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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO


RIO GRANDE DO SUL

RAFAEL ANTONIO BEAZI

VIABILIDADE DO CULTIVO HIDROPÔNICO E SEMI-HIDROPÔNICO


EM UMA UNIDADE DE PRODUÇÃO EM ITAQUI – RS

Ijuí – RS
Dezembro 2017
1

RAFAEL ANTONIO BEAZI

VIABILIDADE DO CULTIVO HIDROPÔNICO E SEMI-HIDROPÔNICO


EM UMA UNIDADE DE PRODUÇÃO EM ITAQUI – RS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Agronomia do
Departamento de Estudos Agrários da
Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. MSc. Nilvo Basso

Ijuí – RS
Dezembro 2017
2

RAFAEL ANTONIO BEAZI

VIABILIDADE DO CULTIVO HIDROPÔNICO E SEMI-HIDROPÔNICO


EM UMA UNIDADE DE PRODUÇÃO EM ITAQUI – RS

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Agronomia – Departamento de


Estudos Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul, defendido perante a banca abaixo subscrita.

Banca Examinadora:

_______________________________
Prof. MSc. Nilvo Basso
Orientador – DEAg/UNIJUÍ

_______________________________
Prof. Dr. Roberto Carbonera
DEAg/UNIJUÍ

Ijuí, dezembro de 2017


3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por todas as


oportunidades e conquistas.
Agradeço ainda à minha família, principalmente aos
meus pais, que me possibilitaram a realização desse
sonho.
Agradeço aos meus colegas e amigos, sem vocês
com toda certeza, não teria sido a mesma coisa.
Obrigado pelo companheirismo durante praticamente
todos os dias do ano.
Agradeço aos professores, por todo o conhecimento
transmitido, por todas as vezes que ajudaram a
sermos os melhores profissionais possíveis, muito
obrigado.
Agradeço ao meu orientador, por confiar e dedicar
parte do seu tempo a mim na realização de um
trabalho mais proveitoso, completo e tecnicamente
correto.
4

VIABILIDADE DO CULTIVO HIDROPÔNICO E SEMI-HIDROPÔNICO


EM UMA UNIDADE DE PRODUÇÃO EM ITAQUI – RS

Rafael Antonio Beazi1


Nilvo Basso2

As pesquisas realizadas nos últimos anos acerca da produtividade e rentabilidade no


setor hortifrutigranjeiro tem apresentado forte tendência dos produtores em melhorar
as condições de produção, como alternativa de desenvolvimento das propriedades.
Dentre as tecnologias de produção das frutas e verduras, tem-se o sistema de
cultivo semi-hidropônico, realizado em estufa plástica e com fertirrigação localizada,
em que o investimento inicial tende a ser elevado. Nesse sentido, procurou-se
avaliar a viabilidade da implantação de um sistema de cultivo de morango semi-
hidropônico e alface hidropônica, bem como, estudar a questão mercadológica para
as atividades, o processo de engenharia de construção do sistema, o tamanho,
localização para a implantação, o cálculo da viabilidade e capacidade de pagamento
do projeto. Nesse sentido, verificou-se a implantação de um projeto de uma estufa
na Unidade de Produção Agropecuária, localizada na região de Curuçu, município
de Itaqui. Esta avaliação esteve voltada para os pilares do desenvolvimento
sustentável, avaliando-se, portanto, as dimensões social, econômico e ambiental,
além dos fatores técnicos e financeiros da propriedade. Dessa forma, evidenciou-se
que o projeto de implantação em estudo, é economicamente viável, pois apresenta
um retorno do investimento já no segundo ano de produção. Conclui-se que a
produtividade e a rentabilidade do projeto serão capazes de melhorar a qualidade de
vida da família dos produtos, assim como das famílias que consumirão esses
produtos, considerados menos contaminados com produtos químicos e com uma
produção mais limpa.

Palavras-chave: Viabilidade Econômica. Hortaliças. Hidroponia.

1
Acadêmico do Curso de Agronomia Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
2
Professor orientador, do Curso de Agronomia Departamento de Estudos Agrários da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
5

VIABILITY OF A HYDROPONIC AND SEMI-HYDROPONIC CROP PROJECT


IN A PRODUCTION UNIT IN ITAQUI – RS

Rafael Antonio Beazi3


Nilvo Basso4

The research carried out in recent years on productivity and profitability in the
horticultural sector has shown a strong tendency of the producers to improve the
conditions of production, as an alternative of development of the properties. Among
the technologies for producing fruits and vegetables, we have the semi-hydroponic
cultivation system, carried out in a plastic greenhouse with localized fertirrigation, in
which the initial investment tends to be high. In this sense, we tried to evaluate the
viability of a semi-hydroponic strawberry and hydroponic lettuce cultivation system,
as well as to study the marketing question for the activities, the system construction
engineering process, size, and location for the implantation, the calculation of the
feasibility and capacity of payment of the project. In this sense, it was verified the
implantation of a greenhouse project in the Agricultural Production Unit, located in
the region of Curuçu, municipality of Itaqui. This evaluation was focused on the pillars
of sustainable development, thus assessing the social, economic and environmental
dimensions, as well as the technical and financial factors of property. In this way, it
was evidenced that the project of implantation in study, is economically feasible,
since it presents a return of the investment already in the second year of production.
It is concluded that the productivity and profitability of the project will be able to
improve the quality of life of the product family, as well as the families that will
consume these products, considered less contaminated with chemicals and with a
cleaner production.

Keywords: Economic Viability. Vegetables. Hydroponics.

3
Acadêmico do Curso de Agronomia Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
4
Professor orientador, do Curso de Agronomia Departamento de Estudos Agrários da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização do município de Itaqui ............................................................. 24


Figura 2: Croqui da propriedade................................................................................. 28
Figura 3: Estrutura do projeto semi-hidropônico......................................................... 32
7

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Desempenho econômico por atividade da propriedade ............................ 29


Quadro 2: Comportamento geral dos preços no Rio Grande do Sul .......................... 31
Quadro 3: Orçamento de investimento para implantação de um sistema semi-
hidropônico e hidropônico .......................................................................................... 33
Quadro 4: Orçamento da receita bruta morango e alface no sistema semi-
hidropônico e hidropônico .......................................................................................... 34
Quadro 5: Custo variável do morango anos 1, 4, 7 e 10, no sistema semi-
hidropônico ................................................................................................................. 34
Quadro 6: Custos variáveis morango anos 2, 3, 5, 6, 8 e 9, no sistema semi-
hidropônico ................................................................................................................. 35
Quadro 7: Custos variáveis alface no sistema hidropônico ........................................ 35
Quadro 8: Custos fixos no sistema semi-hidropônico e hidropônico .......................... 35
Quadro 9: Avaliação econômica do sistema semi-hidropônico e hidropônico ............ 36
Quadro 10: Avaliação da rentabilidade do investimento do sistema semi-
hidopônico e hidropônico ........................................................................................... 37
Quadro 11: Avaliação do financiamento e saldo final de caixa do sistema semi-
hidropônico e hidropônico .......................................................................................... 38
8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Nutrientes morango semi-hidropônico ........................................................ 19


Tabela 2: Nutrientes morango semi-hidropônico ........................................................ 19
Tabela 3: Solução nutritiva para cultivo da alface ...................................................... 22
9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11

1 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 13


1.1 CULTURA DO MORANGO .................................................................................. 14
1.1.1 Substrato para Morangos em Semi-hidroponia ............................................ 16
1.1.1.1 Casca de Arroz Carbonizada ......................................................................... 16
1.1.1.2 Turfa ............................................................................................................... 16
1.1.1.3 Vermiculita ...................................................................................................... 16
1.1.1.4 Acondicionamento do Substrato ..................................................................... 16
1.1.1.5 Mudas de Morangos para Cultivo Semi-hidropônico ...................................... 17
1.1.1.6 Plantio das Mudas .......................................................................................... 17
1.1.1.7 Manejo das Mudas ......................................................................................... 18
1.1.1.8 Manejo da Irrigação ........................................................................................ 18
1.1.1.9 Manejo da Solução Nutritiva ........................................................................... 18
1.2 CULTURA DA ALFACE........................................................................................ 20
1.2.1 Mudas para Cultivo de Alface Hidropônica ................................................... 21
1.2.2 Sistema de Cultivo Hidropônico NFT ............................................................ 22
1.2.3 Condições do Ambiente para Produção de Alface Hidropônica ................. 23

