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01

O egoísmo por detrás do eu lírico

Natália Cola de Paula

É sabido que a arte da escrita tem a virtude de criar, eternizar, denunciar e embelezar a vida.
Ademais, é clichê dizer o quanto ela transmite conhecimento, histórias, momentos e
sentimentos, fazendo-nos viajar sem sair do aconchego de nossas casas. Enfim, a escrita tem
todas essas funções e características, mas é sob outro prisma que será abordada neste artigo.
“A priori”, vamos analisar a escrita como instrumento de comunicação, com a existência de
dois polos: o do emissor da mensagem, que é o escritor, e o do receptor, nosso caro leitor.
Muito fala-se dos desdobramentos e reflexos dessa mensagem no leitor, aquele que a recebe,
interpreta e extrai dela o que lhe aprouver. Porém, pouco se menciona a respeito dos reflexos
que essa mensagem exerce sobre o autor, sobre o próprio escritor. É olhando através desse
prisma que analisaremos a escrita.

Primeiramente, o poeta ou o escritor tem seu lado altruísta, quer sim ser lido, deseja
alcançar um elevado número de leitores, sonha que seu texto inspire e mude a vida de
alguém, ou apenas que lhe abra um leve sorriso e aquiete o coração. Mas o que poucos sabem
é que o poeta é também egoísta, ele escreve, em primeiro lugar, para si, para sanar suas
necessidades. Como assim? Quais necessidades são essas? Muito simples, necessidade de
expressar-se, de desabafo, de descargo emocional, de fuga do mundo externo, de abrigo na
arte. Antes de mais nada, os autores são seres humanos, não estão isentos dos problemas
cotidianos, das dores, das tristezas e nem do amor. Logo, eles buscam na escrita alento, ou
usam-na como crítica social, denunciadora do que veem e sentem. De todo modo, os autores,
como seres humanos, pais, filhos, alunos, cidadãos, apaixonados e profissionais que são,
precisam da escrita mais, talvez, do que ela precisa deles para existir. É esse o ponto essencial
de tal artigo, fazê-los compreender que a escrita é a vida pulsando no escritor, sem ela, ele
simplesmente não vive, pois não se expressa.

(...)

Há uma bela reflexão feita por Clarisse Lispector que exprime exatamente o caráter
egoístico, mas nem por isso desnobrecedor, do eu lírico dos autores. “Eu escrevo como se
fosse para salvar a vida de alguém, provavelmente a minha própria vida” (Clarisse Lispector -
Um sopro de vida). Certamente, os autores escrevem para salvarem-se de si mesmos e das
pressões do mundo, escrevem para se entenderem; organizam pensamentos, opiniões, críticas
e amores que estão lhe atormentando o juízo, cuja transposição para o papel parece ser seu
álibi. Dessa forma, o autor é tão dependente da escrita quanto ela desse. O eu lírico do poeta,
por exemplo, necessita da poesia para sobreviver, não apenas a faz por hobby ou prazer, a faz
porque ela o mantém vivo, e sem ela, o poeta, nada mais é do que um mero mortal sem
identidade. Fazendo uma analogia, a poesia está para o poeta como a lágrima está para aquele
que sofre. Ambas têm o poder de afagar o coração, propiciar aquela sensação de alívio e
descarregar um peso que cansava a alma. O choro não é sinônimo de tristeza, mas sim de
liberdade, assim como a poesia, que liberta o poeta de suas próprias amarras, trazendo-o à luz
de fora da caverna. Portanto, a poesia é para o poeta e o texto é para o escritor, pura
liberdade, pura identidade, pura vida transposta em palavras.

Fonte: adaptado de <http://obviousmag.org/realidades_sonhos/2017/o-egoismo-por-detras-


do-eu-lirico.html>. Acesso em: 10 jan. 2018.

Em relação ao uso da vírgula, assinale a alternativa correta.

Na frase “Ademais, é clichê dizer o quanto ela transmite conhecimento (...)”, a vírgula em
destaque é obrigatória, porque separa o vocativo.

Na frase “(...) a escrita tem todas essas funções e características, mas é sob outro prisma que
será abordada neste artigo.”, a vírgula em destaque é obrigatória, porque antecede uma
conjunção aditiva.

Na frase “(...) sonha que seu texto inspire e mude a vida de alguém, ou apenas que lhe abra
um leve sorriso e aquiete o coração.”, a vírgula em destaque é obrigatória, porque separa uma
oração coordenada explicativa.

