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NEVES, Margarida de Souza. Os cenários da República. O Brasil na virada do século XIX para o século
XX. p. 11. In: DELGADO, Lucilia; FERREIRA, Jorge. O Brasil Republicano: o tempo do liberalismo
oligárquico. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
positivismo, “era vista dentro de uma perspectiva mais ampla que postulava uma
futurada idade de ouro em que os seres humanos se realizariam plenamente no seio
de uma humanidade mitificada”.2 Já a linha de pensamento que venceu essa disputa
baseou-se no liberalismo estadunidense, “uma sociedade composta por indivíduos
autônomos, cujos interesses eram compatibilizados pela mão invisível do mercado”.3
Esse embate pode ser percebido na disputa em torno das versões sobre 15 de
novembro, versões que colocavam o protagonismo do evento em diferentes sujeitos:
Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva e Floriano Peixoto.
Dentro da necessidade de se ter um herói nacional, símbolos que penetrem no
imaginário do povo e ajude a aceitação do novo regime. No final das disputas, esse
grande herói capaz de unir a todos será o perseguido do império, o inconfidente
mineiro Tiradentes.
2
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo:
Companhia das letras. 1990. p.10
3 Idem
republicanos, a sua própria existência. Em 1893, as autoridades baianas alertavam os
dirigentes no Rio de Janeiro sobre do povoado de Canudos, no sertão da Bahia que
possuía um grupo de fanáticos religiosos, pregando doutrinas que iam de encontro à
religião e ao Estado. O movimento de canudos, visto como messiânico4, foi vitorioso
nas três tentativas empreendidas pelas autoridades de acabar com a comunidade.
Diante dessas sucessivas derrotas, foi atribuída “aos revoltosos a imagem de
conspiradores monarquistas, decididos a derrubar o novo regime, mantidos,
organizados e fortemente armados a partir do exterior por líderes expatriados do
regime imperial”.5
4
A historiografia da década de 1960 estuda esses movimentos, ditos messiânicos, a partir de ensaios e
interpretações da sociologia que percebe uma espécie de formação do catolicismo rústico. Os indivíduos
fazem sem consciência dos seus atos, não tendo um tom político. É um movimento visto como
desgarrado das questões econômicas, materiais.
5 SEVCENKO, Nicolau. O prelúdio republicano, astúcias da ordem e ilusões do progresso. In: ______
História da vida privada no Brasil republicano: da Bélle Époque à Era do Rádio. São Paulo, Companhia
das Letras, 1999, vol. 3
6 Idem
construções para o projeto modernizador ou deixando arruinar-se. No Rio de Janeiro,
às custas do Bota Abaixo surgiria uma cidade dita civilizada – iluminada, higiênica, de
ruas e avenidas com traçados retilíneos e largo, por onde passariam veículos de
passageiro a motor. Sem ter onde morar, essa população desabrigada busca ocupar
outras áreas, a margem do centro. Dessa maneira, surgiram as favelas.
SALVADOR
2019
DEIVID WILSON NASCIMENTO BASTOS CERQUEIRA
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