Recurso de revista

O recurso de revista, com previsão nos artigos 896, 896-A, 896-B e 896-C da
CLT, tem caráter eminentemente técnico, com a finalidade de possibilitar a
uniformização da jurisprudência, ao contrário do recurso ordinário, por exemplo, cujo
intuito é a reforma da decisão por meio da ampla discussão de fatos e provas.
O prazo para interposição do recurso de revista é de 08 (oito) dias para a
apresentação das razões e contrarrazões do recurso, estando a sua interposição
condicionada ao recolhimento de preparo, tanto o depósito recursal, quanto as custas.
O recurso de revista é cabível em face de acórdãos proferidos pelos TRTs em sede
de recurso ordinário nos dissídios individuais, ou seja, não é cabível a sua interposição
em dissídios coletivos; o processo deve advir do primeiro grau de jurisdição; o processo
deverá estar no TRT em grau de recurso ordinário; não é cabível a sua interposição em
face de decisões proferidas pelo TRT em processos de sua origem, como, por exemplo,
ação rescisória, mandado de segurança, etc., nesses casos seria cabível a interposição de
recurso ordinário.
Este recurso está sujeito ao duplo juízo de admissibilidade, sendo o primeiro
realizado pelo presidente do TRT que proferiu a decisão recorrida (juízo a quo) e o
segundo juízo de admissibilidade realizado por uma das 08 (oito) turmas do TST (juízo
ad quem).
Conforme registrado acima o recurso de revista consiste em um recurso
eminentemente técnico, com natureza extraordinária, que visa a uniformização da
jurisprudência, não cabendo no seu bojo a reanálise de fatos e provas, conforme súmula
126 de TST. Assim sendo, além de todos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos gerais,
como, por exemplo, o preparo, a tempestividade, etc., há ainda dois pressupostos recursais
extrínsecos específicos, são eles:
a) o prequestionamento: que consiste na exigência de análise previa pelo TRT a
respeito da tese sobre a matéria ou questão que se pretende recorrer, conforme
súmula 297 do TST, dessa forma se o acórdão que julgar o recurso ordinário não
tiver tratado da tese que se pretende discutir o recorrente precisa apresentar
embargos de declaração para fins de prequestionamento, sendo possível a
ocorrência do prequestionamento tácito;1

1
Súmula 297 do TST: “PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE. CONFIGURAÇÃO (nova
redação) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

1
 b) transcendência (art. 896-A da CLT): o TST somente julgará o recurso de revista
se após a análise prévia do recurso a Corte constatar a transcendência quanto a
natureza social, econômica ou política ou jurídica, entenda-se transcendência por
relevância.2
Em relação ao prequestionamento, deverá o recorrente transcrever na peça
recursal, caso seja suscitado preliminar de nulidade por negativa da prestação
jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido ao Tribunal que se
manifestasse sobre questão tratada no recurso ordinário e o trecho da decisão que rejeitou
os embargos.
O relator do recurso de revista poderá inadmiti-lo por meio de decisão
monocrática em razão de deserção, intempestividade, irregularidade na representação ou
em virtude da ausência de quaisquer outros pressupostos de admissibilidade intrínsecos e
extrínsecos.
Para que o recurso de revista seja apreciado é necessário que ele esteja fundado
em uma das três razões jurídicas explicitadas nas alíneas do art. 896 da CLT, são elas:
a) Primeira hipótese de cabimento “a”: divergência jurisprudencial na
interpretação de lei federal: essa divergência pode ser verificada quando o TRT
que proferiu a decisão que se pretende recorrer tiver dado interpretação diversa do
mesmo dispositivo de lei federal dada por outro TRT, pelo TST, quando contrariar
súmula do TST ou quando contrariar súmula vinculante do STF.
 Hipóteses de cabimento:
- acórdão de TRT X acórdão de outro TRT;
- acórdão de TRT X acórdão do TST – SDI;
- acórdão de TRT X súmula do TST; e
- acórdão de TRT X súmula do STF.
Registre-se que quando o acórdão recorrido der interpretação diversa de lei federal
de outra Turma do mesmo TRT em que foi proferida a decisão que se pretende desafiar

I – Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada,
explicitamente, tese a respeito.
II – Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor
embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.
III – Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o
Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração”.
2
Aqui a ideia é obter o mesmo resultado prático do requisito de repercussão geral, inovação esta trazida
por meio da emenda constitucional n. 45/2004, evitando a subida de questões de menor importância para
as Cortes Superiores.

2
não cabe recurso de revista por divergência jurisprudencial, conforme OJ 111 da SDI-1
do TST.3 Por outro lado, quando a decisão do TRT que se pretende recorrer contraria OJ
do TST, conforme OJ 219 da SDI-1 do próprio TST, será cabível a interposição de recurso
de revista por divergência jurisprudencial.4
b) Segunda hipótese de cabimento “b”: divergência jurisprudencial na
interpretação de lei estadual, convenção coletiva de trabalho, sentença
normativa ou regulamento empresarial que extrapolem o âmbito de atuação
do TRT prolator da decisão recorrida.5

 Hipóteses de cabimento:
- Acórdão de TRT X acórdão de outro TRT;
- Acórdão de TRT X acórdão do TST – SDI;
- Acórdão de TRT X súmula do TST; e
- Acórdão de TRT X súmula do STF.
c) Terceira hipótese de cabimento “c”: acórdão do TRT proferido com violação
literal e direta a disposição de lei federal ou ao texto constitucional.

 Hipóteses de cabimento:
- Acórdão do TRT X lei federal;
- Acórdão do TRT X CRFB;
É importante salientar que, conforme preceitua a súmula 221 do TST a
admissibilidade do recurso de revista por afronta direta a lei federal ou a CRFB depende
da indicação precisa do dispositivo violado.

3
Veja-se o texto da OJ n. 111 da SDI-1 do TST:
“RECURSO DE REVISTA. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. ARESTO ORIUNDO DO MESMO
TRIBUNAL REGIONAL. LEI N. 9.756/98. INSERVÍVEL AO CONHECIMENTO (nova redação DoJ) –
20.04.2005.
Não é servível ao conhecimento de recurso de revista aresto oriundo de mesmo Tribunal Regional do
Trabalho, salvo se o recurso houver sido interposto anteriormente à vigência da Lei n. 9.756/98”.
4
Veja-se o texto da OJ n. 219 da SDI-1 do TST:
“RECURSO DE REVISTA OU DE EMBARGOS FUNDAMENTADO EM ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL DO TST (inserida em 02.04.2001)
É válida, para efeito de conhecimento do recurso de revista ou de embargos, a invocação de Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, desde que, das razões recursais, conste o seu número ou
conteúdo”.
5
Ver OJ 147 do TST.