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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS

CENTRO DE ENGENHARIA E COMPUTAÇÃO


ENGENHARIA MECÂNICA

ANÁLISE DE RISCOS NO PROCESSO DE RADIOGRAFIA INDUSTRIAL


UTILIZANDO AS FERRAMENTAS DE ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP) E
BAYESIAN BELIEF NETWORKS (BBN)

Renan Carlos de Oliveira Ventura

Petrópolis
2017
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
CENTRO DE ENGENHARIA E COMPUTAÇÃO
ENGENHARIA MECÂNICA

ANÁLISE DE RISCOS NO PROCESSO DE RADIOGRAFIA INDUSTRIAL


UTILIZANDO AS FERRAMENTAS DE ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP) E
BAYESIAN BELIEF NETWORKS (BBN)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade
Católica de Petrópolis como requisito parcial para
conclusão do Curso de Engenharia Mecânica.

Renan Carlos de Oliveira Ventura

Professor Orientador:
José Cristiano Pereira, D.Sc.

Petrópolis
2017
Aluno: Renan Carlos de Oliveira Ventura Matrícula: 11510498

Análise de riscos no processo de radiografia industrial utilizando as ferramentas de


Analytic Hierarchy Process (AHP) e Bayesian Belief Networks (BBN)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Engenharia Mecânica da


Universidade Católica de Petrópolis como requisito parcial para conclusão do Curso de
Engenharia Mecânica.

AVALIAÇÃO

GRAU FINAL: ______

AVALIADO POR:

Prof. D.Sc. José Cristiano Pereira _____________________________

Prof. M.Sc Eduardo Ferreira Ramos _____________________________

Eng. Ricardo Cardoso _____________________________

Petrópolis, 24 de junho de 2017.

___________________________________
Prof. D.Sc. Alexandre Scheremetieff Júnior
Coordenador
VENTURA, Renan Carlos de Oliveira. Análise de riscos no processo de radiografia
industrial utilizando as ferramentas de Analytic Hierarchy Process (AHP) e Bayesian Belief
Networks (BBN). Universidade Católica de Petrópolis. Centro de Engenharia e Computação.
Petrópolis, 2017.

RESUMO

O Ensaio Não Destrutivo (END) é um processo essencial no diagnóstico da ocorrência de falhas


em peças/produtos, portanto o END deve ter um alto nível de precisão e confiabilidade. A
Radiografia Industrial (RI) é um processo de END com muitas variáveis que podem afetar o
resultado final da inspeção. Na literatura pesquisada, não foram encontradas evidências sobre a
avaliação do risco de falha na inspeção de Raios X devido à falta de controle das variáveis do
processo. O objetivo deste estudo é analisar os riscos potenciais de falha na inspeção por Raios
X. A inexistência de publicações científicas sobre análise de risco neste processo mostra que
ainda não foi realizado um estudo sobre análise qualitativa da falha do processo. Como uma
abordagem metodológica, cada etapa do processo de raio X foi analisada para a identificação
dos riscos e foi utilizado o Processo de Análise Hierárquica (do inglês: Analytic Hierarchy
Process – AHP) para definir a prioridade de cada etapa do processo. A probabilidade dos fatores
de risco de cada etapa foi carregada em um software livre de cálculo de Redes Bayesianas (do
inglês: Bayesian Belief Networks - BBN) para obter a probabilidade de ocorrência de falha em
cada etapa. Os resultados das análises de AHP e BBN foram combinados para definir as etapas
mais críticas no processo. Uma vez identificadas as etapas mais críticas, foi possível propor
respostas aos risco para a melhoria e/ou criação de barreiras que possam evitar ou mitigar a
ocorrência de falhas. O resultado deste estudo mostra o passo mais crítico da inspeção de Raios
X e as respostas aos riscos (barreiras) são propostas para reduzir a probabilidade de falha do
processo.

Palavras-Chave: Análise de Risco; Processo de Análise Hierárquica; Redes Bayesianas.


ABSTRACT

Non-Destructive Evaluation (NDE) is a key process in diagnosing the occurrence of failure


in parts/products, therefore it must have a high level of accuracy and reliability. Industrial
Radiography (IR) is a NDE process with many variables which may affect the final
inspection result. In the researched literature no evidence could be found on the risk
assessment of failure in x-ray inspection due to lack of control of process variables. The
objective of this study is to analyze the potential risks of failure in x -ray inspection. The
absence of scientific publications about risk analysis in this process shows that a study on
qualitative analysis of process failure has not been performed yet. As a methodological
approach each step of the x-ray process was reviewed using Analytic Hierarchy Process
(AHP) to define the degree of impact of risks in each of the process steps. The risk factors
for each of these steps were reviewed and Bayesian Belief Networks (BBN) methodology
was used to analyze the probability of occurrence of each risk factor at each step. AHP and
BBN results were combined to define the risk of failure in each one of the steps . Once the
most critical risks were defined it was possible to propose solutions for improvement and/or
creation of barriers which avoid or mitigate the occurrence of failure. The results of this
study shows the most critical step of the x-ray inspection and actions are presented to reduce
the probability of failure with the implementation of the improvements/barriers during the
process.

Key words: Risk Analysis; Analytic Hierarchic Process; Bayesian Belief Networks.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1
1.1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ..................................................................................... 2
1.2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 3
1.2.1. Objetivo geral ....................................................................................................... 3
1.2.2. Objetivo específico ............................................................................................... 3
1.3. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 4
1.4. JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA ........................................................................... 4
1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................... 6
2.1. RISCOS ........................................................................................................................ 6
2.1.1. Gestão de riscos .................................................................................................... 7
2.1.2. Análise de riscos ................................................................................................... 8
2.1.3. Fatores de risco .................................................................................................... 9
2.1.3.1. Ameaça ................................................................................................................... 9
2.1.3.2. Vulnerabilidade .................................................................................................... 10
2.1.3.3. Condição predisponente ....................................................................................... 10
2.1.3.4. Probabilidade ........................................................................................................ 10
2.1.3.5. Impacto ................................................................................................................. 11
2.1.3.6. Modelo de risco .................................................................................................... 11
2.2. RADIOGRAFIA INDUSTRIAL .................................................................................. 12
2.2.1. Materiais e equipamentos .................................................................................. 13
2.2.1.1. Fontes e Equipamentos de Raio X ...................................................................... 13
2.2.1.2. Telas intensificadoras de imagens (Ecrans) ....................................................... 15
2.2.1.2.1. Telas de chumbo ............................................................................................... 15
2.2.1.2.2. Telas fluorescentes ........................................................................................... 16
2.2.1.2.3. Telas fluormetálicas ......................................................................................... 17
2.2.1.3. IQI ......................................................................................................................... 18
2.2.1.4. Filme radiográfico ................................................................................................ 19
2.2.2. Técnica Radiográfica ......................................................................................... 20
2.2.2.1. Síntese do processo de radiografia industrial ..................................................... 21
2.3. ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP) ................................................................. 24
2.3.1. Aplicação do método de AHP ............................................................................ 25
2.4. REDES BAYESIANAS ............................................................................................... 29
2.4.1. Estrutura das Redes Bayesianas ........................................................................ 30
2.4.2. Propriedades Markovianas ................................................................................ 30
2.4.3. Independência condicional ................................................................................. 31
2.4.4. D-separação ........................................................................................................ 33
2.4.5. Método geral para a construção de uma rede bayesiana .................................. 34
3. METODOLOGIA ...................................................................................................................... 36
3.1. PESQUISA DE CAMPO ............................................................................................. 36
3.2. ANÁLISE QUALITATIVA ......................................................................................... 37
3.3. ANÁLISE QUANTITATIVA ...................................................................................... 38
4. RESULTADOS ........................................................................................................................... 40
4.1. DADOS DA PESQUISA DE CAMPO ......................................................................... 40
4.2. APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS PROBABILÍSTICAS ....................................... 43
4.2.1. Aplicação de BBN ............................................................................................... 43
4.2.2. Aplicação do AHP .............................................................................................. 48
4.3. DEFINIÇÃO DA ETAPA DO PROCESSO MAIS CRÍTICA ....................................... 51
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 54
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 57
DEDICATÓRIA

Dedico em primeiro lugar à minha família. Aos meus pais, Luiz Carlos e Fátima,
por terem lutado por mim quando eu ainda era uma criança e hoje lutam junto de mim para
que eu consiga alcançar os meus sonhos e metas. Também por terem me propiciado uma
formação e educação digna que me foi dada. Dedico também a minha irmã Laís, por ter me
proporcionado a alegria de ter uma criança na minha vida, o meu sobrinho Enzo. Muito
mais que a alegria, me concebeu a honra de ser o padrinho dele.

Dedico da mesma forma a minha esposa, Lorrane. A quem eu considero não só


esposa, mas também companheira, amiga, confidente e eterna namorada. Esteve lado-a-lado
comigo em um momento delicado de minha vida. Deu-me compreensão, apoio e motivação
para que chegasse até o fim desta jornada acadêmica.

Dedico por fim, e não menos importante, aos amigos e demais familiares que
compreenderam a minha ausência durante esse período e contribuíram, cada um à sua
maneira, para a conclusão do meu curso.
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por tudo. Que toda as honras e glórias sejam
dadas à Ele e somente à Ele. Obrigado, Senhor, por ter chegado até aqui e por ter me dado
forças e coragem para enfrentar e superar cada desafio que apareceu durante esta jornada.

Agradeço aos amigos de classe da universidade, sim amigos, pois levarei cada
momento que vivemos ao longo desses anos para sempre na memória. Obrigado por terem
feito parte dessa etapa.

Agradeço ao corpo docente da Universidade Católica de Petrópolis, em particular


aos professores do ciclo profissional do curso de Engenharia Mecânica, pelo conhecimento
proporcionado para a minha formação. Agradeço também ao corpo de funcionários da
universidade, sempre muito prestativos e atenciosos em nos atender. Um agradecimento em
especial a funcionária Rosa da biblioteca, sempre muito atenciosa e uma amiga para todas
as horas.

Agradeço professor Eduardo Ramos e ao Eng. Ricardo Cardoso por terem aceitado
o convite para compor a banca examinadora do trabalho que se segue.

Por fim, um agradecimento especial ao meu orientador, chefe e amigo, Doutor José
Cristiano Pereira. Obrigado pelo auxílio, com conselhos e orientações, para que eu obtivesse
êxito no término deste trabalho.
"O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem
temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem
terei medo?"

Salmos, 26-1
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Representação gráfica da estrutura introdutória. Fonte: Autor. ............................................... 2


Figura 2 - Avaliação de risco dentro do processo de gerenciamento de riscos. Fonte: Adaptado de
NIST, 2012. ............................................................................................................................................. 7
Figura 3 - Modelo de risco genérico com os principais fatores de risco. Fonte: Adaptado de NIST,
2012. ...................................................................................................................................................... 12
Figura 4 - Esquema de um tubo de raio X. Fonte: Adaptado de Telecurso 2000, 1995........................ 13
Figura 5 - Diagrama estrutural e funcional para uma tela de chumbo. Fonte: Fujifilm, 2009. ............ 15
Figura 6 - Diagrama estrutural e funcional para uma tela fluorescente. Fonte: Fujifilm, 2009. ........... 16
Figura 7 - Diagrama estrutural e funcional para uma tela fluormetálica. Fonte: Adaptado de Fujifilm,
2009. ...................................................................................................................................................... 17
Figura 8 - Modelo de IQI de arame. Fonte: ASTM E747-04 (2010). ................................................... 18
Figura 9 - Modelo de IQI de placa com furos. Fonte: ASTM E 1025–11 (2015). ................................ 19
Figura 10 - Estrutura de um filme radiográfico. Fonte: Fujifilm, 2009. .............................................. 20
Figura 11 - Organização da fonte, peça e filme numa típica configuração de radiografia industrial.
Fonte: Adaptado de IAEA, 1999. .......................................................................................................... 22
Figura 12 - Fluxo do processo de Radiografia Industrial. Fonte: Autor. .............................................. 23
Figura 13 - Estrutura Hierárquica para Tomada de Decisão em três níveis Fonte: Adaptado de Saaty,
1990. ...................................................................................................................................................... 25
Figura 14 - Fluxo básico da aplicação do Método AHP. Fonte: Adaptado de Bonatti, 2015. .............. 28
Figura 15 - Modelo simples de Rede Bayesiana. Fonte: Adaptado de Saaty, 2008. ............................. 30
Figura 16 - Representação de cadeia causal. Fonte: Adaptado de Korb & Nicholson (2004). ............. 32
Figura 17 - Representação de causa comum. Fonte: Adaptado de Korb & Nicholson (2004). ............ 32
Figura 18 - Representação de efeito comum. Fonte: Adaptado de Korb & Nicholson (2004). ............ 33
Figura 19 – Modelo de Diagrama de BBN no Agenarisk. Fonte: Autor. .............................................. 44
Figura 20 - Diagrama do Agenarisk exemplificando o detalhamento de como são apresentados os
percentuais de ocorrência divididos por etapas do processo. Fonte: Agenarisk. .................................. 45
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Escala fundamental de números absolutos. Fonte: Adaptado de Saaty (2008-A)................ 26


