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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UNIDADE PASSOS
FORMAÇÃO GERAL I

UNIDADE I
A EVOLUÇÃO DA ASSISTÊNCIA A SAÚDE NOS PERÍODOS HISTÓRICOS
ORIGEM DA ENFERMAGEM

Definição de saúde
De acordo com a OMS é:
‘’Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não a mera ausência
da moléstia ou enfermidade. ’’
É resultante da influência dos fatoressócio-econômico-culturais: alimentação,
habitação, educação, renda, meio ambiente,lazer,liberdade, acesso e posse de terra e
acesso ao serviço de saúde.

Perkins:
‘’Saúde é um estado de relativo equilíbrio de forma e função do organismo,que
resulta de seu ajustamento dinâmico satisfatório às forças que tendem a perturbá-lo.É
uma resposta ativa do organismo no sentido de reajustamento’’.

Definição de doença
É um estado de desequilíbrio do indivíduo com as forças de seu ambiente externo
e interno, ou seja, ocorre perda ou limitação da sua capacidade de adaptação ao meio
ambiente.

Definição de enfermagem
Enfermagem é a arte e ciência de cuidar cuja essência e especificidade é o
cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade de modo integral
e holístico, desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe atividades de promoção da
saúde, assistindo ao indivíduo de forma biopsicossocial.
“Enfermagem é uma arte e uma ciência que visam o indivíduo como um todo,
prestando assistência biopsicossocial (SOUZA, 1994, p.7).
Um processo ou sistema no qual se utilizam métodos, normas e procedimentos
específicos, organizados e fundamentados em uma filosofia e objetivos definidos, visando
conhecer e atender as necessidades básicas afetadas da pessoa humana (DANIEL, 1981,
p.13).
Segundo Florence Nightingale: "A Enfermagem é uma arte e para realizá-la como
arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, como a obra de
qualquer pintor ou escultor, pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore
comparado ao tratar do corpo vivo - o templo de espírito de Deus. É uma das artes, poder-
se-ia dizer, a mais bela das artes".

Arte, Ciência e seus conceitos


Arte
É um conjunto de conhecimentos práticos que mostram como trabalhar para
conseguir certos resultados.
Ciência
É um conjunto de conhecimentos baseados em um grande número de fatos
cuidadosamente observados, dispostos e classificados de modo a estabelecerem
determinados princípios e leis.

