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Excelentíssimo Senhor

Juiz Presidente do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da


18a Região.

Por dependência ao AR - 15/2000

LÍDER ARTEFATOS DE CORO LTDA.,


pessoa jurídica de direito privado, C.G.C. n. 02.589.916/0001-54,
com sede na Praça Isidória de Almeida, 189, Qd. 116, Lt. 02, Setor
Pedro Ludovico, Goiânia – GO., via de seu advogado in fine
assinado, com escritório profissional na Rua 20, 549, Setor Oeste,
nesta capital, onde recebe as intimações forenses de estilo, vem à
digna presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos
796 e segs. do Código de Rito, propor a presente AÇÃO
CAUTELAR INOMINADA, satisfativa, com pedido de
liminar, no sentido de sobrestar a execução forçada oriunda dos
autos 331/99 – 5a Junta do Trabalho – que lhe move MARLENE
JOSÉ MOREIRA, pelos fatos seguintes:

A Autora sofre execução forçada nos autos 331/99,


a
5 Junta do Trabalho desta capital, movida por Marlene José
Moreira.

Como prova a documentação anexa, está marcado


para os dias 30/03/2000 e 28/04/2000 a praça dos bens penhorados
naquele processo de execução.
Tramita neste Egrégio Tribunal, ação rescisória
visando modificar o julgado prolatado na RT acima mencionada.

O seguimento da mencionada execução, e


conseqüente realização das praças, afetará o objetivo da apensa
rescisória, que visa reformar o julgado para declarar valor inferior ao
apurado na liquidação, face a obtenção de documento posterior à
prolação da sentença.

O processo cautelar busca assegurar o êxito


do processo principal, acautelando interesses, através de
medidas urgentes e provisórias. Objetiva afastar perigos
que possam afetar a prestação jurisdicional e causar dano.
Seus requisitos específicos, cumulativos, são
o periculum in mora e o fumus boni iuris. Aquele diz
respeito a um dano em potencial, em face da demora
natural do processo, que poderia torná-lo ineficaz. A
“fumaça do bem direito”, por sua vez, embora não visando a
garantir o direito material, mas sim ao processo principal,
como instrumento da jurisdição, assenta-se na
plausibilidade do direito invocado, não exigindo, portanto,
demonstração definitiva desse direito, mas apenas
satisfatória.
(Teixeira, Sálvio de Figueiredo, Código de Processo Civil Anotado, 4 a edição, Editora
Saraiva, pág. 466)

DO FUMUS BONI IURIS:

A plausibilidade do direito está presente face a


possibilidade da rescisão do julgado de instância singela. É certo
que o valor executado será muito inferior após a reforma da
sentença monocárpica, mudando para menor o quantum debeatur.

PERICULUM IN MORA:

A demora na concessão da liminar requerida


poderá subverter profundamente a relação processual, causando
lesão grave e de difícil reparação ao direito da Autora, além do
inevitável desequilíbrio das partes.
Certo de que a praça dos imóveis terá conotação
econômica irreversível para a Autora, requer a concessão de liminar.

Assim:

“Periculum in mora é dado do mundo


empírico, capaz de ensejar um
prejuízo, o qual poderá ter, inclusive,
conotação econômica, mas deverá sê-
lo, antes de tudo e sobretudo,
eminentemente jurídico, no sentido de
ser algo atual, real e capaz de afetar o
sucesso e a eficácia do processo
principal, bem como o equilíbrio das
partes litigantes” (Justiça Federal-Seção
Judiciária do Espírito Santo, Proc. n. 93-
0001152-9, Juiz Márcio Júdice Neto, j.
12.5.1993).

Desta feita, fica cabalmente demonstrado, através


de doutrina e jurisprudência colacionadas, ser cristalina a pretensão
da Autora em ter paralisada a execução oriunda dos autos 331/99
em trâmite na 5a Junta do Trabalho desta capital. É tradição do
direito pátrio a concessão da medida liminar uando presentes o
fumus boni iuris e o periculum in mora.

Face o exposto, com documentação junta e


acompanhantes dos autos principais, pede e requer;

a) o apensamento deste processo aos


autos da ação rescisória 15/2000;

b) concessão de medida liminar,


inaudita autera pars, no sentido de sobrestar o
andamento da execução movida por Marlene José Moreira,
nos autos 331/99 – 5a JT – com a conseqüente sustação
das praças já marcadas, até o julgamento final da apensa
ação rescisória;

c) que seja esta ação julgada


procedente no final;

d) que seja a Sra. Marlene José Moreira


citada na Rua Ecotatu, , Qd. 68, Lt. 19, Setor Jardim
Helvécio, Aparecida de Goiânia, Goiás, para, querendo,
responder os termos da presente, sob pena de se tornar
revel;

e) requer provar o alegado através da


documentação anexa e todos os meios em direito
admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 100,00 (cem


reais).

Pede deferimento.

Goiânia, 14 de março de 2000.

