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UNIVERSIDADE FEDEAL DE SANTA MARIA - CCR DFS 1000 - BIOLOGIA E CONTROLE DE

PLANTAS DANINHAS

Departamento de Defesa
Fiitossanitária

Unidade 2
ALELOPATIA
“Uma planta não desenvolve quando é cultivada
junto a outra”
1925 – a ciência começou a explicar as causas desse
fenômeno:

A. B. MASSEY – morriam todos os tomates plantados a uma


distância de 16 m da nogueira – extensão das raízes.

Folhas Folhas
Folhas Folhas
Raízes

Substâncias tóxicas
1925 – a ciência começou a explicar as causas desse
fenômeno:

A. B. MASSEY – morriam todos os tomates plantados a uma


distância de 16 m da nogueira – extensão das raízes.

Folhas

TOXINA
(aleloquímicos)

Nogueira – Juglans spp.


Raízes
É muito comum que plantas vizinhas interajam de maneira
negativa – ANTIPATIA ENTRE AS PLANTAS

ALELOPATIA

 Do grego allelon = de um para outro, pathós = sofrer


(Molisch, 1937).

 O conceito descreve a influência de um indivíduo sobre o


outro, através da produção de compostos químicos.

 A alelopatia é um efeito realizado por biomoléculas


(denominadas aleloquímicos) produzidas por uma planta e
lançadas no ambiente.
• Aleloquímicos encontram-se distribuídos desuniformimente
no solo;

• concentrando-se nas proximidades dos resíduos/raízes –


pouco mobilidade no solo;

• extensão dos efeitos depende da maior ou menor exposição


entre o sistema radicular e os compostos alelopáticos e
também da concentração desses compostos.

• grande instabilidade,
sendo rapidamente
decompostos após sua
liberação
(material fresco >
resíduos secos).
NATUREZA DAS SUBSTÂNCIAS ALELOPÁTICAS

- Fitotoxinas, aleloquímicos ou metabólitos secundários;

“Teoricamente, todas as plantas são potencialmente capazes de


sintetizar aleoquímicos/metabólitos secundários. No entanto, essa
característica é mais comum entre as plantas selvagens, que, ao
longo do seu ciclo evolutivo, desenvolveram mecanismos de
adaptação para competir com outras, assegurando sua
sobrevivência.”

- São resíduos do metabolismo celular (HIPÓTESE 1) ou


são sintetizados pela planta com função específica
(HIPÓTESE 2)?
HIPÓTESE 1: Resíduos do metabolismo
encontrados em > concentração nos vacúolos

Metabólitos
primários

Metabólitos
secundários
HIPÓTESE 2: são produzidas nas células com
finalidade específica

PROTEÇÃO - contra o ataque de fitopatógenos e pragas, ou


invasão de outras plantas (comunicação entre as plantas).
Liberação de aleloquímicos no ambiente
VOLATILIZAÇÃO - plantas aromáticas

- Determinam a composição florística do local


em um raio de 1 a 2 m;

- esses compostos não são necessariamente


nocivos;

-
Liberação de aleloquímicos no ambiente

LIXIVIAÇÃO – compostos são lixiviados


da parte aérea das plantas, pela chuva ou
orvalho, e carregados até o solo;

Ácidos orgânicos, alcalóides, compostos


fenólicos, terpenóides

Abutilon theophrasti - malvão


Liberação de aleloquímicos no ambiente

EXUDAÇÃO RADICULAR – compostos


podem ser provinientes diretamente das
raízes ou produzidas pelos microrganismos
a elas associadas;

- ácidos orgânicos, alcalóides, compostos


fenólicos, terpenóides.

Ácido cinâmico
DECOMPOSIÇÃO DE RESÍDUOS VEGETAIS:

• Rompimento dos tecidos e células


durante a decomposição e
extravasamento do seu conteúdo;

• substâncias produzidas pelos


microrganismos durante o processo de
decomposição.

Ex: Pode haver retardo no


desenvolvimento do trigo pela
presença da fitotoxina exsudada
pelo fungo Penicillium urticae,
associado à decomposição da
palhada da própria cultura.
Prováveis vias seguidas pelos compostos
alelopáticos após sua liberação
FORMAS DE MANIFESTAÇÃO

 Inibição de germinação (parcial ou total);


 inibição no crescimento de plântulas;
 anomalias morfológicas;
 alterações nas ramificações e folhas retorcidas;
 zona pelífera muito desenvolvida;
 coifa escurecida;
 hipocótilo retorcido e engrossado, etc.

Mecanismo e modo pelos quais os aleloquímicos


modificam o crescimento e desenvolvimento das plantas
ainda é um desafio
Como os aleloquímicos modificam o
crescimento e o desenvolvimento das
plantas?

- A ação dos aleloquímicos se resume à interferência nas


atividades vitais das plantas, tais como:

- Respiração

- Fotossíntese

- Absorção de nutrientes
MECANISMOS DE AÇÃO

 REGULAÇÃO DO CRESCIMENTO

- divisão e elongação celular:


sálvia produz cineole e cânfora que reduzem a elongação
das células do pepino;

- interação com hormônios – AIA, GA e ABA;

- alteram a síntese e a função de enzimas.


