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O principio de confiança tem um foco objetivo, enquanto que a tutela de confiança tem
um foco subjetivo. Proprietário de um terreno, doado e desde pequeninos é muito
interessante e não se pode construir, e não há habitação, pedimos uma licença de
construção, a Câmara aprova o pedido de licenciamento, apesar da vinculação
situacional – ordenamento jurídico pedir Ato administrativo.
Construção doutrinária do século XIX concebe o Estado como pessoa jurídica foi o
elemento decisivo na limitação da soberania estatal e da normalização da ideia de
submissão do Estado do Direito. Tal deveu-se à conceção que as relações entre o Estado
e indivíduos passou a ser concebida como relações jurídicas igualmente sujeitas ao
Direito e à observância da lei, criou-se – assim – as condições para o reconhecimento de
direitos subjetivos dirigidos quer para particulares como para pessoa jurídica-Estado:
direitos subjetivos públicos. Ela está a ler o livro do Reis NOv
Ainda na fase em que os direitos individuais não eram tidos como direitos naturais, pré
e supra estaduais1, a construção doutrinária da personalidade jurídica do Estado e
direitos subjetivos públicos criou as condições – combinando a teoria da autolimitação
do poder estatal2 para expressar a ideia de um Estado de Direito na Europa: estado
organizado juridicamente através da separação de poderes e vinculado pelo imperativo
da lei (princípio da legalidade) e a garantia dos direitos fundamentais.
Conceção que os indivíduos que se relacionam com o Estado sob a sua jurisdição como
pessoas jurídicas titulares de direitos fundamentais (e não súbitos).
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Direitos que o Estado não criava, mas que seria simplesmente obrigado a reconhecer
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Outorga da Constituição e reconhecimento dos direitos fundamentais
O Estado para além de ser pessoa jurídica, o Estado de Direito passa a pautar-se por
valores, e tido como pessoa de bem por se sujeitar (o Estado) assim como os poderes
públicos ao princípio geral da boa e garantia da SJ e tutela de confiança que os
particulares depositam.
2. Boa fé e SJ
Os fins do Estado de Direito não são de interesse próprio, mas sim o interesse público
interpretado à medida da realização dos direitos fundamentais, como pessoa de bem
que se deve pautar segundo a boa fé no seu relacionamento com os particulares, sendo
que estes últimos devem esperar como uma pessoa de confiança, planeando a sua vida
com previsibilidade, paz e SJ.
Por outro lado, tendo presente as afinidades entre o PBF e PSJ podemos afirmar que a
violação de expetativas é afronta quer a PSJ como quando a tutela de confiança apela à
continuidade e estabilidade, evoca igualmente o PSJ do próprio ED.
O artigo 2º/CRP é elemento essencial do ED expressando o PSJ que por si mesmo levanta
exigências dirigidas ao Estado quer em termos mais genéricos de previsibilidade, certeza
e clareza e transparência dos atos que sejam suscetíveis de afetar negativamente os
particulares até às dirigidas em termos específicos através de observância concreta e
pontual das expetativas e interesses individuais legítimos dignos de proteção.
Quanto à ação dos órgãos estatais: é dedutível a ideia de Estado de Direito como
elemento essencial, não apenas de segurança da ordem jurídica mas da
estruturação do relacionamento, todos como PJ igualmente sujeitas ao PL.
Contudo não há a possibilidade juridicamente garantida de poder calcular e
prever os possíveis desenvolvimentos da atuação dos poderes públicos
suscetíveis de se repercutirem na sua esfera jurídica em que o individuo se
converteria num mero objeto (violação do PDH)
Tutela de confiança dos particulares quanto à continuidade: há limites na OJ,
prática de atos em conformidade com precedentes estabelecidos pela atividade
estatal = lado subjetivo de garantia da SJ inerente ao ED
Quanto à dimensão objetiva: vale para todas as áreas de atuação estatal, desdobrando-
se nas exigências dirigidas à Administração (caso decidido), ao poder judicial (caso
julgado e acordos de uniformização) e ao legislador democrático.
