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Noções gerais sobre o sistema circulatório e

respiratório
Código IEFP: 6566

Autor(a): Ana Teixeira


ÍNDICE

DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................................ 3

1. O Sistema Circulatório .................................................................................................................. 3

a. O sangue: seus constituintes e funções .................................................................................... 3

b. Os vasos sanguíneos e a circulação sanguínea ......................................................................... 6

c. O coração e o seu funcionamento ............................................................................................ 8

O coração é um órgão muscular situado na cavidade torácica, sendo que


são as contracções do tecido muscular cardíaco que permitem que o sangue seja bombeado
para todas as partes do corpo.......................................................................................................... 8

d. Noções elementares sobre as principais alterações cardiovasculares: hipertensão arterial;


Insuficiência cardíaca; angina de peito; enfarte agudo do miocárdio; valvulopatias; arritmias;
doença vascular periférica e Sinais e sintomas de alerta Implicações para os cuidados de saúde
11

2. O Sistema Respiratório ............................................................................................................... 18

a. Vias respiratórias superiores: nariz e cavidade nasal; rinofaringe; laringe; traqueia ............ 18

b. Vias respiratórias inferiores: brônquios; bronquíolos ............................................................ 19

c. Pulmões e sua função ............................................................................................................. 20

d. Fisiologia da respiração: inspiração e expiração..................................................................... 21

e. Noções elementares sobre as principais alterações respiratórias: infecção das vias


respiratórias - Pneumonia; bronquiolite; bronquite; asma; doença pulmonar obstrutiva crónica;
insuficiência respiratória; neoplasias pulmonares / Sinais e sintomas de alerta / Implicações para
os cuidados de saúde ..................................................................................................................... 22

3. Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de intervenção do/a


Técnico/a Auxiliar de Saúde ............................................................................................................... 25

a. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua
supervisão directa .......................................................................................................................... 25

b. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar


sozinho/a ........................................................................................................................................ 25

BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................................... 26

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DESENVOLVIMENTO

1. O Sistema Circulatório

a. O sangue: seus constituintes e funções

Funções

O sangue tem como funções promover a reparação de tecidos lesionados, colaborar na


resposta imunológica às infecções, conserva a temperatura corporal constante e, ainda, assegurar
o transporte do oxigénio, do dióxido de carbono, dos nutrientes, das hormonas e de alguns
produtos de excreção.

Constituintes

O sangue é constituído em 55% por plasma, menos de 1% plaquetas e glóbulos brancos e


cerca de 45% de eritrócito.

Plasma (55% total do


sangue)

Plaquetas + Glob. brancos


(« 1% do total do sangue)

Eritrócitos
(45% do total do sangue)

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Imagem representativa dos constituintes do Sangue:

Glóbulos
vermelhos
(eritrócitos)
Glóbulos
brancos
(leucócitos)
Plasma

Plaquetas
 Glóbulos vermelhos

o Contêm hemoglobina (molécula de cor vermelha que


transporta O2 e CO2).

o São produzidos no interior dos ossos (medula óssea).

o Duram 120 dias.

o São destruídos no baço.

 Glóbulos Brancos (leucócitos)

o Defendem o organismo contra tumores, microrganismo e toxinas.

o Podem destruir as células invasoras através da diapedese e fagocitose

o Podem produzir anticorpos.

 Plaquetas

o Em caso de ruptura dos vasos sanguíneos, reduzem a perda de sangue por


hemorragia. Formam agregados de plaquetas e libertam fibrina (proteína).
Coagulação.

o A coagulação dos vasos do cérebro pode causar um acidente vascular cerebral. Se


isto acontece no coração, pode provocar ataque cardíacos e alguns fragmentos dos
coágulos das veias dos membros inferiores, pelve ou do abdómen podem
desprender-se e deslocar-se através da corrente sanguínea aos pulmões e obstruir
as artérias principais que se encontram ali (embolia pulmonar).

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b. Os vasos sanguíneos e a circulação sanguínea

O vasos sanguíneos são classificados em:

 Veias: levam o sangue para o coração.


As suas paredes são mais finas do que as das artérias

 Artérias: levam o sangue que sai o coração. As suas paredes são mais espessas e dilatáveis.

 Capilares: levam o sangue aos tecidos. As suas paredes são extremamente finas o que
permite a passagem dos gases para fora do capilar.

