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net/publication/266881935
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All content following this page was uploaded by Marcelo J A Maia on 29 October 2014.
Rex A. C. Medeiros1, Raimundo C. S. Freire1, Edson G. da Costa1, George R. de Lira1, Estácio T. W. Neto1 e Marcelo Maia2
1
Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, Brazil,
emails: [rex, freire, edson, estacio]@dee.ufcg.edu.br. georgelira@ee.ufcg.edu.br
2
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, Campina Grande, Brazil, mjamaia@chesf.gov.br
Abstract: We propose in this work a method for monitoring Com intuito de superar as limitações existentes na
and diagnostic of ZnO arresters by the usage of artificial análise de imagens térmicas, é apresentado neste trabalho
neural networks (ANN) and thermal images. The ANN is uma ferramenta (preliminar) baseada no uso técnicas de
able to analyze the thermal profile, detect and classify Inteligência Artificial (IA), em especial Redes Neurais Arti-
patterns, which could be undetected by a simple visual ficiais (RNA), para identificação e classificação de falhas
analysis. em pára-raios de ZnO. O método consiste na análise do per-
fil térmico, ou seja, de como varia a temperatura ao longo do
Keywords: lighting arresters, thermal images, neural
pára-raios. Com isso é realizada (automaticamente pela
networks.
RNA) uma correlação entre a característica daquele aqueci-
mento com determinado tipo de defeito. Para que isso fosse
1. INTRODUÇÃO possível, foi realizada uma série de ensaios em laboratório,
onde se simulou alguns defeitos típicos existentes em pára-
Os pára-raios de óxido de zinco (ZnO) são equipamentos
utilizados na proteção dos sistemas elétricos contra surtos de raios, tais como: perda de estanqueidade, degradação dos
varistores, poluição externa e presença de umidade interna.
diversas origens, formas e intensidade. Dessa maneira, eles
Com base nos resultados dos ensaios foi possível treinar a
contribuem decisivamente para o aumento da confiabilidade,
RNA para identificar defeitos automaticamente. Após os
economia e continuidade de operação dos sistemas os quais
testes foram constadas taxas de acerto elevadas, o que enco-
protege. Portanto, é de crucial importância o desenvolvi-
raja o uso dessa ferramenta no monitoramento e diagnóstico
mento e aperfeiçoamento de ferramentas que venham a au-
de falhas em pára-raios de ZnO instalados nas subestações
xiliar no monitoramento e diagnóstico de falhas em pára-
raios, de forma a assegurar que os mesmos estejam em con- da Chesf.
dições adequadas de operação.
2. PÁRA-RAIOS A ZNO
Atualmente, duas ferramentas vêm sendo utilizadas no
monitoramento de pára-raios em sistemas de alta tensão: a Os pára-raios ou supressores de surto surgiram como
análise de imagens termográficas e a medição da corrente de uma alternativa para proteger os sistemas elétricos contra
fuga em pára-raios. surtos temporários de tensão, evitando que os mesmos se
Normalmente, as duas abordagens são utilizadas em con- propa-guem através das linhas e cheguem aos equipamentos
junto, pois isoladamente produzem resultados pouco confiá- da subestação. Inicialmente, utilizavam-se centelhadores
veis, uma vez que na análise de imagens térmicas, o diag- sepa-rados pelo ar para a proteção dos sistemas elétricos
nóstico se baseia em parâmetros comparativos pré-definidos contra descargas atmosféricas e de manobra. Na década de
através de normas. Esses parâmetros não levam em conside- 1930 surgiram os resistores não-lineares a base de carboneto
ração diversas influências que podem mascarar os resultados de silício (SiC). Estes resistores apresentavam uma
reais dos valores de temperatura atingidos pelo equipamen- característi-ca V - I que, quando associadas a um conjunto
to. Assim, a simples obtenção da imagem térmica não leva a de centelha-dores, promoviam a proteção contra surtos de
um diagnóstico preciso. Para o caso do monitoramento da maneira bem mais eficaz em relação aos pára-raios até então
corrente de fuga do pára-raios, utiliza-se um equipamento utilizados.
