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SABER
v is t a d o c oo p e ra t ivismo
A re
Sementes
Cooperativas promovem a inclusão
de pessoas com deficiência
Três Poderes
Quem tem DNA cooperativista
no novo governo?
Intercooperação
Lições de cidadania
no interior do Tocantins
Números
EDITORIAL
Junte-se a muitas cooperativas desta A MARCA DA
que já estão usando o SomosCoop.
edição
Co o p e r a ç ã o
9
cooperativas
foram citadas nesta
revista. Juntas elas
Amigo cooperativista,
6
cooperativismo? Que a ministra matérias sobre o trabalho de in-
da Agricultura Tereza Cristina já clusão realizado por nossas coo-
nos recebeu duas vezes para fa- perativas e sobre o 14º Congres-
lar sobre a pauta das coopera- so Brasileiro do Cooperativismo
tivas brasileiras? Essas e outras (CBC), que traçará os objetivos
ramos do cooperativismo boas notícias você ficará sabendo de curto, médio e longo prazos
estão representados: nesta edição da Saber Cooperar, do nosso movimento. O evento
Agropecuário, Crédito, que traz um perfil diferente dos está mobilizando toda a equipe
Educacional, Especial, ministros e tomadores de decisão da Casa do Cooperativismo, que
Infraestrutura e Saúde. do governo Bolsonaro. Até hoje,
se uniu para tornar esse momento
nenhum veículo de comunicação
enriquecedor e inesquecível para
tinha mostrado quais dessas lide-
COMO ACESSAR OS
todos nós. Será imperdível, por
ranças conheciam de perto o coo-
RECURSOS MULTIMÍDIA isso esperamos encontrar todos
Quanto mais cooperativas aderirem, mais alcance, perativismo. Mas nós trouxemos
vocês, aqui em Brasília, durante o
isso pra você, a partir de um estu-
mais oportunidades, mais resultados. do realizado pela equipe de cien-
14º CBC. E atenção: caso você
Carimbo SomosCoop. Juntos por mais histórias de sucesso. tistas políticos da Organização das
não possa participar, não fique
Cooperativas Brasileiras (OCB). triste. A próxima edição da Saber
Cooperar será 100% dedicada a
Sua cooperativa também já faz parte do movimento? apresentar um resumo dos resul-
De Brasília, voamos até o interior
Compartilhe com a gente. do Tocantins para contar a histó- tados e das principais discussões
ria do município de Pedro Afonso do CBC – uma forma de incluir-
– uma cidadela agrícola transfor- mos toda a base nesse importan-
mada na capital da soja do esta- te fórum de debates cooperati-
do graças ao cooperativismo e à vista. cooperativista. Além disso,
Tendo o aplicativo QR Code intercooperação de três coope- você poderá acompanhar, de 8
instalado em seu celular, a 10 de maio, as notícias e trans-
rativas. Juntas, elas conseguiram
basta abri-lo e direcionar missões ao vivo, direto do CBC,
a câmera do aparelho em
aumentar o Índice de Desenvol-
direção ao código. vimento Humano (IDH) da região, em nossas redes sociais.
Escaneie e espere o melhoraram a qualidade da edu-
aplicativo direcioná-lo para cação, trouxeram acesso ao cré- MÁRCIO LOPES DE FREITAS
o conteúdo. dito, apoiaram projetos sociais e Presidente do Sistema OCB
«3
SISTEMA OCB
No Brasil, o movimento cooperativista é representado oficialmente pelo Sistema OCB,
NESTA
42
composto por três entidades complementares entre si:
i çã o
10
d
✓✓ Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop) – órgão de representação
E
sindical das cooperativas, composto também por federações e sindicatos.
ANO VIII • Nº 25 • JAN/FEV/MAR 2019 ✓✓ Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) – entidade representativa do
ISSN 2317-5109 cooperativismo no país, responsável pela promoção, pelo fomento e pela defesa
do sistema cooperativista em todas as instâncias políticas e institucionais, no
Brasil e no exterior.
SESCOOP
CONSELHO NACIONAL
• Márcio Lopes de Freitas – presidente
✓✓ Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) –
integrante do Sistema S, responsável pela formação profissional, pela promoção
Perfil
social e pelo monitoramento das cooperativas. MARA GABRILLI: UMA
REPRESENTANTES OCB
SENADORA PELA IGUALDADE
Região Centro-Oeste
• Celso Ramos Régis – titular
• Remy Gorga Neto – suplente
Três Poderes
TEM MARCA DA COOPERAÇÃO
Regiões Norte e Nordeste
• Ricardo Benedito Khouri – titular
NO NOVO XADREZ POLÍTICO
50
• Malaquias Ancelmo de Oliveira – suplente
Região Sudeste
6
• Ronaldo Ernesto Scucato – titular
• Carlos André Santos de Oliveira – suplente
Região Sul
• Luiz Vicente Suzin – titular
• Leonardo Boesche – suplente Entrevista
Conselheiros Representantes dos Empregados em Cooperativas
CAPACITAR PARA CRESCER
• João Edilson de Oliveira – titular
• Luizita Fonseca Leite Pina – suplente
REPRESENTANTES DO EXECUTIVO A revista Saber Cooperar é uma publicação do Sistema OCB, realizada com recursos Nossos
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
• Najara Flauzino Ferro – titular
do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e distribuída
gratuitamente em todo o Brasil. direitos
28
Ministério da Economia
• Alberto Alves Silva de Oliveira – titular Gerente de Comunicação: POR QUE AS
• Andréia Lúcia Araújo da Crus de Carvalho – suplente COOPERATIVAS
Daniela Lemke
18
• Dênio Aparecido Ramos – titular PRECISAM DE
• Alex Pereira Freitas – suplente Conselho Editorial: UM SINDICATO
• Thaisis Barboza de Souza – titular
• Roberta Carolina Rios Bosco Soares – suplente Fernando Ripari, Juliana Gomes de Carvalho, Karla Oliveira, Malaquias Ancelmo de FORTE?
