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TEORIA DO ERRO

1. Erro conceito falsa percepção/representação da realidade. Dessa forma, o erro é o


inverso da consciência, são conceitos antitéticas, de forma que nunca estarão presentes
concomitantemente. LOGO, O ERRO VAI INCIDIR QUANDO FALTAR A CONSCIÊNCIA.
2. No conceito analítico de crime, temos DUAS CONSCIÊNCIAS
2.1. Conduta DOLO formado pelos elementos VONTADE e CONSCIÊNCIA Elemento do
tipo, logo, se faltar consciência do dolo, haverá ERRO DE TIPO.
2.2. Culpabilidade Potencial de CONSCIÊNCIA da ilicitude (causa de exclusão será
ausência de consciência da ilicitude, sendo ilicitude uma conduta proibida, sendo
sinônimo de ausência de consciência da PROIBIÇÃO, nesse caso haverá ERRO DE
PROIBIÇÃO/ilicitude).

não há dolo, não há conduta, mas poderá ter conduta a título de culpa, dependendo da
modalidade do erro.

3. ERRO DE TIPO PODE SER essencial ou acidental:

3.1. Essencial/Relevante maior importância Como regra exclui o crime. Está previsto
no artigo 20, ocorre quando faltar ao agente consciência sobre os elementos do tipo
É classificado em (vencível ou invencível):
Para isso temos que questionar: ele poderia evitar? Precisa analisar de acordo com o
caso concreto, não em relação ao homem médio.
Exemplo 1Habib pega o Vade mecum do aluno que era verde igual o dele,
imaginando que era o DELE, logo, faltou consciência do elemento do tipo “alheio”,
posto que incidiu em erro ao achar que era seu É EVITÁVEL, prestando atenção e
levando o seu, até um imbecil médio.
Exemplo 2 cocaína na mochila sem dono saber, tinha consciência que transportava
mochila, mas não tinha consciência de que transportava droga é INEVITÁVEL
Exemplo 3 caçador atira atrás do arbusto e atinge homem. Tinha consciência de
matar um animal e não tinha consciência de matar um homem Poderá ser
INEVITÁVEL/evitável, já que pode variar conforme o caso concreto. Exemplo: se for o
primeiro a chegar ao local de caça será inevitável, mas se já houver vários outros
caçadores no parque de caça (evitável).
Exemplo 4 Caçar um jacaré, mas não sabe que o jacaré é do papo amarela, protegido
para evitar extinção. Tem consciência da caça, não tem consciência de que aquele
jacaré é do papo amarelo. É inevitável. (nesse caso, pode também não ter
consciência de que matar um jacaré do papo amarelo é proibido)
Exemplo 5 abre Tablet Tadeu, falta elemento alheio. É EVITÁVEL
Exemplo 6 Transporte de soja e o caminhoneiro não sabe que o produtor colocou
fuzil/droga no meio da carga É INEVITÁVEL
Exemplo 7 policial treina tiro em local vazio, mas havia caçamba, que tinha mendigo
dormindo dentro, mata o mendigo, mas sem ter consciência dolosa É EVITAVEL.
Consequências: se incidiu em erro de tipo é pq agiu sem consciência, logo, não tem
dolo (vontade+consciência). Logo, seja no vencível ou invencível, já se exclui o dolo
apenas pela aplicação do conceito de erro de tipo, ficando só a culpa para análise
evitável/inevitável.
No erro de TIPO INEVITÁVEL a culpa também é excluída, pois não há como falar em
descuido, violação de dever de cuidado, portanto, o agente não responderá por nada,
sendo que essa exclusão está na lei.
OBS: nos ERROS EVITÁVEIS, o agente violou um dever de cuidado/atenção, logo,
agente agiu com culpa, responderá a título de culpa, se houver crime culposo.
3.1.1.Invencível, inevitável ou escusável – NÃO TEM PREVISÃO LEGAL
3.1.1.1. Dolo o conceito de erro exclui o dolo não responde por nada
3.1.1.2. Culpa a ausência de violação de dever de cuidado não permite culpa.
3.1.2.Vencível, evitável ou inescusável -ART. 20, CP
3.1.2.1. Dolo o conceito de erro exclui o dolo
3.1.2.2. Culpa haverá culpa, devido a violação do dever de cuidado/atenção
nesse caso responderá a titulo de culpa SE houver previsão de crime
culposo. Assim, se não existe furto culposo, crime de dano culposo, o agente
não responderá por nada nos exemplos 1 e 5, não pela teoria do erro, mas
pelo tipo não prever essa modalidade.
O caçador e policial da caçamba responderão por ser evitável por homicídio
culposo ou lesão corporal culposa.
3.2. ERRO DE TIPO ACIDENTAL/IRRELEVANTE menor importância Como REGRA o
agente responde pelo crime que queria praticar, por isso chamado de irrelevante.
3.2.1. Erro na execução / aberratio ictus (art. 73) Lembrar do iter criminis
(cogitação, preparação, execução, consumação), é o erro que acontece no
momento da EXECUÇÃO, pode até consumar, mas erra na execução. Aqui o erro
incide de PESSOA para PESSOA. Exemplo: Tadeu atira em habib e acerta Paulo,
pois errou durante a execução.
Mulher em estado puerperal joga vaso de planta no seu filho para mata-lo, mas
erra, acertando outro bebe.
OBS: Tadeu vai matar Habib que tira a arma erra na execução em legitima defesa
e erra e mata Cláudio, nesse caso Gabriel não responde por crime. (legítima defesa
com aberratio ictus – descriminantes putativa?)
Art. 20, §3º – responde em face de quem o crime seria praticado, incidindo até
agravantes
Aberratio ictus COM RESULTADO DUPLO acerta quem queria acertar, mas
acerta também outra pessoa responde em concurso de crime, art. 70.
3.2.2.Erro sobre a pessoa in personae (art. 20, §3º) Incide sobre a pessoa. NÃO HÁ
ERRO NA EXECUÇÃO, o erro incide na PESSOA DA VÍTIMA (as consequências são
idênticas as da aberatio icuts), acerta-se no alvo, mas erra-se sobre o alvo. Atira
no careca de óculos achando q era Claudio, acerta o careca de óculos na rua (mirou
nee), mas na verdade não é Claudio e sim Jose (parente de Cláudio).
CASO REAL, dois irmãos gêmeos idênticos, A e B, eram brigões, o irmão A
quebrou caneca chope cabeça de C, depois C desferiu 9 tiros em B e não matou,
mas achou que era A. indivíduo C Responderá por homicídio tentado contra A
3.2.3. RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDOaberratio criminis (art. 74) erro
também incide na execução, mas o erro não é de pessoa para pessoa. O erro incide
de COISA para PESSOA ou de PESSOA para COISA O agente irá responder por
CULPA (se for punível a título de culpa), se o erro não resultar no crime
pretendido. Exemplo: blackblock quer quebrar vidro, erra e atinge uma pessoa,
responde por lesão/homicídio culposo. Quer quebrar carro de Tadeu erra e acerta
ele.
Por outro lado, se ocorrer também o pretendido, responde em concurso.
OBS: Problema ocorre quando ocorre de Pessoa para coisa em regra não
existe crime culposo de dano e ainda ignoraria a tentativa. Exemplo: atira em
direção a Leo, erra e atinge o carro, pela teoria não haveria crime, mas se não
atingesse o carro, haveria tentativa de homicídio. Assim, a doutrina preconiza que
nesses casos(pessoa para coisa) NÃO SE APLICA O ART. 74 E O AGENTE RESPONDE
PELO SEU DOLO.