HOSPITAIS

O nome vem do Latim “hospes” que quer dizer hóspede, dando origem a
“hospitalis” e “hospitium”.
Quando uma pessoa procura o atendimento em um Hospital, ela espera um
atendimento que tenha uma equipe multiprofissional nas várias especialidades, recursos
técnicos avançados e um pronto e ininterrupto serviço. Revendo historicamente o hospital
observa-se que ele nem sempre existiu dessa forma. Sua evolução e percurso são
interessantes e precisam ser recordados.
Durante muito tempo as instituições atualmente chamadas de hospitais
desempenharam exclusivamente o papel de albergue e hospedaria, ou seja, tinham função
mais social do que terapêutica, recolhendo os desprotegidos da sorte onde eram cuidados
e alimentados. Antes disso, os indivíduos eram tratados em casa. Não se conhecia nada
sobre esterilização, desinfecção ou antissepsia.
Com a evolução do conhecimento, o aparecimento de diversas patologias e novas
tecnologias houve a necessidade de um lugar que facilitasse a assistência e o tratamento
das pessoas, surgindo assim, o hospital.
O principal divisor da história dos hospitais foi a Era Cristã. Na Grécia, Egito e
Índia antigos, os médicos aprendiam medicina em locais junto aos templos e exerciam a
profissão no domicílio das pessoas enfermas.
Havia na Grécia construções semelhantes a hospitais junto aos templos
dedicados ao deus Esculápio. Nesses locais, eram colocadas as pessoas enfermas ante a
estátua desse deus para que a ação dos sonhos associada à de medicamentos empíricos e
preparados pelos sacerdotes pudessem curar os doentes. Grande parte morria, mas os
que se salvavam passavam a cuidar dos doentes como se fossem enfermeiros.
Na Índia Antiga, se tem notícias de aparecimento de construções do tipo
hospitalar junto às estradas por onde passavam os exércitos, principalmente, na linha de
frente do Império Romano. Nesses locais as tropas descansavam e os enfermos eram
tratados. Surgem também, nesta época, lugares semelhantes para o descanso e
tratamento de civis, principalmente, para o isolamento dos portadores de doenças
contagiosas, que eram separadas do restante da sociedade e entregues à própria sorte,
pois os medicamentos eram às vezes ineficazes. Até esse período, o hospital não passava
de uma espécie de depósito em que se amontoavam pessoas doentes, destituídas de
recursos.
A partir de 360 d.C, sob a máxima de "Amar o próximo como a si mesmo" advinda
do Cristianismo, o homem passa a se preocupar com o seu semelhante. Inicia-se a "Era dos
Hospitais" com atividades básicas de restaurar a saúde, pregar a assistência, simplesmente
concluindo diagnóstico e efetuando tratamento limitados pelos padrões e condições da
época.
Os primeiros hospitais foram criados como locais de isolamento onde a caridade
se exercia como uma prática cristã. Eram locais para pobres, mulheres desamparadas,
idosos e doentes crônicos sob os cuidados de monges e religiosos. Constituíam-se o último
recurso que a caridade oferecia para o paciente pobre. A tecnologia médica disponível só
minorava o sofrimento. Os pacientes com maiores recursos tratavam-se no domicílio e a
relação médico-paciente era independente da organização hospitalar.
O primeiro hospital construído no Brasil foi a Santa Casa de Misericórdia de
Olinda em 1540. À medida que os exploradores portugueses adentraram o interior
brasileiro e formaram vilarejos, fundaram um hospital local para o atendimento dos
próprios colonizadores e exploradores. Três anos depois, foi construído o de Santos. Os
tratamentos mais comuns na época eram amputar, reduzir luxações, tratar fraturas, tratar
ferimentos, fazer sangrias, aplicar sanguessugas e arrancar dentes.

PERÍODO PRÉ-CRISTÃO
Neste período as doenças eram tidas como um castigo de Deus ou resultavam do
poder do demônio sobre o homem. Por isso os sacerdotes ou feiticeiros acumulavam
funções de médicos e enfermeiros. O tratamento consistia em aplacar as divindades,
afastando os maus espíritos por meio de sacrifícios. Usavam: massagens, banhos de água
fria ou quente, purgativos, substâncias provocadoras de náuseas. Mais tarde os sacerdotes
adquiriam conhecimentos sobre plantas medicinais e passaram a ensinar as pessoas,
delegando-lhes as funções de enfermeiros e farmacêuticos. Alguns papiros, inscrições,
monumentos, livros de orientações política e religiosa, ruínas de aquedutos e outras
descobertas nos permitem formar uma ideia do tratamento dos doentes.

EGITO (AFRICA)
Até o ano de 1.552 a.C. foram escritos 6 livros sagrados onde se acha descrita a
medicina praticada no Egito. Nesses livros acha-se a descrição de doenças, operações e
drogas. Um dos mais antigos desses documentos é o manuscrito de Imhotep, o primeiro
autor que menciona o cérebro e o seu controle sobre o corpo.
A decifração de alguns papiros no século XX proporcionaram uma visão maior
sobre a medicina egípcia. Assim em alguns papiros foram encontradas várias fórmulas
médicas, seguidas de fórmulas religiosas que o doente devia pronunciar enquanto tomava
o remédio. Aquele que preparava a droga devia fazer orações, enquanto as preparava,
para Ísis e para Hórus, princípio de todo bem.
A medicina egípcia tentava unir as práticas religiosas e os conhecimentos
científicos, assim em cada templo havia diversas escolas, entre as quais a de medicina.
Para a prática dos estudantes, futuros sacerdotes médicos, os templos mantinham
ambulatórios gratuitos.
O sacerdote-médico tinha o direito de usar o turbante de Osíres (deus dos
mortos) uma das mais altas dignidades e vestir o manto branco dos sábios. Seus trabalhos
eram tão bem remunerados que só os ricos podiam obtê-los, porém havia outra categoria
de médicos, também da classe sacerdotal, mas com menor preparo, que aceitavam menor
remuneração.
Os egípcios conheciam e praticavam o hipnotismo, interpretavam os sonhos e
admitiam a influência dos astros sobre a saúde. Tinham grande habilidade para
embalsamar e fazer ataduras, o que pode ser evidenciado pela conservação das múmias
(acreditavam na imortalidade da alma). Já classificavam o coração como o centro da
circulação, embora não soubessem como esta se processava, reconhecia o ato respiratório
como o mais importante. Os documentos egípcios não mencionam hospitais nem
enfermeiros.
As leis religiosas e civis recomendavam a hospitalidade o que facilitava o auxilio
aos desamparados. A religião proibia a dessecação do corpo humano, opondo barreiras ao
progresso científico. Quando a dissecção foi permitida, houve um maior conhecimento
médico e desenvolvimento da medicina no Egito.