Oliveira, Maria José de Andrade Leão, Renato Nobile, Rosana Vargas, Samuel Zanello
Sementes SomosCoop
• Carlos Felipe Alencastro F. de Carvalho – titular
• Joel Amaral Júnior – suplente Milléo Filho e Tânia Zanella
Jornalista responsável: Gisele James
CONSELHO FISCAL DO SESCOOP NINGUÉM FICA DE FORA RECEITA PARA O
REPRESENTANTES DA OCB Colaboração: Gabriela Prado, Aurélio Prado e Ana Suelen Troiano
• José Arilo Carneiro Pereira – titular
DESENVOLVIMENTO
• André Pacelli Bezerra Viana – titular Projeto editorial: Farol Conteúdo Inteligente
• Ary Célio de Oliveira – suplente Edição: Guaíra Flor
• Jeferson Adonias Smaniotto – suplente
Projeto gráfico: Chica Magalhães
Conselheiros representantes dos empregados em cooperativas
Reportagens: Amanda Cieglinsk, Guaíra Flor, Kelly Ikuma, Lilian Beraldo, Naiara Leão,
• Evaristo Lunz Gomes – titular
Paula Andrade, Tchérena Guimarães
41
REPRESENTANTES DO EXECUTIVO Fotos: Lula Lopes e Jessica Soares
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Ilustrações: Kleber Sales
• Paula Lobo Ferreira de Assis – titular
32
• Thiago Vinícius Pinheiro da Silva – suplente Revisão: Luciana Pereira
24
• Ricardo da Costa Nunes – titular Tiragem: 12 mil exemplares
• Luciana Maria Rocha Moreira – suplente
• Alessandro Roosevelt Silva Ribeiro – titular
• Rogério Nagamine Costanzi – suplente
Sistema OCB: Setor de Autarquias Sul – SAUS Qd. 4 Bloco “I” CEP 70070-936 – Brasília-DF
(Brasil) – Telefone: +55 (61) 3217-2119. E-mail: revistasabercooperar@sescoop.coop.br
Congresso Intercooperação Artigo
O FUTURO É AGORA! REDE DO BEM O S DO COOPERATIVISMO
CAPACITAR
No atual contexto de reformas
ENTREVISTA
o governo federal e as cooperati- promoção da cultura cooperativis-
políticas e econômicas, qual seria
r
vas brasileiras esperavam alcançar ta e para a formação profissional
c e
o principal desafio do Sescoop?
s
um novo patamar de gestão e pro- e desenvolvimento gerencial das
c r e
fissionalização da base de coope- cooperativas e seus associados. V.S: As cooperativas têm, em seu
a
rados e colaboradores. Mas será Investindo fortemente em estra-
r
DNA, o empreendedorismo. A
p a
que isso de fato aconteceu? tégia e na integração do sistema, formação de profissionais com
o Sescoop vem pavimentando o essa característica é fundamental
Para discutir os reais impactos do caminho para o desenvolvimento para o nosso desenvolvimento
Sescoop no cotidiano das coope- contínuo do modelo cooperativis- econômico e para a diminuição
rativas brasileiras, entrevistamos ta brasileiro, que apresenta índices da dependência estatal. E esse é
dois profissionais da Lei: o ex-mi- de crescimento surpreendentes. justamente um dos objetivos es-
nistro-chefe da Controladoria Ge- tratégicos do Sescoop: capacitar
ral da União (CGU) Valdir Simão, Aldo Leite: Antes da criação do pessoas. Ao participar de vários
que também já ocupou o cargo Sescoop, os empreendimentos segmentos da economia nacio-
CONHEÇA UM POUCO MAIS DO SESCOOP E DE de ministro do Planejamento, Or- cooperativos não tinham o suporte nal, o sistema cooperativista con-
çamento e Gestão (2015-2016); e adequado e específico para suas
SEUS IMPACTOS NO DIA A DIA DAS COOPERATIVAS o assessor jurídico do Sescoop, necessidades de aperfeiçoamento
tribui para estimular a produtivi-
dade e competitividade, em prol
BRASILEIRAS SOB A ÓTICA DE DOIS HOMENS DAS LEIS Aldo Leite. da gestão e capacitação de seus do consumidor e do país.
empregados. A depender do ramo
Saber Cooperar: O que mudou de atuação, elas tinham de buscar A.L: A economia brasileira está
Por Paula Andrade Em atividade desde 1999, para as cooperativas brasileiras ajuda em diversas outras institui-
T
passando por um processo de res-
o Sescoop foi criado para após a criação do Sescoop? ções – públicas ou privadas – que significação. Diversos processos
oda cooperativa já nasce com não compreendiam muito bem a
aperfeiçoar a governança, a Valdir Simão: A partir da cria- estão sendo reestruturados e a
algumas marcas inerentes ao gestão e as atividades de res- essência e os princípios coope-
ção do Sescoop, o sistema qualificação profissional é o eixo
nosso DNA: qualidade, força ponsabilidade socioambiental rativistas, como a autogestão e
cooperativista passou a motor desse processo. Nesse sen-
e integridade são algumas das cooperativas brasileiras. a estrutura de governança pró-
contar com um instru- tido, o Sescoop pode contribuir
delas. Outras características Até então, nosso modelo pria das cooperativas. O Sescoop
mento para a significativamente para o cresci-
são desenvolvidas com o tempo, de negócios avança- mudou esse quadro e passou a mento e aumento da importância
como a excelência da gestão, a efi- va de forma intuitiva, desempenhar um papel impor- das cooperativas na economia
cácia dos processos e a habilidade sem um modelo de tantíssimo na oferta de soluções brasileira, criando novas oportuni-
de olhar de maneira estratégica e governança e plane- para a sustentabilidade do nosso dades de geração de renda e tra-
sustentável para a condução dos jamento estratégico modelo de negócios [veja encar- balho para a população.
negócios. E é para ajudar o coo- estruturados. Com te especial sobre o Sescoop].
perativismo a evoluir nesses últi- o lançamento do
mos aspectos que contamos com “S” cooperativista,
o apoio do Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo
Valdir
(Sescoop) – serviço social autôno-
mo, com personalidade jurídica de
direito privado, instituído a partir
da Medida Provisória nº 1.715/98,
e respectivas reedições. Simão
Advogado, ex-ministro-chefe
E
MINISTRA DA AGRICULTURA RESPEITA NOSSA FORÇA NO CAMPO E SECRETÁRIO DE m política, é preciso estar
DESENVOLVIMENTO SOCIAL TEM FORTES LAÇOS COM NOSSO MOVIMENTO. ENTENDA sempre um passo à frente.