Tabela 2 - Tabela de relação de consumo de bebidas nos Estados Unidos. Fonte: Saaty, 2008-A. ...... 28
Tabela 3 - Riscos e fatores de risco da etapa 1 do processo de RI. Fonte: Autor.................................. 41
Tabela 4 - Riscos e fatores de risco da etapa 2 do processo de RI. Fonte: Autor.................................. 41
Tabela 5 - Riscos e fatores de risco da etapa 3 do processo de RI. Fonte: Autor.................................. 41
Tabela 6 - Riscos e fatores de risco da etapa 4 do processo de RI. Fonte: Autor.................................. 41
Tabela 7 - Riscos e fatores de risco da etapa 5 do processo de RI. Fonte: Autor.................................. 42
Tabela 8 - Riscos e fatores de risco da etapa 6 do processo de RI. Fonte: Autor.................................. 42
Tabela 9 - Riscos e fatores de risco da etapa 7 do processo de RI. Fonte: Autor.................................. 42
Tabela 10 - Riscos e fatores de risco da etapa 8 do processo de RI. Fonte: Autor................................ 43
Tabela 11 - Riscos e fatores de risco da etapa 9 do processo de RI. Fonte: Autor................................ 43
Tabela 12 - Probabilidades de ocorrência. Fonte: Autor. ...................................................................... 46
Tabela 13 - Matriz de AHP em frações. Fonte: Autor .......................................................................... 49
Tabela 14 - Matriz de AHP em decimais. Fonte: Autor. ....................................................................... 49
Tabela 15 - Matriz de AHP normalizada e os pesos para cada processo. Fonte: Autor. ....................... 50
Tabela 16 - Valores de CA, em função da ordem da matriz. Fonte: Saaty (1991) ................................ 51
Tabela 17 - Pontuação de nível de probabilidade. Fonte: Adaptado de Hyun (2015) ........................... 52
Tabela 18 - Pontuação de nível de impacto. Fonte: Adaptado de Hyun (2015) .................................... 52
Tabela 19 - Matriz de pontuação de risco. Fonte: Adaptado de Hyun (2015). ..................................... 53
Tabela 20 - Pontuações de probabilidade, impacto e risco. Fonte: Adaptado de Hyun (2015)............. 53
1. INTRODUÇÃO

Os ensaios não destrutivos (END) exercem importante papel na garantia da


qualidade não só de produtos finalizados, mas também de produtos em produção, bem como
suas matérias-primas. O END pode ser utilizado nas diversas etapas do processo de
produção. Fabricação a parte, o END também é amplamente utilizado para o controle
periódico de um produto/peça durante a operação para verificar se este não está próximo de
falhar/fadigar. Por fim, o END é utilizado para a avaliação de reparos executados em peças,
como soldas, por exemplo.

Segundo a norma ASTM E1316–17 (2017) a definição para END é o


desenvolvimento e aplicação de métodos técnicos para examinar materiais ou peças de
modo que não prejudique sua utilidade e operacionalidade a fim de detectar, localizar, medir
e avaliar falhas; para avaliar a integridade, propriedades e composição da peça e medir suas
características geométricas.

Existem inúmeros métodos de END, alguns mais simples como a inspeção visual,
no caso de falhas superficiais não visíveis são usados os processos de líquido penetrante e
partículas magnéticas, e também há casos em que as falhas são internas a peça, assim pode-
se utilizar os processos de ultrassom e radiografia industrial (RI).

Apesar do seu relevante papel na garantia da qualidade de um produto/peça, os


END não são perfeitos. Zheng (1998) alerta que os resultados dos ensaios dependem de
muitos fatores incertos como a condição da estrutura a ser inspecionada e o ambiente a que
ela está exposta, a sensibilidade do equipamento de inspeção, imperfeições do material base
da peça/estrutura e o treinamento e habilidades do operador. Negligenciar estas incertezas
pode gerar decisões imprecisas, assim como a reparos desnecessários ou a falhas que terão
que ser reparadas posteriormente. A análise dos riscos potenciais se faz necessária para
avaliar o grau de impacto no processo. Levando em conta o grau de impacto destes riscos,
deve-se agir preventivamente na correção ou criando barreiras para diminuir a incidência
dos mesmos.

Com este trabalho pretende-se priorizar os riscos potenciais no END de RI,


realizando esta classificação através da ferramenta probabilística AHP (Analytic Hierarchy
Process) e BBN (Bayesian Belief Networks). Onde o processo de AHP ajudou a apresentar
o impacto de cada risco e, consequentemente de cada etapa do processo. Já o BBN
1
proporcionou a probabilidade do risco de falha. Após definidas as etapas mais críticas do
processo de RI, estas serão aperfeiçoadas, tenham-se resultados mais precisos e confiáveis
durante sua execução.

1.1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Durante a fase de pesquisa do projeto, não foram encontrados trabalhos referindo-


se à utilização de métodos de análise de riscos combinados à classificação de cada risco.
Isto especificamente para o END de RI.

Em sua grande maioria, a literatura encontrada para a área de RI é focada no


impacto que os fatores humanos causam aos END, e também a probabilidade de detecção
de falhas usando diagramas de avaliação de falhas ou diagramas de comparação entre dano
estimado e real.

Apesar da ausência de literatura específica e utilizando-se de trabalhos focados em


outros END. Pode-se utilizar a grande base de conhecimento normativa disponível em
conjunto com o conhecimento de profissionais da área para que sejam levantados os riscos
potenciais envolvendo esse END. Lembrando-se que os processos de AHP e BBN baseia-
se no princípio de que a experiência e o conhecimento dos profissionais são tão valiosos
quanto os dados numéricos dos processos probabilísticos. Uma representação gráfica da
estrutura introdutória pode ser melhor vista na figura 1 .

Figura 1- Representação gráfica da estrutura introdutória. Fonte: Autor.


2
1.2. OBJETIVOS

1.2.1.Objetivo geral

Em aspectos gerais, este trabalho tem como premissa propor um modelo para
auxiliar a todos envolvidos em ensaios não destrutivos de radiografia industrial a obterem
melhores resultados em seus testes, buscando assim maior qualidade e segurança aos
produtos/peças testados. A aplicação do método de AHP e BBN ajudou a esclarecer quais
são os principais riscos advindos deste END.

1.2.2.Objetivo específico

Adicionalmente ao objetivo geral, os tópicos abaixo dispõem os objetivos


específicos da pesquisa:

 Realizar uma pesquisa de literatura técnica e científica sobre: END


(especificamente a RI); Avaliação de Riscos; AHP; e BBN, em base de dados como: Science
Direct, Google Scholar, Research Gate, Revistas e publicações dos principais congressos
da área, e bibliotecas virtuais de grandes universidades no Brasil e no mundo;

 Realizar levantamento em Órgãos normativos (ANSI, ABNT, ISO, NIST)


sobre a legislação que regem os ENDs, em específico o ensaio de radiografia industrial;

 Mapear os riscos operacionais do processo de radiografia industrial;

 Realizar uma a divisão do processo de RI em etapas e propor os riscos e


fatores de risco de cada uma das etapas; e

 Buscar alternativas para a resolução dos potenciais riscos a este END, ou a


criação de barreiras que minimizem ou mitiguem a probabilidade de que ocorram.

3
1.3. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo é voltado para a análise hierárquica dos riscos operacionais advindos
do processo de radiografia industrial; e a tentativa de proposta de uma solução para os
mesmos, ou a criação de barreiras que diminuam a ocorrência do mesmo.

O presente estudo limitou-se ao mapeamento e classificação dos potenciais riscos


relacionados ao ensaio de RI. O AHP foi aplicado a cada etapa do processo para a encontrar-
se o impacto de cada uma delas. Já o BBN foi utilizado para encontrar-se a probabilidade
de ocorrência. Combinados, estes proporcionaram o risco em cada etapa. Após a
classificação, selecionou-se os riscos mais críticos das etapas mais críticas. Para cada um
dos riscos mais críticos foram propostas soluções ou ao menos a criação de barreiras para
que a sua ocorrência seja reduzida.

Não se pretende neste estudo, fazer o detalhamento das técnicas de avaliação de


riscos para cada risco potencial inerente ao END de radiografia industrial. Os riscos foram
definidos por meio da literatura técnica disponível.

1.4. JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA

Achenbach (2000) apresenta que a evolução dos END é devido a demanda na


redução de custos no gerenciamento do ciclo de vida das estruturas. A incorporação destas
técnicas nas etapas de projeto simplifica o gerenciamento do ciclo de vida das
peças/estruturas e melhora a segurança destas, quando em uso. As técnicas de END também
possibilitam o controle na fabricação, particularmente no processamento de materiais base.
Relevantes benefícios econômicos exigem continuamente o aperfeiçoamento das técnicas
de END.

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo primeiro deste trabalho será realizado uma pequena introdução


contextualizando e apresentando o objetivo do trabalho.
4
No capítulo segundo será apresentada a revisão bibliográfica do trabalho. Esta
revisão contemplará riscos e sua gestão e análise; também será apresentado o processo de
radiografia industrial, bem como seus equipamentos e métodos; por fim, serão apresentadas
as duas ferramentas probabilística empregadas neste trabalho, AHP e BBN.

No capítulo terceiro será apresentada a metodologia a ser seguida no decorrer do


trabalho. Será apresentado o método de avaliação da probabilidade de ocorrência e impacto
dos riscos através de AHP e BBN, respectivamente.

No capítulo quarto, com a utilização do método apresentado no capítulo terceiro,


serão apresentados os resultados da aplicação dos valores propostos e do software.

No capítulo quarto, serão discutidas os erros e acertos do método e também serão


apresentadas as propostas de solução do problema em questão deste trabalho.

5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. RISCOS

O conceito de risco e o processo de avaliação do mesmo possui uma longa história.


Aven (2003) apresenta que há registros de 2400 anos atrás, onde gregos já mostravam sua
capacidade de avaliar riscos antes de tomar decisões, porém ainda sem uma abordagem
quantitativa para o risco. Apesar da preocupação, os gregos não possuíam um sistema
quantitativo para avaliar os riscos, restando assim confiar nos deuses e no destino. Ao longo
dos séculos esta percepção dos riscos foi evoluindo até que a população entendeu que o
futuro é mais do que um capricho dos deuses e que homens e mulheres não são passivos
diante da natureza. Assim ao compreender o risco, medi-lo e pesar suas consequências, a
assunção de riscos foi convertida em um dos principais catalisadores que impulsiona a
sociedade ocidental moderna.

Por norma, a definição padronizada para risco, segundo a ABNT ISO GUIA
73:2009 (2009), é:

1.1 Risco
Efeito da incerteza nos objetivos
NOTA 1 Um efeito é um desvio em relação ao esperado – positivo e/ou
negativo.
NOTA 2 Os objetivos podem ter diferentes aspectos (tais como metas
financeiras, de saúde e segurança e ambientais) e podem aplicar–se em
diferentes níveis (tais como estratégico, em toda a organização, de projeto,
de produto e de processo).
NOTA 3 O risco é muitas vezes caracterizado pela referência aos eventos
(3.5.1.3) potenciais e às consequências (3.6.1.3), ou uma combinação
destes.
NOTA 4 O risco é muitas vezes expresso em termos de uma combinação
de consequências de um evento (incluindo mudanças nas circunstâncias) e
a probabilidade (likelihood) (3.6.1.1) de ocorrência associada.
NOTA 5 A incerteza é o estado, mesmo que parcial, da deficiência das
informações relacionadas a um evento, sua compreensão, seu
conhecimento, sua consequência ou sua probabilidade. (ABNT ISO
73:2009)

6
2.1.1. Gestão de riscos

A avaliação de riscos é um componente-chave do processo de gerenciamento de


riscos, conforme definido na publicação NIST 800-30 (2012). Os processos de
gerenciamento de risco incluem: (i) enquadramento de risco; (ii) avaliação do risco; (iii)
responder ao risco; E (iv) acompanhamento do risco. A Figura 2 apresenta as quatro etapas
do processo de gerenciamento de riscos e os fluxos de informações necessários para que o
processo funcione de forma correta.

Figura 2 - Avaliação de risco dentro do processo de gerenciamento de riscos. Fonte: Adaptado de NIST, 2012.

O primeiro componente da gestão de risco aborda o enquadramento dos riscos. A


finalidade desta etapa é criar uma estratégia de gestão de riscos que identifique como as
organizações pretendem avaliar, responder e monitorar o risco, em vista às tomadas de
decisão de investimentos e operacionais. (Cf. NIST, 2012)

O segundo componente da gestão de risco ilustra como as organizações avaliam o


risco dentro do contexto da estrutura de risco organizacional. A finalidade do componente
de avaliação de risco é identificar: (i) ameaças às organizações (isto é, operações, ativos ou
indivíduos) ou ameaças dirigidas contra organizações ou pela Nação; (ii) vulnerabilidades
internas e externas às organizações; (iii) o dano (isto é, o impacto adverso) que pode ocorrer
7
devido ao potencial de ameaças que exploram vulnerabilidades; E (iv) a probabilidade de
ocorrência de danos. O resultado final é uma determinação de risco (isto é, tipicamente uma
função do grau de dano e probabilidade de ocorrência de dano). (Cf. NIST, 2012)

O terceiro componente da gestão de risco apresenta como as organizações devem


responder ao risco, uma vez que o risco é determinado com base na avaliação de riscos. A
finalidade desta etapa é fornecer uma resposta consistente a toda organização ao risco, de
acordo com a estrutura de risco organizacional. (Cf. NIST, 2012)

O quarto componente da gestão de risco mostra como as organizações monitoram


o risco ao longo do tempo. A finalidade desta etapa é determinar a efetividade contínua das
respostas ao risco; E verificar se as respostas de risco planejadas são implementadas e os
requisitos de segurança da informação sejam satisfeitos. (Cf. NIST, 2012)

2.1.2. Análise de riscos

Segundo Aven (2003), sem alguma forma de avaliação de riscos, os engenheiros


nunca poderiam ter projetado grandes pontes sobre os rios imensos, os serviços de energia
elétrica não existiriam, nenhum avião iria voar, e viagens espaciais seriam inimagináveis.
Johansen (2010) apresenta a avaliação de risco sendo multidisciplinar, com numerosos
métodos, estudiosos e campos de aplicação. Assim derivando várias definições para o
termo. O mais aceitável é a definição de Kaplan & Garrick (1980) onde a análise de riscos
consiste na resposta as três perguntas a seguir:

1. O que pode acontecer?

2. Quão provável é que isto vai acontecer?

3. Se isso acontecer, quais são as consequências?

A norma ABNT NBR ISO 31000 (2009) define suscintamente a avaliação de riscos
como o processo global de identificação de riscos, análise de riscos e avaliação. Já a norma
ANSI/ASIS/RIMS RA.1 (2015), uma avaliação de risco fornece a base analítica para a
gestão de riscos. Desta forma os responsáveis pela avaliação de risco devem seguir uma
abordagem estruturada para analisar fatos relevantes, observações e possíveis resultados.
Uma avaliação de risco abrangente é projetada para considerar a visão da organização,
missão, valores e cultura, bem como objetivos estratégicos e táticos. Pode considerar os
8
objetivos e atividades mais amplos de uma organização ou algumas metas e objetivos
específicos, mas em todos os casos ele avalia o que pode afetar a realização destes, tanto
positivamente quanto negativamente. Utilizando uma abordagem lógica, estruturada e
consistente para avaliar o risco, as pessoas responsáveis pela tomada de decisões podem
selecionar sistematicamente as escolhas possíveis baseadas na razão e na melhor informação
disponível.

