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Revista Brasileira

ISSN 1982-3541 de Terapia Comportamental


2012, Vol. XIV, nº 3, 102-122 e Cognitiva

Role-playing como estratégia facilitadora


da análise funcional em contexto clínico
Role-playing as strategy to facilitate functional analysis
in clinical context

Vivian Bonani de Souza *


Universidade Estadual Paulista - “Júlio de Mesquita Filho”

Natália Pinheiro Orti


Universidade Estadual Paulista - “Júlio de Mesquita Filho”

Alessandra Turini Bolsoni-Silva


Universidade Estadual Paulista - “Júlio de Mesquita Filho”

RESUMO

Na terapia analítico-comportamental, utilizam-se diversas técnicas, entre elas o role-playing e a análise


funcional. O role-playing é viável para modelar comportamentos relevantes, enquanto a análise funcional é
utilizada para avaliação diagnóstica e para produzir autoconhecimento. Entretanto, algumas queixas apre-
sentam características que dificultam a produção de autoconhecimento, sem o qual o cliente pode não ade-
rir à modelagem de repertórios alternativos. O presente trabalho busca exemplificar a associação de role
-playing e análise funcional enquanto procedimento para facilitar o desenvolvimento de autoconhecimento
em clientes com déficits de discriminação de relações funcionais e dificuldades interpessoais. Uma sessão
foi selecionada, de um total de 12 encontros em grupo. Como resultado principal, destaca-se o aumento de
autorrevelação e discriminação de relações funcionais pelos clientes. Conclui-se que o role-playing possa
ser ambiente para ensinar o cliente a descrever relações funcionais e produzir autoconhecimento diante de
queixas interpessoais e dificuldade de discriminação das contingências em vigor.

Palavras-chave: análise funcional; role-playing; terapia analítico-comportamental.

*
vivinha_souza@yahoo.com.br

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ABSTRACT

In behavioral therapy several techniques are used, among them the role-playing and functional analysis.
Role-playing is feasible to model relevant behaviors while functional analysis is used for diagnostic evalua-
tion and to produce self-knowledge. However, some clinical problems have characteristics that hinder the
creation of self-knowledge, without which the client may not develop the modeling of alternative repertoi-
res. This study aims to illustrate the combination of role-playing and functional analysis as a procedure to
facilitate the development of self-awareness in clients with deficits in discrimination of functional relations
and interpersonal difficulties. A session was selected from a total of 12 group meetings. The main result was
the increase of self-revelations and discrimination of functional relationships by customers. It is concluded
that the role-playing can be an environment to teach the client to describe functional relations and produce
self-knowledge when facing interpersonal problems and difficulties on the discrimination of the actual con-
tingencies in place.

Keywords: functional analysis, role-playing, behavior therapy.

Introdução consequências sobre a probabilidade de emissões


futuras de comportamentos pertencentes à mesma
A análise funcional tem sido referida como recurso classe (Micheletto, 2000; Neno, 2003). Desse modo,
descritivo e explicativo que pode subsidiar a Análise a análise funcional requerida passa a ser aquela que
do Comportamento enquanto ciência (Skinner, identifica relações de tríplice contingência respon-
1953/1989), assim como estratégia ou método de in- sáveis pela aquisição e manutenção de repertórios
tervenção em terapias comportamentais (Hayes & comportamentais (Neno, 2003; Ulian, 2007).
Follette, 1992; Neno, 2003; Owens & Ashcroft,
1982; Samson & McDonnell, 1990; Ulian, 2007). Com relação à conceituação da análise funcional
Embora haja controvérsias sobre o termo, sua defini- aplicada à clínica, reconhece-se que importantes
ção e caracterização das tarefas envolvidas, parece tentativas de sistematização foram feitas (Meyer,
que há consenso entre os analistas do comportamen- 2003; Sturmey, 1996), as quais descrevem as variá-
to clínicos que sua atividade básica é a análise fun- veis que devem ser identificadas nas contingências
cional (Banaco, 1999). em operação. Para além de ser um conceito que
identifica relações de contingências, a análise fun-
A partir do modelo de seleção por consequências de cional é compreendida como um instrumento de
Skinner (1953/1989), a análise funcional estará as- trabalho do terapeuta, o qual pode atender a dois
sociada a uma noção selecionista e não mecanicista objetivos terapêuticos distintos: avaliação e inter-
de causalidade. Disso decorre que se prioriza o re- venção. Sturmey (1996) explicita que a análise fun-
conhecimento de múltiplas determinações das con- cional pode ser considerada como parte do próprio
sequências do comportamento nos diferentes níveis tratamento, visto que no processo terapêutico, ensi-
(filogênese, ontogênese e cultura) e o efeito de tais na-se o cliente a identificar e a modificar elementos

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das contingências comportamentais, o que promo- O desenvolvimento de habilidades sociais, enquan-


ve o desenvolvimento de autoconhecimento e auto- to possibilidade de favorecer as relações interpesso-
controle (Skinner, 1953/1989; Sturmey, 1996; ais e criar fatores de proteção no curso do desenvol-
Ulian, 2007; Vandenberghe, 2002). Para Goldia- vimento humano, tem se tornado foco de estudos
mond (1974/2002), desenvolver autoconhecimen- para a Psicologia em diversos contextos, com dife-
to, enquanto objetivo comportamental na terapia, rentes populações. As habilidades sociais foram
requer o emprego de perguntas que levem o cliente amplamente caracterizadas por Del Prette e Del
a descrever contingências e aprender a estabelecer Prette (1999/2001) e, mesmo não havendo consenso
relações funcionais de seu próprio repertório com- quanto às suas definições e aplicabilidades (Del
portamental. Prette, Del Prette & Barreto, 1999), assume-se que
as habilidades sociais são comportamentos emiti-
Para o processo de análise funcional em contexto dos pelo indivíduo diante das demandas de uma si-
aplicado, Goldiamond (1974/2002) propõe um mo- tuação interpessoal. Para a pessoa ser considerada
delo construcional de avaliação e de intervenção a competente socialmente, a emissão de tais habilida-
partir de interdependências comportamentais e de des deve maximizar os ganhos e reduzir as perdas
causalidade múltipla, considerando variáveis histó- nas interações sociais (Del Prette & Del Prette,
ricas e contingências atuais relacionadas aos pro- 1999/2001).
blemas. Adicionalmente, é importante para o ensino
dessas discriminações o uso de estratégias colabo- Apesar de ainda ser restrito o número de estudos na
rativas, construídas em conjunto com o cliente (We- Análise do Comportamento (Del Prette & Del Pret-
bster-Stratton & Herbert, 1993). te, 2010), resultados demonstrados por alguns auto-
res (Bolsoni-Silva & Carrara, 2010; Del Prette &
A partir da identificação de contingências relacio- Del Prette, 2010; Pacheco & Rangé, 2006) têm con-
nadas aos problemas, a intervenção deve focar na tribuído para o desenvolvimento de estratégias e
construção de repertórios mais do que na elimina- processos de intervenção no contexto clínico analí-
ção de sintomas ou comportamento-problema, le- tico-comportamental.
vando em consideração a ecologia do comporta-
mento, ou seja, as interdependências comporta- Considerando a necessidade de interpretar e empre-
mentais e os vários sistemas sociais envolvidos nas gar as habilidades sociais sob a perspectiva da Aná-
contingências (Bolsoni-Silva, Loureiro, Rosa & lise do Comportamento, Bolsoni-Silva (2002) ini-
Oliveira, 2010; Goldiamond; 1974/2002). Dessa ciou uma análise de aspectos teórico-práticos das
forma, os repertórios de habilidades sociais podem habilidades sociais, o que tem contribuído para a
assumir a função equivalente aos comportamentos elaboração de procedimentos de intervenção com a
-problema, podendo ampliar a obtenção de reforça- intenção de ampliar o repertório comportamental
dores obtidos com os sintomas ou comportamentos em contingências de interação social. As habilida-
que traziam, além de reforçadores, outras conse­ des sociais, para a Análise do Comportamento, po-
quências como prejuízos sociais (Bolsoni-Silva & dem ser entendidas como comportamentos operan-
Carrara, 2010). tes, portanto, mantidos por suas consequências

