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FERNANDA ESTAREGUE

FECHAMENTO DE DIASTEMAS

Monografia apresentada à Faculdade de


Odontologia de Piracicaba da Universidade
Estadual de Campinas, como requisito para
obtenção de Título de Especialista em
Dentística Restauradora.

226

PIRACICABA
2004
TCE/UNICAMP
Es83f
FOP

FERNANDA ESTAREGUE

FECHAMENTO DE DIASTEMAS

Monografia apresentada à Faculdade de


Odontologia de Piracicaba da Universidade
Estadual de Campinas, como requisito para
obtenção de Título de Especialista em
Dentística Restauradora.

Orientador: Prof. Dr. Luís Alexandre


Maffei Sartini Paulillo

PIRACICABA
2004

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Ficha Catalográfica

Estaregue, Fernanda.
Es83f Fechamento de diastemas. I Fernanda Estaregue.-
Piracicaba, SP : [s.n.], 2004.
30[

Orientador: Prof. Dr. Luis Alexandre Maffei Sartini


Paulillo.
Monografia (Especialização) - Universidade Estadual de
Campinas. Faculdade de Odontologia de Piracicaba.

L Dentística. 2. Diastema (Dente). I. Paulillo, Luis Alexandre


Maffei Sartini. 11 Universidade Estadual de Campinas. Faculdade
de Odontologia de Piracicaba. III. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marilene Girello CRB/8--6159, da


Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP.
Dedico este trabalho à minha
mãe lnis, que me proporcionou a
oportunidade de estudar e que
me tem apoiado na minha
escalada profissional.
AGRADECIMENTOS

Aos meus am1gos do curso de especialização de Dentistica


Restauradora da FOP 2003/2004), pelo companherismo e amizade.

Aos pacientes, que colaboraram com a documentação clínica


apresentada na Monografia, pala confiança e paciência durante o
tratamento.

Ao Prol. Dr. Luís Alexandre Mateis Sartini Paulillo, que me orientou nos
trabalhos clínicos aqui descritos, com empenho e dedicação
"Até uma viagem de mil milhas
começa com o primeiro passo"
Provérbio Chinês
SUMÁRIO

RESUMO 7

ABSTRACT 8

1 INTRODUÇÃO 9

2 DESENVOLVIMENTO 11

2.1 DEFINIÇÕES E CAUSAS 11

2.2 POSSffilLIDADES TERAPÊUTICAS 12

16
2.3 CASO CLÍNlCO 1

2.4 CASO CLÍNlCO 2 17

3CONCLUSÃO 21

REFERÊNCIAS 26
7

RESUMO

Devido ao padrão de beleza e estética determinados culturalmente, o sorriso deve ser


harmonioso e agradável, sendo inaceitável a presença de dentes anteriores com desarmonia de
forma e tamanho, agenesias ou mesmo diastemas. Assim, com os avanços dos sistemas
adesivos, as resinas compostas estão sendo cada vez mais utilizadas na odontologia, visando
solucionar problemas estéticos em dentes anteriores. Este trabalho analisa as possíveis causas
dos diastemas em dentes anteriores e apresenta os tratamentos existentes para sua correção.
Dois casos clínicos são descritos, bem como a técnica empregada para a correção desta
alteração estética.
8

ABSTRACT

Due to the beauty partem and aesthetics determined by modem culture, the smile
should be harmonious and pleasant. Nowadays it's considered unpleasant the presence of
previous teeth with a disharmony size and form, also agenesias or diastemas. Theretbre, with
the advanced of the adhesive systems, the composed resins have been used more and more in
Dentistry, with purpose to solve aesthetic problems that happen in anterior teeth. This work
analyzes the possible causes of the previous diastemas and show the existing treatments for
them. Two clinicai cases are described, as well as the employed technique for the correction
ofthis aesthetic alteration.
9

I INTRODUÇÃO

Devido aos meios de comunicação, principalmente a mídia e a


globalização, as pessoas passaram a ter acesso a informações anteriormente
restritas a certas regiões. Com isto, passou a ser amplamente divulgado o conceito
de que ser saudável é ser bonito, e as pessoas passaram a buscar o ideal de
estética (Macedo & Fernandez, 2000).