2.1.3. Fatores de risco

Os fatores de risco são características a serem avaliadas em uma avaliação de riscos


e também o relacionamento entre esses fatores. Fatores de risco típicos incluem ameaça,
vulnerabilidade, impacto, probabilidade e condição predisponente. Os fatores de risco
podem ser descritos em características mais detalhadas (por exemplo, ameaças podem ser
subdivididas em fontes de ameaças e eventos de ameaça). Essas definições são importantes
para que as organizações documentem antes de realizar avaliações de risco porque as
avaliações dependem de fatores como ameaça, vulnerabilidade e condição predisponente e
impacto, para efetivamente determinar o risco (Cf. NIST, 2012).

2.1.3.1. Ameaça

Uma ameaça é qualquer circunstância ou evento com o potencial de afetar


adversamente as operações e os ativos da organização, indivíduos, outras organizações ou
a nação. Os eventos de ameaça são causados por fontes de ameaças que são caracterizadas
como a intenção/situação e método visando explorar uma vulnerabilidade, voluntariamente
ou involuntariamente. Em geral, os tipos de fontes de ameaça incluem: ataques físicos ou
cibernéticos hostis; Erros humanos de omissão ou delegação; Falhas estruturais de recursos
controlados pela organização; Catástrofes naturais ou provocadas pelo homem; E acidentes
e falhas fora do controle da organização (Cf. NIST, 2012).

9
2.1.3.2. Vulnerabilidade

A vulnerabilidade é uma fraqueza em um sistema de informação, procedimentos de


segurança do sistema, controles internos ou implementação que pode ser explorada por uma
fonte de ameaça. Em geral, os riscos se materializam como resultado de uma série de
eventos de ameaça, cada um se beneficiando de uma ou mais vulnerabilidades. As
organizações definem cenários de ameaças para descrever como os eventos causados por
uma fonte de ameaça podem contribuir ou causar danos. O desenvolvimento de cenários de
ameaças é útil, pois algumas vulnerabilidades podem não ser expostas a menos que outras
vulnerabilidades tenham sido exploradas. Sendo a Análise do conjunto de vulnerabilidades
muito mais útil que a análise de uma ameaça isolada (Cf. NIST, 2012).

2.1.3.3. Condição predisponente

Uma condição predisponente é uma condição que existe dentro de uma


organização, processos de negócios, arquitetura corporativa, sistema de informação ou
ambiente de operação, podendo aumentar ou diminuir a probabilidade de que eventos de
ameaça, uma vez iniciados, resultem em efeitos negativos. Condições predisponentes
incluem, por exemplo, a localização de uma instalação em uma região propensa a furacões
ou inundações, assim aumentando a probabilidade desta ameaça natural. (Cf. NIST, 2012).

2.1.3.4. Probabilidade

A probabilidade de ocorrência é um fator de risco ponderado com base na análise


da probabilidade de uma determinada ameaça ser capaz de explorar uma determinada
vulnerabilidade, ou o conjunto delas. O fator de risco de probabilidade combina uma
estimativa da probabilidade de que o evento de ameaça será iniciado com uma estimati va
da probabilidade de impacto. Esta probabilidade de impacto trata da possibilidade de que o
evento ameaça acarretará um impacto adverso, independentemente da dimensão do dano
esperado. (Cf. NIST, 2012).

10
As organizações utilizam um processo de três etapas para determinar a
probabilidade geral de eventos de ameaça: (i) avaliar a probabilidade de que eventos de
ameaça sejam iniciados ou ocorrerão; (ii) avaliar a probabilidade de que os eventos de
ameaça, uma vez iniciados ou ocorrendo, resultarão em impactos adversos ou danos às
operações organizacionais e ativos, indivíduos, outras organizações ou a Nação; (iii) avaliar
a probabilidade geral, como uma combinação de probabilidade de início e/ou ocorrência, e
a probabilidade de resultar em impacto adverso à organização. (Cf. NIST, 2012).

2.1.3.5. Impacto

Impacto refere-se à medida em que um evento de ameaça pode afetar uma


organização. Os critérios de avaliação de impacto podem incluir: impactos financeiros; de
reputação; regulatórios; de saúde; de segurança; ambientais; em empregados; em clientes;
e operacionais. As empresas normalmente definem o impacto usando uma combinação
desses tipos de considerações mencionadas acima, dado que certos riscos podem afetar a
empresa de forma financeira, enquanto outros riscos podem ter um impacto maior na
reputação, ou na saúde e segurança. Ao atribuir uma classificação de impacto a um risco,
atribua a classificação para a maior consequência já antecipada. (Cf. NIST, 2012).

2.1.3.6. Modelo de risco

Como já mencionado neste trabalho o risco é uma função da probabilidade de


ocorrência de um evento de ameaça e de impacto adverso potencial se o evento ocorrer. A
Figura 3 ilustra um exemplo de um modelo de risco incluindo os principais fatores de risco
discutidos acima e a relação entre os fatores que são usados num processo de avaliação de
riscos. (Cf. NIST, 2012).

11
Figura 3 - Modelo de risco genérico com os principais fatores de risco. Fonte: Adaptado de NIST, 2012.

2.2. RADIOGRAFIA INDUSTRIAL

Segundo Andreucci (2013), para a realização de inspeções, com o intuito de


investigar sobre defeitos internos, a Radiografia Industrial (RI) é um excelente método que
pode detectar, com alta sensibilidade, descontinuidades com poucos milímetros de extensão.
Este END mostra-se muito importante na documentação e comprovação da qualidade do
produto inspecionado. Assim, atestando a conformidade com os requisitos das normas,
especificações e códigos de fabricação, pois consegue gerar "fotografia" interna da peça, o
que nenhum outro END seria capaz.

A RI possui aplicações nas indústrias: de petróleo e petroquímica, nuclear,


alimentícia, farmacêutica, geração de energia, inspeção de soldas e fundidos, e ainda na
indústria bélica. Também é utilizado na qualificação de soldadores e operadores de
soldagem. Assim, o treinamento, qualificação e certificação dos profissionais envolvidos
com estes métodos é requisito importante do sistema da qualidade (Cf. Andreucci, 2013).

A RI é um processo versátil, pois pode avaliar objetos de: variados tamanhos – de


microcomponentes eletrônicos a componentes de mísseis gigantescos. Na compos ição do
produto através de praticamente todos os materiais conhecidos; várias formas de fabricação
– enorme variedade de fundições, soldaduras e montagens. A RI pode ser aplicada a

12
materiais orgânicos e inorgânicos; e a sólidos, líquidos e até mesmo gases. A execução do
teste pode variar do exame ocasional de uma ou várias peças, para o exame de centenas de
espécimes por hora. (Cf. Quinn & Sigl, 1980).

2.2.1. Materiais e equipamentos

2.2.1.1. Fontes e Equipamentos de Raio X

No processo de RI, são utilizadas duas fontes de radiação: Raios X e raios gama.
Essencialmente, eles são os mesmos, ou seja, radiação eletromagnética, sendo a diferença a
forma como são produzidos. De toda forma, a questão abordada por esse trabalho se
restringe aos Raios X.
Os raios X destinados ao uso industrial são produzidos por um gerador de feixes de
Raios X, este consiste em um gerador de tensão variável, um tubo de Raios X e um painel
de controle (Cf. Rolls Royce, 2016). A Figura 4 mostra um típico tubo de Raios X.

Figura 4 - Esquema de um tubo de raio X. Fonte: Adaptado de Telecurso 2000, 1995.

Segundo Andreucci (2013), a geração dos Raios X acontece em uma ampola de vidro
(ou cerâmica), denominada tubo de Coolidge, que possui duas partes: o ânodo e o cátodo.

13
O ânodo e o cátodo são submetidos a uma tensão elétrica da ordem de milhares de Volts
[kV], sendo o polo positivo ligado ao ânodo e o negativo ao cátodo. Nesta configuração, o
ânodo é uma pequena peça fabricada em tungstênio (devido ao seu alto ponto de fusão), que
também pode-se denominar alvo. Já o cátodo é um pequeno filamento, assim como uma
lâmpada incandescente, por onde passa uma corrente elétrica da ordem de milampères
[mA].
Quando o tubo de Coolidge é ligado, a corrente elétrica que passa filamento, este se
aquece e passa a emitir espontaneamente elétrons que são atraídos e acelerados em direção
ao ânodo (alvo). A interação entre os elétrons emitidos com os átomos de tungstênio
desacelera repentinamente os elétrons, transformando a energia cinética adquirida em Raios
X. (Cf. Andreucci, 2013).
Em Rolls Royce (2016), apresenta-se os três parâmetros principais para controlar um
feixe de Raios X:

 Quilovoltagem [kV] – O kV regula o comprimento de onda. Quanto menor o


comprimento de onda, maior será a penetração dos Raios X na superfície do
objeto a ser testado. O aumento do kV é o responsável pelo encurtamento das
ondas e, consequentemente, maior penetração. Os parâmetros usados
normalmente para a quilovoltagem são entre 50 e 400 kV;
 Miliamperagem [mA] – Regula a quantidade de radiação. Um aumento na
miliamperagem aumenta a quantidade de radiação e, com efeito, reduz o tempo
de exposição necessário. Este parâmetro não afeta a penetração e se estabelece
normalmente entre 0 e 10 mA;
 Tempo – É o tempo de exposição da superfície a radiação. Esta variável é
utilizada em conjunto com a mA. É medida em minutos mA, ou seja, 8 mA
minutos podem ser: 2 mA durante 4 minutos ou 1 mA durante 8 minutos.

Portanto, usando as variáveis apresentadas (quilovoltagem, miliamperagem e


tempo), o operador tem o controle da exposição e penetração.

14
2.2.1.2. Telas intensificadoras de imagens (Ecrans)

Segundo a norma ASTM E 1316-17 (2017), estas telas são um material que
converte parte da energia radiográfica em luz ou elétrons, e quando em contato com um
filme durante esta exposição, aumenta a qualidade das radiografias, ou reduz o tempo de
tempo de exposição necessário durante a radiografia, ou até mesmo surtindo os dois efeitos.
Três são os tipos de telas mais comuns: chumbo, fluorescente e fluormetálica.

2.2.1.2.1. Telas de chumbo

As telas de chumbo, sob o impacto dos Raios X, emitem elétrons os quais o filme
é sensível. No processo de RI, este efeito é utilizado quando um filme é colocado entre duas
placas de chumbo para se conseguir um efeito intensificador (Figura 5). Este método é
utilizado dentro de uma gama de energia entre 80 keV a 420 keV. (Cf. GE Inspection
Technologies, 2007).

Figura 5 - Diagrama estrutural e funcional para uma tela de chumbo. Fonte: Fujifilm, 2009.

15
2.2.1.2.2. Telas fluorescentes

Entendendo-se o termo fluorescência como a característica de uma substância em


emitir instantaneamente luz sob a influência de radiação eletromagnética. O momento em
que a radiação para, o mesmo acontece com o efeito de iluminação. Este fenômeno é bem
utilizado na radiografia com filme. Certas substâncias emitem tanta luz que, quando
submetidas a radiações ionizantes, têm um efeito consideravelmente mais elevado sobre o
filme do que a própria radiação ionizante direta. (Cf. GE Inspection Technologies, 2007).

A figura 6 apresenta um típico esquema utilizando-se das telas fluorescentes.

Figura 6 - Diagrama estrutural e funcional para uma tela fluorescente. Fonte: Fujifilm, 2009.

16
2.2.1.2.3. Telas fluormetálicas

Além das já apresentadas: telas fluorescentes e de intensificação de chumbo.


Existem telas fluormetálicas que, em certo ponto, combinam as vantagens de ambos
métodos já apresentados. Estas telas são fornecidas com uma folha de chumbo entre a base
do filme e a camada fluorescente (Figura 7). Este tipo de ecran destina-se à filmes de ciclo
rápido. (Cf. Fujifilm, 2009).

Figura 7 - Diagrama estrutural e funcional para uma tela fluormetálica. Fonte: Adaptado de Fujifilm, 2009.