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(Bolsoni-Silva, 2002) e que podem maximizar a Bolsoni-Silva (2011), diversos comportamentos so-
obtenção de reforçadores positivos e negativos em cialmente habilidosos que podem trazer diferentes
contingências sociais. Nesse sentido, entende-se graus de dificuldade para universitários, como apre-
que o Treinamento em Habilidades Sociais pode ser sentar seminários, expressão de sentimentos positi-
feito de forma coerente com a filosofia do Behavio- vos e negativos, recusar solicitação indesejável, ex-
rismo Radical e os conceitos e técnicas da Terapia pressar opiniões, discordar e contra-argumentar,
Analítico-Comportamental. solicitação de mudança de comportamento, auto-
controle da agressividade, entre outros (Bandeira &
Especificamente, as habilidades sociais podem ser Quaglia, 2005; Del Prette, et al., 2004; Ribeiro &
foco de intervenção em diferentes contextos e popu- Bolsoni-Silva, 2011).
lações, conforme apontado por Del Prette e Del
Prette (1999/2001), tanto individuais como em gru- Considerar a caracterização dos contextos e compor-
pos (Bandeira, Quaglia, Bachetti, Ferreira & Souza, tamentos relevantes para a população da qual o clien-
2005; Boas, Silvares & Bolsoni-Silva, 2005; Bolso- te faz parte é útil enquanto levantamento de hipóteses
ni-Silva, 2007, 2009a; Pacheco & Rangè, 2006). e temas de investigação para uma avaliação e inter-
Em relação ao contexto universitário, considera-se venção personalizada das dificuldades interpessoais
que o ingresso nesse ambiente traz muitas mudan- (Bolsoni-Silva, 2009b). Além da análise funcional,
ças e transformações sociais e assim novas deman- outras técnicas complementares podem ser utilizadas
das são exigidas, tais como morar em república com pelo terapeuta analítico-comportamental, de forma
pessoas desconhecidas, fazer trabalhos em grupo, que facilite ou amplie o alcance da análise de contin-
apresentar trabalhos (falar em público), lidar com gências, a aprendizagem de repertórios relevantes e a
autoridade, fazer novas amizades, agir com inde- programação da generalização. O role-playing é uma
pendência, cuidando dos próprios pertences e mora- técnica com origem no psicodrama, entretanto tem
dia. Nesse âmbito, um repertório de habilidades in- sido empregado por terapeutas e pesquisadores à luz
terpessoais pode maximizar o desempenho acadê- de outras abordagens teóricas (Del Prette & Del Pret-
mico e social dos indivíduos (Bandeira & Quaglia, te, 1999/2001; Otero, 2004) para alcançar objetivos
2005; Boas, et al., 2005; Bolsoni-Silva et al., 2010). psicoeducativos e terapêuticos.

Estudos têm apontado para comportamentos de in- Del Prette e Del Prette (1999/2001) descrevem o ro-
teresse a serem avaliados e promovidos com univer- le-playing através dos passos de apresentação de
sitários. Dentre contextos e demandas mais relevan- uma situação-problema, breve discussão acerca da
tes para essa população, destacam-se o falar em situação, arranjo de uma situação análoga, desem-
público, lidar com relacionamentos amorosos penho do cliente em situação estruturada e feedback
(Boas, et al., 2005; Del Prette & Del Prette, 2003; do terapeuta e/ou de outros participantes. Aplicado
Pacheco & Rangé, 2006) e familiares (Bandeira & à terapia analítico-comportamental, o role-playing
Quaglia, 2005; Del Prette et al., 2004; Ribeiro & ou ensaio comportamental inclui: obter uma boa
Bolsoni-Silva, 2011). Sendo assim, cada um desses descrição da situação-problema para estabelecer a
temas implica, conforme apontado por Ribeiro e relação entre eventos; operacionalizar sequências

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comportamentais uma de cada vez; fornecer instru- a consecutivas frustrações em relacionamentos amo-
ções e modelos de desempenho; apresentar o com- rosos, dificuldade de lidar com divergências existen-
portamento em uma cena; dar dicas sobre o desem- tes na relação com os pais e com a irmã e dificulda-
penho; inverter papéis, reapresentar, reavaliar o de- des de expressar e assumir sua homossexualidade.
sempenho; programar generalização e avaliar de- Relatou perda de peso não intencional e insônia.
sempenho na situação real nas próximas sessões
(Calais & Bolsoni-Silva, 2008; Otero; 2004). Betina (nome fictício) de 22 anos, 4º anista de Edu-
cação Física, residia com a família na cidade em
Diante dessas considerações, o presente texto tem que realizava o curso. Sua família era composta por
como objetivo caracterizar e exemplificar o uso de quatro pessoas (Betina, pai, mãe e irmão mais
role-playing como técnica para o ensino de análise novo), os pais eram casados. Namorava um rapaz da
funcional na terapia analítico-comportamental. mesma universidade há seis meses.