Clauber Camargo.
Advogado - OAB/GO 15.979.
Excelentíssimo Senhor
Juiz Relator Octávio José de Magalhães Drumond
Maldonado.

MCI – 27/2000

LÍDER ARTEFATOS DE COURO LTDA., já


individuada, via de seu advogado in fine assinado, vem à digna
presença de Vossa Excelência clamar pela reconsideração do pedido
liminar nesta ação, indeferido pela decisão de fls. 16/18, face os
seguintes fatos:

Mesmo considerando respeitosa a decisão


indeferitória do pedido liminar, entende a autora que o fumus boni
iuris se faz presente nesta demanda.

“Para merecer a tutela cautelar, o direito em


risco há de revelar-se apenas como o interesse que justifica
“direito de ação”, ou seja, o direito ao processo de mérito”
(Júnior, Humberto Theodoro, Curso de Direito Processual Civil, Vol. II, 14 a ed., Editora Forense,
1995, pág. 367)

O próprio direito do autor em ver rescindida a


sentença fustigada pela presente cautelar, justifica a concessão da
liminar requerida.

A rescisão da sentença monocrática não terá


nenhuma valia se sua execução não for estancada com o
deferimento liminar aqui pleiteado.
É do escólio de Ovídio A. Batista da Silva, que:

“O quarto elemento a compor o conceito de tutela


cautelar é a exigência de que o direito acautelado seja
tratado, no juízo da ação assegurativa, não como um direito
efetivamente existente, e sim como uma probabilidade de
que ele realmente existe.”
(...)
“O juízo de simples verossimilhança desempenha, na
verdade, uma função de relevância mais profunda,
relativamente à tutela cautelar e, de um modo geral, com
relação a todo o fenômeno jurisdicional. Pode-se dizer que o
juízo de probabilidade do direito para cuja proteção se
invoca a tutela assegurativa (cautelar) é não apenas
pressuposto, mas igualmente exigência desta espécie de
atividade jurisdicional. Com efeito, a proteção não apenas
pressupõe a simples aparência do direito a ser protegido,
mas exige que ele não se mostre ao julgador como uma
realidade evidente e indiscutível. Quer dizer, a tutela
cautelar justifica-se porque o juiz não tem meios de
averiguar, na premência de tempo determinada pela
urgência, se o direito realmente existe.”
(Silva, Ovídio A. Batista, in Curso de Processo Civil, vol. 03, 2a ed., RT, 1998, pág. 58/60)

Com apoio da doutrina citada, entende a autora


que a questão relativa à possibilidade de apresentação do
“documento novo” deveria ser conhecida na ação principal (ação
rescisória).

Neste sentido: Ora, se o juiz, ao receber o


pedido de tutela jurídica, já pode, com toda segurança,
proclamar a existência de direito, a demora em protegê-lo, a
partir daí, seria injustificada. A tutela em tal caso deveria ser
satisfativa e não apenas cautelar.
(Silva, Ovídio A. Batista, op. cit., pág. 60)

A tutela cautelar deve submeter-se à contingência


de prestar proteção à simples aparência do direito, porque a
investigação probatória exaustiva determinaria sua irremediável
destruição, ou uma redução substancial em utilidade prática.
Como ensina Piero Calamandrei (Itroduzione allo
studio dei provvedimenti cautelari. 1936 – extraído da obra de J. C.
Barbosa Moreira), na contingência entre fazer o bem mas
tardiamente e o fazer logo, a tutela cautelar decide-se por
fazer logo, assumindo o risco de errar, relegando o
problema do bem e do mal para as formas tranqüilas do
procedimento ordinário.

A autora usa, por fim, o entendimento de


vanguarda de José Carlos Barbosa Moreira que, procurando
destinguir a tutela definitiva da tutela cautelar, vaticinou:

“O outro tipo visa a proteger de maneira direta a situação


material em si, razão por que a providência judicial descansará no
prévio acertamento do direito (latu senso) e jamais assumirá feição
de provisoriedade, nem podendo qualificar-se de instrumental senão
no sentido genérico em que é o todo o processo, mas apresentando
em qualquer caso o caráter definitivo – ou, se quisermos usar
linguagem tipicamente carneluttiana, ‘satisfativa’.
(temas de direito processual, 2a série, 1980, pág. 25)

Todavia, a não apresentação do documento novo


pela autora, própria e atempadamente, se deveu à decretação de
revelia em relação à audiência de instrução e julgamento, causada
por acidente de trânsito de sua representante legal (doc. inclusa na
AR.).

Com efeito, a autora não teve acesso aos


documentos em tempo hábil para instruir o feito de instância
inferior.

Face o exposto, e tudo mais que dos autos consta,


roga a autora que Vossa Excelência se digne em reconsiderar a
decisão de fls. 16/18, concedendo a liminar pleiteada na inicial para
sobrestar o andamento da execução, que poderá causar lesão de
difícil, quiça impossível, reparação à mesma.

Pede deferimento.
Goiânia, 21 de março de 2000.

P. p. Clauber Camargo
OAB-GO 15.979

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