Justamente por isso, antes
ONDE O COOPERATIVISMO ESTÁ PRESENTE NA ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS
mesmo de o primeiro es-
calão do governo Jair Bol-
sonaro tomar posse, os analistas
TEM MARCA DA
políticos da Casa do Cooperati-
vismo começaram a montar um
mapa estratégico do novo pano-
COOPERAÇÃO o v o
ca, dos interesses e do foco das
no n
pessoas-chave com as quais pre-
cisariam estabelecer um diálogo Márcio Lopes de Freitas apresenta propostas cooperativistas
propositivo. Um trabalho investi- à ministra Tereza Cristina, da Agricultura
gativo, que exige muito diálogo,
pesquisa e conhecimento do uni-
verso do Poder Público.
r e z
Nacional eleito (quadro da pági-
d
O primeiro desafio da equipe foi
xa
traçar um perfil de cada ministro, na 21). Por fim, nossos cientistas
além dos secretários e tomadores políticos localizaram – dentro da
de decisões de interesse do setor estrutura remodelada dos ministé-
cooperativista. Logo em seguida, rios —quais são as áreas relaciona-
eles se debruçaram sobre a lista das com o cooperativismo. Todo
dos novos deputados e senadores esse estudo foi sistematizado na
o
publicação Cooperativismo e o
c
para traçar o perfil do Congresso
t i
Foto: Divulgação
Novo Governo, lançada em feve-
pol i
reiro pela Organização das Coo-
perativas Brasileiras (OCB).
Proximidade com
o agronegócio
No Ministério da Agricultura, que
sempre teve relações muito estrei-
tas com o setor, o comando está
com a deputada Tereza Cristina,
membro muito atuante da Frente
Parlamentar do Cooperativismo
(Frencoop) e ex-presidente da
Frente Parlamentar da Agrope-
cuária (FPA). Em seus discursos,
ela destacou o cooperativismo
Reformas à vista
diversos setores, seja nas políti- sendo feito para a reinstalação da o “sonho” seria a consolidação do
cas de subsídio, crédito agrícola e Frente Parlamentar do Cooperativismo ato cooperativo (PLP nº 271/2005).
energia elétrica”, aponta Fabíola. (Frencoop). Nossa Frente já tem novos Ele também aponta a necessidade de
Historicamente, o setor agrícola diretores e presidente – cargo que acompanhar de perto as reformas que
tem contado com programas de nesta Legislatura foi assumido pelo
Outra discussão que merece aten- tramitarão nas Casas.
suporte na área de crédito e se- deputado Evair de Melo (ES). “Os
ção – e que já vem desde os go-
guro agrícola, além do subsídio parlamentares que chegam à Casa
vernos Dilma Rousseff e Michel “É hora de perguntarmos não o que o
de energia elétrica para irrigação. vieram com espírito de mudança, mas
Temer – é um possível corte nas Brasil pode fazer pelo cooperativismo,
verbas do Sistema S. O Siste- trazem consigo muita responsabilidade mas o que nós podemos fazer
“O governo já iniciou esse proces- com a coisa pública, exigindo
ma OCB participa da estrutura pelo país. O Brasil precisa do
so de mudança, mas não sabemos transparência, retidão e um diálogo
por meio do Serviço Nacional de cooperativismo e não vamos ser
com qual velocidade. É importan- franco e republicano com a sociedade.
Aprendizagem do Cooperativis- omissos. Estaremos presentes e
te estarmos atentos a movimentos A agenda do cooperativismo e a
mo (Sescoop), e possíveis mudan- atuaremos para ajudar o país a sair
programas dessa natureza, por- forma como ele opera faz uma entrega
ças podem impactar os trabalhos desse nó que se formou nesses últimos
que eles podem impactar forte- exatamente na linha dessa nova
desenvolvidos pela entidade. anos”, defende o deputado.
mente os negócios de nossas coo-
perativas. Nós estamos realizando
“Nosso “S” tem participação pe-
diálogos com o governo, ou para
quena dentro do orçamento geral,
minimizar cortes, ou para fazê-los
mas é um orçamento importante
de forma mais gradual”, destaca a
para fortalecer a gestão das coo-
gerente da OCB.
perativas, que não deve ser des-
viado para outras finalidades”, ex-
plica a gestora.
Abrindo
Por Naiara Leão
A
os vinte e poucos anos, Carlos Alberto de Oli-
portas
NINGUÉM
veira quase desistiu de sua terra natal. Apesar
do amor pela Paraíba, pensava em mudar-se
para o Rio de Janeiro ou São Paulo em busca
de oportunidades de trabalho. Carlos Alberto é
deficiente físico. Nasceu sem um segmento de um dos Na Coppd de Carlos Alber-
braços, que termina no cotovelo – e essa característica to, os cooperados atuam na
acabava por fechar portas no mercado de trabalho. Sua área de um estacionamento
sorte, no entanto, começou a mudar quando conseguiu tarifado pelo município, co-
nhecida como Zona Azul, por
o primeiro emprego como porteiro. Três anos depois,
meio de um convênio com a
mais consciente de que a deficiência não lhe limitava
prefeitura. Atualmente, são
profissionalmente, juntou-se à Cooperativa Paraibana
19 deficientes físicos traba-
dos Portadores de Deficiência (Coppd), em Campina
a
lhando no local. A parceria
Grande. Desde então, trabalha organizando o estacio-
c
existe há 20 anos, mas era
fi
namento rotativo da cidade, a chamada Zona Azul.
celebrada por meio de uma
ONG. Em 2009, uma mudan-
“Gosto demais de trabalhar aqui, porque estou em con-
ça na legislação exigiu a des-
tato com o público, atendendo. A maioria das pessoas
continuidade do contrato e
da cidade já me conhece, pergunta pelas vagas e até
foi então que os trabalhado-
deixa a chave do carro comigo, porque passamos con-
res se organizaram em uma
fiança”, conta, sorridente.
cooperativa para seguirem
exercendo sua atividade.
A história de Carlos Alberto é uma em meio a diversas
iniciativas cooperativistas de inclusão social espalhadas Para muitos deles, a Coppd
pelo país. Algumas, como a Coppd, são cooperativas apresentou a oportunidade
voltadas especialmente para a colocação de deficientes do primeiro emprego. Foi
no mercado de trabalho. Outras cuidam de outras mino- assim com Gisele Rodrigues,
rias, como mulheres, dependentes químicos ou, no caso
a
cooperada há um ano e
r
da Coopereso de Sorocaba (SP), presidiários. Existem, meio. “Tenho deficiência em
f o
ainda, as cooperativas como a Unimed Londrina, que uma das pernas, encurtada
buscam ativamente inserir deficientes em seu quadro de e mais fina, por isso manco
de
colaboradores. um pouco. Tentei arrumar
ENTENDA COMO O COOPERATIVISMO
trabalho em várias empresas
AJUDA A INCLUIR PESSOAS COM Tais iniciativas são importantes para aumentar a represen- e nunca consegui. Aqui eu
DEFICIÊNCIA E EGRESSOS DO SISTEMA tatividade de grupos que têm dificuldade para se inserir no gosto de trabalhar porque
mercado de trabalho brasileiro. No caso das pessoas com é tranquilo e os clientes nos
PRISIONAL DANDO A ESSES E OUTROS algum tipo de deficiência, apenas 1% (cerca de 403 mil) es- tratam bem”, diz.