As artérias transportam sangue arterial, excepto a artéria pulmonar que é a única


que transporta sangue venoso, pobre em oxigénio, enquanto as veias transportam sangue venoso,
excepto a veia pulmonar que é a única que transporta sangue arterial, dos pulmões para o
coração.

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A circulação sanguínea divide-se em pequena e grande circulação.

A pequena circulação tem como função levar o sangue venoso do coração para os pulmões
para que ocorram as trocas gasosas (CO2 por O2), conseguindo assim que o sangue rico em
dióxido de carbono receba oxigénio e fique rico neste elemento para que depois possa ser
disponibilizado às células.

Assim, o sangue sai do ventrículo esquerdo (sístole ventricular), segue pela artéria
pulmonar para os capilares pulmonares (onde ocorre a hematose pulmonar – trocas gasosas) e
entra novamente no coração através das veias pulmonares para a aurícula direita que depois de se
contrair (sístole auricular) passa o sangue para o ventrículo direito que por sua vez também
contrai (sístole ventricular) encaminhando o sangue para a artéria aorta que o levará para todo o
corpo.

A grande circulação inicia-se com a passagem do sangue para a artéria aorta (após a sístole
ventricular) que levará o sangue a todas as partes do corpo através as artérias e arteríolas, sendo
que nos capilares de todo o organismo ocorrem novamente trocas, ficando o sangue rico em
dióxido de carbono.

O sangue venoso entrará no coração através da veia cava superior e veia cava inferior, passando
no momento da diástole geral (relaxamento) para a aurícula esquerda, de seguida para o ventrículo
esquerdo (após sístole auricular) que aquando da sístole ventricular passa o sangue venoso para a
artéria pulmonar para que ocorra novamente a pequena circulação e as trocas gasosas necessárias.

Pequena
circulação

Grande
circulação

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c. O coração e o seu funcionamento

O coração é um órgão muscular situado na cavidade torácica, sendo que


são as contracções do tecido muscular cardíaco que permitem que o sangue seja bombeado
para todas as partes do corpo.

As válvulas fazem parte da estrutura do coração.


Entre a aurícula e o ventrículo direitos existe a válvula tricúspide e entre a aurícula e o ventrículo
esquerdos existe a válvula bicúspide ou mitral.

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Estas válvulas impedem o sangue de passar dos ventrículos para as aurículas.

Válvula Tricúspide e bicúspide

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CICLO CARDÍACO

O coração está As aurículas Os ventrículos


relaxado. O sangue contraem, contraem, forçando o
entra nas aurículas. provocando a saída sangue a sair pelas
do sangue para os artérias.
ventrículos.
d. Noções elementares sobre as principais alterações cardiovasculares:
hipertensão arterial; Insuficiência cardíaca; angina de peito; enfarte
agudo do miocárdio; valvulopatias; arritmias; doença vascular periférica
e Sinais e sintomas de alerta Implicações para os cuidados de saúde

 Hipertensão arterial

A hipertensão arterial é, geralmente, uma afecção sem sintomas na qual a elevação


anormal da pressão dentro das artérias aumenta o risco de perturbações como o AVC, a ruptura
de um aneurisma, uma insuficiência cardíaca, um enfarte do miocárdio e lesões do rim.

A palavra «hipertensão» sugere uma tensão excessiva, nervosismo ou stress. No entanto,


em termos médicos, a hipertensão refere-se a um quadro de pressão arterial elevada,
independentemente da causa. Chama-se-lhe «o assassino silencioso» porque, geralmente não
causa sintomas durante muitos anos (até que lesiona um órgão vital).

A hipertensão arterial afecta muitos milhões de pessoas com uma diferença notória
conforme a origem étnica. Por exemplo, nos Estados Unidos, onde afecta mais de 50 milhões de
pessoas, 38 % dos adultos negros sofrem de hipertensão, em comparação com 29 % de brancos.
Perante um nível determinado de pressão arterial, as consequências da hipertensão são mais
graves nas pessoas de raça negra.

Nos países desenvolvidos, calcula-se que só se diagnostica esta perturbação em dois de


cada três indivíduos que dela sofrem, e só 75 % deles recebem tratamento farmacológico, e este
só é adequado em 45 % dos casos.