2 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 24


2.1 OBJETO DO ESTUDO ......................................................................................... 24
2.2 PROCEDIMENTOS DA ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA .................... 25
2.3 ANÁLISE DA VIABILIDADE DO INVESTIMENTO ............................................... 26
2.4 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE PAGAMENTO ............................................. 26

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 28


3.1 CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROJETO ................. 28
3.2 MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO .................................................................... 30
3.3 ENGENHARIA E PROCESSO DE PRODUÇÃO ................................................. 32
3.4 ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO DO PROJETO .............................................. 33
3.4.1 Investimento .................................................................................................... 33
3.4.2 Previsão de Receita......................................................................................... 33
3.4.3 Orçamento dos Custos Variáveis .................................................................. 34
3.4.4 Custos Fixos .................................................................................................... 35
3.5 AVALIAÇÃO DO PROJETO ................................................................................. 36
3.5.1 Avaliação Econômica...................................................................................... 36
10

3.5.2 Avaliação Rentabilidade do Investimento ..................................................... 37


3.5.3 Avaliação do Financiamento e Saldo Final de Caixa ................................... 37

CONCLUSÃO ............................................................................................................ 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 40


11

INTRODUÇÃO

O estudo tem como objetivo avaliar a viabilidade da implantação de um


sistema de produção de morango semi-hidropônico e alface hidropônica no
município de Itaqui, no estado do Rio Grande do Sul. Esta avaliação envolve a parte
da engenharia e do mercado, além dos quesitos econômico e financeiro do
empreendimento. Desse modo pode-se constatar as potencialidades e restrições da
implantação do referido projeto.
A propriedade atualmente conta com uma superfície própria de 22 hectares
e mais 100 hectares arrendados, sendo estes distribuídos em duas atividades
principais, a pecuária e a hortifruticultura, sendo esta última dividida em diversas
culturas.
A mão de obra é totalmente familiar sendo o produtor, sua esposa e seu filho
que em períodos fora do horário escolar ajuda nos afazeres da propriedade, sendo
assim a família realiza todos os processos produtivos, desde o plantio, manejo e
colheita dos produtos da hortifruticultura.
A comercialização dos produtos da hortifruticultura está sendo para o
programa do PAA, que é o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura
Familiar uma determinada quantia que cada produtor pode destinar a este programa,
e o restante ele destina à venda na feira do município que é realizada uma vez por
semana.
Considerando que a propriedade apresenta boas condições de escala para a
produção de hortifutri optou-se por intensificar a produção de morangos semi-
hidropônico e alface hidropônica. Este sistema se diferencia do sistema
convencional (cultivo em solo), por utilizar: estrutura de ambiente protegido (estufa
alta), bancadas, substrato, fertirrigação, e uso reduzido de agroquímicos, o que
12

garante que o produtor não terá risco de perder sua produção por eventualidades
climáticas, e a obtenção de produtos de alta qualidade e seguras para o mercado
consumidor.
A implantação de morango semi-hidropônico permite a produção de frutas
com maior qualidade e menor perda por podridão, estendendo o período de colheita,
pelo menos, dois meses a mais do que no cultivo tradicional. Este sistema também
facilita a adoção de princípios de segurança dos alimentos, possibilitando a maior
aceitação dos morangos pelo consumidor.
A alface é a espécie vegetal de maior expressão no sistema de cultivo em
hidroponia, sendo que quase todos os produtores hidropônicos optam por ela devido
a sua fácil adaptação ao sistema, no qual tem revelado alto rendimento e reduções
de ciclo em relação ao cultivo convencional no solo.
Portanto, este trabalho tem por objetivo geral avaliar a viabilidade da
implantação de um sistema de cultivo de morango semi-hidropônico e alface
hidropônica, bem como, estudar a questão mercadológica para as atividades, o
processo de engenharia de construção do sistema, o tamanho e localização para a
implantação e o cálculo da viabilidade e capacidade de pagamento do projeto.
13

1 REVISÃO DE LITERATURA

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a


hortifruticultura é uma atividade agroeconômica que é realizada por micro,
pequenas, médias e grandes propriedades, localizadas tanto no interior, quanto nas
proximidades dos grandes centros urbanos. Em sistemas de produção em campo
aberto, a hortifruticultura exige investimento médio inicial de US$ 1 mil a US$ 5 mil
por hectare, porém gera mais lucro a cada hectare cultivado, quando comparada a
outras culturas, como os grãos.
O cultivo de morangos no Brasil, atualmente, é uma atividade agrícola
especializada, que exige dedicação, conhecimentos técnicos de alto nível e
utilização de métodos modernos de manejo da cultura.
A área plantada, atualmente, é de aproximadamente 4.000 hectares. Estima-
se que a produção anual seja de aproximadamente 105 mil toneladas de frutas por
ano. Os principais Estados produtores são Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São
Paulo, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal.
Já a produtividade média do Brasil é de 30 T/ha, podendo alcançar mais de
60 T/ha em locais mais tecnificados. Os Estados de Minas Gerais apresentam
produção média de 25 T/ha, Rio Grande do Sul 32 T/ha, São Paulo 34 T/ha e
Paraná 21 T/ha.
Dentre o segmento de folhosas, a alface é a hortaliça mais consumida pelo
brasileiro e representa 50% de toda a produção e comercialização nacional deste
segmento. A cultura é também a terceira em maior volume de produção, perdendo
apenas para melancia e tomate, movimentando 8 bilhões de reais no Varejo, com
produção de mais de 1,5 milhão de tonelada por ano.
A alface é a principal hortaliça folhosa comercializada no Brasil, com uma
área cultivada de aproximadamente 30 mil ha. Seu cultivo é responsável pela
geração de 150 mil empregos diretos e constitui um agronegócio estimado em R$
2,1 bilhões/ano. No Brasil, o consumo médio de hortaliças fica em torno de 41,0
kg/per capta/ano, a alface está entre as principais hortaliças cultivadas, ocupando a
6ª posição na ordem econômica entre as mais produzidas (NADAL et al., 1986).
Nos últimos cinco anos, o mercado de alface tem registrado um crescimento
médio de 4% ao ano. Segundo Paulo Koch, Diretor de Marketing da multinacional de
14

sementes Sakata, empresa líder em alfaces no Brasil, o aumento se deve às novas


exigências de mercado, principalmente por parte dos consumidores.

