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O alarme soou novamente.

Os gritos pelos corredores pareciam um som


distante e foram ficando cada vez mais audíveis. “Hora de levantar seus inúteis!”,
aquela era a frase de efeito para os “inúteis” acordarem. Nada novo de novo, o
que antes era um pesadelo, agora era apenas rotina. Um cubículo que mais
parecia uma caixa de frutas surrada, com um vaso entupido e o que deveria ser
uma pia, que por sinal estava tão suja quanto o vaso. O sol não nascia do lado
de sua janela, então era difícil acordar com aquele luz quente no rosto. “Inúteis!”
a canção de todas as manhãs. E por experiência própria sabia que deveria
levantar para evitar que alguém viesse tirá-lo a força de lá e já de modo quase
automático e imperceptíel, viu-se dobrando o único lençol sobre a cabeceira e
usar o resto de pasta para escovar os dentes, já amarelos, para iniciar o dia.
Imóvel, na frente da cela, com olheiras que pareciam duas bolsas e um dos olhos
era tão branco quanto a perdra que esqueça o nome, mas ouvira uma vez falar
sobre ela, mas de que importa, era somente um olho inútil em um ser inútil
esperando inutilmente o dia de sua morte naquele local inútil.
- Bom...
- Bom dia...
- JAYNE!
Olhou para o lado e estava lá, aquela mulher com quase dois metros de
altura e uma tatuagem no olho esquerdo que parecia uma espécie de peixe, ave,
espectro... Não sabia dizer o que seria aquilo. Estava há tanto tempo longe do
mundo exterior que não sabia diferenciar mais nada, sua memória era um
branco, como o granizo. ISSO! Granizo, a pedra branca que ouvira, mas não
sabia se realmente era branca, até porque, nunca chegara a ver uma na vida.
Foi a mesma mulher de dois metros que a falara sobre isso, mas de que isso
importa?

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