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lajes maciças
A laje maciça é uma placa de concreto armado cujo plano geralmente é
horizontal, podendo algumas vezes apresentar pequenas inclinações, como
quando utilizadas em coberturas. As lajes podem ser apoiadas em vigas
locadas no seu contorno ou podem apoiar-se diretamente sobre os pilares,
sem vigas intermediárias, quando recebem o nome de laje cogumelo. Este
último caso terá seu estudo específico mais adiante. Este capítulo trata das
lajes maciças apoiadas em vigas periféricas.
Comportamento
O comportamento real de uma laje maciça é razoavelmente complexo. Por
isso utiliza-se um modelo mais simplificado que permite boa aproximação
com a realidade, resultando em cálculos mais simplificados e em
compreensão mais fácil do fenômeno.
VI
+---+
1 unidade
151
CAPíTULO 2 - Sisternos estruturais de concreto armado
L> f
01 = 02
M1 < M2
corteM
152
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
\ \
\ \
\ \
\ \
N \ ('.j
00. lt\-~
J I
I
Ií
í/
corteM
81
corte BB
No primeiro caso, em que existem armações nas duas direções para absorver
esforços de flexão, a laje recebe o nome de laje armada em cruz.
No segundo, em que a armação que absorve esforços encontra-se apenas na
direção do vão menor, a laje recebe o nome de laje armada em uma só
direção.
Na prática, diz-se que uma laje é armada em cruz quando L < 2 x f.
Quando L > 2 x f a laje é armada em uma só direção.
No caso de balauços, as lajes são sempre armadas em uma só direção.
O momento fletor é negativo (tração na face superior da laje) e age
perpendicularmente ao apoio da viga.
153
CAPíTULO '1. - Sistemas estruturais de concreto armado
Nas figuras a seguir, tem-se duas situações em que as lajes parecem estar
em balanço.
VI
10 caso
l~!\Ir "'90; que
apóiam a laje L2
LI L2
)
VI
20 caso ~~vigaque
apóia a ioje L2
LI L2
Critérios de uso
nõo há
necessidade
de vigas nestas
extremidades ~ L>2R
154
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
vazio a
ser aberto
)
x
direção da
armação ~
principal
-,jL-J --------i~
6,0 m
Sabendo, pela relação entre seus vãos, que se trata de uma laje armada em
uma só direção, e que portanto a armação principal é paralela à direção em
que se vai fazer o rasgo para a passagem da escada, pode-se concluir que a
laje nada sofrerá, pois com o rasgo será eliminada apenas uma fatia da laje.
As demais continuarão trabalhando normalmente.
Se a laje fosse armada em cruz, a execução do rasgo deveria ser melhor
estudada. Neste caso, deve-se prever reforços no contorno do furo para
evitar danos à laje, já que sempre se estará interrompendo armações
importantes, numa ou noutra direção.-
vazio a
ser aberto
)
'"
armação
principal /'
I
interrompida --= ~
155
CAPíTULO 1. - Sistemas estruturais de concreto armado
Se uma laje maciça armada em uma só direção apresentar uma trinca, como
mostrado na figura abaixo, paralela à direção do menor vão, pode-se concluir
que essa trinca não é provocada por deficiência na armação ou por excesso
de carregamento. A fissura assim disposta não apresenta perigo para a
estrutura pois está paralela às armações principais e não as atinge. Esse tipo
de trinca pode ter outras causas, como por exemplo retração no concreto ou
efeito de dilatação térmica, normalmente pela falta de juntas apropriadas.
fissura\
; "'-' L 2: 2/
156
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
L ::; 2f
--
f\:
armações inferior
principais nas du as
direções (positiva s)
L> 2.e
ormação
/
----
de distribuiçã o/
balanço /
arma ção
de di stribuição ~
/
S .-/
armação
principal supe
(negativa) ~
157
CAPíTULO 2.- Sistemas estruturais de concreto armado
I I
i~~~~:"::~l
I!~/II 11
U ~ ~U
Indícios de colapso
Suponha ser chamado a opinar sobre uma trinca que está ocorrendo numa
laje. A trinca apresenta-se como na figura.
fissura \
-,jI, 6,0 m I~
1
158
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
I
fissura ~I
~I
J I
~J~ ~6,~0_m ~}
Pré-dimensionamento
O pré-dimensionamento de uma estrutura serve para que se possa antes de
calculá-Ia avaliar as dimensões necessárias. Para o arquiteto tem a importante
função de poder permitir o desenho do edifício de maneira mais real. O pré-
dimensionamento pode ser feito usando fórmulas empíricas ou gráficos. As
fórmulas empíricas apesar de não terem a mesma precisão dos gráficos
permite a sua memorização o que facilita o pré dimensionamento.