Na frase “(...) os autores são seres humanos, não estão isentos dos problemas cotidianos, das
dores, das tristezas e nem do amor.”, as vírgulas em destaque são obrigatórias, porque
separam elementos de mesma função sintática.

e Na frase “(...) a escrita é a vida pulsando no escritor, sem ela, ele simplesmente não vive
(...)”, a vírgula em destaque é obrigatória, porque assinala a supressão do verbo.

Aplicada em: 2017


Banca: AOCP
Órgão: SUSIPE-PA
Prova: Técnico Judiciário - Área Judiciária
RESPOSTA: D

02

Aplicada em: 2018Banca: CESPE Órgão: ABIN

Prova: Oficial Técnico de Inteligência - Conhecimentos Gerais

Considerando os aspectos linguísticos do texto CB1A1BBB, julgue o item subsequente.

A vírgula logo após o termo “máquina” (ℓ .12) poderia ser eliminada sem prejuízo para a
correção gramatical do período no qual ela aparece.

Certo

Errado
RESPOSTA: ERRADO

03

A correção gramatical e os sentidos do texto 1A9BBB seriam preservados se fosse isolado por
vírgulas o termo

a “a gente” (ℓ.4).

b mas” (ℓ.6).

c “hoje” (ℓ.10).

d “assim” (ℓ.29).
e “então” (ℓ.4).

Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: SEFAZ-RS

Prova: Auditor do Estado – Bloco I

RESPOSTA: D

04

Aplicada em: 2018Banca: COPERVE - UFSCÓrgão: UFSCProva: Administrador

texto associado Texto associado

Considere os seguintes afirmativas sobre o emprego da vírgula no Texto 3 e assinale a


alternativa correta.

I. As vírgulas no trecho “Violinos italianos antigos, como os Stradivarius, são caríssimos e


considerados os melhores do mundo” (linhas 01 e 02), exercem função de isolar vocativo.

II. As vírgulas no trecho “Um estudo desenvolvido pelo luthier americano Joseph Curtin e a
engenheira acústica Claudia Fritz, da Universidade Pierre e Marie Curie, coloca essa percepção
arraigada à prova” (linhas 04 e 05), exercem função de isolar aposto.
III. As vírgulas no trecho “Também os ouvintes na plateia – músicos, críticos musicais, luthiers e
engenheiros acústicos – foram incapazes de distinguir o som produzido pelos instrumentos”
(linhas 12 e 13), exercem função de separar orações.

a Somente a afirmativa I está correta.

b Somente a afirmativa III está correta.

c Somente as afirmativas I e III estão corretas.

d Somente a afirmativa II está correta.

e Somente as afirmativas I e II estão corretas.

RESPOSTA: D

05

Aplicada em: 2017Banca: ESAFÓrgão: MAPAProva: Auditor Fiscal Federal Agropecuário -


Médico Veterinário

Assinale a opção em que o emprego de vírgula está correto.

A indústria alimentícia brasileira, tem cumprido seu papel de oferecer alimentos de boa
qualidade, com variedade e a preço acessível. Esse processo teve seu início nos anos 1990,
com a abertura do mercado e a estabilização da economia, inserindo o país na globalização.

Um progresso visível se observa, quando o mercado atual é comparado, ao mercado de


alimentos dos anos 1980, que era limitado, caro e de baixa qualidade.

No bojo da globalização se insere, a política de regulação de mercado através de agências, cuja


implantação no Brasil vem sendo defendida como ferramenta indispensável à defesa dos
interesses do livre mercado, e, em última análise, do consumidor.

O desafio ao poder público com essa mudança é o controle da concorrência e da concentração


de mercado, usada entre os concorrentes com objetivos diversos, seja no sentido saudável da
redução de custos, seja no controle do mercado.

Montagem de legislação, fortalecimento de órgãos, criação de canais de cooperação, entre


entes governamentais, chamamento da sociedade, para o debate e participação são alguns
dos instrumentos, que o poder público tem lançado mão, no sentido de criar uma cultura, de
livre mercado e concorrência.