Método Betina apresentava como queixas: chorava demais,


aparentemente sem motivo (“dá vontade de chorar do
Participantes e local nada”). Disse que se sentia instável (“no mesmo dia
Os participantes deste estudo são duas terapeutas acordo feliz, depois fico triste”) e que essa instabili-
-estagiárias de Terapia Comportamental em Grupo, dade estava afetando a relação dela com o namorado
da graduação em Psicologia de uma universidade e com os familiares, relacionamentos os quais esta-
pública paulista, e dois clientes universitários da vam “cheios de brigas”. Também relatou perda de
clínica-escola da mesma universidade. Os dois peso não intencional e dificuldades para dormir.
clientes fecharam diagnóstico para depressão pela
SCID-I (Dal-Ben et al., 2001) e pelo BDI (Cunha, O processo terapêutico foi realizado em uma sala de
2001). Os clientes fazem parte de uma amostra de atendimento em grupo de uma clínica-escola de Psi-
conveniência por atenderem aos critérios subjacen- cologia (CPA) de uma universidade pública paulista.
tes aos objetivos do presente texto.
Procedimentos de intervenção
Arthur (nome fictício) de 21 anos, solteiro, 4º anista O processo de intervenção foi baseado nos procedi-
de Jornalismo, residia com outros estudantes na cida- mentos da Terapia Analítico-Comportamental e no
de em que realizava o curso. Sua família era compos- desenvolvimento de repertórios socialmente habili-
ta por quatro pessoas (Arthur, pai, mãe e irmã, três dosos, que estão descritos em Bolsoni-Silva (2009a),
anos mais velha que Arthur), os pais eram casados. especialmente quanto a sugestões sobre os manejos
de cada sessão serem contingentes às especificida-
Arthur apresentava como queixas: ter vivenciado des de cada cliente. Os encontros foram organiza-
uma “forte crise de estresse” nas férias em função de dos em aproximadamente duas horas de duração,
um estágio caracterizado como “frustrante e impro- com objetivos específicos para cada cliente com re-
dutivo”, irritabilidade, cansaço físico, estado de “tris- lação a cada um dos temas abordados ao longo do
teza profunda” e sentimento de “vazio” com relação procedimento, os quais foram: 1) Apresentação, ve-

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rificação de expectativas e Comunicação – iniciar e tros do processo terapêutico, ambos os clientes apre-
manter conversações; 2) Comunicação – fazer e res- sentaram dificuldades concordantes com os objetivos
ponder perguntas, 3) Conhecer direitos humanos do presente texto, portanto, passíveis de serem traba-
básicos; 4) Conhecer comportamento habilidoso e lhadas com o uso combinado das técnicas de análise
não habilidoso (ativo e passivo); 5) Expressar senti- funcional e role-playing. A Sessão 7 foi conduzida
mento positivo, elogiar; 6) Dar e receber feedback tendo por instrução o procedimento semiestruturado
positivo, agradecer; 7) Expressar e ouvir opiniões para desenvolvimento de habilidades sociais com
(de concordância, de discordância); 8) Expressar universitários (Bolsoni-Silva, 2009a), cujo tema
sentimentos negativos, dar e receber feedback nega- abordado foi “Expressar e ouvir opiniões (de concor-
tivo, pedir mudança de comportamento; 9) Lidar dância, de discordância)”. A seguir, são apresentados
com críticas, admitir os próprios erros, pedir des- os passos utilizados para a realização do procedimen-
culpas; 10) Relacionamento amoroso; 11) Relacio- to de role-playing e análise funcional.
namento familiar; e 12) Falar em público.
Proposta de role-playing: Durante a sessão, as te-
É importante esclarecer que das sessões de 1 a 9 são rapeutas propunham um problema ou questiona-
promovidas as habilidades sociais mencionadas, mento baseado no relato dos clientes (a partir das
pois são consistentemente identificadas na literatura entrevistas de avaliação ou durante os encontros)
da área. No entanto, sabe-se que tais comportamen- que envolvesse alguma dificuldade de relaciona-
tos ocorrem, sobretudo, em contexto de relaciona- mento interpessoal ou que se referisse a um deter-
mento amoroso, familiar e de falar em público, o minado déficit ou excesso comportamental de um
que levou à elaboração de mais três encontros para dos clientes em algum contexto de interação social.
retomar especificidades desses comportamentos e A técnica de role-playing ou ensaio comportamen-
garantir que tais contextos sejam contemplados, tal é sugerida sob o rótulo de “encenação” ou “si-
porque nem sempre apareceriam espontaneamente. mulação da situação-problema”.
Os participantes recebiam uma cartilha (Bolsoni-
Silva, 2009a) que continha definições das habilida- Role-playing: Realização da técnica de role-playing.
des sociais e exemplos de sua aplicabilidade para os No primeiro momento, pede-se a um cliente A que
contextos de vida universitária, relacionamento reproduza seus comportamentos tal como acontecem
amoroso e familiar. atualmente, no ambiente natural, e ao outro cliente B
pede-se que desempenhe o papel de uma pessoa com
Procedimento de coleta de dados quem A se relaciona (cuja interação foi relatada na
O procedimento empregado para o role-playing sessão), para que haja desempenho dos papéis de
como facilitador da análise funcional foi usado em acordo com as contingências vigentes relacionadas
seis das doze sessões em grupo. Os dados apresenta- às queixas relatadas na sessão.
dos, na seção de resultados, referem-se a trechos ex-
traídos de um dos relatórios parafraseados das ses- Análise funcional: Terapeutas fazem perguntas
sões terapêuticas (Sessão 7). A seleção da Sessão 7 para que os clientes identifiquem o contexto, os sen-
deve-se ao fato de que, considerando todo os regis- timentos eliciados, os comportamentos evocados e

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as consequências na interação em que o problema lidade/dificuldade, desempenho) e o do outro partici-


acontece. pante da interação, assim como identificam o efeito e
consequência de seu comportamento no outro.
Avaliação/autoavaliação: Participantes avaliam seu
próprio comportamento (nível de ansiedade, facilida- Reforçamento de comportamentos esperados, de
de/dificuldade, desempenho) e o do outro participan- autorrevelação e análise de contingência: Tera-
te da interação, assim como identificam o efeito e peutas ressaltam pontos positivos da interação de-
consequência de seu comportamento no outro. sempenhada, reforçam comportamentos relevantes,
de autorrevelação e de descrição de contingências.
Reforçamento de comportamentos relevantes, de au- Terapeutas avaliam com os clientes o quanto as al-
torrevelação e análise de contingência: Terapeutas ternativas de comportamentos mais habilidosos so-
ressaltam pontos positivos da interação desempenha- cialmente podem produzir mais reforçadores positi-
da, reforçam comportamentos relevantes, reforçam vos nas relações interpessoais.
comportamentos de autorrevelação e de descrição de
contingências. Desse modo, as terapeutas levantam Programação da generalização: São analisadas as
com os clientes as alternativas de comportamentos possibilidades de riscos e dificuldades de aplicação
mais habilidosas socialmente e funcionalmente equi- dos comportamentos treinados em contexto natural.
valentes à produção de reforçadores positivos nas inte- Se necessário, são treinadas outras respostas rela-
rações sociais. Para isso, faz-se uso de modelação e cionadas que poderiam impedir a generalização,
modelagem de respostas assertivas a partir da identifi- considerando a previsão das possíveis consequên-
cação de função, contexto, topografia. cias naturais.