3.2.4.Erro sobre o objeto é o objeto material do crime, que significa PESSOA ou


COISA sobre a qual recai a conduta criminosa. Ocorre que, se incidir sobre a
pessoa, será aberratio ictus ou criminis. Assim, incide erro sobre o objeto APENAS
em relação a COISA quer roubar X e rouba Y. quer roubar ouro branco, mas rouba
prata NÃO MUDA NADA, responde da mesma forma, como regra. como
exceção EXCLUIRÁ O CRIME SE O ERRO SOBRE A COISA INCIDIR SOBRE CRIME
IMPOSSÍVEL.
3.2.5.Erro sobre o curso causalAberratio causae Incide sobre o nexo causal que
ocorre entre a conduta (execução) e consumação, mas não pela causa que o
agente cogitou, preparou e executou, mas por causa diversa obtém a mesma
consumação. Exemplo: Jogar da ponte para matar por afogado, cai de cabeça na
pedra do rio e morre por TCE. É o que parte da doutrina chame de dolo geral
não muda nada na imputação da pena ao agente.
4. ERRO DE PROIBIÇÃO o agente sabe o que faz, mas não sabe que essa ação (aquilo que
faz) é proibida/ilícita.
Ocorre que o art. 21 diz que o desconhecimento da lei é inexcusável. Assim como a LINDB.
Contudo, é sabido que a proibição não está contida na lei e sim na norma, portanto, pode
conhecer a lei, mas desconhecer a norma (não ter consciência da conduta
proibida/mandamental). Ex. Sabe que existe lei de proteção ambiental, mas não sabe que o
jacará do papo amarelo é um tipo penal.

Repara que as consequências são idênticas nos 3 tipos de erros de proibição.