1.1 CULTURA DO MORANGO

De acordo com a classificação botânica, o morangueiro pertence à família


Rosaceae, 3 subfamília Rosoideae, tribo Potentilleaea, gênero Fragaria e espécie
Fragaria x ananassa Duch ex Rozier, que é um híbrido octaplóide resultante do
cruzamento entre as espécies F. chiloensis e F. virginiana (SILVA et al., 2007).
No Brasil, a cultura do morango desempenha um importante papel
socioeconômico. Além de estar presente em vários estados, em geral é
desenvolvida em pequenas propriedades, com a necessidade de grande quantidade
de mão de obra em todo seu ciclo (GOUVEA et al., 2009).
A cultura do morangueiro é produzida e apreciada nas mais variadas regiões
do mundo, sendo o Brasil o segundo maior produtor da América Latina. É cultivado
nas regiões, Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e representa importante cadeia
produtiva, do ponto de vista econômico e social; no entanto, ainda são poucas as
informações científicas sobre a cultura (VIZZOTTO et al., 2012).
Considerando que o morangueiro sofre com a intensidade luminosa, o
ambiente protegido se revela como uma alternativa para os pequenos produtores
amenizando os efeitos negativos das variações climáticas. Esta prática pode
melhorar o desenvolvimento das plantas, promover a produção durante todo o ano,
além de contribuir para o uso racional de água e nutrientes (RESENDE et al., 2010),
sendo seu uso determinante para maximizar a produção e a qualidade dos morango
(DIAS et al., 2015).
A cultura vem passando por uma evolução tecnológica muito significativa,
tanto em relação ao incremento de produtividade, como em relação à diminuição do
custo de produção, sendo que também é importante mencionar a pesquisa, e o
sistema de plantio integrado que ultimamente vem aumentando ano a ano, em uma
cultura que abrange um grande contingente de mão de obra. O morango apresenta
uma importância social e econômica muito grande, sendo geradora de emprego e
renda para as comunidades envolvida (PEREIRA et al., 2013).
O morango é uma hortaliça pertencente à família das rosáceas, cuja cultura
tem grande importância econômica e social no país (JORGE et al., 2008). Todas as
15

espécies de morangueiro cultivadas atualmente surgiram da hibridação entre


espécies silvestres, sendo muito distintas entre si quanto a adaptação às condições
climáticas, forma, cor, firmeza, tamanho e sabor dos frutos, bem como a época de
maturação e produtividade. A cultura do morangueiro no mundo remonta o final do
século XVIII sendo cultivada inicialmente em jardins e hortas caseiras, no Brasil,
ganhou importância econômica em meados do século IXX nos Estados de São
Paulo e Rio Grande do Sul (SANTOS; MEDEIROS, 2003). O principal aspecto que
tem despertado interesse pela exploração desta atividade é a alta rentabilidade que
proporciona quando comparada a outras culturas como o milho e a soja
(REICHERT; MADAIL, 2003; THIMOTEO et al., 2006).
Segundo Sanhueza e Rosa Maria (2006), o sistema exige um alto
investimento inicial para a construção de estufas altas, aquisição das mudas de
qualidade e sadias e no estabelecimento do sistema de fertirrigação. O investimento
é estimado em no mínimo R$ 10 mil para cada 5000 plantas. Além disso, destaca
que é necessário a qualificação dos produtores e a contratação de um técnico para
prestar assistência técnica e acompanhamento na propriedade.
Cada novo ciclo de produção é estabelecido com a troca do saco plástico e
do substrato, que é realizado normalmente a cada três anos, o que auxilia na
redução da incidência de podridões na cultura. Se por algum motivo ocorrerem
podridões antes deste tempo estabelecido, elimina-se somente o saco infectado e
não toda a área de produção.
Este sistema protege as plantas do efeito da chuva e facilita a ventilação,
condições que impedem o estabelecimento e propagação de doenças que possam
vir acarretar danos à cultura do morango, com a ocorrência dessa menor pressão de
doenças, o uso de agrotóxicos pode ser substituído por práticas culturais, uso de
agentes de controle biológico e produtos alternativos, reduzindo drasticamente o
risco de contaminação dos frutos, sem afetar a rentabilidade da produção.
A implantação desse método permite a produção de frutas com maior
qualidade e menor perda por podridão, estendendo o período de colheita, pelo
menos, dois meses a mais do que no cultivo tradicional. Este sistema também facilita
a adoção de princípios de segurança dos alimentos, possibilitando a maior aceitação
dos morangos pelo consumidor.
16

1.1.1 Substrato para Morangos em Semi-hidroponia

O substrato serve como suporte onde as plantas fixarão suas raízes, o


mesmo retém o líquido que disponibilizará os nutrientes às plantas. Um substrato
para ser considerado de qualidade deve conter alguns requisitos básicos, como
elevada capacidade de retenção de água, tornando a mesma disponível quando a
planta necessitar. Possuir uma decomposição lenta e com baixo custo.
Podemos encontrar no mercado vários tipos de compostos que podem ser
utilizados para a formulação de substratos para o cultivo semi-hidropônico, todos
eles devem conter em sua formulação os seguintes compostos:

1.1.1.1 Casca de Arroz Carbonizada

A casca de arroz carbonizada tem sido mais utilizada como substrato, pois é
estável física e quimicamente sendo, assim, mais resistente à decomposição e
possui alta porosidade.

1.1.1.2 Turfa

A turfa é um material de origem vegetal. Pesa pouco e tem elevada


capacidade de retenção de água. Para ser usada como mistura em substratos deve
ser picada.

1.1.1.3 Vermiculita

A vermiculita é um mineral com a estrutura da mica, que é expandida em


fornos de alta temperatura. É utilizada devido à sua alta retenção de água, elevada
porosidade, baixa densidade, alta capacidade de troca catiônica (CTC) e pH em
torno de 8,0.

1.1.1.4 Acondicionamento do Substrato

O substrato deverá ser acondicionado em embalagens de filme tubular,


preferencialmente de cor branca. Estas embalagens claras ajudam a evitar o
17

aquecimento da água e, consequentemente, o calor do substrato que contém em


seu interior, evitando com que as raízes sofram algum dano ou estresse pela
ocorrência da elevação da temperatura em dias quentes.
Estas embalagens para o acondicionamento do substrato podem variar
quanto ao tamanho e, consequentemente, quanto ao número de plantas que a
mesma suportará. Porém o espaçamento entre plantas na fileira deverá ser de 20
cm. O uso de embalagens menores é mais vantajoso, pois, caso ocorra alguma
doença, poucas plantas serão contaminadas e perdidas, e pouco substrato será
descartado.

1.1.1.5 Mudas de Morangos para Cultivo Semi-hidropônico

O preparo das mudas deve ser realizado de forma muito cuidadosa e é feito
em relação às folhas e às raízes das mudas.
Ao receber as mudas do viveiro, o produtor antes de implantar elas nas
embalagens com o substrato deve retirar as folhas cortando-as na haste, deixando
estas hastes com três cm de comprimento. E em ralação as raízes também devem
ser cortadas, deixando-as com quatro cm de comprimento.

1.1.1.6 Plantio das Mudas

O plantio das mudas deverá ser feito nas embalagens com o substrato
previamente saturado. Após a saturação dos substratos, então são feitos orifícios,
nos quatro cantos da embalagem, onde nestes serão inseridas as mudas, já
devidamente preparadas. O espaçamento entre as plantas deverá ser de 0,20 m. Na
hora em que é feito o plantio deve-se observar que as raízes não fiquem dobradas,
pois isso poderá comprometer o crescimento da planta.
Após o plantio ser realizados, é que deverão ser feitos os furos, na parte
inferior das embalagens, para que ocorra a drenagem da água que sobra e que fica
retida no fundo das embalagens do substrato.
18

1.1.1.7 Manejo das Mudas

Quando as plantas atingirem 15 dias após o plantio serão observadas a


ocorrência das primeiras flores. Mas para que as plantas cresçam e se desenvolvam
com qualidade, é necessário um desbaste contínuo destas flores, até que as plantas
adquiram um porte maior e apresentem cinco folhas. Conforme o crescimento e
desenvolvimento destas plantas são necessários que sejam feitas realizações de
limpezas periódicas, retirando-se as folhas velhas e secas ou que, porventura,
possam apresentar alguma doença.

1.1.1.8 Manejo da Irrigação

No cultivo protegido do morangueiro semi-hidropônico, em substrato


artificial, a irrigação a ser utilizada deve ser por sistema de gotejamento. Esta
irrigação é localizada em cada planta e tem como vantagens: alta eficiência de
aplicação, economia de água, energia e mão de obra, permite automatização,
fertirrigação e não interfere nos tratos fitossanitários. Este sistema aplica água
diretamente na região das raízes.
A qualidade da água que é utilizada nesta irrigação é um fator importante,
pois se é usado água de baixa ou má qualidade poderá causar toxicidade nas
plantas, e, se for suja, entupirá o sistema de irrigação, que é bastante sensível a
partículas minerais e orgânicas.