Role-playing: Nova realização da técnica de role Esse procedimento de aplicação do role-playing ou


-playing, de acordo com as reflexões, instruções e ensaio comportamental durante as sessões em gru-
comportamentos modelados anteriormente. po poderia assumir três configurações possíveis, de-
pendendo da demanda do dia, do repertório com-
Análise funcional: Terapeutas novamente fazem portamental dos clientes ou da dificuldade da tarefa
perguntas para que os clientes identifiquem o con- e o momento da intervenção:
texto, os sentimentos eliciados, os comportamentos
evocados e as consequências na interação, dessa vez 1) Entre clientes: esse tipo de role-playing subsidia
na contingência em que empregaram repertórios al- avaliações e intervenções em situações, contex-
ternativos na interação social. Visa-se produzir tos, consequências ou tarefas comportamentais
comparações com os elementos da contingência do em que ambos os clientes têm alguma queixa
primeiro role-playing, destacar vantagens e desvan- semelhante ou que possa complementar com a
tagens de cada desempenho social. queixa do outro (de forma explícita ou implíci-
ta), ou quando um dos clientes possui reservas
Reavaliação/autoavaliação: Participantes avaliam comportamentais relevantes que podem funcio-
seu próprio comportamento (nível de ansiedade, faci- nar como modelos para o outro. Nesse caso, o

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comportamento de um cliente é condição ante- tabela a seguir com as principais informações de


cedente e consequência para o comportamento como ocorreu a interação entre clientes e terapeutas
do outro em situação de ensaio comportamental. durante a realização da técnica. Enquanto estratégia
2) Entre terapeuta-cliente: diante de queixa ou con- para exemplificação contextualizada dos resultados,
texto muito específico ou tarefa comportamental apresenta-se um recorte cuja intervenção tenha enfo-
de alto custo para o cliente, o terapeuta pode fa- cado a problemática do cliente Arthur.
zer parte do role-playing para direcionar a exe-
cução da técnica, o contexto e as consequências Resultados
que possam ser compatíveis e fidedignos com a
queixa e com o comportamento que se deseja Na Tabela 1, encontram-se trechos parafraseados da
instalar e modelar, por conseguinte. associação das técnicas role-playing e análise fun-
3) Entre terapeutas: quando ambos os clientes apre- cional na sessão sobre expressão de opiniões:
sentam significativos déficits comportamentais e
a execução da técnica se torna inviável ou im- Nas etapas iniciais realizadas na sessão apresenta-
produtiva terapeuticamente. Nesse sentido, as da, especificamente com os dados encontrados na
terapeutas podem criar um role-playing, geran- etapa 2 (primeiro role-playing), pode-se observar
do modelos de comportamentos e contingências que o cliente Arthur pôde discriminar sua dificulda-
de interação social a serem analisados pelos de de ouvir opiniões atentamente como parte da
clientes em uma primeira rodada, seguida ou classe de comportamentos-problema lidar com opi-
não de uma rodada em que os clientes tentam niões divergentes (quando A concorda com a fala de
reproduzir os modelos de interação social. T2 sobre sua dificuldade de ouvir quando B sinali-
zou discordância).
Na sessão relatada no presente trabalho, foi utiliza-
da a primeira configuração, ou seja, o role-playing Além da verbalização do cliente Arthur, pôde-se
foi realizado entre os clientes. considerar que as interações da cliente Betina e das
terapeutas, dadas pelo feedback de Betina e empatia
Procedimentos de tratamento e análise em relação à irmã de Arthur (“Acho importante você
de dados falar com sua irmã, pois já namorei um cara que a
Para o tratamento e análise dos dados, foram elabora- família toda não gostava, mas que eu tinha certeza
dos relatórios com os diálogos parafraseados, a partir que era o cara certo. Aconteceu que as pessoas me
dos áudios das gravações de todas as sessões. Em se- deixaram de lado, mas eu achava que meus familia-
guida, foram analisados e selecionados os trechos res mesmo não concordando, poderiam apoiar, eu
descritivos das intervenções de role-playing, a partir estava disposta a conversar sobre isso, teria me
dos critérios descritos anteriormente como etapas sentido melhor e talvez tivesse alcançado outras sa-
para utilização da técnica associada a analise funcio- ídas) e das terapeutas (“Como observadoras nota-
nal. Por fim, foi selecionada a sétima sessão para mos que você, Arhur, não respondeu à opinião da
ilustração dos resultados, pelos motivos anteriormen- Betina de que você deveria falar com sua irmã de
te apresentados, o que foi seguido pela confecção da uma forma diferente, o que você fez foi expressar as

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Tabela 1: Breve descrição da sessão conforme etapas (A refere-se ao cliente Arthur; enquanto B refere-se à Betina).

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Tabela 1: Continuação

justificativas para não concordar com o casamento de sua irmã) e descreve que seu comportamento nos
de sua irmã) pareceram relevantes para que Arthur diálogos sobre divergências fica, frequentemente,
refletisse sobre seu comportamento em relação ao sob controle de estímulos de seus argumentos e da
comportamento da irmã, conforme observado na necessidade de convencer e, com isso, ignora o con-
verbalização de Arthur e nas etapas seguintes. teúdo do que as pessoas dizem (Arthur disse que
não tem o direito de ignorar o que dizem quando
No passo (3), em que as terapeutas fazem perguntas não concordam dele). Arthur parece discriminar o
que descrevem as contingências apresentadas (“Be- estímulo antecedente para o comportamento de cri-
tina como você se sentiu com a resposta dada por ticar opiniões divergentes: alguém com quem tem
Arthur?”), e no passo (4), em que os clientes ava- intimidade, como a irmã, quando discorda de algu-
liam o próprio desempenho, observam-se resulta- ma opinião dele.
dos da análise de Arthur sobre seus comportamen-
tos. Nessa situação, as respostas verbais de Arthur Diante dos desempenhos dos clientes descritos nas
parecem descrever autorregras, observando sua difi- etapas anteriores, as terapeutas reforçam comporta-
culdade de ouvir Betina (desempenhando o papel mentos relevantes para a solução das queixas atra-