4.1. ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO incide sobre uma norma penal INCRIMINADORA,
agente desconhece norma contida na lei penal incriminadora.
Será EVITÁVEL quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir a
consciência sobre a ilicitude do fato. Nesse caso tinha como o agente ter consciência
ou era possível ele saber que era ilícito? Talvez se ele se informasse um pouco mais?
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, SE INEVITÁVEL, isenta de pena; SE EVITÁVEL, poderá
diminuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Parágrafo único - Considera-se EVITÁVEL o erro se o agente atua ou se
omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas
circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
4.1.1.Invencível isenta
4.1.2.Vencívelreduz

CASOS:
1)holandês maconha Vencível, porque bastava um mero informar para saber que a
conduta era proibida, logo, era possível atingir essa consciência. Exemplo em desuso, pela
descriminalização do uso.

2)Sujeito na mata que corta arvoré para fazer lenha, mas não sabe que aquele pinheiro é
uma espécie protegida lei – pinheiro nativo brasileiro Pode ser invencível ou vencível,
depende caso.

3)Sacar benefício previdenciário após o óbito Vencível. Alguns com dolo, mas outros
pensando que podem por ser herdeiro, por terem direito a pensão, mas é crime de
estelionato previdenciário, art. 171, §1º.

4) Maltratar planta ornamentais em locais públicos/propriedade alheia Invencível. Crime


ambiental, nós sabemos que existe lei ambiental e crimes ambientais, mas desconhece esse
tipo penal previsto no art. 49 da lei 9.605

5) Curió gaiola do José Tadeu, analfabeto, não sabia nem diferenciar os números
Invencível.

4.2. ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO Sempre irá incidir sobre norma não incriminadora,
qual seja, uma norma permissiva. Aqui o erro incide sobre a EXISTÊNCIA ou LIMITES
da norma permissiva. Ex. agente pensa que a Norma penal permissiva (legitima defesa)
existe, só que não exista ou vai além dos limites.
Casos

1) Motorista “legitima defesa”, invadiram casa, roubaram tudo, amarram a família


toda 6 meses depois, matou o sujeito com 6 tiros, porque achou abusado. Errou
sobre os limites (perigo atual ou iminente). Responde 121, com redução de pena

4.2.1.Invencível isenta de pena


4.2.2.Vencível reduz a pena
4.3. MANDAMENTAL  incide em normas mandamentais, ou seja, nos crimes omissivos
próprios ou impróprios, mas muita gente não sabe que existem normas sobre o dever
do garantidor, de socorro. Dependendo do erro ser vencível ou não.
4.3.1.Invencível isenta
4.3.2.Vencível reduz
5. Descriminantes putativas/Erro de tipo permissivo  DESCRIMINANTES são causas de
exclusão da ilicitude e, PUTATIVA é situação imaginária. Fica a pergunta, em qual teoria
do Erro a descriminante putativa (tipo permissivo ou proibição indireto? DEPENDE da teoria
adotada. Temos duas teorias: preconizam a mesma coisa, são subdivisões da culpabilidade,
só tem uma diferença que é o tratamento dado ao erro nas descriminantes putativas.
 Teoria extremada da culpabilidade sempre será erro de proibição. Não faz
diferença, qualquer erro que incidir em descriminante, seja limites/existência ou
situação fática, será erro de proibição.
 Teoria LIMITADA da culpabilidade item 17 exposição motivos do CP adotada
expressamente essa teoria, em ambos os casos incide sobre normal penal não-
incriminadora, a teoria fala que erro pode incidir sobre:
Se incidir sobre a EXISTÊNCIA OU LIMITES teremos ERRO DE PROIBIÇÃO
INDIRETO.
Se incidir sobre uma SITUAÇÃO FÁTICA será um ERRO DE TIPO PERMISSIVO,
em situações de fato, supõe uma situação fática que não é um fato real, que acontece.
Ocorre que o erro de tipo tem como consequência a diversa visto que se invencível exclui o
dolo, logo, isenta de pena, se vencível, só é punível a título de culpa, se houver crime
culposo. Por outro lado, o erro de proibição tem como consequência a isenção de pena se
for invencível E a redução de 1/6 a 1/3 se invencível.

Descriminantes sobre:

Uma Norma penal forma um tipo penal incriminador ou permissivo.


Casos:
1) Bar, vai no banheiro, acha que vai te matar, mata primeiro, mas na realidade estava só
indo no banheiro, legitima defesa putativa- erro situação fática será vencível ou
invencível, depende do caso.
2) Cinema, sujeito grita incêndio/alarma falso, pessoa fica desesperada e empurra,
pisoteia, imagina que está em Estado de Necessidade, erro existênciaInvencível
3) Prisão Tadeu achando q estava ocultando identidade de outra pessoa que estava com
mandado de prisão expedido, policial imagina que está no estrito cumprimento do
dever legal.

Divergência pela natureza do erro de tipo permissivo, por uma confusão do legislador, pois
na verdade ele é um erro híbrido, sui generis, eclético, misto, pois é ao mesmo tempo um
erro de tipo e de proibição. Sendo portanto, uma terceira espécie de erro, quais sejam, erro
de tipo, erro de proibição, erro sui generis.

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