ÍNDIA (ASIA)
Alguns documentos no século VI a.C. nos permitem conhecer o adiantamento dos
Hindus em medicina e enfermagem. O período áureo da medicina e da enfermagem hindu
foi devido ao Budismo, cuja doutrina de bondade era grande incentivo ao progresso. Nesta
época já conheciam e descreviam ligamentos, músculos, nervos, e vasos linfáticos.
Julgavam ser o coração sede da consciência e o ponto de partida de todos os nervos.
Faziam suturas, amputações e corrigiam fraturas. O tratamento das doenças consistia em:
dietas, banhos, inalações, clister e sangrias. Conheciam antídoto para alguns venenos e
utilizavam plantas medicinais.
Dois pontos em que os hindus se distinguiram entre os povos antigos: construção
de hospitais e a escolha de enfermeiros. É mesmo, o único país desta época que menciona
enfermeiros e que exige dos mesmos um conjunto de qualidades e de conhecimentos, tais
como: asseio, habilidade, inteligência, conhecimento de arte culinária e de preparo de
remédios. Moralmente deveriam ser puros, dedicados e cooperadores.
Nos hospitais da Índia haviam músicos, narradores de histórias e poetas, para
distraírem os doentes. Funcionava também escola de medicina. Entre os médicos hindus,
distinguiam-se Susruta e Charaka. O primeiro descreveu operações cirúrgicas, tais como:
catarata, hérnia e cesariana. Estabeleceu normas para o preparo de sala de operações
cirúrgicas e mencionou, assim como Charaka, o uso de drogas anestésicas.
No “Tratamento de medicina”, escrito por Charaka, lê-se: “O médico, as drogas, o
enfermeiro e o paciente, constituem um agregado de quatro. Devemos conhecer as
qualidades de cada um na contribuição para a cura, infelizmente o branamismo dominou a
Índia e com o seu sistema de castas, fez decair a medicina hindu, os Vedas, livros sagrados
dos hindus, mencionam a origem das doenças e os meios de combatê-las. Foram escritos
em 1400-1200 a.C., eles contem prescrições higiênicas e religiosas, como por exemplo:
pela manhã o hindu deveria banhar-se, limpar os dentes, pingar colírio nos olhos,
perfumar-se, mudar de roupa e adorar aos deuses.
Durante muito tempo, a medicina era privilégio exclusivo dos sacerdotes, depois
foi permitida a outras classes. Os médicos hindus faziam juramento de nunca empregar a
ciência em atos condenáveis e tambémde não procurar o lucro excessivo e nem se vingar e
de tratar de ricos e de pobres. Os estudantes de medicina deviam aprenderfórmulas,
preparo de remédios, influência de astros e de pedras sobre a saúde e as orações aos
deuses da vida, da saúde e da morte. O ensino prático era quase nulo, pois era proibido
derramar sangue de animais e era considerado impuro tocar num cadáver. Os estudantes
faziam operações simuladas em folhas, cascas de árvores, frutas e em bonecos de argila.
Os defeitos congênitos, como cegueira, surdez, loucura, eram considerados
castigos pelos pecados dos pais. Um ponto que revela o grau de adiantamento hindu:
pressentiram ser possível a prevenção das doenças, achando melhor prevenir do que
remediar.