Quando se mede a pressão arterial, registam-se dois valores. O mais elevado produz-se
quando o coração se contrai (sístole); o mais baixo corresponde à relaxação entre um batimento e
outro (diástole). A pressão arterial transcreve-se como a pressão sistólica seguida de uma barra e,
em seguida, a pressão diastólica [por exemplo, 120/80 mmHg (milímetros de mercúrio)]. Esta
medição seria lida como «cento e vinte, oitenta».

A pressão arterial elevada define-se como uma pressão sistólica em repouso superior ou
igual a 140 mm Hg, uma pressão diastólica em repouso superior ou igual a 90 mmHg, ou a
combinação de ambas. Na hipertensão, geralmente, tanto a pressão sistólica como a diastólica
estão elevadas.

A hipertensão essencial não tem cura, mas o tratamento previne as complicações. Devido
ao facto de a pressão arterial em si mesma não produzir sintomas, o médico procura evitar
tratamentos incómodos, trabalhosos ou que interfiram com os hábitos de vida. Antes de
prescrever a administração de fármacos, é recomendável aplicar medidas alternativas.

No caso de excesso de peso e de pressão arterial elevada, aconselha-se reduzir o peso até
ao seu nível ideal. Deste modo, são importantes as alterações na dieta em pessoas com diabetes,
que são obesas ou que têm valores de colesterol altos, para manter um bom estado de saúde
cardiovascular em geral. Se se reduzir o consumo de sódio para menos de 2,3 g ou de cloreto de
sódio para menos de 6 g por dia (mantendo um consumo adequado de cálcio, de magnésio e de
potássio) e se se reduzir o consumo diário de álcool para menos de 750 ml de cerveja, 250 ml de
vinho ou 65 ml de whisky, pode não ser necessário o tratamento farmacológico. É também muito
útil fazer exercícios aeróbicos moderados. As pessoas com hipertensão essencial não têm de
restringir as suas actividades se têm a sua pressão arterial controlada. Por último, os fumadores
deveriam deixar de fumar.

É aconselhável que as pessoas com pressão arterial elevada controlem a sua pressão no
seu próprio domicílio. Essas pessoas provavelmente estarão mais dispostas a seguir as
recomendações do médico em relação ao tratamento.

 Insuficiência cardíaca

A insuficiência cardíaca (insuficiência cardíaca congestiva) é uma doença grave em que a


quantidade de sangue que o coração bombeia por minuto (débito cardíaco) é insuficiente para
satisfazer as necessidades de oxigénio e de nutrientes do organismo.

O termo «insuficiência cardíaca» não significa que o coração tenha parado, como algumas
pessoas pensam; significa, isso sim, a redução da capacidade do coração para manter um
rendimento eficaz. A insuficiência cardíaca tem muitas causas, entre as quais há um certo número
de doenças; é muito mais frequente nas pessoas mais velhas, dado que têm uma maior
possibilidade de contrair as doenças que a causam. Apesar de ser um processo que vai piorando
lentamente com a passagem do tempo, as pessoas que sofrem desta perturbação podem viver
muitos anos. No entanto, 70 % dos doentes com esta afecção morrem antes de passados 10 anos
a partir do diagnóstico.

As pessoas com uma insuficiência cardíaca descompensada sentem-se cansadas e débeis


quando levam a cabo alguma actividade física, porque os músculos não recebem um volume
adequado de sangue. Por outro lado, o inchaço pode também causar muitos sintomas. Para além

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da influência da gravidade, a localização e os efeitos do edema dependem também do lado do
coração que esteja mais afectado.

Apesar de uma doença de um só lado do coração causar sempre uma insuficiência cardíaca
de ambos os lados, predominam muitas vezes os sintomas de um ou de outro lado.

A insuficiência cardíaca direita tende a produzir uma paragem do sangue que se dirige para
o lado direito do coração. Isto produz inchaço nos pés, nos tornozelos, nas pernas, no fígado e no
abdómen. Por outro lado, a insuficiência do lado esquerdo provoca a acumulação de líquido nos
pulmões (edema pulmonar), o que provoca uma dispneia intensa. No princípio, esta verifica-se
durante um esforço físico, mas à medida que a doença progride, aparece também mesmo em
repouso. Por vezes, a dispneia é nocturna, dado que o facto de estar deitado favorece o
deslocamento do líquido para o interior dos pulmões.