RESPOSTA: D

06

Aplicada em: 2017Banca: QuadrixÓrgão: CONTERProva: Contador

No que se refere à pontuação no texto, estariam preservados o sentido original e a correção


gramatical do texto caso

a a expressão “cada vez mais” (linha 3) estivesse isolada por vírgulas.

b
uma vírgula fosse inserida imediatamente depois do vocábulo “mundo” (linha 4), que integra
uma expressão adverbial antecipada.

a vírgula após “abrasador” (linha 11) fosse substituída por ponto final, feitos os devidos ajustes
de maiúscula e minúscula.

d uma vírgula fosse inserida imediatamente depois do vocábulo “solo” (linha 17).

o ponto final após “trigo” (linha 29) fosse substituído por ponto e vírgula, feitos os devidos
ajustes de maiúscula e minúscula.

RESPOSTA: E

07

Aplicada em: 2016Banca: PROMUNÓrgão: Prefeitura de Campos do Jordão - SPProva:


Nutricionista

Assinale a alternativa em que está indicada a ordem dos sinais de pontuação que devem
preencher as lacunas da frase abaixo:

“Como amanhã será o nosso grande dia_____duas coisas serão importantes_____uma é a


tranquilidade _____a outra é a observação minuciosa do que está sendo solicitado”.

a ponto e vírgula - dois pontos - vírgula

b dois pontos - ponto e vírgula - ponto e vírgula

c vírgula - vírgula - vírgula

d vírgula - dois pontos - ponto e vírgula

e dois pontos - vírgula - ponto e vírgula

RESPOSTA: D

08

Aplicada em: 2016Banca: PR-4 UFRJÓrgão: UFRJProva: Técnico em Laboratório - Herbário

TEXTO 2

Este é um fragmento do artigo “Foucault, as Palavras e as Coisas”, de Fran Alvina, publicado


em setembro último, no blog OUTRAS PALAVRAS. Leia-o, atentamente, e responda às questões
propostas a seguir.
“Assim, quando em uma Democracia, as palavras e seus sentidos — que são um bem
comum, cotidiano e simbólico de todos, posto que pertencem ao povo, que age delimitando e
estabelecendo novos sentidos — são forçadas a mudar pelo arbítrio de um, ou de um grupo
particular, sabemos que há algo fora da normalidade democrática. Usurpações de poder nunca
se restringem apenas à esfera institucional mais imediata. Se o poder se faz pelo discurso, de
modo que o próprio discurso é um elemento de poder, o discurso é o poder que se faz não
apenas sobre os falantes, mas também se exerce sobre o próprio discurso, isto é, se exerce
também sobre as palavras e os termos, que são a unidade mínima de todo discurso. O
comando discursivo é a voz do poder; e o silêncio, o signo da obediência: consentida ou
imposta.”

Fran Alavina.

http://outraspalavras.net/brasil/foucault-as-palavras-e-as-coisas/

Assinale a alternativa que explica corretamente o uso do ponto e vírgula e da vírgula neste
período.

“O comando discursivo é a voz do poder; e o silêncio, o signo da obediência (...)”

O ponto e vírgula separa orações subordinadas, ligadas pela conjunção “e”, que têm sujeitos
diferentes e já apresentam vírgula; a vírgula sinaliza uma pausa estilística.

Ambos, o ponto e vírgula e a vírgula, foram igualmente empregados para separar orações
coordenadas.

O ponto e vírgula marca uma pausa estilística prolongada; a vírgula sinaliza a supressão do
termo ‘discursivo’.

O ponto e vírgula separa orações coordenadas, ligadas pela conjunção “e”, que têm sujeitos
diferentes e já apresentam vírgula; a vírgula sinaliza a supressão do verbo ser.

O ponto e vírgula separa orações coordenadas que têm sujeitos diferentes; a vírgula sinaliza a
supressão do verbo e do termo ‘discursivo’.

RESPOSTA: D

09
Aplicada em: 2017Banca: IESESÓrgão: Prefeitura de São José do Cerrito - SCProva: Bioquímico
Farmacêutico

texto associado Texto associado

LÍNGUAS MUDAM

Por Sírio Possenti. Adaptado de:


http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/3089/n/linguas_mudam Acesso em 13 jan
2017.

Que as línguas mudam é um fato indiscutível.O que interessa aos estudiosos é verificar o que
muda, em que lugares uma língua muda, a velocidade e as razões da mudança. Desde a década
de 1960, um fator foi associado sistematicamente à mudança: a variação. Isso quer dizer que,
antes que haja mudança de uma forma a outra, há um período de variação, quando as duas
(ou mais) ocorrem – inicialmente em espaços ou com falantes diferentes. Aos poucos, a forma
nova vai sendo empregada por todos; depois, a antiga desaparece. [...].