Diante disso, a face é importante composição estética de uma pessoa, e


os dentes ântero-superiores apresentam um papel de destaque na composição da
estética facial (Baratieri et a/., 1995).

Dentro deste contexto, surge de forma incontestável de padrão de beleza:


o sorriso, o qual deve ser harmonioso, agradável e estético (Mendes ela/., 2002).

Assim torna-se desagradável um sorriso que apresente dentes


desalinhados, agenesias, dentes anteriores com desarmonia de forma e tamanho,
diastemas, os quais quando presentes podem alterar a harmonia facial e às vezes
afetar o comportamento social, profissional e afetivo do indivíduo (Centola el a/.
2000).

Muitas são as alternativas para ser conseguir um sorriso esteticamente


aceitável, e essas vão desde confecções de restaurações indiretas em procelana, ou
resinas compostas, tratamento ortodôntico até restaurações diretas em resina
composta (Lacy 1998).

Yankelson em 1973, foi o primeiro autor a sugerir a utilização de resina


composta em um dente íntegro com o intuito de modificar a sua forma. Depois
Centola et a/., em 2000.

Devido ao avanço dos sistemas adesivos e das resinas compostas.


tornou-se possível à confecção de restaurações diretas esteticamente e
biologicamente aceitáveis, com o intuito de realizar modificações na forma dos
dentes (Conceição ela/, 2000; Baratieri el ai., 2002; ).
lO

O uso de restaurações diretas apresenta inúmeras vantagens dentre as


quais podemos destacar: pouco o nenhum desgaste do dente, tempo clínico
reduzido, pois existe a possibilidade de realização em uma única sessão, menor
custo e a obtenção de excelentes resultados estéticos. Entretanto, apesar do
aperfeiçoamento dos materiais restauradores diretos e a habilidade do cirurgião
dentista, existem algumas indicações para o uso de restaurações indiretas, as quais
devem ser seguidas para se obter um resultado estético desejado (Aranha & Marchi,
2003).

Durante o procedimento restaurador estético, quer seja direto ou indireto,


por melhor que seja a técnica ou material escolhido para a sua realização, é
importante que o profissional possa pensar com seriedade, analisar as causas que
estão gerando o desconforto estético e acima de tudo consiga tomar decisões
(Baratieri et a/, 1995).

De acordo com Baratieri et a/., 1995, o objetivo da odontologia cosmética


não se resume apenas a devolver a forma e função aos elementos dentais, mas
também a estabelecer um novo sorriso, que realce as características estéticas do
indivíduo, adaptando-o ao seu estilo de vida, trabalho e posição social.

Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar as possíveis causas


etiológicas dos diastemas nos dentes anteriores e os tratamentos existentes
para a correção desta alteração estética, bem como descrever dois casos
clínicos de fechamento de diastema anterior com o uso de restaurações
diretas, com e sem o uso de guia em silicona de adição.
11

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 DEFINIÇÃO E CAUSAS

Diastemas podem ser definidos como espaços situados entre os dentes,


sendo a sua localização mais freqüente nos dentes anteriores superiores (22,33%)
conforme Pedrini et a/. em 2000.

Em 1999, Mooney classificou os diastemas em pequenos, quando


menores que 2 mm, médios, entre 2mm e 6mm e grandes quando maiores que
6mm.

A incidência de diastemas varia de acordo com a raça; assim, segundo


Larry el a/., 1999, a incidência de diastemas é mais alta em negros do que em
brancos.

Muitas podem ser as causas dos diastemas, as quais devem ser


diagnosticadas de forma correta, para que o tratamento adequado seja determinado.

Dentre as causas do aparecimento de diastemas podemos destacar os


fatores hereditários ou congênitos e os fatores adquiridos. Nos fatores hereditários
podemos citas as seguintes causas (Marur ela/., 1997; Larry ela/., 1999; Garófalo,
2002):

1. Discrepância do tamanho do dente e bases ósseas;

2.Anomalias de forma e tamanho dental:

3 .Anomalias de posição;

4.Anomalias de número e agenesias dentais;

5.1nserção palatina de freio labial superior.