PALESTINA (ISRAEL)
Distinguiu a Palestina, entre todos os povos antigos, pela crença em um só DEUS.
Mesmo quando um rei adotava ídolos e se fazia acompanhar pelo povo, por coação, o
monoteísmo prevaleceu.
Moisés, o primeiro legislador desse povo, não foi apenas no terreno religioso.
Suas prescrições incluíam preceitos de higiene que o colocaram entre os grandes
sanitaristas de todos os tempos. As instruções ministradas ao povo sobre preocupações a
tomar em caso de alguma doença de pele, encerram preceitos de profilaxia. O exame do
doente, o diagnóstico, o isolamento, o expurgo, a desinfecção e o afastamento dos objetos
contaminados para lugar inacessível eram ensinados. Há prescrições especiais e severas
para os casos de lepra em diversos trechos de Levítico e são recomendadas, novamente,
no Deuteronômio. Para qualquer doença considerada contagiosa, determinava-se o
período de isolamento, suposto suficiente, após esse período, o doente deveria ser
novamente examinado antes de receber alta.
A religião inculcava como deveres sagradosa proteção aos órfãos, viúvas e a
hospitalidade aos estrangeiros. Não se sabe se os israelitas tenham tido hospitais
permanentes. Estabeleciam-se apenas em casos de calamidade publica, mas visitavam os
enfermos em suas casas e instalavam hospedarias gratuitas para viajantes pobres,
havendo lugar reservado para os doentes.

ASSÍRIA E BABILÔNIA (ATUAL IRAQUE)


Destaca-se o mais antigo dos códigos que é o Hamurabi, rei da Babilônia (2100
a.C). Foi gravado em pedra e é cheio de senso de justiça e de interesse pelos pobres e
desamparados. Nesse código mencionam-se os deveres dos médicos e as suas
remunerações, que deveriam ser de acordo com as posses dos clientes e estabelece
castigos rigorosos para os médicos em casos de fracassoscomo, por exemplo, o cirurgião
incapaz poderia sofrer pena de amputação das mãose o médicoque deixasse um escravo
morrer, deveria pagar ao senhor uma indenização correspondente ao valor do mesmo.
A princípio a medicina era toda baseada na magiae acreditava-se que sete
demônios eram os causadores das doenças. Os sacerdotes-médicos usavam várias formas
de orações e vendiam talismãs (tiras de panos com inscrições), destinados a tornar o corpo
resistente aos ataques dos demônios. Ao lado desses processos, os sacerdotes recorriam
também à observação clínica e ao tratamento natural, usavam as ervas e davam grande
importância ao regime alimentar, usavam massagem, tinham colírios para conjuntivites e
praticavam o tamponamento nas epistaxes da fossa nasal. Outro fato importante é que
eles deitavam os doentes nas ruas, para que as pessoas receitassem, conforme suas
experiências em casos semelhantes.
Não há menções de hospitais, nem enfermeiros, nos documentos assírio-
babilônicos. A cirurgia se desenvolveu mais depressa que a medicina, porque esta última
ficou muito tempo sob o domínio da magia. As epidemias eram atribuídas às influências
astrais. Já se faziam pesquisas anatômicas em animais.

PÉRSIA (IRÃ)
Predominava o dualismo, crença em dois princípios: Ormuzd princípio do bem e
Ahriman, princípio do mal. O livro sagrado é o Zoroastro e se refere à religião, à medicina e
à família. Consta que os persas classificaram 99.999 doenças, o que faz supor que muitas
eram apenas sintomas.
Os sacerdotes-médicos se preparavam nos templospara os estudos e para a
adoração aos deuses. Experimentavam sua ciência sobre os infiéis e se os curassem,
adquiriam o direito de tratar os adoradores de Ormuzd, se fracassassem, deviam estudar
mais. Construíram hospitais para os pobres e os trabalhos eram feitos por escravos.

