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GEODÉSICOS E CARTOGRÁFICOS
CARTOGRAFIA
2015 / 2016
Cartografia
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 4
2 CARTOGRAFIA .............................................................................................................. 6
3 DIRECÇÕES ................................................................................................................ 38
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Cartografia
5 PERFIS ........................................................................................................................ 59
9 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 74
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Cartografia
1 INTRODUÇÃO
A topografia é a ciência que tem por objectivo a representação gráfica e a descrição de uma
zona limitada, mais ou menos extensa, da superfície terrestre, de forma a ser possível a
avaliação da sua configuração e seus recursos. Com vista à obtenção dessa representação,
que é efectuada por meio do desenho de uma carta ou planta topográfica, podem definir-se
dois grandes domínios:
- PLANIMETRIA – ramo da topografia que define a posição relativa, sobre um plano, de todos
os aspectos necessários para definir a forma e dimensões dos acidentes do terreno;
- ALTIMETRIA – ramo da topografia que define a cota (distância medida na vertical entre o
plano representativo de cada acidente considerado e um plano de referência) ou altitude
(distância medida na vertical entre o plano representativo de cada acidente considerado e a
superfície do geóide) de cada acidente do terreno, para representação do relevo do terreno.
Com recurso à Astronomia, através da observação dos astros, é possível determinar a posição
geográfica (coordenadas astronómicas1) rigorosa de um ponto, denominado origem
fundamental, do qual se calculam as coordenadas geodésicas e o azimute de uma direcção,
também denominada direcção de referência, e que constituem a base de cálculo das
coordenadas de vários outros pontos de referência, também denominados vértices
geodésicos. Este tema será posteriormente tratado como “Apoio das operações topográficas
de campo”.
1 As coordenadas astronómicas, para cada ponto, são definidas tendo em consideração a vertical no
ponto em questão, que é uma entidade física, independente da superfície de referência (elipsóide,
adoptado). As coordenadas geodésicas de um ponto são definidas através da normal ao elipsóide de
referência utilizado na representação e como tal são dependentes das suas características físicas. Os
desvios angulares entre as duas normais a um mesmo ponto podem assumir grandes proporções em
geodesia e serem responsáveis por resultados discordantes, até então atribuídos aos erros das
observações.
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Cartografia
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2 CARTOGRAFIA
A Cartografia tem por objectivo representar num plano a superfície terrestre. Para o efeito
estuda e utiliza sistemas de representação plana e sistemas de projecção que permitem a
transferência de coordenadas dos pontos geodésicos à superfície terrestre para as
correspondentes coordenadas sobre o plano, que constitui a base da carta. Para a definição
e utilização dos sistemas de representação plana e dos sistemas de projecção torna-se
necessário definir, à priori, a forma e dimensões da Terra.
A forma esférica foi atribuída para representação da superfície terrestre desde há vários
séculos, baseada em observações de fenómenos naturais.
Aristóteles (séc. IV A.C.) atribuiu a forma esférica à Terra uma vez que notou que no mar, os
navios desapareciam da vista, primeiro o casco e depois o mastro, em vez de se tornarem
ambas as partes progressivamente de menores dimensões, situação que ocorreria se a Terra
fosse plana.
Eratóstenes (276-195 A.C.) avaliou o raio da Terra a partir do conhecimento da distância entre
duas cidades do Egipto que supunha situarem-se sobre o mesmo meridiano, Sienna (actual
Assuão) e Alexandria. Verificou que ao meio-dia do dia 21 de Junho o sol não produzia
sombras nas paredes dos poços situados em Sienna, e concluiu que naquela data o sol
passava pelo zénite do lugar (vertical do lugar). No solstício seguinte foi-lhe possível medir,
em Alexandria, o comprimento da sombra projectada no solo por uma vara de um dado
comprimento e concluiu que, se as verticais de ambos os locais fossem prolongadas até ao
centro da Terra o ângulo por elas formado seria de 7°12' (Figura 2.1). Assim, dado que a
distância entre as duas cidades é de cerca de 925 km e corresponde a um arco de
7°12' / 360°, estimou o valor de 46250 km para o perímetro da circunferência terrestre. Na
Figura 2.1 apresenta-se um esquema das relações geométricas utilizadas por Eratóstenes na
determinação do raio da Terra (Robinson et al., 1995).
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Cartografia
Figura 2.1 - Relações geométricas utilizadas para definição do raio da esfera terrestre
(adaptado de Robinson et al., 1995)
ii. Superfície do Geóide que é uma superfície fictícia definida de forma a ser normal
em cada ponto à vertical do lugar. A superfície do geóide, tal como a superfície física,
não é adequada ao cálculo das coordenadas da rede de triangulação geodésica uma
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Cartografia
vez que não é possível a sua tradução matemática. A superfície do geóide é a superfície
de referência, utilizada em cartografia, para a realização de cálculos altimétricos, e
coincide com o nível médio das águas do mar, supostamente prolongado sob os
continentes, descontando a ondulação provocada pelo vento e a influencia das marés
(função das posições relativas da Terra, Lua, Sol e dos outros planetas do Sistema
Solar);
O afastamento, em cada ponto, das superfícies do geóide e elipsóide designa-se por oscilação
do geóide. A Figura 2.3 e a Figura 2.4 mostram duas representações distintas da superfície
do geóide.
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Vários elipsóides de referência tem sido adoptados e utilizados ao longo dos tempos e em
várias situações diferentes, verificando-se que actualmente quase todos os países da Europa
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1 - Seria importante a adopção do elipsóide internacional, ainda que tal não constituísse
imposição para países cuja triangulação fosse antiga ou avançada, pois tal implicaria
refazer os cálculos das redes já existentes;
No Quadro 2.1 são apresentadas as dimensões propostas para vários elipsóides, bem como
o correspondente achatamento, obtido através da relação entre a diferença dos comprimentos
dos semi-eixos maior e menor e o comprimento do semi-eixo maior. As diferenças
encontradas para os comprimentos dos semi-eixos e correspondentes achatamentos, nos
diversos elipsóides de referência apresentados, são devidas a diferentes precisões nas
2 John Fillmore Hayford (1868 – 1925). Eminente geodesista norte-americano que determinou as
condições de construção do elipsóide internacional.