Por outro lado, dentre os fatores adquiridos, podemos citar:

!.Hábito anormal de deglutição;


12

2. Hábito de morder e/ou succionar o lábio inferior ou a


mucosa;

3.1nserção de palitos, roer unhas, canetas ou o uso de


outros objetos entre os incisivos centrais;

4. Perda de dentes permanentes;

5. Desgaste fisiológico;

6.Doença periodontal.

2.2 POSSIBILIDADES TERAPIÔUTICAS

O tratamento a ser escolhido além de devolver a forma, função e a


estética, deve incluir procedimentos biológicos que mantenham a saúde do sistema
estomatognático como um todo, a fim de garantir o sucesso do tratamento clínico
realizado (Delgado & Mariotto, 1999).

As possibilidades terapêuticas são inúmeras, porém, conforme citado


anteriormente, a escolha do tratamento a ser determinado depende em primeiro
lugar de um correto diagnóstico das causas.

Assim, podemos ter para um mesmo problema diversas possibilidades


terapêuticas, de acordo com a expectativa estética do paciente, tempo clínico
dispendido, custo e durabilidade do tratamento restaurador. Podemos ainda incluir
na escolha do tratamento a ser realizado, as vantagens e desvantagens de cada
possibilidade terapêutica (Garófalo, 2002).

Dentre as opções terapêuticas existentes podemos citar as seguintes,


com suas vantagens e desvantagens:

1. Restaurações diretas em resina compostas: usadas atualmente devido


a crescente evolução das resinas compostas e dos sistemas adesivos dentários, que
13

apresentam respectivamente maior estabilidade de cor e adesão à estrutura dental


(Porto Neto & Machado, 1998).

Apresentam baixo custo, conservam a estrutura dental, pois podem ser


confeccionadas com pouco ou nenhum desgaste dos dentes, podendo ser
realizadas em única sessão. Também apresetam a possibilidade de adição futura
de material, o que torna um processo de fácil correção e o procedimento reversível
(Heyman & Hershey, 1985; Viera et a/., 1990; Jepson et a/., 2003).

Figura 1- Fechamento de diastemas com restaurações diretas em resina composta

Fonte: Dr. Jõrg-Peter Rabanus- Aesthetic Dentistry San Francisco

2. Facetas Laminadas: apresentam um custo mais alto se comparadas a


restaurações diretas em resina composta. Apresentam um prognóstico estético
favorável, são realizadas no mínimo em duas sessões e para serem confeccionadas
necessitam desgaste da estrutura dental, o que torna este procedimento invasivo e
de difícil reparo (Viera et a/, 1990; Pedrini , 2000; Garófalo , 2002).

Figura 2- Desgastes necessários para a confecção de faceta em porcelana

Fonte: www. Blanquiamentodental.com


14


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Figura 3- Facetas em porcelana

Fonte: Dr. Jõrg-Peter Rabanus-Aesthetic Dentistry San Francisco

3. Coroa Total: apresenta custo mais alto que a restauração direta em


resina composta e que a faceta em porcelana. Apresenta um prognóstico estético
favorável, é realizada no mínimo em duas sessões e necessita de um desgaste
acentuado da estrutura dental, sendo portanto um procedimento bastante invasivo e
de difícil reparo (Viera et a/, 1990; Pedrini , 2000).

4. Tratamento ortodôntico: apresenta um custo elevado, demanda tempo,


apresenta um prognóstico favorável , porém nem sempre o tratamento ortodôntico
isolado é capaz de solucionar o problema estético e funcional do paciente, sendo
desta forma necessário recorrer a outra especialidade para a finalização do caso.
Nesta situação o planejamento restaurador caracteriza-se como a etapa final do
tratamento ortodôntico ( Mondelli & Lopes, 2000; Garófalo, 2002).

Figura 4- Tratamento ortodôntico determinando os espaços interproximais, e o


fechamento com o uso de restauração direta em resina.

Fonte: Garófalo JC, In : Cardoso RJA, Gonçalves EAN: Estética, 137-150


15

Independente da forma de tratamento a ser escolhido para a realização


de fechamento de diastemas, o profissional deve ter em mente alguns conceitos
básicos de estética, conforme descreveu Baratieri et a/., em 1998. São eles:

1. Tamanho do dente: o tamanho do elemento dental é importante não só


para a estética dental, mas também para a estética facial. É sabido que os dentes
devem estar em proporção uns com os outros, denominado proporção áurea (ver
figura 6), de onde podemos concluir que dentes largos ou reduzidos demais podem
ocasionar um resultado estético desagradável.

