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Timeu

O Timeu, Platão faz uma cosmologia. Uma tentativa de explicar o surgimento do Universo
fugindo a questão do mito. Neste ponto ele fracassa, pois o Timeu ainda está muito preso a
idéia de um criador, o demiurgo, como colocado por este. Apesar disso, ele consegue uma
obra riquíssima em detalhes que tenta sanar vários buracos conceituais deixados ao longo de
outras obras. O que será importante no Timeu é o conceito de alma e sua articulação com o
corpo. Apesar de tratar basicamente de uma cosmogonia, o Timeu fala bastante da questão da
alma, no entanto, esta é mais dirigida à Alma do Mundo. O que mais fica evidenciado é a
criação da alma, no entanto, existe também uma relação intrínseca desta com as doenças do
corpo. Na medida que cada uma destas faculdades da alma é responsável por uma parte do
corpo, quando estas faculdades falham, o corpo adoece. Estas faculdades também comandam
o corpo tornando-o funcional, mas na ocasião de sua morte, somente a alma racional
permanecerá. Posteriormente, Platão faz um desmembramento da alma, contando como ela foi
criada a partir do finito (o outro), do infinito (o mesmo) e de uma terceira substância. Criada
pelo demiurgo, e, sendo desta forma, a única capaz de contemplar o Mundo Inteligível. Vê-se
desta forma, que a alma foi feita para comandar o corpo, no entanto, muitas vezes, é o corpo
quem comanda a alma. Apenas uma alma forte, uma alma racional, pode ter o controle do
corpo. Quando esta o tem, assim que ela cumpre sua tarefa de purificação, ela deixa o corpo
para retornar às Idéias. No final de todo o processo, ou seja após a morte, a alma fica outra vez
sem as partes sensíveis que lhe haviam sido acrescidas. Retornando ao estado puramente
espiritual, a alma fica como inicialmente se encontrava. Estivera num corpo para se purificar de
algum delito. Uma vez purificada, não teria mais sentido permanecer aprisionada no corpo e
com os seus órgãos sensíveis. Obviamente este é apenas um aspecto desta grandiosa obra de
Platão, o filosófico. Existe também o aspecto místico que fascina gerações.

A origem do cosmos e a alma no Timeu

A obra platônica Timeu é constituída de duas partes: a primeira funciona com um prólogo, na

qual Timeu e Sócrates se colocam a relembrar a discussão do dia anterior. A segunda parte,

muito mais extensa, é a exposição de Timeu sobre a origem do universo e do homem.

A primeira parte da obra é tomada pela recordação do dia anterior, quando tinham

discutido um modelo de cidade perfeita. Nessa, existe a separação das classes, cada uma fazendo

o que lhe é cabido; os guardiões se dedicam e se preparam para defender a integridade física da

cidade, não recebendo bens desnecessários à sobrevivência; as mulheres com a mesma formação

dos homens; os filhos são de todos, assegurando o caráter familiar na cidade e a

responsabilidade de todos com as crianças; os bons cidadãos devem se unir e perpetuar a

espécie, enquanto os maus não devem reproduzir. Tudo isso para o bem do futuro da cidade.

Esse prólogo do Timeu, no qual Platão lembra a configuração da cidade perfeita, leva-nos a crer,

assim como vários estudiosos do assunto, que a obra é uma continuidade da República, na qual

ficou acertada as especificações da pólis boa.


Timeu nos fala da origem do universo e do homem e da necessária relação entre eles

(arriscamo-nos a dizer influência de um sobre o outro). O discurso constituirá a ligação entre o

indivíduo, a pólis e o universo. A origem do universo e do homem é um "mito verossímil", nos

diz Platão (cf. 29d), e fica evidente no decorrer de toda a obra que, para Sócrates, sobre tal

assunto só podemos alcançar o que é provável, conciliando necessidade com probabilidade (cf.

53d).

Ainda no início do diálogo, Crítias relata uma longa história de Solão sobre a origem do

universo. Justifica-se tal passagem pelo fato de Sócrates ter sido acusado de buscar muito na

cultura egípcia. Com Crítias e o relato sobre Solão, o ateniense pretende reforçar os laços da

discussão com a Grécia. Logo em seguida, Crítias propõe uma organização para a discussão: vai

falar Timeu, que é entendido em astronomia, para expor sobre "o nascimento do mundo, para

terminar com a natureza do homem" (cf. 27a).

