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4. UMA VISAQ_ARGUMENTATIVA DA GRAMATICA: OS OPERADORES ARGUMENTATIVOS, (S8PC — 1982) Este trabalho fundamenta-se na tese defendida por Ducrot, Anscombre © Vogt de que a argumentatividade néo constitul ‘apenes algo acrescentado eo uso linglist'co, mas, pelo con- {rério, esta inserita na propria lingua. Ou seja: que 0 uso da linguagem 6 inerentemente argumentative. Dentro desta con- epcao, antonde-se como significacao de uma frase 0 conjunto do inatrugdes concernentes as estratégiae @ serem ueadas na Gecodifieagdo dos enunciados pelos quale a frase se atvaliza, pormitindo percorrer-ine as leituras possivels, Treta-co de I {rugdee codificadas, de natureza gramatical, 0 que leva, portan- fo, a0 reconhecimento de um valor retérieo (ou argumentative) prépria gramética. Considerando-se como constitutivo de um enunciado 0 fato de 80 apresentar como orientando a sequdncia do. diecureo, foto 6, de determinar os encadeamentos possivels com outros enunciados capazes de continué-lo, faz-s0 precio admitir que fexistem enunciados cujo trago constitutive @ 0 de serem om. pregados com a pretensao de orienter 0 Interlocutor para cer- tos tipos de conclusdo, com exclustio de outros. Para descrover tals enunciados, torna-se necessario determinar a ua orienta go discursiva, ou seja, as conclusbes para ae quale ele pode servir de argumento. Assim, dentro de uma pragmatica integra da & descrigao lingtistica, ‘introduz-co uma retérlea intograda, ue se manifesta por meio de uma relagio de tipo bem precise fentre enunciados:'@ de ser argumento pars. (—3) Ora, existe na gramética de cada lingua uma série do morfemas responsdvels exatamento por eee tipo ve relacée, que funciona como operadores argumentativoe ou diecursivos, E importante sallentar que ge trata, om slgune casas, de mor- femas que a gramética tradicional’ coneidera como elementos ‘meramente relacionais — conectives, como mae, porém, om- bora, [4 que, pols, etc. e, em outros, lustamente de voodbulos ue, segundo @ N. G. 8, ndo 60 onquadram em nenhuma das dez classes gramaticals. Rocha Lima chama-as do palavras denotativas e Bechara de denotadoros de incluedo (at6, mosmo, também, inclusive); de exelusso (66, somonte, apenas, sonao, ete), Celso Cunha diz que se trata de palavras “essencialme n fs quale 0 NGS, “dou uma clnsicacto & parte, ‘as ee nome especie! No gromaticn estrutral, esses olomontoe obo doscrios, fem grande paste, como morfemae gramatcals (gramomne). do tipo relesional, em oposicso aos mortomas lexeale (eemants- ras, 'gxemas), eondo relegados a um segunda plaro na des- crigdo lnguistea. € @ cogs, também, © Watamento que receber ha gramatics gerative. £ mecroseintaxe do discurso — ou semdintiea argumen- ‘wtiva — que val recuperor oases elomentoe, por serem Justa mente eles que determinam 6 veler argumentative cos enn iodos, const vindose, pols, em marcas lnguietese importa: toe da’ cnune-ogdo, Pera um exame desece morfemas, convenionte retomar 12 nogSo de escala argumentatva formulacs por Duerot Dizeo ‘Quo B 6 um ergumento para.» conclusdo my ae p ¢ aprecertado ‘como dovendo levar 0 Interlocutor @ conclur Quando varios siguments — p, pp"... — 29 sltuam nvma eacala grads sla, spontanco, com maior ou menor farga, 9Bra @ mesma con slusdo + Giz se que eles parencom & neem eecela srgumen tative, Por exemple: Pedro 6 um politico ambicioeo Ele quer ser] Presidente goversador pelo menos} prefeto Duss ou msis escalas orientadas no meamo sentido, isto 4, para uma mesma conclusto, constr uma. classe argu meniav. Pesseros, emt, 20 exame doe operadores ei 1) Centos operadores estabelecem a hierarquia dos ele ‘ments numa escsla, assinalanda o argument maa forte cera uma coneluato + (mesma, até, ald meemo, Inclulve) ou, en, © male aco (eo mencs, pelo menos, no minima). & 0 caeo do exemple ceima, n 2) Havendo dues ou mais eecsles orentadse no meemo sentide, sous slemeantas. podem ser encadcados por melo. ce ‘operadores como , também, nem, tanto... come, nfo a6. ‘mee tambée, ote ae aceon © tse 48 _tctete got |, os & um rane sender entre ecenn {AP No 1 eae ge mula un argunaew favor do eeterins ‘Sol 9) Blo ainda nto considore derrotado, 8) Convém fisar ainda que, — Il pode sor empregado como indicador do mudana de ‘eetado (algo 6x om to © passe a ser y emt), (© Brasil J4 ndo tem ooperangae de eer compedo. ‘Amboe aio formas adverbials portadores de pressupostos. 