Pré-dimensionamento
~lA --,!<-
I .~
~I
~I h corte M
-T
J 6,0 m
~IA
} - ~
h -lOOx 600 + 500 - 11
2 - em
159
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
t:t:::::=::::==1=========~]~
---------,j,~
[COM
6,0 m
2
h= TOO x 250 = 5 em
Lajes em balanço
A espessura da laje é dada pela relação: h = 4 % do balanço
~IT-
~ ~============~~--~ h
corte M O l:F"*"'"
J~-~,I 5,0 m 1,5 m
,~
4
h = TOO x 150 = 6 em
Uso de gráfico
-
I I I
LAJE DE CONCRETO
20.0
~
~, ~
15.0 -
~
:2
o
:2
V V
10.0 f-W
~ ---------
~ .> l--------
»->:
::::J
~
W r -------
5.0 f-!l5
W ,
T
VÃO
I
EM METROS-L
I
/ / T
1
160
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Laies nervuradas
Quando os vãos da laje maciça começam a crescer muito, elas tornam -se
antieconômicas. Isso se deve ao fato de que, ao sofrer flexão, a laje tem
grande parcela de sua seção submetida a tração. Como o concreto não absorve
bem a tração, quase todo concreto tracionado (mais de 50% da seção) torna-
se, em princípio, material desnecessário para a estrutura.
Lógico que pequena parcela de concreto, mesmo tracionado, deve existir
para poder transferir os esforços de tração para o aço. Nas lajes maciças, de
grandes vãos, que necessitam de grandes espessuras, a quantidade de material
tracionado e desnecessário torna-se expressiva.
,,
,, ,,, ,, i,
, ,,, i,
! ,,
,, i l
i ! !
i, i
~ ,, ~
i,,, ,, I,,
A
i, i
A
i ,i ! i
zona tracionada zona comprimida
da lc]e da loje
1h 1
CAPíTULO 2 e: Sistemas estruturais de concreto armado
Comportamento
A laje nervurada não deve ser entendida como uma série de vigas bem
próximas umas das outras que sustentam uma laje maciça.
Na verdade, ocorre o funcionamento concomitante das nervuras e da laje,
tornando a laje nervurada, uma seqüência de vigas T, o que resulta em menor
espessura total do conjunto e em maior economia, se comparada à idéia de
laje apoiada em vigas.
viga T
(nervura + capa)
162
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
É fácil ver que, para uma mesma altura, a viga retangular apresenta uma
área de compressão bem menor que uma viga T, fazendo com que a viga T
seja mais resistente, capaz de vencer um vão maior ou suportar mais carga.
área de área de
compressão compressão
--,t<-
I
!h
1
nervura retangular viga T
Critérios de uso
Um uso bastante comum para lajes nervuradas dá-se em edifícios de
escritórios, onde a inexistência de pilares internos e de vedações fixas é
muito interessante. O uso da laje nervurada permite grandes vãos, resultando
em grandes espaços livres.
O uso de laje nervurada em projetos residenciais ocorre com menos
freqüência, a não ser quando as lajes devam vencer vãos maiores (a partir
de 7,0 m).
Lajes nervuradas biapoiadas, com nervuras invertidas (nervuras acima da
laje), não são eficientes, já que a laje não colabora na compressão, inexistindo
o comportamento de viga T para as nervuras, não havendo portanto vantagens
econômicas.
Para que a laje nervurada seja economicamente eficiente, é necessário que
as nervuras comportem-se como vigas T. Para isso, é necessário que a
compressão se dê nas fibras em que se encontra a laje. Em conseqüência,
não é interessante o uso de laje nervurada em balanço, com laje na face
superior, pois a compressão se dá nas fibras inferiores desaparecendo o
comportamento de viga T.
