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Matemática Financeira Aplicada

a Finanças
MBA EM CONTROLADORIA DE EMPRESAS

Prof. Rodrigo Vieira, Msc.


E-MAIL: rodrigo.pgcin@gmail.com
COORDENAÇÂO: PROF. RICARDO ESPÍNDOLA
1

Apresentação

Olá, Caríssimos(as) alunos(as),

Bem vindos à disciplina Matemática Financeira Aplicada a Finanças, componente do


MBA em Controladoria Contábil.

Os conceitos da matemática financeira, aplicados à finanças com enfoque no


planejamento e análise de investimentos compõem a nossa disciplina.

O tema desta disciplina é importante na formação do especialista em controle contábil


em especial pela retomada de conceitos da matemática financeira e para a verificação
da viabilidade de projetos de investimentos.

Assim sendo, divirtam-se!


2

Sumário
Apresentação ...................................................................................................................................... 1
MÓDULO 1 – Matemática Financeira ............................................................................................ 3
1. Sistemas de capitalização ........................................................................................ 3
1.1 Sistema Simples de Capitalização ............................................................................. 3
2.2 Sistema Composto de Capitalização.............................................................................. 5
2.3 Equivalência e proporcionalidade de taxas ................................................................. 7
2.4 Taxas efetivas e nominais ................................................................................................. 9
2.5 Séries de pagamentos ...................................................................................................... 10
2. Sistemas de amortização de dívidas ..................................................................... 17
3. Juros e a matemática financeira ............................................................................ 19
3.1 Sistema de Amortização Constante (SAC) ............................................................ 21
3.2 Sistema Francês de Amortização (Tabela Price) ................................................. 23
SAC/Price com calculadora financeira HP 12C ................................................................ 25
3.3 Sistema Misto ................................................................................................................ 27
4. Índices de atualização monetária........................................................................... 29
MÓDULO 2 – Engenharia Econômica ......................................................................................... 33
1. Taxa Mínima de Atratividade (TMA) e Taxa Interna de Retorno (TIR) .................. 34
2. Técnicas de avaliação de investimentos ............................................................... 38
2.1 Método do Valor Presente Líquido (VPL) ........................................................................ 38
2.2 Método do Payback ..................................................................................................... 39
2.3 Elementos essenciais a um projeto de investimento ......................................... 40
Planejamento da Disciplina ........................................................................................................... 43
APÊNDICE .......................................................................................................................................... 46
1. Formulário ............................................................................................................... 46
3

MÓDULO 1 – Matemática Financeira

Embora saibamos que a matemática financeira se faz presente no dia a dia dos
profissionais, em especial daqueles que atuam na área de gestão e contabilidade, é
importante abordar os seus conceitos fundamentais e aqueles que deles decorrem
para que o espectro de estudo nesta disciplina possa ser abordado, discutido e tratado
com segurança e validade. Sendo assim, neste primeiro momento resgatamos os
conceitos envolvendo juros e sistemas de capitalização para, na sequência, retomar
as séries de pagamentos e sistemas de amortização de dívidas.

1. Sistemas de capitalização

Sistemas de capitalização são formas instituídas para o cálculo de juros sobre uma
transação que envolva valores e tempo. Tais modelos são, em essência, matemáticos.

Há duas formas distintas de cálculo dos juros: sistema simples e sistema composto.

Vamos à descrição de cada um deles.

1.1 Sistema Simples de Capitalização

Para o cálculo de juros, como dito anteriormente, há valores e tempo envolvidos.


Fixamos a notação a ser utilizada nesta disciplina antes de definir o sistema simples,
pois estaremos frente a expressões matemáticas a cada momento.

Pela definição, juro é a diferença 𝐽 = 𝐹 − 𝑃. No sistema simples de capitalização, ou


simplesmente, juros simples, a taxa incide sempre sobre o valor inicial (𝑃) da
negociação e é proporcional ao tempo decorrido.

Sendo o tempo decorrido denotado por 𝑛, tem-se que

𝐽 = 𝑃 ∙ 𝑖 ∙ 𝑛.

Por este raciocínio, o montante é a soma do capital inicial mais os juros. Então:

𝐹 = 𝑃 + 𝐽 = 𝑃 + 𝑃𝑖𝑛
4

Pela fatoração, implica que 𝐹 = 𝑃(1 + 𝑖𝑛).

Dessa forma, podemos calcular o montante diretamente.

Exemplo: Seja uma aplicação de $8.246,00 a juros simples de 12% ao mês por dois
anos. Neste caso, o montante é dado por:

𝐹 = 𝑃(1 + 𝑖𝑛) = 8.246(1 + 0,12 ∙ 24) = 31.994,48

Considera-se 𝑛 = 24, pois a aplicação tem um horizonte de 2 anos.1

Os juros devidos para aplicação são: 𝐽 = 𝐹 − 𝑃 = 31.994,48 − 8.246,00 = 23.748,48.

É comum utilizarmos um recurso chamado diagrama de flechas ou fluxo de caixa,


que é um meio de visualização dos valores envolvidos em seus respectivos tempos.
Em síntese, é um conjunto de entradas e saídas de dinheiro em uma determinada
situação a um certo intervalo de tempo.

A linha horizontal representa tempo. Por convenção, as saídas de valores são


representadas por flechas voltadas para baixo. Da mesma forma, entradas são
representadas por flechas voltadas para baixo.

É importante ressaltar que na perspectiva das finanças, a expressão fluxo de caixa


não tem o sentido contábil.

1
Os valores apresentados podem sofrer alteração em função da precisão de calculadoras e ferramentas
computacionais utilizadas para efetuar os cálculos.
5

Sempre que possível, buscamos considerar proporção nas flechas de acordo com os
valores que elas representam.

Este mecanismo fornece uma visão global da negociação envolvendo capitas, tempo
e taxas e se caracteriza como uma ferramenta importante no estudo das finanças.
Portanto, sempre que possível, utilize-se dele para resolver problemas.

2.2 Sistema Composto de Capitalização

O sistema composto, como dita a própria nomenclatura, é uma “composição” de


taxas incidindo sobre valores atualizados período a período. Dito de outra forma, a
cada período, o capital é atualizado pelo acréscimo dos juros devidos e, para o
próximo período, a taxa incide sobre esta atualização.

Observe a dinâmica das tabelas demonstrativas de uma aplicação de $20.000,00 à


taxa de juros de 7% ao mês.

Tabela 1: Demonstrativo da aplicação no sistema simples


Base de
Mês Juros($) Montante($)
cálculo($)
0 20.000,00 0,00 20.000,00
1 20.000,00 1.400,00 21.400,00
2 21.400,00 1.400,00 22.800,00
3 22.800,00 1.400,00 24.200,00
4 24.200,00 1.400,00 25.600,00
5 25.600,00 1.400,00 27.000,00
7.000,00
Fonte: elaborado pela Autora

Tabela 2: Demonstrativo da aplicação no sistema composto


Base de
Mês Juros($) Montante($)
cálculo($)
0 20.000,00 0,00 20.000,00
1 20.000,00 1.400,00 21.400,00
2 21.400,00 1.498,00 22.898,00
6

3 22.898,00 1.602,86 24.500,86


4 24.500,86 1.715,06 26.215,92
5 26.215,92 1.835,11 28.051,03
8.051,03
Fonte: elaborado pela Autora

No sistema composto, a taxa incide sempre sobre o capital atualizado a cada período
de tempo. Assim, temos que o montante 𝐹ao final do primeiro período (𝑛 = 1) para
um capital 𝑃 aplicado a uma taxa 𝑖 é dado por:
Compare o total
𝐹1 = 𝑃 + 𝑃 ⏟ ∙ 𝑖 = 𝑃(1 + 𝑖). de juros em cada
𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠
um dos sistemas
e reflita:
Ao final do segundo período, os juros incidem sobre 𝐹1 e, portanto,
monetariamente,
𝐹2 = 𝐹1 + 𝐹1 ∙ 𝑖 = ⏟𝑃(1 + 𝑖) + ⏟
𝑃(1 + 𝑖) ∙ 𝑖 . qual seria a
𝐹1 ⏟ 𝐹1 melhor opção?
𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠

Fatorando, tem-se:

𝐹2 = 𝑃(1 + 𝑖)(1 + 1) = 𝑃(1 + 𝑖)2 .

