Ilicitude ou antijuridicidade é a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico,
consistindo na prática de uma ação ou omissão ilegal. A ilicitude penal pressupõe o fato típico. O fato típico não encontra no ordenamento jurídico nenhuma norma que determina, fomenta ou permite que o agente aja de determinada forma. Todo fato típico, em princípio, também é ilícito. O fato típico cria uma presunção de ilicitude. É o caráter indiciário da ilicitude. Se não estiver presente nenhuma causa de exclusão da ilicitude, o fato também será ilícito, confirmando-se a presunção da ilicitude. Entretanto, podemos ter o fato típico e lícito que é aquele que encontra no ordenamento jurídico uma norma que determina, fomenta ou permite a conduta do agente. Qual a relação entre o fato típico e a ilicitude? Para a maioria da doutrina o fato típico desperta indícios, presunções, suspeitas de ilicitude. Adota-se a Teoria da Indiciariedade ou Teoria Ratio Cognoscendi. O Código Penal adotou esta teoria. Comprovado o fato típico, este desperta indício de ilicitude. Devido a isto, ocorre a inversão do ônus da prova acerca das excludentes da ilicitude. Assim, o ônus da prova do fato típico é da acusação, enquanto na excludente de ilicitude pertence à defesa. A ilicitude pode ser: Formal: contradição do fato com a norma de proibição (é o mesmo conceito de antinormatividade). É o fato típico não acobertado pelas causas de exclusão da ilicitude; Material: a antijuridicidade ocorre quando o fato contraria a norma e causa uma lesão ou um perigo concreto de lesão ao bem jurídico. A conduta não somente está contrária à lei, mas também contraria o sentimento de justiça da sociedade (é injusta); Subjetiva: o fato só é ilícito se o agente tiver capacidade de avaliar seu caráter criminoso (para essa teoria, inimputável não comete fato ilícito); Objetiva: independe da capacidade de avaliação do agente. Nosso sistema adota essa teoria porque o inimputável comete fato ilícito. Desta forma verifica-se que a antijuridicidade é sempre objetiva porque independe da culpabilidade do agente.
Causas de exclusão de ilicitude
As causas de exclusão da ilicitude (também chamadas exclusão da antijuridicidade, causas justificantes ou descriminantes) podem ser: causas legais: são as quatro previstas em lei (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito); causas supralegais: são aquelas não previstas em lei, que podem ser admitidas sem que haja colisão com o princípio da reserva legal, pois aqui se cuida de norma não incriminadora. Exemplo: Consentimento do ofendido.