Por outro lado, permitem-se balanços, mesmo não ocorrendo o T, com
comprimento até 20% do vão central, sem alteração nas dimensões das
nervuras. Pois até esse limite os esforços são baixos em relação ao vão
central e podem ser absorvidos apenas pela seção retangular.
Por motivos semelhantes aos vistos acima, deve ser evitada a continuidade
de nervuras. Nessas continuidades ocorrem momentos negativos que
exercem compressão nas fibras inferiores, opostas à laje.
A continuidade pode ser evitada com uma adequada distribuição das
nervuras.
163
CAPíTULO 2 - ~istemas estruturais de concreto armado
1D solução
»>
~ vigas principais
- nervuros
V-
I ~
~
nervuras
defasado s
~ ~ f%
2D solução
arquitetonicamente melhor resolvido
~/ vigas principais
\
:..------ ~
i /'
nervuros
/
i
l
164
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
vigas
nervuras
principais
corteM
o u u o
Vê-se pela figura acima que, em virtude da variação do vão, optou-se pela
variação da altura da nervura. Isso resulta em um efeito arquitetônico muito
interessante. Uma segunda possibilidade é manter a altura das nervuras e
variar seus espaçamentos. Deste modo as nervuras de vãos maiores recebem
menos cargas que as de vãos menores, tentando-se com isso manter a mesma
altura das nervuras, sem superdirnensioná-las. Essa segunda solução
apresenta um resultado menos interessante e menos eficaz que a primeira.
Muitas vezes, apesar de a solução estrutural exigir o uso de laje nervurada,
não é desejável que elas fiquem aparentes. Nestes casos, existem várias
soluções para ocultar as nervuras. A mais óbvia é o uso de forros de madeira
ou de gesso. Entretanto, pode-se desejar o forro de concreto aparente.
Neste caso, deve-se executar o forro de concreto junto com a laje nervurada.
detalhe do fôrma
de madeira
165
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
caso 1
, , r pilares desnecessários
E
o
c5
r
viga principal ~
I!M l!Ml llW1 Ir& -----t-
~~/-----------2-0-,o--m----------~)~
166
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
coso 2 i@1
i>
viga princi pai/'
E
o
o'
nervuros
fiii * "
20,0 m
coso 3 fiii
nervura 5'--- r-,
-,
.~
E
o
à
.>
viga principal
}li fiii
20,0 m
---t-
No caso 2, da figura, tem-se uma laje cujo vão maior é de 20 m e o menor
de 10m. Suponha que na direção do vão maior seja possível localizar quantos
pilares se desejar, o mesmo não podendo ocorrer na direção do vão menor.
Se as nervuras forem distribuídas na direção maior, as vigas principais
(aquelas que sustentam as nervuras) ficarão, em conseqüência, dispostas na
direção do vão menor, isto é, vencendo o vão de 10m. As nervuras, por sua
vez, vencerão o vão de 20 m e de nada servirão os pilares colocados sob as
nervuras extremas. Esta é uma péssima solução. A inversão da situação,
com distribuição das nervuras na menor direção e das vigas principais na
maior direção, permite que a viga principal fique apoiada em pilares mais
próximos diminuindo seu vão, e em conseqüência suas dimensões, resultando
numa solução mais econômica e elegante.
No caso 3, a laje apresenta os mesmos vãos do caso anterior, agora com a
restrição de não se poder colocar pilares ao longo dos vãos maior e menor.
Neste caso, a distribuição das nervuras na direção do vão maior pode
apresentar vantagens do ponto de vista arquitetõnico, já que as dimensões
das nervuras e das vigas principais podem resultar iguais.
Algumas vezes tira-se partido da diferença de altura entre nervuras e vigas
principais, fazendo com que estas tenham outras funções arquitetõnicas,
tais como brises, parapeitos, ou os dois ao mesmo tempo.
1/,7
CAPíTULO 2 - Sistem6s estruturais de concreto armado
w w
-:
V"
viga prin cipal
E
o
o'
nervuras
~IA
!!li
~_~IA
20,0 m
-----,+-
cortes ampliados M
nervura
estriba
armação principal
168
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Indícios de colapso
A figura abaixo mostra alguns tipos de trincas que podem acontecer na laje
nervurada e suas causas.