Observe que o expoente da expressão coincide com o período de atualização.

Generalizando, para um período 𝑛, o montante é dado por:

𝐹 = 𝑃(1 + 𝑖)𝑛 .

Esta é, assim, a expressão que determina o montante de um capital exposto à taxa 𝑖


de juros por 𝑛 períodos.

Exemplo: Uma aplicação em poupança rende, ao mês, 0,59%. Para um capital


aplicado nesta modalidade no valor de $18.000,00, qual deverá ser o montante desta
aplicação ao final de 2 anos?

Neste caso, tem-se: 𝑃 = $18.000,00, 𝑛 = 2 𝑎𝑛𝑜𝑠 e 𝑖 = 0,57% 𝑎. 𝑚.


7

Atenção! A unidade de tempo deve ser a mesma


unidade da taxa de juros. Ou seja, taxa e tempo devem
ser homogêneos.

Pela expressão da capitalização composta, o montante é igual a:

𝐹 = 𝑃(1 + 𝑖)𝑛 = 18.000,00(1 + 0,0059)24 = 18.000 ∙ 1,15164

𝐹 = 20.729,46.

O diagrama de flechas, neste caso, é o que segue.

O tratamento das taxas em relação ao tempo no caso da capitalização composta


requer cuidado. Afinal, elas incidem sobre valores diferentes período a período, o
que não permite a proporcionalidade entre as unidades envolvidas. A próxima seção
descreve o procedimento adequado para a conversão de taxas.

2.3 Equivalência e proporcionalidade de taxas

Na capitalização simples, as taxas incidem sempre sobre o capital inicial, o que nos
leva a concluir que há proporcionalidade entre taxas, ou seja, são proporcionais. Por
exemplo, 1% ao mês é proporcional a 12% ao ano. A taxa anual foi obtida pela
multiplicação da mensal por 12. Afinal, um ano tem 12 meses. Então, 1% ao mês é
equivalente à 12% ao ano. Mas isso ocorre na capitalização simples!

O sistema composto não permite a proporcionalidade a menos de prática equivocada.


De fato, como a taxa incide sobre valores diferentes a cada período, não há como
multiplicar ou dividir taxas de acordo com a relação de unidades. Por exemplo, em
8

capitalização composta, considerar uma aplicação de um capital por determinado


tempo à 1% ao mês não é o mesmo que aplicar o mesmo capital pelo mesmo tempo
à taxa de 12% ao ano. Retome as tabelas na seção 1.1 e observe esta afirmação.

Resumindo:

 Taxas Proporcionais: quando há proporção entre as grandezas em que se


expressam e as durações dos períodos a que se referem.
 Taxas equivalentes: Duas taxas são ditas equivalentes se, aplicadas ao
mesmo capital no mesmo período, produzem juros compostos iguais.

Para o caso do sistema composto de capitalização, temos taxas equivalentes. No


regime simples, há proporcionalidade entre as taxas.

A pergunta que se faz neste momento é: como determinar taxas equivalentes? Pois
bem. O próprio conceito nos leva a determinar relações que nos permitem a conversão
de taxas para várias unidades de tempo.

Seja 𝑃 um capital inicial aplicado à taxa anual 𝑖𝑎 por 12 meses. Como um ano
corresponde a 12 meses, o montante é determinado por:
𝐹 = 𝑃(1 + 𝑖𝑎 )1
que resulta no mesmo valor se considerarmos o tempo em meses:
𝐹 = 𝑃(1 + 𝑖𝑚 )12 .
Igualando as duas expressões e simplificando 𝑃, tem-se que: (1 + 𝑖𝑎 )1 = (1 + 𝑖𝑚 )12 .
Essa relação é chamada relação de equivalência entre taxas.
Por exemplo, a taxa anual equivalente a 1% ao mês em regime composto de
capitalização é igual a:
(1 + 𝑖𝑎 )1 = (1 + 𝑖𝑚 )12 .
Logo,
(1 + 𝑖𝑎 )1 = (1 + 0,01)12 → 𝑖𝑎 = 12,683%𝑎. 𝑎.
Estende-se a relação de equivalência para quaisquer períodos. Observe.
3
(1 + 𝑖𝑎 )1 = (1 + 𝑖𝑚 )12 = (1 + 𝑖𝑠 )2 = (1 + 𝑖𝑞 ) = (1 + 𝑖𝑡 )4
9

Esta relação considera como expoente a quantidade de períodos que correspondem


a um ano. Por exemplo, o expoente 2 em (1 + 𝑖𝑠 )2 indica que um ano contém dois
semestres. Isso se estende a qualquer unidade de tempo.
Exemplificando, para determinar a taxa anual equivalente a 2% ao trimestre,
consideramos a igualdade (1 + 𝑖𝑎 )1 = (1 + 𝑖𝑡 )4 . Com isso, temos:
(1 + 𝑖𝑎 )1 = (1 + 0,02)4 = 1,08243 → 𝑖𝑎 = 1,08243 − 1 = 0,08243 = 8,243%𝑎. 𝑎.

Exemplo: 24% a.a. equivale a 3,65% a.b. Basta verificarmos a relação


1  ia 1  (1  ib )6 .

2.4 Taxas efetivas e nominais

Há uma prática usual no mercado em geral que é divulgação de taxas proporcionais,


mesmo a juros compostos. Por exemplo, se a taxa de juros de um financiamento é de
1% ao mês, divulga-se 12% ao ano, mesmo sabendo-se que em capitalização
composta isto não procede. Essa prática é regulamentada no sentido de que, pela
instituição financeira optar por esta prática, ela é obrigada a divulgar a taxa
efetivamente cobrada que é equivalente a 1% ao mês (12,683% ao ano).

Essas taxas são conhecidas como nominais e efetivas.


As taxas efetivas são as taxas reais, ou seja, as que realmente são cobradas. Estas
coincidem com o período de capitalização. Por exemplo, a poupança rende 0,5% ao
mês e, assim, a cada mês tem-se o rendimento real de 0,5% incorporado ao saldo.
(Neste caso, diz-se que a poupança tem capitalização mensal.)

No caso de taxas efetivas, portanto, há homogeneidade entre o período de


capitalização e a unidade de tempo da taxa.

É comum a referência a taxas considerando a proporcionalidade (da capitalização


simples) na capitalização composta. Por exemplo, encontramos em certa medida a
10

referência a 1% ao mês correspondendo a 12% ao ano, mas sabe-se que na


capitalização composta, 1% corresponde a 12,683% ao ano (relação de equivalência).
O mercado se utiliza com frequência de taxas anuais de juros compostos que são
encontradas por meio de proporcionalidade como essa. Nesse caso, fez-se 1% ×
12 = 12%. A taxa de 12% ao ano é dita nominal.

É importante ressaltar que o período de capitalização neste caso (mensal) não


coincide com a unidade do período expressa na taxa (anual)

Para que seja identificada a taxa nominal, é importante referências como: juros
nominais,... % ao ano capitalizados mensalmente, entre outros.

As taxas nominais são anuais com períodos de capitalização inferiores a um ano.

Exemplo: 36% ao ano capitalizados trimestralmente indicam que a taxa efetiva


realizada é igual a 36%  4  9% a.t.

A taxa efetivamente cobrada é 9% ao trimestre que, por sua vez, gerou 36% ao ano
por 9%  4  36% ( um ano tem 4 trimestres). Se quisermos a taxa efetiva anual
equivalente a 9%a.t, basta utilizarmos a relação de equivalência 1  ia 1  (1  it )4 ,
encontrando 41,158% a.a.