1.1.1.9 Manejo da Solução Nutritiva

As soluções nutritivas para semi-hidroponia para essa cultura podem ser


adquiridas prontas no mercado ou ser formuladas por técnicos. Porém deveram
conter os seguintes nutrientes em sua formulação, dependendo da fase fenológica
em que a cultura se encontrar.
A tabela 1 representa a quantidade de fertilizantes aplicada semanalmente
no cultivo semi-hidropônico durante a fase vegetativa da cultura.
19

Tabela 1: Nutrientes morango semi-hidropônico

Fonte: Embrapa.

Quantidade de fertilizantes aplicada semanalmente no cultivo semi-


hidropônico durante a fase reprodutiva da cultura.

Tabela 2: Nutrientes morango semi-hidropônico

Fonte: Embrapa.
20

As aplicações desta solução nutritiva nutrientes devem ser realizadas


semanalmente, porém a frequência com que esta irrigação deve ser realizada varia
conforme a fase fenológica com que a cultura se encontra. Durante a fase
reprodutiva faz-se irrigação a cada quatro dias, já na fase reprodutiva, dependendo
da temperatura do ambiente, deve ser realizada a cada dia ou a cada dois dias.
Atualmente encontramos estas soluções nutritivas prontas disponíveis no
mercado, chamado de FertiMorango que está disponível em embalagem de 50l, que
tem um custo de R$ 275,00, e a cada litro de água deve ser adicionado 1,5ml deste
fertilizante.
Para fazer a irrigação de cada dia o produtor deve preparar 1,5l mais 2,25ml
de fertilizante, totalizando uma solução para suas 770 plantas de 1155l de água
mais 1,73l de FertiMorango.

1.2 CULTURA DA ALFACE

De acordo com Furlani et al. (1999), “A hidroponia constitui-se em uma


técnica de produção de plantas na qual o solo é substituído por uma solução
nutritiva composta de água e elementos minerais”. Já Staff (1998) declara que “o
cultivo hidropônico da alface utiliza a Técnica do Fluxo Laminar de Nutrientes (NFT).
Nela a solução nutritiva flui sobre os canais de cultivo, onde se alojam as raízes,
irrigando-as e fornecendo oxigênio e nutrientes para as plantas”.
A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa mais consumida no Brasil,
sendo um componente básico de saladas preparadas nos domicílios domésticos
quanto comercialmente (MORETTI; MATTOS, 2005). Originária do Mediterrâneo foi
uma das primeiras hortaliças cultivadas pelo homem. Atualmente é explorada em
todo território nacional, tanto em solo como em sistemas hidropônicos, sendo a
principal cultura utilizada em hidroponia no país (SOARES, 2002).
A alface é uma das principais hortaliças folhosas comercializadas e
consumida no Brasil, devido a sua facilidade de aquisição e por se produzir o ano
inteiro. O cultivo em ambiente protegido é uma das ferramentas que possibilitam
aumentar a qualidade do produto final, por manter um clima mais propício ao
desenvolvimento da cultura, além de amenizar possíveis infestações de pragas e
doenças (LIMA JUNIOR et al., 2011).
21

Para o cultivo da alface, está sendo feito um estudo para implantar o cultivo
hidropônico, onde este terá um espaço reservado dentro da estufa de 5,20m x 15m,
totalizando uma área de 156 m2.
A alface, pertencente à família Asteraceae, tem origem asiática e foi trazida
para o Brasil pelos portugueses no século XVI. A alface é a hortaliça folhosa de
maior consumo no Brasil, sendo rica em vitaminas A e C e minerais como o ferro e o
fósforo.
É a espécie vegetal de maior expressão no sistema de cultivo em
hidroponia, sendo que quase todos os produtores hidropônicos optam por ela devido
a sua fácil adaptação ao sistema, no qual tem revelado alto rendimento e reduções
de ciclo em relação ao cultivo convencional no solo. O principal sistema de produção
hidropônica de alface utilizado no Brasil é o Nutrient Film Technique (NFT), que é
uma técnica de cultivo em água, no qual as plantas crescem tendo o seu sistema
radicular dentro de um canal ou canaleta através do qual circula uma solução
nutritiva composta de água e nutrientes.

1.2.1 Mudas para Cultivo de Alface Hidropônica

Para produção de alface em hidroponia o produtor pode optar por comprar


suas mudas, já formadas, em uma agropecuária, ou produzi-las em sua propriedade,
porém se o produtor optar por produzir suas próprias mudas ele deve seguir os
seguintes métodos:
- adquirir sementes de alface peletizadas, estes tipos de sementes facilitam
a semeadura e possuem um melhor poder germinativo;
- adquirir um substrato para a semeadura e crescimento das sementes de
alface, o indicado e recomendado para isso é o de espuma fenólica, ou se
preferir também pode optar por plantar as sementes nas bandejas de
isopor quadriculada;
- fazer pequenas perfurações na espuma fenólica e adicionar uma semente
em cada buraco;
- após a semeadura deve-se irrigar a placa e acondiciona-la em um
ambiente protegido, com temperaturas amenas;
- depois de passado 24 horas da semeadura, iniciar a irrigação das placas
com solução nutritiva;
22

- aproximadamente sete dias após o plantio, as mudas estarão prontas


para o transplante no sistema de cultivo hidropônico.

1.2.2 Sistema de Cultivo Hidropônico NFT

Existem vários tipos e modos de sistemas NFT, mas o mais comum e barato
é o sistema composto por canos de PVC. Nesse sistema, as plantas são alocadas
em orifícios feitos ao longo do tubo de PVC, de modo que somente as raízes se
estendam para dentro do cano. No interior desse cano, flui constantemente uma
quantia de solução nutritiva, entrando em contato com as raízes. Esses canos são
dispostos com uma pequena declividade, facilitando o escoamento da solução
nutritiva que entra pela parte mais alta e escoa através das raízes até a parte mais
baixa e retorna ao reservatório da solução. Para posterior bombeamento e
recirculação no sistema.
A tabela 3 descreve a solução nutritiva utilizada para cultivo da Alface.

Tabela 3: Solução nutritiva para cultivo da alface


Fertilizante g/1000L
®
Nitrato de cálcio Hydros Especial 750
Nitrato de potássio 500
Fosfato monoamônio 150
Sulfato de magnésio 400
Sulfato de cobre 0,15
Sulfato de zinco 0,5
Sulfato de manganês 1,5
Ácido bórico 1,5
Molibdato de sódio 0,15
®
Tenso-Fe (FeEDDHMA-6% Fe) 30

A solução nutritiva precisa um constante acompanhamento do produtor, para


ver se nela está contida todos os nutrientes necessários, pois ela é fundamental
para o pleno desenvolvimento dos vegetais. A temperatura desta solução nutritiva
deve permanecer entre 18 e 24ºC. Quando for encontrado fora dessa faixa de
temperatura à planta encontrará dificuldades em absorver os nutrientes.
É necessário que haja o controle do pH da solução, pois este é um
importante indicador de qualidade e produção de alface. O produtor deve adquirir um
kit de teste, o qual deve ser usado para verificar o pH da solução diariamente. O pH
adequado da solução deve estar em uma faixa ligeiramente ácida em 5,8 a 6,4. Se o
23

pH estiver muito alcalino deve-se adicionar um ácido fraco na solução para baixar o
pH. E se estiver muito baixo (ácido), deve-se adicionar a solução uma base fraca
como o hidróxido de potássio para corrigir o pH, deixando sempre este índice na
faixa adequada, para se obter uma expressiva produção.