Mais à frente, quando se discutir o comportamento das vigas de alma cheia,
serão explicadas as razões da ocorrência dessas trincas.
retração
folta de armação
suficiente para
momento fletor
falta de armação o:> '-'AO ~ ., &b"6 <C 10 oib",p ""o Q!t ~ o"' .••. 9:. 4i •• .,.., ~b "<6' $. <l., "'.
DO
suficiente para
forço cortante
~ / ~
'lf
Pré-dimensionamento
b disponível
b disponível = bo + 12 x d, onde:
b disponível = largura do laje colaborante no T
bo = largura da nervura
d = espessura da loje (copo)
+-+
bo
169
CAPíTULO'2 - Sistemas estruturais de concreto armado
T~f=QlJII1~~ ~o x em
llJJL!tttJr
h = 1 1.200 = 48
bo =~= 12tm
4
t+ 1,0 m
3
h= TOO x 12 = 36 em
bo =~= gem
4
170
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Uso de gráficos
LAJE NERVURADA
CONCRETO
75.0
60.0 o
..: V
45.0
:2
o
3§
/
«
cc
:::l
~ -:
/ »: V
30.0 « ./'
V .>
15.0
VÃO EM METROS - L
lflf\(
~
T
D
1
I I
o 3.0 6.0 9.0 12.0 15.0 18.0 2l.0 24.0 27.0 30.0
LAJE NERVURADA
CAIXAO PERDIDO
CONCRETO
75.0
60.0
o
i/
45.0
:2
o ~
-:
3§
.: / ,/
30.0 ~
:::l
V
</)
~
c,
</)
ur
./V »>
V
15.0 c--
T
VÃO EM METROS - L
000 D
1
I I
o 6.0 9.0 12.0 15.0 18.0 21.0 24.0 27.0 30.0
Lajes pré-moldadas
As chamadas lajes pré-moldadas, não são de fato totalmente pré-moldadas.
Alguns elementos como a armação e parte das fôrmas chegam à obra já
prontos. Outros, como o concreto da capa e os cimbramentos, são executados
in loco. Pela facilidade na sua execução e o consumo de pouca madeira na
execução da fôrma, este tipo de laje apresenta-se como a solução mais
econômica para vãos até 7,0 m. É também competitiva para vãos maiores.
171
CAPíTULO 2 - Sisternos estruturais de concreto armado
bloco cerâmica
ou de concreto
capa
(concreta lançado na local)
40/50/60 em
172
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Comportamento
A laje pré é uma laje nervurada do tipo caixão perdido. O conjunto vigota x
capa compõe a nervura T. Tudo que foi dito sobre o comportamento da laje
nervurada pode ser estendido para a laje pré.
Para garantir um bom comportamento da laje é necessária boa aderência
entre o concreto novo da capa e o concreto já curado da vigota. Essa aderência
é indispensável para que a laje suporte as tensões horizontais de cisalhamento
(escorregamento horizontal das fibras) provocadas pela flexão da laje.
Infelizmente, pela própria maneira como a vigota é executada, ocorre menor
aderência, pois a superfície de contato entre a vigota e o concreto da capa é
muito lisa. Isso faz com que, para esse tipo de laje, os vãos e as cargas
sejam limitados.
Normalmente, esse tipo de laje é usado para vãos de até 7,0 m. Para superar
essa deficiência e poder utilizar esse tipo de laje para vãos maiores, foi
criada uma solução em que o contato entre o concreto da capa e a vigota se
dá por meio de uma armação em forma de treliça. Esse tipo de laje recebe o
nome de laje treliça, nome oriundo da marca usada pelo primeiro fabricante
deste tipo de laje. Essa laje pode vencer com tranqüilidade vãos até 15,0 m
ou mais. A treliça não apresenta outra função estrutural além daquela de
garantir uma melhor aderência entre concreto novo e velho.
9
/S /S 7\ /S F
Critérios de uso
A laje pré é uma solução muito econômica e é imbatível para vãos pequenos,
pois consome pouca fôrma. Entretanto, no item anterior, foram vistas
algumas de suas limitações.