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Se uma lei dispuser acerca do processo de elaboração e formação de outras leis, e a lei-quadro tiver o
estatuto expressamente reconhecido de valor reforçado, a aprovação de normas neste domínio viciada
de ilegalidade, ou expresso de subordinação de inconstitucionalidade indireta se o processo de
elaboração legalmente fixado na lei quadro não for devidamente observado pelo legislador
As expetativas opõem-se exigências de reversibilidade das leis e ampla margem de
conformação da parte do ED. O quadro típico é caraterizado pela confluência de 2
fatores que em termos de caso concreto podem assumir modalidades e intensidades
distintas:
1. É necessária uma base que tenha gerado a confiança dos particulares, um facto
ou ato de responsabilidade ou sob o controlo do poder público que tenha
potencialidade objetiva para gerar no particular interessado uma esperança
convicta de que no futuro se verificarão determinadas consequências jurídicas,
ou seja quanto a continuação em vigor de tal enquadramento jurídico que
confira estabilidade a 1 PJ já constituída ou a constituir, pode também dizer
respeito a pratica futura de 1 ato ou à subsistência de omissão por parte de
poderes públicos que resultam vantagens para os particulares
2. Os particulares tem 1 direito a antecipar minimamente o que podem esperar da
parte do Estado como o direito a não ver frustradas as suas expetativas que
legitimamente formaram quanto a permanência, que tenham sido estimuladas,
geradas ou toleradas por comportamento do próprio Estado e os particulares
não possam ou devam, de forma razoável, prever alterações radicais no
desenvolvimento legislativo normal. Contudo, também temos que ter em conta
que o legislador está vinculado à prossecução do interesse público e tem 1 ampla
margem de conformação da ordem jurídica ordinária vigente, incluindo a
possibilidade incondicionada de alterar a lei, caso assim não fosse estaríamos a
por em causa a manutenção do mandato democrático que os eleitores
conferem. Perante a dignidade constitucional de alguns valores, o alcance do
principio da proteção de confiança não é concretamente determinável
independente de uma avaliação ad hoc que tenha em causa as circunstancias do
caso concreto e permita concluir através de uma avaliação do peso variável dos
interesses em tensão qual é que merece prevalecer. Em tal avaliação devem ser
apreciados fatores como o merecimento e dignidade objetiva de proteção da
confiança que o levara a programar a sua vida num determinado sentido, a
relevância e afetação e por outro lado o peso relativo do interesse público que
motivou a alteração legislativa e a margem livre de conformação.
4. Retroatividade e Retrospetividade
Há que atender aos diferentes graus de (1) (2) retroatividade, dessa gradação depende
a eventual admissibilidade de leis que não valem exclusivamente para o futuro. Há
vários graus identificados pela doutrina que vão desde a potencial aplicação de todos os
efeitos no passado – incluindo caso julgado – até a uma retroatividade aparente que
diz respeito aos efeitos produzidos p/ legislação anterior. Tal deve-se à gravidade
diferenciada com que afetarão a segurança jurídica, e em termos subjetivos as
expetativas e confiança do cidadão, são relevantes para determinar a
inconstitucionalidade eventual:
Legislador tem como função a prossecução do interesse público a fazê-lo de forma que
considere mais oportuna, sem deixar de ter em conta num juízo essencialmente político,
as expetativas que os particulares afetados pelas novas normas restritivas depositavam
na continuidade do RJ anteriormente em vigor. As expetativas são dignas de tutela ao
juiz constitucional cabe a verificação se foram tidas em conta. Quando são situações
mais complexas não é possível chegar a 1 resultado de constitucionalidade que não
passe por ponderação entre a premência de realização do interesse público e o peso das
expetativas. A tendência jurisprudencial vai na decomposição do parâmetro
constitucional constituído pela proteção da confiança numa sucessão de testes que
seriam (ou deveriam) ser cumulativamente superados sob pena de
inconstitucionalidade, mimetizando de algum modo aquilo que se supõe ser o controlo
da proporcionalidade. Contudo, segundo JRN a racionalização do procedimento de
controlo, embora seja necessário não é pela via de testes cumulativos por não ser
assim que funciona o principio da proporcionalidade.
Desta forma, o professor JRN propõe que numa decomposição analítica é a seleção de
alguns dos fatores a ter em conta na avaliação do peso dos interesses em confronto e
designar como “testes” em numero variável segundo as propostas, tudo depende em
termos numéricos do esforço, ter em conta os fatores que influenciam o peso relativo
dos interesses em confronto, racionalizando.
Uma alteração do regime jurídico em vigor pode ter afetado expetativas (meras) ou
direitos em formação, contudo também pode direitos constituídos e consolidados na
esfera, apesar de realização continuada e atualização permanente.
Como se manifesta tal investimento de confiança? Pode ser através de uma mudança
de comportamentos, de atos, também por omissão – basta imaginarmos a simples
continuação na situação em que se encontrava porque acreditou verdadeiramente nas
vantagens que resultariam das promessas objetivamente deduzidas do regime jurídico
em vigor, quando se não tivesse tido em atenção, faria outras