Importante! Pela construção (proporcionalidade em capitalização composta), jamais


utilizamos taxa nominal em cálculos. Primeiramente a convertemos em taxa
efetiva.

Exemplo: 12% ao ano capitalizados semestralmente indicam que a taxa efetiva é


12% ÷ 2 = 6%𝑎. 𝑠. Para encontrarmos a taxa anual equivalente a 6%a.s, temos a

relação de equivalência 1  ia   (1  is ) , encontrando 12,360% a.a.


1 2

2.5 Séries de pagamentos


11

Na matemática financeira, a toda sequência de valores ao longo de determinado


horizonte chamamos série de pagamentos. As séries são, assim, todo o conjunto de
valores (entradas e saídas) dispostos em relação ao tempo. São denominadas,
também, como séries de capitais, sequência de capitais ou fluxo de caixa (cash flow).

Alguns exemplos usuais de séries de capitais: desconto de duplicatas, sistemas de


vendas no comércio com pagamentos a prestações, formação de fundos
complementares de aposentadoria, resultados anuais de projetos de investimentos.

Exemplo: Negociação de antecipação de algumas duplicatas referentes às


vendas realizadas por uma empresa.

Negociou-se o desconto de três duplicatas cujos valores e datas de vencimento


estão registrados no fluxo abaixo. Se a taxa de juros vigente é de 4% ao mês, qual o
valor que deverá ser recebido pela empresa?

O diagrama de flechas representativo da negociação é o que segue.

No estudo das séries de


pagamentos, a expressão
Neste caso, deve-se descapitalizar cada um dos valores
fluxo de caixa não tem a
nos meses 1, 2 e 3, considerando-se o mês em que se mesma conotação de fluxo
encontram. Com isso, formamos a equação de valor contábil. Aqui, ele tem mais
o sentido de ferramenta
deste diagrama de flechas.
auxiliar para aplicação de
1.500 2.000 1.850 conceitos e técnicas da
𝑃= 1
+ 2
+ = 4.936,06. matemática financeira e da
(1 + 0,04) (1 + 0,04) (1 + 0,04)3
engenharia econômica.
O valor presente encontrado é o valor presente da série
de pagamento.

Exemplo: (Parcelamento de dívidas) A compra de um bem foi financiada em


três prestações mensais seguidas iguais a $261,06, vencendo a primeira no mês
seguinte ao da compra. Qual o valor financiado, sabendo que a loja afirma que
sua taxa de juros é 3,6% ao mês? E o montante pago ao final do plano?
12

Ao solicitar o valor financiado, este refere-se ao valor presente do fluxo de caixa.


Observe o diagrama.

O valor presente é o valor que representa todos os termos da sequência na data zero.
Já o valor futuro de uma série é o valor equivalente a todos os seus termos (valores)
junto ao último. No caso desse exemplo, o valor futuro encontra-se no mês 3.

Assim sendo, tem-se que:

261,06 261,06 261,06


𝑃= 1
+ 2
+ = 730,00.
(1 + 0,036) (1 + 0,036) (1 + 0,036)3

Ao calcular o valor futuro da série em questão, podemos executar a capitalização dos


termos no mês 1 e no mês 2 e somarmos ao do mês 3. Este não é capitalizado pois
encontra-se na data de F.

𝐹 = 261,06(1 + 0,036)2 + 261,06(1 + 0,036)2 + 261,06 = 811,72.

Esse valor pode ser encontrado, como forma equivalente, pela capitalização do valor
de P considerando-se 𝑛 = 3: 𝐹 = 730,00(1 + 0,036)3 = 811,72.

Os exemplos dados apresentam características distintas. Por exemplo, em relação


aos valores a primeira tem valores diferentes e, no segundo exemplo, os termos da
série são iguais.

Isso demanda a classificação de séries de pagamentos segundo algumas variáveis.

Classificação das séries de pagamentos


13

Quanto ao prazo:

- Temporárias : quando a duração for limitada



- Perpétuas : quando a duração for ilimitada
Quanto ao valor dos termos:

- uniforme : termos constantes



- variável: termos variáveis
Quanto à forma de pagamento:

- Postecipadas : termos exigíveis ao final dos períodos


1) Imediatas : 
- Antecipadas : termos exigíveis no início dos períodos
2) Diferidas: obedeceperíodode carência.

Quanto à periodicidade:

- Periódicas : períodos (intervalos) iguais



- Não - periódicas : períodos diferentes entre si.

O quadro a seguir sintetiza a classificação considerada nesta disciplina. Em destaque


(vermelho) o tipo de série a ser formalizado aqui. A teoria deste tipo facilita toda e
qualquer execução de processos a seguir.

• Temporárias
Prazo • Perpétuas

Valor dos termos • Uniforme


• Variável
• Postecipadas
Forma de • Antecipadas
pagamento • Diferidas

Peridiocidade
14

Iniciamos, portanto, o estudo das séries uniformes, que são aquelas nas quais os
pagamentos ou recebimentos são todos iguais em intervalos de tempos iguais. Dos
exemplos da seção 2.5, o primeiro não é uma série uniforme. Seus termos são de
valores diferentes. Já no segundo os termos são todos iguais a $261,06. Esta é uma
série uniforme.

As séries uniformes podem ser postecipadas ou antecipadas, objetos do estudo a


seguir.

2.5.1 Séries uniformes postecipadas

As séries uniformes são ditas postecipadas sempre que o primeiro termo está a
um período de tempo do capital inicial (𝑷).

Temos expressões matemáticas (fórmulas) que nos auxiliam na determinação de


elementos essenciais de uma série: valor presente, valor futuro, taxas, número de
parcelas e valor futuro.

Para apresentar a você tais expressões, considera-se nesta disciplina a expressão


anuidade para os termos da série, mesmo não se referindo especificamente a termos
anuais. Denota-se por 𝐴. O número de termos ou anuidade é denotado por 𝑛.

 Valor futuro (F), conhecendo-se o valor das anuidades (𝐴):


(1 i) n 1
F  A
i
15

Há uma notação internacional que representa as expressões matemáticas para as


séries uniformes postecipadas. Para determinar uma variável, no caso 𝐹,
conhecendo-se o valor de 𝑛 anuidades 𝐴 a uma determinada taxa, representamos a
sua expressão por:

F  A
(1  i) n  1
i

 A  F , i, n
A


F A,i,n 

Exemplo: Determinando o montante de uma série de 10 parcelas mensais no valor


de $433,00 à taxa 𝑖 = 5% ao mês, temos:

   
F  A  F , i, n  433,00 F ,5%a.m.,10  433,00
A A
(1  0,05)10  1
10

 Anuidade conhecendo-se o montante F

A  F
i
(1  i) n 1

 F  A , i, n
F

Esta expressão é exatamente o inverso da anterior.

 Valor presente P, sabendo-se o valor da anuidade (A)

P  A
(1  i) n  1
i(1  i) n

 A  P , i, n
A

Por fim, temos:
 Anuidade a partir do valor presente P:

A  P
i(1  i) n
(1  i) n  1

 P  A , i, n
P

Na notação internacional, independente do caso, é usual chamar os fatores que


multiplicam as variáveis conhecidas por fatores. São estes fatores que, em geral, são
tabelados, por exemplo, por concessionárias para que sejam calculadas as parcelas
quando os compradores financiam o seu bem. No caso:
16

fator
  
A  P
i(1  i)n
(1  i)n  1
 P AP
, i, n .
Exemplo: Uma máquina de corte de tecidos é adquirida por $5.500,00. O pagamento
da máquina deve ser feito por meio de uma entrada de 20% e o restante em 24
prestações mensais e iguais à taxa de 4% ao mês. Determine o valor das prestações.

