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Aula inaugural

Obra: Professor Décio Crauzi - Tópicos em Ontologia Analítica (Professor da Lógica


Paraconsistente)

Lógica Paraconsistente.
Foi criada por um lógico chamado Newton da Costa (por volta de 1964).
É uma lógica dentro da qual se pode inserir contradição, sem que se comprometa a
lógica.
Na lógica clássica, na qual operamos normalmente, diante de uma contradição, se
perde a capacidade de se avaliar algo como racional.
Num cálculo lógico clássico, por meio de hipóteses contraditórias se pode provar
qualquer coisa que se queira. A tese é a de que do falso tudo pode surgir.
No sentido filosófico, se se insere hipóteses contraditórias, a teoria vai por água
abaixo, pois não se sabe mais distinguir o que é falso e o que é verdadeiro.

O átomo de Bohr era uma entidade teórica contraditória, por exemplo, em que só se
podia fazer uma ciência de maneira intuitiva, em que não se podia usar uma base
axiomática, a não ser que se usasse uma lógica paraconsistente.

O professor Newton da Costa desenvolveu uma lógica em que se pode ter


contradições sem que o cálculo lógico “exploda”. Ou seja, sem que se perca os critérios
sintáticos para se separar o falso do verdadeiro.

O professor Décio Krause foi aluno do Newton da Costa e dá aula na UFSC.


Sua pesquisa é em teoria dos conjuntos.
A área da sua pesquisa é em quase-conjuntos.
Os objetos têm que ter identidade (respeitar o princípio de identidade), através da
qual podemos inseri-lo em um contexto teórico.
O elétron, por exemplo, tem hora que é onda e tem hora que é partícula, então não
respeita muito bem o princípio de identidade. Para isso, o professor Krause criou essa
teoria dos quase-conjuntos.

Para esse professor, é possível construir uma ontologia ou metafísica a partir de uma
base puramente lógica.
O livro Tópicos em Ontologia Analítica.

Metafísica.
SEgundo a metafísica aristotélica, a metafísica seria a ciência do ser enquanto ser.
De modo mais claro, a metafísica oferece as leis fundamentais daquilo que chamamos
de realidade.
Se sou um físico, os meus experimentos se darão de acordo com leis metafísicas; na
história, a mesma coisa; e além, em qualquer atividade intelectual humana.
A tese que o Décio Krause endossa é que a melhor expressão dessas leis fundamentais
seria na lógica.

Existem, na obra de Aristóteles, 3 leis básicas estruturantes da realidade (metafísicas).


Como caracterizamos o que podemos chamar de realidade? Esse seria o passo inicial.
Para o grego, a realidade era basicamente um conjunto de substâncias primeiras aos
quais se atribuía certas propriedades (qualidades ou essências) e a partir dos quais se
criava índices de determinação (quantidade, tempo, ação, estado, etc - categorias de
Aristóteles).
Se se fala que só é real aquilo que se mede, essa será uma postura cientificista ou
instrumentalista. Se se disser que é real tudo o que se leva a deus, se será um ufanista.
Décio Krause diz que a realidade é, essencialmente, lógica (teoria dos conjuntos). O
mundo é constituído de objetos, propriedades dos objetos e as relações dos objetos.

Galileu Galileu em O Ensaiador, diz que a essência de toda a realidade está escrita em
caracteres matemáticos.

Uma vez que caracterizamos o que é a realidade, aí começam a se revelar as


linguagens aptas a descrever essa realidade.
A partir disso, percebe-se um atrito quase essencial, ou mesmo interessante, entre
duas escolas bem caracterizadas no mundo contemporâneo: a tradição analítica e a
tradição continental.
Para a tradição analítica, é real o que se pode expressar logicamente. Para a tradição
continental, o que é real é o que ultrapassa essa linguagem lógica.
Na escola analítica, existe uma instância mediadora entre a realidade e nós, o
conceito. Na continental, a relação é imediata e chega através de um motricidade
emocional. Mas esse dinamismo emocional não significa emotividade lírica, mas a
própria essência da realidade transformada em narrativa, que só a arte pode
expressar.

QUais as 3 leis fundamentais da realidade, tendo em vista a realidade como objetos,


propriedades de objetos e relações entre eles?
O que são cada um desses elementos?

A essência da predicação é atribuir uma propriedade a um objeto.


Proposições são termos da linguagem aos quais se está disposto a atribuir valores de
verdade. Isso acontece somente quando se atribui uma propriedade a um objeto ou
quando se relaciona propriedades.

As 3 leis fundamentais (mais uma vez!).


A linguagem pela qual se expressa as leis da metafísica será construída através da
ferramenta proposição.
A única linguagem capaz de lidar com isso se chama lógica (talvez a mais eficiente, na
verdade, a que representa a realidade de forma mais fidedigna).
O que interessa, mais além, não é qualquer proposição, mas as proposições
verdadeiras.
A lógica é o pano de fundo que apresenta uma teoria, articulando proposições, que,
por sua vez, são atribuições de propriedades a objetos. O que não couber nisso, será
considerado não real.
O primeiro a perceber uma relação entre a realidade e a lógica foi Aristóteles.
Ele apresentou as categorias como as maneiras pelas quais se pode falar do Ser. As
principais são substância e qualidade.
O professor Décio é aristotélico nesse sentido.

Uma proposição é a atribuição de uma propriedade a um objeto.


Quando se diz propriedade, é um princípio metafísico que toda propriedade tem seu
contraditório. Essa noção está dada originariamente no filósofo Parmênides.
Parmênides diz que o que fundamenta a realidade é a noção de Ser, qual a sua
antítese? A noção de não-Ser. Se algo é, necessariamente, ele é; não pode não ser.
Assim, o não-Ser, por não ser, ele não pode ser pensado. Assim, só o Ser pode ser
expresso numa linguagem. Essa concepção está dentro de uma tese monista
ontológica.

A primeira lei fundamental da realidade.


Está interditada a possibilidade de objetos com propriedades contraditórias
(propriedades complementares entre si).

O princípio de não-contradição é absoluto ou pode ser flexibilizado?


Uma vez que seja bem definido, o princípio de não-contradição, ele tende a ser um
princípio absoluto. Isso quer dizer que o princípio só funciona absolutamente quando
se fixa de modo muito claro a univocidade dos nomes da linguagem.

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