17
2.2.1.3. IQI

Os IQIs (do inglês Image Quality Indicators), são peças de teste que indicam a
qualidade da imagem obtida pela radiografia. Estes itens são utilizados como um auxílio na
interpretação da imagem radiografada, quando se faz necessário um detalhado e pre ciso
exame. (Cf. Fujifilm, 2009).

Andreucci (2013) apresenta os IQIs como uma pequena peça confeccionada com
um material radiograficamente similar ao material da peça testada, apresentando forma
geometricamente simples e que contém algumas variações de forma bem definidas, como
furos ou entalhes.

Eles se apresentam em sua maioria em dois modelos: o de placa com furos e os de


arame. As figuras 8 e 9 apresentam melhor os detalhes destes dois modelos.

Figura 8 - Modelo de IQI de arame. Fonte: ASTM E747-04 (2010).

18
Figura 9 - Modelo de IQI de placa com furos. Fonte: ASTM E 1025–11 (2015).

2.2.1.4. Filme radiográfico

Andreucci (2013) explica que os filmes radiográficos são compostos por uma
emulsão e uma base. A emulsão é uma camada muito fina (espessura de até 0,025 mm) de
gelatina, que contém em seu interior, um grande número de minúsculos cristais de brometo
de prata (AgBr). Esta emulsão é colocada sobre um suporte, denominado base, que é feito
geralmente de um derivado de celulose, transparente e de cor azulada. A figura 10 apresenta
uma ilustração da estrutura de um filme radiográfico.

19
Figura 10 - Estrutura de um filme radiográfico. Fonte: Fujifilm, 2009.

Os cristais de brometo de prata, presentes na emulsão, possuem a propriedade de,


quando atingidos pela radiação ou luz, tornarem-se susceptíveis de reagir com produto
químico denominado revelador. O revelador atua sobre esses cristais provocando uma
reação de redução que resulta em prata metálica negra. (Cf. Andreucci, 2013).

As regiões do filme, atingidos por uma quantidade maior de radiação apresentarão,


após a ação do revelador, um número maior de grãos negros que regiões atingidas por
radiação de menor intensidade, dessa forma, quando vistos sob a ação de uma fonte de luz,
os filmes apresentarão áreas mais escuras e mais claras que irão compor a imagem do objeto
radiografado. (Cf. Andreucci, 2013).

Uma característica dos filmes radiográficos é que, ao contrário dos filmes


fotográficos, eles possuem a emulsão em ambos os lados da base. Isso permite que mais
cristais de brometo de prata, que produzem as imagens escuras, estejam disponíveis sem
construir uma camada muito espessa, que pode se tornar instável e escorregar, causando
desfocagem das imagens. Isso reduz o tempo de exposição. (Cf. Rolls Royce, 2016).

2.2.2. Técnica Radiográfica

A realização correta da técnica de RI se faz necessária para que se consiga


resultados claros e precisos da área radiografada. É inevitável que sejam cumpridas as
especificações e instruções corretas para este ensaio, desde a colocação do material a ser
ensaiado entre uma fonte emissora de radiação e um filme, até a avaliação da chapa revelada
pelo técnico.

20
Segundo Mix (2005), na radiografia a formação de sombras ou a falta de nitidez
das imagens na película estão relacionadas com o tamanho da fonte, a distância entre a fonte
e a peça, e a distância entre a peça e o filme. Além disso, a distorção geométrica ou uma
mudança na forma da peça no filme resultará se o filme não estiver posicionado
corretamente em relação ao feixe de energia. A dispersão de Raios X também pode causar
sombras ou falta de nitidez no filme.

Mix (2005) apresenta algumas condições ideais para que a qualidade e a nitidez das
radiografias sejam grandemente melhoradas:

 O foco deve ser o menor possível. Idealmente deve ser uma fonte pontual;
 A fonte deve estar o mais afastado possível da peça, obtendo uma penetração
adequada.
 O filme de Raios X deve estar o mais próximo possível da peça radiografada;
 Os raios de origem devem estar perpendiculares à superfície do filme;
 O plano da peça e o plano do filme devem ser paralelos.

Algum grau de distorção radiográfica estará sempre presente, porque algumas


partes da peça estarão sempre mais afastadas do filme do que outras partes. A forma da peça
a ser radiografada também pode tornar difícil ter o plano do filme paralelo a todas as
superfícies, gerando o efeito de "sombra penumbral". (Cf. Mix, 2005).

O tamanho, a forma e a localização de uma falha ou defeito numa peça podem ser
determinados pela radiografia da mesma a partir de ângulos diferentes, perpendiculares às
suas superfícies externas. Deslocar uma a fonte a distâncias iguais em duas direções a partir
da posição original é conhecida como "método de paralaxe para triangulação" de falhas e
defeitos. (Cf. Mix, 2005).

2.2.2.1. Síntese do processo de radiografia industrial

A peça a ser testada, antes de tudo, deve ser devidamente limpa e inspecionada
visualmente e todas as imperfeições de superfície são anotadas. Prepara-se um filme
radiográfico adequadamente selecionada, normalmente intercalada entre as telas de
intensificação e inserido num cassete à prova de luz. A fonte de radiação, a peça e o filme
são dispostas como mostrado na Figura 11. Indicadores de qualidade de imagem (IQI) e
21
letras e números de identificação de chumbo também são colocados no lado da fonte da
amostra de teste (estas letras e números darão posteriormente maior rastreabilidade as
chapas reveladas). A partir de uma tabela de exposição (previamente preparada por um
Inspetor de Radiografia nível 3) para o material da amostra de teste, é determinada a energia
das radiações a serem utilizadas e a exposição (intensidade de radiações x tempo) a ser dada.
Em seguida, a exposição é feita. Após a fonte de radiação ter sido desligada, o cassete de
filme é removido e levado para a sala escura (Cf. IAEA, 1999).

Figura 11 - Organização da fonte, peça e filme numa típica configuração de radiografia industrial. Fonte: Adaptado
de IAEA, 1999.

No compartimento escuro, sob condições de luz segura, o filme é removido do


cassete e telas e então é revelado. A revelação reduz os cristais de brometo de prata expostos
à prata metálica preta, tornando a imagem latente visível. Um banho em solução reveladora
é normalmente feito durante 5-8 minutos a 20° C. (Cf. ASTM E94-04, 2010).

Após a revelação, o filme é banhado em uma solução que interrompe o efeito do


revelador. Após este banho, um terceiro banho é realizado. Neste tanque contém um a
solução fixadora onde todos os cristais não expostos e não desenvolvidos da emulsão de
filme são removidos e a emulsão exposta e formadora de imagem é retida na película. A
fixação é feita durante aproximadamente 2-6 minutos, não excedendo os 15 minutos (Cf.
IAEA, 1999).

22
Posteriormente a fixação é realizado o processo de lavagem do filme. Os melhores
resultados são obtidos com a temperatura por volta de 20ºC. Se houverem altos valores para
a mesma, é possível causar efeitos danosos ao filme, assim como valores baixos poderão
reduzir a eficiência (Cf. Andreucci, 2013). A lavagem é muito lenta abaixo dos 16° C.
Quando se utiliza temperaturas acima de 30° C, deve-se ter cuidado para não deixar filmes
na água por muito tempo. Os filmes devem ser lavados em lotes, sem que haja contaminação
de novos filmes trazidos do fixador. (Cf. ASTM E94-04, 2010).

Um quinto banho é recomendável após a lavagem. Onde o filme deve ser imerso
durante aproximadamente 30 segundos num agente que torna a drenagem da água uniforme
fora do filme, o que facilita a secagem rápida e uniforme. A secagem pode variar desde a
secagem com ar parado variando da temperatura ambiente até 60° C com o ar circulado por
um ventilador. Os fabricantes de filmes devem ser novamente contatados para as condições
de secagem recomendadas. Tome precauções para apertar o filme em cabides, para que ele
não pode tocar no secador. Quando utilizada uma temperatura muito quente de secagem em
baixa umidade, pode resultar em secagem irregular e deve ser evitada. (Cf. ASTM E94-04,
2010).

Finalmente o filme é enviado ao especialista/técnico e interpretado os defeitos


presentes, posteriormente um relatório é compilado. O relatório inclui informações sobre a
amostra de teste, a técnica utilizada e os defeitos. Ele também diz algo sobre aceitação ou
rejeição dos defeitos relatados. O relatório é devidamente assinado por pessoas
responsáveis. (Cf. IAEA, 1999). A figura 12 apresenta todo o fluxo do processo de RI.

Figura 12 - Fluxo do processo de Radiografia Industrial. Fonte: Autor.

23
2.3. ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP)

Há duas maneiras possíveis de aprender sobre qualquer coisa. O primeiro é


examiná-la e estudá-la em si mesmo a medida em que ela tem várias propriedades, sintetizar
os resultados e tirar conclusões de tais observações sobre o assunto. O segundo é estudar
essa entidade em relação a outras entidades similares e relacioná-las com elas fazendo
comparações. (Cf. Saaty, 2008).

Saaty (2008) argumenta que usar julgamentos tem sido considerado uma prática
questionável quando se tem como padrão ser objetivo. Mas uma pequena reflexão mostra
que mesmo quando os números são obtidos a partir de uma escala padrão e são considerados
objetivos, sua interpretação é sempre subjetiva. É preciso validar a ideia de que usar
julgamentos para derivar valores tangíveis para proporcionar maior credibilidade ao uso de
julgamentos quando intangíveis estão envolvidos.

As pessoas que trabalham com tomada de decisões têm a preocupação com a


medição de eventos físicos e psicológicos. Por físico, é entendido aquilo que é conhecido
como tangíveis na medida em que constituem algum tipo de realidade objetiva fora do
indivíduo que conduz a medida. Em contraste, o psicológico a que os julgamentos usados
na tomada de decisões pertencem, é o domínio dos intangíveis, compreendendo as ideias
subjetivas, sentimentos e crenças de um indivíduo, de um grupo que trabalha em conjunto,
e mais geralmente da sociedade como um todo. A questão é se há uma teoria coerente que
possa lidar com ambos os mundos da realidade sem comprometer qualquer um. O Processo
de Análise Hierárquica – do inglês Analytic Hierarchy Process (AHP) – é o método que
pode ser usado para estabelecer medidas em ambos os domínios físico e social. (Cf. Saaty
& Vargas, 2006).

O AHP, desenvolvido por Saaty, é um método prático e útil de auxílio multicritério


de tomada de decisão (Cf. Saaty, 1977). Ishizaka e Labib (2011) afirmam que este método
é aceito e aplicado por indústrias em problemas de tomada de decisão.

Este processo é utilizado em várias áreas, podemos citar o setor energético


(Almeida, 2002; Bonatti, 2015); Construção Civil (Faria, 2011; Omar, 2016); Área médica
(Guimarães, 2007); Negócios (Levandoski, 2009; Marins, 2009; Mendes, 2014; Piekarski,
2015); Manutenção (Martins, 2012).

24
2.3.1. Aplicação do método de AHP

Segundo Saaty (2008-A), para a tomada de uma decisão de forma organizada e


gerar prioridades, é preciso decompor a decisão nas seguintes etapas:

 Definir o problema e determinar o tipo de conhecimento procurado;


 Estruturar a hierarquia de decisão desde o topo com o objetivo da decisão, então
os objetivos de uma perspectiva ampla, através dos níveis intermediários
(critérios dos quais os elementos subsequentes dependem) até o nível mais baixo
(que geralmente é um conjunto das alternativas). Ilustrado de forma clara na
figura 13;

Figura 13 - Estrutura Hierárquica para Tomada de Decisão em três níveis Fonte: Adaptado de Saaty, 1990.

 Construa um conjunto de matrizes de comparação par-a-par. Cada elemento em


um nível superior é usado para comparar os elementos no nível imediatamente
abaixo em relação a ele;

 Use as prioridades obtidas das comparações para pesar as prioridades no nível


imediatamente abaixo. Faça isso para cada elemento. Em seguida, para cada
elemento no nível abaixo, adicione seus valores ponderados e obtenha sua
prioridade geral ou global. Deve-se continuar este processo de “pesagem” e

25
adição até que as prioridades finais das alternativas no nível mais baixo sejam
obtidas.

Para a realização das comparações, Saaty (2008-A) indica a necessidade de uma


escala de números que indique quantas vezes mais importante, ou dominante, um elemento
é sobre outro elemento em relação ao critério, ou propriedade, com relação à qual eles são
comparados. A Tabela 1 apresenta a escala.

Tabela 1 - Escala fundamental de números absolutos. Fonte: Adaptado de Saaty (2008-A).

Um exemplo é fornecido por Saaty (2008-B), onde a tabela 2 apresenta um exemplo


em que a escala é usada para comparar o consumo relativo de bebidas nos Estados Unidos
(feito por uma amostra de público de 30 pessoas). Um compara uma bebida indicada à
26
esquerda com outra indicada no topo e responde à pergunta: “Quantas vezes mais, ou quão
fortemente mais, aquela bebida (à esquerda) é consumida nos EUA do que aquela no topo?
” Ou simplesmente “Qual bebida de um par domina o outro e quão fortemente é essa
relação? ” Em geral, utiliza-se a explicação verbal para desenvolver um julgamento e depois
insere seu valor numérico: por exemplo, digite 9 na posição (café, vinho), o que significa
que o consumo de café é muito maior do que o consumo de vinho. É automático que 1/9 é
o que é preciso usar na posição (vinho, café). Note que a água é consumida um pouco ma is
do que o café, assim insere-se 2 na posição (água, café) e 1/2 na posição (café, água). Um
sempre entra o número inteiro na sua posição apropriada e automaticamente entra seu
recíproco na posição de transposição.