Os sociolinguistas, eventualmente, fazem testes para verificar se um caso de variação é ou não


candidato à mudança. O teste simula a passagem do tempo verificando qual é a forma adotada
pelos falantes mais velhos e pelos mais jovens. Por exemplo: se os mais velhos escrevem ou
dizem sistematicamente “para fazer uma tese é preciso que...” e os mais jovens, “para se fazer
uma tese...”, este é um indício de que o infinitivo sem sujeito, nesta posição, tende a
desaparecer com o desaparecimento dos falantes mais idosos (e “para se fazer” será a forma
única, pelo menos durante um tempo).

De vez em quando, há discussões sobre certos casos. Dois exemplos: o pronome ‘cujo’ e a
segunda pessoa do plural dos verbos (‘jogai’ etc.). Minha avaliação (bastante informal) é que
‘cujo’ desapareceu. O que quer dizer “desapareceu”? Que não se emprega mais? Não! Quer
dizer que não é mais de emprego corrente; só aparece em algumas circunstâncias –
tipicamente, em textos muito formais (em geral de autores idosos). E, claro, em textos antigos.

Que apareça em textos antigos é uma evidência de que a forma era / foi empregada. Que
apareça cada vez menos é um indício de que tende a desaparecer. Com um detalhe:
desaparecer não quer dizer não aparecer nunca mais em lugar nenhum. Quer dizer não ser de
uso corrente. Para fazer uma comparação, ‘cujo’ é como a gravata borboleta: só usamos esse
item em certas cerimônias, ou seu uso é uma idiossincrasia [...].

Outro caso é a segunda pessoa do plural, em qualquer tempo ou modo. Recentemente, um


colunista defendeu a tese de que a forma está viva. Seu argumento: aparece em cartazes de
torcedores em estádios de futebol, especialmente do Corinthians, no apelo “jogai por nós”.
Mesmo que este seja um fato, a conclusão é fraca. A forma é inspirada numa ladainha de
Nossa Senhora, toda muito solene, muito mais do que formal. E é bem antiga, traduzida do
latim. [...] A cada invocação, os fiéis respondem “rogai por nós”. “Jogai por nós” é uma fórmula
inspirada em outra fórmula, típica desta oração. Para que se possa sustentar que a segunda
pessoa do plural não desapareceu, seria necessário que seu uso fosse regular. Que, por
exemplo, os corintianos também gritassem “Recuai, Wendel”, “Não erreis estas bolas fáceis,
Vagner Love”, “Tite, fazei Malcolm treinar finalizações” e, quando chateados, gritassem “Como
sois burro!”. Espero que nenhum colunista sustente que isso ocorre... [...] O caso “jogai” me
faz lembrar outro, da mesma natureza, de certa forma. Se há um fato consensual em
português (do Brasil) é que não se diz naturalmente “ele o/a viu, vou fazê-la sair”. Estas formas
pronominais objetivas diretas de terceira pessoa são verdadeiros arcaísmos. Só são
parcialmente aprendidas na escola. Os alunos começam a empregá-las depois de alguns anos,
um pouco por pressão, um pouco porque se dão conta de que cabem em textos mais
monitorados. Mas essas formas nunca aparecem na fala deles (e são muitíssimo raras também
na fala de pessoas cultas, como as que aparecem em debates na TV).

Curiosamente, uma das formas de manifestar chateação, com perdão da expressão, é “p***
que o pariu”! Aqui, o pronome oblíquo aparece! Entretanto, ninguém vai dizer que esse é um
argumento para sustentar que o pronome oblíquo está vivo. Se disser...

Sírio Possenti Departamento de Linguística - Universidade Estadual de Campinas

Analise as proposições a seguir sobre a pontuação do seguinte trecho:

Curiosamente, uma das formas de manifestar chateação, com perdão da expressão, é “p***
que o pariu”! Aqui, o pronome oblíquo aparece! Entretanto, ninguém vai dizer que esse é um
argumento para sustentar que o pronome oblíquo está vivo. Se disser...