GRUPOS MARGINALIZADOS NOVAS tão formalmente empregadas, segundo dados do Institu-
PERSPECTIVAS DE VIDA to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um número Segundo o presidente Jean
inexpressivo, considerando a Lei de Cotas (nº 8.213/1991), Araújo Gomes, a cooperati-
que determina: pelo menos 2% dos colaboradores de em- va oferece uma alternativa
presas com mais de cem funcionários devem ser pessoas mais estável aos cooperados
com deficiência. Esse número está longe de ser realidade. do que empresas comuns.
“Há mais de três anos que a
Essa inclusão cooperativista, portanto, cumpre um impor- fiscalização [da Lei de Cotas]
tante papel social. E ainda gera cooperação interna nas parou de acontecer por aqui
empresas, na educação, no aperfeiçoamento constante e e as empresas tradicionais
no interesse pela comunidade. Conheça a seguir a história aumentaram as demissões
de três cooperativas que já descobriram o poder da inclu- de deficientes. Como coo-
são e como seus benefícios atingem não apenas os grupos perativa, damos estabilida-
marginalizados, mas toda a comunidade ao seu redor. de e continuidade”, conta.
DONO, CADA
dela. É só questão de adapta-
ção”, conta Fabianne.
PORTAS PARA
um psicólogo ou assistente social pessoas, e agora é ela quem en-
Foto: Coopereso
até currículos, mas agora eles tam-
bém despertaram-se para uma 8. Trabalho Decente e
organização nesse sentido. É um Crescimento Econômico
projeto social completo”, afirma.
SÃO RESOLVIDAS
bra a presidente Miraci Cugler. cia entre os que passaram pela a indicam para novas pessoas e
“Há dez anos, quando se forma- cooperativa é de apenas 1%. vão renovando as oportunidades. Mas não é só isso. O trabalho
A ideia de criar uma cooperativa ram as equipes nas praças públicas Há ainda aqueles que seguem na com grupos socialmente
surgiu em reuniões de egressos
com a equipe da Fundação de Am-
para fazer as atividades, os mora-
dores chamavam a viatura para sa-
“Tentamos passar para o egres-
so que há uma oportunidade de POR TODOS E cooperativa e se envolvem com
sua gestão, tornando-se também
ou economicamente
marginalizados também tem
vida dentro da legalidade. Nos
NOS TORNAM
paro ao Preso (Funap). No entanto, diretores, conselheiros e gesto- tudo a ver com os objetivos da
ber o porquê de aquelas pessoas seis primeiros meses, a pessoa
os primeiros anos de trabalho mos- res. “Numa cooperativa o que se Agenda 2030 da Organização
estarem ali, pois temiam que se sai do sistema prisional revolta-
traram que vencer o desafio do prega é que todos somos iguais. das Nações Unidas (ONU),
preconceito não seria fácil. A pro-
posta de uma cooperativa de reci-
juntassem para furtar as casas ao
redor. Hoje é o contrário. Quando
da contra o Estado, sentindo que
não fizeram nada por ela. Quan- MAIS UNIDOS.” Quem vem demonstrando inte-
resse, acaba por encabeçar fun-
que têm sido incentivados
por entidades cooperativas
clagem não vingou porque muitos a comunidade tem problema em do encontra essa oportunidade, ções, e assim temos crescido para internacionais por proporem
comerciantes temiam furtos e não uma praça, ligam e pergunta onde ela tem uma mudança de men- FABIANNE PIOJETTI, nos sentirmos parte da sociedade metas muito similares às
queriam os egressos circulando está a nossa equipe para resolver talidade, um resultado positivo e gerente de Responsabilidade e integrarmos mais pessoas”, re- que as cooperativas já vêm
por seus estabelecimentos. aquele problema.” sai abraçando a causa”, diz. Social da Unimed Londrina sume a presidente. realizando há anos.
O FUTURO a !
diretores e do presidente do Sis- “Esperamos reunir um núme-
tema OCB, do presidente da ACI ro grande de representantes de
e de representantes do novo Go- cooperativas de todo o Brasil para
verno, os participantes poderão se garantir a diversidade de ideia e
opiniões sobre os temas a serem
r
concentrar nas palestras, oficinas e
o
debatidos”, explica o superin-
g
apresentações de casos de sucesso
é a
relacionados aos seis temas princi- tendente. “É justamente essa di-
pais do congresso. Esses eventos versidade que contribui para dar
ocorrerão na tarde do primeiro dia unidade ao movimento, além de
e na manhã do segundo. um senso de pertencimento e de
reponsabilidade mútua pelo futu-
Na tarde do segundo dia, se- ro do cooperativismo.”
É
resultado do 14º Congresso Bra- dade de a cooperativa formular
Importante
tempo de pensar no ama- sileiro do Cooperativismo (CBC). e implementar estratégias con-
nhã! Para ser reconhecido correnciais, que lhe permitam
até 2025 por sua compe- Com o mote “O cooperativismo ampliar ou conservar, de forma
titividade, integridade e do futuro se constrói agora”, o duradoura, uma posição sus- Para ser congressista, ter direito a fala e
capacidade de deixar as próximo CBC terá seis temas tentável no mercado.” explica a voto, é necessário ser dirigente de uma
pessoas felizes, o cooperativis- principais: comunicação; gover- Nobile. “ Sem competitividade, cooperativa (singular, central/federação
mo precisa planejar seu futuro. É nança e gestão; inovação; inter- não há como as cooperativas ou confederação) ativa e regular com a
por isso que, de 8 a 10 de maio, cooperação; mercado; e repre- prosperarem. Mas elas preci- OCB. Vale lembrar que somente será aceita
representantes das cooperativas sentação. sam fazer isso mantendo sua uma inscrição por CNPJ. Também serão
brasileiras de todo o Brasil se identidade de cooperativa, ou disponibilizadas vagas para observadores.