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Como se pode verificar através da análise do Quadro 2.1 os elipsóides adoptados para a
representação da superfície terrestre caracterizam-se por possuir pequeno achatamento o
que permite concluir que de facto a forma da Terra se aproxima da de uma esfera.
Assim, para representações planimétricas pode aceitar-se a hipótese da Terra Plana desde
que a extensão da zona a representar não exceda 25-30 km, e para representações
altimétricas a extensão da zona a representar não deverá exceder 150-200 m.
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Quando em qualquer representação a simplificação da Terra Plana não puder ser considerada
torna-se necessário recorrer a outras simplificações, para efectuar a planificação do elipsóide
ou da esfera e a subsequente obtenção de cartas.
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Existem vários sistemas de representação plana, alguns dos quais possibilitam a manutenção
de uma ou mais das características geométricas da superfície inicial (esfera ou elipsóide) em
detrimento de outras, e outros podem não preservar nenhuma das propriedades geométricas
mas conduzem a deformações de pequena magnitude, aspecto que poderá ser importante
em algumas representações.
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Existem três tipos de superfícies geométricas nas quais se apoiam, pelo menos parcialmente,
a maior parte das projecções cartográficas efectuadas. Essas superfícies são a superfície
cilíndrica, a superfície cónica e a superfície plana e definem, respectivamente, as projecções
cilíndricas, cónicas e azimutais.
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Figura 2.7 - Projecção cilíndrica tangente directa (A), transversa (B) e oblíqua
(C)
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A Figura 2.9 mostra o aspecto das deformações introduzidas pela projecção cilíndrica (seja
ela directa, transversa ou oblíqua). Como se vê, as deformações aumentam de forma
significativa à medida que aumenta a distância à linha de tangência (A). No caso de a
projecção ser secante (B), as deformações aumentam também à medida que cresce a
distância às linhas de secância, com a diferença de, neste caso, o factor de escala (relação
entre as distâncias medidas sobre a superfície de referência e a superfície da projecção) na
zona situada entre as linhas de secância seja inversa à que se verifica nas zonas exteriores.
3 Johann Carl Friedrich Gauss (1777-1855). Famoso matemático, astrónomo e físico alemão.
4 Johannes Heinrich Louis Krüger (1857-1923). Geodesista alemão. Criou a projecção Gauss-Krüger.
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Para se obter uma projecção cónica considera-se a superfície de referência envolvida por um
cone, que lhe pode ser tangente ou secante (Figura 2.10). Existem várias projecções cónicas
diferentes, sendo que, tal como nas projecções cilíndricas, também aqui o cone pode estar
posto na posição directa, transversa ou oblíqua.
Uma das projecções cónicas mais conhecidas é a projecção cónica de Lambert. É uma
projecção conforme pois os ângulos são praticamente conservados, a alteração linear é nula
ao longo do paralelo central, aumentando para norte e para sul do mesmo. Este sistema é
utilizado em França, tendo o território sido dividido em três zonas que se denominam Lambert
Norte; Lambert Centro e Lambert Sul (Figura 2.11), e em Espanha e na Suécia para
elaboração de algumas cartas.
Como se pode ver na Figura 2.10, os meridianos do elipsóide ou da esfera são representados
através de segmentos de recta convergentes no vértice do cone e os paralelos são
representados através de círculos concêntricos, centrados no mesmo ponto.
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Tal como atrás se fez referência para o caso das projecções cilíndricas, também nas
projecções cónicas se introduzem deformações que aumentam com a distância às linhas de
tangência ou secância (Figura 2.12).
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É possível a existência de um número infinito de projecções azimutais, mas apenas cinco são
bem conhecidas; a projecção equivalente de Lambert, a estereográfica (ponto de projecção é
o antípoda do ponto de tangência), a azimutal equidistante, a ortográfica (ponto de projecção
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Cartografia
Para a referenciação de pontos ou seja, para a definição da sua posição num plano face a um
sistema de eixos coordenados, é necessário definir processos gerais que permitam identificar
e localizar pontos de referência de uma maneira uniforme e precisa sem exigir o conhecimento
da região, poderem estes processos ser aplicáveis a grandes áreas e utilizáveis em cartas
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Cartografia
Para possibilitar a identificação de qualquer ponto da superfície terrestre, com recurso aos
sistemas de referenciação, é necessário definir para cada sistema de referenciação uma
origem ou referência, constituída por um ponto perfeitamente definido – ORIGEM – e duas
direcções de referência que se intersectem sobre a origem – EIXOS COORDENADOS. A
materialização deste esquema sobre a carta é feita através da marcação de uma quadrícula
graduada que permitirá facilmente determinar as coordenadas de qualquer ponto da carta.
Paralelo de lugar é um círculo menor paralelo ao equador que passa pelo lugar
considerado.
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Equador
A intersecção do Equador com o Meridiano de Greenwich permitiu definir, para origem das
coordenadas geográficas, um ponto no golfo da Guiné.
A latitude, utilizada para localizar a posição N-S de qualquer ponto, depende da curvatura da
superfície terrestre e da forma utilizada na sua representação para aproximação à realidade.
A latitude de um ponto é representada através do arco, medido sobre o meridiano de lugar,
compreendido entre o equador e o paralelo de lugar. Pode variar de 0° a 90° para Norte ou
para Sul do equador.
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Cartografia
Altitude de um ponto ou de um lugar é a distância medida na vertical entre esse lugar e uma
superfície de referência ou superfície do geóide (Figura 2.19). A superfície do geóide, altitude
de zero metros, corresponde ao nível médio das águas do mar supostamente prolongado sob
os continentes. A superfície do geóide, em Portugal, é definida pelos valores registados no
marégrafo de Cascais.