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Figura 5- Aplicação da proporção áurea nos dentes anteriores

Fonte: Baratieri LN, et ai-Restaurações diretas adesivas em dentes anteriores.

Editora Santos, 1998

O tamanho do dente está diretamente ligado à sua largura, pois dentes da


mesma largura, que apresentam diferença de tamanho, apresentarão largura
diferente (figura 7). Este princípio é extremamente importante no fechamento ou
redução de diastemas na região anterior, pois a relação comprimento/largura do
dente será alterada (Rosenthal, 1994; Baratieri et a./, 1998).
16

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Figura 6- Dentes com a mesma largura comparados, aquele com maior altura

parece ser mais estreito

Fonte: Baratieri LN, et.al-Restaurações diretas adesivas em dentes

Anteriores. Editora Santos, 1998

2. Forma: a forma ideal é aquela do dente natural do paciente. Devemos


também levar em consideração algumas características, tais como o formato da
face, sexo, idade. O profissional não pode esquecer de que, quando a forma do
dente é alterada, a direção de reflexão da luz também se altera. Assim, superfícies
mais planas e lisas refletem mais luz, dando um aspecto de serem mais largas e
amplas. Já quando temos superfícies arredondadas e irregulares, a reflexão é difusa
criando ao dente um aspecto de mais estreito e menor.

3. Textura da superfície: a textura da superfície está diretamente


relacionada à difusão da luz. Assim, áreas restauradas devem refletir a luz de
maneira similar às superfícies próximas não restauradas.

4. Cor: durante a realização do procedimento de fechamento de


diastemas, deve-se reproduzir as características do dente natural, que é
policromático, e por ser composto por tecidos diferentes, como o esmalte e a
dentina, apresenta características ópticas diferentes.
17

2.3 CASO CLINICO 1

Será descrito a realização de um caso clínico de fechamento de


diastemas com a utilização de restaurações direta em resina composta, com a
realização prévia do ensaio restaurador.

A paciente D.S. de 22 anos de idade tinha como queixa principal os


espaçamentos dos dentes anteriores superiores, conforme mostra a figura 7.

Figura 7- Diastemas anteriores superiores

Fonte: Estaregue F, 2004

Após exame clínico inicial, foi diagnosticado que se tratava de


espaçamento por discrepância de tamanho dental, sem no entanto, apresentar
outras patologias dentais ou problemas de maloclusão.

Ainda dentro do plano de tratamento, foi possível classificar, segundo


Money, 1999, os diastemas como pequenos, pois apresentavam espaços menores
do que 2 mm.

Desta maneira, levando-se em questão a expectativa estética que a


j paciente procurava, foi proposto realizar o fechamento dos diastemas com o uso de
restaurações estéticas diretas em resina composta, devido ao custo e ao bom
resultado estético que poderia ser obtido.

Inicialmente foi realizada uma profilaxia para a seleção de cor, utilizando-


se escala da própria resina composta a ser utilizada, colocando-se pequenas
porções sobre a face vestibular, polimerizando-as. Assim, as cores inicialmente
escolhidas foram a resina micro-híbrida cor lncisal (Charisma- Heraeus Kulzer®)
18

para a região referente ao esmalte palatino. Para a região referente à dentina foi
selecionado a resina micro-híbrida na cor OA2,0 (Charisma- Heraeus Kulzer®). A
resina microparticulada na cor A2,0 (Durafii-Heraus Kulzer®) e micro-híbrida lncisal
(Charismai-Heraus Kulzer®) , foram selecionadas para reproduzir respectivamente a
região do esmalte vestibular e a porção incisal.

Durante o ensaio restaurador, pode-se observar a cor e o formato que os


dentes iriam adquirir após a realização do trabalho planejado. Figura 8.

Figura 8- Ensaio restaurador

Fonte: Estaregue F, 2004

Após o término do ensaio restaurador, este foi mostrado a paciente, que


prontamente aprovou a realização do trabalho. Dessa maneira, foi realizado, o
isolamento do campo operatório de forma relativa, para facilitar a visualização do
perfil de emergência das faces mesiais e distais. Condicionamento ácido total foi
realizado por 15 segundos com ácido fosfórico gel a 35% (3M/ESPE). seguido de
lavagem abundante por cerca de 20 segundos, aplicação de adesivo single bond
(3M/ESPE) em duas camadas consecutivas com breve jato de ar e
fotopolimerização por 10 segundos (Km/ Kondortec).