reunirão, em Brasília, para defi- Para o superintendente do Siste- seja, a sua integridade, respei-
nir as diretrizes estratégicas do ma OCB, Renato Nobile, o grande tando os princípios cooperati-
nosso movimento. O documento desafio está em aliar a manuten- vistas e o diferencial que pos-
servirá de insumo para a atuação ção da identidade cooperativista suem com relação às empresas
do Sistema OCB e das próprias e a busca por competitividade. convencionais.”
n t o
monstrem suas necessidades para (ANS) – agência reguladora vinculada ao
i m e
discutirmos o que poderia ser me-
v
Ministério da Saúde responsável pelo setor
v o l
lhorado na matéria regulatória, a de planos de saúde no Brasil. De forma
s e n
fim de conseguirmos um mercado
e
simplificada, a regulação pode ser entendida
o d
eficiente para os dois lados. Afinal, como um conjunto de medidas e ações do
a Agência atua como o regulador Governo que envolvem a criação de normas,
de um mercado que leva em con- o controle e a fiscalização de segmentos
sideração; três cenários diferentes: de mercado explorados por empresas para
beneficiário, prestador de serviço assegurar o interesse público.
e operadora.”
• Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) – fundado
Q
Outra conquista importante: a Or-
por missão zelar pela livre concorrência no
uando o assunto é cooperativismo O projeto – realizado pela Casa do Coo- ganização das Cooperativas Bra-
mercado, sendo a entidade responsável,
de saúde, nós somos os pioneiros. perativismo em parceria com a Faculdade sileiras (OCB) foi convidada a par-
ticipar de câmaras e conselhos do no âmbito do Poder Executivo, não só por
Foi aqui mesmo, no Brasil, que sur- Unimed – levou profissionais e gestores
Ministério da Saúde – o que já co- investigar e decidir, em última instância,
giu a primeira cooperativa desse para ver de perto a realidade das coope-
meçou a acontecer extraoficialmen- sobre a matéria concorrencial, como também
setor do mundo: a União dos Médi- rativas médicas e odontológicas de seis
te. Para completar, as cooperativas fomentar e disseminar a cultura da livre
cos (Unimed), na cidade de Santos, em São estados: Minas Gerais; Goiás; São Paulo;
envolvidas no programa ampliaram concorrência.
Paulo. O ano era 1967 e, de lá para cá, a Ceará; Paraná e Santa Catarina. Eles tam-
ideia ganhou asas. Hoje, centenas de milha- bém passaram por um módulo teórico e o diálogo entre si e caminham para • Ministério da Saúde – órgão do Poder
res de pessoas em todo o mundo confiam outro de encerramento, em Brasília. “Um novos projetos de intercooperação. Executivo Federal responsável pela
sua saúde a uma cooperativa. Somente no dos aspectos que mais me chamaram a organização e elaboração de planos e
Brasil, são quase 25 milhões de pacientes atenção foi o foco no usuário dos serviços “Terminamos esse projeto mais políticas públicas voltados para a promoção,
atendidos por 240 mil cooperados – uma médicos oferecidos pelas cooperativas. próximos das outras cooperativas a prevenção e a assistência à saúde dos
rede médica e odontológica que já cobre Apesar de o ramo saúde ser uma ativida- e dos órgãos púbicos”, elogiou brasileiros. É função do Ministério dispor de
85% do território nacional. de de negócio, os cooperados nunca dei- o presidente da Unimed do Bra- condições para a proteção e recuperação
xaram de lado a ideia de que eles e suas sil, Orestes Pullin. “Aproximar as da saúde da população, reduzindo as
Apesar de tamanha grandeza, as cooperati- cooperativas cuidam de pessoas. Percebi pessoas e compartilhar soluções enfermidades, controlando as doenças
vas de saúde brasileiras enfrentam diversos que esses dois lados da relação se harmo- para os problemas de nossas ins- endêmicas e parasitárias, melhorando a
desafios: é preciso padronizar a qualidade nizam muito bem”, explicou Lara Brainer, tituições foi um dos principais vigilância à saúde, dando, assim, mais
do atendimento, capacitar os cooperados gerente de contratos e licitações da Agên- aprendizados do projeto Conhe-
qualidade de vida ao brasileiro.
para a gestão do negócio e esclarecer o cia Nacional de Saúde Suplementar (ANS). cer para Cooperar.”
internacional
Após levar representantes dos órgãos públicos boa prática, contamos com o apoio da ANS, que oferecer parte de seus ativos garantidores,
para conhecer as particularidades do nosso mode- poderia estabelecer normativos e regras mínimas que lastreiam suas provisões técnicas,
lo de negócios, ficou bem clara para todos os en- obrigatórias de governança para o setor. como garantia de financiamento obtido
junto ao BNDES.
2
volvidos a necessidade de demonstrar – por meio
Uma verdadeira bagagem de Conseguir, junto aos poderes Executivo,
4
de leis específicas e políticas públicas – que o mo- Legislativo e Judiciário, entendimento Reconhecimento efetivo, por todos os
experiências foi embarcada na
mala do diretor executivo do
delo cooperativista de gestão é bem diferente dos e normas que tragam o adequado órgãos governamentais, da Organização
Instituto Europeu de Pesquisa em modelos utilizados por empresas tradicionais: o tratamento tributário às operações praticadas das Cooperativas Brasileiras (OCB) como
Cooperativas e Empresas Sociais, foco não está no lucro, e sim no crescimento dos pelas cooperativas, conceituando o ato uma entidade de fomento e defesa do modelo
o italiano Gianluca Salvatori. Ele cooperados e da coletividade. cooperativo e estabelecendo as regras de cooperativo brasileiro, em consonância com
foi convidado a participar do regime tributário do nosso tipo societário. A a legislação cooperativa vigente e com a
encerramento do projeto Conhecer Com esse intuito, o Sistema OCB elaborou um do- atual legislação prevê a criação de uma lei Constituição Federal. O Sistema OCB entende
para Cooperar e falou sobre o cumento com 9 sugestões de medidas que ajuda- que discipline o que é um ato cooperativo, que há campo para avanços no setor da saúde,
cooperativismo de saúde em outros mas ainda não existe um entendimento semelhante ao que já ocorre, como uma firme
riam a fortalecer o cooperativismo de saúde no Bra-
países e, especialmente, na Itália. legal sistematizado sobre a assunto. Isso realidade, nos setores crédito, agropecuário,
sil. Ele foi entregue ao BNDES, Ministério da Saúde
gera insegurança legal e tributária para as transporte e infraestrutura;
“Na minha terra natal, as e, em breve, será enviado a outros órgãos públicos. cooperativas, especialmente no ramo Saúde.