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Cartografia
A cartografia existente no nosso país utiliza dois sistemas de representação plana (Gauss e
Bonne5) e baseia-se na adopção de dois elipsóides de referência (Hayford e Bessel6),
conduzindo a 5 sistemas diferentes de coordenadas rectangulares. No Quadro 2.3 são
apresentados os sistemas utilizados na elaboração das cartas Portuguesas, com as suas
características principais:
O datum (plural = data) que é um ponto utilizado como referência ou como base para
o estabelecimento de redes de triangulação. É um ponto, onde por convenção se
define a tangência entre as superfícies do elipsóide e do geóide, ou seja, onde os
desvios da vertical (ângulos que definem a diferença entre a vertical de um lugar e
a normal ao elipsóide) são nulos. Os desvios da vertical dão indicação, em cada
ponto, das diferenças entre coordenadas astronómicas e coordenadas geodésicas
referidas ao elipsóide; se os mesmos são nulos pode dizer-se que as coordenadas
astronómicas e geodésicas se igualam;
5 Rigobert Bonne (1729 - 1795). Eminente cartógrafo francês. A projecção de Bonne é uma projecção
pseudo-cónica, parcialmente equivalente (conserva as áreas), na qual os paralelos são representados
como arcos de círculo concêntricos. O meridiano central é uma linha recta, sendo os restantes
representados como curvas (semelhante à projecção cilíndrica transversa).
6 Friedrich Wilhelm Bessel (1784 - 1846). Matemático e astrónomo alemão.
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Cartografia
Sistemas Cartográficos
Este sistema utiliza o elipsóide de referência com a mesma designação (WGS84), identificado
como sendo um elipsóide de revolução geocêntrica e equipotencial, (superfície onde o
potencial gravítico é o mesmo em qualquer ponto). As dimensões dos semi-eixos são
respectivamente 6378137,0 m para o maior e 6356752,3142 m para o menor.
Este elipsóide tem por base o geóide WGS84 que apresenta uma precisão de 1 metro ou
melhor, em qualquer ponto da superfície terrestre.
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Cartografia
http://ecalero.tripod.com/sitebuildercontent/sitebuilderfiles/wgs-84.pdf
Como referência ao Datum Castelo de S. Jorge pode referir-se que em 1787 foi inaugurado o
Observatório Astronómico da Academia das Ciências de Lisboa numa das torres do Castelo
de S. Jorge, ponto tomado para a materialização do Datum. O referido observatório foi
posteriormente demolido, tendo sido anulada a materialização do Datum. Actualmente existe
numa posição próxima, um vértice geodésico, Lisboa, que integra a rede de triangulação
geodésica.
O sistema de Bessel Bonne (SBB), como se pode verificar da análise do quadro anterior, foi
utilizado nas cartas do IPCC (Instituto Português de Cartografia e Cadastro, ex IGC - Instituto
Geográfico e Cadastral e actual IGP – Instituto Geográfico Português) nas escalas 1/100.000
e 1/50.000 e também nas cartas temáticas7 que tiveram por base as referidas cartas do IPCC,
como por exemplo a Carta Geológica de Portugal à escala 1:50.000, a Carta Hidrogeológica
da Orla Algarvia à escala 1/100.000 e as Cartas Geológica e Mineira de Portugal à escala
1/500.000.
Nas imagens da Figura 2.21 apresentam-se, para cada sistema referido, o sistema de
coordenadas rectangulares mais utilizados quer a nível nacional (Quadrícula MP e Quadrícula
7 Cartas temáticas são cartas que evidenciam determinados aspectos específicos (ver capítulos
seguintes).
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Cartografia
UTM) quer a nível internacional, com a referenciação da sua origem e com a correspondente
orientação dos eixos coordenados.
A existência de todos os sistemas referidos pode colocar problemas, ao utilizador, sob o ponto
de vista da localização de um mesmo ponto em cartas com diferentes sistemas. Este aspecto
pode ser ultrapassado uma vez que existem relações aproximadas que permitem a mudança
de coordenadas entre os vários sistemas. As relações referidas são as seguintes, com as
coordenadas X, Y, M, P, expressas em km:
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Cartografia
2.5 QUADRÍCULAS
Os eixos coordenados na quadrícula militar portuguesa são paralelos aos eixos coordenados
correspondentes com origem no ponto central.
O território é coberto por uma malha quadrangular com 100 km de lado (malha
centiquilométrica), segundo segmentos de recta paralelos aos eixos coordenados referidos.
Cada quadrado com 100 km de lado é designado por uma letra de A a Z (excepção para o I,
já que se trata de um caracter passível de ser confundido com o algarismo 1 “um”), de Oeste
para Este e de Norte para Sul, com se pode ver na Figura 2.22.
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Cartografia
A fracção da superfície terrestre localizada entre os paralelos 84° N e 80° S está dividida, por
meio de meridianos espaçados de 6°, em 60 fusos numerados de 1 a 60 a partir do
antemeridiano de Greenwich, crescendo para este. A fracção referida está também
subdividida por paralelos intercalares com espaçamento constante de 8°, com excepção do
paralelo situado mais a norte cujo intervalo é de 12°. Cada porção delimitada por dois
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Cartografia
paralelos consecutivos denomina-se faixa (20 faixas no total) e é identificada por uma letra,
de C a X com excepção das letras I e O, a partir do paralelo 80° S. Ficam assim definidas
1200 zonas constituídas por 60 fusos e por 20 faixas. Na Figura 2.23 pode verificar-se este
aspecto com apresentação das designações utilizadas em cada zona (fuso e faixa). Na Figura
2.24 apresenta-se a planificação de um fuso da quadrícula UTM.