As prioridades (obtidas na forma exata, elevando a matriz a grandes potências e


somando cada linha e dividindo cada uma pela soma total de todas as linhas, ou
aproximadamente adicionando cada linha da matriz e dividindo por seu total e tomando a
média das colunas resultantes) são mostrados na parte inferior da tabela, juntamente com
os valores verdadeiros expressos em forma relativa, dividindo o consumo de cada bebida
(volume) pela soma do consumo de todas as bebidas. A informação sobre o consumo real
foi obtida a partir do US Statistical Abstracts. Nota-se que as respostas são muito próximas.
Os julgamentos comparativos par-a-par de alguém que tem conhecimento do assunto pode
levar a resultados precisos do consumo de bebida. Existem inúmeros exemplos desse tipo
de validação. (Cf. Saaty, 2008-B).

Saaty (1990) também propõe procedimentos que permitem avaliar a consistência


dos julgamentos. Assim, a consistência lógica consiste na habilidade de estabelecer relações
coerentes entre objetos ou ideias e garantir que estas relações apresentem consistênci a
mensurável. Para isso, o Índice de Consistência avalia o grau de inconsistência da matriz
de julgamentos paritários.

Posteriormente, também é calculado a Razão de Consistência dos julgamentos,


denotada por RC = IC/IR, onde IR é o Índice de Consistência Randômico obtido para uma
matriz recíproca de ordem N, com elementos não-negativos e gerada randomicamente.
Sendo o IR o índice de consistência obtido para uma matriz randômica recíproca, com
elementos não negativos, utiliza-se a aproximação por Saaty (1990). Estes procedimentos
serão melhor desenvolvidos no capítulo 4.

27
Tabela 2 - Tabela de relação de consumo de bebidas nos Estados Unidos. Fonte: Saaty, 2008-A.

A figura 14 exemplifica melhor os passos a serem seguidos para o emprego do


método AHP.

Figura 14 - Fluxo básico da aplicação do Método AHP. Fonte: Adaptado de Bonatti, 2015.

28
2.4. REDES BAYESIANAS

Em todas as áreas da vida tomadores de decisões devem frequentemente avaliar e


gerenciar o risco quando há pouco ou nenhum dado histórico direto para se basear ou onde
os dados relevantes são difíceis de se identificar. Os principais analistas financeiros do
mundo não previram a crise de crédito internacional porque se baseavam em modelos
baseados em dados estatísticos históricos que não podiam se adaptar a novas circunstâncias,
mesmo quando essas circunstâncias (neste caso, o colapso do mercado hipotecário na
famosa Crise do Subprime em 2008) eram previsíveis por especialistas com conhecimento
mais íntimo do mercado.

Fenton e Neil mostram que os desafios são igualmente agudos quando a fonte do
risco é novidade: ataques terroristas, desastres ecológicos, grandes falhas de projeto e falhas
mais gerais de sistemas, processos, mercados e modelos de negócios novos. Mesmo que
haja pouco ou nenhum dado histórico, muitas vezes há uma abundância de julgamentos,
bem como diversas informações e dados sobre riscos indiretamente relacionados. Estes são
os tipos de situações que podem ser abordadas com sucesso usando as Redes Bayesianas
(RBs), mesmo quando as abordagens orientadas por dados para avaliação de risco não são
possíveis. (Cf. Fenton & Neil, 2014).

Uma Rede Bayesiana (RB) é uma estrutura gráfica que permite representar e
raciocinar sobre um domínio incerto. Os nós em uma rede bayesiana representam um
conjunto de variáveis aleatórias do domínio. Um conjunto de arcos (ou links) conecta pares
de nós, representando as dependências diretas entre variáveis. Assumindo variáveis
discretas, a força da relação entre variáveis é quantificada por distribuições de probabilidade
condicional associadas a cada nó. A única restrição nos arcos permitidos em um a RB é que
não deve haver ciclos direcionados: você não pode retornar a um nó simplesmente seguindo
os arcos. Tais redes são chamadas de gráficos acíclicos dirigidos. (Cf. Korb & Nicholson,
2004).

Algumas aplicações atuais de RBs se estendem à: áreas como: Gerenciamento de


Riscos e Confiabilidade (Andrews & Fecarotti, 2017; O’Connor, 2016); Petróleo (Yang,
2016; Li, 2016); Naval (Sotiralis, 2016); Modelagem computacional (Dong, 2017);
Construção Civil (Ahmed, 2016).

29
2.4.1. Estrutura das Redes Bayesianas

A representação gráfica de uma RB é conhecida como grafo, que é estudado por


um ramo da matemática chamado de Teoria dos Grafos. Esta teoria diz respeito ao estudo
da relação entre seus elementos (nós e arcos). Os nós simbolizam as variáveis aleatórias
consideradas durante o problema e são simbolizadas por círculos. Já, os arcos são setas que
simbolizam a relação de subordinação entre os nós, isto é, simboliza a subordinação
probabilística direta entre duas variáveis (Cf. Korb & Nicholson, 2004). A figura 15 ilustra
um modelo simples de Rede Bayesiana apresentando os nós e arcos.

Figura 15 - Modelo simples de Rede Bayesiana. Fonte: Adaptado de Saaty, 2008.

Outros termos comuns empregados quando se trata da hierarquia de nós dentro da


rede são os termos pai e filho. Esses termos tratam a relação de dependência direta entre
dois nós por meio do arco que os conecta, o nó de onde o arco parte é chamado nó pai, o nó
de onde o arco chega com sua ponta é chamado nó filho. Desta forma, considerando a
estrutura da Figura 15 (Figura acima), o nó A é pai do nó C, sendo o nó C filho do nó A.
Da mesma forma, o nó B é pai dos nós D e E, sendo D também filho do nó A. Além disso,
um nó que não possui filhos é chamado de folha e um nó que origina a rede, ou seja, que
não possui pais, é chamado de raiz.

2.4.2. Propriedades Markovianas

Segundo Korb & Nicholson (2004), a propriedade de Markov é quem controla a


dinâmica de uma Rede Bayesiana, esta é que rege que não existem dependências diretas

30
entre as variáveis (nós) de uma Rede Bayesiana que já não estejam explícitas através da
apresentação orientada dos arcos, ou seja, cada variável possui dependência direta apenas
de sua (s) variável (eis) pai.

Pode-se dizer que uma Rede Bayesiana é um par (ξ, θ) definido sobre um conjunto
de variáveis aleatórias X = {X1, X2...XK}, onde cada Xi corresponde a uma variável da rede,
satisfazendo a propriedade de Markov:

𝑃[𝑋𝑖 |𝑋𝑗 , 𝑝𝑎𝑖𝑠 (𝑋𝑖 )] = 𝑃[𝑋𝑖 |𝑝𝑎𝑖𝑠(𝑋𝑖 )] (1)

Deve-se considerar a distribuição de probabilidade conjunta de uma Rede


Bayesiana com K variáveis e a propriedade apresentada na Equação (1). Tem-se que em
uma Rede Bayesiana (ξ, θ), estabelecida em um conjunto de variáveis aleatórias X= {X1,
X2,, XK}, a probabilidade conjunta de toda a rede é fornecida pela Equação (2).

𝑃(𝑋𝑖 = 𝑥1 , … , 𝑋𝑘 = 𝑥𝑘 ) = ∏𝑘𝑖−1 𝑃[𝑋𝑖 = 𝑥𝑖 |𝑝𝑎𝑖𝑠(𝑋𝑖 )] (2)

Neapolitan (2004) mostra que as propriedades probabilísticas estão estreitamente


ligadas com o condicionamento da variável com seu (s) respectivo (s) pai (s). Assim, as
RBs que satisfazem a propriedade de Markov expressam independências condicionais nas
distribuições de probabilidade. A relação entre independência condicional e estrutura de
rede bayesiana é importante para entender como os RBs funcionam.

2.4.3. Independência condicional

As independências condicionais, citadas por Neapolitan (2004) no subtópico


anterior (2.4.2.), são apresentadas de três maneiras por Korb & Nicholson (2004):

 Cadeias Causais (Figura 16) – Considerando uma cadeia causal de três nós,
onde A causa B, que por sua vez, causa C. A probabilidade de C, dado B, é
31
exatamente a mesma que a probabilidade de C, dada a B e A. Saber que A
ocorreu não faz diferença para nossas crenças sobre C, se já sabemos que B
ocorreu. Nós também escrevemos essa independência condicional como:

A ╨ C | B.

Figura 16 - Representação de cadeia causal. Fonte: Adaptado de Korb & Nicholson (2004).

 Causas Comuns (Figura 17): Duas variáveis, A e C, com uma causa comum
B estão representadas. As causas comuns dão origem à mesma estrutura de
independência condicional que as correntes:

(3)

Figura 17 - Representação de causa comum. Fonte: Adaptado de Korb & Nicholson (2004).

 Efeitos Comuns (Figura 18): são representados por uma estrutura de rede
em v. Representando uma situação em que um nó possui duas causas. Os
efeitos comuns (ou seus descendentes) produzem a estrutura de
independência condicional exata, oposta à das cadeias e causas comuns. Ou

seja, os pais são marginalmente independentes (A ╨ C), mas tornam-se

dependentes de informações sobre o efeito comum (ou seja, são


condicionalmente dependentes):

32
(4)

Figura 18 - Representação de efeito comum. Fonte: Adaptado de Korb & Nicholson (2004).

2.4.4. D-separação

Korb & Nicholson (2004) sugerem que as redes bayesianas representam


independências condicionais e como essas independências afetam a mudança de crença
durante a atualização.

Utilizando-se das propriedades markovianas, nota-se que uma variável é


independente de outra se não houver um arco conectando-as. Todavia, é possível definir a
independência quando existe um grupo específico de variáveis entre as variáveis analisadas,
podendo, por exemplo, ser um grupo de evidências. Assim, o conceito de d-separação se
desenvolve. Para defini-lo, deve-se considerar alguns tipos de conexões dadas em
Neopolitan (2004). Sejam X, Z e Y variáveis de uma Rede Bayesiana (ξ, V), pode-se definir
alguns tipos de conexão:

1. Se X → Z → Y , tem-se um relacionamento head-to-tail;

2. Se X ← Z → Y , tem-se um relacionamento tail-to-tail;

3. Se X → Z ← Y , tem-se um relacionamento head-to-head.

Ainda segundo Korb & Nicholson (2004), esses conceitos aplicam-se não apenas
entre pares de nós, mas também entre conjuntos de nós. De forma mais geral, dada a
propriedade de Markov, é possível determinar se um conjunto de nós X é independente de

33
outro conjunto Y, dado um conjunto de nós de evidências E. Para fazer isso, é realizada a
d-separação.

2.4.5. Método geral para a construção de uma rede bayesiana

A construção de uma Rede Bayesiana não é tão simples, além de existir vários
métodos para a estimação de estruturas de rede através do conjunto de dados, os métodos
podem ser influenciados por fatores como a ordem e escolha das variáveis que compõem o
problema.

Pearl (1988) criou um algoritmo baseando-se nas propriedades (1) e (2), no qual,
dado um conjunto de variáveis discretas ordenadas, constrói uma Rede Bayesiana única,
adicionando às variáveis a rede em sua ordem e acrescentando arcos para a formação da
estrutura. Assim, cada variável é conectada às variáveis antigas da rede, o que garante que
a estrutura seja sempre acíclica.

O algoritmo de Pearl é dado abaixo:

1. Escolha um conjunto de variáveis Xi que em suposição descreva o problema;

2. Escolha uma ordem para as variáveis;

3. Para todas as variáveis em ordem, faça:

a. Escolha a variável X e adicione-a na rede;

b. Determine os pais da variável X dentre os nós que já estão na rede, que


satisfaça P=X i | X j, pais(X i ) P<X i | pais(X i ).

c. Construa a tabela de probabilidade condicional (CPT) para X.

Para uma Rede Bayesiana ser adequada, ela deve ser perfeita, ou seja, todos arcos
devem expressar corretamente as dependências entre as variáveis. Desta forma, é fácil notar
que para a construção de uma Rede Bayesiana devemos escolher uma ordem correta para
as variáveis, pois diferentes ordens podem gerar Redes Bayesianas diferentes. Desta forma,
Korb e Nicholson (2004) sugerem que primeiramente consideremos as variáveis possíveis
a serem raízes e suas variáveis independentes, a seguir as demais variáveis.

34
O capítulo seguinte descreve a metodologia utilizada neste trabalho. A forma como
os dados foram obtidos e a aplicação das ferramentas probabilísticas para seja possível
dimensionar o impacto e probabilidade de ocorrência dos riscos no processo de RI.

35
3. METODOLOGIA

Conhecendo o objetivo deste estudo, desenvolveu-se uma metodologia de análise


de impacto, por meio de AHP, e probabilidade de ocorrência, por meio do BBN, aplicada à
análise dos riscos de falha do processo de RI, neste capítulo será apresentada uma visão
geral da metodologia proposta, de forma a facilitar a compreensão da execução da análise
no próximo capítulo.

A metodologia foi desenvolvida através da composição de métodos já existentes


para análise probabilística de confiabilidade e riscos (mostrados no capítulo anterior). Duas
propostas de ferramentas probabilísticas foram combinadas para a criação do método
proposto. A metodologia se dividiu em quatro etapas: familiarização, análise qualitativa,
análise quantitativa e análises complementares.

3.1. PESQUISA DE CAMPO

Durante a etapa de pesquisa de campo deste trabalho ocorreu o primeiro contato e


familiarização com o sistema a ser estudado e aplicado. Posteriormente buscou-se nesta fase
dados sobre este sistema, sobre seu funcionamento e o ambiente ao qual foi empregado.