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vés de elogios e feedback, parafraseiam o que ouve expressar como se sente em relação a sua irmã,
no role-playing e sugerem que eles mesmos estão pedindo que ela se coloque no seu lugar, dizendo
atualmente com alguma facilidade de expressar opi- que você se importa muito com ela e gostaria que
niões divergentes e mais dificuldade em ouvir. Ob- ela ouvisse a sua opinião, sem deixar de apoiar
serva-se que este manejo caracteriza a etapa 5 do sua irmã, dizendo que a escolha é dela, que vai
role-playing e a partir dele observa-se como resulta- respeitar, e sem ser agressivo com ela, que só as-
do uma redefinição de parte do problema de Arthur, sim talvez sua irmã pare para pensar”). As tera-
que conforme descrito na etapa 3 e 4 passa a discri- peutas validaram a colaboração de Betina (“Muito
minar sua dificuldade em lidar com opiniões diver- interessante Betina, você exemplificar como Ar-
gentes de pessoas próximas e íntimas em oposição thur pode fazer”) e questionaram Arthur sobre sua
ao que caracterizava anteriormente enquanto difi- prontidão em apoiar a irmã caso ela se comporte
culdade da irmã em concordar com ele. Nesse sen- diferente da opinião dele, refletindo sobre o direito
tido, a partir do manejo de acolhimento das terapeu- de a irmã escolher sobre a própria vida. Diante de
tas e parafraseado sobre sua dificuldade, nota-se no suas dificuldades de resolver tal problema sozinho
relato de Arthur um aumento de autorrevelação, na e a empatia e modelos apresentados pelas terapeu-
medida em que ao tentar explicitar sua facilidade tas e Betina, observa-se que Arthur concorda com
em argumentar, discrimina sua própria dificuldade as colaborações apresentadas e passa a descrever
de ouvir e aceitar outros argumentos (“eu não tenho possíveis consequências positivas envolvidas nos
o direito de ignorar o que dizem quando não con- modelos alternativos apresentados que justifica-
cordam comigo”). riam esforçar-se para fazer diferente.

Diante da falta de repertório social mais habilido- Essa etapa possibilitou, tanto para Betina quanto para
so de Arthur para lidar com divergências, no passo Arthur, a identificação das consequências dos com-
(6) o próprio cliente e Betina pensam em compor- portamentos dos envolvidos na interação dada, na
tamentos alternativos e descrevem funções do medida em que Betina descreve para Arthur como a
comportamento; os próprios clientes discriminam irmã dele se comporta diante do comportamento
que parece haver uma expectativa de que a irmã se dele. As previsões de tais consequências serão poste-
convença do ponto de vista dele e concorde antes riormente identificadas como pré-requisitos para
mesmo da interação e sugerem o questionamento emissão dos comportamentos subsequentes de ex-
dessa expectativa; Betina acrescenta outro modelo pressar opiniões, sendo a discriminação da interde-
de comportamento baseado no que observou en- pendência entre os comportamentos um elemento
quanto desempenhava o papel da irmã: Arthur po- importante para a análise funcional dos clientes.
deria mudar o conteúdo de sua fala, uma vez que
seus argumentos consistiam em criticar o namora- No passo (7), terapeutas e clientes empenham-se
do da irmã (Betina diz: “fui muito cabeça dura, em programar um novo role-playing para continua-
não ouvia nada do que diziam, mas acha que a ção da facilitação da análise funcional, pois durante
irmã não presta atenção em você porque você só o primeiro role-playing, apesar da identificação e
vai para falar mal do namorado dela. Você podia discriminação dos comportamentos-problema, não

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foi possível o treino dos repertórios destacados, Arthur discriminou que seu jeito de falar era “rude”
posteriormente, como alternativos e potencialmente e entendia porque a irmã não queria mais ouvi-lo
ligados à produção de consequências mais positivas (“Reconheço que fui rude e minha irmã não irá me
para a relação entre os irmãos. Entretanto, Arthur ouvir falando dessa forma”). Além disso, diante de
apresenta dificuldades de emitir os comportamentos pergunta das terapeutas, o cliente pôde identificar
sugeridos como modelo (“Nem no exercício estou outro possível comportamento alternativo de ressal-
conseguindo me concentrar e fazer o que é preciso, tar o que ele concordava do que a irmã opinava an-
de tanto que esse assunto é difícil”), o que é com- tes de apresentar sua divergência, o que foi destaca-
preensível a partir da diferença entre o comporta- do pelas terapeutas como relevante uma vez que,
mento de declarar conhecimento sobre algo e emitir para isso, seria preciso ouvir a irmã, colocar-se no
o comportamento no ambiente social. Sendo assim, lugar dela e flexibilizar suas autorregras a respeito
nota-se a importância de treinar diretamente reper- de convencer a irmã de que ele estaria certo a res-
tórios de habilidades sociais mais simples para que peito do que é melhor para ela (quando o cliente
o cliente pudesse emitir operantes gradativamente conclui que sempre teve com a irmã uma relação
mais difíceis e relevantes para resolução de seus íntima e, desde o namoro dela, sentiu que perdeu o
problemas interpessoais. afeto da irmã e seu espaço na vida dela acreditando
que só iria piorar com o casamento).
Considera-se especificamente tanto o repertório de
autoconhecimento quanto o desempenho social de Finalmente, após tais resultados de realização de
cada cliente, para tanto a avaliação funcional reve- análise funcional em conjunto entre terapeutas e
la-se fundamental no processo terapêutico como cliente, as terapeutas perguntam o que ele teme per-
elemento precedente à modelagem de repertórios der na relação com a irmã caso ela se mantenha dis-
alternativos, o que seria concordante com procedi- cordando de sua crítica ao casamento, e o cliente
mento semiestruturado para universitários (Bolso- discriminou que mudar seu comportamento é muito
ni-Silva, 2009a) utilizado pela recomendação de difícil justamente porque se opor à irmã e tentar
flexibilidade de procedimentos em cada sessão para convencê-la era a única forma de sentir-se mais pró-
atender aos objetivos coerentes com cada caso. ximo dela naquela fase em que passava cada vez
menos tempo com a irmã e sentia que havia perdido
Nesse sentido, as terapeutas retornaram nesse mo- o afeto dela para seu cunhado. A discriminação das
mento ao passo (5) de avaliação do desempenho e consequências reforçadoras negativas ligadas a di-
ao passo (6) de construção de novos repertórios al- minuir importância na vida da irmã às vésperas do
ternativos. Mesmo com dificuldades para desempe- casamento pode ter sido um resultado importante
nhar comportamentos alternativos, após o segundo para que Arthur compreendesse mecanismos que
role-playing Arthur pôde discriminar outros impor- mantinham esse comportamento divergente prová-
tantes aspectos das contingências de ouvir e expres- vel, apesar dos sinais de afastamento da irmã.
sar opiniões divergentes para a irmã, o que consiste
em resultados significativos do ponto de vista de É interessante notar que, mesmo após a sugestão
construção da análise funcional pelo cliente. das terapeutas para Arthur treinar um comporta-

Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2012, Vol. XIV, nº 3,102-122 113
Role-playing como estratégia facilitadora da análise funcional em contexto clínico

mento alternativo mais simples para obter atenção cliente pode, após discriminar elementos da contin-
da irmã diferente de exigir e discutir por ela discor- gência de discordar da irmã, desenvolver um reper-
dar, o cliente propõe e reproduz uma contingência tório social quanto a discordar da opinião de Betina
muito similar, funcionalmente equivalente: critica o sobre seu próprio comportamento, produzindo
namorado de uma amiga (representada por Betina). como consequências diferenciais consequências
(Arthur diz à Betina que o namorado dela era muito positivas na interação com Betina. Nessa situação,
feio e diz que não imagina porque ela namora um Arthur também ampliou sua análise funcional a res-
cara assim, que ele não merecia alguém inteligente peito da divergência com a irmã ao identificar que,
como ela, Betina responde dizendo que quem tem como produto de sua forma insistente de apresentar
que achar ele bonito ou não seria ela). Diante dis- sua opinião divergente, a irmã passou a criticá-lo
so, ressalta-se que o role-playing é uma técnica po- também, o que aumentava os sentimentos negativos
tencialmente capaz de reproduzir na sessão contin- associados à sensação de estar perdendo o afeto da
gências funcionalmente equivalentes no ambiente irmã, apesar de ela dar atenção a esse assunto.
natural do cliente, em diferentes níveis de dificulda-
de e semelhança, o que pode favorecer o autoconhe- No retorno ao passo (7), em que um terceiro role
cimento e o treino de repertórios. -playing é encenado, Arthur se expressa pela opi-
nião sobre o namorado da amiga (Betina) de forma
Outro efeito bem sucedido do emprego do role mais descritiva e assertiva, diferentemente da forma
-playing como facilitador da análise funcional é agressiva como havia apresentado no role-playing
exemplificado na avaliação dos clientes do segundo anterior (“Desculpas por entrar no assunto, não
role-playing, quando a cliente Betina é cuidadosa- sou a pessoa mais bonita do mundo, nem é só isso
mente alertada por Arthur que ela havia sido agres- que importa, e você é muito esperta, mas acho que
siva como consequência de ele ter expressado sua vocês não vão funcionar bem no futuro, pois ele tem
opinião de tal forma (“Eu imaginava que a Betina um histórico complicado com outras meninas”).
reagiria assim, pois foi bem assim que minha irmã
reagiu”). Nessa situação, Betina discriminou que Nota-se que, mesmo que não tenha sido avaliado o
havia sido agressiva e identificou outras interações desempenho de como ele havia se expressado como
nas quais reproduz o mesmo padrão, o que demons- antecedente para a resposta agressiva de Betina no
tra mais uma vez ganhos de autoconhecimento de exemplo anterior, após a análise funcional da res-
Betina na sessão (“Foi isso que disse para minha posta de Betina, o cliente Arthur alterou seu com-
melhor amiga e não tinha percebido que isso era portamento e expressou-se de forma topografica-
agressivo, devo ser agressiva sem perceber com ou- mente diferente. Foi avaliada com os clientes a dife-
tras pessoas”). rença entre comportamentos que produzem conse-
quências naturais do tipo expressar o que se pensa e
Além disso, destaca-se que Arthur soube apontar de colocar-se em uma conversa e comportamentos que
forma socialmente habilidosa que Betina tinha sigo produzem consequências como inibir ou criticar o
agressiva em seu tom de voz e na forma como en- que o outro pensa. Ainda na avaliação a respeito do
cerrou o assunto. Tais relatos demonstram que o terceiro role-playing, tanto Arthur quanto Betina fi-

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Vivian Bonani de Souza – Natália Pinheiro Orti – Alessandra Turini Bolsoni-Silva

zeram análises funcionais relevantes que anterior- intervenção entre as variáveis com maior probabili-
mente não eram possíveis. Diante disso, revela-se o dade de influenciar a emissão do comportamento,
fato de os clientes terem se comportado no role em contexto natural, e que podem ser alteradas du-
-playing como costumam se comportar em contin- rante a terapia (Banaco, 1999; Neno, 2003; Stur-
gências naturais, favorecendo a discriminação de mey, 1996; Vandenberghe, 2002).
relações funcionais existentes nas queixas reprodu-
zidas pelo role-playing e posteriormente algumas Na Terapia Analítico-Comportamental, a análise
variações mais habilidosas no repertório de expres- funcional é entendida como uma forma ideográfica
são de opiniões. de avaliação que orienta o desenvolvimento de um
tratamento individualmente programado (Neno,
Com relação a Arthur, observou-se na sessão se- 2003; Sturmey, 1996). Portanto, se faz importante
guinte um importante resultado de generalização, a destacar que os déficits e excessos comportamentais
partir de um relato no qual o cliente se encontrava relatados no presente trabalho foram identificados
em um debate de ideias e opiniões em uma aula da apenas como uma parte dos objetivos terapêuticos
graduação e exerceu autocontrole com relação a im- de intervenção, a partir das avaliações individuais
por sua opinião agressivamente e expressou discor- que culminaram na elaboração de um estudo de
dância, de forma habilidosa, com relação ao que caso, antes do início do processo terapêutico em
pensava sem deixar de ouvir os argumentos dos ou- grupo, através de resultados de entrevista clínica
tros. A partir desse relato, o cliente afirmou que se comportamental e da aplicação dos instrumentos
sentiu “bem” e considerou um resultado “proveito- listados anteriormente. Além disso, a aplicação do
so” porque conseguiu “ouvir os argumentos das procedimento semi-estruturado para desenvolvi-
pessoas sem ter raiva daqueles que pensassem de mento de habilidades sociais com universitários
forma contrária” às suas opiniões. Após três ses- (Bolsoni-Silva, 2009b) prevê a flexibilidade do ma-
sões, o cliente relatou ter voltado a conversar com nejo das sessões de acordo com a avaliação compor-
sua irmã, após ter se desculpado pela insistência em tamental de cada cliente. Cada sessão resulta em um
discordar da sua opinião e decisão de se casar com percurso único e idiossincrático tanto quanto qual-
o namorado, expressando a ela que sentia falta das quer outra sessão terapêutica, uma vez que as tare-
conversas e carinho que demonstravam com maior fas de casa, técnicas e temas de habilidades sociais
frequência anteriormente. sugeridas pelas terapeutas devem ser trabalhadas de
modo contingente às necessidades dos clientes, os
Discussão exemplos relatados no dia e os objetivos com cada
cliente. Por outro lado, o uso de procedimentos se-
Uma vez que, para a aplicação clínica da Análise do miestruturados de intervenção, desde que garantam
Comportamento é impraticável manejar e controlar flexibilidade, tem sido apontado pela literatura
experimentalmente as variáveis relacionadas ao como favorável para o sucesso terapêutico (Boas, et
comportamento do cliente (Guilhardi, 1987; Stur- al., 2005; Del Prette, et al., 1999; Del Prette & Del
mey, 1996; Ulian, 2007), a análise funcional em Prette, 2003; Magalhães & Murta, 2003; Bauer-
contexto aplicado estabelece focos de avaliação e meister et al., 2006).

Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2012, Vol. XIV, nº 3,102-122 115
Role-playing como estratégia facilitadora da análise funcional em contexto clínico

Compreender comportamentos como produto de tais, os quais no caso da presente pesquisa seriam as
contingências de reforçamento implica considerar a alternativas funcionalmente equivalentes para reso-
identificação e reconhecimento de tais contingên- lução de problemas, em termos de habilidades so-
cias no processo terapêutico, através de interven- ciais relacionadas à expressão de sentimentos e opi-
ções apropriadas que levem o cliente a desenvolver niões. Para que esse processo seja considerado te-
maior auto-observação, autocontrole e autoconheci- rapêutico e idiossincrático, foi preciso considerar a
mento, a partir, sobretudo, de consequências intrín- análise funcional e objetivos terapêuticos de cada
secas (Goldiamond, 1974/2002). No caso dos clien- caso (Bolsoni-Silva, 2002). Desse modo, além de
tes Arthur e Betina, o déficit em autoconhecimento respaldos das referências da literatura sobre o que é
e a dificuldade de estabelecer relações funcionais relevante para uma dada população e cultura especí-
do próprio comportamento dificultavam a seleção fica, enfatiza-se a importância da análise funcional
de repertórios eficazes na produção de reforçadores como instrumento que possibilita avaliar as contin-
positivos. A associação das técnicas de role-playing gências em que cada pessoa se comporta, o que fa-
e análise funcional foram úteis para facilitar a ob- vorece uma avaliação individualizada de quais con-
servação e descrição do próprio comportamento, tingências comportamentais descrevem as queixas,
contribuindo para a discriminação dos clientes a bem como quais repertórios podem contribuir para
respeito das dificuldades e eventos dos quais as res- uma melhora terapêutica.
postas eram função, além da relação do repertório
atual com a história de vida (Neno, 2003; Sturmey, De acordo com os passos para a análise funcional,
1996; Vandenberghe, 2002) e estimular o desenvol- apresentados por Meyer (2003), primeiramente bus-
vimento de repertório alternativo (Goldia- cou-se identificar o comportamento de interesse. Na
mond,1974/2002). sétima sessão do procedimento semiestruturado
para universitários (Bolsoni-Silva, 2009a), a classe
Conforme Donadone e Meyer (2005) ressaltam, o comportamental de expressar opiniões foi usada
sucesso da Análise do Comportamento Aplicada ao para o uso do role-playing associado à análise fun-
contexto clínico não está atrelado ao uso de técni- cional. Através do relato de diferentes conflitos com
cas, mas sim à escolha contextualizada e apropriada os irmãos e com os pais em sessões anteriores, as
delas, assim como à interpretação de seus resulta- terapeutas discriminaram significativos déficits des-
dos e seleção de intervenções de acordo com os se comportamento no repertório de Betina enquanto
pressupostos filosóficos e conceituais do Behavio- que, no caso de Arthur, observaram-se excessos
rismo Radical. desse comportamento. Pelos resultados apresenta-
dos, acredita-se que, a partir da associação das téc-
Considera-se que, no contexto clínico analítico- nicas de análise funcional e role-playing, foi possí-
comportamental, se têm como objetivos que o indi- vel que os clientes pudessem fazer análise funcional
víduo passe a descrever as contingências de seus das queixas relacionadas à expressão de opiniões.
comportamentos como um resultado pré-corrente Nesse sentido, observa-se que a associação entre as
ou concomitante às intervenções para o desenvolvi- técnicas mencionadas cumpriu o objetivo de facili-
mento de e a desenvolver repertórios comportamen- tar o autoconhecimento, sem deixar de favorecer os

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Vivian Bonani de Souza – Natália Pinheiro Orti – Alessandra Turini Bolsoni-Silva

objetivos usuais como modelação e modelagem de setting terapêutico e permitiu a discriminação de


repertórios alternativos, cujos resultados são obser- relações funcionais de maneira mais clara e contex-
vados no relatado por Arthur na sessão seguinte so- tualizada. Isso se tornou possível porque, antes de
bre as resoluções na relação com a irmã. começar os atendimentos em grupo, foram conduzi-
dos atendimentos individuais que permitiram ampla
Sabe-se da dificuldade do estudante universitário em avaliação diagnóstica, possibilitando identificar dé-
estabelecer relacionamentos familiares e amorosos ficits e excessos.
satisfatórios e especificamente repertórios de asser-
tividade, tal como expressar a própria opinião e lidar Os passos realizados anteriormente e posteriormen-
com a opinião alheia (Bandeira & Quaglia, 2005; te ao role-playing propriamente dito parecem ter
Boas et al., 2005; Del Prette & Del Prette, 2003). participado de modo fundamental na produção dos
Torna-se um desafio para o clínico comportamental resultados terapêuticos associados ao autoconheci-
ensinar novas respostas diante desses contextos. mento, pois nesses passos priorizou-se o uso de per-
Atrelado ao ensino de novos repertórios, torna-se guntas que levassem a respostas de descrição de
ímpar o ensino de autoconhecimento que pode ser contingências da sessão e do ambiente natural, além
obtido a partir de análise funcional de contingências. da análise das dificuldades relacionadas ao desen-
O role-playing, pelos resultados apresentados, mos- volvimento do repertório socialmente habilidoso
trou-se útil para ensinar os clientes a realizar análise que pudesse maximizar as consequências reforça-
funcional, a qual era comportamento pré-corrente doras na resolução de problemas interpessoais. As-
para o ensino de novas habilidades sociais envolvi- sim, os dados indicam a importância do planeja-
das nas queixas previamente identificadas. mento, da identificação de objetivos e de busca de
técnicas que auxiliam no autoconhecimento e pro-
Considerando o repertório insuficiente de autoco- moção de repertório, ou seja, a escolha da técnica
nhecimento e a dificuldade desses clientes em dis- do role playing para esse fim só foi possível devido
criminar relações através de perguntas das terapeu- à boa formulação do caso e do adequado planeja-
tas, os role-playings foram planejados e conduzidos mento de intervenção, favorecendo a efetividade da
na sessão exemplificada de maneira que as dificul- técnica, produzindo autoconhecimento sem deixar
dades observadas através dos dados levantados no de fazer o que originalmente é destinado, promoção
estudo de caso e nas sessões anteriores, em relação de repertório alternativo. Pode se dizer que nesse
a aspectos do relacionamento familiar identificados caso a promoção de repertório sem o autoconheci-
durante a avaliação do caso, como a expressão de mento possivelmente não garantiria motivação para
opiniões e a expressão de sentimentos negativos, mudança tanto para Arthur quanto para Betina.
pudessem ser reproduzidas, facilitando a realização
da análise funcional pelos clientes. É interessante notar que se tornou possível reforçar
diferencialmente os comportamentos verbais de au-
Nesse sentido, o uso do role-playing parece ter con- torrevelação e relação entre eventos por parte dos
tribuído para a reprodução de contingências equiva- clientes, o que maximizou ganhos terapêuticos de
lentes aos problemas interpessoais dos clientes no auto-observação e autoconhecimento, durante o ro-

Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2012, Vol. XIV, nº 3,102-122 117
Role-playing como estratégia facilitadora da análise funcional em contexto clínico

le-playing realizado na sessão escolhida para a lugar da irmã e discriminar porque estava tão zanga-
apresentação dos dados. do com ela, visto que a ameaça de perda ainda maior
da atenção através da notícia do casamento estava
Além disso, aspectos que podem ser observados, funcionalmente relacionado ao aumento de agressi-
dadas as autorrevelações e análises funcionais feitas vidade com a irmã, pela forma de imposição de di-
pelos clientes, incluem que conhecer a história do vergências e críticas.
relacionamento em análise dá importantes pistas dos
padrões de comportamento entre as partes (Meyer, Na terapia analítico-comportamental, tradicional-
2003). Para Arthur, a classe de comportamentos de mente o role-playing tem sido usado como sinôni-
expressar frequentemente suas opiniões divergentes mo de ensaio comportamental enquanto técnica que
sobre o namorado da irmã e discordar agressivamen- favorece a modelagem e ampliação de classes de
te dela a respeito da decisão de casar-se produzia respostas durante a sessão (Calais & Bolsoni-Silva,
primeiramente como consequências reforçadoras a 2008; Otero, 2004). Entende-se que a partir desse
atenção da irmã (quem por muito tempo procurou uso seja possível modelar de forma colaborativa en-
frequentemente acolher e se justificar para o irmão) tre terapeuta e cliente os repertórios que sejam fun-
e posteriormente produzia como consequências cionalmente equivalentes (Bolsoni-Silbva et al.,
aversivas brigas e a remoção da atenção da irmã (se 2010; Goldiamond, 1974/2002), através da oportu-
distanciando, conversando menos). Para Betina, a nidade de reproduzir padrões de interação tal como
classe de respostas de evitar expressar suas opiniões acontecem com os interlocutores e temas encontra-
sobre os comportamentos do irmão e dos pais em dos no ambiente natural. O presente trabalho pro-
relação a ele tinham função reforçadora negativa de cura demonstrar que, para além da aplicação com
não entrar em contato com a provável reprovação objetivo de modelagem de respostas, a técnica de
dos pais às suas críticas e brigas com o irmão. role-playing ao ser associada às perguntas e mane-
jos de realização de análise funcional, atendeu ao
Nesse sentido, destaca-se a importância do planeja- objetivo de facilitar a promoção de autoconheci-
mento, incluindo o levantamento de objetivos e se- mento dos clientes.
leção de técnicas, que promova o autoconhecimento
e a promoção de repertórios relevantes. No caso do Boas et al. (2005), em um estudo piloto do procedi-
presente trabalho, as técnicas selecionadas em asso- mento de treino de comportamentos socialmente
ciação possivelmente tiveram resultados coerentes habilidosos a partir de técnicas comportamentais,
em função de uma adequada formulação dos casos, apresentaram como resultados que os universitários
bem como um planejamento adequado para inter- relataram superação de dificuldades a partir da apli-
venção. Pode-se dizer que, nesse caso, a promoção cação de habilidades sociais, além de ganhos de au-
dos repertórios relevantes quando ao manejo de opi- toconhecimento, resultando na redução de sintomas
niões divergentes sem o autoconhecimento possi- de ansiedade. No presente trabalho, a aplicação
velmente não garantiria motivação para a mudança, analítico-comportamental da técnica de role-playing
sendo que, com autoconhecimento adquirido sobre diferenciou-se pelo enfoque dado à facilitação da
o tema, o cliente tornou-se capaz de se colocar no realização da análise funcional pelos clientes, espe-

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Vivian Bonani de Souza – Natália Pinheiro Orti – Alessandra Turini Bolsoni-Silva

cialmente quanto às variáveis funcionalmente liga- e análise funcional tenha ocorrido de modo produti-
das aos problemas relatados, para que posterior- vo com relação aos objetivos terapêuticos em fun-
mente fosse possível e significativa a discriminação ção de os clientes já apresentarem indicativos de
de comportamentos alternativos a serem desenvol- vínculo entre si e com as terapeutas antes da sétima
vidos na continuidade do processo terapêutico. sessão ilustrada, o que pode ser definitivo para acei-
tação à exposição exigida pelas técnicas.
Considerações finais Enquanto possíveis lacunas do presente estudo, en-
contram-se algumas variáveis metodológicas, como
A partir dos resultados apresentados, pode-se iden- o número reduzido de sessões do procedimento de
tificar a aplicabilidade do role-playing ou ensaio intervenção, bem como a análise dos dados a partir
comportamental enquanto técnica que pode subsi- de relatórios parafraseados das sessões em vez de
diar e facilitar a realização de análises funcionais transcrições literais. Nesse sentido, é importante
como condição para o início do desenvolvimento de considerar questões não respondidas por esse deli-
repertórios funcionalmente equivalentes, que subs- neamento, como, por exemplo, em que medida o
tituem de forma mais adaptativa e socialmente habi- procedimento de associação entre técnicas de role
lidosa os comportamentos identificados como quei- -playing e análise funcional seria eficaz em terapia
xa na avaliação comportamental. Essa conclusão com grupos maiores ou em terapia individual.
parece útil especialmente no caso de clientes com
baixo repertório de autoconhecimento e repertórios Próximas pesquisas poderiam priorizar maior con-
socialmente habilidosos para os problemas inter- trole metodológico, por exemplo, em um delinea-
pessoais, como no caso dos clientes do presente es- mento experimental no qual diante do mesmo tipo
tudo. Nesses casos relatados, observa-se que o de queixa emprega-se a combinação das técnicas
maior ganho terapêutico com a associação das téc- com um grupo enquanto com outros clientes usa-se
nicas provavelmente tenha sido a análise funcional cada uma das técnicas separadamente, para que
de contingências relacionadas à descrição das quei- com a mensuração dos resultados se possa verificar
xas, as quais anteriormente não eram discriminadas com maior previsão a efetividade do uso das técni-
pelos clientes como parte de seu comportamento. cas separadamente ou associadas.

Em resumo, procurou-se demonstrar que uma im- Referências


portante contribuição da associação da análise fun-
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vam suas queixas e possibilidades de mudança. co­logia comportamental e cognitiva da refle­


xão teórica à diversidade na aplicação, vol. 4,

Algumas variáveis do processo terapêutico talvez pp.75-82. Santo André: ARBytes.

possam ser consideradas para o alcance dos resulta- Bandeira, M. & Quaglia, M.A.C. (2005). Habilidades sociais de es-
dos. Provavelmente, a associação entre role-playing tudantes universitários: identificação de situações sociais

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Recebido em 28 de fevereiro de 2012


Devolvido em 25 de junho de 2012
Aceito em 27 de agosto de 2012

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