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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

AL OF PM JOSUÉ SANTOS, Nº 289

Redação: O que nós brasileiros queremos para o futuro do

Brasil e de nossos filhos elegendo o palhaço Tiririca como

Deputado Federal.

SALVADOR
2010
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

AL OF PM JOSUÉ SANTOS, Nº 289

Redação: O que nós brasileiros queremos para o futuro do

Brasil e de nossos filhos elegendo o palhaço Tiririca como

Deputado Federal.

Trabalho apresentado como parte da 1ª VC da

disciplina Direito Constitucional, da turma B do

1º CFOPM, tendo como orientador o Major PM

Genival.

SALVADOR
2010
Um Brasil de Tiriricas

Já é de muito tempo que ouvimos da boca de diversos brasileiros em

época de eleição que votarão naquele candidato que está em último, ou

naquele que tem características de ridículo, tudo isso com aquela conhecida

desculpa utilizada como jargão: político é tudo corrupto, então vou votar em

forma de protesto.

Feito isso, basta votar no ilustre João-ninguém e sentir-se vingado, ou

com “a alma lavada”, com a sensação do dever cumprido. Mas acredito que

cabe aqui a seguinte pergunta: protestar é isso? Ou ainda, protestar é só isso?

Atualmente estamos nos deparando com notícias internacionais vindas

da Europa, mas especificamente da França, onde pelo fato de o governo

francês estar para decidir em aumentar o tempo para aposentadoria em mais

dois anos (de 60 para 62 anos), o que vemos é uma onda de protestos nas

ruas, sindicatos e mais sindicatos com bandeiras, formado por milhares de

cidadãos franceses, somado a isso uma onda de ataques violentos a

estabelecimentos comerciais e incêndios a automóveis. E tudo isso por causa

de uma mudança na lei de previdência. Não que não tenha seu grau de

importância e impacto na sociedade francesa, ou que todos as formas de

protesto vistas lá sejam democráticas; mas, na realidade brasileira, nós não já

tivemos motivos mais que suficientes e muito maiores e mais gritantes que uma

simples mudança previdenciária, que deveria colocar cidadãos brasileiros nas

ruas com gritos altissonantes de protestos contra as aberrações advindas do

congresso nacional?
Mas não é o que acontece. Acredito que vivemos num país sem tradição

de respeito aos direitos individuais e coletivos. Vemos um Brasil que foi

formado ao longo da história como a história de uma minoria, contudo

majoritária, ditando as regras do jogo do poder, sempre com favorecimentos

próprios.

Mas vamos partir para a reflexão. Primeiro, político tem fama de corrupto

no Brasil, mas político não cai do céu, nem é uma raça alienígena que passou

a controlar a vida dos cidadãos brasileiros. O político somos nós mesmos no

congresso. Somos nós os brasileiros, que aliás aceitamos passivamente todo

tipo de escândalo, sim somos nós que estamos lá. Estamos lá porque quando

elejo um candidato eu estou dizendo, de acordo com a democracia e o Estado

de direito, que “aquele” político é a pessoa com quem tenho afinidade de

idéias, que se eu tivesse lá, agiria como ele. Que acredito no que ele faz e diz

(pelo menos durante a campanha) e que ele tomará decisões que implicarão

positivamente na minha vida e na vida dos meus descendentes.

Mas quando depois de eleito, aquele “eu” lá no congresso não cumpre o

que prometeu, o que faz o cidadão brasileiro? Se revolta, fica indignado. Mas

de que forma? Assistindo às informações midiáticas e fazendo comentários de

indignação, contudo sem sair do conforto da inércia e sempre acreditando que

alguém irá pras ruas, ou tomará a atitude que ele deveria tomar.

Sempre que nós brasileiros aceitamos passivamente as aberrações

advindas da cúpula do poder e não tomamos decisões de protestar de forma

veemente, significa que estamos confortáveis o suficiente para não precisar

que saiamos da letargia. Isso porque se não luto, significa que as coisas não
estão me incomodando do jeito como estão. Então, o brasileiro “consciente”

resolve dar seu grito de protesto; e o faz de que maneira? Elegendo com uma

margem expressiva de votos um palhaço profissional como Deputado, ou seja,

alguém que faz da comédia sua profissão, como representante do povo

brasileiro.

Seria essa a real forma de protestar? Porque, se acredito que os atuais

representantes do povo não passam de figuras hilárias nas suas atitudes, não

é colocando mais uma dessas figuras que mudarei alguma coisa. Pelo

contrário; se os atuais representantes das casas legislativas não estão em

consonância com o que quer a maioria da população, então que se dê a

resposta no voto. Que estes indivíduos sejam alijados e nunca mais voltem

para lá.

Mas no momento em que coloco um palhaço, digo isso não em tom

pejorativo, mas um palhaço mesmo, profissional do humor, semi-analfabeto

como alardeia a mídia, como meu representante, estou afirmando duas coisas:

primeiro, que concordo com os outros “palhaços” não profissionais que já estão

lá e com suas atitudes; segundo, que nós, cidadãos brasileiros nos vemos na

pessoa de um palhaço e que palavras como “pior do que está não fica”, ou “ o

que um deputado faz? – Não sei, mas vote em mim que eu te conto” ditas pelo

mesmo representa exatamente aquilo que queremos e acreditamos para nós.

Cabe aqui a reflexão se é isso mesmo que queremos para a política do nosso

Estado-nação. Votar, não é brincar e protestar não é dessa forma. As futuras

gerações agradecem.

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