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Revolução Interior: Uma vida de oração

1) Breve recapitulação do significado do Evangelho em contraponto com a


religião. O Evangelho é a boa notícia do que Deus fez, está fazendo e fará para
nos salvar. A religião é a péssima notícia do que eu tenho que fazer para me
salvar. O Evangelho me leva a crer e a obedecer baseado na gratidão e alegria.
A religião me leva a obedecer baseado no medo e no orgulho. O Evangelho é a
mensagem da graça. A religião é a mensagem do mérito. E isto não é a base
apenas da nossa salvação, mas também de nossa santificação. Todo nosso
crescimento espiritual está vitalmente ligado ao quanto conhecemos a graça de
Deus.

2) A razão de todas as nossas falhas: o nosso coração esquece a graça de Deus, os


benefícios e maravilhas do Evangelho. Salmo 103:1-5 (NVI):
Bendiga ao Senhor a minha alma! Bendiga ao Senhor todo o meu ser!
Bendiga ao Senhor a minha alma! Não se esqueça de nenhuma das suas
bênçãos! É ele quem perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas
doenças, que resgata a sua vida da sepultura e o coroa de bondade e
compaixão, que enche de bens a sua existência, de modo que a sua
juventude se renova como a águia.

Nos versos 8-13 diz:


O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor. Não
acusa sem cessar e não fica ressentido para sempre; não nos trata conforme
os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades. Pois
como os céus se elevam sobre a terra, assim é grande o seu amor para com
os que o temem; e como o Oriente está longe do Ocidente, assim ele afasta
para longe de nós as nossas transgressões. Como um pai tem compaixão dos
seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem.

O salmista está falando com quem? Não está falando com Deus. Não
está falando com homens. Não está falando com anjos. Está falando consigo.
Está falando com sua alma. Ele está fazendo sua alma se recordar de todas as
benção que advém do Senhor. Com certeza, ele sabia mentalmente de tudo
isto. Mas sua alma precisa ser lembrada disto. Isaías 51:12,13 diz:
Quem é você para que tema homens mortais, os filhos de homens, que não
passam de relva, para que você esqueça o Senhor, aquele que fez você, que
estendeu os céus e lançou os alicerces da terra, para que viva diariamente,
constantemente apavorado por causa da ira do opressor, que está inclinado
a destruir?

O Senhor Deus não diz: “Tenha mais força! Sejam mais corajosos. É uma
questão de força de vontade!”. Ele está dizendo ao povo de Israel: “vocês estão com
medo dos seus inimigos porque se esqueceram de mim!”. A força de vontade é um
remédio, mas não é a cura. Ela momentaneamente ajuda, mas a longo prazo não tem
efeito. A solução é: o povo de Deus precisa se lembrar constantemente sobre quem
Deus é. Quando nossa alma se esquece disto, ela padece. Outro exemplo é 2 Pedro
1.8-9:

Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas,


elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus
Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. Todavia, se alguém não as tem,
está cego, só vê o que está perto, esquecendo-se da purificação dos seus
antigos pecados.

Pedro lista as qualidades da vida cristã: fé, virtude, conhecimento, domínio


próprio, perseverança, piedade, fraternidade e amor. Essas qualidades fazem do
discípulo alguém útil no Reino. Mas, quem não as tem, é porque se esqueceu “da
purificação de seus antigos pecados”. Pedro não diz: “Olha, quem não tem estas
qualidades é porque está se esforçando pouco; não tem vontade”. Não! O que falta é a
lembrança da purificação dos pecados; a lembrança da cruz, do perdão, da graça, do
amor.

Digamos que você tem dificuldade de autocontrole, não consegue controlar


seus olhos, sua língua, suas emoções, sua lascívia; a solução não é externa, não
disciplina rígida, não é jejuns prolongados. A solução é: olhe para a cruz. Medite no
perdão livre e gratuito de Deus por você até que seu coração exploda de alegria e
gratidão. Obedecemos na medida em que nos sabemos amados e perdoados.

Por exemplo, quando Paulo ensina que aos Coríntos a importância da


contribuição na igreja, ele não apela para o medo, ganância ou sentimentalismo. Ele
apenas apresenta a obra de Cristo. Ele diz: “Pois vocês conhecem a graça de nosso
Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por
meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.” 2 Coríntios 8:9. Lembrem do que Cristo
fez.
Outro texto que pode ser citado é Colossenses 1:6. Paulo diz que a vida
daqueles irmãos foi radicalmente alterada quando “ouviram e entenderam a graça de
Deus em toda a sua verdade”.