5
cooperativas de saúde são muito Confira: Reconhecimento efetivo, pelo Ministério da
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recentes e ainda não têm força. No campo regulatório: Saúde, do cooperativismo como parceiro
Pelo que pude perceber, no Brasil Revisão, pela ANS, da política de Notificação do Poder Público no fortalecimento do
a saúde pública só se desenvolveu de Investigação Preliminar (NIP), cujo Sistema Único de Saúde (SUS) e no atendimento
tardiamente, o que permitiu a principal objetivo é solucionar conflitos entre de qualidade. Há municípios nos quais a
criação de um sistema cooperativo beneficiários e operadoras de planos privados parceria é histórica e benéfica para todos,
importante na área da saúde”, de assistência à saúde. Sugerimos que a em especial para os usuários dos serviços
explica. Agência priorize o caráter educativo e públicos de saúde, atendidos com extrema
Já na Itália, segundo ele, a história corretivo dessa ferramenta; qualidade por profissionais de saúde associados
é completamente diferente. “Nós em cooperativas;
• Proporcionalidade dos valores
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sempre tivemos um sistema público
das multas com base na Desenvolver atividades de formação e
de saúde de grandes dimensões e
relevância do incidente (ou educação no setor de saúde em parceria
pequenos sistemas cooperativos de
reincidente) gerador; com o Serviço Nacional de Aprendizagem
atendimento à população.”
do Cooperativismo (Sescoop) e com a Fundação/
Para Salvatori, o principal • Tratamento adequado e isonômico Faculdade Unimed;
aprendizado do projeto foi entre as operadoras, respeitando as
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compreender como as cooperativas características e dimensões de cada Participação da OCB em câmaras, conselhos
de saúde brasileiras aprenderam a negócio, diferenciando exigências e grupos técnicos na ANS e no Ministério
gerenciar organizações complexas, entre medicina e odontologia; da Saúde. Atualmente, o Sistema OCB
como hospitais. participa de 75 câmaras, fóruns e demais
• Maior estabilidade nas normas para efeito instâncias deliberativas do Poder Executivo,
“Nunca tivemos uma escola para a de adequações e cumprimento, uma vez sendo que nenhum deles é na área da saúde;
formação de gestores capazes de que a frequência de alterações atuais
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gerenciar um hospital. Com certeza, dificulta a otimização dos processos e Incentivar a mudança, cada vez mais rápida
nos próximos anos, começaremos a balizamento de referenciais; e necessária, nos modelos assistencial e
fazer isso de forma intercooperativa de financiamento da saúde brasileira. Esse
e levaremos muito do que • Revisão dos indicadores componentes movimento de mudança já tem sido feito pelo
aprendemos com a experiência das do Índice de Desempenho de Saúde sistema cooperativo de saúde, mas é necessária
cooperativas brasileiras”, declara. Suplementar (IDSS), que indicam se a uma melhor coordenação dos esforços e
atuação das operadoras de saúde está em recursos;
conformidade com o estabelecido pela ANS.
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Sugerimos a revisão desses indicadores Aprovar, no âmbito do BNDES, adequações
principalmente no que tange aos prazos e às de linhas de crédito voltadas para o setor de
mudanças na composição ano a ano; saúde, que contemplem as necessidades do
cooperativismo. A ideia é avançar nas discussões
Palavra derivada do verbo inglês “to comply”, que significa • Maior flexibilidade nos valores e prazos com o BNDES na questão de garantia de
seguir as regras estabelecidas. Estar em “compliance”, para a composição das provisões financeiras financiamento e que o processo de contratação
portanto, é estar em conformidade com as leis e os estabelecidas pela agência reguladora; seja mais simplificado e menos burocrático.
regulamentos (internos e externos) de um mercado.
rt i p l o
CONHECIDA COMO Por Kelly Ikuma se uniu e há mais amizade”, desta-
D
A CAPITAL DA SOJA istante 206 quilômetros de
ca Divina Mendes, 68 anos, coope-
rada da Coapa – primeira coopera-
NO TOCANTINS, Palmas (TO), o município de
tiva a impactar a comunidade.
PEDRO AFONSO Pedro Afonso vive uma fase
de pleno desenvolvimento.
VIU O PROGRESSO Com apenas 13 mil habitan-
Criada há exatos 20 anos por um
grupo de pequenos produtores
CHEGAR COM TRÊS tes, essa pequena comunidade vi-
rurais, a Coapa ajudou a alavan-
COOPERATIVAS vencia avanços consideráveis nas
car a produção agrícola da re-
áreas de educação, meio ambiente
gião, oferecendo apoio técnico,
e agricultura. E quando pergunta-
infraestrutura para armazenagem
mos a qualquer morador o segredo
dessa boa fase, a resposta é certei- de grãos, além de núcleos de
ra: é tudo fruto da cooperação. participação focados em dois pú-
blicos até então carentes de aten-
Conhecida como a capital da soja ção: os jovens e as mulheres.
no Tocantins, Pedro Afonso viu o
DA COMUNIDADE E ALMEJAMOS
o dia na cooperativa, trocando ração mudou a história do muni-
ideias sobre como fazê-la crescer cípio e alavancou o crescimento
ou comemorando os resultados
O CRESCIMENTO PESSOAL E DO Jovens e crianças também da região, inclusive aumentando
participam das ações apoiadas pelas alcançados. Com isso, as crianças a oferta de postos de trabalho.
cooperativas de Pedro Afonso aprendem que o cooperativismo é
O
POR ROBERTO Ministro Paulo Guedes muneração (folha de pagamento)
RODRIGUES tem dito que pretende das empresas de cada setor. No
cortar parcela dos recursos caso do Sescoop, por exemplo,
Coordenador do Centro de do Sistema S por consi- são recursos gerados e repas-
Agronegócio da FGV, Embaixador
Especial da FAO para as Cooperativas derar que podem ocorrer sados pelas cooperativas e têm
e Presidente do Lide Agronegócio. abusos em sua aplicação. Tais como destino a criação de progra-
Mulheres de diferentes cooperativas unidas por um mesmo ideal: fazer o bem
recursos estariam sendo indevi- mas de capacitação profissional
damente usados, seja na constru- para trabalhadores de cooperati-
ção de elegantes prédios sedes, vas e cooperados, qualificação da
seja em viagens ao exterior ou governança cooperativa, fortale-
até mesmo em eventos muito so- cimento da cultura cooperativista
fisticados. Como cooperativista, e promoção de iniciativas de res-
IMPACTO COMPROVADO posso falar com tranquilidade do
nosso S , o Serviço Nacional de
ponsabilidade socioambiental.