Primeiramente buscou-se entender mais sobre o processo de RI e cada uma das suas
etapas. Foi realizada uma visita a um local onde realiza-se o END para que pudesse se
entender o processo de perto. Também foram estudadas normas e literatura técnica para
compreender as particularidades do processo e o procedimento correto de sua execução. Por
fim, no que diz respeito a RI, também foi buscado o auxílio da opinião de especialista da
área.

Quanto as ferramentas empregadas, após análise da literatura existente, não foram


encontradas trabalhos que utilizam metodologia semelhante ao que este se propõe. Todavia
foram estudados materiais científicos sobre o emprego destas ferramentas probabilísticas
para a familiarização e compreensão do emprego das mesmas em diversas áreas como
industrial naval, construção civil, mercado de ações, confiabilidade em produtos e
processos, geração de energia, entre tantas outras aplicações.

36
3.2. ANÁLISE QUALITATIVA

A análise qualitativa forneceu uma visão clara do sistema e das relações entre os
elementos do sistema. Primeiramente procurou-se estabelecer uma representação física e
funcional do sistema, para facilitar a compreensão do mesmo; nesta fase foram separadas
cada uma das etapas do processo de RI e seus possíveis riscos foram levantados consultado
as normas vigentes e literatura técnica, também foi buscado auxílio de especialista da área.

Em seguida recomenda-se o desenvolvimento de uma representação mais detalhada


das relações entre os elementos; essa representação foi realizada por meio de uma planilha,
onde mais do que separar os riscos de cada etapa, também foram identificados os fatores de
riscos que proporcionam a ocorrência de cada um dos riscos previamente levantados.
Finalmente, foi realizada a transposição dos itens da planilha para um diagrama de blocos,
já pensando no conceito de Redes Bayesianas. Construiu-se uma rede híbrida, onde existam
nós de variáveis contínuas que representem a probabilidade do risco em cada uma das etapas
do processo de RI e nós de variáveis discretas que representem os fatores de risco.

Para a construção da Rede Bayesiana foi utilizado um software livre de análise de


risco e suporte à decisão, o AgenaRisk. Este é uma ferramenta intuitiva para modelagem,
análise e previsão de risco e aplicado também em casos de tomada decisões envolvendo
incerteza (Cf. Agena, 2017).

Paralelamente, outra atividade foi realizada após a identificação e separação de


cada etapa do processo de RI, foi confeccionada matriz de comparação par-a-par, a ser
utilizadas no processo de análise hierárquica que forneceu a etapa que causou maior impacto
sobre o processo de RI. Nesta matriz foi realizada a comparação entre as etapas do processo
de RI fazendo uso da tabela 1, apresentada no capítulo 2.3.1.

Com a estrutura do BBN e AHP construídas, foram calculadas: as taxas de impacto


e de ocorrência e a pontuação de risco e de impacto de cada etapa do processo de RI. Com
estes valores calculou-se o valor da pontuação de risco e a sua classe. Por fim, foram
propostas as soluções para as etapas de maior risco no processo.

37
3.3. ANÁLISE QUANTITATIVA

A análise quantitativa deste trabalho iniciou-se com a inclusão na Rede Bayesiana


de todas as probabilidades a priori dos nós raízes. Essas probabilidades foram estimadas
pelo autor do trabalho junto ao professor orientador (levando em conta que este trabalho se
apresenta como uma proposta de um modelo de análise de riscos no processo de RI). Em
seguida foram preenchidas as tabelas de propriedades condicionais. Finalmente obtém-se a
probabilidade conjunta da rede para a variável de interesse, no caso o nó que representa o
risco de ocorrência de falha na dada etapa do processo.

Já para a análise hierárquica, fez-se uso da escala fundamental de números


absolutos proposta por Saaty (2008-A) para realizar a comparação par-a-par de cada etapa
do processo. Esta escala, já apresentada na tabela 1, mostra valores de 1 a 9 que representam
o quão mais importante ou semelhante é um dado argumento em função do seu par.

Segundo Vargas (1990), os julgamentos utilizados para a criação da matriz devem


pautar-se por quatro premissas:

 Comparação recíproca: Onde o tomador de decisão deve ser capaz de fazer


comparações e manifestar a força de suas preferências;
 Homogeneidade: As preferências são representadas pelo princípio de uma
escala limitada;
 Independência: Quando as preferências são declaradas, assume-se que os
critérios são independentes das propriedades das alternativas;
 Expectativa: Para a proposta de tomar uma decisão, supõe-se que a estrutura
hierárquica esteja completa.

Posteriormente é realizada a normalização da matriz (obtenção de soma de pesos


igual a 1), os quais resultam na obtenção de autovetores de prioridades, expressando as
importâncias relativas de cada etapa.

Uma vez obtidos os autovetores expressando a importância relativa de cada etapa,


foi aplicado um processo para se estabelecer as preferências pelas alterativas em cada
critério. Tendo-se as importâncias relativas dos critérios e os níveis de preferência das
alternativas, efetuou-se a valoração global, segundo o método da soma ponderada fornecido
pela equação (3).

38
𝑉(𝑎) = ∑𝑛𝑗=1 𝑝𝑗 . 𝑣𝑗 (𝑎) (5)

Onde:

V(a) corresponde ao valor global da alternativa analisada;

pj corresponde à importância relativa do critério j e;

vj ao nível de preferência da alternativa analisada no critério j.

Com o valor em mãos foi possível realizar a hierarquização das etapas e encontrar
a etapa que mais impacta ao processo de RI.

Com os valores probabilísticos do BBN e AHP encontrados, foram calculadas a


taxa de impacto e a taxa de ocorrência. Com os valores destas taxas e o auxílio de suas
devidas tabelas de pontuação de risco (Tabela 17) e pontuação de impacto (Tabela 18),
descobriu-se os valores da Pontuação do nível de probabilidade e de impacto de cada etapa
do processo de RI. Com os valores da pontuação de risco e probabilidade em mãos, pode -
se calcular o valor da pontuação de risco. Este que é o principal valor de interesse des te
trabalho. A pontuação de risco será dada pela multiplicação entre os valores das taxas de
impacto e ocorrência. Para complementar o resultado-interesse, este será aplicado a matriz
de pontuação de risco (Tabela 19), a qual nos proporcionará a classe do risco. A classe vai
de muito provável à muito improvável.

Findando a análise dos riscos, realizou-se a proposta de soluções/criações de


barreiras para a diminuição da ocorrência de falhas nas duas etapas que mais impactam o
processo de RI segundo o estudo apresentado.

39
4. RESULTADOS

Será apresentado neste capítulo a exemplificação da aplicação da metodologia, já


apresentada no capítulo 3, no modelo proposto. Realizando assim a análise de riscos durante
o processo de radiografia industrial gerando os resultados desejados para o modelo.

Primeiramente foram apresentadas as informações encontradas durante o processo


de pesquisa de campo. Estas informações forneceram os principais riscos e fatores de risco
em cada uma das etapas do END. Em seguida, foi apresentada a estrutura criada para o
cálculo probabilístico de ocorrência e impacto dos riscos com a ajuda de BBN e AHP.
Posteriormente, foi realizada uma análise quantitativa, onde foi estimada a densidade de
probabilidade do risco de falha no processo e o impacto do mesmo para cada uma das nove
etapas do processo. E finalmente foram apresentadas as etapas mais propensas a impactar
no processo RI e suas respectivas propostas de melhoria.

Conforme já mencionado, para confecção e tratamento da Rede Bayesiana foi


usado a versão gratuita do software AgenaRisk (Agena Risk Desktop, versão 7.0, 2011)
disponibilizado no site do desenvolvedor – Agena Ltd.

4.1. DADOS DA PESQUISA DE CAMPO

Durante a etapa metodológica, o primeiro passo foi efetuar uma pesquisa sobre as
literaturas científicas e técnicas do processo de Radiografia Industrial. Entendendo-se
melhor a literatura, visitou-se uma instalação de END de RI. Onde foi possível observar
alguns aspectos que a revisão bibliográfica não pôde proporcionar. Com base nos
conhecimentos encontrados nestas duas etapas de familiarização com o processo em questão
deste trabalho, foi possível dividi-lo em nove etapas fundamentais. Para cada uma destas
etapas foram levantados os três principais riscos que possam impactar o processo de RI, e
subsequentemente foram levantados os fatores de risco para cada um dos três principais
riscos.

As tabelas a seguir apresentam o resultado do processo de familiarização, onde


cada uma das nove etapas enumeradas em sua sequência lógica. Abaixo de cada uma delas
apresentam-se os riscos e abaixo de cada um dos riscos os seus respectivos fatores de risco.

40
Tabela 3 - Riscos e fatores de risco da etapa 1 do processo de RI. Fonte: Autor.

(1) Fazer testes de qualidade dos elementos usados no processo


Não realizar calibração de instrumentos e equipamentos
Fontes luminosas com especificações acima do requerido, fragilizando o filme
Fitas densitométricas/Densímetro fora das especificações e descalibrados
Intensidade luminosa do Negatoscópio baixa
Não inspecionar equipamentos, instrumentos e consumíveis antes da utilização
Filme com qualidade ruim (quebrado, amassado, arranhado, fragilizado)
Ecram arranhado/manchada - Aumentando o tempo de exposição ou diminuindo a qualidade da radiografia
Cassete rasgado sensibilizando o filme
Não realização da rotina de manutenção dos equipamentos
Temperatura da sala de armazenamento de filmes não controlada
Umidade da sala de armazenamento de filmes não controlada
Não manutenção do equipamento de radiografia causando má qualidade de emissão da fonte de radiação

Tabela 4 - Riscos e fatores de risco da etapa 2 do processo de RI. Fonte: Autor.

(2) Seleção dos elementos do ensaio


Erro no manuseio do elemento
Manchas devido ao não uso das presilhas no manuseio do filme
Exposição do filme à luz durante o manuseio antes do ensaio
Exposição do filme à radiação durante a armazenagem
Desconhecimento do material e densidade da peça/produto a ser radiografada
Seleção de IQI de material errado
Seleção de tipo de filme errado (espessura e concentração da emulsão erradas)
Seleção errada do tipo de tela intensificadora
Desconhecimento da espessura da peça/produto
Seleção de IQI para uma espessura diferente causando dificuldade na interpretação do resultado
Tempo de exposição curto e intensidade radiográfica
Seleção errada do tipo de tela intensificadora

Tabela 5 - Riscos e fatores de risco da etapa 3 do processo de RI. Fonte: Autor.

(3) Posicionamento dos elementos do ensaio


Definição dos parâmetros dos elementos errada
Distância Objeto/Filme errada
Seleção de IQI errado (espessura/material)
Erro na fixação entre elementos
Ausência de contato ente o filme e a tela intensificadora
Filme e tela intensificadora aderindo entre si
Não realizar a fixação e selagem correta do cassete à peça/produto

Tabela 6 - Riscos e fatores de risco da etapa 4 do processo de RI. Fonte: Autor.

(4) Posicionamento e parâmetros da peça


Desconhecimentos dos parâmetros e propriedades da peça
Definição equivocada da densidade da área de interesse
Desconhecimento do material da peça resultam na utilização de IQI e filmes errados
Grandes diferenças na espessura da amostra a ser radiografada podem afetar o contraste
Posicionamento errado da peça em relação ao feixe
Ângulo do plano do material variar em relação ao feixe
Seleção de gabarito errado para suportar a peça
Definição da distância fonte/objeto equivocada

41
Tabela 7 - Riscos e fatores de risco da etapa 5 do processo de RI. Fonte: Autor.

(5) Preparação e definição de parâmetros da radiografia


Desconhecimento das técnicas
Não utilização de procedimentos/Instruções/Manuais levando ao erro
Falta de treinamento do operador
Configuração de parâmetros errados
Amperagem fora do que é recomendado (0 e 10 mA)
Voltagem fora do recomendado que é entre 50 e 400 kV
Tempo de exposição além/abaixo do necessário em função do desconhecimento da amperagem correta
Configuração do foco
Parâmetros de foco errado
Tamanho do foco pequeno causa superaquecimento
Intensidade baixa devido a distância foco-filme

Tabela 8 - Riscos e fatores de risco da etapa 6 do processo de RI. Fonte: Autor.

(6) Processo de Radiografia


Número de posições de radiografia não suficientes para uma boa avaliação
Ausência de conhecimento técnico por parte do operador
Esquecimento por fatores humanos
Má interpretação da instrução de serviço
Radiografar área de interesse errada
Má interpretação da instrução de serviço
Desconhecimento do procedimento radiográfico para o tipo de peça/produto radiografada
Instrução de serviço, ou documento semelhante, confeccionado por profissional não capacitado
Falta de controle de radiação retroespalahada
Parâmetros de teste não respeitados
Desconhecimento dos valores pré-estabelecidos para o ajuste do equipamento
Uso de tela intensificadora inadequada

Tabela 9 - Riscos e fatores de risco da etapa 7 do processo de RI. Fonte: Autor.