Foi iniciada a aplicação da resina por camadas pequenas, com o uso de


espátula para aplicação de resina da Duflex, iniciando-se com a resina composta
hrbrida (charisma I - Heraeus Kulzer®) por toda a região palatina, iniciando-se no
terço cervical seguido do terço médio e incisa!, sendo polimerizada por 20 segundos.

Iniciou-se, a aplicação do segundo incremento de resina composta híbrida


referente a cor de dentina (Charisma OA2,0- Heraeus Kulzer®) no terço cervical e
19

médio, seguido de fotopolimerização. Após aplicação de resina composta


microparticulada referente ao esmalte {Durafil A2,0- Heraeus Kulzer®) nos terços
cervical e médio e resina micro-híbrida (Charisma lncisal - Heraeus Kulzer®) na
região incisal. A última camada de resina foi espalhada com o auxílo de um pincel de
pelo de marta n·o3 de ponta chata, dando desta forma a textura do dente.

Em seguida a etapa restauradora, foi realizada a checagem da oclusão,


sendo aliviados os contatos oclusais na máxima interscupidação habitual, em
movimentos protrusivo e de lateralidade, conforme mostra as marcas do carbono na
figura 9.

Figura 9- Conferência da oclusão em máxima intercuspidação habitual, movimentos de


lateralidade e protrusão.

Fonte: Estaregue F, 2004

Foram realizados os desgastes necessários para o ajuste da oclusão. Em


seguida, fez-se o acabamento e polimento das restaurações, utilizando-se pontas
diamantadas com extremidade cônica (3195F e 3195FF- KG Sorensen) para a
região vestibular e as brocas em forma de chama para a região palatina (3168F e
3168FF -KG Sorensen). Para obter a lisura superficial foi usado taças de borracha
abrasiva em forma de chama e de extremidade cônica {KG- Sorensen), seguida do
uso de discos abrasivos Sof-lex {3M/ESPE), {figura 1O) e finalmente o uso de pastas
para polimento, Poli I, Poli 11 e Finish Gloss {Kota), com o uso de disco de feltro
(figura 11 ). Esta fase de acabamento e polimento determinou a textura da
restauração.
20

Figura 10- materiais utilizados para acabamento

Figura 11- Materiais utilizados para polimento das restaurações

Finalmente podemos averiguar na figura 12 o resultado final do trabalho


proposto e realizado como forma de solucionar o problema estético apresentado
pela paciente.

Figura 12- Comparação entre o sorriso inicial e o final

Fonte: Estaregue F, 2004


21

2.4. CASO ClÍNICO 2

Paciente V.M.R de 21 anos compareceu à Clfnica de Especialização de


Dentísitica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba devido ao seu
descontentamento com os espaços apresentados entre os seus dentes anteriores
superiores, e manchas hipoplásicas nos dentes 11 e 21 , os quais apresentavam
restaurações em resina insatisfatórias (Figura 13).

Figura 13- Aspecto inicial do sorriso da paciente com a presença de diastemas e manchas
hiplopásicas.

Fonte: Paulilo LAMS, Estaregue F, 2.004.

Após exame clínico constatou-se que os diastemas existiam em função da


dimensão vertical de oclusão da paciente estar diminuída em 3 mm. Dessa maneira
foi inicialmente foi realizado o tratamento da oclusão, devolvendo a oclusão da
paciente os 3 mm, o que determinou um aumento de espaço no sentido incisal, o
qual seria corrigido com a realização do fechamento dos diastemas.

Depois de concluída esta primeira etapa do tratamento, partiu-se para a


realização do tratamento estético, sendo realizado primeiramente o clareamento
dental externo com peróxido de carbamida 1O% (Whitness -FGM), o qual foi usado
durante duas semanas nas arcadas superior e inferior respectivamente.