Timeu inicia deixando claro o que pretende tratar no seu momento de fala. De início, faz

a distinção entre ciência (episteme) e opinião (dóxa). A primeira pertence ao reino das Idéias

eternas e a segunda está no que é sensível, visível. Além de distinguir a ciência da dóxa, Timeu

aponta que tudo o que nasce provém necessariamente de uma causa, pois nada pode originar-se

sem causa; em 28a-b, tudo o que é feito tendo como modelo o eterno é belo, já o que tem por

modelo o sensível, jamais poderá ser belo. Essas são premissas que farão desenvolver o diálogo.

Pode-se dizer que a discussão daquele dia inicia-se com a fala de Timeu (27c). O primeiro

ponto fundamental da fala do discípulo de Sócrates, a distinção do que é inteligível e sensível,

tornará necessário resolver um problema. Se é belo o que é produzido com base no modelo

eterno e o sensível é nada mais do que cópia do inteligível, como se relacionam essas duas

esferas, sensível e inteligível?

A solução para o problema aparece com o Demiurgo, dito por Sócrates no Anaxágoras

uma inteligência ordenadora, aquele que produz contemplando um modelo perfeito e coloca na

cópia (sensível) as virtudes daquele modelo. É a Teoria das Idéias, muito presente em Platão e

forma através da qual ele explica a natureza do mundo e a totalidade das coisas sensíveis,

produzidas com base em um modelo e paradigma eterno. As Idéias existem nelas mesmas e não

dependem do Demiurgo.

Surge no discurso de Timeu a necessidade de se falar de um terceiro elemento, o

receptáculo. Se o sensível é cópia do inteligível e não é igual a esse, então tem que haver uma

diferença; essa diferença não pode estar no inteligível, naquilo que é modelo eterno e imutável.

O sensível se difere por aparecer num receptáculo sobre o qual é cunhado com vistas ao
inteligível, é aquilo que futuramente Aristóteles chamaria de matéria e em Platão aparece em

estado de incessante agitação.

Depois de fazer a distinção necessária entre inteligível e sensível (Teoria das Idéias), de

mostrar a atuação do Demiurgo favorável à relação dessas duas esferas e falar do receptáculo

como aquilo que há de diferente no sensível, Timeu discute a natureza do mundo (sua alma e

seu corpo).

A alma do mundo é constituída de três elementos (cf. 35a) nos quais é reunido o divisível.

O Demiurgo obtém o estado intermediário de cada um desses elementos e, misturados,

compõem a alma do mundo.

Caracterizando-a, Timeu diz que a alma do mundo tem como papel dar movimento ao

universo, pois ela é princípio de todo movimento. Mas o mundo não é dotado só de alma, bem

como de corpo. A constituição deste é terra, fogo, ar e água. Por ser visível, o mundo tem como

constituição no seu corpo o fogo, que é o mesmo que luz, que lhe permite ser visível. Mas

também é tangível, o que acrescenta a sua constituição o elemento terra. Para ser sólido e para

ligar esses dois elementos iniciais, o mundo teve de ter na constituição do seu corpo outros dois

elementos, ar e água. Assim Timeu explica como é o corpo do mundo, restando entender a sua

forma.

Quanto à forma, concedeu-lhe a mais conveniente e natural. Ora, a forma mais conveniente ao
animal que deveria conter em si mesmo todos os seres vivos, só poderia ser a que abrangesse
todas as formas existentes. Por isso, ele torneou o mundo em forma de esfera, por estarem todas
as suas extremidades a igual distância do centro, a mais perfeita das formas e mais semelhante a
si mesma, por acreditar que o semelhante é mil vezes mais belo do que o dissemelhante. (p. 33b)

A forma esférica do mundo concede-lhe a idéia de perfeição, de harmonia e uniformidade.

Após descrever o mundo, Timeu fará o mesmo com o homem, algo que já havia sido

acertado com Crítias no início do diálogo, de que Timeu falaria da natureza do mundo e do

homem (27a).

O homem é o microcosmo que se assemelha ao mundo (macrocosmo). Assim como esse,

o homem possui corpo e alma: na alma está o que é divino e no corpo o que é mortal. Diferença

muito importante nesta comparação é que o corpo do mundo não é perecível, enquanto o do

homem é.