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Cartografia
Cada fuso apresenta um sistema de eixos de referência próprio (Figura 2.25) constituído por:
Como forma de adensar a malha ou quadrícula em cada área definida por um fuso e uma
faixa vão ser considerados quadrados com 100 km de lado identificados por um conjunto de
duas letras. Cada um destes quadrados é ainda subdividido, por meio de linhas paralelas às
meridianas e perpendiculares de origem, em quadrados com 1 km de lado. Na Figura 2.26
apresenta-se a referenciação das zonas (fuso + faixa) e a identificação dos quadrados de
100 km de lado. Na Figura 2.27 apresenta-se uma divisão da quadrícula, referente à malha
quilométrica, que é a que surge representada nas cartas do IGeoE à escala 1/25.000. Como
se verifica, Portugal Continental encontra-se localizado, na quadrícula UTM, no fuso 29 e nas
faixas S e T.
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Cartografia
Na referenciação de qualquer ponto, numa carta que apresente a quadrícula UTM, deverão
indicar-se as designações apresentadas para o fuso, a faixa, o quadrado de 100 km de lado
e as coordenadas quilométricas correspondentes. Nas diferentes folhas que constituem a
carta à escala 1/25.000 vem apresentado, na margem inferior e ao centro, a forma de efectuar
a referenciação de pontos conforme se mostra na Figura 2.28.
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Cartografia
Na Figura 2.29 é apresentada a metodologia seguida para definição das coordenadas UTM
do vértice geodésico “Alfeizerão”, constante da folha 316 da Carta Militar de Portugal na
escala 1:25.000.
Medir ou estimar a distância natural (escala da carta) dessa linha ao ponto 587
Medir ou estimar a distância natural (escala da carta) dessa linha ao ponto 487
Com base na informação constante do quadro da Figura 2.29, conclui-se que as coordenadas
do vértice ALFEIZERÃO, apresentadas de acordo com o sistema UTM, serão:
29SMD9058772487
É importante que este código alfanumérico de coordenadas UTM seja apresentado como uma
sequência contínua de letras e algarismos, isto é, sem deixar espaços e sem introduzir outros
caracteres “estranhos” (virgulas, pontos, traços, …), de modo a não inviabilizar a sua leitura
automática através dos meios informáticos que tratam este tipo de informação.
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Cartografia
Decompondo o código acima apresentado, pode ver-se que as informações nele contidas são:
Note-se que os valores das distâncias à Meridiana e à Perpendicular são aprestados sem a
informação centiquilométrica, ou seja, em cada um dos valores o primeiro algarismo está
sempre em dezenas de quilómetros. Por exemplo, se a distância efectiva do vértice
“Alfazeirão” à meridiana de origem fosse 590.587 m (e.g.), seria o algarismo 5 que estaria
omitido (5 centenas de quilómetros). Do mesmo modo, se a distância efectiva à Perpendicular
(Equador) fossem 4.372.487 m (e.g.), seriam os algarismos 4 e 3 (43 centenas de quilómetros)
que estariam omitidos. Isto porque ao indicarem-se as letras que definem o quadrado de
100km de lado (neste caso as letras MD) já se está a reduzir o espaço a uma área onde não
existem distâncias superiores a 100km).
Note-se ainda que neste exemplo a localização do ponto está dada com uma precisão de 1
metro, uma vez que as distâncias à Meridiana e Perpendicular são dadas com 5 algarismos
(o primeiro está em dezenas de quilómetros, o segundo em quilómetros, o terceiro em
centenas de metros, o quarto em dezenas de metros e o quinto em metros). Se quiséssemos
referenciar o mesmo ponto com uma aproximação às centenas de metros, apresentaríamos
o código com o seguinte aspecto (retiram-se os dois últimos algarismos dos valores das
distâncias à Meridiana e à Perpendicular):
29SMD905724
29SMD90587248
Por fim, refira-se que no caso de as coordenadas estarem referidas a um ponto que não dista
mais de 18° em latitude ou longitude de um determinado local conhecido, é aceitável omitir a
informação relativa à zona (fuso e faixa), uma vez que nesse intervalo (nessa “vizinhança”)
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Cartografia
não há repetição das letras que referenciam os quadros. Aplicando esta modalidade ao caso
do vértice de “Alfeizerão” acima apresentado, ficaria:
MD9058772487
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2.6 CONCLUSÃO
Para além dos sistemas de coordenadas rectangulares apresentados existem vários outros
com utilizações preferenciais noutras situações.
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3 DIRECÇÕES
Direcção é uma entidade materializada por um segmento de recta segundo o qual se pode
dirigir, apontar ou deslocar algo. As direcções expressam-se em unidades de medida angular
sendo o sistema sexagesimal o mais utilizado (grau, minuto e segundo sexagesimais).
Quando se pretende medir alguma entidade é sempre necessário definir uma origem; para se
definir uma direcção torna-se necessário definir uma direcção de origem ou de referência. A
direcção de referência normalmente utilizada é a direcção do norte, a qual em cartografia e
para fins de orientação não é única, podendo distinguir-se três nortes:
Norte geográfico que é a direcção da linha que une um local da Terra com o Pólo
Norte; os meridianos geográficos indicam a direcção do Norte geográfico. Nos
diagramas de declinação de cartas esta direcção é representada por um asterisco,
como se pode verificar na Figura 3.1.
Norte magnético que é a direcção indicada pela agulha magnetizada de uma bússola.
A agulha magnetizada de uma bússola indica-nos a direcção do pólo norte magnético,
que na maior parte das situações não coincide com o pólo norte geográfico. Esta
direcção varia de local para local e num mesmo local sofre flutuações sazonais (ao
longo do tempo). É usualmente representada por uma seta no diagrama de declinação
de uma carta, sendo também apresentado no diagrama a metodologia a utilizar para
aferir em cada ano e para cada local esta direcção, dado que em cada carta a direcção
do norte magnético foi definida para o ano de edição da mesma.
No ponto 3.3 será abordado este diagrama de declinação com referência aos ângulos
formados entre direcções de referência.