Com o clareamento concluído foi feito o fechamento dos diastemas, o que


foi iniciado com a remoção das restaurações em resina dos dentes 11 e 21 e o
ensaio restaurador através do qual além da seleção de cor pode-se observar o
22

tamanho e formato que os dentes iriam adquirir após o tratamento realizado (Figura
14).

Figura 14- aspecto dos incisivos centrais após o ensaio restaurador

Fonte: Paulilo LAMS, Estaregue F, 2004

Assim, as cores inicialmente escolhidas foram a resina micro-híbrida


(Charisma- Heraus Kulzer®) na cor OA2,0 para o terço cervical e médio para a
região palatina, reproduzindo a dentina e mascarando o fundo escuro da boca. A cor
A2,0 da resina micro-híbrida (Charisma- Heraus Kulzer®) para a região do terço
cervical e médio para a região vestibular, reproduzindo o esmalte e resina durafil®
na cor A2,0 para a região de terço médio vestibular, selecionado como última
camada para determinar a textura do dente. A resina micro-híbrida (Charisma-
Heraus Kulzer) na cor I para a região incisal.

Em seguida foi realizada uma moldagem com silicona de adição


(Aquasii/Dentisply), para servir como guia para o tratamento restaurador, após a
pressa do material com o auxílio de uma lâmina de bisturi, o molde obtido foi
recortado de mesial à distai dos dentes caninos, na região incisal, deixando dessa
forma a face vestibular livre. (figura 15).
23

Figura 15- Guia em silicona de adição em posição

Fonte: Paulilo LAMS, Estaregue F, 2004

Foi realizado o condicionamento ácido total por 15 segundos com ácido


fosfórico gel a 35% (3M/ESPE), seguido de lavagem abundante por cerca de 20
segundos, aplicação de adesivo single bond (3M/ESPE) em duas camadas
consecutivas com breve jato de ar e fotopolimerização por 1O segundos (Figuras 16).

Figura 16-Condicionamento ácido por 15 segundos e aplicação do adesivo single bond

Fonte: Paulilo LAMS, Estaregue F, 2004

Com a guia de silicone em posição, iniciou-se com uma espátula da duflex


números 1 e 2 (figura 17), a aplicação em pequenas camadas de resina na cor
lncisal correspondente à região palatal dos dentes anteriores (figura 18). A seguir a
guia de silicone foi removida e iniciada também em pequenos incrementos, com
espátula da duflex, a inserção da resina na cor OA2,0 na região cervical e A2,0 na
região do terço médio e finalmente a inserção da resina a na cor I na região incisal ,
24

realizando o fechamento dos espaços existentes entre os dentes anteriores


superiores (figura 19).

Figura 17- espátula duflex números I e 2

Figura 18- Região palatal realizada em resina charisma na cor Incisal.

Fonte: Paulilo LAMS, Estaregue F, 2004

Figura 19- Aspecto do fechamneto dos diastemas logo após a realização.

Fonte: Paulilo LAMS, Estaregue F, 2004.


25

Realizados os desgastes necessários para se atingir a oclusão da


paciente, foi feito o acabamento das restaurações utilizando-se pontas diamantadas
F e FF (KG Sorensen), disco de sof-lex (3M/ESPE) e pontas de borracha abrasiva
Viking. Esta fase de acabamento e polimento, além de determinar os ajustes da
forma dos dentes, proporciona o brilho e textura do esmalte. A figura 20 mostra o
aspecto final do fechamento dos diastemas.

Figura 20- Aspecto final do sorriso da paciente

Fonte: Paulilo LAMS, Estarcgue F, 2004.


26

3. CONCLUSÃO

A estética dental tem atualmente assumido um papel de grande destaque


dentro da odontologia. Isso ocorre devido à exigência dos pacientes e do próprio
profissional. No entanto, sempre que realizamos um trabalho estético, além dos
anseios do paciente, devemos sempre considerar as características físicas e as
necessidades que cada indivíduo apresenta (Baratieri et a/., 1995).

Diante deste novo conceito de odontologia "estética" e com a evolução


das restaurações adesivas nos últimos anos, alguns tratamentos diretos e indiretos
são utilizados para solucionar os casos de fechamento de diastemas. No entanto, o
sucesso do tratamento escolhido, depende de um correto diagnóstico, planejamento,
e do conhecimento da técnica do material de escolha a ser utilizado.