Em edifícios altos, a laje pré é pouco usada em razão da dificuldade de
transporte vertical e de riscos de acidente.
Em princípio, usa-se a laje pré na direção do menor vão para que se tenha
menor espessura. Entretanto, se no projeto houver uma direção
predominante, prefere-se, por facilidade construtiva, manter todas as lajes
nessa direção, mesmo que resultem lajes armadas na direção do maior vão.
173
CAPíTULO 2 - Sisfemas estruturais de concreto armado
Alvenarias podem ser locadas sobre a laje sem a necessidade de vigas, desde
que se tomem alguns cuidados:
- Caso a alvenaria esteja perpendicular à direção das vigotas, usa-se laje
com espessura imediatamente superior à espessura estipulada pela tabela
do fabricante para o vão e a sobrecarga adotados.
- Caso a alvenaria esteja locada na direção da armação da laje, deve ser
previsto um reforço, que pode ser a simples colocação de duas ou mais
vigotas juntas, sob a alvenaria, ou a execução de uma viga chata com altura
igual à espessura da laje.
alvenaria
Pré-dimensionamento
Para determinação da espessura da laje são usadas tabelas fomecidas pelos
fabricantes, nas quais em função do vão e da sobrecarga pode-se determinar
a espessura da laje, incluindo a espessura da capa.
As espessuras mais utilizadas são:
174
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreta armado
h 10 = 2 em de copo e 8 cm de bloco
h 12 = 4 cm de copo e 8 cm de bloco
h 16 = 4 cm de copo e 12 cm de bloco
h 20 = 4 cm de copo e 16 cm de bloco
h 25 = 5 cm de copo e 20 cm de bloco
piso piso
forro
kgf/m2 residencial comercial
gravata
Lajes em grelha
No item anterior, viu-se que quando os vãos das lajes começam a crescer
muito toma-se econômico o uso de nervuras, resultando na laje nervurada.
No item anterior foi discutida a laje nervurada em apenas uma direção,
mas, analogamente às lajes maciças, que podem ser armadas em cruz, as
lajes compostas de nervuras podem tê-Ias também em duas direções. Neste
caso, em vez de serem denominadas lajes nervuradas em duas direções
recebem simplesmente o nome de grelha.
175
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Comportamento da grelha
Imagine duas vigas que se cruzem no seu ponto médio. Suponha que as
duas vigas tenham as mesmas seções e vãos diferentes. Suponha também
que uma carga P seja aplicada no ponto de encontro das vigas e que, em
princípio, considere-se que cada uma das vigas recebe metade da carga
aplicada. Se as vigas não estivessem interligadas e pudessem trabalhar
independentemente, a viga de vão maior deformaria mais que a de vão menor.
Entretanto, como elas têm em comum o ponto de cruzamento, a deformação
das vigas nesse ponto deverá ser obrigatoriamente a mesma: nem tão grande
como a da viga de vão maior e nem tão pequena como a da viga de vão
menor, mas um valor intermediário. Tudo se passa como se a viga de vão
maior fosse aliviada e a de vão menor fosse sobrecarregada.
P
V1 ~2
V1 I/P
""-'
N
>
L ,
hV1 = hV2 01 = 02
Esse efeito de alívio e de sobrecarga vai ficando cada vez mais evidente
conforme cresça a diferença entre os vãos, de tal maneira que a partir de
uma determinada relação é lícito considerar-se a viga mais longa, a menos
rígida, apoiada na mais curta.
176
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Na prática, para simplificar o cálculo, sempre que ocorre tal situação, viga
mais longa cruzando com viga mais curta - considera-se a viga de vão maior
como apoiada na viga de vão menor.
VI V2
na prática
zs:
V2
p
VI
177
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
V1 V2
na prática zs
V1
V1 ~2
N
> cr=====:==L li? =----=======u
~x = O
81 = 82 = 8
V1 = V2 8 = deformação quer sejorn
vigas independentes ou não
178
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Neste caso, têm-se 100 forças de interação, que são as incógnitas a serem
determinadas. Para calcular uma grelha, é necessário resolver um sistema
com um número muito grande de equações, o que só se toma viável por
meios computacionais.
legenda
deformação real
deformação se não
houvesse vigas longitudinais
X resistência ao giro da viga transversal
aplicada pelas vigas longitudinais
Critérios de uso
Como já foi comentado, a grelha pode ser comparada à laje maciça armada
em cruz. Como nesta, a grelha apresenta esforços significativos nas duas
direções. As grelhas, por esta razão, são predominantemente usadas quando
os espaços tendem para o quadrado. Na prática, o uso da grelha é interessante
quando o maior vão é menor ou igual ao dobro do menor (lembrar laje
armada em cruz).
