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Orientanda da profa. Gisele Vasconcelos, na pesquisa dos Contadores de Histórias, em São Luís, MA.
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Grupo de Teatro com sede e atuação em São Luís, Ma, desenvolve atividades culturais e artístico-
pedagógicas sob a forma de espetáculos, oficinas e contadores de histórias tendo como ponto de partida a
arte de narrar e a performance do ator-contador.
VASCONCELOS, Gisele Soares de; FIGUEIREDO, Renata. A Arte de Contar Histórias: a arte de brincar com 2
as palavras. IN: NASCIMENTO, Ilma; TEÓFILO, Maria da Penha (org). PROINFANTIL e sua interface com a
formação continuada de professores. 1ªed. São Luís: EDUFMA, 2012, v. 1, p. 103-118.
- Majestade – disse o carpinteiro -, o que o senhor chama de mágica vem
apenas disso que acabo de contar.
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Na definição de Paul Zumthor (apud PATRINI, 1995, p. 144), “Performance é ação vocal pela qual o
texto poético é transmitido aos seus destinatários. Sua transmissão de boca a boca opera literalmente no
texto, ela o efetua.”
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as palavras. IN: NASCIMENTO, Ilma; TEÓFILO, Maria da Penha (org). PROINFANTIL e sua interface com a
formação continuada de professores. 1ªed. São Luís: EDUFMA, 2012, v. 1, p. 103-118.
Tomamos como ponto de partida para esta etapa, a escolha do conto. Após
estabelecermos uma relação entre a narração oral e a nossa história de vida, chega o
momento de experimentar, ou melhor, brincar com a literatura escrita, experiência que
aproxima o aluno dos livros e expande a sua noção de leitura.
Na passagem do texto oral para o texto escrito se encontra um grande desafio
para o educador-contador de histórias. A narrativa tende a perder o frescor e a
espontaneidade quando retirada do livro.
Qual história contar? A escolha do conto é sempre um momento muito
delicado e especial, é uma escolha pessoal, que varia de contador para contador, em que
pesam particularidades diversas: faixa etária do público ouvinte, o gosto do contador, a
escrita do autor, o exercício e hábito da leitura ou da escuta, a extensão da história e
aliado a todas essas particularidades, somam-se os elementos mágicos, os aspectos
subjetivos da escolha do texto, algo como acreditar que a história nos escolhe para a
contarmos.
Assim como o carpinteiro, que no relato de seu trabalho, diz entrar na floresta e
procurar a árvore certa, aquela que está esperando para se tornar a sua mesa, o contador
entra na biblioteca, na livraria, recorda histórias da oralidade em busca da história que
está a sua espera.
Nesse processo de escolha, podemos fazer uma analogia com o jogo do tarô:
quando abrimos o baralho em leque, não somos nós que escolhemos as cartas
conscientemente, mas estas nos chamam atenção “mudando de cor” aos nossos olhos.
Na etapa da escolha do conto é importante acreditar que as histórias também
escolhem você para que você as conte, e assim que o educador-contador tenha feito a
sua escolha é recomendável mergulhar na história, ler e reler. Na oficina A Arte de
Contar Histórias, trabalhamos com fábulas e outros textos curtos, como procedimento
metodológico para a experimentação das etapas seguintes. A escolha passa a ser apenas
um meio para o desenvolvimento das atividades da oficina, porém, deve ser encarada
como uma escolha amorosa e responsável, pois é a partir daí, do contato com o texto
escrito que vamos trabalhar o estudo do conto, através de jogos e exercícios que possam
facilitar esse processo.
Regina Machado (2004, p. 44) descreve este momento como “Estudo criador
do conto”, é como se o contador, no seu primeiro encontro com a palavra escrita,
perguntasse: “História, o que você tem para mim?”. A autora compara o estudo da
sequência narrativa a um trem e seus vagões:
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as palavras. IN: NASCIMENTO, Ilma; TEÓFILO, Maria da Penha (org). PROINFANTIL e sua interface com a
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Uma história é uma idéia narrativa em desenvolvimento. Assim como um
trem tem uma locomotiva que puxa todos os outros vagões a ela ligados,
também a história tem um núcleo inicial a partir do qual ela se desenvolve até
o desfecho final. Uma necessidade, dificuldade ou busca; um rapto, tarefa ou
desafio, são núcleos possíveis, vagões da frente que tratam de estabelecer a
primeira parte da sequência narrativa.
Discurso indireto: O narrador assume sua visão dos acontecimentos, ele fala
no lugar dos personagens;
BIBLIOGRAFIA
BARBA, Eugenio; SAVARESE, Nicola. A Arte Secreta do Ator. São Paulo: Ed. Hucitec,
1995.
BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Ed.
Brasiliense, 1996.
FIGUEIREDO, Renata. A arte de contar histórias como profissão:desafios da narrativa
no mundo contemporâneo. São Luís: UFMA, 2009. (monografia não publicada)
FOX, Geoff e GIRARDELLO, Gilka. A Narração de Histórias em Sala de Aula. In:
Ensino do Teatro. Experiências Interculturais. Beatriz Cabral (org). Florianópolis:
Imprensa Universitária, 1999.
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MACHADO, Regina. ACORDAIS, fundamentos teórico-poéticos da arte de contar
histórias, São Paulo, Ed. Difusão Cultural do Livro, 2004
MATOS, Gislayne Avelar. A palavra do contador de histórias. São Paulo, Ed. Martins
Fontes, 2005
PATRINI, Maria de Lourdes. A renovação do conto: emergência de uma prática oral. São
Paulo: Ed Cortez, 2005.
PUPO, Maria Lúcia de Souza Barros. Entre o mediterrâneo e o atlântico: uma aventura
teatral. São Paulo. Ed Perspectiva, 2005
VASCONCELOS, Gisele. Ator-Contador, a narrativa em performance. Memória
ABRACE Digital. Anais da VI Reunião Científica, 2011.
ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. São Paulo: Cosac Naify, 2007.