Caso alguém diga: “eu sei que Deus me ama, conheço sua graça; apenas não
consigo obedecê-lo”. Os apóstolos responderiam: “Não! Você não sabe que Deus lhe
ama, nem conhece a sua graça. Se você soubesse poderia vencer o pecado”. Surge a
grande questão: “Como posso saber que Deus me ama? Como posso experimentar
sua graça?”

3) O modo como nosso coração é aquecido pela lembrança da graça: a meditação.

O livro de Salmos é um livro de oração. Mas o primeiro salmo é uma meditação sobre
a meditação. Lá diz que o homem feliz e abençoado, é alguém que “medita na Lei do
Senhor de dia e de noite” e tem nela o seu prazer. Meditar é literalmente ‘repetir,
balbuciar’. É falar para si mesmo de modo que aquilo entre no coração. meditação. Ela
é uma disciplina do meio. Fica entre o estudo da Bíblia e a oração. O estudo atravessa o
racional, mas apenas com a meditação nossa alma é perpassada experimentalmente.
Não apenas sabemos que o fogo é quente: sentimos seu calor. Não apenas sabemos que
o mel é doce: provamos sua doçura. O coração precisa sentir este prazer, este deleite
santo, para receber a motivação correta que gera a obediência.

4) O meio de meditar.

Martinho Lutero ensinou que não orava até haver fogo em seu coração; ou, uma
verdade lhe sobressaltar poderosamente, por meio de um pregação do Espírito Santo.
Ele meditava na oração do Pai nosso; nos 10 mandamentos e em outra passagem das
Escrituras. Ele fazia 5 perguntas para o texto:

A) Como essa verdade me leva a adorar à Deus?


B) Que pecado essa verdade me leva a confessar?
C) Como agradeço a Cristo pela vitória que Ele me dá sobre este pecado?
D) O que eu preciso hoje para começar a praticar essa verdade?
E) Qual comportamento errôneo, qual emoção desviada, quando esqueço
da realidade dessa verdade?
Por exemplo, vamos meditar na primeira palavra da oração do “Pai nosso”.
Qual a verdade que emerge deste texto? Deus é nosso Pai e, por isso, Ele cuida
perfeitamente de nós.
A) Como isso me levar a adorar a Deus? Eu adoro a Deus pois Ele cuida de mim
e me ama. Sendo meu Pai, Ele olha para mim com prazer e alegria.
B) Que pecado isso me leva a confessar? Que tenho, inúmeras vezes, me
sentindo ansioso, temeroso; inseguro.
C) Como agradeço a Cristo pela vitória que Ele me dá sobre este pecado? Na
cruz, Cristo tomou o meu lugar e me deu o Seu lugar. O Filho se fez escravo, para fazer
do escravo um filho. Em Cristo, sou tão amado quanto Cristo é!
D) O que preciso hoje para começar a viver essa verdade? Lembrar
constantemente que o Pai Eterno me ama como ninguém pode me amar e que Nele
estou seguro.
E) Qual comportamento errôneo ou emoção desordenada brota em mim
quando esqueço essa verdade? Quando esqueço que Deus é meu Pai, que me ama
infinitamente e cuida perfeitamente de mim, a ansiedade me destrói; fico irritadiço ou
cheio de depressão; Também me sinto inseguro, mendigando o amor de qualquer um,
com medo de desagradar, pois por não me sentir amado por meu Pai quero, ao
menos, me sentir amado por alguém – e isso me leva a relacionamentos doentios, a
uma autoimagem negativa, uma baixo estima destruidora.

5) Conselhos práticos: A) Tenha hora, lugar e plano para meditar. B) Siga a Lei do
Treinamento de Inácio de Loyola – comece com pouco e avance. C) Busque a
constância. Quanto mais você se aproximar de Deus, mais perto desejarás
estar. Quanto menos se aproximar de Deus, menos perto desejarás estar.

6) O Homem que mais meditava: Jesus. As Escrituras corriam em suas veias como
sangue.

i. Nas crises: tentação no deserto; nos debates; no Getsêmani; na cruz;

ii. Como um livro que nos toda hora nos acusa pode nos dar prazer? Quando
entendemos que Jesus tomou sobre si toda condenação e derramou sobre
nós todas as benção. A Bíblia deixa de ser um livro que me condena e se
torna um livro de amor... uma carta de amor.

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