I. A primeira vírgula é opcional, ou seja, sua presença é apenas um recurso de entonação.

II. A segunda e a terceira vírgula estão isolando uma oração explicativa.

III. As aspas foram empregadas para indicar que a expressão é própria da linguagem verbal.

IV. O segundo ponto de exclamação que aparece no trecho foi empregado para indicar
espanto.

Agora assinale a alternativa que contenha análise correta sobre as proposições.

a Estão corretas apenas as proposições I, II e IV.

b Estão corretas apenas as proposições I, III e IV.

c Estão corretas apenas as proposições II e IV.

d Estão corretas apenas as proposições I e III

RESPOSTA: B

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Aplicada em: 2018Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos)Órgão: CODEMIGProva: Auditor

texto associado Texto associado

A sociedade do medo

O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se transformou em um elemento de coesão de


uma sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]

No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela Emergência, você diz que nossa época vai
passar para a história como o momento em que a crise virou uma forma de governo. Você está
falando do medo que é gerado pela crise?

Sim, como efeito. É importante entender como o discurso da crise se transformou num modo
de gestão social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós vivemos numa crise global
há oito anos. Isso do lado socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de segurança,
vivemos uma situação de emergência há quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os governos vão tendo a possibilidade de
intervir na vida privada dos seus cidadãos em nome de sua própria segurança. É muito mais
fácil você gerir uma sociedade em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade aberta a toda forma de intervenção do
poder soberano, mesmo aqueles que quebram as regras, quebram as normas constitucionais.
Como estamos em uma situação excepcional, essas quebras começam a virar coisa normal.
Esses discursos a respeito da luta contra a crise são muito claros no sentido de impedir a
sociedade de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.

E aí entra o medo.

Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de transformar o medo num elemento


fundamental da gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga medida, potencializado,
administrado, gerenciado. É o gerenciamento do medo como única forma de construir coesão
hoje em dia. Nós podemos construir coesão a partir da partilha de ideias; só que, quando a
sociedade chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que lhe foram apresentados como
consensuais, quando desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis pela mediação dos
conflitos, não resta outra coisa a não ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo que
todos afirmam, mas uma coesão através de algo que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os agentes? O poder constituído do Estado, os
agentes financeiros, o corpo social?

De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando pode dar um pouco a impressão de
que há uma espécie de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece é: nós partilhamos
de um modo de existência que, por não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros modos de existência, começa a
funcionar numa chave de conservação. É importante falar de modos de existência porque isso
tira um pouco a figura do sujeito que delibera.

Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia que controla o poder do Estado, o capital
financeiro. É inegável que haja de fato projetos de grupos nos modos de gestão social, mas
para além disso há uma coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade que se
transformou para nós em um elemento quase natural, que faz com que todos comecem a
pensar dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba operando esses processos de
dominação, deixa uma situação mais complexa. Não se trata simplesmente de subverter o
poder, mas de pensar de outra maneira, o que é muito mais complicado do que pode parecer.

Quais são os instrumentos de que dispomos pra romper com essa racionalidade, com esse
circuito baseado no medo? O que fazer?

Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos acreditam que a melhor maneira de se
contrapor a circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir outros circuitos vinculados
aos afetos que seriam o oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que aí há uma
reflexão muito interessante, de toda uma tradição filosófica, de insistir que o medo e a
esperança não são afetos contraditórios – são complementares. O que é o medo a não ser a
expectativa de um mal que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a expectativa de um
bem que pode ocorrer? Quem tem a expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a expectativa de que um bem ocorra,
teme que esse bem não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a outro, da esperança
ao medo, é uma constante, porque são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de um horizonte de expectativas. Nesse
sentido, toda forma de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir resultados
simétricos. Então, um outro afeto seria necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.

[...]

Freitas, Almir. Disponível em: <https://goo.gl/qggKy8>. Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento
adaptado].

Releia este trecho da entrevista.

“[...] para além disso há uma coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade que se
transformou para nós em um elemento quase natural [...]”

Na língua oral, as pontuações são marcadas, principalmente, por pausas, com diversas
finalidades distintas.

No caso desse trecho, o autor utilizou os dois-pontos como um recurso estilístico da língua
escrita para indicar:

a a retomada de uma ideia já exposta.

b a exposição de um elemento novo.

c uma possibilidade iminente.

d uma relação entre conceitos.