MECANISMOS DE AÇÃO

 MECANISMO RESPIRATÓRIO

- monoterpenos – alteram a taxa respiratória de


algumas plantas;

- quinonas inibem a absorção de O2;

- flavonóides interferem na produção de ATP;


MECANISMOS DE AÇÃO

 FOTOSSÍNTESE E PROCESSOS RELACIONADOS

- Redução na taxa fotossintética

escopoletina na cultura do tabaco e do girassol;

sorgoleone – inibidor do transporte de elétrons


no FSII (mais potente que o diuron).
MECANISMOS DE AÇÃO

 FOTOSSÍNTESE E PROCESSOS RELACIONADOS

- Resposta estomática
- escopoletina – fechamento estomático do
tabaco e girassol

- Conteúdo de clorofila
- ácido ferúlico - clorose em soja
MECANISMOS DE AÇÃO

 ABSORÇÃO DE NUTRIENTES

- absorção de íons e minerais;

- alteração na seletividade das membranas;

- efeito na relação hídrica da planta;


potencial osmótico e pressão de turgor das células;
interrupção do fluxo normal da água na planta.
O EFEITO ALELOPÁTICO PODE SER
CLASSIFICADO EM DOIS TIPOS:

- AUTOTOXICIDADE

- a planta libera determinada substância química que


retarda a germinação e o crescimento de plantas da
própria espécie (mecanismo intraespecífico).

- HETEROTOXICIDADE

- a planta libera substâncias com efeito fitotóxico que


afeta a germinação e o crescimento de plantas de outra
espécie.
Interespecífica - heterotoxicidade

milho
Cyperus esculentus

DOADORA RECEPTORA
Sorghum halepense

Soja

Helianthus annuus
Trigo

Bidens pilosa

Cana-de-açúcar
Eragrostis plana
Eichornia crassipes

Chlamydomonas – alga verde


Mimosa bimucronata - maricá

mimosina
Coffea arabica

Xantina cafeína
PLANTAS COM INVASORAS CONTROLADAS
POTENCIAL OU PLANTAS
ALELOPÁTICO AFETADAS
Aveia preta (Avena sativa) Capim-marmelada (Brachiaria
plantaginea); Amendoim Bravo
(Euphorbia heterophyla); Picão
preto (Bidens pilosa) e outras
Azevém anual (Lolium multiflorum) Guanxuma (Sida rhombifolia)
cravo de defunto (Tagetes patula) amendoim bravo, corda-de-
viola (Ipomea spp) caruru
(Amaranthus spp) e outras
Crotalária Diversas invasoras
juncea Mucuna Tiririca (Cyperus rotundus)
spp picão preto e sapé (Imperata
cilindrica)
Palha de trigo (Triticum aestivum) Mata pasto (Cassia tora) e outras
Calopogônio Guanxumas (Sida spp) e assa-
(Calopogonium peixe
muconoides) (Vernonia polyanthes)

Fontes:Almeida (1988);Almeida e Rodrigues (1985); Calegari et al. (1993); Monegat (1991); Souza Filho et al. (1997)
Intraespecífica - autoxicidade

Digitaria sanguinallis

Conysa bonariensis

Helianthus annuus
Eragrostis plana
Brassica napus

Linum usitatissimum Trifolium pratensi


Recíproca

Helianthus annuus Digitaria sanguinallis


Os efeitos alelopáticos de uma planta são aceitos desde
que sejam comprovados:
a) que um inibidor químico efetivo esteja sendo produzido
b) que a inibição não seja por efeito de competição.

COMPETIÇÃO ALELOPATIA
Retiradas ou redução Introdução de novos
de fatores do meio INTERFERÊNCIA
fatores no ambiente
ambiente ENTRE
PLANTAS

compostos químicos
Água, luz, nutrientes
FATORES QUE AFETAM A INTENSIDADE
DOS EFEITOS ALELOPÁTICOS
QUAL A IMPORTÂNCIA DA ALELOPATIA?

 Reduzir de forma significante as aplicações de herbicidas;

 desonerar os custos de produção;

 reduzir as contaminações ambientais.

 identificar as causas de insucesso no estabelecimento e


persistência das pastagens, principalmente as consorciadas;

 controle de plantas daninhas.


Resultado com o uso repetido de herbicidas

As plantas daninhas podem ser suprimidas por


meio de plantas vivas ou de seus resíduos (trigo,
centeio, nabo, colza – papuã, capim-carrapicho,
leiteiro);
ALELOPATIA NO MANEJO DE
PLANTAS DANINHAS

 Aleloquímicos X produtos sintéticos

 geração de novos compostos, os quais as plantas são


capazes de inativar;
 menos tóxicos;

 são degradados rapidamente pelo ambiente;

 possuem um amplo modo de ação e;


 são derivados de recursos renováveis.
ALELOPATIA NO MANEJO DE
PLANTAS DANINHAS
ALELOPATIA NO MANEJO DE
PLANTAS DANINHAS
 Três propostas de manipulação da alelopatia:

 Transferência de genes responsáveis pela síntese de


aleloquímicos - transgênicos;
- Plantas com > produção ou > liberação;
- Aumentar o número de órgãos onde o composto é produzido -
> raízes ou pêlos radiculares;

 Uso de rotação de culturas com potencial alelopático;

 Uso de aleloquímicos como herbicidas;


- isolamento de novos compostos que tenham
função herbicida – novos sítios de ação – resistência.
HÁ MILHARES DE POTENTES FITOTOXINAS NATURAIS,
MAS POUCAS DE USO COMPERCIAL, PQ?

- síntese é extremamente cara;

- ½ vida extremamente curta;

- as propriedades físico-químicas não permitem que eles


sejam bem absorvidos ou translocados na planta alvo.
GRANDE DESAFIO

Entender melhor o fenômeno alelopático para


aproveitá-lo em benefício do manejo de culturas em
detrimento do desenvolvimento de plantas
daninhas em agroecossistemas.

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