1.2.3 Condições do Ambiente para Produção de Alface Hidropônica

De acordo com Furlani et al. (1999), a umidade relativa do ar no ambiente de


cultivo deve permanecer em torno de 70%. A alta umidade do ar pode promover o
aparecimento de sintomas de deficiência de nutrientes, mesmo tendo nutrientes em
abundância na solução nutritiva. Isso ocorre, pois em alta umidade no ambiente há
pouca transpiração e com isso pouca translocação de água e nutrientes até as
partes mais novas das folhas. Além disso, a alta umidade relativa do ar pode
aumentar a incidência de doenças nas plantas.
A temperatura também é um fator muito importante, pois tanto em condições
das altas ou baixas temperaturas as plantas podem cessar seu crescimento. Além
disso, podem apresentar distúrbios fisiológicos que depreciam o valor do produto. A
temperatura deve ser mantida em torno de 25ºC.
Tanto a umidade quanto a temperatura podem ser corrigidas com a
instalação de exaustores ou ventiladores nas estufas de cultivo, porém este é um
fator que deve ser estudado antes da implantação, pois vai acarretar custos para
sua implantação, diminuindo os lucros de produção da cultura.
Atualmente encontramos estas soluções nutritivas prontas disponíveis no
mercado, chamado de ferti Alface que está disponível em embalagem de 50l, que
tem um custo de R$ 275,00, e a cada litro de água deve ser adicionado 1,5ml deste
fertilizante.
Para fazer a irrigação de suas 800 plantas de alface cada mês o produtor
deve preparar uma solução de 2880l de água mais 4,32l de fertilizante.
24

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 OBJETO DO ESTUDO

O município de Itaqui pertence à Região da Fronteira Oeste do Estado do


Rio Grande do Sul, na divisa com a Argentina, figura 1. A propriedade estudada fica
localizada na comunidade de Curuçu, ao sul do município, distante a 100 km da
sede.

Figura 1: Localização do município de Itaqui

Fonte: Google Maps (2017).

A escolha da propriedade ocorreu durante o Estágio I do Curso de


Agronomia, quando foram feitas visitas para coleta dos dados com o produtor. Estes
dados foram sistematizados e analisados também na disciplina de Estágio II, quando
foram apresentados os resultados ao produtor e definido a elaboração do presente
projeto de horta hidropônica.
Esta estufa tem por previsão um tamanho de 10,40mx15m, totalizando 156
m2, onde foi dividida para duas culturas, sendo estas de morango semi-hidropônico e
alface hidropônica.
25

Para o cultivo de morango semi-hidropônico foi destinada metade da estufa,


ou seja, será de 5,20mx15m, totalizando 78m 2, e neste espaço foram implantadas
770 mudas de morango.
Já o cultivo de alface hidropônica, ocupou o restante da estufa, ou seja, os
outros 5,20mx15m, totalizando 78m2, e teve uma quantia de 800 plantas de alface
neste sistema.

2.2 PROCEDIMENTOS DA ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Segundo Hoffmann (1987), a avaliação econômica de um empreendimento


através da viabilidade é demonstrada conforme:
• Receita Bruta (RB): é o valor anual referente ao que foi obtido no
processo de produção, multiplicado pelo preço.
• Custo Variável (CV): compõe os custos que variam de acordo com a
produção.
• Margem Bruta (MB): indica o grau de intensificação de um sistema de
produção. A Margem Bruta representa a sobra operacional do projeto, a qual se
obtém subtraindo o valor dos custos variáveis do valor das receitas.

MB = RB – CV

• Custo Fixo (CF): é representado pelos custos que não apresentam


variação conforme a produção, assim sendo, independentes quanto à produção.
• Custo Total (CT): compreende a soma dos custos variáveis e dos custos
fixos:

CT = CV + CF

• Renda Líquida (RL): representa o resultado econômico líquido do projeto.


O que irá remunerar o empreendedor é a parte do valor bruto gerada no projeto.

RL = MB – CT
26

2.3 ANÁLISE DA VIABILIDADE DO INVESTIMENTO

• Fluxo Econômico do Projeto (Flec): representa a contribuição anual do


projeto em termos de disponibilidade monetária (saldo de caixa) sendo representado
pelo valor da Renda Líquida anual acrescida do valor anual da depreciação do
capital fixo.

Flec = RL + Depreciação

• Fluxo Financeiro (FF): no primeiro ano é o valor total do investimento


subtraído do Fluxo Econômico. Nos anos subsequentes, é representado pelo valor
do Fluxo Financeiro do ano anterior subtraído pelo Fluxo Econômico.
• Valor Presente Líquido (VPL): este valor define a viabilidade do projeto.
Através desta fórmula matemático-financeira, determina-se o valor presente de
pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do
investimento inicial.

VPL = flec / (1 + tx) n

• Taxa Interna de Retorno (TIR): representa a rentabilidade do capital


investido, evidenciando o ganho anual (taxa de juro) com a aplicação do capital no
projeto. A TIR evidencia também a taxa máxima de juros de um financiamento que o
projeto suportaria. Quanto maior a TIR mais atraente será o projeto.
• Período de Retorno do Capital (PRK): representa o tempo (número de
anos) necessário para a recuperação do capital investido, isto é, quanto tempo
levará par retomar o dinheiro investido no projeto.

2.4 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE PAGAMENTO

• Principal (Capital): é o montante a ser financiado, sendo o valor total do


investimento. Nos anos seguintes é subtraído do valor da Amortização.
• Amortização do Capital (AM): é o valor do investimento, porém dividido
em parcelas, de acordo com o plano de financiamento, para facilitar o pagamento.
27

• Juros: é o lucro da entidade que irá financiar o empreendimento. É


calculado com base no valor do Principal (Capital). Os juros podem variar conforme
a entidade financiadora e conforme o tipo de investimento.
Prestação: é o montante a ser pago no período de um ano. É a soma da
Amortização e dos Juros.
• Saldo Devedor: é o valor que resta a ser quitado do valor total investido. É
a amortização subtraída do Principal (Capital).
• Fluxo Líquido de Caixa: representa o saldo final de caixa do projeto, ou
seja, o valor anual disponível em caixa após efetuar pagamento de todos os
encargos previstos na execução do orçamento do projeto. A fórmula utilizada para
calcular é a seguinte:

VPL = flec – prestação


28

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROJETO

Na figura 2, é possível verificar o croqui da propriedade, bem como a


instalação da estufa dentro da propriedade.

Figura 2: Croqui da propriedade

Fonte: Dados da pesquisa.

A propriedade da família em que foi realizado este estudo está localizada na


região do Curuçu, pertencente ao munícipio de Itaqui – Rio Grande do Sul, a qual
atualmente consta com uma superfície própria de 22 hectares e mais 100 hectares
arrendados, sendo estes distribuídos em duas atividades principais, sendo a
pecuária e a hortifruticultura, sendo esta última citada dividida em diversas culturas.
A parte da pecuária tem uma área destinada de 117,2 hectares, e a
atividade da hortifruticultura no momento está sendo trabalhado com cinco culturas,
1 hectare de melancia, 1 hectare de mandioca, 1 hectare de batata, 0,50 hectares de
amendoim e 0,30 hectare de abóbora, e mais 1 hectare que é destinado para a
subsistência da família, totalizando uma superfície agrícola útil de 122 hectares,
tendo uma renda liquida total desta área de R$ 195385,00.
29

Em relação à mão de obra, a unidade de produção conta com um trabalho


totalmente familiar, com duas unidades de trabalho, pois nesta propriedade
trabalham o produtor, sua esposa e seu filho, sendo que a mulher trabalha meio dia
na escola e o filho estuda meio dia, por este motivo levamos em consideração a
disponibilidade de duas unidades de trabalho.
A propriedade está produzindo anualmente em média 500 unidades de
melancia, 12500 kg de babata, 100 unidades de abóbora, 14000 kg de mandioca e
500 kg de amendoim. Na pecuária são comercializadas 100 cabeças de gado por
ano. No quadro 1 que segue podemos visualizar o desempenho econômico de cada
uma dessas atividades.