CHINA (ÁSIA)
Como todos os povos antigos, os chineses deram às suas experiências médicas
um caráter religioso. Os médicos que se destacavam eram adorados como deuses, esses
médicos eram da classe sacerdotal. Cada grupo sacerdotal conforme sua importância se
ocupava de um grupo de doença. As doenças eram classificadas como: benignas, médias e
graves.
As doenças graves e semigraves eram tratadas exclusivamente com orações e
invocações mágicas. As benignas tinham tratamento bastante rudimentar e nem sempre
lógico. Assim, a água de determinada fonte era dada aos doentes febris, faziam aplicações
de água fria nas luxações e para cólica era indicada a ingestão de cinzas de papel dourado,
queimado diante do altar dos mortos da família. Conheciam a varíola e descreveram a
sífilis. O diagnóstico das doenças era feito pelo pulso. Mencionaram também operações do
lábio leporino.
TERAPÊUTICA – descreveu em sua farmacopéia mais de 2000 medicamentos,
distinguindo-se: ferro para anemias, certas raízes para verminose, ópio como narcótico e
outras. Recomendavam fígado aos anêmicos. Os ensinamentos de Susruta chegaram à
china pela abertura de um mosteiro, para o qual foram pedidos à Índia: sábios e livros.
Os sacerdotes de Buda organizaram hospitais com enfermeiros. Construíram hospitais de
isolamento e casa de repouso para convalescentes. Havia parteira em algumas instituições
e apenas a cirurgia estacionou, pela impossibilidade de dissecarem cadáveres. A
organização hospitalar implantada na China pelos Budistas decaiu não se sabe como. O
fato é que a medicina chinesa, pouco a pouco, se tornou astrológica.

JAPÃO (ÁSIA)
A medicina foi fetichista até o começo da era cristã. A única terapêutica era das
águas termais e a eutanásia era considerada lícita. A medicina budista penetrou no Japão
graças a um sacerdote budista chinês a quem o imperador confiou a missão de organizar o
ensino médico em todo o império, criando a unidade de crença e a unidade política.
Depois de algum progresso, as guerras civis provocaram a decadência do ensino médico.
Em relação à eutanásia que é proibida na maioria dos países atualmente é
aceitana Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Colômbia.