Na constituição da alma do homem o Demiurgo usa os mesmo elementos que na

constituição da alma do mundo, na mesma proporção, só que em menor grau de pureza. Desta

forma, a alma do mundo e a do homem possuem a mesma possibilidade de conhecimento do

inteligível e sensível.
No Timeu tem-se a reafirmação da tripartição da alma do homem em racional, irascível e

apetitiva, da forma como ocorre na República.

Diversos trechos de Timeu preocupam-se não com a alma, mas com a formação do corpo

do homem. O discípulo é meticuloso na descrição da formação do corpo e da função de cada

parte. A medula é o elemento primordial e aquele que liga alma e corpo. É produzida pela

divindade com triângulos regulares dos quatro elementos do corpo do mundo (terra, fogo, ar e

água) na medida certa. Desta mistura também são produzidos cérebro, ossos, tendões, carne,

pele, cabelos e unhas. Timeu também faz a relação de vários órgãos com suas funções que aqui

não descrevemos por ser extensa e dispensável ao problema que queremos expor.

Dado os problemas enfrentados com o corpo, entenda aqui as doenças, Timeu exalta ser

menos sofrível ter uma vida curta. Condena também o uso de medicamentos, a não ser em caso

de grandes perigos, porque esses irritam as doenças. Sobre os males do corpo, diz Timeu:

De onde vêm as doenças é o que, sem dúvida, todos compreenderão facilmente. Sendo quatro os
gêneros que entram na composição do corpo: terra, fogo, água e ar, sempre que contrariamente
à natureza há carência ou excesso desses elementos ou mudança da sede própria para um lugar
estranho, ou então, visto haver mais de uma variedade de fogo e dos outros elementos, quando
predomina nalguma parte do corpo uma variedade que não lhe é adequada, ou por outra causa
do mesmo tipo, surgem as desordens e as doenças. Quando um desses elementos altera sua
natureza ou muda de lugar aquecem-se as partes que antes eram frias, e as secas adquirem
umidade, a mesma coisa acontecendo com as leves e pesadas, do que resulta sofrerem todas elas
profundas alterações em todos os sentidos. A única maneira, é o que afirmamos, de alguma
parte do organismo ficar idêntica a si mesma, sadia e com boa aparência, é ajuntar-se-lhe ou sair
dela a mesma coisa, de modo uniforme e na devida proporção. O que viola uma dessas regras,
ou porque se retire de um daqueles elementos ou porque nele penetre, provoca toda espécie de
alterações, doenças e corrupções. (p. 81e)

Muito mais que reafirmar a Teoria das Idéias de Platão, Timeu discute a natureza tanto do

universo (macrocosmo) como do homem (microcosmo) e da relação de um com o outro. Trata-

se de perceber a existência de um terceiro elemento além desses dois maiores, o receptáculo, no

qual é cunhado o sensível pelo Demiurgo com vistas no inteligível. Cabe ao Demiurgo transmitir

para o receptáculo não só as formas do inteligível, mas também as virtudes. Daí o papel

desinteressado, nobre e divino do Demiurgo, fazendo uma espécie de ponte entre as duas

extremidades, entre o sensível e o inteligível.

No mais, Timeu apresenta o universo como algo sensível, causado e belo, cunhado sob o

paradigma eterno e invisível, o inteligível.

O diálogo platônico Timeu (gr. Τίμαιος) pertence ao grupo dito da velhice, em que
as idéias de Platão são apresentadas por inteiro. Nele, o filósofo apresenta sua
Cosmologia, i.e., sua teoria sobre a origem e a formação do mundo natural. As
idéias desenvolvidas têm sequência em outro diálogo, Crítias.
Para Platão, a ordem e a beleza que vemos no Cosmo resulta de uma intervenção
racional, intencional e benigna de um divino artesão, um "demiurgo"
(gr. δημιουργός), que impôs uma ordem matemática a um caos preexistente e,
assim, produziu um Universo divinamente organizado, a partir de um modelo
eterno e imutável (Pl. Ti. 26a).

Nesse diálogo (e também no Crítias), Platão mencionou o célebre Mito da Atlântida,


que fascina tanto os eruditos como os leigos até hoje, e ao longo dos séculos
inspirou numerosos textos e filmes de ficção. A visão platônica da origem do
Universo também teve enorme influência na filosofia, especialmente
na neoplatônica, no ocultismo e na teologia desde o século -IV até nossos dias.

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