Quadro 1: Desempenho econômico por atividade da propriedade


Atividade Área RB CI VAB total VAB/ha PB/ha CI/ha
Pecuária 117,20 150000,00 24552,00 125448,00 1070,38 1279,86 209,49
Melancia 1,00 5000,00 630,00 4370,00 4370,00 5000,00 630,00
Batata 1,00 31250,00 520,00 30730,00 30730,00 31250,00 520,00
Abóbora 0,30 1500,00 400,00 1100,00 3666,67 5000,00 1333,33
Mandioca 1,00 28000,00 0,00 28000,00 28000,00 28000,00 0,00
Amendoim 0,50 8500,00 865,00 7635,00 15270,00 17000,00 1730,00
Subsistência 1,00 4859,00 407,00 4452,00 4452,00 4859,00 407,00
Total 122,00 229109,00 27374,00 201735,00 87559,04 92388,86 4829,82

O objetivo deste estudo foi avaliar tecnicamente, economicamente e decidir


quais as alternativas que podemos seguir em relação às alternativas de investimento
e os efeitos em termos de rentabilidade e viabilidade, levando em consideração
também, os impactos relacionados ao ponto de vista social e ambiental.
Esta estufa tem por previsão um tamanho de 10,40mx15m, totalizando 156
2
m , onde esta será dividida para duas culturas, sendo estas de morango semi-
hidropônico e alface hidropônica.
Para o cultivo de morango semi-hidropônico será destinada metade da
estufa, ou seja, será de 5,20mx15m, totalizando 78m 2, e neste espaço será
implantado 770 mudas de morango.
Já o cultivo de alface hidropônica, ocupará o restante da estufa, ou seja, os
outros 5,20mx15m, totalizando 78m2, e terá uma quantia de 800 plantas de alface
neste sistema.
30

3.2 MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO

A comercialização destes produtos da hortifruticultura está sendo destinada


para o PAA, que é o programa de aquisição de alimentos da Agricultura Familiar,
que tem uma determinada quantia que cada produtor pode destinar a este
programa, e o restante ele destina à venda na feira do município que é realizada
uma vez por semana.
Porém produtores poderão destinar também para o hospital do município e
para o exército, podendo cada produtor ter uma renda de R$ 6500,00 mensais
vendidos neste programa, o qual é registrado no bloco do produtor rural, concluindo-
se com isso que o produtor sempre vai ter comercio para a destinação de seus
produtos.
Os primeiros passos de qualquer empreendimento é o planejamento para
que possa ser verificado os riscos que estão embutidos no negócio que vai ser
implantado e como implementá-lo com segurança. O planejamento, ou plano de
negócio, quando bem feito, permite identificar os riscos, analisá-los e tomar a
decisão antes de fazer os investimentos, reduzindo, assim, as possibilidades de
prejuízo.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a
hortifruticultura é uma atividade agroeconômica que é realizada por micro,
pequenas, médias e grandes propriedades, localizadas tanto no interior, quanto nas
proximidades dos grandes centros urbanos. Em sistemas de produção em campo
aberto, a hortifruticultura exige investimento médio inicial de US$ 1 mil a US$ 5 mil
por hectare, porem gera mais lucro a cada hectare cultivado, quando comparada a
outras culturas, como os grãos.
O sistema semi-hidropônico não faz muitos anos que está no mercado
Brasileiro, porém desde seu surgimento já apresentou resultados bem satisfatórios,
em relação ao cultivo convencional, pois o produtor não necessita fazer rotação das
áreas de produção, prática necessária para reduzir a podridão de raízes no sistema
convencional de túneis baixos. Dessa forma, pode triplicar o potencial de uso da
área de terra, os tratos culturais podem ser realizados em pé, o que favorece a
contratação de mão de obra.
Apesar das variações cíclicas e sazonais que ocorrem na hortifruticultura, os
negócios no setor vêm sendo bastante atrativos. Em condições normais de mercado,
31

estima-se que as hortaliças gerem renda entre US$ 2 mil e US$ 20 mil por hectare
(campo aberto), em nível de Brasil.
Esta variação ocorre, pois os lucros obtidos dependem do valor agregado do
produto e da conjuntura de mercado. A rentabilidade da cultura é condicionada ao
alto nível tecnológico, incluindo cultivares/híbridos mais produtivos e manejo
adequado da cultura.
Os consumidores têm influenciado outro direcionamento para os produtos
desta área. Podemos notar que nos últimos anos ocorre uma forte demanda por
produtos de tamanhos e cores diferenciados, não necessariamente associados a
espécies desconhecidas.
Além da grande procura pelos tradicionais produtos in natura, as indústrias
processadoras vêm ampliando a oferta de produtos, seja na forma de vegetais
conservados, gelados ou supergelados, desidratados e liofilizados, seja como
hortaliças e frutas minimamente processadas, aumentando assim gradativamente o
setor de comercialização destes produtos.
Em relação à comercialização, estima-se que entre 55% e 60% do volume
de hortaliças é comercializada pelos mercados atacadistas, que movimentam uma
média anual de 15 milhões de toneladas de hortaliças oriundas da produção
nacional e importada, totalizando um valor no atacado superior a R$ 10 bilhões.
Existem também os processos de vendas diretas por produtores, geralmente
destinadas às feiras livres locais, sacolões, para o PAA, que é o programa que
engloba os produtos produzidos na agricultura familiar e comercializados para as
escolas, hospitais e exércitos da cidade, supermercados ou mercados sobre
veículos.
Único fator desfavorável para a produção de hortifrutigranjeiros são as
perdas que são encontradas pós-colheita, está em razão do manuseio excessivo,
danos mecânicos e embalagens inadequadas.
O quadro 2, que segue apresenta a conjuntura dos preços médios
praticados a nível de Rio Grande do Sul, de acordo com (EMATER, 2017).

Quadro 2: Comportamento geral dos preços no Rio Grande do Sul


Produto Média em R$
Alface 1,20
Morango 10,00
Fonte: EMATER (2017).
32

3.3 ENGENHARIA E PROCESSO DE PRODUÇÃO

Segundo Furlani et al. (1999), a umidade relativa do ar no ambiente de


cultivo deve permanecer em torno de 70%. A alta umidade do ar pode promover o
aparecimento de sintomas de deficiência de nutrientes, mesmo tendo nutrientes em
abundância na solução nutritiva. Isso ocorre, pois em alta umidade no ambiente há
pouca transpiração e com isso pouca translocação de água e nutrientes até as
partes mais novas das folhas. Além disso, a alta umidade relativa do ar pode
aumentar a incidência de doenças nas plantas.
A temperatura também é um fator muito importante, pois tanto em condições
das altas ou baixas temperaturas as plantas podem cessar seu crescimento. Além
disso, podem apresentar distúrbios fisiológicos que depreciam o valor do produto. A
temperatura deve ser mantida em torno de 25ºC.
Tanto a umidade quanto a temperatura podem ser corrigidas com a
instalação de exaustores ou ventiladores nas estufas de cultivo, porém este é um
fator que deve ser estudado antes da implantação, pois vai acarretar custos para
sua implantação, diminuindo os lucros de produção da cultura.

Figura 3: Estrutura do projeto semi-hidropônico

Fonte: Dados da pesquisa.


33

Atualmente encontramos estas soluções nutritivas prontas disponíveis no


mercado, chamado de FertihortiAlface que está disponível em embalagem de 50l,
que tem um custo de R$ 275,00, e a cada litro de água deve ser adicionado 1,5ml
deste fertilizante.
Para fazer a irrigação de suas 800 plantas de alface cada mês o produtor
deve preparar uma solução de 2880l de água mais 4,32l de fertilizante.

3.4 ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO DO PROJETO

3.4.1 Investimento

No presente orçamento para a implantação de uma estufa com cultivos de


morango semi-hidropônico e alface hidropônico, Os itens orçados juntamente com o
cálculo da depreciação se encontra no quadro 3. Assim como os valores totais do
investimento do empreendimento a ser implantado.