4) alls, além do male — irtroduzom, do maneira eubrep- Vicia, um argumento decisive, apresentarde-o a ttulo do aerée. sino Clambule"), como.,se fonse desnecesAro, \ntamente Bera Gar 0 goipe final (‘eres do camelé", no der ce Dur et (080). 9) Poradigns co Imarcadoree de ras | 0 uso de una ou outros oposicéo ene | Gotm | Sesence cot pon im | Seoende tise Go et. pan Seite eepcoad, rae ert | pelo locuer imple ie Dentro desta concepelo, ¢ praclso notar que se eoneae- sivas represertam um ceso partcusr da emrutur Gora ll: zada por Anecombr®, Ducrot & Vogt para Gescrever 0 mortem ‘mas, gue Dusrot considers © operador argumertalivo por ex 2 celéncia. Sem entrar em motores detaihes (pera o que reme- femos 20g divereoe trabalhce sestes avlores' sobre 6 aecumt}, ode-se dizer que, 20 coordonarem-ee dois elementos ‘sumdi ticos pe @ por meio do morfams mas, serescontamac a ‘duns id6ias: 8) quo existe uma conclisto + que co tem cl ‘ne mente © que pede ser FaciImente encontrade pelo dectin {ério, sugerida por p @ nao eonfirmade por @, lato, apresentem orientapbes argumentativae opostas em relagbo. © 1D) que forga de ‘6 malor que e fore cep 8 gou favor, 0 ue faz'com que a conjuno p mals @ bee omer ‘ado no sentido de ndo-r (TR). Os astores fazem distingao centre um mas (corresperdente so alemto sondern e 0 saps. ‘hel sino}, que possi valor progmatico de relutagho, relics. hace, teat dere ces eS a ra ums proposieio negstiva (Neg p" MAS q) o que pode or ete ou eer oro conn; “um MAS” (cauivelente 20 slemto aber © 30 ccpanho! pore). que é o mas argumentative em sentido esta e que; 20 contréra do primer. , parmite sempre uma descrigao polténics, Para una descripto polifénica de enunciades do tipo X mas Y, 6 preciso lever em conta | ®).hé uma dotingdo entre X maa ¥ # p mes a, 14 que 0 ‘mas no opera necessariamenta totre todos 03 slemsntos con. {goa em X ou em Y. mas spense sobre cortos slomentoe se: spiricca p 6 qos qusisjutmente com cues, comet ) © locator (L) de X mas Y pods ver diferente do dep @ Hatter aE 2p JR pA fen peat center, geese ce online a. * iter fro a up 9 Sven uum mre es por sen). ee IDET on are tenets de atime ay . Re ee jres (TOPO. No ecessariamenta de opinides eras, login da coletividede, Basta cue lo- futor @ destnatirio cetejam de acorso sobre alee. esses lugares sao relatvos 3 ume stueeae eepecttea eo decures, 6) lato & (quer dizer, ou seis, em outras palavras) — itro- ox sessreto derivada, que viea a esclarecer, rliiear, desen: volver, matzar uma onunciacao anterior. Tem ume fungio geral de ajustamento, de preciso do sentido, Muitse Veses, ese ‘sssertdo troz Um esclarecime-to sabre 0 que fol dt antes, ‘mab que encerra um argumento mals forte no sentigo. Je ums determinada coneluséo. Coruller (1880) denomina s esse re- curso de "idols do relleragaa™ 7) Quando se tem accalae orientades no. sentiso da afr. ‘maple plone (universal afmatva: tudo, todos) ou da negagao plena (universal negstiva: nada, nonhum), 02 quantficedores: Selecionem determinedoe operadoros capezsa de der segue. la 20 ciscureo, Por ex (6) Mutos eatudsntes eatto descontentes com 0 nosso sistema de eneine: quaee 80%, ) Poueos estucentes esto descontentes com 0 nosso stema do onbina: apanae 20%2 Isto econiece, também, com as exprestéss pouco © um ‘povco: pouco orienta no sentido da negagie, Ga reareeo a Dropriedsde, © um pouen, no sentido da afrmagto: stain ‘em (© © embruho peas um pouco: no vei se voed conte: guird leva. ete & loin (S) 0 embruho pese poueos voe® conseguiré levee até a foi %

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