RESPOSTA: B
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Aplicada em: 2018Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos)Órgão: CODEMIGProva: Assistente


Administrativo

texto associado Texto associado

TEXTO I

O Parque das Águas de Caxambu, principal atração turística da cidade localizada no Sul de
Minas Gerais, ganha nova gestão a partir do dia 1º de outubro de 2017. A Companhia de
Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), proprietária do empreendimento,
assume a administração do espaço, que estava sob gestão da Prefeitura Municipal desde 1989.
O funcionamento do Parque das Águas e o acesso da comunidade e dos turistas serão
mantidos, permanecendo o valor de R$ 5,00 para os turistas e R$ 2,50 para a comunidade
caxambuense. O plano da Empresa para o empreendimento, incluindo o balneário, prioriza a
recuperação dos ativos, por meio de melhorias em calhas, telhado, equipamentos (duchas,
banheiras, sauna) e instalações (rede de água quente, louças, metais, bomba, drenagem), além
de limpeza geral e revitalização de pisos e paredes, por exemplo.

Em junho deste ano, o setor de Engenharia da Codemig realizou vistoria no local, para
avaliação das condições das edificações e dos equipamentos do parque, visando o
recebimento do patrimônio público estadual que se encontrava sob gestão da Prefeitura
Municipal. O custo total estimado para colocar em melhores condição de uso foi orçado em
aproximadamente R$ 11 milhões, incluindo serviços no balneário (caldeira, pinturas,
equipamentos, pisos, paredes, telhado, calhas, instalações, limpeza geral), na área da piscina,
nas lojas, na área do pedalinho, nas portarias, nos fontanários e coreto, além de redes
internas, quadras, brinquedos, pavimentações, cercamento, regularização do AVCB,
desassoreamento do lago, iluminação e instalações elétricas, entre outros.

A equipe de trabalho da Codemig assumirá as operações do parque e do balneário a partir de


outubro, em substituição aos servidores da Prefeitura e os de livre nomeação que até então
prestam serviços no espaço e estão vinculados à Administração Municipal.

Em paralelo, a Codemig está preparando licitação para captar um parceiro privado visando à
formação de uma Sociedade em Conta de Participação para o negócio de águas minerais e
seus correlatos. Dados apresentados pela Prefeitura Municipal de Caxambu apontaram que o
resultado financeiro do Parque é historicamente deficitário: o resultado de 2013 a 2016 teve
déficit acumulado de R$ 1.089.695,64 — parte do prejuízo deve-se ao número excessivo de
empregados contratados pela Administração Municipal para atuação no Parque e à não
cobrança dos aluguéis referentes a cessão de espaço.
Em meio a esse cenário contábil de reiteradas perdas e frente aos desafios que se impõem ao
alcance e à manutenção da viabilidade econômica em um mercado cada vez mais competitivo,
a Codemig considerou essencial a construção conjunta de uma solução eficaz e efetiva. A
Empresa busca potencializar o dinamismo do empreendimento, ampliar o público-alvo do local
e valorizar a eficiência na prestação dos serviços à população, além de contribuir para maior
projeção de Caxambu e Minas Gerais no segmento turístico, respeitando sempre as
comunidades local e regional.

A Codemig reconhece a importância do Parque das Águas de Caxambu para além das esferas
local e regional, valorizando o espaço como rico e diversificado patrimônio. Empresa pública
indutora do desenvolvimento de Minas Gerais, a Codemig atua em prol do crescimento
econômico sustentável, do bem-estar dos mineiros e da preservação de acervos turísticos e
históricos do estado.

[...]

CODEMIG. Disponível em: <https://goo.gl/VhUow>. Acesso em: 25 set. 2017 [Fragmento


adaptado].

Analise as afirmativas a seguir.

I. No trecho “[...] o resultado de 2013 a 2016 teve déficit acumulado de R$ 1.089.695,64 —


parte do prejuízo deve-se ao número excessivo de empregados contratados pela
Administração Municipal [...]”, o travessão pode ser substituído por ponto e vírgula.

II. No trecho “[...] incluindo serviços no balneário (caldeira, pinturas, equipamentos, pisos,
paredes, telhado, calhas, instalações, limpeza geral) [...]”, os parênteses podem ser
substituídos por travessões.

III. No trecho “[...] o resultado financeiro do Parque é historicamente deficitário: o resultado


de 2013 a 2016 teve déficit acumulado de R$ 1.089.695,64 [...]”, o sinal de dois-pontos pode
ser substituído por ponto-final.
Mantendo o sentido original dos trechos e de acordo com a norma padrão, estão corretas as
afirmativas:

a I e II, apenas.

b I e III, apenas.

c II e III, apenas.

d I, II e III.