A pessoa acorda muitas vezes com dificuldade em respirar ou com sibilos.


O facto de se sentar faz com que o líquido saia dos pulmões e facilite assim a
respiração. As pessoas com insuficiência cardíaca têm por vezes de dormir
sentadas para evitar este efeito. Uma grave acumulação de líquidos (edema
pulmonar agudo) constitui uma situação urgente que pode ser mortal.

O melhor tratamento da insuficiência cardíaca é a prevenção ou o


controlo da causa subjacente. Mas, mesmo que isso não seja possível, os
avanços constantes no tratamento melhoram a qualidade de vida e prolongam-
na.

Insuficiência cardíaca crónica: quando a restrição de sal só por si não


reduz a retenção de líquidos, administram-se fármacos diuréticos para aumentar a produção de
urina e extrair o sódio e a água do organismo através dos rins.

 Angina de Peito

A angina, ou angina de peito, é uma dor torácica transitória ou uma sensação de pressão
que se produz quando o músculo cardíaco não recebe oxigénio suficiente. As necessidades do
coração em oxigénio dependem do esforço que tem de efectuar (isto é, a rapidez com que bate e
a força de cada batimento). Os esforços físicos e as emoções aumentam a atividade do coração,
que, por essa razão, necessita de mais oxigénio. Quando as artérias se tornam mais estreitas ou
existe uma obstrução que impeça o aumento da chegada de sangue ao músculo cardíaco para

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satisfazer a maior necessidade de oxigénio, pode produzir-se a isquemia e, como consequência,
dor.

Causas:

 É resultado de uma doença das artérias coronárias

 Anomalias da válvula aórtica, especialmente a estenose (estreitamento da válvula aórtica)

 Insuficiência (regurgitação através da válvula aórtica)

 Redução do fluxo sanguíneo

 Espasmo arterial por estreitamento súbito e transitório de uma artéria

 Anemia grave

Sintomas:

 Aparece de forma característica durante um esforço


físico, dura só alguns minutos e desaparece com o
repouso

 Dor forte

 Dor tipo “espasmo”

Tratamento:

 Betabloqueadores

 Anti-agregantes plaquetários

 Angioplastia

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 Enfarte Agudo do Miocárdio

Diminuição ou interrupção súbita de sangue oxigenado ao coração que entra assim


em sofrimento.

 Sinais e sintomas

• Sensação de desconforto torácico • Ventilação difícil

• Dor pré-cordial • Pulso rápido, fraco e


irregular
• Angustia, ansiedade e agitação
• Hipotensão
• Náuseas e vómitos
• Inconsciência
• Sudorese

 ATUAÇÃO

• Ambiente tranquilo • Manter a temperatura corporal

• Evitar qualquer tipo de movimento • Vigiar funções vitais

• Reforço da confiança • Verificar se tem medicação


SOS e caso seja afirmativo
• Se consciente colocar a vítima numa
colocar 1 ou 2 comprimidos
posição confortável sempre com o
debaixo da língua, só sob
tronco ligeiramente mais elevado
indicação da central de
• Se inconsciente PLS emergência do INEM.

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 Arritmias

Nas arritmias, podemos perceber e registar alterações do ritmo cardíaco ou da frequência.


A frequência normal dos batimentos cardíacos é de 60 até 100 ciclos, ou batimentos, por minuto.
Em crianças, esses números costumam ser um pouco mais elevados.

Nas alterações de ritmo cardíaco, os batimentos apresentam alterações do tempo que


decorre entre um batimento e o outro. Pequenas alterações nesses intervalos podem ser
consideradas normais. As alterações do ritmo cardíaco ou das conduções dos estímulos podem ser
letais (morte súbita), podem ser sintomáticas (síncopes, tonturas, palpitações) ou podem ser
assintomáticas.

As arritmias podem ser assintomáticas ou sintomáticas, dependendo da sua intensidade e


da situação clínica do portador. Corações enfermos podem tolerar menos bem uma arritmia que
seria, provavelmente, assintomática para um coração sadio.

A avaliação de algumas arritmias pode ser feita pelo médico ao realizar um exame clínico. A
maneira mais exacta de comprovar e registrar uma arritmia é por meios electrónicos, que vão
desde o electrocardiograma, monitores portáteis, até os equipamentos das Unidades de
Tratamento Intensivo.

