporais, como também limitações
humanas, porém essas figuras de linguagem foram usadas para que o homem pudesse compreender, de forma
limitada, algumas de suas características.
Antropomorfismos são, na realidade, metáforas pelas quais os escritores sagrados procuram descrever os
atributos da divindade, ou clareá-los, com o uso de signos concretos para certas realidades espirituais. Vale
salientar que não podemos confundir corporeidade com personalidade, e espírito com matéria. As Escrituras
afirmam que Deus é Espírito (João 4.24), ou seja, Ele é real ainda que seja invisível aos olhos humanos. O
Senhor Jesus disse que “um espírito não tem carne nem ossos” (Lucas 24.39), o que nos leva a concluir que Ele
é incorpóreo, mas pessoal.

6.19 ANTROPOPATISMO
Termo oriundo do grego á n íh r o p o s (homem) e p a th o s (paixão, emoção, sentimento) mais o sufixo “ismo”,
ou seja, a atribuição de sentimentos humanos a qualquer coisa não-humana, como objetos inanimados, animais,
poderes da natureza, seres espirituais e a Deus. Esta figura de linguagem é muito comum nas Escrituras Sagradas,
pois os autores bíblicos atribuíram a Deus emoções humanas.
Quando nas Escrituras são atribuídos sentimentos ao £riador, estes devem ser interpretados de forma

2 4 . NELSON, C.; LUND, E. O p. c it., p. 8 7 .

CURSO DE TEO LO G IA 95
MÓDULO 5 I HERMENÊUTICA I

gramatical, segundo a qual as palavras devem ser tomadas em seu sentido usual e comum.
Os principais sentimentos atribuídos a Deus são:

a) Desgosto (Levítico 20.23);


b) Aversão (Salmos 106.39-40);
c) Zelo (Êxodo 20.5; 34.14);
d) Vingança (Êxodo 32.34; Deuteronômio 32.25; Isaías 1.24);
e) Cólera (Êxodo 15.7; Isaías 9.19);
f) Complacência (Jeremias 9.23);
g) Alegria (Deuteronômio 28.63; Salmos 104.31; Sofonias 3.17);
h) Arrependimento (Gênesis 6.6; 1 Samuel 15.35; Jeremias 26.13).

6.20 TIPO
É uma espécie de metáfora que não consiste meramente de palavras, mas de atos, pessoas ou objetos que
designam semelhantes atos, pessoas ou objetos futuros. Esta figura é encontrada em grande quantidade nas
Escrituras Sagradas. Um tipo pode ser definido como uma passagem, um acontecimento ou um fato do Antigo
Testamento historicamente verídico, que foi projetado por Deus para prefigurar outro personagem, acontecimento
ou fato real especificado no Novo Testamento. O estudo dos símbolos, figuras e pessoas do Antigo Testamento
prefigura a obra redentora de Cristo na dispensação da graça.
Na Bíblia 0 termo grego tu p o s , do qual se deriva a palavra “tipo”, aparece com diversos significados nos
vários textos do Novo Testamento:

Sinal - “Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o s in a l
( tu p o s ) dos cravos em suas mãos, e não puser 0 dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado,
de maneira nenhuma o crerei” (João 20.25);

Modelo - “Os quais serv em de exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado,
estando já para acabar 0 tabemáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o m o d e lo ( tu p o s ) que no monte
se te mostrou” (Hebreus 8.5; Atos 7.44; Romanos 5.14; 1 Pedro 5.3);

Forma - “Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à f o r m a (tu p o s ) de
doutrina a que fostes entregues” (Romanos 6.17);

Exemplo - “E estas coisas foram-nos feitas em f i g u r a ( tu p o s ) , para que não cobicemos as coisas más, como
eles cobiçaram” (1 Coríntios 10.6; 1 Tessalonicenses 1.7; 1 Pedro 5.3).

Padrão - “Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, toma-te p a d r ã o ( tu p o s ) dos fiéis, na palavra, no
procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1 Timóteo 4.12 - ARA).
A idéia original era o resultado de um impacto ou impressão, ou seja, uma marca visível deixada por algum
objeto. Sendo assim, precisamos distinguir o que é tipo e o que é antítipo. O primeiro representa ou aponta para
algo ou alguém real e mais importante, ao passo que o segundo é literalmente a coisa ou pessoa rep