Quadro 3: Orçamento de investimento para implantação de um sistema semi-


hidropônico e hidropônico
Itens Valor
Construção 6.601,05
Equipamento semi-hidropônico 2.665,00
Equipamento hidropônico 5.578,50
Total 14.844,55

Na figura 3 é possível verificar a disposição das estruturas e mudas de


morango na estufa de semi-hidroponia do cultivo do morangueiro.

3.4.2 Previsão de Receita

Para uma previsão de receita estimamos um valor fixo anual para os dez
anos, pois como o morango tem que ser feito a troca de slabs e mudas a cada três
anos foi estimada uma produção de 800 gramas por muda, com um valor médio de
comercialização de R$ 10,00.
No cultivo da alface, como o sistema suporta 800 mudas e a colheita é feita
mensalmente, então foi feito o cálculo de 8.800 pés anual, com um valor de
comercialização a R$ 1,20 o pé de Alface. O valor anual da RB da alface ficou em m
34

10.560,00, a RB do morango ficou em 6.160,00 então, foi calculado uma previsão de


receita bruta anual de R$ 16.720,00, conforme o quadro 4, a seguir.

Quadro 4: Orçamento da receita bruta morango e alface no sistema semi-


hidropônico e hidropônico
Especificação Quantidade kg Preço unit. RB anual
Previsão de venda de morango 616 10,00 6.160,00
Previsão de venda de alface 8.800 1,20 10.560,00
Total 16.720,00

Quanto aos gastos com o transporte o produtor não tem, pois a prefeitura do
município de Itaqui, fez a doação de um caminhão para a associação de produtores
da hortifruticultura os quais fazer parte do Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA), a despesa que o produtor e os demais sócios da associação tiveram foi
apenas com aquisição de um baú para colocarem no caminhão, para que os
produtos cheguem com boa qualidade na feira, e nas escolas onde boa parte da
produção vai para a alimentação das escolas (merenda).

3.4.3 Orçamento dos Custos Variáveis

No caso do morango o custo variável apresenta duas situações diferentes,


pois a cada três anos de cultivo o produtor deve trocar os slabs e as mudas do seu
sistema, então esta troca vai ocorrer nos anos 1, 4, 7 e 10 além dos outros gastos
variáveis que ele vai ter nos demais anos que não envolvem estas trocas dos slabs e
mudas.
O quadro 5 apresenta os custos variáveis com o cultivo do morango para os
anos 1, 4, 7 e 10.

Quadro 5: Custo variável do morango anos 1, 4, 7 e 10, no sistema semi-


hidropônico
Itens Quant Valor unit. Valor total
Micronutrientes 21 5,50 115,50
Mudas 770 0,90 693,00
Manutenção 1 500,00 500,00
Energia 1 250,00 250,00
Embalagem 616 0,75 462,00
Slab 70 13,00 910,00
Impostos e taxas 0,023 6.160,00 141,68
Total CV 3.072,18
35

Já no período dos anos 2, 3, 5, 6, 8 e 9 o produtor vai ter os custos variáveis


que envolvem micronutrientes, manutenção, energia, embalagem e impostos e
taxas, conforme mostra o quadro 6.

Quadro 6: Custos variáveis morango anos 2, 3, 5, 6, 8 e 9, no sistema semi-


hidropônico
Itens Quant Valor unit. Valor total
Micronutrientes 36 5,50 198,00
Manutenção 1 500,00 500,00
Energia 1 250,00 250,00
Embalagem 616 0,75 462,00
Impostos e taxas 0,023 6.160,00 141,68
Total CV 1.551,68

Para o cultivo da alface, os gastos vão ser iguais para o período dos dez
anos, pois o manejo do sistema vai ser igual durante dez anos. O quadro 7
apresenta os itens e os respectivos custos de produção da Alface.

Quadro 7: Custos variáveis alface no sistema hidropônico


Itens Quant Valor unit. Valor total
Micronutrientes 53 5,50 291,50
Manutenção 1 500,00 500,00
Energia 1 250,00 250,00
Impostos e taxas 0,023 10.560,00 242,88
Mudas 8.800 0,25 2.200,00
Total CV 3.484,38

3.4.4 Custos Fixos

Como custos fixos deste projeto, considerou-se apenas a depreciações das


estufas e dos equipamentos, conforme o quadro 8. Foram utilizados 15 anos de
duração para a estrutura da estufa, e para os sistemas de semi-hidroponia e
hidroponia uma duração estimada de 10 anos. A soma da depreciação anual foi de
R$ 1.055,54.

Quadro 8: Custos fixos no sistema semi-hidropônico e hidropônico


Itens Valor Anos Depreciação
Construção 6.601,05 15 396,06
Equipamento semi-hidropônico 2.665,00 10 213,20
Equipamento hidropônico 5.578,50 10 446,28
Total 14.844,55 1.055,54
36

Como o produtor possui as madeiras para a construção da estufa, isto ira


acarreta em menos custo na construção da mesma, e das bancadas as quais são
feitas para proporcionar uma melhor forma de trabalho dentro da estufa. No entanto
o produtor vai ter que comprar os equipamentos para o sistema semi-hidropônico e
hidropônico.

3.5 AVALIAÇÃO DO PROJETO

3.5.1 Avaliação Econômica

O projeto em estudo é economicamente viável, pois a receita bruta que será


produzida através da implantação da estufa é capaz de pagar os custos totais do
projeto anualmente. De acordo com quadro 9, foi projetado um valor de R$
16.720,00 de receita bruta, sendo um valor constante durante os 10 anos. Nos anos
1, 4, 7, e 10 custos variáveis anual somaram R$ 6.556,56, restando um valor de
Margem Bruta anual de R$ 10.163,44 e descontando o valor de R$ 1.055,54
referente aos custos fixos, obtém-se uma renda líquida de R$ 9.107,90 nos anos em
que é preciso fazer trocas de slabs e mudas de morango. Nos anos 2,3,5,6,8 e 9
com a diminuição do custo variável para R$ 5.036,56 o valor da margem bruta passa
para R$ 11.683,94 e a renda líquida aumenta para R$ 10.628,40.

Quadro 9: Avaliação econômica do sistema semi-hidropônico e hidropônico


Anos RB CV MB CF CT RL
1 R$ 16.720,00 R$ 6.556,56 R$ 10.163,44 R$ 1.055,54 R$ 7.612,10 R$ 9.107,90
2 R$ 16.720,00 R$ 5.036,06 R$ 11.683,94 R$ 1.055,54 R$ 6.091,60 R$ 10.628,40
3 R$ 16.720,00 R$ 5.036,06 R$ 11.683,94 R$ 1.055,54 R$ 6.091,60 R$ 10.628,40
4 R$ 16.720,00 R$ 6.556,56 R$ 10.163,44 R$ 1.055,54 R$ 7.612,10 R$ 9.107,90
5 R$ 16.720,00 R$ 5.036,06 R$ 11.683,94 R$ 1.055,54 R$ 6.091,60 R$ 10.628,40
6 R$ 16.720,00 R$ 5.036,06 R$ 11.683,94 R$ 1.055,54 R$ 6.091,60 R$ 10.628,40
7 R$ 16.720,00 R$ 6.556,56 R$10.163,44 R$ 1.055,54 R$ 7.612,10 R$ 9.107,90
8 R$ 16.720,00 R$ 5.036,06 R$ 11.683,94 R$ 1.055,54 R$ 6.091,60 R$ 10.628,40
9 R$ 16.720,00 R$ 5.036,06 R$ 11.683,94 R$ 1.055,54 R$ 6.091,60 R$ 10.628,40
10 R$ 16.720,00 R$ 6.556,56 R$ 10.163,44 R$ 1.055,54 R$ 7.612,10 R$ 9.107,90
Total R$ 167.200,00 R$ 56.442,60 R$ 110.757,40 R$ 10.555,43 R$ 66.998,03 R$ 100.201,97
% 100 33,76 66,24 6,31 40,07 59,93
37