Pelo enunciado, temos:


𝑃: 5.500,00 − 20% = 4.400,00;
𝑛 = 24;
𝑖 = 4% 𝑎. 𝑚.
Logo,
fator

 
A  P  A ,4%a.m.,24  4.400,00 
P
0,04(1  0,04) 24
(1  0,04)24  1

2.5.2 Séries uniformes antecipadas

Lembre-se! A unidade da
As séries uniformes antecipadas contemplam a primeira
taxa deve ser a mesma do
anuidade juntamente com a data zero que é o instante da período entre as anuidades.
aquisição de um bem, da assinatura de contrato, entre Assim, se, por exemplo, as
outros. anuidades são semestrais, a
taxa deve ser semestral.
Para denotar as anuidades antecipadas, utilizamos 𝐴′ .

(1+𝑖)𝑛 −1
 Valor futuro, conhecendo o valor das anuidades: 𝐹 = 𝐴′ ∙ × (1 + 𝑖)
𝑖
𝑖 1
 Anuidade, sabendo-se o montante: 𝐴′ = 𝐹 ∙ (1+𝑖)𝑛−1 × 1+𝑖
(1+𝑖)𝑛 −1
 Valor presente a partir de A: 𝑃 = 𝐴′ ∙
𝑖(1+𝑖)𝑛−1

𝑖(1+𝑖)𝑛−1
 Anuidade a partir do valor da anuidade2: 𝐴′ = 𝑃 ∙ (1+𝑖)𝑛−1

2
Ao final deste material, você encontra um formulário que relaciona as expressões descritas nesta seção.
17

Exemplo: Determine o valor das 36 anuidades iguais e


mensais que quitarão uma dívida de $18.000,00, sabendo-se
que a taxa de juros cobrada é de 9,5% ao mês e que a
primeira será paga a título de entrada.

Como a primeira, no caso a entrada, é de igual valor das demais, a série é uniforme
postecipada.

𝑖(1+𝑖)𝑛−1 0,095(1+0,095)36−1
𝐴′ = 𝑃 ∙ (1+𝑖)𝑛 −1 = 18.000,00 ∙ (1+0,095)36 −1
=

Para o cálculo de taxas consideradas para compor séries de pagamentos bem como
o número de parcelas, em geral são utilizadas ferramentas como tabelas financeiras
e calculadoras financeiras. As primeiras são usuais no ensino da matemática
financeira, mas limitam-se a taxas e número de parcelas razoavelmente pequenos. Já
as calculadoras financeiras podem facilitar a obtenção das variáveis envolvidas no
estudo das séries. Citaremos comandos específicos da calculadora HP 12C, mas
estes são, pela tendência de universalização das notações, similares a qualquer uma
das marcas disponíveis no mercado.

Há, nas referências citadas no preâmbulo deste material, alguns títulos que podem
auxiliar você no manuseio da calculadora HP 12C, como o livro Matemática Financera,
de Juan Carlos Lapponi.

A seguir, você será apresentados a algumas formas de quitação de dívidas, ou seja,


sistemas de amortização de dívidas.

2. Sistemas de amortização de dívidas

Para quitar dívidas, seja pessoa jurídica ou física, há de se devolver ao credor o


valor tomado bem como os juros devidos pelo tempo de uso dessa quantia (ou bem)
por determinado tempo. Às modalidades de quitação de dívidas oferecidas pelo
mercado chamamos sistemas de amortização de dívidas.

A notação considerada é a que segue.


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P : Principal

n: Prazo de amortização (número de pagamentos)

A: amortização

p: Prestação

i: Taxa de juros

O que se deve considerar é o conceito já consolidado na história da humanidade,


conforme dito anteriormente: pagamos pelo que devemos e pelo uso do capital ou
bem de outrem. Observe a ilustração.

O pagamento de uma dívida, seja ele em parcelas ou não, deve ser composto pelo
capital e pelos juros devidos. Os sistemas determinam formas específicas para
cálculo desta composição.

Os sistemas mais usuais na literatura e que expressam em síntese o praticado no


mercado são:

 Sistema de Amortização Constante (SAC)

 Sistema Francês de Amortização (TABELA PRICE)

 Sistema Misto
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3. Juros e a matemática financeira

Ao buscarmos juros em um dicionário da língua portuguesa, encontramos definições


como “valor que alguém recebe pelo dinheiro emprestado, investido ou depositado
por um determinado período”.3 Pois bem. Esta perspectiva descreve a expressão juro
sob a ótica dos negócios.

No entanto, a prática de cobrança de juros acompanha o desenvolvimento da


humanidade, desde os primórdios, onde o homem praticava as trocas, permutas. Não
que tais ações não sejam negócios, mas havia um entendimento mais simples, é bem
verdade. Os juros aparecem quando os bens de troca são de valores diferentes, ou
seja, os bens envolvidos na negociação eram considerados menos ou mais
importantes para aquele momento.

Com o desenvolvimento e as transações comerciais crescendo tanto em quantidade


quanto em valores (moedas), os juros foram se mantendo presentes até os nossos
dias como um processo lógico presente nas transações comerciais. É claro que a
perspectiva de ganho e poder do homem foram decisivos para que a ideia de
remuneração tenha se perpetuado.

Em síntese, os juros são devidos aos valores e ao tempo envolvidos nas transações.
O estudo das formas de determinar os ganhos quando tratamos de valores monetários
(moedas) e tempo deram forma ao campo da matemática assim denominado
“matemática financeira”.

Sendo assim, em termos formais, juro é a remuneração ao credor pelo uso do dinheiro
pelo devedor por um determinado período de tempo. É usual considerar a expressão
rendimento para juros. Com isso, tanto pessoa física ou jurídica, se empresta uma
determinada quantia a outra por determinado tempo, deve receber certo valor por este
empréstimo. Quem toma emprestado, paga o uso desta quantia em forma de juros.

Denotado por J, os juros são, enfim, a diferença entre o valor tomado como
empréstimo e do valor final da negociação.

3
DICIONÁRIO DA LINGUA PORTUGUESA: novo acordo ortográfico. São Paulo: Porto Editora, 2013.
20

Ao capital tomado como empréstimo, chamamos capital inicial, valor presente, ou


simplesmente capital. Denota-se por P.4 Já o valor final é chamado montante ou
valor futuro e representado pela letra F.

Fixada a notação, conclui-se que os juros são determinados, pela sua definição, por:

𝐽 = 𝐹 − 𝑃.

Por exemplo, ao emprestar 𝑃 = $5.000,00, recebendo o montante de 𝐹 = 5.750,00,


temos que 𝐽 = 5.750,00 − 5.000,00 = 750,00 de juros na transação.

É importante destacar que define-se juros como um valor positivo. No entanto, é


sabido que em certas transações como no mercado de ações, podemos encontrar
valores negativos para esta variável, em geral para aquelas de curto prazo. Basta que
haja uma desvalorização nas ações em determinado prazo.

Para o cálculo de juros, a medida considerada é, em geral, em forma percentual.


Denota-se a taxa de juros por 𝑖 que é fornecida em percentual, lembrando-se que esta
57
é apenas uma representação para decimais. Por exemplo, 𝑖 = 57% = 100 = 0,57.

• Remuneração pelo capital


Juro em um certo intervalo de
tempo.
• Expressa os juros relativos
Taxa de juros a unidades monetárias por
unidade de tempo.

• Período de capitalização ou
Tempo período financeiro

Figura 1: Quadro síntese


Fonte: elaborado pela autora

4
Este material fixa uma notação o mais próxima possível daquela apresentada por calculadoras financeiras e
planilhas eletrônicas, objetivando facilitar o uso destas ferramentas.
21

Importante destacar que, apesar de vivenciarmos uma economia de inflação, de


políticas interna e externa, entre outros, neste momento consideramos um mercado
certo e determinada por fatores externos ao ambiente da disciplina. Observe a figura.