(7) Processamento e revelação do filme


Parâmetros não controlados
Não controlar pH das soluções
Não atender os tempos mínimos ou máximos de cada banho no processo de revelação
Não controlar temperatura das soluções
Falta de higiene e cuidados na preparação dos banhos
Os tanques devem estar limpos e preenchidos com soluções frescas
Termômetros e outros acessórios devem ser lavados para não contaminar as soluções
Não utilizar acessórios confeccionados em material absorvente ou reagente para a agitação das soluções,
evitando contaminação
Método de revelação errado
Procedimento de secagem realizado de maneira irregular entre as áreas do filme
Não realização da agitação do filme durante a revelação nos primeiros 30 segundos
Obter uma distribuição homogênea da solução reveladora em ambos os lados da emulsão, evitando manchas

42
Tabela 10 - Riscos e fatores de risco da etapa 8 do processo de RI. Fonte: Autor.

(8) Inspeção e laudo do produto radiografado


Erros de diagnóstico devido ao negatoscópio
Área de visualização do negatoscópio suja
Intensidade luminosa do Negatoscópio baixa
Densidade da área de interesse fora do padrão
Fitas densitométricas fora das especificações
Fitas densitométricas não calibradas
Densímetro não calibrado
Defeitos causados e etapas anteriores
Manchas decorrentes de pequenas gotas de água de uma má secagem
Riscos decorrente da manipulação da radiografia durante a preparação e processamento
Dobras no filme decorrentes ao operador forçar o porta filme para adequar a superfícies curvas ou com raios pequenos

Tabela 11 - Riscos e fatores de risco da etapa 9 do processo de RI. Fonte: Autor.

(9) Registro dos resultados


Ausência de rastreabilidade, dificultando acesso aos registros
Não identificação das informações importantes nas chapas radiografadas
Conjunto de letras e números, ou tela fluorescente e papel, disposto de maneira errada

4.2. APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS PROBABILÍSTICAS

Após a definição das etapas, riscos e fatores de risco e utilizando-se da metodologia


já mencionada no capítulo anterior se iniciou o emprego das a ferramentas probabilísticas
para a obtenção dos resultados. A primeira a ser apresentada será a de BBN, seguindo-se
pela de AHP.

4.2.1. Aplicação de BBN

O primeiro passo para a aplicação de BBN se deu na construção dos diagramas com
o auxílio do Agenarisk. Para cada etapa do processo de RI foi criada um diagrama diferente.
Estes diagramas seguem a mesma hierarquia apresentada nas tabelas do subtítulo 4.1. Na
figura 19 é apresentado o modelo de um destes diagramas.

43
Figura 19 – Modelo de Diagrama de BBN no Agenarisk. Fonte: Autor.

O passo seguinte após a criação dos diagramas foi a inclusão na Rede Bayesiana
de todas as probabilidades a priori dos nós raízes. Em seguida serão especificadas as
relações entre os nós. Lembrando que durante esta pesquisa não foi possível a obtenção de
dados das probabilidades em entrevista com especialistas por motivo de sigilo indu strial,
todas as informações usadas são aquelas disponíveis para o público e já referenciadas neste
trabalho. Portanto estes dados propostos para este modelo foram elaborados pelo autor do
trabalho junto ao orientador.

Após a inclusão dos valores dentro do software, este nos fornece automaticamente
os valores da probabilidade de ocorrência de cada uma das etapas. A seguir na figura 20
segue um diagrama exemplificando o detalhamento de como são apresentados os
percentuais de ocorrência divididos por etapas do processo. Os valores das probabilidades
44
de ocorrência de erros em cada etapa serão apresentados na tabela 12, os demais diagramas
contendo valores serão apresentados no Anexo 1.

Figura 20 - Diagrama do Agenarisk exemplificando o detalhamento de como são apresentados os percentuais de


ocorrência divididos por etapas do processo. Fonte: Agenarisk.

45
Etapas do processo
Riscos
Fatores de Risco
Tabela 12 - Probabilidades de ocorrência. Fonte: Autor.

Probabilidade de
Etapas / Riscos / Fatores de Risco ocorrência
FALSO VERDADE
(1) Fazer testes de qualidade dos elementos usados no processo 95,580 4,420
Não realizar calibração de instrumentos e equipamentos 98,802 1,198
Fontes luminosas com especificações acima do requerido, fragilizando o filme 99,999 0,001
Fitas densitométricas/Densímetro fora das especificações e descalibrados 99,999 0,001
Intensidade luminosa do Negatoscópio baixa 99,990 0,010
Não inspecionar equipamentos, instrumentos e consumíveis antes da utilização 97,912 2,088
Filme com qualidade ruim (quebrado, amassado, arranhado, fragilizado) 99,999 0,001
Ecram arranhado/manchada - Aumentando o tempo de exposição ou diminuindo a
99,990 0,010
qualidade da radiografia
Cassete rasgado sensibilizando o filme 99,990 0,010
Não realização da rotina de manutenção dos equipamentos 98,802 1,198
Temperatura da sala de armazenamento de filmes não controlada 99,990 0,010
Umidade da sala de armazenamento de filmes não controlada 99,999 0,001
Não manutenção do equipamento de radiografia causando má qualidade de emissão
99,999 0,001
da fonte de radiação
(2) Seleção dos elementos do ensaio 99,104 0,896
Erro no manuseio do elemento 99,700 0,300
Manchas devido ao não uso das presilhas no manuseio do filme 99,999 0,001
Exposição do filme à luz durante o manuseio antes do ensaio 99,999 0,001
Exposição do filme à radiação durante a armazenagem 99,999 0,001
Desconhecimento do material e densidade da peça/produto a ser radiografada 99,700 0,300
Seleção de IQI de material errado 99,999 0,001
Seleção de tipo de filme errado (espessura e concentração da emulsão erradas) 99,999 0,001
Seleção errada do tipo de tela intensificadora 99,999 0,001
Desconhecimento da espessura da peça/produto 99,700 0,300
Seleção de IQI para uma espessura diferente causando dificuldade na interpretação
99,999 0,001
do resultado
Tempo de exposição curto e intensidade radiográfica 99,999 0,001
Seleção errada do tipo de tela intensificadora 99,999 0,001
(3) Posicionamento dos elementos do ensaio 98,782 1,218
Definição dos parâmetros dos elementos errada 98,990 1,010
Distância Objeto/Filme errada 100,000 0,000
Seleção de IQI errado (espessura/material) 99,990 0,010
Erro na fixação entre elementos 99,790 0,210
Ausência de contato ente o filme e a tela intensificadora 100,000 0,000
Filme e tela intensificadora aderindo entre si 99,999 0,001
Não realizar a fixação e selagem correta do cassete à peça/produto 99,999 0,001
(4) Posicionamento e parâmetros da peça 98,506 1,494
Desconhecimentos dos parâmetros e propriedades da peça 99,700 0,300
Definição equivocada da densidade da área de interesse 99,999 0,001
Desconhecimento do material da peça resultam na utilização de IQI e filmes errados 99,999 0,001
Grandes diferenças na espessura da amostra a ser radiografada podem afetar o
99,999 0,001
contraste
46
Posicionamento errado da peça em relação ao feixe 98,802 1,198
Ângulo do plano do material variar em relação ao feixe 99,999 0,001
Seleção de gabarito errado para suportar a peça 99,990 0,010
Definição da distância fonte/objeto equivocada 99,999 0,001
(5) Preparação e definição de parâmetros da radiografia 93,960 6,040
Desconhecimento das técnicas 98,010 1,990
Não utilização de procedimentos/Instruções/Manuais levando ao erro 99,990 0,010
Falta de treinamento do operador 99,999 0,001
Configuração de parâmetros errados 97,030 2,970
Amperagem fora do que é recomendado (0 e 10 mA) 99,990 0,010
Voltagem fora do recomendado que é entre 50 e 400 kV 99,990 0,010
Tempo de exposição além/abaixo do necessário em função do desconhecimento da
99,990 0,010
amperagem correta
Configuração do foco 98,802 1,198
Parâmetros de foco errado 99,990 0,010
Tamanho do foco pequeno causa superaquecimento 99,999 0,001
Intensidade baixa devido a distância foco-filme 99,999 0,001
(6) Processo de Radiografia 93,866 6,134
Número de posições de radiografia não suficientes para uma boa avaliação 97,912 2,088
Desconhecimento das técnicas de exposição 99,990 0,010
Esquecimento por fatores humanos 99,990 0,010
Má interpretação da instrução de serviço 99,999 0,001
Radiografar área de interesse errada 97,912 2,088
Má interpretação da instrução de serviço 99,990 0,010
Desconhecimento do procedimento radiográfico para o tipo de peça/produto
99,999 0,001
radiografada
Instrução de serviço, ou documento semelhante, confeccionado por profissional não
99,990 0,010
capacitado
Falta de controle de radiação retroespalahada 97,912 2,088
Parâmetros de teste não respeitados 99,990 0,010
Desconhecimento dos valores pré-estabelecidos para o ajuste do equipamento 99,999 0,001
Uso de tela intensificadora inadequada 99,990 0,010
(7) Processamento e revelação do filme 96,012 3,988
Parâmetros não controlados 98,000 2,000
Não controlar pH das soluções 99,990 0,010
Não atender os tempos mínimos ou máximos de cada banho no processo de revelação 100,000 0,000
Não controlar temperatura das soluções 99,990 0,010
Falta de higiene e cuidados na preparação dos banhos 98,000 2,000
Os tanques devem estar limpos e preenchidos com soluções frescas 99,990 0,010
Termômetros e outros acessórios devem ser lavados para não contaminar as soluções 99,990 0,010
Não utilizar acessórios confeccionados em material absorvente ou reagente para a
100,000 0,000
agitação das soluções, evitando contaminação
Método de revelação errado 99,970 0,030
Procedimento de secagem realizado de maneira irregular entre as áreas do filme 100,000 0,000
Não realização da agitação do filme durante a revelação nos primeiros 30 segundos 100,000 0,000
Obter uma distribuição homogênea da solução reveladora em ambos os lados da
100,000 0,000
emulsão, evitando manchas
(8) Inspeção e laudo do produto radiografado 90,883 9,117
Erros de diagnóstico devido ao negatoscópio 97,902 2,098
Área de visualização do negatoscópio suja 99,999 0,001
Intensidade luminosa do Negatoscópio baixa 99,980 0,020
47
Densidade da área de interesse fora do padrão 93,110 6,890
Fitas densitométricas fora das especificações 99,950 0,050
Fitas densitométricas não calibradas 99,990 0,010
Densímetro não calibrado 99,990 0,010
Defeitos causados e etapas anteriores 99,700 0,300
Manchas decorrentes de pequenas gotas de água de uma má secagem 99,999 0,001
Riscos decorrente da manipulação da radiografia durante a preparação e
99,999 0,001
processamento
Dobras no filme decorrentes ao operador forçar o porta filme para se adequar a
99,999 0,001
superfícies curvas ou com raios pequenos
(9) Registro dos resultados 99,700 0,300
Ausência de rastreabilidade, dificultando acesso aos registros 99,999 0,001
Não identificação das informações importantes nas chapas radiografadas 99,999 0,001
Conjunto de letras e números, ou tela fluorescente e papel, disposto de maneira
99,999 0,001
errada

4.2.2. Aplicação do AHP

Seguindo os passos apresentados no capítulo 3, para a aplicação do AHP,


primeiramente realiza-se a construção da matriz de preferências, onde cada par de critérios
é comparado, quanto à importância, numa escala de 1 a 9, denominada Escala Fundamental,
proposta por Saaty (1980), conforme já apresentado na tabela 1. Os valores utilizados, nas
comparações par-a-par empregados na matriz de AHP proposta para este modelo, foram
concebidos com base nos conhecimentos adquiridos na literatura pesquisada. A matriz
(Tabela 13) apresenta o resultado da comparação par-a-par, cada processo está representado
por um número que pode ser consultado na legenda abaixo.

(1) Fazer testes de qualidade dos elementos usados no processo ;


(2) Seleção dos elementos do ensaio;
(3) Posicionamento dos elementos do ensaio;
(4) Posicionamento e parâmetros da peça;
(5) Preparação e definição de parâmetros da radiografia;
(6) Processo de radiografia;
(7) Processamento e revelação do filme;
(8) Inspeção e laudo do produto radiografado;
(9) Registro dos resultados.

48
Tabela 13 - Matriz de AHP em frações. Fonte: Autor

1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 1 1/3 3 1/2 1/6 1/4 1/5 2 4

2 3 1 5 2 1/4 1/2 1/3 4 6

3 1/3 1/5 1 1/4 1/8 1/5 1/7 1/2 2

4 2 1/2 4 1 1/5 1/3 1/4 3 5

5 6 4 8 5 1 3 2 7 9

6 4 2 5 3 1/3 1 1/2 5 7

7 5 3 7 4 1/2 2 1 6 8

8 1/2 1/4 2 1/3 1/7 1/5 1/6 1 3

9 1/4 1/6 1/2 1/5 1/9 1/7 1/8 1/3 1

Tabela 14 - Matriz de AHP em decimais. Fonte: Autor.

1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 1,00 0,33 3,00 0,50 0,17 0,25 0,20 2,00 4,00

2 3,00 1,00 5,00 2,00 0,25 0,50 0,33 4,00 6,00

3 0,33 0,20 1,00 0,25 0,13 0,20 0,14 0,50 2,00

4 2,00 0,50 4,00 1,00 0,20 0,33 0,25 3,00 5,00

5 6,00 4,00 8,00 5,00 1,00 3,00 2,00 7,00 9,00

6 4,00 2,00 5,00 3,00 0,33 1,00 0,50 5,00 7,00

7 5,00 3,00 7,00 4,00 0,50 2,00 1,00 6,00 8,00

8 0,50 0,25 2,00 0,33 0,14 0,20 0,17 1,00 3,00

9 0,25 0,17 0,50 0,20 0,11 0,14 0,13 0,33 1,00

Posteriormente é realizada a normalização da matriz, onde cada elemento da matriz


é dividido pela soma da coluna onde se encontra. Após a normalização é realizada a média
aritmética de cada linha. Este número nos forneceu os pesos de cada etapa do processo de
RI. Estes valores estão apresentados na tabela 15.

