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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
DISCIPLINA: VIBRAÇÕES MECÂNICAS
PROFESSOR: NEWTON SURE SOEIRO

Relatório da Experiência 5

WHIRLING DE EIXOS ROTATIVOS

Alan Rafael Menezes do Vale - 9802100601


Belém – PA
Abril de 2002
1. INTRODUÇÃO

O Experimento 5 (Movimento de Whirling de Eixos Rotativos), tem os


objetivos de determinar as freqüências naturais do eixo em questão,
suas respectivas formas deformadas e uma curva que expressa a
freqüência natural do eixo em função do seu comprimento para
compará-la com os resultados teóricos, obtidos através das equações
deste movimento, além disto, observou-se no experimento o fenômeno
de “Whirling” (bamboleio) do eixo rotativo.
Os eixos em rotação apresentam curvaturas (barrigas) quando
atingem certas freqüências de oscilação. “Whirling” é a rotação do
plano formado pelo eixo curvado e a reta que passa pelos centros dos
mancais. As causas deste fenômeno são: o desequilíbrio de massa, o
amortecimento de histerese do eixo, a força centrífuga agindo no centro
de massa do eixo, etc. O “Whirling” pode ocorrer oposto ou na mesma
direção de rotação do eixo. Quanto à sua velocidade, tanto pode ser
igual (síncrono) como oposta a do eixo (assíncrono).
O “Whirling” é classificado de movimento auto-excitado, no qual as
forças excitadoras que o induzem são controladas por ele próprio. Para
o caso em questão, destacar-se-á o caso mais simples, o de rotação
síncrona, em que a velocidade de rotação do eixo é idêntica à de
“Whirling”.
O fenômeno citado pode ser mostrado abaixo:

Algumas das equações aplicadas ao fenômeno são mostradas abaixo:


onde “r” é o raio de deflexão, “e” é a excentricidade e  é a freqüência
da força excitadora. “K”e “M” são a rigidez e a massa do sistema,
respectivamente.

Outra equação pode ser vista abaixo:

onde n é a freqüência natural do sistema.


Outras equações são mostradas a seguir:

Onde as fórmulas para “n” freqüências naturais são dadas abaixo:

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Foi aplicada na experiência em questão, a bancada para teste de eixos


(whirling). Esta foi utilizada com a seguinte configuração:

Mancais de Rolamento

Motor Elétrico
Utilizou-se um eixo com diâmetro de 3/16”, de aço. O mesmo em uma
das extremidades é fixado a um motor elétrico, cuja a rotação pôde ser
variada e medida. Este eixo atravessa dois mancais aos quais terão sua
posições variadas no decorrer do experimento, para assim poder
simular diferentes comprimentos do vão livre do eixo. Na extremidade
oposta do eixo existe outro mancal que restringe o movimento axial do
eixo. Entre os mancais centrais, o eixo atravessa dois guias, que
impedem que o eixo tenha valores grandes de deslocamento no sentido
radial, impedindo assim uma quebra do eixo, devido à entrada deste na
ressonância, onde ocorrem grandes deformações.
Montada a bancada, ajustou-se o primeiro comprimento de eixo e
variou-se a rotação do motor até se chegar na freqüência de
ressonância. Assim, anotou-se o valor de freqüência correspondente ao
inicio da região de ressonância, aumentando-se rapidamente a
freqüência para ultrapassar está região sem provocar grandes
amplitudes no eixo, e com cuidado para não atingir a segunda
freqüência natural. Depois, diminuiu-se gradualmente a freqüência até
se determinar o limite superior da região de ressonância. Com os dois
limites dessa região, determinou-se a freqüência natural do eixo como
sendo a média entre os estes dois valores.
No experimento em questão foi adotado este procedimento, pelo fato
de que os mancais da bancada que apóiam o eixo, estavam com
comportamentos anormais, que influenciavam os resultados. Passando
rapidamente pela ressonância evitava-se submeter–los a grandes
amplitudes que mudavam as suas características iniciais, podendo então
obter resultados aparentemente mais coerentes. Feito isso, repetiu-se o
procedimento acima para os demais comprimentos de eixos a serem
analisados, no total, utilizou-se 6 comprimentos, iniciando-se com 1 m e
terminando-se com 0,5 m, com decaimento de 0,1 em 0,1 m.
Uma etapa que deve ser realizada depois de obtidos os dados
experimentais é o Saneamento Amostral. Este consiste num método que
indica os valores que devem ser eliminados no tratamento dos dados,
para evitar possíveis desvios. Para o caso em questão pode ser utilizado
o Critério de Cauvenet. Este consiste no cálculo do valor de “d / s” da
amostragem, onde “d” representa a diferença entre um elemento da
amostragem e a média, em valores absolutos e “s” o desvio padrão, já
calculado, e em seguida compara-lo com o “d / s” crítico tabelado.
Usualmente testa-se o maior e o menor elemento , caso estes sejam
inferiores ao “d / s” tabelado, não há necessidade de eliminar nenhum
elemento da amostragem. No cálculo do desvio padrão (S), foi utilizada
a seguinte equação:

S2 =  (Xi – XMED)2 / N
Na experiência em questão não foi necessário utilizar o saneamento
amostral, como descrito acima. Foram plotados os pontos e notou-se que
os mesmos comportaram-se de forma praticamente linear, não
apresentando grandes desvios. Para a determinação dos coeficientes
angular e linear da reta foi utilizado o software Excel. Uma outra forma
é realizar o ajuste da reta pelo método dos mínimos quadrados. Como
visto no Anexo 2 do Roteiro da Experiência 1, para o caso do
experimento, escolheu-se as funções f (x) tais que a função Y (x) é dada
por:

Y(x) = k1 + k2.x

que depois de aplicada a teoria apresentada, forneceu o seguinte


sistema de equações que permite a determinação de k1 e k2:

 yi = n.k1 + k2. xi

 xi.yi = k1. xi + k2. xi2

onde:k1 = b = coeficiente linear e k2 = a = coeficiente angular da


reta.
As retas obtidas tanto através do computador, como pelo método
devem apresentar coeficientes similares, visto que estes utilizam
métodos muito semelhantes no ajuste da curva que passa pelos pontos
dados.

