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SUMÁRIO

Introdução ...............................................................3

I. Fé sem obras é morta (Tg 2.14-17)......................... 4

1. Fé e obras ........................................................................ 4
2. O cristão e a caridade. ..................................................... 5
3. A “morte” da fé. ............................................................... 5
II. Exemplos de fé com obras (Tg 2.18-25) ............... 6

1. Não basta “crer” .............................................................. 6


2. Abraão ............................................................................. 7
3. Raabe ............................................................................... 7
III. Metáfora explica fé sem obras (Tg 2.26)............. 8

1. Uma analogia do corpo sem espírito .............................. 8


2. Da mesma maneira: fé sem obras é morta. .................... 9
Conclusão................................................................ 9

Vocabulário ............................................................ 10

Bibliografia ............................................................ 10
A nossa fé tem de produzir frutos verdadeiros de amor, do
contrário, ela se apresenta falsa.

Tiago 2.14-26.

14 - Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e


não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? 15 - E, se o
irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento
cotidiano, 16 - e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-
vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o
corpo, que proveito virá daí? 17 - Assim também a fé, se não
tiver as obras, é morta em si mesma. 18 - Mas dirá alguém: Tu
tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas
obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. 19 - Tu
crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o
creem e estremecem. 20 - Mas, ó homem vão, queres tu saber
que a fé sem as obras é morta? 21 - Porventura Abraão, o nosso
pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o
altar o seu filho Isaque? 22 - Bem vês que a fé cooperou com as
suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada, 23 - e
cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-
lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
24 - Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não
somente pela fé. 25 - E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi

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também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários
e os despediu por outro caminho? 26 - Porque, assim como o
corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é
morta.

INTRODUÇÃO
Imagine um presidente que não governa? Um juiz que não
julga? Um advogado que não advoga? Um médico que não
clinica? Um policial que não protege? Um professor que não
ensina? Um cientista que não pesquisa? Um arquiteto que não
desenha? Um filósofo que não filosofa? Imaginou? Assim é o
crente que não produz boas obras. Que não ama!

E na epístola de Tiago, as boas obras são obras de


misericórdia, isto é, ações encharcadas no amor. A carta de
Paulo aos Romanos nos diz que “quem ama aos outros cumpriu
a lei”, pois “o amor não faz mal ao próximo; de sorte que o
cumprimento da lei é o amor” (13.8,10). A lição de hoje trata da
fé manifestada através das obras (Tg 2.14-26). Além de tal
assunto ser imprescindível à vida cristã —, pois, sem fé é
impossível agradar a Deus (Hb 11.6) —, é preciso reafirmar que o
crente é salvo pela graça, por meio da fé (Ef 2.8,9). Devendo o
cristão andar por ela (2Co 5.7), tendo em vista de que tudo aquilo
que não é de fé, culmina em pecado (Rm 14.23). Entretanto, a fé

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não é uma fuga da realidade. Por isso, Jesus ensinou que a fé deve
ser praticada (Mt 5.22-48).

I. FÉ SEM OBRAS É MORTA (TG 2.14-17)


1. Fé e obras

Ao ler desavisadamente a Epístola de Tiago o leitor pode


afirmar que ela contradiz os ensinamentos do apóstolo Paulo
quanto à doutrina da salvação pela fé (Rm 4.1-6). Todavia, ao
estudarmos cuidadosamente o tema em questão, veremos que os
ensinos paulinos e os de Tiago em hipótese alguma se
contradizem.

Quando Paulo escreve sobre as obras, ele se refere à Lei — o


orgulho nos rituais judaicos e na obediência a um sistema de
regras religiosas — enquanto que Tiago, às obras de misericórdia
ao próximo necessitado. O meio-irmão do Senhor não se opôs ao
apóstolo dos gentios.

Enquanto Paulo anunciava ao pecador a salvação pela graça


mediante a fé (Ef. 2.8), Tiago doutrinava os crentes sobre a
impossibilidade de vivermos a fé de Cristo sem manifestar os
frutos de arrependimento (Mt 3.8). O primeiro preocupou-se
com a causa da salvação e o segundo, com o efeito dela.

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2. O cristão e a caridade.

“A fé não acompanhada de ação é morta”, declara Tiago.


“Fazer”, “realizar” e “agir” são atitudes que integram a religião
pura e imaculada: ajudar os necessitados nas suas necessidades.
A fé, quando não produz tais frutos, é morta.

A fim de ilustrar tal verdade, Tiago inquire retoricamente os


servos de Deus dizendo que se oferecermos, a um irmão ou a uma
irmã, que estejam padecendo necessidade, apenas uma palavra
de “incentivo” e não lhes dermos as coisas de que eles necessitam,
isso não resolverá o problema.

Diante de alguém necessitado, o que precisa ser feito? Orar


e despedi-lo sem nada? Se assim procedermos, nossa oração não
servirá para nada. Aliás, como ensina João, a pessoa que não se
compadece dos necessitados não tem o amor de Deus em sua vida
(1Jo 3.17,18). Tal aspecto já havia sido ensinado por Jesus ao
dizer que, no socorro àqueles que precisam de ajuda, acolhemos
o próprio Senhor (Mt 25.40).

3. A “morte” da fé.

A concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago é a


confiança em Deus: “Tu crês que há um só Deus?” (v.19). Logo,

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as obras de que Tiago fala, consistem na expressão da vontade de
Deus, ou seja, amar o próximo, visitar os enfermos, defender os
direitos dos pobres, praticar a justiça, etc. Esta é a fé viva em
Deus! A epístola nos ensina que se amamos o outro, não amamos
segundo as nossas concupiscências, mas segundo o amor de Deus
por nós. Este amor nos estimula a amar o ser humano
independentemente de quem ele seja. Ame o próximo e mostrará
uma fé viva. Não ame, e se confirmará: a tua é fé está morta.