Uma
morte.” Foram 15 metros de que-
das e capotamento. Viu tudo girar
inúmeras vezes. “Lá embaixo, dei
senadora
uma apagada e acordei com meu
amigo gritando meu nome”, con-
DESDE QUE MARA GABRILLI CHEGOU AO CONGRESSO ta. “Eu sentia muita dor no pesco-
ço, não lembro de ter sentido nada
pela
NACIONAL, CADEIRANTES E DEFICIENTES FÍSICOS parecido.” O amigo e o namorado
GANHARAM UMA ALIADA QUE ENTENDE, POR EXPERIÊNCIA, tiveram apenas arranhões.
A IMPORTÂNCIA DA ACESSIBILIDADE E DA INCLUSÃO
igualdade
Já fora do carro, o namorado ten-
tava ajudá-la a encontrar uma po-
Mara
sição até o resgate chegar. “Cada
vez que respirava ou tentava mu-
dar de posição, eu gritava de dor.
Por Tchérena Guimarães Depois de duas horas e meia,
I
chegou o bombeiro e falou: “Vou
ncansável. Esse é o adjetivo tirar você daí, imobilizar sua colu-
usado pelos amigos da senado- na e serrar o carro.” Ela, então,
ra Mara Gabrilli, de São Paulo, desmaiou novamente.
para descrevê-la. E quando a
gente começa a conhecer mais Mara ainda não sabia, mas havia
Gabrilli
sobre ela, e sobre a sua trajetória, ficado tetraplégica. Tinha quebra-
logo percebe o motivo de eles do o pescoço, na quarta e quinta
escolherem essa palavra. vértebras cervicais, o que levaria
a uma lesão medular da terceira
Ser incansável faz parte da essên- à sexta vértebra, e a faria perder
cia de Mara. Ela é assim. E cada os movimentos do pescoço para
detalhe da sua história revela essa baixo. “Algumas semanas após
personalidade. “Esse pique que o acidente, quando recuperei a
ela tem, ela sempre teve”, con- plena consciência, perguntei para
ta Mansur Bassit, amigo de Mara o médico quais eram as chances
há mais de 30 anos. “Na situação de eu voltar a me mexer e ele
dela, ir pra Brasília toda semana me respondeu: 1%. Me deu uma
nos últimos oitos anos é realmente alegria muito grande, porque 1%
admirável”, exemplifica Mansur, re- não é zero!”, lembra .
ferindo-se às viagens que Mara faz
semanalmente entre São Paulo, ci- A vida não seria mais como an-
dade em que mora, e Brasília, onde tes. Mas incansável como é, logo
cumpre agenda no Congresso Na- tratou de se adaptar às mudan-
cional – antes como deputada fe- ças. “Pensei que eu tinha muito
deral e, agora, como senadora. trabalho pela frente. Sempre en-
carei tudo com muita naturalidade.
Mara viu a sua vida dar uma enor- É claro que ninguém imagina que
Foto: Acervo pessoal da deputada
“POR QUE
pela casa dos pais e precisava de
Fotos: Acervo pessoal da deputada
CONTABILIZANDO
Paralimpíadas do Rio de Janeiro
QUE PUDESSE
plinada e eu acho que é por isso
Logo se apaixonou também pela há 19 anos, conta que é o tempo Ainda tem de conciliar o traba- que ela consegue superar seus
Adaptar-se à cadeira de rodas corrida e começou a se desafiar, todo assim: “Ela tem um gás ad- lho na política com uma rotina limites”, avalia o amigo Mansur.
foi difícil. Mara sempre foi agita-
da. Desde pequena, não parava
até o ponto de correr uma ultra-
maratona, de 101 quilômetros,
TER PERDIDO. mirável! As campanhas [políticas],
por exemplo, que são um momen-
diária de cuidados obrigatórios
à tetraplegia. De segunda a se- A persistência sempre lhe rendeu
PREFERI ME
quieta. Amava os movimentos. na Itália. to totalmente intenso de ativida- gunda, faz exercícios toda ma- boas conquistas. Uma delas acon-
Se retorcia, dava piruetas, cor- de, ela não para nenhum dia. Ela nhã, por no mínimo, duas horas teceu após 21 anos repetindo os
A paralisia mudou, assim, toda é quem faz tudo. É a protagonista diárias. “Se tenho um compro-
CONCENTRAR
ria e pulava. A aula de educação exercícios indicados pelos médi-
física era uma verdadeira diver- a sua relação com o corpo, mas disso tudo. A equipe se reveza... misso às 8h, acordo às 4h para
cos e fisioterapeutas: conseguiu
são. Cresceu assim. a essência continuava exata- Uma pessoa vai, acompanha uma me exercitar. Meu corpo precisa
mexer o braço. “Foi um sonho
A adolescência não foi diferente.
mente a mesma. “Nesse pon-
to, não era muito diferente de NAQUILO QUE EU viagem, outro dia é outro. E ela
não, né? Ela, incansavelmente ali,
disso para suportar o longo dia
de trabalho que vem pela fren-
realizado, imensurável e inimagi-
nável. O que senti foi proporcional
hoje, com exceção da autono-
PODIA GANHAR.