3.5.2 Avaliação Rentabilidade do Investimento

No quadro 10, que segue, tem-se o demonstrativo dos indicativos da


avalição da rentabilidade do capital investido, onde com base no fluxo econômico do
projeto se verifica em que medida o investimento se torna atrativo.
O fluxo econômico do projeto, ou seja, a renda liquida somada da
depreciação representa o valor disponível ao produtor. Neste caso específico, o
valor será correspondente a margem bruta anual, pois o custo fixo é composto
apenas pelo custo da depreciação. Assim o Fluxo econômico será de R$10.163,44
nos anos 1, 4, 7 e 10 e R$ 11683,94 nos demais anos.
Ainda de acordo com o quadro 10, o Fluxo Financeiro (FLFIN) acumulado
nos dez anos soma R$ 387.820,79. O Valor Presente Líquido a uma taxa anual de
desconto de 12% evidenciou um saldo positivo de R$ 41707,01, portanto superior ao
custo de oportunidade do capital. A Taxa Interna de Retorno (TIR) do Projeto ficou
em 65,95% ao ano, sendo extremamente positiva, em razão do valor baixo do
investimento. Por último o Projeto apresenta um rápido retorno do capital investido,
onde já no segundo ano o produtor recupera o valor do investimento.

Quadro 10: Avaliação da rentabilidade do investimento do sistema semi-


hidopônico e hidropônico
ANOS FL ECON FL FIN VL PRE LIQ Tx Int Ret Per Ret Cap
0 - - 14.844,55 - 14.844,55 - 14.844,55 - 14.844,55
1 R$ 9.107,90 R$ (5.736,65) R$ 8.132,05 R$ 5.488,43 - 5.736,65
2 R$ 10.628,40 R$ 4.891,74 R$ 8.472,89 R$ 3.859,47 4.891,74
3 R$ 10.628,40 R$ 15.520,14 R$ 7.565,08 R$ 2.325,72
4 R$ 9.107,90 R$ 24.628,04 R$ 5.788,23 R$ 1.200,99
5 R$ 10.628,40 R$ 35.256,44 R$ 6.030,84 R$ 844,54
6 R$ 10.628,40 R$ 45.884,83 R$ 5.384,68 R$ 508,92
7 R$ 9.107,90 R$ 54.992,73 R$ 4.119,95 R$ 262,80
8 R$ 10.628,40 R$ 65.621,13 R$ 4.292,63 R$ 184,80
9 R$ 10.628,40 R$ 76.249,52 R$ 3.832,71 R$ 111,36
10 9.107,90 85.357,42 2.932,50 57,51
TOTAL 41.707,01 - 0,00
PRK = 1,5 anos TIR = 65,95%

3.5.3 Avaliação do Financiamento e Saldo Final de Caixa

Como o valor a ser financiado não é muito elevado e o retorno que o


produtor terá é relativamente alto, não haverá período de carência para ele começar
a pagar seu financiamento. O valor financiado é de R$ 14.844,55, com uma taxa de
juros de 5% ao ano e prazo de 10 anos Conforme a linha de financiamento
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PRONAF. Conforme o quadro 11, o valor da primeira prestação será de R$


2.226,68. A partir de cada ano que passa a prestação irá diminuindo, sendo que
todos os anos, o produtor ficará com um saldo final de caixa positivo.

Quadro 11: Avaliação do financiamento e saldo final de caixa do sistema semi-


hidropônico e hidropônico
ANOS CAPITAL AMORTIZAÇÃO JURO PRESTAÇÃO SAL. DEV. SAL.FIN.CX
1 R$ 14.844,55 R$ 1.484,46 R$ 742,23 R$ 2.226,68 R$ 13.360,10 R$ 6.881,21
2 R$ 13.360,10 R$ 1.484,46 R$ 668,00 R$ 2.152,46 R$ 11.875,64 R$ 8.475,94
3 R$ 11.875,64 R$ 1.484,46 R$ 593,78 R$ 2.078,24 R$ 10.391,19 R$ 8.550,16
4 R$ 10.391,19 R$ 1.484,46 R$ 519,56 R$ 2.004,01 R$ 8.906,73 R$ 7.103,88
5 R$ 8.906,73 R$ 1.484,46 R$ 445,34 R$ 1.929,79 R$ 7.422,28 R$ 8.698,61
6 R$ 7.422,28 R$ 1.484,46 R$ 371,11 R$ 1.855,57 R$ 5.937,82 R$ 8.772,83
7 R$ 5.937,82 R$ 1.484,46 R$ 296,89 R$ 1.781,35 R$ 4.453,37 R$ 7.326,55
8 R$ 4.453,37 R$ 1.484,46 R$ 222,67 R$ 1.707,12 R$ 2.968,91 R$ 8.921,27
9 R$ 2.968,91 R$ 1.484,46 R$ 148,45 R$ 1.632,90 R$ 1.484,46 R$ 8.995,50
10 R$ 1.484,46 R$ 1.484,46 R$ 74,22 R$ 1.558,68 R$ - R$ 7.549,22
TOTAL R$ 81.645,03 R$ 14.844,55 R$ 4.082,25 R$ 18.926,80 R$ 81.275,17

Analisando a viabilidade do projeto, percebemos que o mesmo é viável do


ponto de vista econômico e financeiro, pois permite que o produtor possa agregar
mais renda para a sua propriedade. Socialmente se justifica, pois, contribui para a
permanência de sua família no meio rural. Ambientalmente, o projeto não apresenta
nenhum tipo de impacto ou danos ao meio ambiente.
Todos os cálculos realizados para a elaboração deste projeto se baseiam
em anos considerados normais, baseado em um padrão de produção médio,
ignorando épocas de seca, nem superproduções. Os cálculos dos valores de receita
também levam em consideração o preço pago pelo quilograma do morango,
contabilizados neste projeto com a média paga na região por kg (R$ 10,00) e a
alface um valor médio de (R$ 1,20) que é pago por unidade. Sendo assim, o projeto
somente será viável economicamente se estes preços pagos não variarem
drasticamente.
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CONCLUSÃO

Com base nos resultados analisados concluiu-se que, gerados sob


condições determinadas, observou-se que o sistema de produção de morango semi-
hidropônico, e da alface hidropônica, avaliados neste estudo, apresentaram
satisfatórios níveis de eficiência econômica e de viabilidade financeira.
Por fim, recomenda-se que apesar dos resultados econômico-financeiros,
que terem se mostrado favoráveis ao investimento na atividade, não podem ser
generalizados, sendo, porém, utilizados como referência para outros modelos,
especialmente para a avaliação de questões associadas às necessidades de
recursos produtivos e cuidados operacionais e gerenciais na implantação e
condução do sistema.
Essa questão se justifica por três razões: 1) a utilização de diversas
tecnologias em diferentes áreas pode interferir nos resultados; 2) na produção de
morango semi-hidropônico estão envolvidas diversas operações técnicas e
comerciais, muitas das quais bastante complexas e que, caso não sejam muito bem
conduzidas, podem comprometer a eficiência econômica e a viabilidade financeira
do empreendimento; e 3) os valores esperados relativos aos indicadores econômico-
financeiros são muito dependentes dos preços pagos e recebidos, que podem
apresentar oscilações acentuadas em função de particularidades do mercado e da
região onde será implantado o sistema de produção.
Por fim, podemos concluir que a atividade é altamente intensiva em mão de
obra para a execução de diversas operações técnicas e comerciais, exigindo, ainda,
boa qualificação desse recurso produtivo; a análise prévia do potencial mercado
consumidor é imprescindível, sobretudo por se tratar de um produto altamente
perecível.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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sistemas orgânico e convencional na região de Guarapuava – PR. Guarapuava:
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