Figura 2: Composição de taxas de juros


Fonte: elaborado pela autora

A figura inclui algumas variáveis consideradas para a composição de taxas de juros.

A lógica nos leva a pensar em como calcular os juros, mesmo conhecendo a sua
medida (𝑖). A próxima seção apresenta as formas de cálculo dos juros consideradas
pelo mercado. São os chamados sistemas de capitalização.

3.1 Sistema de Amortização Constante (SAC)

O Sistema de Amortização Constante, como o nome já afirma, é aquele em que as


amortizações (A) são periódicas e constantes calculadas pela divisão do principal
(P) pelo prazo de amortização (n).

Os juros são calculados a cada período, sempre sobre o saldo devedor (SD) do
período anterior.

Assim,
𝑃
𝐴 = 𝑛 e 𝑝𝑛 = 𝐴 + 𝐽𝑛 .

Os juros, por sua vez, são determinados pela taxa incidindo sobre o saldo devedor
do período anterior:

𝐽𝑛 = 𝑆𝐷(𝑛−1) ∙ 𝑖.
22

Exemplo: Considere um empréstimo de $100.000,00 a ser pago pelo SAC em dez


prestações anuais, sendo a taxa de juros de 22,5% a.a.

• P = 100.000,00
• i= 22,5% a.a.
• n= 10 anos

P 100.000,00
A   10.000,00
n 10

Os juros da primeira prestação são dados por: 𝐽1 = 𝑆𝐷0 ∙ 𝑖 = 100.000,00 ∙ 0,225 =

Demostra-se cada momento do plano de quitação de uma dívida por meio de


planilhas que apresentam elementos essenciais. Observe.

Tabela 3: Demonstrativo de pagamento pelo SAC


n Amortização Juros Prestação Saldo Devedor
0 R$ 100.000,00
1 R$ 10.000,00 R$ 22.500,00 R$ 32.500,00 R$ 90.000,00
2 R$ 10.000,00 R$ 20.250,00 R$ 30.250,00 R$ 80.000,00
3 R$ 10.000,00 R$ 18.000,00 R$ 28.000,00 R$ 70.000,00
4 R$ 10.000,00 R$ 15.750,00 R$ 25.750,00 R$ 60.000,00
5 R$ 10.000,00 R$ 13.500,00 R$ 23.500,00 R$ 50.000,00
6 R$ 10.000,00 R$ 11.250,00 R$ 21.250,00 R$ 40.000,00
7 R$ 10.000,00 R$ 9.000,00 R$ 19.000,00 R$ 30.000,00
8 R$ 10.000,00 R$ 6.750,00 R$ 16.750,00 R$ 20.000,00
9 R$ 10.000,00 R$ 4.500,00 R$ 14.500,00 R$ 10.000,00
10 R$ 10.000,00 R$ 2.250,00 R$ 12.250,00 R$ -
Total R$ 100.000,00 R$ 123.750,00 R$ 223.750,00
Fonte: Elaborado pela Autora.

 Linha 0 no demonstrativo de um sistema: instante inicial, assinatura do contrato, ...

Observe o comportamento da prestação em relação à amortização e ao tempo decorrifo.


23

Prestação versus tempo


R$ 30.000,00

R$ 25.000,00

R$ 20.000,00

R$ 15.000,00

R$ 10.000,00

R$ 5.000,00

R$ -
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Amortização Prestação

No SAC, a prestação decresce de acordo com o tempo. A amortização se mantém


constante.

3.2 Sistema Francês de Amortização (Tabela Price)

O Sistema Francês de Amortização conhecido como Tabela Price tem como


característica principal prestações imediatas iguais, as quais são determinadas pelas
expressões de séries uniformes.

Obviamente, os juros são calculados sobre o saldo devedor do período anterior.

Lembre-se! Pagamos juros sobre o que devemos.


Amortizamos a dívida e não os juros.Portanto, do .
saldo devedor deduzimos apenas a amortização.

fator
  
Cálculo da prestação: p  P  A
P

, i, n  P  i(1  i) n
(1  i) n  1

Cálculo dos juros no período 𝒌: J k  SDk 1  i

Cálculo da amortização na prestação 𝒌: 𝑨𝒌 = 𝒑 − 𝑱𝒌


24

Exemplo: Monte a planilha pelo Sistema Francês nas condições do exemplo


anterior.

Com os dados descritos para o SAC, construímos a planilha considerando a


modalidade Price.

O valor das prestações é dado por:

fator
  
p  P A
P
 
, i, n  P 
i(1  i) n
(1  i) n  1
 100.000,00 
0,225(1  0,225)10
(1  0,225)10  1
 25.904,15.

As amortizações são determinadas pela diferença entre o valor da prestação e os


juros respectivos calculados sobre o saldo devedor.

Tabela 4: Demonstrativo de quitação de dívida pelo Sistema Francês de Amortização


n Amortização Juros Prestação Saldo Devedor
R$ 100.000,00
1 R$ 3.404,15 R$ 22.500,00 R$ 25.904,15 R$ 96.595,85
2 R$ 4.170,08 R$ 21.734,07 R$ 25.904,15 R$ 92.425,77
3 R$ 5.108,35 R$ 20.795,80 R$ 25.904,15 R$ 87.317,42
4 R$ 6.257,73 R$ 19.646,42 R$ 25.904,15 R$ 81.059,69
5 R$ 7.665,72 R$ 18.238,43 R$ 25.904,15 R$ 73.393,98
6 R$ 9.390,50 R$ 16.513,64 R$ 25.904,15 R$ 64.003,47
7 R$ 11.503,37 R$ 14.400,78 R$ 25.904,15 R$ 52.500,11
8 R$ 14.091,62 R$ 11.812,52 R$ 25.904,15 R$ 38.408,48
9 R$ 17.262,24 R$ 8.641,91 R$ 25.904,15 R$ 21.146,24
10 R$ 21.146,24 R$ 4.757,90 R$ 25.904,15 R$ -
Total R$ 100.000,00 R$ 159.041,48 R$ 259.041,48
Fonte: Elaborado pela Autora

Neste caso, as prestações são fixas e, nos primeiros tempos do horizonte de


pagamento, os juros são a maior parte da prestação – ainda é grande o saldo devedor.
25

Prestação versus tempo


R$ 30.000,00

R$ 25.000,00

R$ 20.000,00

R$ 15.000,00

R$ 10.000,00

R$ 5.000,00

R$ -
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Amortização Prestação

No Sistema Francês, naa medida em que prestações são quitadas, o saldo devedor
reduz e, consequentemente, os juros também. Com isso, a amortização em cada uma
das parcelas aumenta de valor. Esse comportamento pode ser observado no gráfico
a seguir.

SAC/Price com calculadora financeira HP 12C

Nesta seção você encontra um exemplo de construção de planilhas pelo SAC e pelo
Price com o auxílio da calculadora HP 12C

Exemplo: Considere um empréstimo de $100.000,00 a ser pago em seis parcelas


anuais à taxa de 12% ao ano.

a) SAC

Teclas Resultados
F reg
100.000 enter 12% 12.000
(X> <Y) 6  16.666,67
26

+ 28.666,67 (primeira parcela)


100.000 enter 83.333,33 (saldo após a primeira
16.666,67 - parcela paga)
12% 10.000
16.666,67 + 26.666,67
(X> <Y) 16.666,67 - 66.666,67
12% 8.000
16.666,67 + 24.666,67
(X> <Y) 16.666,67 - 50.000,00
12% 6.000
16.666,67 + 22.666,67
(X> <Y) 16.666,67 - 33.333,32
12% 4.000
16.666,67 + 20.666,67
(X> <Y) 16.666,67 - 16.666,67
12% 2000
16.666,67 + 18.666,67
(X> <Y) 16.666,67 - 0,00

b) Sistema Francês

Teclas Resultados

F reg

100.000 CHS PV - 100.000,00

12 i 16.666,67

6 n 6

PMT 24.322,57

1 f AMORT 12.000 (juros)

X> <Y 12.322,57 (amortização)

RCL PV - 87.677,43 (saldo devedor)

1 f AMORT 10.521,29
27

X> <Y 13.801,28

RCL PV -73.876,15

1 f AMORT 8.865,14

X> <Y 15.457,43

RCL PV -58.418,72

1 f AMORT 7.010,25

X> <Y 17.312,32

RCL PV -41.106,4

1 f AMORT 4.932,77

X> <Y 19.389,80

RCL PV -21.716,60

1 f AMORT 2.605,99

X> <Y 21.716,58

RCL PV 0,02

3.3 Sistema Misto

O sistema misto constitui-se de uma média ponderada entre os respectivos valores


determinados pelo SAC e pelo Sistema Francês. Novamente, os juros são calculados
sobre o saldo devedor do período anterior.