II. EXEMPLOS DE FÉ COM OBRAS (TG 2.18-25)


1. Não basta “crer”

Tiago afirma que a crença teórica em Deus não significa


muita coisa. Os demônios, igualmente, creem e estremecem
diante do Altíssimo (Lc 8.26-33; Mc 5.1-10). Em outras palavras,
eles “creem”, ou sabem, que Jesus é o Filho de Deus. Entretanto,
a confissão dos demônios não implica um compromisso de
obediência a Deus. A verdadeira fé, porém, manifesta-se na
prática coerente do servo de Deus com tudo aquilo em que ele diz
crer. O autor da epístola demonstra que a fé não consiste em um
discurso, mas em convicção autêntica, seguida da prática de
obras de amor, pois é justamente isso que Jesus fez e ainda faz
(At 10.38; Hb 13.8). Exemplificando esse ensino da fé

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compromissada com a ação, Tiago utiliza dois ricos exemplos do
Antigo Testamento.

2. Abraão

O patriarca Abraão, conhecido como “pai da fé”, obedeceu a


Deus quando o Senhor lhe pediu seu amado filho, Isaque. O
patriarca de Israel já havia demonstrado confiança em Deus
quando decidiu, por um ato de fé e obediência, partir para uma
terra desconhecida (Hb 11.8,9). Agora, Abraão estava diante de
uma prova de fé ainda mais dura: imolar o seu filho amado e
oferecê-lo em sacrifício a Deus. Uma fé levada até as últimas
consequências! A obra de Abraão demonstrou a sua confiança em
Deus independente das circunstâncias. E nós, como estamos
diante de Deus? Cremos quando vai tudo bem, e está tudo certo
ou cremos apesar das circunstâncias?

3. Raabe

Outro exemplo apresentado por Tiago é o de Raabe, uma


mulher gentia e prostituta que vivia em Jericó durante a
conquista da terra de Canaã pelos judeus. Quando Josué enviou
os espias para olharem a terra, Raabe os escondeu e, mais tarde,
os ajudou a escapar dos guardas de Jericó. A atitude de Raabe

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levou os espias a prometerem que nenhum mal aconteceria a ela
quando os israelitas tomassem a cidade (Js 2.1-24).

Raabe teve fé no Deus de Israel! Na certeza de que Deus


daria aquela cidade ao seu povo, ela agiu para proteger os espias
enviados por Josué. Por isso, Raabe, a prostituta de Jericó, foi
justificada e constituída na linhagem do nosso Salvador, Jesus
Cristo (Mt 1.5). É uma grande mulher que consta como a heroína
da fé (Hb 11.31).

III. METÁFORA EXPLICA FÉ SEM OBRAS (TG 2.26)


1. Uma analogia do corpo sem espírito

Para os que conhecem a Palavra de Deus, é inconcebível a


ideia de um corpo vivo sem o espírito e a alma (At 20.9,10; 1Ts
5.23). O teólogo britânico, John Stott, escreveu: “O nosso
próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus
não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos
amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para
que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-
estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para
que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um
indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive).
Não!

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Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como
ser humano, o nosso próximo pode ser definido como ‘um corpo-
alma em sociedade’” (Cristianismo Equilibrado, CPAD). Sem o
espírito, o fôlego de vida, o ser humano não é nada. Só podemos
ser considerados humanos quando as esferas espiritual, física e
social estão inseparáveis. Qual a relação desse assunto com a fé?

2. Da mesma maneira: fé sem obras é morta.

“Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim


também a fé sem obras é morta” (v.26). Tiago nos ensina que não
faz sentido expressarmos uma fé verbalmente se ela não tem ação
concreta. Como as pessoas constatarão que eu creio de todo
coração em Deus? À medida que os meus atos em relação a elas
revelarem o amor do Criador. Se não houver obras de
misericórdia, amor, honestidade e carinho ao próximo, a nossa
fé estará morta, sepultada. Podemos citar de cor e salteado o
Credo Apostólico, o credo da nossa denominação e milhares de
versículos da Bíblia. Mas se não houver ação, tudo não passará
de argumentos sem vida. Deus nos livre dessa ignomínia!

CONCLUSÃO
Sabemos que o ser humano está vivo porque ele tem
atividade cerebral intacta, os pulmões funcionam

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rotineiramente, o coração bombeia o sangue, irrigando todo o
corpo. Isto é, o corpo humano está se movimentando
naturalmente. Da mesma forma é a fé.

Uma fé viva em Deus através do seu Filho, Jesus Cristo,


justifica o homem de todo o pecado (Rm 5.1; Tg 2.18-25). Mas
uma fé sem obras está morta! É como um corpo humano que não
tem vida. Não respira mais. Que possamos viver todas as
implicações reais de nossa crença em Deus.

VOCABULÁRIO
i. Antagonismo: Princípio ou tendência contrária;
oposição.
ii. Distinta: Que não é igual; diferente.
iii. Imolar: Matar em sacrifício a Deus.
iv. Ignomínia: Grande desonra infligida por um
julgamento público; degradação social; opróbrio.

BIBLIOGRAFIA
i. STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L.
(Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004.
ii. STOTT, John. Cristianismo Equilibrado. RJ: CPAD,
2009.

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