O uso da grelha começa a ser economicamente viável para vãos acima de
7,0 x 7,0 m.
179
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
xx x Y!í
É possível apoiar-se as
nervuras diretamente nos
pilares, de preferência nos
pontos de cruzamento.
A figura anterior mostra uma solução interessante, criada por Pier Luigi
Nervi. Neste caso, a grelha não apresenta vigas periféricas e a disposição
das nervuras acompanha a direção dos esforços de flexão.
Mais à frente será discutida com mais detalhes essa interessante solução.
N as grelhas quadradas e
retangulares, a melhor
disposição das nervuras é a
apresentada na figura ao lado.
180
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Pré-dimensionamento
h = 4%..L±..1
2
E
o
'-'-------------"'" -+-
~
15 m
- --/-
~~
bo
+---- - e
-~
h -- 0/
4/0
(1500 + 1000) - 50
- em
2
50
bo = - = 125 em
4 '
181
CRPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Uso de gráfico
4,0 I I I
LAJES EM GRELHA
3,5
3,0
/Í
"O
:::!
2,5
:::!
LU
«
c:
::::>
2,0 ~
«
1.5
1.0
0,5
o 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Lajes cogumelo
De maneira geral, denomina-se laje cogumelo à placa de concreto armado
apoiada diretamente sobre pilares.
É conhecida também como laje sem viga. Nem toda laje que aparenta ser
executada sem viga o é,
Existem lajes em que as vigas são invertidas, dando a impressão de não
existirem.
Comportamento
O comportamento da laje cogumelo pode ser facilmente entendido por uma
simples analogia: imagine-se uma lona apoiada em um mastro central.
182
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
momentos
radiais
momentos
tangenciais
183
CAPíTULO 2 . Sistemas estruturais de concreto armodo
Portanto, as armações
!.----
negati vas são reforçadas
junto aos pilares e as
positivas, no meio dos vãos. /r----
o
c
Com esse expediente 'O
consegue-se uma forma de
cálculo mais simplificada e
/1
.'
ª
r»
c
.Q
viga chata
Por não ter vigas, a laje cogumelo fica sujeita a altas tensões de cisalhamento
junto aos pilares. Esse fenômeno recebe o nome de punção. Dependendo da
intensidade da tensão de punção, o pilar pode furar a laje. Três são as formas
de evitar a punção. Uma é o aumento da espessura da laje (solução
antieconômica), outra é o aumento da dimensão do pilar, e a última - a mais
usada - é a execução do capitel. O capitel é um espessamento da laje apenas
nas proximidades do pilar. A existência do capitel dota a laje de um aspecto
formal que lembra um cogumelo. Como o uso do capitel era muito freqüente,
toda laje desse tipo passou a se denominar laje cogumelo. Hoje, apesar de
não ser mais comum o uso de capitel, ainda perdura a designação.
capitel
Critérios de uso
Por não ter vigas, que representam descontinuidade na execução das formas
e armações, a laje cogumelo é de fácil execução, principalmente se
comparada a outros tipos.
Também por não necessitar de vigas, a laje cogumelo adapta-se bem a formas
bastante irregulares, como as formas amebóides. '
184
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Pré-dimensionamento
o pré-dimensionamento é
feito em função dos lados do o
retângulo mais desfavorável o
/0
(maior espaçamento entre 4
o
pilares).
I hl I 2: 30 em
>~
b mínimo - 20
I { 2: _h_
b mínimo
15
adota-se o maior valor
18,1)
CAPíTULO.2 - Sistemasestruturais de concreto armado
h: espessura do laje
P: cargo no pilar
p: perímetro do seçõo do pilar
Uso de gráficos
LAJE COGUMELO
25.0
CONCRETO
/
V
20.0
V /
15.0
>-;-
~
o /
/
/
V
35 .:
;:;;
10.0
~
tfl
TI
c,
'"
eu
5.0
ESPESSURA EM eM - T
-.