 Doença Vascular Periférica

Trata-se da redução do calibre dos vasos sanguíneos das pernas, e por vezes dos braços,
que restringe a circulação a esse nível e provoca dor na zona afectada. Nos casos mais graves,
pode mesmo surgir gangrena (morte do tecido irrigado pelos vasos sanguíneos), o que pode
culminar na amputação do membro.

Na sua maioria, as doenças vasculares periféricas, ou vasculopatias, são causadas pela


aterosclerose (depósito de placas de gordura no interior das artérias). 0s factores que contribuem
para o risco de aterosclerose, como a hipertensão arterial e a diabetes mellitus mal controlada,
estão associados às doenças dos vasos periféricos.

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Contudo, o factor de maior risco é o tabaco; mais de 90% dos doentes são, ou foram,
fumadores moderados.

Relativamente ao tratamento, o aspecto mais importante do tratamento consiste em


deixar de fumar.0s exercícios físicos são também extremamente importantes; os doentes devem
caminhar até cerca de uma hora por dia, parando sempre que ocorrer claudicação e retomando a
marcha quando ela desaparecer.

A inspecção regular dos pés e o seu escrupuloso cuidado são essenciais para a prevenção
da infecção, a qual pode levar a gangrena. 0s pés devem ser lavados e as peúgas ou meias
mudadas diariamente. 0s sapatos devem ser folgados e as unhas dos pés cortadas a direito.

Por vezes, é necessário intervir cirurgicamente nos vasos sanguíneos. Nos casos graves em
que se desenvolveu a gangrena, é necessária a amputação, geralmente logo abaixo do joelho, para
deixar um coto adequado a uma prótese ulterior.

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2. O Sistema Respiratório

a. Vias respiratórias superiores: nariz e cavidade nasal; rinofaringe; laringe;


traqueia

 Nariz

 O nariz é uma protuberância situada no centro da face, sendo sua parte exterior
denominada nariz externo e a escavação que apresenta interiormente conhecida
por cavidade nasal.

 O nariz externo tem a forma de uma pirâmide triangular de base inferior e cuja a
face posterior se ajusta verticalmente no 1/3 médio da face.

 As faces laterais do nariz apresentam uma saliência semilunar que recebe o nome
de asa do nariz.

 O ar entra no trato respiratório através de duas aberturas chamadas narinas. Em


seguida, flui pelas cavidades nasais direita e esquerda, que estão revestidas por
mucosa respiratória.

 O septo nasal separa essas duas cavidades. Os pêlos do interior das narinas filtram
grandes partículas de poeira que podem ser inaladas.

 Além disso, a cavidade nasal contém células receptoras para o olfacto.

 Faringe

 A faringe é um tubo que começa nas coanas e estende-se para baixo no pescoço.

 Ela se situa logo atrás das cavidades nasais e logo a frente às vértebras cervicais.

 Sua parede é composta de músculos esqueléticos e revestida de túnica mucosa. A


faringe funciona como uma passagem de ar e alimento.

 A faringe é dividida em três regiões anatómicas: nasofaringe, orofaringe e


laringofaringe.

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 Laringe

 A laringe é um órgão curto que conecta a faringe com a traqueia. Situa-se na linha
mediana do pescoço, diante da quarta, quinta e sexta vértebra cervicais.

 A laringe tem três funções:

 Atua como passagem para o ar durante a respiração;

 Produz som, ou seja, a voz (por esta razão é chamada de caixa de voz);

 Impede que o alimento e objetos estranhos entrem nas estruturas


respiratórias (como a traqueia).

 Traqueia

 A traqueia é um tubo de 10 a 12,5cm de comprimento e 2,5cm de diâmetro.

 Constitui um tubo que faz continuação à laringe, penetra no tórax e termina se


bifurcando nos 2 brônquios principais.

 Situa-se medianamente e anterior ao esófago, e apenas na sua terminação, desvia-


se ligeiramente para a direita.

b. Vias respiratórias inferiores: brônquios; bronquíolos

• Brônquios

o Brônquios são condutos cartilaginosos localizados na porção mediana do tórax,


abaixo da região inferior da traqueia;

o Estendem-se desde o ponto da ramificação desta até o hilo pulmonar.

o O brônquio direito é mais vertical, curto e largo que o esquerdo.