GRÉCIA (EUROPA)
A Grécia se destacou no domínio da filosofia, das ciências, das letras e das artes
e, também, no campo da medicina. Mesmo no período mitológico e baseado nas próprias
experiências a medicina grega já tinha seu esplendor. Depois que Hipócrates lançou as
bases da medicina científica mais se firmou a Grécia como autoridade médica. A atuação
de Hipócrates foi tão importante, que a medicina grega se dividiu em dois períodos.
PERIODO PRÉ-HIPOCRÁTICO – As primeiras teorias gregas sobre medicina se
prendiam à mitologia. Assim, Apolo, deus sol, é o deus da saúde e da medicina, mais tarde
este título foi atribuído ao seu filho Asclépio (médico) e se organizaram os Asclepíades
(sacerdotes-médicos). Os médicos gregos deste período conheciam: Anatomia: ossos,
músculos e articulações; Patologia: epidemia, ferimentos e classificaram os ferimentos em
superficiais e profundos, distinguindo 141 espécies; Terapêutica ou tratamento: além da
fisioterapia, usavam sedativos, fortificantes e hemostáticos. Faziam ataduras e extrações
de corpos estranhos. A medicina era exercida pelos Asclépiades.
O mais antigo estabelecimento para tratamento dos doentes na Grécia chamava
Xenodóquia. Seu primeiro objetivo era hospedar os viajantes, havendo doente entre os
mesmo prestavam os cuidados necessários. Outro estabelecimento grego era o Iatrion,
que corresponde aos nossos atuais ambulatórios. Os templos dedicados a Asclépio
também se tornaram famosos pelo grande número de doentes que vinham implorar suas
curas ao deus médico. Em hospitais anexos, os sacerdotes-médicos tratavam os doentes,
geralmente com banhos e massagens. Eram proporcionados aos doentes em larga escala
sol, ar puro e água pura e mineral. O tratamento consistia em banhos, massagens,
purgativos, dietas e sangrias.
O excesso de respeito pelo corpo impedia a dissecação de cadáver (que era
considerada desrespeitosa) e atrasava os estudos médicos. O nascimento e a morte eram
considerados coisas impuras, isto conduziu o desprezo pela obstetrícia e o abandono do
doente em estado muito grave. Entretanto, homens estudiosos e de valor conseguiram
vencer estes preconceitos e contribuíram para o progresso.
HIPÓCRATES: Nasceu o pai da medicina no ano 460 a.C. e pertencia a vigésima
geração dos Asclepíades. Estudou filosofia e viajou por diversos países. A lenda diz que
aprendeu as artes médicas com Quiron (figura mitológica – metade homem e metade
cavalo). A ele devemos a medicina científica, pondo de lado a crença de que as doenças
eram causadas por maus espíritos, explicava aos seus discípulos as verdadeiras causas das
mesmas. Insistia sobre observações cuidadosas do doente para o diagnóstico, o
prognóstico e o tratamento da doença.
Os mais antigos manuscritos dos trabalhos de Hipócrates, atualmente
conhecidos, são os da Biblioteca de Viena (Austrália), do Vaticano e de Paris. Hipócrates,
ao descrever suas observações, demonstrou conhecer o tratamento de doenças do
pulmão, do aparelho digestivo e doenças mentais, que só em nossos dias, praticamente,
tem sido tratadas racionalmente. Considerava que as doenças eram causadas por
desequilíbrios e as causas desses desequilíbrios, segundo Hipócrates era devido ao ar
viciado, trabalho excessivo, emoções e alterações bruscas de temperatura.
Seu princípio fundamental era não contrariar a natureza. Conservou o uso de
massagem, banhos, ginásticas, sangrias, vomitórios, purgativos, clister, dieta. O calmante
era utilizado e descreveu 236 plantas medicinais.
Escreveu sobre deontologia médica (ética), epidemias e clima. A influência de
Hipócrates foi levada por seus seguidores à escola de Alexandria (Egito), que foi célebre
centro de estudos antes da era cristã (desenvolveu a anatomia, pela dissecação de
cadáveres).
ROMA (EUROPA)
Povo essencialmente guerreiro, o romano imprimiu à sua civilização o sinete de
guerra e da conquista. Seu instinto de poder visava mais à grandeza da nação do que o
bem da pessoa humana. Os indivíduos recebiam cuidados do Estado como cidadãos,
destinadosa torná-los bons guerreiros. Nisso difere a civilização romana da grega, onde o
aspecto humano e pessoal mereceu mais consideração.
Distinguiram-se os romanos, principalmente, por obras de saneamento, ruas
limpas, casas bem ventiladas, água pura e abundante, banhos públicos, rede de esgoto,
combate à malaria pela drenagem das águas dos terrenos pantanosos, estas foram as
preocupações máximas dos seus governantes.
Além do sanitarismoos romanos se distinguiram por seus cuidados aos
guerreiros. Estabeleceram para estes vários hospitais. Por isso adiantaram-se
principalmente, em cirurgia de guerra. Os civis recorriam aos médicos gregos, que eram
numerosos em Roma. Durante muito tempo, foi a profissão considerada indigna para o
cidadão Romano. Assim, quando o médico não era estrangeiro, era escravo. Os serviços de
enfermagem eram também confiados aos escravos. A influência grega foi, porém,
crescendo, Júlio César começou a conceder o título de cidadão romano aos médicos
estrangeiros. Somente na era cristãse distinguiram alguns romanos como grandes
médicos, sendo todos de origem grega.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A profissão surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de saúde no
decorrer dos períodos históricos. As práticas de saúde instintivas foram as primeiras
formas de prestação de assistência.
Num primeiro estágio da civilização, estas ações garantiam ao homem a
manutenção da sua sobrevivência, estando na sua origem, associadas ao trabalho