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Cartografia
A metodologia mais utilizada para definir uma direcção é a que utiliza o conceito de ângulo
azimutal, o qual é definido como sendo o ângulo horizontal, contabilizado a partir de uma
direcção de referência, no sentido do movimento dos ponteiros do relógio (sentido retrógrado),
considerando-se o seu vértice como centro do círculo azimutal (Figura 3.2).
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9Os serviços geológicos dos Estados Unidos (U.S. Geological Survey) elaboram gráficos de isogónicas
detalhados de 5 em 5 anos.
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1580 – 11°E;
1820 – 24°W;
1985 – 5°W;
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4 REPRESENTAÇÃO DO TERRENO
4.1 ESCALAS
Escalas numéricas decimais, que são das mais utilizadas, e que se representam
1 1 1 1 1
genericamente por , podendo dar origem às escalas , , , , , ;
10 10 100 1000 100000
2
Escalas numéricas duplas, representadas genericamente por , e que dão origem às
10
1 1 1
escalas , , , , , ;
5 50 50000
1
Escalas numéricas subduplas, representadas por e que originam
210 n
1 1 1 1
, , , , , ;
2 20 200 200000
4
Escalas numéricas quádruplas representadas por que englobam as escalas
10 n
1 1
numéricas ... , , ... , , ... .
25 25000
Nas cartas com escalas médias e pequenas, normalmente menores ou iguais a 1:25000,
utiliza-se para comodidade do utilizador uma escala gráfica em associação com a escala
numérica. Uma escala gráfica é constituída por um segmento de recta, impresso na folha da
carta, dividido em partes iguais, correspondendo cada uma delas a uma distância medida no
terreno, que pode ser de 10, 20, 100 m, função da escala da carta. Para a esquerda da origem
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Cartografia
As escalas gráficas podem classificar-se em escalas gráficas decimais simples (Figura 4.1) e
em escalas gráficas decimais compostas ou de dízima (Figura 4.2). A escala gráfica decimal
composta permite contabilizar, com utilização do talão, fracções maiores ou iguais a 1
centésimo da menor divisão da escala principal, como se pode observar na Figura 4.2.
As cartas podem classificar-se em função da sua escala, apesar de esta classificação não ser
universalmente reconhecida, em:
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Cartografia
Há alguns autores que consideram ainda dentro deste critério de classificação as Cartas a
escalas muito pequenas, como sendo as que apresentam escalas inferiores a 1:200.000.
Quanto mais minuciosa for a carta maior deverá ser a escala da carta de modo a evitar que
os pormenores a representar se amontoem de forma confusa.
Para a representação dos detalhes planimétricos da superfície terrestre, os quais dada a sua
dimensão não podem ser na maioria das situações representados à escala da carta, utilizam-
se os sinais convencionais. Os sinais convencionais são símbolos sem representação à
escala da carta que vêm indicados, assim como o seu significado, na legenda da carta. Na
Figura 4.3 é apresentada a legenda da Carta Militar de Portugal do Instituto Geográfico do
Exército (IGeoE), à escala 1:25.000.
Como mostra a legenda representada na Figura 4.3, a Carta Militar de Portugal do IGeoE à
escala 1/25.000, obedece a um código de cores que é comum a muitas outras importantes
cartas nacionais. Este código baseia-se na utilização de cinco cores, cujas atribuições são as
seguintes:
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Cartografia
Para a representação de uma parte da superfície terrestre é necessário, como atrás ficou
expresso, a representação dos pormenores planimétricos localizados à sua superfície, mas
também é imprescindível considerar o seu relevo ou os aspectos altimétricos. São vários os
métodos utilizados na representação do relevo do terreno, de referir o método dos pontos
cotados, o método das curvas de nível, o método das normais, o método hipsométrico ou das
tintas esbatidas e método dos relevos. De todos os métodos indicados e que seguidamente
serão particularizados aqueles que apresentam maior interesse para a topografia são
efectivamente os dois primeiros.
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inclinação do terreno são constantes. Considera-se a inclinação do terreno entre dois pontos
como sendo o ângulo que o segmento de recta que os une faz com o plano horizontal, e o
declive do terreno entre dois pontos como a tangente trignométrica do ângulo de inclinação.
A inclinação do terreno é expressa em graus, grados ou menos frequentemente em radianos
e o declive do terreno é normalmente expresso em % ou apresentado sob forma adimensional,
podendo também ser apresentado sob a forma de um quociente, uma vez que pode ser
determinado pela seguinte expressão:
Este método apesar de simples é pouco elucidativo quanto ao relevo do terreno, utiliza-se em
associação com o método das curvas de nível e serve de base ao seu traçado. A base ou o
cume das elevações, quando por esses pontos não passem curvas de nível, são identificadas
por pontos cotados que ajudam a melhor definir o relevo do terreno. Este método é também
muito utilizado na representação de zonas urbanas pouco acidentadas e em engenharia no
estudo e implantação de redes (drenagem, abastecimento, eléctricas, etc.).
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Cartografia
É o método mais utilizado e consiste em considerar a superfície terrestre cortada por planos
horizontais equidistantes, projectados sobre um plano horizontal estável ou de referência, que
corresponde à base da carta (Figura 4.5). As intersecções dos vários planos horizontais de
nível com a superfície do terreno denominam-se curvas de nível.
Pode definir-se uma curva de nível como sendo o lugar geométrico dos pontos da superfície
terrestre que apresentam a mesma distância (que representa a sua cota ou altitude) a um
plano horizontal fixo tomado como referência.
A distância constante, para cada carta, entre os vários planos horizontais que interceptam a
superfície terrestre denomina-se equidistância natural (E) (Figura 4.6). A equidistância natural
reduzida à escala da carta denomina-se equidistância gráfica (e). A equidistância gráfica pode
não ser constante numa mesma carta, dado que pode haver interesse em estudar uma parte
da mesma com maior ou menor pormenor e nessa situação poderá ser conveniente diminuir
ou aumentar o valor da equidistância gráfica.