Dentre as terapias existentes para a solução de fechamento de


diastemas, podemos ter o tratamento ortodôntico, a confecção de coroas totais,
facetas laminas em porcelana ou resina e o uso de restaurações adesivas diretas
em resina composta. Este último procedimento terapêutico é preferido na maioria
das vezes, pois apresenta inúmeras vantagens, quando comparado às coroas totais
ou facetas laminadas. Dessa forma, as resinas podem ser confeccionadas em uma
única sessão, com pouco ou nenhum desgaste da estrutura dental, dispensam o
custo laboratorial e, além disso, trata-se de um processo reversível, que possibilita a
fácil correção, caso necessário (Heyman & Hershey, 1985; Viera el ai., 1990;
Jepson et ai., 2003).

A realização prévia do ensaio restaurador apresenta como vantagens, a


seleção da cor e a visualização da forma que os dentes irão adquirir após trabalho
realizado.

Quando os diastemas presentes são pequenos, com espaços menores do


que 2 mm ( Money, 1999 ), após o ensaio restaurador, as restaurações adesivas
podem ser realizadas diretamente sem guia de silicone, confonme foi descrito no
caso clínico 1.
27

Quando, porém os diastemas presentes são maiores, podemos usar


como recurso o guia de silicona. A partir do ensaio restaurador, foi realizada a
moldagem com a silicona de adição diretamente na boca do paciente, o que
economizou o tempo que seria perdido no enceramento de diagnóstico, servindo
também como orientação da quantidade de material a ser acrescentada, para que o
fechamento dos diastemas seja realizado de forma mais precisa. Dessa maneira,
permite-se que o padrão determinado durante o ensaio restaurador seja seguido.

O sucesso do tratamento restaurador direto depende do correto uso da


técnica do material restaurador. Para os dentes anteriores, como foi apresentado
nos casos clinicas, devemos utilizar resinas compostas de diferentes tamanhos de
partículas (micro-híbridas e microparticuladas) e cores, já que o objetivo é devolver
ao paciente a função estética. Para tanto, utilizamos resinas nas cores de dentina e
esmalte, seguindo o padrão do dente do paciente. As resinas micro-híbridas foram
utilizadas nos dois casos apresentados para reproduzir a dentina, e as resinas
microparticuladas foram utilizadas superficialmente para reproduzir o esmalte
vestibular, determinando dessa forma o brilho e a textura do mesmo.

Em sequência à realização das restaurações adesivas executamos o


acabamento e polimento, que além de determinar a forma, atingem a lisura
superficial e a textrura ideais. Este passo do tratamento restaurador não pode ser
negligenciado, pois irá garantir a qualidade e a longividade das restaurações,
proporcionando desta forma, além da boa estética do sorriso, a saúde. Essa
combinação de fatores irá proporcionar o bem estar do paciente e também a
satisfação do profissional.

O resultado final dos trabalhos apresentados demonstra que atualmente


existe uma ampla variedade de materiais e técnicas que visam o resultado estético.
Assim, cabe ao cirurgião dentista determinar um correto diagnóstico e um
planejamento que busquem corrigir as necessidades estéticas apresentadas pelos
pacientes, na sua diversidade de propostas e dentro de padrões individuais.
28

REFERÊNCIAS*

Aranha ACC, Marchi GM. Restaurações adesivas diretas com resina composta para
fechamento de diastemas e reconstrução de laterais conóides. Jornal Brasileiro de
Clínica Odontológica Integrada. 2003; 2(8): 303-12.

Baratieri LN, Monteiro SJ, Andrada MAC, Vieira LCC, Cardoso AC, Ritter AV.
Restaurações estéticas em dentes anteriores fraturados. São Paulo: Santos;
1995.

Baratieri LN, Monteiro SJ, Andrada MAC, Vieira LCC, Cardoso AC, Ritter AV.
Restaurações estéticas em dentes anteriores fraturados. 2' ed. São Paulo:
Santos; 1998.

Baratieri LN, Araújo JrEM, Monteiro JrS, Viera LCC. Restaurações adesivas
diretas com resinas compostas em dentes anteriores. São Paulo: Santos; 2002.

Baratieri LN, Monteiro SJ, Andrada MAC, Vieira LCC, Cardoso AC, Ritter AV.
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