RESPOSTA:

12

Aplicada em: 2017Banca: PR-4 UFRJÓrgão: UFRJProva: Auxiliar em Administração - Biblioteca

texto associado Texto associado

Vou Te Encontrar

Paulo Miklos

Compositor: Nando Reis

Olha, ainda estou aqui

Perto, nunca te esqueci

Forte, com a cabeça no lugar

Livre, livre para amar


Sofro, como qualquer um

Rio, quando estou feliz

Homem, dessa mulher

Vivo, como você quer

Nas ondas do mar

Nas pedras do rio

Nos raios de sol

Nas noites de frio

No céu, no horizonte

No inverno, verão

Nas estrelas que formam

Uma constelação
Vou te encontrar...

Vou te encontrar

Olha, eu fiquei aqui

Perto, está você em mim

Forte, pra continuar

Livre, livre para amar

Sofro, como qualquer um

Rio, porque sou feliz

Homem, de uma mulher

Vivo, como você quer

No beijo da moça

No alto e no chão

Nos dentes da boca


Nos dedos da mão

No brilho dos olhos

Na luz da visão

No peito dos homens

No meu coração

Vou te encontrar...

Vou te encontrar

Em “Vou te encontrar… vou te encontrar”, o emprego das reticências indica:

a pausa.

b segurança.

c hesitação.

d certeza.

e reflexão

RESPOSTA:

13

Aplicada em: 2017


Banca: IBEG
Órgão: IPREV
Prova: Assistente Administrativo
texto associado
Leia o texto abaixo para responder a questão.

O uso das reticências, presente nos dois balões do quadrinho, denota:


a

Interrupção do discurso, para reforço da reflexão em relação à ideia que vem em seguida.

Uma pausa para tomar fôlego, pois o personagem ficou sem ar ao ver o desmatamento.

Interrupção do pensamento, pois o personagem mudou a intenção do discurso.

Uma pausa obrigatória, pela sequência frasal conotar exagero.

Uso desnecessário desse tipo de pontuação.


RESPOSTA:

14

Aplicada em: 2018


Banca: CONSULPLAN
Órgão: Câmara de Belo Horizonte - MG
Prova: Procurador
texto associado
Texto para responder à questão.
O despreparo da geração mais preparada
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais
preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar
com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada
porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas,
despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre
muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi
ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas,
viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito
mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que
já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação
de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram
ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece
– porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa
parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo,
sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para
conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a
cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a
eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento
importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem
sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado
a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem
malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar
nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom,
naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar
duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o
cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este
atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da
classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a
crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a
toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao
futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a
felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para
compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos,
revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste. (3º§) No trecho destacado
anteriormente, o uso de aspas tem por objetivo
a

indicar a intercalação de uma indicação acessória no texto.

fazer sobressair um termo não peculiar à linguagem do enunciador.

realçar a ironia da autora em relação à desistência dos jovens diante dos obstáculos.

acentuar o valor significativo de acordo com o contexto em que o termo foi empregado.
RESPOSTA:

15

Aplicada em: 2018Banca: CESGRANRIOÓrgão: TranspetroProva: Auxiliar de Saúde

texto associado Texto associado


No trecho “vetores de doenças, como o barbeiro (doença de Chagas), o mosquito-palha
(leishmaniose) e o mosquito-prego (malária)”, (ℓ. 27-29), os parênteses foram utilizados com o
objetivo de

a acrescentar uma informação relacionada ao termo anterior.

b expressar a opinião do autor sobre a temática do texto.

c inserir um sinônimo para explicar o sentido de um termo.

d introduzir uma crítica ao que foi mencionado antes.

e provocar a reflexão do leitor sobre um termo científico.

RESPOSTA:

16

Aplicada em: 2017


Banca: CESGRANRIO
Órgão: Petrobras
Prova: Médico do Trabalho Júnior
texto associado
Os sinais de pontuação são elementos importantes para a organização dos textos.

No primeiro parágrafo, o emprego dos travessões indica a(o)


a

mudança de locutor no texto

apresentação de um exemplo

introdução de uma explicação

início de fala de personagem

acréscimo de um comentário do autor

RESPOSTA:

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