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Cartografia
Os valores mais utilizados para a equidistância natural variam normalmente com a escala da
carta e podem considerar-se como referência os seguintes:
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Cartografia
1 - As curvas de nível ao cortarem uma linha de água apresentam-se com a convexidade para
montante da linha de água.
2 - Cada curva de nível só intercepta uma mesma linha de água num ponto.
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Cartografia
Analítico
O método analítico consiste em relacionar a distância gráfica entre dois pontos cotados e a
correspondente diferença de nível, com a diferença de nível entre um deles e o ponto
correspondente à curva de nível a traçar com vista à determinação da distância a que deverá
ser marcado na carta, a partir do ponto considerado no cálculo. No exemplo seguinte
apresenta-se a localização de pontos correspondentes às curvas de nível a traçar, definida
através deste método.
Sendo E=10 m as curvas de nível a traçar entre os dois pontos cotados deverão ter cotas de
60 m e 70 m respectivamente.
DN = 23 m _____________ d = 5 cm
18 5
d1 = 3,91 cm
23
DN = 23 m _____________ d = 5 cm
85
d2 = 1,74 cm
23
Gráfico
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Cartografia
Método das normais é usado em associação com o método das curvas de nível e consiste no
traçado de segmentos de recta normais a cada duas curvas de nível consecutivas,
interrompendo-se o seu traçado nos pontos de intercepção. As normais representam, em cada
ponto, a linha de maior declive do terreno. O seu traçado obedece à lei do quarto, ou seja, o
afastamento entre normais consecutivas é igual a 1/4 do seu comprimento. Assim, as normais
estarão mais próximas em zonas mais declivosas o que confere à carta tonalidades mais
escuras e mais afastadas em zonas menos declivosas.
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Cartografia
Este método permite uma mais fácil visualização do relevo do terreno relativamente ao método
das curvas de nível, apresentando a desvantagem de dificultar a representação dos detalhes
planimétricos, dado que a carta assim obtida fica muito sobrecarregada.
O método das tintas esbatidas, também denominado método hipsométrico, faz corresponder
a cada declive uma tonalidade diferente, mais escura nas zonas mais declivosas e mais clara
nas zonas de declives mais suaves.
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Cartografia
Este método é também frequentemente utilizado em associação com o método das curvas de
nível e é o método utilizado nas cartas hipsométricas e orográficas. O método hipsométrico
permite também a fácil visualização do relevo do terreno e não apresenta a desvantagem de
dificultar consideravelmente a representação dos detalhes planimétricos.
O método dos relevos, também denominado método dos planos relevos, consiste na
representação da superfície terrestre, ou de parte da mesma, tal como aparece na realidade,
mas numa proporção reduzida. Este método utiliza maquetes para retractar a realidade física.
Graças aos progressos recentes no campo da informática, têm vindo a ganhar importância as
representações do relevo através de modelos digitais do terreno (abreviadamente designados
por MDT, ou DTM, acrónimo da designação em inglês). Estes modelos são geralmente
construídos a partir de uma grelha de pontos cotados. Estes modelos podem ser utilizados
54
Cartografia
em diversos fins, tendo também a possibilidade de apresentar diversos tipos de dados sobre
eles projectados.
Tergos
As curvas de nível de menor cota envolvem as curvas de nível de maior cota como se pode
ver na Figura 4.12. A linha de separação de água ou linha de festo, que é responsável pela
repartição do escoamento através dos dois planos inclinados ou vertentes, corresponde à
linha de maior declive.
Vales
As curvas de nível de maior cota envolvem as curvas de nível de menor cota como se pode
ver na Figura 4.12. A linha de água ou linha de talvegue, ao longo da qual se processa o
escoamento permanente ou o que se forma durante períodos de intensa precipitação, é
ladeada por dois planos inclinados ou margens e corresponde também à linha de maior
declive.
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Cartografia
TERGO VALE
Colinas
Resultam da associação de pelo menos dois tergos que surgem interligados (Figura 4.13).
Depressões
Resultam da associação de pelo menos dois vales constituindo uma forma com a
representada na Figura 4.13 que apresenta, na zona central, as cotas mais baixas que
aumentam para a periferia.
Resultam da associação de dois tergos ou duas colinas e dois vales, conforme representado
na Figura 4.13.
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Cartografia
Numa carta planimétrica que apenas retracta os detalhes planimétricos existentes à superfície
do terreno, tais como vias de comunicação, povoações, linhas de águas, lagos naturais e
artificiais, ocupação do solo, etc., pode ser necessário tirar ilações relativamente ao relevo do
terreno. Para o efeito podem usar-se algumas normas, seguidamente apresentadas, que
permitem estabelecer essas relações.
Leis de Brisson
Todo o curso de água corre entre duas linhas de separação de água (linhas de festo) que
se vão afastando normalmente da nascente da linha de água para a sua foz.
O declive das linhas de festo vai em geral diminuindo para jusante, ou seja na direcção da
foz.
A bacia hidrográfica de uma linha de água, ou seja a sua área de drenagem, é constituída
pelo terreno compreendido entre as duas linhas de separação de água.
Quando duas linhas de água se encontram a linha de festo que separa as correspondentes
bacias hidrográficas a montante da sua confluência fica aproximadamente no prolongamento
da linha de água resultante.
Quando várias linhas de água partem do mesmo ponto e tomam direcções diferentes
verifica-se que esse ponto é um ponto culminante (ponto de cota ou altitude mais elevada).
Para além das leis de Brisson atrás apresentadas existem outras normas que também podem
ser utilizadas no mesmo sentido.
Outras Normas
Quando uma linha de água apresenta muitas ramificações (o rio espraia-se) pode esperar-
se um vale longo com um talvegue sensivelmente horizontal.
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Cartografia
Uma estrada cujo percurso se encontre entre duas linhas de água, segue normalmente a
linha de festo que separa as correspondentes bacias hidrográficas.