Os pesos são determinados de acordo com o contexto da dívida. Em geral, são


considerados 50% para cada uma das modalidades. Assim, a prestação no Sistema
Misto é dada por:
28

x1PSAC  x2 PPr ice


P
x1  x2

onde 𝑥1 e 𝑥2 são os pesos atribuídos à prestação das modalidades envolvidas.

Exemplo: Considere um capital de $500.000,00 a ser pago em 4 parcelas anuais


à taxa de 5% ao ano, com 50% para cada um dos sistemas.

Para construir o demonstrativo de pagamento pelo Sistema Misto, é necessário


elaborar os demonstrativos considerando SAC e Price.

Tabela 5: Sistema Francês


n Amortização Juros Prestação Saldo devedor
0 R$ 500.000,00
1 R$ 116.005,92 R$ 25.000,00 R$ 141.005,92 R$ 383.994,08
2 R$ 121.806,21 R$ 19.199,70 R$ 141.005,92 R$ 262.187,87
3 R$ 127.896,52 R$ 13.109,39 R$ 141.005,92 R$ 134.291,35
4 R$ 134.291,35 R$ 6.714,57 R$ 141.005,92 R$ 0,00
Total R$ 500.000,00 R$ 64.023,67 R$ 564.023,67
Fonte: elaborada pela Autora

Tabela 6: Tabela Price


n Amortização Juros Prestação Saldo devedor
0 R$ 500.000,00
1 R$ 125.000,00 R$ 25.000,00 R$ 150.000,00 R$ 375.000,00
2 R$ 125.000,00 R$ 18.750,00 R$ 143.750,00 R$ 250.000,00
3 R$ 125.000,00 R$ 12.500,00 R$ 137.500,00 R$ 125.000,00
4 R$ 125.000,00 R$ 6.250,00 R$ 131.250,00 R$ 0,00
Total R$ 500.000,00 R$ 62.500,00 R$ 562.500,00
Fonte: elaborada pela Autora

A partir das planilhas, o demonstrativo do Sistema Misto considera a média entre as células
correspondentes nos sistemas SAC e Price. Por exemplo, a primeira prestação é dada por:

0,5 141.005,92  0,5 150.000,00


p1 
1
p1145.502,96
29

Neste caso, o Sistema Misto corresponde à média aritmética entre os dados de cada
célula da planilha.
A planilha é construída célula a célula desta forma.

n Amortização Juros Prestação Saldo devedor


0 R$ 500.000,00
1 R$ 120.502,96 R$ 25.000,00 R$ 145.502,96 R$ 379.497,04
2 R$ 123.403,11 R$ 18.974,85 R$ 142.377,96 R$ 256.093,94
3 R$ 126.448,26 R$ 12.804,70 R$ 139.252,96 R$ 129.645,67
4 R$ 129.645,67 R$ 6.482, 28 R$ 136.127,96 R$ 0,00
Total R$ 500.000,00 R$ 63.261,83 R$ 563.261,83

Obviamente, em um contexto de inflação, os demonstrativos comportam-se de


acordo com os índices de atualização monetária. Assim, apresentamos algumas
informações importantes sobre a atualização de valores em contexto inflacionário.

4. Índices de atualização monetária

Em contextos inflacionários, os rendimentos são ditos aparentes. Isso se deve pelos


indicadores de medida de inflação a cada período. A inflação envolve inúmeros fatores
e conceitos econômicos. Mas, em linhas gerais, inflação é o aumento persistente de
preços que determinam a perda do poder aquisitivo da moeda de um país. É, de fato,
um fenômeno monetário, ou seja, diretamente relacionado à moeda.

Alguns índices importantes são a taxa referencial (TR) e o Índice Geral de Preços a
Mercado (IGP-M) e tantos mais.

O quadro a seguir apresenta alguns indicadores com dados de novembro de 2013,


extraídos da Bolsa de Mercados Futuros.5

5
Disponível em
http://www.bmf.com.br/bmfbovespa/pages/boletim1/bd_manual/indicadoresFinanceiros1.asp
30

US$ = R$ 2,2026
Euro = R$ 2,9995
IGP-M = 533,621 pontos
IPCA = 3.738,99 pontos
Ibovespa (cotação média) = 54.095 pontos
IBrX-50 (cotação média) = 8.954 pontos

Por ser o investimento de maior popularidade entre os brasileiros, destacamos alguns indicadores
referentes à poupança no decorrer de 2013.
Tabela 7: Indicadores da poupança de julho a novembro de 2013
Poupança

mês % no mês % no ano % últ. 12 meses

jul/13 0,50 3,55 6,18

ago/13 0,50 4,07 6,17

set/13 0,51 4,60 6,18

out/13 0,56 5,18 6,24

nov/13 0,52 5,73 6,26

Fonte: http://www.bmf.com.br/bmfbovespa/pages/boletim1/bd_manual/indicadoresFinanceiros1.asp

Para construir taxas em contextos inflacionários, é necessário inclui-la. Neste caso,


temos o que é chamado rendimento aparente. Observe.

Figura 3: Composição de taxas de juros

As taxas são compostas, de modo geral, pelos custos envolvidos, o lucro pretendido,
além de um percentual de risco do negócio e de uma compensação monetária da
inflação.
31

A taxa real de juros (𝒊𝒓 ) é o rendimento, ou seja, custo de uma transação financeira
sem os efeitos da inflação.

Diz-se que taxa aparente (𝒊𝒂 ) é a taxa em vigor nas operações


correntes, ou seja, construída pela composição conforme figura
3.Inclui, portanto, a correção monetária decorrente do contexto
inflacionário.

A expressão que relaciona tais taxas é:

(1 + 𝑖𝑎 ) = (1 + 𝑖𝑟 )(1 + 𝐼),

onde 𝐼 é a taxa correspondente à correção pela inflação. Observe que a inflação se


sobre a taxa real pela multiplicação e vice-versa. Depende, obviamente, do contexto.

Exemplo: Para um investimento de $2.200 que obteve rendimento total de $327,


se os juros recebidos foram de $57, determine as taxas aparente, real e a
correção monetária utilizada na aplicação. Qual o índice de correção monetária
considerado?

Inicialmente, o rendimento total determina a taxa aparente de juros. Logo,

327,00
= 0,14864 = 14,864%.
2.200

Como $57,00 são os juros recebidos, correspondem à taxa real de juros. Assim,

(1 + 0,14864) = (1 + 𝑖𝑎 )(1 + 𝐼).

57,00
Como 57,00 correspondem a = 0,07727 = 7,727% da taxa aparente, temos
2.200,00

que:

1,14864 1,14864
(1 + 0,14864) = (1 + 𝑖𝑎 )(1 + 𝐼) ↔ (1 + 𝐼) = = 1,07727 = 0,97814.
1+𝑖𝑎

Conclui-se, assim, que 𝐼 = 6,625%.


32

Para atualizar planilhas de amortização de dívidas, você deve estabelecer a


atualização sempre sobre o saldo devedor e é sobre este valor que deverá incidir a
taxa de juros.