Adorava os trabalhos braçais, in- na frente, liderando tudo.” te”, explica. Apesar de morar
mia dos movimentos que perdi. sozinha, conta com uma cuida- à minha história. Algo que passeia
clusive tarefas como fazer faxina
e lavar banheiro. “Quando fui Sempre fiz questão de conti- Geralmente, de terça a quinta- dora 24 horas ao lado. por tudo que vivi”, comemora. A
morar sozinha, aos 18 anos, essa
energia inesgotável já estava in-
nuar a ter uma vida normal, com
tudo o que eu gostava de fazer. E ESTOU ASSIM -feira, Mara fica em Brasília parti-
cipando das sessões no plenário “Para cuidar dos outros a gente
conquista permitiu que pudesse
pilotar a cadeira de rodas moto-
ATÉ HOJE”
corporada em meu dia. Reformei Vou a restaurantes, shows, tra- e das comissões do Congresso tem que estar bem com a gen- rizada e não dependesse mais de
balho bastante e viajo.” Nacional. Quando está em São te mesmo. Ela não descuida da alguém para empurrá-la. “
politica
que ainda é preciso tirá-la do pa- prever a participação da pessoa
pel e aplicá-la na prática. “Tam- com deficiência. De acordo com
bém precisamos impedir retro- a LBI, cabe ao Poder Público dis-
cessos de direitos já adquiridos ponibilizar linhas de crédito para
nessa área. E isso se faz, muitas incentivar a acessibilidade e a in-
Na época do acidente, Mara já
vezes, nos bastidores, com muita clusão de pessoas com deficiên-
era formada em Publicidade e
conversa e convencimento.” cia no mercado de trabalho.
Propaganda e cursava Psicolo-
gia. Após se recuperar do aci-
Acessibilidade
Os empreendedores, assim,
dente, resolveu começar a clini-
também possuem um papel
car. “A experiência de ouvir as
pessoas, ligada ao fato de passar importante nessa inserção: “De-
e mercado
a ter uma deficiência, me tornou finitivamente, as empresas e
mais comprometida com o cole- cooperativas brasileiras precisam
tivo. Me mostrou uma Mara que apostar mais nesse mercado e
de trabalho
eu não conhecia: mais engajada, investir no potencial da pessoa
corajosa, com visão ampla sobre com deficiência.” Para a sena-
seu entorno. Hoje, penso em dora, existe “um imenso merca-
Foto: Acervo pessoal da deputada
COOPERATIVAS
D O Q UE A S CO N VE O POR uma judicialização sem preceden-
M ES A D E N EG O CIAÇÃO AMPARAD te das relações de trabalho. E o
SENTA À PARA
SI N D IC ATO TEM MAIS SEGURANÇA empregador era sempre acusado
UM e atacado nesses processos. Essa
RDOS
FAZER BONS ACO
PRECISAM DE
atitude defensiva tem de ficar no
“Dentro de uma cooperativa, os passado. Com o apoio dos sindi-
colaboradores muitas vezes tam- catos, temos de começar a cons-
bém são sócios do negócio. En- truir uma nova relação de confian-
UM SINDICATO
tão, não existe uma separação ça entre as partes, exercitando as
clara entre os interesses do em- mudanças previstas pela reforma
pregador e dos empregados”, trabalhista”, afirma.
explica Manfred Dasenbrock, pre-
sidente da SicrediPar e da Central Para ambos os dirigentes, as en-
FORTE?
Sicredi PR/SP/RJ. Justamente por tidades que compõem o Siste-
isso, é preciso buscar acordos que ma Sindical Cooperativista (veja
tragam retornos positivos para o quadro) têm de atuar juntas para
Mudanças
cooperado e para a cooperativa fazer a correta interpretação da
F
no curto, no médio e no longo reforma trabalhista. Opinião
prazos. E esse é o papel primor- compartilhada pelo presiden-
lexibilidade! Essa é a palavra que
à vista
dial dos sindicatos patronais: re- te do Sindicato e Organização
melhor define o futuro do mer-
presentar os interesses da catego- das Cooperativas do estado do
cado de trabalho brasileiro. Da-
ria econômica das cooperativas. Mato Grosso do Sul (OCB/MS),
qui pra frente, na hora de fechar
Celso Regis. Para ele, foram
uma contratação, será necessá- Com a modernização da legisla-
Ainda segundo Dasenbrock, é abertas oportunidades que pre-
rio sentar à mesa para negociar um ção trabalhista, as cooperativas
muito importante que as repre- cisam ser aproveitadas para au-
acordo que satisfaça tanto o empre- agora podem estabelecer con-
sentações sindicais do empre- mentar a qualidade dos ambien-
gado quanto o empregador. E o que gado e do empregador possam tratos de trabalho sob medida tes de trabalho e de negócios
ficar decidido entre ambos é o que sentar ao redor de uma mesa e para cada necessidade. Pode-se nas cooperativas.
valerá nos tribunais. Com isso, espe- combinar o que fica melhor para negociar com o empregado, por
ra-se reduzir o imenso volume de todos. “Nós, como dirigentes, exemplo, que trabalhe fora das “Os sindicatos, as federações e a
ações abertas na Justiça Trabalhista. precisamos entender que esta- dependências do empregador CNCoop precisam ajudar as coo-
mos juntos com os colaboradores (teletrabalho), que seja remu- perativas a entenderem o que
Dentro desse novo cenário, os sindi- no mesmo barco. Tudo o que nerado por desempenho, que pode ser feito a partir de agora em
catos patronais ganham uma nova e for combinado com eles, e seja cumpra horários flexíveis e muito relação à contratação de pessoas.
maior relevância. Cabe a eles prestar capaz de ajudar no cumprimento mais. “O que queremos, em uma É preciso promover seminários so-
assistência às cooperativas nas nego- da missão e na manutenção dos cooperativa, é ter um ambiente bre essas novas modalidades de
ciações coletivas a fim de estabelecer valores cooperativistas, também com pessoas felizes. Para isso, trabalho e olhar para o papel das
uma relação equilibrada entre quem será muito importante para a precisamos estabelecer uma re- lideranças cooperativistas nesse
trabalha e quem emprega. Tudo isso, cooperativa”, completa. lação moderna e de confiança novo cenário”, sugere Regis.
sem deixar lacunas capazes de gerar com cada colaborador”, explica
riscos e questionamentos na Justiça. o presidente do Sistema OCB,
Márcio Lopes de Freitas.
Sindicatos Patronais
Para as cooperativas, a possibilidade são entidades que
de estabelecer relações de trabalho representam os Manfred Dasenbrock, que preside
mais modernas e seguras é de gran- empregadores, enquanto um sindicato de cooperativas de
categoria econômica,
de valor. Especialmente se conside- crédito, concorda e acrescenta: o
perante o governo
rarmos as particularidades do nosso e os sindicatos de principal desafio dos sindicatos de
modelo de negócios. trabalhadores. cooperativas é ajudar a recons-
truir a relação entre os empre-
gados e empregadores. “Quem
(grau máximo)
Minuto Coop
Toda quinta-feira,
um vídeo com
as principais novidades
do cooperativismo
no Brasil.
sistemaocb