feminino, caracterizado pela prática do cuidar nos grupos nômades primitivos, tendo
como pano-de-fundo as concepções evolucionistas e teológicas. Mas como o domínio dos
meios de cura passaram a significar poder, o homem, aliando este conhecimento ao
misticismo, fortaleceu tal poder e apoderou-se dele.
Quanto à Enfermagem, as únicas referências concernentes à época em questão
estão relacionadas com a prática domiciliar de partos e a atuação pouco clara de mulheres
de classe social elevada que dividiam as atividades dos templos com os sacerdotes.
As práticas de saúde mágico-sacerdotais,abordavam a relação mística entre as
práticas religiosas e de saúde primitivas desenvolvidas pelos sacerdotes nos templos. Este
período corresponde à fase de empirismo, verificada antes do surgimento da especulação
filosófica que ocorre por volta do século V a.C.
Posteriormente, desenvolveram-se escolas específicas para o ensino da arte de
curar no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros do comércio, nas
ilhas e cidades da costa.
O ensino era vinculado à orientação da filosofia e das artes e os estudantes
viviam em estreita ligação com seus mestres, formando as famílias, as quais serviam de
referência para mais tarde se organizarem em castas.Castas, em sociologia, são sistemas
tradicionais, hereditários ou sociais de estratificação, ao abrigo da lei ou da prática
comum, com base em classificações tais como a raça, a cultura, a ocupação profissional,
etc.
As práticas de saúde no alvorecer da ciência - relacionam a evolução das práticas
de saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando estas então se
baseavam nas relações de causa e efeito. Inicia-se no século V a.C., estendendo-se até os
primeiros séculos da Era Cristã.
A prática de saúde, antes mística e sacerdotal, passa agora a ser um produto
desta nova fase, baseando-se essencialmente na experiência, no conhecimento da
natureza, no raciocínio lógico - que desencadeia uma relação de causa e efeito para as
doenças - e na especulação filosófica, baseada na investigação livre e na observação dos
fenômenos, limitada, entretanto, pela ausência quase total de conhecimentos
anatomofisiológicos. Essa prática individualista volta-se para o homem e suas relações
com a natureza e suas leis imutáveis.
Este período é considerado pela medicina grega como período hipocrático,
destacando a figura de Hipócrates que como já foi demonstrado no relato histórico,
propôs uma nova concepção em saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos místicos
e sacerdotais, através da utilização do método indutivo, da inspeção e da observação. Não
há caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta época.
Esta época corresponde ao aparecimento da Enfermagem como prática leiga,
desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval compreendido entre os séculos
V e XIII.
Foi um período que deixou como legado uma série de valores que, com o passar
dos tempos, foram aos poucos legitimados a aceitos pela sociedade como características
inerentes à Enfermagem. A abnegação, o espírito de serviço, a obediência e outros
atributos que dão à Enfermagem, não uma conotação de prática profissional, mas de
sacerdócio.
As práticas de saúde pós monásticas evidenciam a evolução das ações de saúde
e, em especial, do exercício da Enfermagem no contexto dos movimentos Renascentistas e
da Reforma Protestante. Corresponde ao período que vai do final do século XIII ao início
do século XVI. A retomada da ciência, o progresso social e intelectual da Renascença e a
evolução das universidades não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem.
Enclausurada nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada
durante muito tempo, vindo desagregar-se ainda mais a partir dos movimentos de
Reforma Religiosa e das conturbações da Santa Inquisição. O hospital, já negligenciado,
passa a ser um insalubre depósito de doentes, onde homens, mulheres e crianças utilizam
as mesmas dependências, amontoados em leitos coletivos.
Sob exploração deliberada, considerada um serviço doméstico, pela queda dos
padrões morais que a sustentava, a prática de enfermagem tornou-se indigna e sem
atrativos para as mulheres de casta social elevada.
Esta fase tempestuosa, que significou uma grave crise para a enfermagem,
permaneceu por muito tempo (cerca de 300 anos), e apenas no limiar da revolução
capitalista é que alguns movimentos reformadores que partiram, principalmente, de
iniciativas religiosas e sociais, tentaram melhorar as condições do pessoal a serviço dos
hospitais.
As práticas de saúde no mundo moderno analisam as ações de saúde e, em
especial, as de Enfermagem, sob a ótica do sistema político-econômico da sociedade
capitalista. Ressaltam o surgimento da Enfermagem como atividade profissional
institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução Industrial no século XVI e culmina
com o surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra, no século XIX.
BIBLIOGRAFIA
GEOVANINI, Telma et al. História da enfermagem: versões e interpretações. 2ª ed. Rio de
Janeiro: Revinter, 2005.

LIMA; M. J. O que é enfermagem. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense; 2005.


MALAGUTTI, William.; MIRANDA, Sonia Maria Rezende Camargo de. Os caminhos da
enfermagem: de Florence à globalização. São Paulo: Phorte, 2010.
OGUISSO, Taka. Trajetória histórica e legal da enfermagem. 2ª Ed. Barueri: Manole, 2007.

PAIXÃO, Waleska. História da enfermagem. 5ª ed. Júlio C. Reis Livraria: Rio de Janeiro,
1979.

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