Avalie a planilha a seguir que apresenta o demonstrativo da quitação de uma dívida


de $200.000,00 à juros de 23% ao ano, considerando-se 3% de correção monetária a
cada ano. São 10 parcelas anuais e o pagamento deve ser feito pela Tabela Price.

Tabela 8: Demonstrativo de quitação de dívida considerando atualização monetária


Período Prestação
SDCorrigido Amortização Juros Prestação Saldo Devedor
(anos) atualizada

0 R$ 200.000,00

1 R$ 206.000,00 R$ 7.012,54 R$ 46.350,00 R$ 51.808,30 R$ 53.362,54 R$ 198.987,46

2 R$ 204.957,08 R$ 8.848,08 R$ 46.115,34 R$ 51.808,30 R$ 54.963,42 R$ 196.109,00

3 R$ 201.992,27 R$ 11.164,06 R$ 45.448,26 R$ 51.808,30 R$ 56.612,32 R$ 190.828,21

4 R$ 196.553,05 R$ 14.086,26 R$ 44.224,44 R$ 51.808,30 R$ 58.310,69 R$ 182.466,80

5 R$ 187.940,80 R$ 17.773,33 R$ 42.286,68 R$ 51.808,30 R$ 60.060,01 R$ 170.167,47

6 R$ 175.272,49 R$ 22.425,50 R$ 39.436,31 R$ 51.808,30 R$ 61.861,81 R$ 152.846,99

7 R$ 157.432,40 R$ 28.295,38 R$ 35.422,29 R$ 51.808,30 R$ 63.717,67 R$ 129.137,02

8 R$ 133.011,13 R$ 35.701,70 R$ 29.927,50 R$ 51.808,30 R$ 65.629,20 R$ 97.309,43

9 R$ 100.228,72 R$ 45.046,61 R$ 22.551,46 R$ 51.808,30 R$ 67.598,08 R$ 55.182,10

10 R$ 56.837,57 R$ 56.837,57 R$ 12.788,45 R$ 51.808,30 R$ 69.626,02 R$ 0,00

R$ 1.620.225,50 R$ 247.191,03 R$ 364.550,74 R$ 518.082,96 R$ 611.741,77


Total
Fonte: elaborada pela Autora.

A partir da construção dos conceitos apresentada até o momento, você está apto a
estabelecer técnicas da engenharia econômica para avaliação de investimentos.
33

MÓDULO 2 – Engenharia Econômica

A análise de investimento estabelece um conjunto de técnicas que permitem de forma


científica a comparação entre os resultados diferentes a alternativas diversas.
Envolvem decisões de aplicações de capital em projetos que prometem retornos por
vários períodos consecutivos.

O processo de análise ou avaliação de projetos de investimentos exige, pela sua


natureza, a avaliação de técnicas da matemática financeira nos processos de tomada
de decisão. À aplicação dessas técnicas chamamos engenharia econômica.

Os elementos essenciais para a análise de viabilidade de investimentos são:

 Fluxo de Caixa Líquido;

 Taxa Mínima de Atratividade;

 Origens do Investimento;

 Origens das Propostas;

 Tipificação do Investimento.

Além disso, você deverá construir os fluxos de caixa líquidos. Observe os fluxos a
seguir. O primeiro é o fluxo com entradas e saídas. O segundo faz a compensação
dos valores e apresenta apenas os valores líquidos.
34

Figura 4: Fluxo de caixa líquido


Fonte: elaborado pela Autora.

1. Taxa Mínima de Atratividade (TMA) e Taxa Interna de Retorno (TIR)

A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é a taxa de retorno exigida para o investimento,


ou seja, é o parâmetro para a avaliação da viabilidade do projeto.

Em termos práticos, a TMA deve ser a taxa de juros utilizada pelas técnicas da
engenharia econômica.

No Brasil, a TMA tem algumas preferências entre o público:

 Pessoas físicas: rentabilidade oferecida pelo mercado (caderneta de


poupança, depósitos a prazo fixo etc.)
 Pessoas jurídicas: depende do prazo, da importância estratégica das
alternativas, da situação econômica financeira da empresa etc.

O exemplo que segue apresenta o problema de determinar o valor presente do fluxo


de caixa considerando a taxa de juros como TMA.

Exemplo: Determine o valor presente do fluxo de caixa abaixo para cada uma das
taxas a seguir.

Fluxo de caixa:
35

Anos Capitais ($)


0 -1.000
1 140
2 300
3 410
4 580

Taxas Mínimas de Atratividade: 0%,6%, 12%, 15%, 20% 30%.

Limitamos aqui à montar a equação de valor. Cabe a você substituir cada uma das
taxas, determinando, assim, o valor presente do fluxo de caixa para cada uma delas.

Equação de valor:

1000 140 300 410 580


𝑉𝑃6 = − + + + +
1 + 𝑇𝑀𝐴 (1 + 𝑇𝑀𝐴)1 (1 + 𝑇𝑀𝐴)2 (1 + 𝑇𝑀𝐴)3 (1 + 𝑇𝑀𝐴)4

Para 0%, os denominadores são todos iguais a 1 e, portanto, basta operar os valores
como são. De fato, se não há expectativa de ganho nada temos a fazer.

A partir dos vários valores presentes, podemos construir a representação gráfica.

500
400
300
200
100
0
0% 3% 6% 9% 12% 15% 18% 21% 24%
(100)
(200)
TMA
(300)

Figura 5: Valor Presente versus TMA


Fonte: elaborado pela Autora

Observe que, quanto maior a TMA, menor é o valor presente.

6
Para diferenciar do contexto da matemática financeira simplesmente, define-se que valor presente será
denotado por VP.
36

Observe a TMA indicada em destaque. Esta TMA determina VP nulo. Ou seja, é a


taxa de juros para a qual o valor presente é igual a zero. A esta taxa chamamos Taxa
Interna de Retorno.

Para o exemplo, a TIR é aproximadamente 12,95%. Ou seja, se substituirmos esta


taxa na equação de valor, encontraremos 𝑉𝑃 = 0.

Para determinar a TIR de um fluxo de caixa, é necessário conhecimentos mais


avançados de matemática, em especial o método numérico da Interação polinomial,
o que não é o escopo da disciplina. Há também o processo de tentativa e erro. Como
estamos lançando mão de calculadoras financeiras, consideraremos esta
possibilidade. Na HP 12C, o comando que fornece a TIR é a segunda função
(amarelo) IRR.

Exemplo: Para o fluxo de caixa, determine a Taxa Interna de Retorno.

A equação de valor para este fluxo de caixa é igual a:

7.500
 5000   0  i  TIR
(1  i)4

Deixamos para você mostrar que 𝑇𝐼𝑅 = 10,668% 𝑎𝑜 𝑎𝑛𝑜..

Exemplo: qual é a Taxa Interna de Retorno no fluxo de caixa?


37

Para determinar por tentativa e erro, estabeleça, por exemplo, 3% e calcule o valor
presente. A partir deste valor, vá alterando a taxa até que o valor presente encontrado
seja zero ou muito próximo dele.

Para executar esta operação na calculadora HP 12C, os comandos são os que


seguem.

2000 CHS CF0 1000 CHS CFj

600 CFj 3 Nj 2000 CFj

f IRR

Importante! A TIR indica a taxa na qual o


capital investido foi recuperado.

Em relação às origens das propostas, essas variam. Podemos ter situações


envolvendo, entre outros, expansão, lançamento de novos produtos, modernização,
instalação e re-localização.

Quanto à tipificação do investimentos, estes podem ser:

 Independentes: são aqueles em que a escolha não afeta os fluxos


de caixa de outras possíveis opções (ou alternativas).
 Economincamente dependentes: as alternativas dependem
economicamente entre si.
38

 Mutuamente excludentes ou exclusivos: na seleção de uma ou mais


propostas, aceitar uma alternativa significa rejeitar as demais. As opções
podem ter iguais ou diferentes horizontes de duração – vida útil.