Certas culturas agrícolas ou florestais apresentam uma relação estreita com o relevo do
terreno, verificando-se normalmente que:
prados - vales
vinha - encosta
pomares - meia encosta
floresta - montanhas
Os nomes de certas localidades estão por vezes associados ao relevo do terreno aspecto
que se denomina toponímia. Como exemplos pode indicar-se Montejunto, Entre-os-Rios,
Montezinho, etc.
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Cartografia
5 PERFIS
Designa-se por perfil uma intercepção do terreno através de um plano vertical. Um perfil do
terreno é normalmente apresentado sob a forma de um gráfico de eixos ortogonais, em que
o eixo horizontal apresenta as distâncias entre os pontos do perfil e o eixo vertical apresenta
as cotas ou altitudes dos diversos pontos a marcar. As escalas utilizadas para marcar, no
perfil, as distâncias entre pontos e as correspondentes cotas ou altitudes denominam-se
respectivamente escala dos comprimentos ou escala horizontal e escala das alturas ou escala
vertical.
Em função da relação entre escalas horizontal e vertical os perfis podem classificar-se em:
Perfil elevado; é um perfil em que a escala vertical é maior do que a escala horizontal,
sendo normalmente esta última igual à escala da carta. Diz-se que um perfil é elevado
n vezes quando a escala vertical é n vezes maior do que a correspondente escala
horizontal;
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Cartografia
Na Figura 5.2 vê-se uma imagem de um desenho de projecto de uma via rodoviária, onde se
mostra o perfil longitudinal de um troço da via em estudo, bem com o respectivo traçado em
planta (neste tipo de projectos, como em muitos outros, é normal apresentar-se em simultâneo
o traçado em planta e o respectivo perfil longitudinal, designando-se de planta-perfil).
60
Cartografia
Na Figura 5.4 mostra-se uma imagem de um perfil transversal de uma via rodoviária. No caso
concreto, trata-se de um perfil transversal tipo (PTT) de uma secção de traçado em recta.
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Cartografia
Para efectuar trabalhos em cartas torna-se necessário, na maior parte das situações práticas,
medir várias distâncias (distâncias gráficas - d) as quais poderão posteriormente ser
transformadas nas suas homólogas naturais (distâncias naturais – D) com recurso à escala
da carta. As distâncias medidas em cartas, dados os processos utilizados para a obtenção –
projecção ortogonais dos pontos sobre planos horizontais de referência – representam
distâncias horizontais (distâncias naturais). A conversão entre distâncias gráficas e naturais
pode ser feita através da relação
D dn
Quando se pretende conhecer a distância entre dois pontos sobre a linha de maior declive
(distância real – D’) é necessário conhecer o declive, a inclinação do terreno ou a diferença
de nível entre os pontos, e utilizar o seguinte procedimento analítico:
DN
D'
sin i
Sendo:
D – distância natural
D’ – distância real
DN – diferença de nível
i o ângulo de inclinação do terreno
Quando a distância a determinar numa carta é em linha recta utilizam-se réguas ou esquadros
que nos permitem definir a distância gráfica, a qual será posteriormente e caso necessário
convertida na sua homóloga natural. Existem réguas, usualmente com secção triangular,
denominadas réguas de escalas, graduadas nas escalas mais utilizadas nas nossas cartas,
que através de simples leitura nos fornecem o valor da distância natural, sem necessidade de
se efectuarem cálculos aritméticos. Na Figura 6.1 apresenta-se esquematicamente a
utilização de réguas na medição de distâncias, definidas por segmentos de recta.
62
Cartografia
i – substituição da linha curva por uma linha poligonal, que se obtém unindo os pontos
de inflexão da linha curva por segmentos de recta. O rigor associado a esta metodologia
depende principalmente do critério utilizado pelo operador, relativamente ao número de
segmentos de recta a considerar no estabelecimento da linha poligonal A Figura 6.2
apresenta, de forma esquemática, uma aplicação de uma variante deste método que
consiste em marcar numa tira de papel os vários segmentos de recta da poligonal,
utilizados para aproximar a linha curva e na medição do respectivo comprimento sobre
a tira de papel.
ii – ajustar um fio ao longo da linha curva que se pretende medir e após a sua rectificação
medir o correspondente comprimento;
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Cartografia
64
Cartografia
A área de uma parcela a determinar sobre uma carta é assumida como a projecção ortogonal
da superfície sobre um plano horizontal. No sistema métrico a área pode ser apresentada em
mm2, cm2, m2, ha, km2, etc. consoante se pretende determinar o respectivo valor gráfico ou
real, ou conforme a dimensão da própria parcela.
A determinação gráfica das áreas (a) permite ainda a determinação da correspondente área
real (A) utilizando o seguinte procedimento:
7.1 GEOMÉTRICOS
65
Cartografia
Se a figura cuja área se pretende determinar é delimitada por linhas curvas utilizam-se vários
métodos que fornecem valores aproximados para a área a determinar. A maior ou menor
aproximação da determinação face à área real da figura depende do critério seguido por cada
utilizador. Alguns dos métodos englobados neste grupo são:
Considerando que se pretende determinar a área delimitada pela curva e pelo segmento de
recta AB, na Figura 7.2, o método prevê a divisão do segmento AB num número par de
intervalos iguais. Por esses pontos limite de cada intervalo traçam-se segmentos de recta
perpendiculares ao segmento de recta AB, intersectando a linha curva que delimita a figura.
Medem-se os comprimentos dos segmentos de recta traçados e determina-se o seu valor
médio. A área da figura é encarada como a área de um rectângulo cuja largura é definida pela
média dos comprimentos medidos e cujo comprimento corresponde ao comprimento do
segmento AB.
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Cartografia
A precisão deste método está directamente relacionada com o número de intervalos definidos;
quanto maior o número de intervalos maior a aproximação entre a área determinada e a área
real ou gráfica da figura.