chamado LCM (Leakage Current Monitor – Monitor de Em meados da década de 1970 surgiram os varistores de
Corrente de Fuga), capaz de medir a corrente que percorre o ZnO, capazes de suportar as elevadas tensões nominais dos
pára-raios através de sua conexão com a terra. Tal equipa- sistemas elétricos sem a necessidade de uso de centelhado-
mento, apresenta um custo elevado, além de tornar necessá- res. Este novo material, empregado inicialmente na proteção
ria a realização de uma série de adaptações que o tornem de dispositivos eletrônicos, passou a ser utilizado na compo-
adequado para utilização em um clima tropical como ocorre sição de supressores de surtos representando um grande a-
com o Brasil. Além disso, o equipamento apresenta uma vanço dado na proteção dos sistemas elétricos. Com eles, foi
baixa exatidão nos valores fornecidos, devido às aproxima- possível obter dispositivos com uma capacidade de dissipa-
ções feitas no cálculo da corrente de fuga resistiva [1, 2]. ção de energia duas vezes maior que a promovida pelos dis-
positivos de carboneto de silício [3].
Os varistores de óxido de zinco são o que se pode Um pouco abaixo do joelho da curva fica o ponto de
chamar de a “alma” do pára-raios. São constituídas, além do máxima tensão de operação contínua (em torno de 380 kV
ZnO, por outros óxidos aditivos, tais como óxidos de para este caso). Este ponto representa o nível de tensão na
alumínio, antimônio, bismuto e manganês. Estes outros qual o pára-raios opera sem qualquer tipo de restrição.
óxidos, princi-palmente os de bismuto e o de antimônio, são Geralmente, o valor para esta tensão é definido em 5%
responsáveis pela formação da camada intergranular, ou acima da máxima tensão fase-terra do sistema. Dessa forma,
seja, as camadas entre os grãos de ZnO que proporcionam são levados em consideração os possíveis harmônicos
ao material carac-terísticas exclusivas. As características dos presentes na tensão do sistema [4].
varistores variam em função de sua composição e pureza [5, A segunda parte do gráfico é a região de alta não-
6]. Os compo-nentes dos varistores passam por um processo linearidade. Nesta região, o pára-raios conduz uma grande
de mistura e moagem até que as partículas atinjam o corrente, mesmo para pequenas variações de tensão. O
tamanho adequado (da ordem de 10-6 cm). Esta mistura é primeiro ponto de interesse é o valor da tensão nominal.
A metodologia desenvolvida consiste na obtenção de Além dos problemas relacionados à falhas nos pára-
várias imagens termográficas de pára-raios a ZnO, com raios, também, são poucos os dados relativos ao
defeitos típicos, produzidos intencionalmente [1]. De posse, comportamento dos varistores de ZnO diante do seu
desses dados constrói-se uma base de dados com os perfis envelhecimento natural. Isto porque a vida útil estimada
térmicos dos pára-raios defeituosos. A base de dados por sua para os pára-raios a ZnO é de 30 anos, de forma que esse é o
vez é utilizada no treinamento da RNA, para que em um tempo de instalação aproximado dos primeiros
momento futuro, ela possa diagnosticar, automaticamente, o equipamentos nos sistemas elétricos.
estado de um determinado pára-raios baseado no seu perfil Um fato curioso é o procedimento tomado pela maioria
térmico. das companhias de transmissão de energia quando alguma
anormalidade é detectada por meio do termovisor.
4.1. Termovisão de pára-raios a ZnO Normalmente, quando não se trata de um caso crítico,
executa-se a limpeza do equipamento seguida de sua
A monitoração de pára-raios através de termografias reenergização. No caso do comportamento anormal voltar a
fornece um perfil de temperaturas ao longo de toda a
ocorrer, ou em casos críticos, o pára-raios simplesmente é
superfície externa do seu invólucro. A análise detalhada
substituído. Nenhum estudo posterior é feito no sentido de
deste perfil térmico pode indicar que tipo de problema está
se avaliar o problema causador da anormalidade detectada,
ocorrendo com o pára-raios de acordo com a variação do
seja ela proveniente do sistema, seja ela no próprio
perfil térmico em relação ao perfil apresentado por um
equipamento. Isso resulta em um número muito reduzido de
equipamento em bom estado. Isto pode ser visto nas Figs. 5
informações sobre o estado dos pára-raios retirados do
e 6, nas quais são mostrados um pára-raios em bom estado e
sistema elétrico após o defeito, dificultando a realização de
um pára-raios com perda de estanqueidade. estudos relativos ao diagnóstico destes equipamentos em
subestações.
Diante disso, foi realizado um estudo sobre os principais
defeitos em pára-raios de ZnO com a finalidade de produzi-
los em laboratório, e com isso obter uma base de dados que
possibilite correlacionar perfis térmicos com tipos de
defeitos.