A seguir, descrevemos algumas técnicas básicas de avaliação de investimentos.

2. Técnicas de avaliação de investimentos

Nesta disciplinas, serão descritas as seguintes técnicas para avaliar a viabilidade de


projetos de investimentos: Método do Valor Presente Líquido, Método da Taxa Interna
de Retorno e Método Payback.

2.1 Método do Valor Presente Líquido (VPL)

O Método do Valor Presente Líquido, ou simplesmente Método do VPL, consiste em


determinar o valor presente líquido do fluxo de caixa e proceder a análise do resultado
considerando as condições a seguir, dependendo da vida útil dos projetos – iguais ou
diferentes.

O Método do VPL corresponde ao excedente de capital em relação ao que se


encontraria investindo à taxa referência – TMA.

Alternativa única

Para alternativa única: considerando-se uma TMA, determina-se o VPL e avalia


segundo os seguintes critérios de decisão:.

VPL  0  viável

VPL  0  inviável
VPL  0  indiferente

Observe que se VPL = 0, a TMA considerada é a taxa interna de retorno.


É importante destacar que:
(1) VPL > 0 indica que para a TMA fixada há um excedente em relação ao
capital investido.
39

(2) VPL < 0 significa que à TMA fixada, não houve excedente e portanto, não
houve recuperação do capital investido.

Duas ou mais alternativas

Será selecionada a alternativa que apresentar maior VPL.

Os critérios acima se referem à análise de receitas. Para o caso de análise de custos,


os critérios são inversos.

O VPL compara o investimento puro de todo o capital à taxa considerada e a


rentabilidade do fluxo de caixa.

Em relação à vida útil dos projetos de investimento, chamados investimentos não-


homogêneos, exige-se a repetição dos ciclos até que o horizonte de todos seja
idêntico.

Para tal, o VPL de cada alternativa com duração igual ao Mínimo Múltiplo Comum
(MMC) dos horizontes coincidirá com o VPL, de cada alternativa, com duração igual a
um ciclo, o que exclui a sua aplicação para duas alternativas.

2.2 Método do Payback

O Método do Payback consiste em determinar o tempo de retorno do capital investido.


Há duas opções: Payback Simples e Payback Composto.

No primeiro, os capitais são descapitalizados à taxa zero, ou seja, não se considera o


tempo em que está o valor do futuro. No Payback Composto, o processo consiste em
descapitalizar o fluxo de caixa a partir da TMA para avaliar quanto tempo deve ser
necessário para retomar o capital investido.

Esse método é frágil pela sua própria estrutura e deve ser considerado como uma
avaliação inicial, mas nunca isoladamente.
40

Ambos os fluxos apresentam 3 anos de recuperação do capital investido. Assim, seria


indiferente aplicar em um outro investimento. No entanto, no segundo caso, a técnica
desconsiderou as entradas a mais que apresenta em relação ao primeiro
fluxo. Esta é uma fragilidade importante do Método do Payback.

A partir desta três técnicas, você estará apto a avaliar seu projeto de
investimento. Na próxima seção, você será apresentado a alguns elementos
importantes a constar no seu projeto, além da coleta e prospecção de resultados
futuros.

2.3 Elementos essenciais a um projeto de investimento

Como a avaliação é feita sobre fluxos de caixa, é importante destacar que o fluxo de
caixa representa a renda econômica gerada por ele ao longo da vida útil estabelecida.
São construídos com base nos valores recebidos e não nos lucros e rendimentos
contábeis.

Os diagramas a seguir sintetizam elementos importantes a observar no seu projeto.


41
42

Com isto, encerramos a síntese que servirá de apoio ao seus estudos nesta disciplina.

Lembre-se que você deverá apresentar um projeto de investimento e a respectiva


análise de viabilidade para compor a avaliação do seu aproveitamento na disciplina.

Anexe a este material as listas de exercícios e o material distribuído no decorrer dos


trabalhos.

Portanto, bom trabalho a todos!


43

Planejamento da Disciplina

Curso: MBA em Controladoria Empresarial


Disciplina: Matemática Aplicada a Finanças
Prof.: Rodrigo Vieira
Duração: 40 horas

Ementa: Analisar e aplicar as várias formas de fluxo de caixa usadas pelas empresas
e desenvolver as ferramentas matemáticas necessárias para elaboração de projetos
de investimentos.

Cronograma: as aulas ocorrerão nos dias 7 e 21 de julho, e 04 e 18 de agosto de


2013.

Conteúdo Programático

Módulo Conteúdo
Matemática Financeira: Conceitos básicos, sistemas de
1 capitalização, séries de pagamentos, sistemas de amortização
de dívidas
Engenharia econômica:
- Taxa Mínima de Atratividade
2
- Taxa Interna de Retorno

- Métodos determinísticos de análise de investimentos: VAUE,


VPL, TIR
- Métodos não exatos
3
- Comparações envolvendo taxas de retorno: Método da Taxa
Interna de Retorno, Interseção de Fischer e Taxa de Retorno
Modificada
4 Aplicação da análise de investimentos em projetos.

Estratégias e recursos
A disciplina será desenvolvida por meio de aulas expositivas dialógicas, resolução de
exercícios e elaboração de projeto. Serão considerados os recursos multimídias
usuais e planilhas eletrônicas (no laboratório de informática)

Referências

ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira e suas aplicações. São


Paulo: Atlas, 2003.

GOMES, J. M; Mathias, W.F. Matemática financeira. São Paulo: Atlas, 2004.

HIRSCHFELD, Henrique. Engenharia econômica e análise de custos. São Paulo:


Atlas,
45

KOPITTIKE, Bruno H.; CASAROTTO FILHO, Nelson. Análises de investimentos. 11


ed. São Paulo: Atlas, 2010.

LAPPONI, Juan Carlos. Matemática financeira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

VANNUCCI, Luiz Roberto. Matemática financeira e engenharia econômica. São


Paulo: Edgar, Blucher, 2013.
46

APÊNDICE

1. Formulário

Juros 𝐽 = 𝑃𝑖𝑛
Montante 𝐹 = 𝑃(1 + 𝑖𝑛)
𝐷𝑐 = 𝑁𝑑𝑛
Desconto Simples Comercial
𝑉𝑐 = 𝑁(1 − 𝑑𝑛)
𝑛
Capitalização Simples 𝑉𝑟 =
Desconto Simples Racional 1 + 𝑑𝑛
𝑁𝑑𝑛
𝐷𝑟 =
1 + 𝑑𝑛
𝑑
Relação entre taxa de juros e 𝑖=
taxa de desconto 1 − 𝑑𝑛

Montante 𝐹 = 𝑃(1 + 𝑖𝑛)


Capitalização Composta Desconto Comercial (ou 𝑉 = 𝑁(1 − 𝑑)𝑛
Bancário)
𝑖(1 + 𝑖)𝑛
(𝐴⁄𝑃 , 𝑖, 𝑛)
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
(𝑃⁄𝐴 , 𝑖, 𝑛)
Postecipada 𝑖(1 + 𝑖)𝑛
𝑖
(𝐴⁄𝐹 , 𝑖, 𝑛)
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
(𝐹 ⁄𝐴 , 𝑖, 𝑛)
𝑖
𝑖(1 + 𝑖)𝑛−1
Série Uniforme (𝐴′⁄𝑃 , 𝑖, 𝑛)
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
(𝑃⁄𝐴 ′, 𝑖, 𝑛)
𝑖(1 + 𝑖)𝑛−1
𝑖 1
Antecipada ×
(𝐴′⁄𝐹 , 𝑖, 𝑛) 𝑛
(1 + 𝑖) − 1 1 + 𝑖

(1 + 𝑖)𝑛 − 1
(𝐹 ⁄𝐴′ , 𝑖, 𝑛) × (1 + 𝑖)
𝑖

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