LAJE COGUMELO
CONCRETO
1.50
-:
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0.60
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0.30
186
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
armação acompanhado
as linhas isostóticas de tração
É óbvio que uma solução como esta, apesar de ser correta, é de difícil execução.
Por isso, na execução comum, as barras à tração são colocadas apenas na face
inferior da viga, sendo as tensões inclinadas absorvidas por barras dobradas a
45 graus ou por estribos.
Para efeitos práticos, todas as questões a serem discutidas neste item serão
apoiadas no modelo simplificado, ou seja, o da ocorrência de momento
fletor, que provoca tração e compressão, e o da força cortante, que provoca
deslizamentos longitudinais e transversais.
Por convenção, quando o momento fletor provoca tração nas fibras inferiores
é considerado positivo, caso contrário negativo.
Em conseqüência, as armações colocadas na face inferior de uma viga
biapoiada recebem o nome de positivas. Em uma viga em balanço, as
armações colocadas na face superior são denominadas negativas.
187
CAPíTUkO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
-------------------
=r:
~~o, momento positivo
'-
.,
\ > I
<, \
armação positiva armação negativa
Além do momento fletor, também ocorre na viga a força cortante que, como
já se sabe, tende a provocar deslizamentos entre as seções horizontais e
verticais da barra. Esses deslizamentos normalmente acontecem ao mesmo
tempo; como resultado, aparecem forças horizontais e verticais que se
convertem em forças de compressão e de tração inclinadas a 45°.
As forças de tração são absorvidas por barras dobradas a 45°, chamadas cavaletes,
ou barras verticais, chamadas estribos.
cavalete íestribo
188
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Como já foi visto, não basta o uso de armação suficiente para absorver as
trações, é necessário também que a área de concreto seja suficiente para
absorver as compressões.
Quando a viga for submetida a tensões que superem a resistência à compressão
do concreto e não for possível alterar sua seção, aumentando a área de
compressão, são usadas barras de aço: neste caso, trabalhando a compressão,
para ajudar a aliviar as tensões no concreto. As vigas assim armadas recebem o
nome de vigas duplamente armadas (a tração e a compressão).
ra 00
armação
paro compressão
armação
pora tração
Critérios de uso
As vigas de concreto armado moldadas in loco apresentam uma ligação
contínua com os pilares. Para vãos de pequeno porte (até 8,0 m
aproximadamente) e pequenas cargas, essas ligações são consideradas como
apoios simples (vínculos articulados, móveis ou fixos).
Nesta situação, uma viga sobre dois pilares, como a da figura a seguir, pode
ser considerada simplesmente apoiada sobre os pilares, ou seja, um apoio
articulado fixo e outro móvel.
189
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Indícios de colapso
caso 1
A figura ao lado mostra
algumas possibilidades de
A 1\ b
fissuras ou trincas que podem
ocorrer em uma viga de
caso 2
concreto.
caso 3
190
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Pré-dimensionamento
h = 8 % do vão,
para cargas pequenas
h = 10 % do vão,
para cargas médias
h = 12 % do vão,
para cargas grandes
)
191
CAPíTULO 2 - S~stemas estruturais de concreto armado
li
pelo vôo, pelo balanço
.se for carga pequena
U
16
8 h= - x200
h= - x 600 100
100 '
h = 48 em
6,0 m 2,0 m h = 32 em
adola-se h = 48 em 1
k ~' +
A largura da viga segue o mesmo critério das situações anteriores.
uv . Y;L ~ LV
~ Ar UV -'v
-f s-'--,0_m ----,l'1k'---_4-',_0_m__ f_----'3,_S_m __ f 2,0 m {_
pelo vôo, se for cargo pequena pelo balanço
6 . 16
h = - x 500 = 30 em h = - x 200 = 32 em adola-se h = 32 em
100 100 para Iodo a viga
192
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Verifica-se a altura da viga pelo vão, conforme item anterior, e pelo balanço.
Adota-se o maior valor. Para largura, adotam-se as relações anteriores.