A aplicação do método assume que a curva que passa por três pontos consecutivos da figura,
cuja área se pretende determinar, pode ser aproximada por um arco de parábola.
A área é igual à soma das ordenadas extremas, adicionada ao quádruplo da soma das
ordenadas de ordem par e ao dobro das ordenadas de ordem ímpar. O total é multiplicado
por um terço do intervalo comum das ordenadas.
n 1 n 1
d 2 2
A y1 y n 4 y 2i 2 y 2i 1
3 i 1 i 2
Método da Quadrícula
Prevê a sobreposição da figura cuja área se pretende determinar por uma quadrícula de malha
quadrangular e conhecida. O produto da área de cada quadrado da malha (área gráfica ou
real) pelo número de quadrados inseridos dentro do contorno fornece uma aproximação ao
valor da área pretendida. Podem ainda ser contabilizadas as fracções de quadrados da malha
inseridos dentro do contorno que delimita a figura.
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Cartografia
A na
A precisão do método é tanto maior quanto menor o lado da malha definida. Usualmente
utiliza-se papel milimétrico dado possibilitar a contabilização de quadrados inseridos dentro
do contorno com maiores e menores áreas.
7.2 ANALÍTICOS
Neste grupo de métodos inclui-se o método das coordenadas cartesianas ou de Gauss, que
se aplica a figuras com contorno poligonal, sendo conhecidas as coordenadas rectangulares
ou polares dos seus vértices.
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A=
y 4 y1
x1 x4 y1 y 2 x2 x1 y 4 y 3 x3 x4 y 3 y 2 x2 x3
2 2 2 2
n
y i xi 1 y i xi 1
1
A=
2 i 1
7.3 MECÂNICOS
Estes métodos de medição de áreas em cartas são os mais expeditos e os que conduzem
mais rapidamente ao resultado pretendido. Relativamente ao rigor da medição o mesmo é
função do cuidado do utilizador e da precisão e aferição do aparelho.
Os planímetros podem classificar-se em polar (Figura 7.6) ou linear (Figura 7.7), consoante o
processo de medição prevê um ponto de fixação do aparelho ao desenho, ou, por outro lado,
o aparelho pode deslocar-se livremente aquando da medição.
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Cartografia
70
Cartografia
Nos planímetros mecânicos o sistema de medição é constituído pelo tambor (leitura dos
milhares de unidades do nónio), pelo disco (leitura das centenas e dezenas de unidades do
nónio) e pelo nónio (leitura das unidades do nónio). A utilização do aparelho prevê a
contabilização de uma leitura inicial (Li) no sistema de medição, antes de se proceder à
passagem da lupa sobre o contorno da figura cuja área se pretende determinar, e de uma
leitura no final da referida passagem (Lf). A área da figura será proporcional ao número de
voltas efectuadas pela roda integradora. Assim a área será obtida através da seguinte
expressão analítica:
A K L f Li
A utilização do planímetro digital é mais fácil para o utilizador dado que o aparelho possui
software que permite a escolha da escala da carta sobre a qual se pretende efectuar a
medição obtendo-se, após a passagem da lupa sobre o contorno que delimita a figura, o valor
da área pretendida, nas unidades de medição seleccionadas pelo utilizador.
A aferição do planímetro, para verificação da sua precisão, pode ser efectuada desenhando
com rigor um quadrado com lado definido, percorrendo com a lupa da haste traçadora ou
exploradora o seu contorno, e verificando se a leitura obtida no sistema de medição do
aparelho se aproxima da área real do quadrado.
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Cartografia
8 CLASSIFICAÇÃO DE CARTAS
Existem vários critérios que podem ser utilizados para a classificação de cartas. No capítulo
4 (ponto 4.1) foi apresentada a classificação de cartas em função da sua escala, podendo
ainda destacar-se os seguintes critérios de classificação.
Carta Topográfica
Carta sobre a qual figuram a posição, a forma, as dimensões e a identificação dos aspectos
existentes à superfície do solo num dado momento. Podem apresentar-se como cartografia
de traço, quando a planimetria é desenhada manualmente ou com recurso ao computador, ou
como ortofotomapas quando o traçado da planimetria é substituído por fotografia aérea
vertical com as devidas correcções.
Carta Corográfica
Carta a escala pequena a média na qual apenas se representam os traços gerais de uma
região ou conjunto de regiões. Podem também ser apresentadas em cartografia de traço ou
como ortofotomapas.
Carta Hidrográfica
Carta que apresenta a finalidade de representação das bacias hidrográficas com definição
das linhas de separação de água, de albufeiras e lagos naturais, podendo ou não conter
planimetria.
Carta Temática
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Cartografia
Carta Regular quando existe uma correspondência definida entre as posições dos vários
objectos representados na carta e as correspondentes posições reais no espaço. Quando tal
não se verifica na totalidade ou em parte da carta esta denomina-se não regular. Nesta
classificação de carta não regular destaca-se o Esboço Cartográfico, Topográfico ou
Geográfico, quando se trata de uma representação sumária de um ou vários fenómenos.
Carta Base
Carta Derivada
Carta obtida a partir de uma ou várias cartas base, por ampliação, redução ou cruzamento de
informação.
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Cartografia
9 BIBLIOGRAFIA
Casaca J., Matos J., Baio M.; Topografia Geral; Lidel – edições técnicas, lda.; Lisboa,
Fevereiro de 2000.
Jenson S.K., Dominigue J.O.; Extracting Topographic Structure from Digital Elevation Data for
Geographic Information System Analysis. Photogrammetric Engineering and Remote Sensing.
Vol 54, N°11.
Jordan W.; Tratado general de topografia. Editorial Gustavo Gili, S.A., Barcelona, 1978.
Robinson, A. et. al.; Elements of Cartography; Jonh Wiley & Sons, INC.; 6ª ed.; USA,1995.
Todas as figuras sem referenciação de origem foram retiradas de diversos sítios da Internet.
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