49
Tabela 15 - Matriz de AHP normalizada e os pesos para cada processo. Fonte: Autor.

Pesos
1 2 3 4 5 6 7 8 9
(Média)
1 0,05 0,03 0,08 0,03 0,06 0,03 0,04 0,07 0,09 0,0535

2 0,14 0,09 0,14 0,12 0,09 0,07 0,07 0,14 0,13 0,1093

3 0,02 0,02 0,03 0,02 0,04 0,03 0,03 0,02 0,04 0,0265

4 0,09 0,04 0,11 0,06 0,07 0,04 0,05 0,10 0,11 0,0768

5 0,27 0,35 0,23 0,31 0,35 0,39 0,42 0,24 0,20 0,3074

6 0,18 0,17 0,14 0,18 0,12 0,13 0,11 0,17 0,16 0,1516

7 0,23 0,26 0,20 0,25 0,18 0,26 0,21 0,21 0,18 0,2187

8 0,02 0,02 0,06 0,02 0,05 0,03 0,04 0,03 0,07 0,0372

9 0,01 0,01 0,01 0,01 0,04 0,02 0,03 0,01 0,02 0,0189

Uma vantagem do método AHP é possibilidade de se checar a qualidade dos dados


de entrada. Saaty (1980) apresenta a verificação da coerência dos julgamentos, com uma
análise do autovalor (λ) da matriz de julgamentos. Caso todos os julgamentos sejam
coerentes entre si, o autovalor máximo, (λmáx), será igual à ordem da matriz. Assim seguindo
temos que o autovalor máximo é igual a multiplicação da matriz de autovalores [w] (matriz
composta pela soma de cada coluna da tabela 4) e a matriz de autovetores [v] (matriz
composta pela soma de cada linha da tabela 4).

w: { 22,08 11,45 35,50 16,28 2,83 7,63 4,72 28,83 45,00}

v: { 0,69 1,46 0,34 1,00 4,15 2,07 3,01 0,47 0,24}

λmáx = w.v (6)

A matriz do modelo é de ordem 9 e, realizando os cálculos, obtém-se λmáx = 9,41.


Logo comprovando a qualidade dos dados de entrada.

Saaty (1980) assume que a inconsistência dos dados do AHP pode ser inerente ao
comportamento humano. Com isso propõe o cálculo da Razão de Consistência (RC). Para
testar a consistência da resposta, o que indica se os dados estão logicamente relacionados.
Saaty (1980) propõe o seguinte procedimento:

50
a) Calcula-se o autovalor máximo (λmáx);

b) Calcula-se o Índice de Consistência (IC), através da expressão:

(λ𝑀á𝑥 −𝑛)
𝐼𝐶 = (7)
(𝑛−1)

A partir do cálculo do IC, pode-se também, calcular a Razão de Consistência, RC.


O RC é a razão entre o IC e um Índice Randômico (IR) dada pela seguinte equação:

𝐼𝐶
𝑅𝐶 = (8)
𝐼𝑅

O índice IR, apresentado na tabela 5, é proveniente de uma amostra de 500 matrizes


recíprocas positivas, geradas aleatoriamente, de tamanho até 15 por 15. Depois de
calculado, quanto maior for o RC, maior será a inconsistência. Deste modo, Saaty (1980)
afirma que dependendo do tamanho da matriz (n), se dá a consistência ou não. Quando n=2,
RC é nulo; n=3, RC deve ser menor que 0,05; n=4, RC deve ser menor que 0,09; n>4, uma
inconsistência considerada aceitável é RC ≤ 0,10.

Tabela 16 - Valores de CA, em função da ordem da matriz. Fonte: Saaty (1991)

Logo após os cálculos foi encontrado o valor de RC = 0,036, logo 0,036 < 0,10,
assim mostrando a consistência dos valores apresentados para o modelo proposto.

4.3. DEFINIÇÃO DA ETAPA DO PROCESSO MAIS CRÍTICA

Para avaliar a probabilidade e o impacto, deve-se definir previamente uma escala


para pontuar cada um dos riscos. Foram utilizadas como base as tabelas apresentadas em
Hyun (2015), estas foram adaptadas para este escalonamento deste modelo
51
Após a definição dos valores de BBN e AHP verifica-se a etapa mais crítica do
processo de RI. Para a definição da etapa mais crítica, deverá se utilizar a combinação dos
resultados dos dois métodos para que seja apresentada a que apresenta maior risco de falha.
A metodologia empregada para esta definição será apresentada a seguir:

Em posse dos resultados do BBN, onde são apresentados os percentuais de


ocorrência de falhas em cada etapa do processo de RI, deve-se realizar a classificação e
pontuação da probabilidade de ocorrência de falha. Esta classificação foi realizada com o
auxílio da tabela 17.

Tabela 17 - Pontuação de nível de probabilidade. Fonte: Adaptado de Hyun (2015)

Nível de
Pontuação Probabilidade
probabilidade
5 Esperado Mais de 80%
4 Muito provável 51% - 80%
3 Provável 31% - 50%
2 Não provável 11% - 30%
Probabilidade
1 Menos de 10%
quase nula

Análogo ao processo já apresentado acima, utiliza-se a tabela de pontuação do


impacto do risco (Tabela 18) para classificar e pontuar cada valor encontrado no processo
de AHP para cada etapa do processo de RI.

Tabela 18 - Pontuação de nível de impacto. Fonte: Adaptado de Hyun (2015)

Pontuação Nível de impacto Impacto


5 Alto Mais de 0,16
4 Elevado 0,12 – 0,16
3 Moderado 0,08 – 0,12
2 Baixo 0,04 – 0,08
1 Limitado Menos de 0,04

A última etapa do modelo propõe a avaliação do risco com base nos resultados da
análise de risco usando BBN e AHP. A pontuação de probabilidade e de impacto de cada
etapa serão multiplicadas, gerando assim a pontuação de risco. Com a pontuação do risco

52
em mãos, a classe de risco foi determinada usando-se a matriz de pontuação de risco
mostrada na tabela 19.

Tabela 19 - Matriz de pontuação de risco. Fonte: Adaptado de Hyun (2015).

IMPACTO
Limitado Baixo Moderado Elevado Alto
1 2 3 4 5
Probabilidade quase nula 1 1 2 3 4 5
PROBABILIDADE

Não provável 2 2 4 6 8 10
Provável 3 3 6 9 12 15
Muito provável 4 4 8 12 16 20
Esperado 5 5 10 15 20 25

1-5 Insignificante
6-9 Tolerável
10-16 Indesejável
17-25 Intolerável

Após a realização da multiplicação e da classificação de risco de cada etapa,


finalmente, encontrou-se os valores finais para o modelo proposto. Estes valores se
encontram descritos na Tabela 20.

Tabela 20 - Pontuações de probabilidade, impacto e risco. Fonte: Adaptado de Hyun (2015).

Pontuação de Pontuação Pontuação


Etapa do processo de RI Probabilidade Impacto
Probabilidade de impacto de risco
(1) Fazer testes de qualidade dos
elementos usados no processo 0,0912 0,0510 1 2 2
(2) Seleção dos elementos do ensaio 0,0613 0,1087 1 3 3
(3) Posicionamento dos elementos
do ensaio 0,0604 0,0253 1 1 1
(4) Posicionamento e parâmetros da
peça 0,0442 0,0745 1 2 2
(5) Preparação e definição de
parâmetros da radiografia 0,0399 0,3089 1 5 5
(6) Processo de Radiografia 0,0149 0,1543 1 4 4
(7) Processamento e revelação do
filme
0,0122 0,2241 1 5 5
(8) Inspeção e laudo do produto
radiografado 0,0090 0,0353 1 1 1
(9) Registro dos resultados 0,0030 0,0180 1 1 1

53
5. CONCLUSÃO

O modelo apresentado neste trabalho apresentou 22 riscos e 66 fatores de risco para


o processo de RI. Estes riscos e fatores de risco foram elaborados consultando a literatura
disponível e o conhecimento adquirido em visita a uma instalação. Além da elaboração d os
riscos e fatores de risco, foi proposta uma análise de risco através de Redes Bayesianas
(BBN) e Análise Hierárquica (AHP), considerando a probabilidade e o impacto dos riscos.

Os riscos e fatores de risco elaborados são os principais causadores de falhas


durante o processo de radiografia industrial. Conhecer a (s) etapa (s) mais problemática (s)
para criar com antecedência ações corretivas e/ou barreiras para contribuir na diminuição
da frequência de ocorrência ou mitigação de risco é fundamental

O modelo de análise de risco proposto consegue quantificar a probabilidade de


ocorrência e seu impacto. Melhorias neste modelo serão consideradas, visto que conhecer
individualmente cada instalação a qual será aplicada o modelo, resultará em maior precisão
e consequente queda no risco real de falha no processo. Ou seja, diminuir a possibilidade
de falha no processo de RI pode causar interferência na definição se uma peça/produto será
ou não descontinuada/descartada. Assim, gerando-se menor qualidade e credibilidade na
inspeção.

Por outro lado, existem algumas desvantagens relacionadas à possibilidade de


existirem inconsistências nos julgamentos. Entretanto, elas podem ser diminuídas, com o
uso de especialistas da área, no momento do julgamento dos critérios em AHP/BBN, pois
os mesmos considerarão os detalhes relevantes para a representação do problema.

A análise realizada apresentou que as etapas do processo com o maior nível de


pontuação de risco correspondem a etapa de: (5) Preparação e definição de parâmetros da
radiografia e (7) Processamento e revelação do filme. Estas receberam pontuação 5. Apesar
de ser uma pontuação classificada com insignificante, elas estão no limiar de subir na
classificação.

Para a etapa (5) tem-se os seguintes riscos e percentual de ocorrência:


Desconhecimento técnico da preparação e (1,99%); Configuração de parâmetros errados
(2,97); e Configuração do foco (1,2%). Já para a etapa (7), tem-se: Parâmetros não
controlados (2%); Falta de higiene e cuidados na preparação dos banhos (2%); e Método de

54
revelação errado (0,03%). Assim, pode-se notar que três fatores se destacam com
probabilidade de ocorrência maior ou igual a 2%. Pode-se notar que, dos riscos
apresentados, a questão do controle dos parâmetros é um fator de extrema importância e
deverão ser criadas garantias de que estes parâmetros estejam dentro de seus limites.

Seguindo-se a premissa do trabalho, abaixo seguirá as propostas para diminuição


ou mitigação do risco apresentado.

 Qualificação dos funcionários: Independente do risco apresentado, é de extrema


importância possuir profissionais capacitados. Só deverão operar os
equipamentos e realizar os processos envolvendo a RI funcionários que possuam
treinamento adequado e as horas mínimas de treinamento. Além disto, o
funcionário deverá ser certificado pela CNEN (Comissão Nacional de Energia
Nuclear) de acordo com o nível de trabalho que exerce. A empresa também deverá
fornecer e controlar os treinamentos de qualificação e/ou atualização realizados
pelo funcionário.
 Instalações: A questão da higiene também afeta o ambiente onde a revelação é
executada. Esta deverá ser mantida limpa, evitando a contaminação direta ou
indireta das soluções utilizadas neste processo. Uma rotina de limpeza do
ambiente deverá ser criada e controlada.
 Equipamentos: A seleção da voltagem, amperagem e tempo de exposição no
equipamento é realizada adequando-se aos parâmetros da peça/produto. Portanto
é de vital importância que o funcionário tenha total conhecimento do tipo de
material e espessura da área de interesse da radiografia. Para tal informação, a
peça/produto deverá possuir consigo documento técnico com as características da
mesma, pode-se ser inserido em algum sistema utilizado pela empresa. Outra
possibilidade é a inserção de informação visível no painel de controle dos níveis
mínimos e máximos empregados nos testes.
 Técnicas: As técnicas a serem empregadas nos testes devem ser elaboradas por
um funcionário nível III capacitado. Dentro do documento elaborado deverá
constar os parâmetros do teste e procedimentos de execução das tarefas. A
elaboração correta e revisão periódica dos documentos técnicos poderão diminuir
a ocorrência de falhas.
 Testes: Uma rotina de testes periódicos deverá ser criada. A realização de testes
de equipamentos e materiais utilizados na RI garante a qualidade do processo.
55
Deverão ser inspecionados e mantidos registrados em formulários controlados. O
controle destas informações é importante para a rastreabilidade em caso de falhas,
assim podendo ser criadas ações corretivas para a causa da falha.
 Manutenção: Outra questão é o mantenimento da rotina de manutenção dos
equipamentos/instrumentos em dia, pois um equipamento/instrumento não
calibrado fornecerá dados errados e causando erros na execução do teste. Os
termômetros deverão ser bem calibrados para o perfeito controle da temperatura
das soluções de revelação.
 Processamento de Filmes: Realizar a higiene dos instrumentos e equipamentos
antes e após o uso é necessário para a não contaminação das soluções. Garantia
de utilização de equipamentos/instrumentos confeccionados em materiais
apropriados a utilização. Estes materiais deverão constar nas
instruções/procedimentos de operação para a conscientização do operador.

Ao realizar as ações propostas a probabilidade e o impacto dos riscos associados a


etapa (5) e (7) deverá ser diminuída.

Como proposta de trabalhos futuros poderá ser realizado um estudo de caso do


emprego deste modelo em uma instalação específica. Também se propõe a aplicação deste
método a outro END. Da mesma forma, encoraja-se a adaptação deste modelo para a
aplicação em qualquer outro processo que necessite ser investigado o risco de falhas d o
mesmo.

56
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ABNT ISO GUIA 73-2009 - Gestão de riscos – Vocabulário. 1ª Ed. 2009

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