3. TRATAMENTO DE DADOS

Da experiência foram obtidos os seguintes resultados:

L (m) fn (Hz) Wn (Rad/s)


1 23 144,509
0,9 27,5 172,7825
0,8 32 201,056
0,7 39 245,037
0,6 52 326,716
0,5 62 389,546

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Como visto no desenho da bancada, a mesma é composta de quatro


mancais, sendo que a região do eixo que se deseja analisar é a região
compreendida entre os dois mancais centrais, porém, quando o eixo é
submetido à rotação, as regiões periféricas sofrem também vibração e,
como só existem guias na região central, as amplitudes de vibrações na
periferia acabam se tornando tão elevadas que impediram o aumento da
rotação até os níveis desejáveis, obscurecendo também os resultados.
Isso implica em dizer que na maioria dos casos de comprimento de eixo
só foi possível obter a primeira freqüência natural, não possibilitando o
alcance completo dos objetivos do experimento.
Todavia, para o comprimento de 1000 mm foi possível demonstrar os
três modos de vibração (formas modais) correspondentes as três
primeiras freqüências naturais, confirmando assim o mostrado nas aulas
teóricas. As três formas deformadas, observadas durante a realização do
experimento, podem ser exemplificadas conforme o modelo abaixo:

É válido ressaltar que os cálculos limitaram-se apenas aos valores


colhidos das primeiras freqüências naturais de cada vão, conforme
explicado anteriormente
Analisando os resultados, notou-se que os valores obtidos para as freqüências naturais através das equações
mostradas, estão bem afastados dos dados obtidos experimentalmente, com visto na tabela abaixo:
L (m) Wn Exp.(Rad/s) Wn Erro Abs
Teórico(Rad/s) (Rad/s)
1 144,51 42,49 102,01
0,9 172,78 52,46 120,32
0,8 201,06 66,39 134,66
0,7 245,04 86,72 158,31
0,6 326,72 118,04 208,67
0,5 389,55 169,98 219,57

Os resultados obtidos foram plotados e mostrados no gráfico abaixo:


Wn (rd/ s)

500

400
Teórico
300

200 Experimental

100

0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Comprimento (mm)

Nota-se que apesar de grande, esta diferença entre os resultados


segue um padrão para praticamente todos os pontos, como demonstrado
no gráfico acima, visto que as retas têm praticamente a mesma
inclinação. Deste modo este erro pode ser considerado como um erro
sistemático decorrente da não calibração do dispositivo de medição da
rotação do eixo, e de outras fontes de erro inerentes ao processo.
A equação ajustada para os dados experimentais foi a seguinte:

Wn = -244,14 * L + 272,45 ; R2 = 0,9138

Já a equação ajustada para os dados teóricos foi a seguinte:

Wn = -494,56 * L + 617,53 ; R2 = 0,9554

As diferenças mostradas acima, podem ser explicadas por alguns


motivos, tais como:

Percebeu-se claramente que o eixo estava empenado (deformação


plástica), o que gera forças devido ao desbalanceamento e desvios nos
resultados, analisando o eixo de forma estática;

Os mancais da bancada estavam danificados, apresentando


dificuldades em girar (sendo que alguns nem giravam com o eixo,
ficando estáticos, agindo como mancais de rolamento) e também quando
giravam não se mantiveram paralelos ao eixo, forçando-o e deformando-
o. Enfim estes problemas nos mancais alteravam a rigidez do sistema,
influenciando diretamente na freqüência natural.
Como já comentado, as regiões periféricas do eixo também sofriam os
efeitos do “Whirling” e por isso acabavam influenciando nos resultados
da região central. Chegou até a acontecer de tanto a região central,
quanto a periférica estarem próximo a faixa de ressonância e com
grandes vibrações. Estas vibrações nas regiões periféricas também
influenciavam no comportamento dos mancais o que se tornou mais um
fator que afastava os resultados obtidos experimentalmente dos reais.

De modo geral o experimento atingiu seus objetivos apesar de seus


resultados não serem confiáveis. Porém, seu principal objetivo era
tornar o fenômeno de Whirling de um eixo rotativo, os equipamentos e a
prática de alguns conceitos estudados em sala de aula. familiar aos
alunos

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HARTOG, J. Vibrações nos Sistemas Mecânicos. São Paulo: Ed. Blücher.

MABIE H. H. & OCVIRCK, F. W., Dinâmica das Máquinas, Editora Livros


Técnicos e Científicos S. A., Rio de Janeiro, 1980, pp 546 a 549.

SETO, W. W., Vibrações Mecânicas, Coleção Schawn, São Paulo, 1984

SOEIRO, N. S., Notas de Aula, 2002.

SOEIRO, N. S., Roteiro da Experiência 1 do Sub-Laboratório de


Vibrações do Laboratório de Engenharia Mecânica da UFPA, 2002.

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