Uso de gráfico
I I I
VIGA DE CONCRETO
1.20
'o
0.90 1-;' -----
o
'"
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»->:
V
0.60 I-~
LU
V --------- »> ~
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;tbi!. 1
ew>,,~... _
0.30 r-~
-c
VÃO EM METROS· L
I I I I I I I I
o 1.5 3.0 4.5 6.0 7.5 9.0 10.5 12.0 13.5 15.0
193
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Vigas Vierendeel
Na página 80 da primeira parte deste livro, é discutida a conceituação de
viga Vierendeel. Apesar de naquele item ser focalizada a viga de aço,
continuam válidas todas as discussões feitas para o comportamento,
aplicação e desenho das aberturas nas vigas Vierendeel.
Vale ressaltar que o material concreto armado, a despeito de apresentar
maior dificuldade de execução das fôrmas, é naturalmente mais adequado
para a viga Vierendeel, pois seu processo construtivo leva, naturalmente, a
que o nó seja rígido. Para garantir essa rigidez, deve-se observar com atenção
a adequada disposição das armações.
armações típicas
dos nós para
garantir rigidez
Pré-dimensionamento
-t d:5h
'"
I
,r
e
~
DO]
+é+ -'-1'-'-
~ l~O,O_m ~,~
194
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
e = 140 = 35 cm
4
b= ~ = 175cm
2 '
Uso de gráfico
VIGA VIERENDEEL
I I
.>
3.0
/
2.4 -
-:
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V /
1.8 -2
o
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1.2 -<{
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"
-
0.6
ITITllJª
~L~
-
VÃO EM METROS - L
I I I I , I I I
o 3.0 6.0 9.0 12.0 15.0 18.0 21.0 24.0 27.0 30.0
Viga vagão
O uso de viga vagão de concreto armado não é muito comum, apesar de .
possível. Normalmente a utilização de vigas de concreto armado desse tipo
ocorre como alternativa para reforço, seja provocada por reforma, seja por
problemas de dimensionamento.
195
• CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto orrncdo
l,nJ\JJ
Pilares
excluída
cabo de
reforça
c = compressão oxiol
M = momento flelor
Q = força cortante
M
Q
Comportamento
Em princípio, um pilar de concreto, submetido apenas ao esforço de
compressão, não necessitaria de armação, já que o concreto resiste bem à
compressão. Usa-se armação no pilar para aliviar as tensões de compressão.
Com isso, as dimensões da seção do pilar podem ser diminuídas.
Os estribos, por sua vez, têm a função de evitar a flambagem das armações
longitudinais, comprimidas. Assim, quanto mais finas forem as barras
longitudinais, menos espaçados deverão ser os estribos.
A norma recomenda para espaçamento máximo entre estribos o valor de 12
vezes o diâmetro das barras longitudinais. Sabe-se que o fenômeno mais
problemático nos pilares é o da flambagem. A flambagem é a perda da
estabilidade do pilar sob a ação de forças de compressão. Num pilar de
concreto armado, a flambagem depende da carga aplicada, do comprimento
não travado da barra e da forma da seção.
196
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
= h = comprimento de
flombogem nos
duas direções
vigas de travamento
(fig. o)
Pré-dimensionamento
O pré-dimensionamento de um pilar consiste em determinar a área de sua
seção transversal. A forma da seção - quadrada, retangular, circular ou
qualquer outra - é dada por exigências arquitetônicas ou por fatores
estruturais que serão vistos mais adiante.
- Para pilares com mais de 4,0 m de alturalivre (não travados por vigas ou por laje).
A =-p- 2
seçôc 80 (cm), onde:
197
CAPíTULO 2 • Sistemas estruturais de concreto armado
PI P2 P3
Al ! A2 i A3 E
r:
~
i E
I I1
o
rA~----- E
c0
-------------~ r------------------- ~
Jt~
Pó i p, IA' ~.
198
CAPíTULO 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
Uso de gráficos
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o
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u.J
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~ ~
o~"o
·fb·Pb·Pb
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NÚMERO DE ANDARES APOIADOS - N
I I I I I I I
o 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
199
CAPíTUl!O 2 - Sistemas estruturais de concreto armado
V
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60 f-
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45 f-u
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