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o Essas estruturas, também chamadas de brônquios primários, subdividem-se nos
brônquios lobares (ou de segunda ordem).

o Dos brônquios lobares seguem os brônquios segmentares (ou de terceira ordem).

o Esses vão se ramificando em porções cada vez menores, chamadas bronquíolos.

c. Pulmões e sua função

Dentro da estrutura de cada pulmão verifica-se uma ramificação progressiva que começa
nos brônquios que se ramificam em bronquíolos, sendo que cada um destes também se ramifica
até terminar num conjunto de numerosos sacos: os alvéolos pulmonares

É ao nível dos alvéolos pulmonares que ocorrem as trocas gasosas. Estas estruturas são
extremamente eficazes na sua função devido às suas características.

A pleura é um folheto duplo que reveste os pulmões, permitindo que estes acompanhem o
aumento e diminuição de volume da caixa torácica durante a ventilação.

Pleura
Pulmão Direito
(é ligeiramente maior,
tem três lobos)

Pulmão Direito
(é ligeiramente mais
pequeno, tem dois
lobos)

Diafragma
(músculo que separa a caixa
torácica da cavidade abdominal)

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d. Fisiologia da respiração: inspiração e expiração

A ventilação pulmonar é um processo que permite a renovação do ar interior dos pulmões.


À entrada do ar nos pulmões dá-se o nome de inspiração, e a saída do ar é designada por
expiração.

A inspiração e a expiração são processos que ocorrem alternadamente. A entrada e saída


do ar ocorre como consequência das diferenças de pressão resultares da modificação do volume
dos pulmões. Ou seja:

- Quando a pressão intrapulmonar é menor que a pressão atmosférica: o ar entra nos pulmões

- Quando a pressão intrapulmonar é maior que a pressão dos pulmões o ar sai para o exterior.

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e. Noções elementares sobre as principais alterações respiratórias: infecção
das vias respiratórias - Pneumonia; bronquiolite; bronquite; asma;
doença pulmonar obstrutiva crónica; insuficiência respiratória;
neoplasias pulmonares / Sinais e sintomas de alerta / Implicações para
os cuidados de saúde

 Pneumonia

A pneumonia é uma infeção pulmonar, habitualmente causada por um agente infecioso (na
maioria das vezes uma bactéria). É uma causa importante de mortalidade em doentes com
doenças crónicas graves.

As principais manifestações são tosse com expetoração (secreções da garganta), febre,


falta de ar e cansaço. Podem também apresentar dores no tórax e hemorragia respiratória
(hemoptise).

O diagnóstico faz-se através das queixas do doente, sendo habitualmente confirmado pela
realização de uma radiografia de tórax (raio-x). A colheita de expetoração (secreções da garganta)
é importante para a identificação do agente infeccioso e selecção da medicação apropriada.

Caso se trate de uma pneumonia causada por uma bactéria (situação mais frequente), o
tratamento consiste na administração de antibiótico. O recurso a exercícios de respiração e
eliminação das secreções, assim como o suporte de oxigénio são úteis em casos seleccionados.

 Bronquiolite

A bronquiolite aguda é uma infeção respiratória causada predominantemente por vírus,


caracterizada por obstrução das vias aéreas de pequeno calibre (bronquíolos), dificultando a
entrada do ar nos pulmões. O vírus mais comum é o VSR (vírus sinsicial respiratório) e o período
do ano em que é mais frequente o seu aparecimento é no inverno (de Novembro a Março).

Atinge sobretudo crianças menores de 2 anos (incidência máxima entre o primeiro e sexto
mês de vida). Grande parte das crianças é contagiada por este vírus e desenvolve bronquiolite leve
não necessitando de cuidados hospitalares. Os casos mais graves (1 a 2% dos casos) terão que ser
internados nos serviços de pediatria.
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A bronquiolite causada pelo VSR tem um período de incubação de 4 – 6 dias. Inicia-se de
forma leve com espirros e corrimento nasal esbranquiçado, podendo apresentar febre (38-39ºC).
Os sintomas vão-se agravando nos dias seguintes com:

 Respiração rápida

 “Chiadeira ou gatinhos”

 Acessos de tosse

 Dificuldade em respirar

 Recusa alimentar e vómitos associados aos acessos de tosse

 Febre

A maioria das bronquiolites agudas são leves e não necessita de tratamento específico. As
medidas que se podem tomar em casa são:

 Ambiente calmo

 Ausência de fatores irritativos (por ex. tabaco)

 Elevação da cabeceira da cama a 30º

 Antipiréticos se tiver febre (paracetamol ou ibuprofeno nos bebés com mais de 6 meses)

 Desobstrução das vias aéreas:

. Lavagem nasal frequente com soro fisiológico

. Aspiração de secreções

 Refeições mais pequenas e com intervalos mais curtos

 Boa hidratação (dar água nos intervalos das refeições)

 Reavaliação em 24 a 48 horas (pelo médico assistente)

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 Asma

A asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas que, em indivíduos susceptíveis,
origina episódios recorrentes de pieira, dispneia (dificuldade na respiração), aperto torácico e
tosse, particularmente nocturna ou no início da manhã.

Estes sintomas estão geralmente associados a uma obstrução generalizada, mas variável,
das vias aéreas, a qual é reversível espontaneamente ou através de tratamento.

Suspeita-se de asma em presença de historial de um dos seguintes sinais ou sintomas:


tosse com predomínio nocturno, pieira recorrente, dificuldade respiratória recorrente e aperto
torácico recorrente.

Eczema, rinite alérgica, história familiar de asma ou de doença atópica estão


frequentemente associados à asma.

Os medicamentos para a asma têm de ser receitados pelo médico.

Há vários tipos de medicamentos: inaladores ou bombas e comprimidos ou xaropes. Só os


médicos podem determinar que comprimidos, xaropes, inaladores ou aerossóis são adequados a
cada caso, em que doses devem ser tomados e aplicados e qual a duração do tratamento.

Existem também vacinas, aplicáveis quando é determinado o agente que provoca a alergia,
o que as torna uma possibilidade de tratamento eficaz.

 Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

A DPOC é um estado patológico que se caracteriza por uma limitação do débito aéreo
(ventilação), geralmente progressiva e com reduzida reversibilidade. A sua origem está
normalmente associada a uma resposta inflamatória anómala dos pulmões à inalação de
partículas ou gases nocivos.

As alterações patológicas pulmonares conduzem a alterações fisiológicas características,


como a hipersecreção de muco, disfunção ciliar, limitação do débito aéreo, hiperinsuflação

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pulmonar, anomalias das trocas gasosas, hipertensão pulmonar e cor pulmonale. Estas alterações
desenvolvem-se em função do processo de evolução da doença.

As principais causas são:

- O tabagismo e a exposição à inalação de partículas ou gases nocivos.

São grupos de risco as pessoas com:

- Mais de 40 anos de idade, com história de tabagismo superior a dez anos;

- Actividade profissional de risco respiratório comprovado, com exposição a poeiras e a


produtos químicos;

- Tosse ou expectoração crónica ou dispneia (dificuldade em respirar) de esforço;

- Deficiência de alfa1-antitripsnina.

Os medicamentos servem quase unicamente para reduzir os sintomas e as complicações da


doença, não existindo evidência de que alterem o inexorável declínio, a longo prazo, da função
respiratória. Normalmente, são usados broncodilatadores para o controlo dos sintomas.

3. Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de


intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde

a. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de


executar sob sua supervisão directa

O Técnico Auxiliar de Saúde pode, sob a orientação de um profissional de saúde,


realizar essencialmente actividades de vigilância no que concerne aos sinais que verifica e
aos sintomas que o doente refere sobre as patologias respiratórias e cardíacas referidas no
presente manual.

b. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde,


pode executar sozinho/a
Sob orientação e supervisão de um profissional o Técnico Auxiliar de Saúde pode
realizar tarefas de prestação de cuidados – alimentação, hidratação e higiene ao doente
com patologias respiratórias e cardíacas.
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BIBLIOGRAFIA

 PINA, Jaime - Um outro lado das doenças respiratórias. Porto : 2012

 AIDÉ, Miguel Abidon, co-aut - Pneumologia : aspectos práticos e atuais. Rio de


Janeiro : Revinter, 2001

 BATLOUNI, Michel ; CANTARELLI, Ênio ; RAMIRES, José A. F [et al.] - Cardiologia:


Princípios e Prática. Porto Alegre : Artmed Editora, 1999

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